A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

ANSIEDADE INCONTROLÁVEL

Agorafobia e transtorno de personalidade esquiva são apenas dois dos distúrbios que provocam inúmeros desconfortos, mas que, identificados de forma correta, podem ser tratados para minimizar seus efeitos

Ansiedade incopntrolável

Nunca estivemos tão ansiosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo e o quinto colocado em geração de depressão e transtornos decorrentes da ansiedade. Os dados revelam que 9,3% da nossa população sofrem de transtorno de ansiedade, quase o triplo da média mundial. A mente humana é, definitivamente, um mistério que, a cada dia, desafia os profissionais e especialistas da área. Existe uma infinidade de distúrbios e transtornos que podem surgir a partir da exposição do estresse e ansiedade e, sem uma avaliação criteriosa, podem se confundir e dificultar o diagnóstico, sem uma avaliação criteriosa, podem inclusive se confundir.

No caso do transtorno de personalidade esquiva, por exemplo, o indivíduo tem um padrão extremamente tímido e inibido do ponto de vista social. Percebe-se deslocado em acontecimentos sociais e comporta-se bastante melindroso a comentários e apreciações pejorativas a seu respeito, podendo ficar intensamente melancólico nessas ocorrências. Forma ideia de inferioridade, considera-se incapaz e que não possui qualificação própria (vamos abordar detalhadamente mais à frente).

A agorafobia, por sua vez, vem do termo grego ágora = praça pública, multidão; e fobia = medo. Ou seja, medo de lugares com muitas pessoas. A agorafobia tem como característica principal forte ansiedade que eclode no momento em que o indivíduo se encontra em lugares ou situações em que a fuga é dificultosa, iniciando, assim, uma crise semelhante ao ataque de pânico. Pode acontecer em ambientes públicos ou lugares com grande aglomeração de pessoas, como em praças públicas, shopping centers, dentro de bancos, shows musicais abertos ou fechados, elevadores etc.

Os leigos costumam confundir a agorafobia com o transtorno do pânico pela proximidade dos sintomas. É bom que saibamos que o transtorno do pânico pode ocorrer sem agorafobia. Porém, a agorafobia sem pânico é incomum, embora existam casos raros relatados na área psiquiátrica, pois a agorafobia é uma condição exclusiva, na qual as pessoas parecem ter medo de frequentar lugares abertos ou fechados desacompanhadas.

O medo e a clausura encontram-se sempre presentes entre as evidências e os sintomas mais habituais. O indivíduo com esse transtorno faz o possível para não se expor a determinadas localidades ou circunstâncias que possam manifestar outros episódios de crises de pânico, ou, então, percepções de reclusão ou dificuldade de se retirar do local.

São demasiadamente incômodas as crises de transtorno do pânico quando ocorrem. Todavia, não comprometem o estilo de vida como acontece com a agorafobia, quando os portadores são diretamente dependentes de terceiros, no sentido de executar tarefas primordiais, como sair de casa para ir ao supermercado ou ir ao médico.

Esse transtorno também dificulta que o indivíduo aceite convites para festas, que saia de casa para trabalhar ou que compareça a quaisquer eventos onde aconteçam alvoroços, envolvendo aglomerações de pessoas, mesmo que esses eventos sejam para cumprimentos de protocolos ou formalidades. A agorafobia costuma se manifestar de duas formas, dependendo das ocorrências vinculadas ao transtorno: simples ou patológica.

SIMPLES – Quando a situação ameaçadora é superada e tudo volta ao normal após psicoterapia.

PATOLÓGICA – Quando a situação ameaçadora não é superada e o indivíduo necessita de medicação para amenizar os sintomas.

“A agorafobia ‘leve’ pode ser exemplificada pela pessoa que hesita em dirigir sozinha por longas distâncias, mas consegue ir e voltar de carro para o trabalho; que prefere se sentar no corredor nos cinemas, mas segue indo ao cinema; que evita lugares lotados”.

Fatos considerados naturais podem ser perturbadores para uma pessoa portadora da agorafobia. Exemplos: voar em aviões, atravessar pontes, túneis, passarelas, adentrar elevadores, trafegar em ônibus, trens, metrôs, eventos musicais etc. O mais interessante de tudo isso é que esses tipos de bloqueios se tornam amenos e vencíveis se o agorafóbico estiver acompanhado. Até mesmo a companhia de uma criança pode trazer mais conforto às suas inquietações.

O comportamento de evitação dos locais e das situações citadas acima é um fator determinante para a concretização do diagnóstico. Na maioria dos casos, os lugares sempre coincidem por tratar-se de registros mentais fixados no inconsciente da pessoa afetada e, pela mesma razão, o agorafóbico desencadeia mal-estares vinculados ao receio de percorrer tais trajetos, manifestando, assim, crises de pânico ou sensações dos sintomas recorrentes. Por vezes, sua imaginação se torna tão fértil que o leva a ter crises mesmo que nada de concreto tenha ocorrido.

As crises de pânico na agorafobia, mesmo que se manifestem intensas e prolongadas, não devem ser confundidas com eventos traumáticos (no caso do transtorno do estresse pós-traumático – TEPT), sobremodo que nem todo ataque de pânico deve ser rotulado de agorafobia. Um indivíduo pode apresentar os mesmos sintomas somente imaginando que futuramente terá de atravessar uma ponte ou passarela, fazendo com que a possibilidade da eclosão dos sintomas venha à tona mesmo sem sair de casa.

“A agorafobia ‘moderada’ é exemplificada pela pessoa que só dirige em um raio de 15 km de casa e somente se estiver acompanhada; que compra em horário fora do pico e evita grandes supermercados; que evita aviões ou trens. Já a agorafobia ‘grave’ está relacionada à mobilidade muito limitada, às vezes, até mesmo a ponto de não sair de casa”.

DURAÇÃO E SINTOMAS

A fobia e o afastamento das situações de pânico geralmente duram seis meses ou mais.

Os sintomas psicológicos provocados pela agorafobia são receio de morrer; medo de lugares repletos de gente; pavor de ficar só ou sair sozinho; ansiedade; baixa autoestima; insegurança.

Os sintomas físicos provocados pela agorafobia são disparo da frequência cardíaca; falta de ar; dor ou compressão no peito; vertigens; dormência pelo corpo; suor em demasia; calafrios; vômitos; diarreia; desmaios.

A agorafobia apresenta fatores de risco, como sintomas de precedentes dos transtornos de ansiedade, fobias ou pânico; convívio em um meio propício para o estresse elevado; manifestações de crises de pânico e medo irracional exagerado; mau uso de substâncias – a utilização abusiva de ansiolíticos e antidistônicos, como os benzodiazepínicos; gestos ansiosos, inquietos e nervosos; lembranças de eventos traumáticos; infância violenta; fatos históricos de doença na família.

Um dos principais fatores da agorafobia é o biológico – compreendendo os caracteres de saúde e genética: índole, temperamento, estresse ambiental e experiências de aprendizagem podem desempenhar um papel no desenvolvimento da agorafobia.

“Aqui não há mistério, pois a alma bastarda e impura pela desorientação mental sofre por ansiedade. A mente é como um bando de andorinhas sem ter onde pousar, desprendendo-se o voo pelo vão dos ares sem destino. Assim é a nossa mente procurando encontrar-se nesse mundo tumultuado em que vivemos. Dessa forma, a ansiedade é fato constante que possibilita interpretações equivocadas de nós mesmos (…). Naquele instante em que vacilamos, a mente estimula a ansiedade e a nossa insegurança. Nesse momento, fogem a inteligência e a racionalidade, e o medo torna-se nosso inimigo mortal. (…). Ao adormecermos, as trevas do nosso labirinto do sono surgem como eterna visão ansiosa e assentam-se junto à nossa mente. Mas esse mar de problemas tem solução! Precisamos nos conectar à nossa essência, ao nosso mundo interior, onde também há um mar de tranquilidade que nos espera, às luzes da consciência mais profunda”.

Ela desperta quando o sujeito que apresentou repetidos ataques de ansiedade adquire um medo terrível de que eles se desencadeiem em circunstâncias reais. Esse medo incontrolável é fundamentado pelo pensamento de que essa crise possa se repetir mais vezes e de que será mais complicado obter ajuda de alguém.

O tratamento prático para a agorafobia, de modo geral, envolve a psicoterapia e a medicação. A Psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia de exposição (psicoterapia com auxílio de realidade virtual) estão entre os procedimentos que produzem mais efeitos sobre o transtorno.

Ainda não existe uma forma segura para a profilaxia da agorafobia. E, por isso, a ansiedade tende a disparar seu gatilho quanto mais evitar situações que desencadeiam o medo. Se o portador da agorafobia principiar a sentir medos insignificantes sobre locais não confiáveis, seria aconselhável frequentar esses lugares uma vez ou outra antes que esse medo se torne incontrolável. É evidente que essa tarefa não é fácil, mas, se não for possível soluciona r por conta própria, vá em busca de um profissional habilitado, solicitando que um familiar ou amigo possa estar presente nesse momento.

Mas se você (portador da agorafobia) perceber algum sintoma ansioso em lugares que possam desencadear ataques de pânico, procure tratamento médico e psicoterápico com rapidez. Evite que o quadro sintomático se agrave. A ansiedade na agorafobia, como em muitas outras categorias de transtornos ansiosos, pode ser mais difícil de cuidar se você prolongar essa ajuda.

“Na complexa vida moderna, a ansiedade e os ataques de pânico estão se tornando mais comuns. Mas a boa notícia é que a compreensão sobre esses distúrbios aumentou e as formas de tratamento estão mais eficientes”.

MÉTODOS ALTERNATIVOS

Existem, também, métodos alternativos para acalmar as crises de pânico na agorafobia:

RESPIRE PROFUNDAMENTE – Se você estiver em meio a um ataque de pânico, é provável que comece a hiperventilar. Mesmo que não haja hiperventilação, a respiração profunda pode auxiliar na redução do estresse e facilitar no fornecimento de mais oxigênio ao cérebro para compensar o equilíbrio neuronal. Ao notar que uma crise queira se manifestar, pare e abrevie a cadência respiratória. Sus­ tente a respiração. Assim, reduz-se a sensação de supressão, a circulação do sangue e a incapacidade de res­ pirar. Depois da respiração segura, comece a respirar lentamente, exercitando o diafragma. Ponha uma das mãos sobre o tórax e a outra no abdômen. Você vai sentir o ventre subir e descer durante o exercício. Em seguida, aspire o ar pelo nariz em um intervalo de 5 segundos. Prenda a respiração por dois segundos. Depois expire pausadamente pela boca em um tempo também de 5 segundos. Prossiga a respiração diafragmática por mais alguns minutos até observar um alívio no relaxamento muscular e limpidez de concentração.

CONCENTRE-SE NO RELAXAMENTO – Em uma crise de pânico, os reflexos cerebrais podem ficar desordenados. É provável que você perceba diversos sintomas nesse mesmo instante, o que contribui para a tensão nervosa. Esse processo vem à tona porque o corpo impulsiona o gatilho do mecanismo de “luta ou fuga” do sistema nervoso simpático, dispersando a cadência cardíaca e respiratória, contraindo os músculos e os canais de vasos e artérias sanguíneos. Relaxe por um instante no intuito de abreviar o ritmo cardíaco e pulmonar, para ganhar harmonia com as experiências sensoriais. Esse processo também pode auxiliar na manipulação da reação automática de reagir a agentes estressantes. Logo após, tente elaborar uma listagem sobre o que está ocorrendo, sem julgar ou criticar os acontecimentos túrbidos. Exemplo: “Meu coração está batendo descompassadamente…Minhas mãos estão transpirando… Acho que eu vou desmaiar”.

Logo após, fortaleça a ideia em sua mente de que essas manifestações são mero fruto da ansiedade. Evite fiscalizar essas sensações. Isso pode ativar o gatilho da ansiedade. Fique certo de que são sintomas transitórios. Fique imóvel enquanto faz a listagem dos sintomas. Essa postura, com o passar do tempo, manipula o cérebro, ajudando-o a reconhecer que a circunstância não é tão nociva quanto parece. O exercício empregado pode induzir o cérebro a compartilhar com mais veemência o quadro sintomático de pânico.

CONFUSÃO

É importante não confundir o transtorno de personalidade esquiva com fobia social, apesar de haver muita semelhança. Na fobia social as pessoas fazem o possível para evitar certos acontecimentos sociais. No entanto, não perdem as ligações afetivas. Já no transtorno da personalidade esquiva, o sujeito contrapõe-se a qual quer caráter de convivência pessoal. Nesse caso, há o impulso de aproximar-se das pessoas, porém o temor de não ser aceito é mais forte, contribuindo, assim, para a resistência.

Na maior parte dos casos os sintomas são experimentados pelo indivíduo como normais (eu- sintônico), de modo que o diagnóstico só poderá ser ordenado a partir de um panorama externo.

“A psicoterapia deve ser ajustada à capacidade do paciente à medida que ele se demonstra disposto a enfrentar situações que geram sua ansiedade. Mesmo na Psicanálise, chega um momento em que o paciente deve enfrentar seus medos. O psicólogo ou psicanalista terá um papel fundamental no acolhimento e posterior encorajamento do paciente”.

No Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-5, ficaram assim outorgados os indicadores diagnósticos para o transtorno de personalidade esquiva:

“Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:

  1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição.
  2. Não se dispõe a se envolver com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva.
  3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido ao medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado.
  4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais.
  5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação.
  6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros.
  7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras”.

Como prestar auxílio a um portador do transtorno? Jamais o critique, se ele optar por não comparecer a um evento social por receio de ser rejeitado. Também não o julgue nem o deprecie. Esses episódios, excentricamente, sobrecarregarão seus pensamentos negativos e a pessoa experimentará sensações de rejeição, fato este que o fará se sentir mais inferiorizado. Ao contrário disso, estimule-o a sair de casa, buscando o lazer como fonte de preenchimento mental, mesmo que sua resposta seja negativa. Proponha também projetos que despertem seus desejos, demonstrando que ele poderá contar sempre com você nos momentos de aflição. Incentive-o a não se deixar levar pelo medo de repulsa de outrem, pois o importante é estar confiante para desatar-se dos laços fóbico-ansiosos.

Em uma perspectiva freudiana, esse transtorno de personalidade se constitui a partir das vivências e pelo desenvolvimento em fases da libido (energia vital/sexual), pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e as formas como o ego lida com os conflitos e frustrações libidinais.

“As pulsões sexuais dos transtornos de personalidade percorrem um caminho sinuoso de desenvolvimento para então alcançar o ‘primado da zona genital’. Antes de este ser alcançado, a pulsão pode ficar fixada em alguma organização pré-genital, como a oral e a anal, às quais retornará quando ocorrer uma repressão, o que caracterizaria uma regressão” (Sigmund Freud).

Em relação aos tratamentos, a terapia cognitivo-comportamental – TCC pode ser de bom préstimo. Essa modalidade de terapia psicológica oferece o respaldo de que o raciocínio flutuante do paciente estaria provocando o referido transtorno, e que, de certa forma, centraliza-se na transformação de paradigmas cognitivos distorcidos por ponderar a legitimidade das suposições por trás do problema. Outra excelente técnica para tratamento é a análise da transferência, que é um dos focos principais da Psicanálise. Ela é direcionada a pacientes com graves distúrbios de personalidade por considerar qualquer interpretação transferencial no contexto do que está ocorrendo na vida atual do paciente. As transferências negativas ou positivas desses pacientes devem ser trabalhadas restritamente no “aqui e agora”, sem que se tente atingir reconstruções genéticas, pois a falta de diferenciação e individualização dos objetos interfere na capacidade para diferenciar os relaciona mentos objetais presentes e passados.

GESTÃO E CARREIRA

EMPRESAS COM CAUSA

Por que resolver problemas socioambientais é a melhor estratégia para atrair talentos e consumidores, promover a inovação e contribuir para uma sociedade mais justa

Empresas com causa

“Os empresários acreditam que estão defendendo a livre-iniciativa quando asseguram que as empresas não estão preocupadas ‘apenas’ com o lucro, mas também em promover fins ‘sociais’ desejáveis; que as empresas têm uma ‘consciência social’ e levam a suas responsabilidades de oferecer empregos, eliminas a discriminação, evitar a poluição e quaisquer outras frases prontas da safra de reformistas contemporâneos (…) Empresários que falam dessa forma são marionetes involuntárias das forças intelectuais que, nas últimas décadas, vêm minando a base de uma sociedade livre”.

Esse é apenas o começo do artigo The Social Responsability of Business is to Increase its Profits, publicado em 13 de setembro de 1970 na revista dominical do jornal The New York Times. No texto de quase 3 mil palavras o economista Milton Friedman (1912-2006) atacava duramente as companhias que ensaiavam as primeiras políticas de responsabilidade socioambiental.

Para o vencedor do Nobel de 1976, a defesa corporativa de valores éticos não passava de “fachada hipócrita”, estado de “miopia” e ”impulso suicida” de alguns empresários. Em resumo, uma ameaça à sobrevivência dos negócios. A missão de uma empresa, defendia veementemente, seria apenas e tão somente gerar lucro. E sua única responsabilidade era para com seus acionistas.

Época intensa aquela. Anos de revolução de costumes e ideias. Do movimento hippie da década de 60 e do ativismo político da década de 70. Do “flower power” e “peace and love” dos jovens cabeludos com roupas coloridas. Do grito pela paz. Do “não” à violência. Da defesa do amor livre e vida em comunidade. Do “eu tenho um sonho”, de Martin Luther King (1929-1968), que, em agosto de 1963, levou 250 mil pessoas ao Lincoln Memorial, em Washington, por uma sociedade mais igualitária. Do “é proibido proibir” dos estudantes franceses que, em maio de 1968, tomaram as ruas de Paris, insatisfeitos com o sistema educacional. Do “o privado é político”, da feminista americana Car Hanisch, hoje com 77 anos. Dos sutiãs queimados em praça pública, em 7 de setembro daquele 1968, em Atlantic City durante o protesto de 400 ativistas do Womens’s Liberation Movement contra o concurso de beleza Miss América.

No campo da ciência, em 1972, a bióloga americana Lynn Margulis (1938-2011) e o ambientalista inglês Jam Lovelock, 99 anos, formularam a Teoria de Gaia, segundo qual a Terra é um organismo vivo, inteligente, consciente e integrado. Pela primeira vez, a ONU falou em mudança climática, efeito estufa, resíduos sólidos, recursos renováveis…O Brasil de então lutava contra a ditadura e assistia ao recrudescimento do movimento sindical – com as greves históricas do ABC paulista.

À exceção das raríssimas empresas nascidas com DNA do ativismo, como as americanas Patagonia, de roupas esportivas, e a Ben&Jerry’s, de sorvete, ou a inglesa Body Shop, de cosméticos e produtos de beleza, o mundo dos negócios manteve-se alheio à efervescência daqueles anos. Seguiu a ferro e fogo os preceitos de Friedman. Lucro, lucro e lucro – “the business of business is business”.

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FRIEDMAN X FREEMAN

Nos anos 80, no entanto, alguns empresários e teóricos da economia começam a defender uma nova narrativa do Autor do best-seller Strategic Management: A Stakehold Approach, de 1984, o filósofo Robert Edward Freeman, anos, tornou-se a principal voz do movimento ao defender que os empreendedores não têm do que se envergonhar desde que seus negócios sejam acompanhados por senso de propósito e de moralidade… Em geral, somente 20 das pessoas ao redor do mundo confiam que homens mulheres de negócios estejam fazendo a coisa certa, ou seja, 80% das pessoas não confiam nos executivos”, disse Freeman, em entrevista, em novembro de 2018, “Como chegamos até aqui? Ao ponto de os negócios ocuparem um lugar tão baixo na sociedade em termos morais?”

Capitalismo consciente, capitalismo inclusivo, investimento de impacto, investimento socialmente responsável, empreendedorismo social… Não importa o termo, a filosofia corporativa está em processo de transformação profunda. De mudança de paradigmas. Como costuma dizer Bethlem, diretor-geral do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, atualmente, “o negócio de todos os negócios está nas pessoas”. E os sinais dos novos tempos são evidentes.

Na última edição da Parada Gay de São Paulo, em junho passado, várias empresas participaram da festa de 3 milhões de pessoas na avenida Paulista. Estiveram presentes companhias da nova economia, como Salesforce e Google, quanto as seculares Basf e Boyer. Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, e Alessandra Del Debbio, vice-presidente jurídica da gigante de tecnologia, desfilaram no carro oficial do evento, o trio elétrico da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Bissexuais e Intersexos (ABGLT). Por intermédio do grupo Respeito, de defesa da diversidade, a Barilla caminhou ao lado do coletivo “Mães da Diversidade”.

Outro indício? Ganham espaço as consultorias especializadas em estratégias de posicionamento. Uma das proeminentes é a Cause – imperativo do verbo “causar”. Criada em 2013 por quatro ex- executivos de grandes empresas, entre 2017e 2018 registrou um crescimento de estrondosos 78% na receita bruta e 36% de aumento no número de projetos realizados. “Nós não fabricamos causas”, diz o antropólogo Rodolfo Guttilb, 57 anos, um dos fundadores da consultoria. “Elas surgem do encontro entre o propósito da organização e as demandas da sociedade.” É natural as empresas mais jovens, como as startups, tenham desde sua fundação um propósito claro, bem definido.

Ex- executivo da Natura, uma das primeiras empresas brasileiras de fato engajadas em questões socioambientais. Rodolfo conta que muito se avançou nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Algumas organizações estão fazendo ‘marketing de oportunidade’ define ele. “Excessivamente pragmáticas, querem saber o que devem fazer para aparecer no Jornal Nacional.”

Se o propósito não for genuíno, não se sustenta. Fácil entender, portanto, por que 29% dos consumidores brasileiros definem as empresas que se posicionam como oportunistas. O dado é de uma pesquisa com 1,2 mil consumidores, realizada pelo lpsos Global Reputation Center e fruto de uma parceria entre a Cause, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e o Instituto Ayrton Senna. Por outro lado, o mesmo trabalho indica que a maioria de nós espera que as empresas abracem mais causas e contribuam efetivamente para o bem-estar da sociedade – muito mais do que faziam no passado; se é que faziam alguma coisa no passado.

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MAIS CONSCIENTES E MAIS EXIGENTES

Analisadas as faixas etárias, os que mais defendem o engajamento das companhias são os Millennials, os nativos digitais. No mundo do tudo ao mesmo tempo e agora, das redes sociais, do encurtamento de distâncias e da aproximação de realidades e experiências, os consumidores são naturalmente mais conscientes – e exigentes. Ultra conectados, querem informação. E para já. De onde veio? foi feito? Por quê? Não compramos mais apenas serviços. Consumimos causas. Pela inclusão e equidade de gênero, raça, orientação sexual, religião… Por um mundo sustentável. Por respeito, liberdade e transparência, de cada cem Millennials, 95 não titubeariam em mudar de marca em nome de uma causa na qual eles acreditam. E essa turma não é fraca, não. Estima-se que eles tenham um poder de gasto anual de US$ 2,5 trilhões.

Recentemente, a festejada Prose, startup que utiliza inteligência artificial para desenvolver produtos personalizados para os cabelos, foi interpelada por um consumidor no Twitter:

– O que nós realmente queremos saber é se os ingredientes usados por vocês foram testados em animais.

Ao que a empresa, com escritórios em Paris, Manhattan e no Brooklyn, respondeu:

– Nós somos certificados pela PETA (People for the Ethical Treatment of Animais).

O selo PETA – Approved Vegan and Cruelty Free, nos dias de hoje, vale ouro. Segundo a agência de pesquisas Grand View Research, o mercado global de cosméticos veganos deve chegar a US$ 20,8 bilhões, em 2025. “A maioria dos consumidores considera a crueldade contra os animais antiética e está espalhando alertas para essa tomada consciência”, lê-se no documento do instituto.

Fazer o bem para a sociedade e para o mundo no qual vivemos, definitivamente, faz bem aos negócios. Segundo o relatório Ali In Inclusion & Diversity Drive Shopp Habit”, sobre o impacto da inclusão e da diversidade nas escolhas dos consumidores, elaborado pelo Accentur multinacional de consultoria, 42% dos compradores estão dispostos a pagar um adicional de 5% ou mais para comprar de empresas comprometidas com a inclusão e a diversidade. Foram ouvidos 4.662 consumidores dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, entre novembro e dezembro 2018. “0 silêncio não é uma estratégia aceitável”, conclui o estudo da Accenture.

Em artigo exclusivo, o antropólogo Caio Magri, 64 anos, diretor-presidente do Instituto Ethos, escreve: “Em escala global, temas como diversidade, direitos humanos, integridade e meio ambiente são questionados por movimentos que flertam com o retrocesso (É chegada a hora do protagonismo destas lideranças empresariais] revelar sua vital importância para a sociedade, Ir além de seu papel tradicional nas pautas corporativas puramente econômicas e setoriais”.

O levantamento anual da Edelman, líder global e relações públicas, mostra que, em 2018, 64% dos 40 mil entrevistados, ao escolher uma marca, se guiaram por crenças – um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Realizado em oito países (Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos, França, índia, Japão e Reino Unido, o estudo vai além. Para a maioria dos consumidores, as empresas são poderosas para promover transformações sociais do que os governos de seus próprios países. Par uma ideia, segundo Michael 72 anos, professor da Harvard Business School, em 2013, enquanto os recursos do governo americano somavam USS 3,1 trilhões, os das empresas eram de USS 20,1 trilhões – e o das ONGs, USS 1,2 trilhão. “É uma nova relação entre em consumidor, onde a compra é baseada no movimento da marca em viver seus valores, agir com propósito e, se necessário, dar o salto para o ativismo”, disse Richard Ed, 65anos, CEO da agência. Independentemente do grau de engajamento da companhia, é um caminho sem volta. A questão, segundo os especialistas, não é se uma empresa deve ou não assumir uma posição e sim, como fazê-lo – os chamados investimentos éticos totalizam verbalmente USS 114 bilhões.

Nos negócios 4.0, como na vida cotidiana, a ofensa pode ser devastadora. Em 2013, o presidente da Barilla, Guido Barilla, então com 55 anos, sem nenhum constrangimento, disse que casais gays jamais apareceriam em anúncio empresa, líder global do setor de massas. A uma rádio, ele garantiu que preferiria associar a imagem da companhia à da “família tradicional”. O estrago estava feito. Ao redor do mundo, consumidores convocaram um boicote à marca. A empresa tomou um susto. Cuidou de ir a público duas vezes para se retratar. Internamente, a Barilla se mobilizou. Criou um comitê de inclusão e diversidade. E, no ano seguinte, conquistou um lugar na lista da americana Human Rights Campaign (HRC), poderoso grupo de defesa dos direitos civis LGBTQ+, Guido fez o mea-culpa: “Todos nós aprendemos muito sobre a real definição e significado de família”.

Mais recentemente, no final de junho passado, um funcionário da Votorantim Cimentos publicou uma página da fintech Nubank, no LinkedIn: “Líder é líder, independente escolha sexual. Ter um líder LGBT é de uma idiotice sem tamanho”. Cretinice é escancarar o preconceito e achar que sexualidade se esconde. Obviamente, a grita foi geral. O rapaz foi demitido e a Votorantim, em nota, explicou que aquele comportamento fere o código de conduta da empresa.

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MARKETING DE CAUSA

Há basicamente duas formas (excludentes, diga-se) de conduta dos negócios rumo ao engajamento. A mais comum é pelo chamado marketing de causa. Ou seja, a companhia defende um posicionamento que, sabidamente, tem a ver não só com seu propósito, mas com o de seus clientes também. Um exemplo clássico no Brasil de marketing de causa é o da Visa. “O propósito da marca é conectar pessoas”, define Fernanda Teles, 52 anos, CEO da empresa de cartões no Brasil. São 3,5 bilhões de consumidores no mundo. 55 milhões de estabelecimentos e 16 mil instituições de pagamento. Como impactar a sociedade por intermédio do eco sistema dos meios de pagamento.

Dessa provocação surgiu, há cerca de um ano e meio, o Visa Causas. “Depois de várias pesquisas, de olhar para as necessidades do país e avaliar os oito objetivos da ONU para 2030, nós optamos por cinco causas”, diz Fernando. “Crianças e adolescentes, idosos, animais e educação e capacitação, representadas por 17 instituições.” Quem decide a causa da Visa é o cliente. Para a transação ser feita por meio dos cartões de crédito, débito ou pré-pago, a empresa destina um centavo para a entidade da preferência do cliente. “A empresa conecta a pessoa com a causa que ela julga relevante”, explica o CEO. E o que a Visa ganha com isso?

Ao apelar para as crenças de seus clientes, ao incentivá-los a fazer o bem, a empresa espera que eles usem mais e mais o pagamento eletrônico. “Eu quero que as pessoas paguem o cafezinho, o pão, o metrô com o plástico”, resume o executivo. Nesse momento, ganhar mercado é essencial. Com previsão de movimentar RS 1,8 trilhão até o 2019, a indústria de meios de pagamento no Brasil passa por transformações profundas. O setor assiste à chegada de fintechs, gigantes de hardware e software e empresas de telefonia. As companhias financeiras tradicionais têm de se mexer para não perder mais espaço. E, como prega a cartilha da economia 4.0, engajar-se em uma ou várias causas pode ser uma ótima estratégia.

O Visa Causas conta atualmente com 150 mil associados. Ainda que a empresa não divulgue a base de clientes no país, é evidentemente um contingente baixo.” Nosso grande desafio é vencer a barreira do cadastramento”, reclama Fernando. A empresa estuda formas mais diretas, simples de o consumidor se inscrever no programa. “0 potencial de doação anual é da ordem de R$ 60/65 milhões”, aposta o executivo. Até meados de junho, o número de doações estava em torno de 76 milhões.

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ATIVISMO CORPORATIVO

Entre as empresas militantes, a métrica é outra. Tomemos a Ben&Jerry’s como exemplo. No Brasil, a causa da fabricante cante de sorvetes é a criminalização da LGBT fobia e a educação para a diversidade. Nas eleições do ano passado, em parceria com a plataforma Me Representa, a companhia apresentou à população os candidatos simpáticos das causas. “Ao final, o que nos interessava era sabe quantas dessas pessoas foram eleitas no Legislativo brasileiro”, comenta Rodrigo Santini, 39 anos, líder da marca. “O palco não é para mim nem para a empresa. É para a causa”, resume. Em 13 de junho passado, o Supremo Tribunal Federa determinou que a discriminação por orientação sobre identidade de gênero passe a ser considerada crime, pela Lei do Racismo.

As empresas militantes não estão preocupadas se as pessoas aceitam ou não sua militância. “Nós não somos misóginos, racistas ou LGBTfóbicos”. Neste espaço, é assim que funciona – e tudo bem se alguém não quiser”, diz Rodrigo. “Todo mundo tem a opção de sair daqui e buscar outra coisa. O consumidor não é a causa de decisão para a empresa pensar suas ações.” Sem dúvida, o ativismo corporativo é uma estratégia de negócios mais arriscada. Vira e mexe, a Ben&Jerry’s sofre ataques nas redes sociais:

– Me desculpem, mas vocês deveriam se limitar a vender sorvete e não ficar falando desses assuntos. Não vou mais comprar o sorvete de vocês.

Ao que a empresa costuma responder:

– Está desculpado.

Na década de 70, os amigos de infância Ben Cohen Jerry Greeafield, ambos com 68 anos hoje, como todos os hippies, queriam mudar o mundo. Mas precisavam de dinheiro para sobreviver. Encontraram uma máquina de sorvete bem baratinha, fizeram um curso por correspondência de apenas US$ 5, juntaram USS 12 mil e assim nasceu a Ben&Jerry’s – em um posto de gasolina na cidade de Burlington, em Vermont. “Ninguém precisa de sorvete. Sorvete é legal, é bom, mas não é necessário”, costuma dizer Jerry. “O mundo precisa de mais compaixão”. Se no Brasil, a causa é a do movimento LGBTQ+, nos dos Unidos, com o slogan “Black lives matter”, critica a violência policial contra a população negra. E na Europa coloca-se ao lado dos imigrantes. Comprada em 2000 Unilever, a Ben&Jerry’s está em 27 países, com cerca de 600 pontos de venda. Seu faturamento global gira em torno de US$ 1 bilhão.

Recentemente, a indústria de sorvetes foi sacudida nos Estados Unidos pela chegada ao mercado da Top. Fundada em 2011, tem um apelo irresistível nos dias atuais. Com o slogan “Cuilt-free zone”, a Halo Top vende a ideia de que é possível ser saudável sem se abster dos prazeres à mesa. Com dificuldades para controlar as taxas de açúcar no sangue, Justin Woolverton, 39 anos, advogado e especialista em marketing digital, desenvolveu na cozinha de sua casa, em Los Angeles um sorvete de baixíssimas calorias, com quantidades reduzidas de açúcar e gordura, se comparadas às marcas tradicionais. Em apenas oito anos, os americanos levaram a Halo Top à sexta posição entre os sorvetes mais consumidos, o que equivale a 3,7% do mercado, segundo o Euromonitor, superando inclusive a Hangen Dazs e Ben&Jerry’s.

Poucas marcas superam a Patagônia em militância corporativa. Fundada na virada das décadas de 60, 70, pelo ambientalista Yvon Chouinard, hoje com 80 anos, a empresa sugere aos consumidores que evitem o consumo exagerado – mesmo o de seus produtos. Um clássico foi do Black Friday americano de 2011. Naquela tradicional sexta-feira de novembro, em que as pessoas saem de casa enlouquecidas para comprar, a Patagônia em um anúncio de página inteira no The New York Times estampou a foto de uma de suas jaquetas, acima da qual se lia: “Não compre essa jaqueta”. Em suas etiquetas a empresa costuma provocar: “Você realmente precisa disso?”.  A Patagônia se propõe a consertar roupa para que as pessoas não comprem novas. Faz a intermediação na doação e troca de peças usadas. E se o produto realmente estiver sem condições de uso, a empresa dispõe a buscá-lo e reciclá-lo.

INOVAÇÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS

Ao abraçar uma causa, uma empresa também ganha (e muito) da porta para dentro. Na imensa maioria dos casos, funcionários se sentem bem trabalhando onde trabalham. Sentem orgulho. Em todas as organizações, não importa a indústria, sentimentos positivos como esse reduzem o turnover e atraem novos talentos.

Um fato interessante aconteceu na consultoria de software ThoughtWorks. Por meio do programa Enegrecer a Tecnologia, a empresa busca aumentar a participação de desenvolvedores negros em seu quadro de funcionários. O projeto é resultado de um trabalho intenso de conscientização dentro da ThoughtWorks. Dos 600 funcionários da empresa, em 2017, 13% se declaravam negros. No ano seguinte, 18%. Esse aumento, porém, não se deveu somente as políticas de equidade racial. ”Algumas pessoas, entram na ThoughtWorks, não se enxergam como negras”, conta Renata Gusmão, 30 anos, diretora de Justiça Social e consultora sênior da empresa. “A partir dos programas de conscientização, compartilhamento de histórias pela representatividade, elas começaram a se identificar, se reconhecer como pessoas negras, com maior compreensão da importância de sua presença nesse ambiente”.

Uma empresa onde os funcionários estão livres para ser quem são é, naturalmente uma empresa mais produtiva e inovadora. Não se trata, portanto, de assistencialismo, tampouco caridade. É incentivar as pessoas para que elas cheguem a seu potencial máximo. Nesse sentido, uma iniciativa interessante é a da fabricante de computadores Dell.

Em parceria com a Universidade Estadual do Ceará, foi criada o Le@d, centro de pesquisa e inovação dedicado a desenvolver sistemas para aumentar a empregabilidade e a produtividade de pessoas com deficiência. “Nós queremos que as pessoas prosperem por meio da tecnologia”, diz Eder Soares, 36 anos, gerente de projetos de inovação da Dell e líder do Le@d. Por enquanto, as criações do laboratório ficam na Deli, mas a ideia, no futuro, é que elas sejam oferecidas no mercado. Da sede em Fortaleza, por exemplo, já saiu um programa que permite aos surdos testar a caixa de som dos computadores. Uma outra linha de pesquisa investiu na criação de um dicionário que traduza para a linguagem dos sinais palavras do universo tech. Como se representa ”algoritmo” em libras? E “Java”? Um dos projetos que mais entusiasmam os pesquisadores atualmente é o desenvolvimento de um exoesqueleto que permita aos cadeirantes trabalhar de pé, na linha de montagem dos computadores.

Como diz Rosi Teixeira, 42 anos, consultora de desenvolvimento principal da ThoughtWorks: “Não tem como o mundo ser bacana apenas para mim. Ou a gente vive em uma sociedade bacana para todos ou estaremos fadados a violências cada vez maiores”. Que nos sirva de inspiração.

 

ALIMENTO DIÁRIO

QUALIFICADOS

Qualificados - Tony Cooke

CAPÍTULO SETE – A COISA CERTA

“Integridade significa que se a nossa vida privada for subitamente exposta, não teremos qualquer razão para ficarmos envergonhados ou embaraçados. Integridade significa que a nossa vida pública é consistente com as nossas convicções interiores.” — Billy Graham

 

Pensamento-chave: Integridade e fidelidade são essenciais para a fundação da verdadeira liderança espiritual.

Ali estava ele, um profeta idoso e grisalho. Seu semblante refletia uma vida inteira de serviço marcado por honestidade e integridade.

Lágrimas podem ter umedecido os seus olhos enquanto refletia acerca de sua jornada ao longo de décadas e falou àqueles a quem havia servido (1 Samuel 12:2-5):

Agora, pois, eis que tendes o rei à vossa frente. Já envelheci e estou cheio de cãs, e meus filhos estão convosco; o meu procedimento esteve diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje. Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o SENHOR e perante o Seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem oprimi? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei. Então, responderam: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma das mãos de ninguém. E ele lhes disse: O SENHOR é testemunha contra vós outros, e o Seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha.

Samuel tinha completado a sua carreira com as mãos e o coração limpos. Ele resistiu às tentações que todo líder enfrenta e se recusou a perder a sua integridade ou ceder à atração de explorar o povo ou abusar do seu poder.

 INTEGRIDADE E MATEMÁTICA

A palavra “integridade” está realmente relacionada a um termo matemático, “número inteiro”. Um “número inteiro” é um número que não é dividido ou que não contém uma fração. Por exemplo, 2 e 7 são “inteiros”. Já 2/3 ou 5,7 não são. Uma pessoa com integridade, portanto, é uma pessoa que não está dividida; ela é uma pessoa “inteira”. Ela não está vivendo 92% para Deus e 8% no prazer do pecado. Ela não fala a verdade 96% do tempo ou exagera e fala mentira nos outros 4%. Estou ciente de que nenhum ser humano nesta terra é impecavelmente perfeito ou incapaz ou errante, mas uma pessoa de integridade não vive uma vida dupla. Se ela erra em uma área, ela se arrepende, recebe perdão, se corrige e segue em frente. Ela não leva um estilo de vida que é parcialmente comprometida com a santidade e parcialmente não.

Ecoando o legado de integridade de Samuel, Paulo disse:

  • “Acolhei-nos em vosso coração; a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos” (2 Coríntios 7:2).
  • “… me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens” (Atos 24:16).
  •  “Vós e  Deus  sois  testemunhas  do  modo  por  que  piedosa,  justa  e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes” (1 Tessalonicenses 2:10).

 INTEGRIDADE INFLUENCIA OUTROS

Paulo ensinou que não importa quão alta ou baixa seja a nossa posição na sociedade, todo seguidor do Senhor Jesus Cristo pode ser qualificado ou desqualificado — eficaz ou ineficaz — quando se trata de ser uma boa influência para outros. Vivendo em uma sociedade na qual a escravidão era comum, Paulo instruiu os cristãos escravos a como serem uma testemunha positiva:

Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, deem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador. — Tito 2:9-10

A partir desse versículo, concluímos que uma pessoa não precisa ter um alto status na vida ou uma posição ministerial imponente para ter uma influência positiva sobre outros. Não tem nada a ver com o nosso status ou posição; definitivamente, tem a ver com o nosso caráter e conduta.

José é um grande exemplo bíblico de um indivíduo que teve o favor de Deus em sua vida, quando ele era um escravo e um prisioneiro (e, com o tempo, o primeiro-ministro do Egito).  Ele deliberada e intencionalmente manteve a sua integridade diante de Deus, mesmo quando tentado pela esposa de Potifar. José não aproveitou a situação, mas em vez disso, agarrou-se tenazmente ao plano e a vontade de Deus para a sua vida. Ele disse: “… como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gênesis 39:9).

Daniel é outro exemplo marcante de um homem cuja vida refletia um caráter temente a Deus. Muito antes de ele ser um profeta, era um estudante com convicções santas e fortes. Depois disso, ele serviu como primeiro-ministro de dois impérios diferentes. Suas posições, contudo, não o definiam; seu caráter, sim.

Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. — Daniel 6:3-4

Uma história de origem desconhecida tem circulado em livros de ilustrações para pregações, e agora ela está amplamente difundida pela Internet. Seja essa história verídica ou fictícia, o fato é que ela tem um grande impacto:

Muitos anos atrás, um pregador de fora do Estado aceitou um chamado para uma igreja em Houston, Texas.

Algumas semanas após a sua chegada, ele precisou tomar um ônibus da sua casa para o centro da cidade. Quando ele se sentou, descobriu que o motorista, acidentalmente, lhe dera 25 centavos a mais de troco.

Enquanto considerava o que fazer, pensou: Você deveria devolver os 25 centavos. Seria errado ficar com ele. Então ele pensou: são só 25 centavos! Quem iria se preocupar com esse valor? De qualquer maneira, a companhia de ônibus já arrecada muito dinheiro; jamais sentirão falta disso. Aceite isso como um presente de Deus e fique quieto.

Quando chegou ao seu ponto de descida, ele parou momentaneamente na porta e disse: “Aqui, você me deu troco a mais”.

O motorista, com um sorriso, respondeu: “Você não é o novo pregador na cidade?” “Sim”, ele replicou.

“Bem, ultimamente tenho pensado muito a respeito de ir a algum lugar para adorar. Eu só queria ver o que você iria fazer se eu lhe desse troco a mais. Eu o verei na igreja no domingo.”

Quando o pregador desceu do ônibus, ele literalmente agarrou-se ao poste mais próximo e disse: “Ó, meu Deus, eu quase vendi o Seu Filho por 25 centavos”.

Ao comentar acerca da influência de David Livingstone em sua vida, Henry M. Stanley disse: “Quando eu vi a paciência incansável e o zelo incansável daqueles filhos iluminados da África, eu me tornei um cristão ao seu lado, embora ele jamais tenha falado uma só palavra para mim”.

Revelando o poder do exemplo, Francisco de Assis supostamente disse: “Pregue o Evangelho em todo o tempo e, se for necessário, use palavras”.

Como embaixadores de Deus na terra, não somos chamados apenas para pregar uma mensagem, mas para conduzirmos vidas exemplares a fim de que, segundo Tito 2:10: “… fazer o ensino sobre Deus nosso Salvador atrativo de todas as formas”.

Seríamos tolos, todavia, em pensarmos que somos aqueles que fazemos as pessoas virem a Deus. Paulo também disse: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Coríntios 4:5). Ele entendia totalmente que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16). Entretanto, as nossas vidas deveriam expressar a bondade do Evangelho para outros, e não distraí-los dele.

INTEGRIDADE ESTÁ CONECTADA À FIDELIDADE

Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. — 1 Timóteo 1:12-13

Sabemos que o ministério de Paulo teve a sua origem no chamado e na misericórdia de Deus, mas houve uma resposta na parte de Paulo a qual foi essencial para a sua iniciação e promoção no ministério. Qual foi? Deus considerou Paulo fiel.

Fidelidade é tão importante que Paulo disse: “… é [essencialmente] exigido dos mordomos que um homem seja achado fiel [provando-se digno de confiança]” (1 Coríntios 4:2, AMP). Um mordomo é alguém que gerencia os assuntos de outro, e é exatamente isso que fazemos quando servimos a Deus. Deveríamos vigiar e executar fielmente a obra (Sua obra) que Ele nos atribuiu para fazermos.

Alguns dos sinônimos e palavras atribuídas para “fidelidade” incluem: constante, dedicado, devotado, bom, leal, firme, resistente, fidedigno, confiável, responsável, sólido, experimentado, digno, decidido, determinado, resoluto, entusiasta, fervoroso e impetuoso. Essas são todas boas palavras para descrever o que Deus deseja ver em nossas vidas, à medida que respondemos ao Seu chamado e à Sua Palavra.

Jesus descreveu a natureza essencial da fidelidade em Lucas 16:10-12:

Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?

Existem três áreas distintas em nossas vidas onde Deus procura por fidelidade:

1. NAS PEQUENAS COISAS (“se for fiel no pouco, você será fiel no muito”). Algumas pessoas acreditam que não há problema em se tornarem fiéis apenas quando Deus lhes der uma tarefa realmente grande e importante. Com base nesse raciocínio, elas acreditam que está tudo bem dispensar um esforço mínimo ou ser pouco dedicado a uma tarefa caso ela não pareça assim tão grande ou interessante. Contudo, muito ao contrário, Jesus disse que é vital, para nós, sermos fiéis mesmo nas pequenas coisas e que a nossa fidelidade nas coisas pequenas indica que seremos fiéis nas responsabilidades maiores. Alguém disse: “Deus não tem um campo maior para o homem que não é fiel fazendo a obra onde ele está”.

2. NAS COISAS PRÁTICAS OU NATURAIS (“… se você é desonesto nas riquezas naturais, quem irá confiar a você as riquezas do céu?”).

Fidelidade se aplica muito mais do que simplesmente a coisas consideradas espirituais ou religiosas. Jesus se refere especificamente a riquezas materiais e firmemente implica que exercer boa administração no que tange a coisas naturais é um pré-requisito para que alguém seja encarregado de coisas espirituais. Se as pessoas são descuidadas e imprudentes ao lidar com o seu dinheiro, então isso é um indicativo de como elas lidariam com as riquezas espirituais.

3. NAS COISAS QUE NÃO SÃO SUAS (“… se você não é fiel com as coisas das outras pessoas, por que você seria confiável com as suas próprias coisas?”). Algumas pessoas expressam um desejo pelo seu “próprio” ministério, mas como elas têm se comportado ao ajudar outra pessoa a cumprir a tarefa que Deus lhe tem confiado? O que realmente importa não é se eu estou no comando, mas que a vontade de Deus seja realizada. Se isso significa assumir um papel de apoio, então deveríamos estar tão entusiasmados e comprometidos como estaríamos se fôssemos os líderes “principais”.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

A CONSTRUÇÃO DAS EMOÇÕES

Há um grande corpo de estudos que sugere que emoções são construções sociais, contradizendo a visão de que são universais e pré-programadas

A construção das emoções

Apesar de não haver consenso entre os pensadores – Descartes entre eles – que refletiram sobre quantas e quais emoções são consideradas básicas, o senso comum sempre nos fez acreditar que são universais e que todos os seres humanos são pré-programados a senti-las. Rostos felizes, tristes e preocupados são facilmente identificados em qualquer cultura, o que foi comprovado em pesquisas, sendo as conduzidas por Paul Ekman na década de 1970 a mais difundida. Então a neurociência passou a investigar o assunto de forma mais objetiva, a partir de imagens do cérebro e outras informações.

Foi o que fez a neurocientista canadense Lisa Barrett durante duas décadas. Após centenas de pesquisas com neuroimagens e análises de estudos das emoções, concluiu que nossa intuição está essencialmente errada: as emoções não são necessariamente universais e a interpretação das expressões evocadas por elas pode ser considerada pouco confiável. Inúmeras investigações lideradas por Barrett mostram que uma mesma expressão facial pode representar emoções distintas e, portanto, é extremamente dependente do contexto e até mesmo da cultura para ser identificada.

Em seu livro How Emotions Are Made, ela defende que não existe um circuito neural pré-programado para processar as emoções complexas. Elas seriam construções do cérebro baseadas em predições, assim como acontece com toda a aprendizagem e interpretação do mundo.

Para que possa interpretar um estímulo, bem como um sentimento, o cérebro recorre a experiências anteriores e prediz o que está acontecendo. Trancado na caixa escura do crânio, para que possa dar sentido de forma ágil às informações que recebe e integra, ele preenche lacunas e fabrica os detalhes a partir do que já vivenciou. Qualquer novo conhecimento interfere na construção de sentido feita pelas predições. Assim, quando olhamos a face de alguém, predizemos o que está acontecendo ou o que vai acontecer, o que o outro sente ou a emoção que determinado estímulo irá provocar com base nas nossas experiências anteriores. Essas previsões são aprendidas de acordo com o ambiente e nas interações sociais.

Isso não significa que não existe uma base emocional inata comum a todos os seres humanos. Mas é preciso distinguir os fenômenos psicológicos mais complexos daqueles que são reguladores dos processos biológicos essenciais para a manutenção da vida, como conforto e desconforto, o prazer e o desprazer – motivadores da busca de oportunidades e prevenção contra ameaças que dividimos com todas criaturas com sistema nervoso.

Na visão de Barrett, esses conceitos são sentimentos simples que acompanham os processos fisiológicos e atuam como um reflexo do que está acontecendo no corpo. Mas não dizem muito sobre o que está acontecendo no mundo de fora. Tais detalhes são aprendidos socialmente para que o cérebro construa sentimentos complexos, como ansiedade, frustrações, alívio, remorso, encantamento, fascínio e até felicidade.

A ideia de que a emotividade não é um processo fixo, e sim fluido e adquirido, é também defendida pelo neurocientista português Antônio Damásio em seu mais recente livro, A Estranha Ordem das Coisas: “Ao que parece, a maquinaria dos nossos afetos é educável, até certo ponto, e boa parte daquilo a que chamamos de civilização ocorre através da educação dessa maquinaria no ambiente da nossa infância, em casa, na escola, e no ambiente cultural”.

Essas conclusões podem significar mais que uma mudança na forma como as emoções são compreendidas e explicadas. A ideia de que são construídas indica, segundo Barrett, que também podem ser desconstruídas e modificadas a partir da autoconsciência. Podemos ser o que ela chama de “arquitetos das próprias emoções” ao perceber o que nos provoca determinadas respostas emocionais negativas.

Não significa que isso seja simples, pois não temos acesso consciente às circunstâncias e situações que formaram o enorme arsenal emotivo que guia nosso comportamento. Esse ganho de controle é um exercício diário, que envolve a identificação da emoção e o reconhecimento de que é fluida, está relacionada a situações sociais inconstantes e, muitas vezes, a necessidade e fisiológicas também impermanentes.

Barrett lembra em seu livro que o corpo não pode ser esquecido quando falamos em processos mentais. Assim como envolvem o contexto social, as emoções envolvem também movimentos fisiológicos nos quais não damos atenção e que podem explicar grande parte das mudanças de humor. Fazemos isso quando cuidamos de crianças pequenas e com o tempo passamos a nos considerar “seres racionais” e a tratar corpo e mente de forma separada -uma separação que nunca acontece.

Prestar atenção em necessidades como sono, cansaço, incômodo físico, fome, alterações hormonais é uma das atitudes que nos ajudam a entender determinadas reações e a mudar as circunstâncias que promovem emoções negativas. Nomear as emoções, como veremos em uma próxima oportunidade, é outra forma de trabalhar a inteligência emocional.

Não precisamos ser reféns dessas emoções e agir sempre de acordo com elas: é possível, como já disse o filósofo Viktor Frankl, aproveitar o espaço entre estímulo e reação – um espaço que representa nossa liberdade e crescimento – para reconhecer a possibilidade de escolhas e assumir o controle sobre as ações.

 

MICHELE MULLER – é jornalista pesquisadora, especialista em Neurociências, Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica estratégias para o desenvolvimento da Linguagem. Seus projetos e textos estão reunidos no Site:  www.michelemuller.com.br

OUTROS OLHARES

A RODOVIÁRIA DO FUTURO

A rodoviária do futuro

A 311 quilômetros de Amsterdã, Tilburgo é uma cidade de 200 mil habitantes. Foi o local da morte do rei Willem II (1792 -1849), que, vítima de problemas respiratórios, costumava dizer que somente lá conseguia respirar livremente e ser feliz. No século 19, a cidade era um dos principais centros têxteis da Holanda, capital da lã. Hoje, é famosa por uma animada feira. que, todos os anos, se estende por dez dias ao longo de julho. Agora, Tilburgo faz novamente história ao chegar no futuro, com sua rodoviária inteligente. Projetada pelo escritório de arquitetura cepezed, a belíssima (e minimalista) estação é composta por uma série de colunas finas e um toldo que, de tão leve, parece flutuar. À base de tecnologia fotovoltaica, a cobertura dispõe de 250 metros quadrados de painéis solares capazes de iluminar toda a rodoviária – das áreas de embarque e desembarque às placas digitais de sinalização. Sensores de movimento, colocados a cada 14 metros na borda de aço do toldo respondem à presença de pessoas e ônibus.

GESTÃO E CARREIRA

A GUERRA DAS CANCELAS

A chegada de novas concorrentes acirra a competição no mercado de pagamento automático de pedágios. E a disputa muito vai além das rodovias

A guerra das cancelas

Fundada no ano 2000, a Sem Parar foi a pioneira no mercado local de etiquetas de pagamento automático de pedágios, mais conhecidas como tags. E, assim como os carros que passaram a adotar o seu sistema, a empresa teve, durante mais de uma década, pista livre para desenvolver e expandir esse modelo pelas estradas — e, mais tarde, pelos estacionamentos do País. A primeira rival, de fato, surgiu apenas em 2013, com o lançamento da ConectCar, criada pela Ipiranga em parceria com a Odebrecht Transport. Quatro anos depois, foi a vez da MoveMais, com foco no segmento corporativo. No ano passado, a Veloe, da Alelo, engrossou essa lista. Agora, a Sem Parar começa a enxergar no retrovisor a chegada de novas concorrentes, em um cenário que promete redesenhar a competição no setor. Ao mesmo tempo, essa disputa tem tudo para alcançar outras cancelas além daquelas nas rodovias brasileiras.

O nome mais recente a ingressar nesse mercado é o C6 Bank. O banco digital recebeu sinal verde do Banco Central para operar em janeiro. Ainda em fase de estruturação, a empresa acaba de lançar o C6 Taggy, serviço de pedágio automático. Depois de uma etapa de testes com seus próprios funcionários, as tags estão sendo distribuídas
a sua base de clientes e já são aceitas em 61 concessionárias. Na contramão das rivais, não haverá cobrança de taxas de adesão e nem de mensalidade. O valor de cada transação será debitado diretamente da conta do correntista. “É como se fosse um cartão de débito do carro”, diz Maxnaun Gutierrez, líder de produtos e pessoa física do C6 Bank. Com a previsão de chegar também aos estacionamentos até o fim do ano, o C6 Taggy vai integrar um pacote de ofertas que inclui cartões múltiplos isentos de anuidade e transferências ilimitadas e gratuitas, entre outros recursos.

As novidades não se restringem ao C6 Bank. Outras empresas estão prontas para colocar seus pés — e etiquetas — nessa estrada. “Temos mais dois bancos e quatro meios de pagamento em fase de integração, além de negociações com mais de trinta empresas”, afirma João Cumerlato, CEO e cofundador da Greenpass. O empreendedor criou a startup no fim de 2017, ao lado de Carlo Andrey. Dois anos antes, a dupla havia deixado a ConectCar, serviço que ambos ajudaram a estruturar e cuja fatia de 50%, da Odebrecht, acabara de ser vendida ao Itaú Unibanco, por R$ 170 milhões. O acordo foi seguido pela movimentação de outras cifras no setor. Em 2016, a americana Fleetcor pagou R$ 4 bilhões para assumir o controle da Sem Parar.

Na sequência, o lançamento da Veloe concentrou um aporte de R$ 110 milhões, que contou com a participação do Bradesco e do Banco do Brasil, acionistas da Alelo. “Começamos a perceber que esse mercado ficaria restrito a uma briga de cachorros grandes”, diz Cumerlat. A Greenpass entrou nessa briga ao criar uma plataforma “bandeira branca” para que bancos e empresas de qualquer porte possam atuar no mercado de pagamentos automáticos de pedágios e estacionamentos. A startup responde pela tecnologia e a operação junto às concessionárias. Frentes como marketing e vendas ficam sob a alçada de seus clientes, como é o caso do C6 Bank, o primeiro projeto desenvolvido pela novata. “Nossa plano é permitir que essas tags custem muito pouco para o usuário na ponta”, afirma.

O preço ainda é uma das barreiras para que esse mercado ganhe mais escala. Em 2018, o segmento de pedágios movimentou R$ 19 bilhões, com 1,75 bilhão de transações. A participação das tags, no entanto, vem apresentando uma tendência de estagnação nos últimos anos, com um patamar que gira em torno de 47% do total de pagamentos. De uma frota de 48 milhões de carros no País, estima-se que cerca de 6 milhões possuam esses sistemas automáticos. “Esses são os ‘heavy users’, para quem faz todo sentido pagar uma mensalidade de R$ 25. Queremos ganhar escala ao tornar o acesso a esses serviços mais democrático”, explica Cumerlato. A meta da empresa é chegar, via parceiros, a uma base de 2 milhões de usuários no prazo de dois anos

DESCONTOS 

O fator preço e a competição mais acirrada já estão influenciando as estratégias das empresas que atuam há mais tempo nesse mercado. A ConectCar, por exemplo, está oferecendo a adesão com a isenção de cobrança de mensalidades nos primeiros três meses, além de um desconto de 20% durante toda a vigência do plano contratado. Quem também está recorrendo a esses expedientes é a Veloe, cuja oferta exclui a cobrança de mensalidade por um período de 12 meses. “É uma forma de mudar a visão de parte dos usuários”, diz Cesario Nakamura, CEO da Alelo. “Hoje, o pagamento via tags é uma comodidade disponível não apenas nos pedágios, mas também nos centros urbanos.” Presente em 64 rodovias e mais de 200 estacionamentos, a operação já concentrou um investimento de R$ 160 milhões desde o seu lançamento, em maio de 2018. Até 2020, a previsão é chegar a um aporte total de R$ 310 milhões e a uma base de 1,5 milhão de usuários.

Para alcançar esse número, a Veloe trabalha em duas pontas: usuários finais e mercado corporativo. Nessa frente, as sinergias com outras ofertas da Alelo, como as plataformas de gestão de frotas, são a aposta para ganhar terreno. A utilização dos canais de relacionamento de Bradesco e Banco do Brasil (os dois acionistas da operação) para a oferta do serviço aos correntistas são mais um componente. E a empresa vem criando parcerias. No início do mês, fechou acordo com a Zul Digital, responsável por um aplicativo de Zona Azul disponível em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza. Em junho, a companhia já havia se associado com a Unidas para que a frota de mais de 140 mil veículos da locadora seja equipada com suas tags. O mesmo caminho foi adotado recentemente pela ConectCar e pela Sem Parar, que firmaram parcerias com a Localiza e a Movida, respectivamente.

Responsável por desbravar o segmento, a Sem Parar não está de braços cruzados com a perspectiva de aumento da concorrência. Embora não revele o valor consolidado dos investimentos para este ano, a empresa informa que está ampliando em 30% o volume dos aportes na comparação com 2018. “Internamente, esse cenário aumenta nosso senso de urgência para acelerar as inovações. Temos de estar sempre três passos à frente”, afirma Fernando Yunes, CEO da companhia, que responde por cerca de 20% da operação global da Fleetcor, grupo que faturou US$ 2,4 bilhões em 2018. “De uma operação de pedágios eletrônicos, estamos nos transformando em uma empresa que elimina filas e paradas na vida das pessoas.”

DRIVE THRU DO MCDONALD’S 

Hoje, os pedágios representam apenas 12% de utilização na rede da companhia, que possui 5,5 milhões de usuários ativos. Os 88% restantes estão divididos em diversos segmentos. Nos estacionamentos, que incluem shoppings, aeroportos, hospitais, condomínios e mesmo de rua, já são 1,2 mil pontos, além de 650 postos de combustíveis. Os lava rápidos, uma aposta recente, somam 20 estabelecimentos e o plano nesse segmento é chegar a 150 nos próximos meses. No fim de 2018, a empresa também fechou um acordo com o McDonald’s. Mais de 300 drive thrus da marca já contam com a opção de pagamento via tag da Sem Parar. A empresa negocia ainda com outras duas redes de fast food que planejam seguir a mesma trilha.

Toda essa movimentação não significa, no entanto, que a empresa deixou os pedágios em segundo plano. Nessa área, a Sem Parar acaba de desenvolver uma tecnologia intermediária para ser aplicada em cabines manuais. No lugar de tags, a solução será baseada nos celulares dos usuários e permitirá a abertura das cancelas com a desaceleração do carro ou da moto. A previsão é de que dois pilotos comecem a ser testados neste semestre. “Nosso primeiro passo foi concentrar a atuação ao redor do carro”, diz Yunes. “A próxima etapa é levar isso ao entorno do indivíduo. Sempre que houver fila e pagamentos, estaremos presentes.”

A guerra das cancelas. 2

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QUALIFICADOS

Qualificados - Tony Cooke

CAPÍTULO CINCO – O PERIGO DA DESQUALIFICAÇÃO

 Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. — 2 Timóteo 2:21

Pensamento-chave: Paulo não estava apenas cauteloso quanto a liderar e influenciar outros, mas ele também via a grande necessidade de assegurar que ele mesmo permanecesse no caminho. Se você está jogando para ganhar, você tem que jogar pelas regras.

 

O apóstolo Paulo entendia que a jornada de liderança espiritual é desafiadora e que grande diligência é exigida para terminar bem.

Comparando a jornada cristã a uma corrida, ele disse:

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. — 1 Coríntios 9:24-27

Em minha experiência cristã inicial, achei a declaração de Paulo alarmante: “… tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. O que significaria tornar-se “desqualificado”? Quando eu comecei a ler a Bíblia, esse versículo me parecia ainda mais inquietante, ao perceber que Paulo expressava um desejo de não terminar como um “inútil”. Mais tarde, como um estudante de escola bíblica e como um jovem pastor ambicioso, ouvi advertências moderadas de ministros que terminaram no provérbio “monturo espiritual” devido à flagrante desobediência e persistente infidelidade. Lamentavelmente, eu tenho visto alguns terminarem dessa maneira.

Entretanto, nessa declaração, Paulo não está falando de filiação; ele está falando de ministério eficaz e duradouro, o qual é executado sem implosões autoinfligidas. Ele está se referindo a ser um atleta espiritual que está exercendo grande esforço, não para a glória pessoal, mas para o avanço do Reino. Paulo usa terminologias esportivas para introduzir a ideia da possível desqualificação. Ele fala do rigor atlético e da disciplina necessária para ser competente no ministério.

Observe que Paulo não estava apenas preocupado em “pregar a outros”. Ele era diligente em disciplinar o seu próprio corpo e reduzi-lo “à escravidão”. Paulo reconhecia que antes que ele pudesse liderar outros, primeiramente ele teria que liderar a si mesmo. Antes que ele pudesse efetivamente influenciar outros, primeiramente, ele teria que influenciar a si mesmo para permanecer “no curso”. É terrivelmente infeliz quando ministros buscam exceder em seu desempenho público, mas se deterioram em seu caráter e integridade. Patsy Cameneti uma vez disse: “No processo de se tornarem grandes pregadores, alguns se tornam cristãos repugnantes”.

A coisa mais fácil que você irá fazer no ministério é permanecer atrás de um púlpito e dizer aos outros como eles supostamente devem viver e o que eles supostamente devem fazer. O nosso desafio não é apenas ser um proclamador da Palavra, mas um praticante da Palavra. “Praticar” confere grande autenticidade para o nosso ensino.

George Whitefield, certa vez, foi indagado se certo indivíduo era um bom homem. Ele sabiamente respondeu: “Como eu poderia saber disso? Nunca vivi com ele”. Deus não julga a nossa espiritualidade e temor a Ele com base em como pregamos ou em como nos comportamos quando pessoas que queremos impressionar estão observando. Não é que a maneira como nos comportamos em público ou na igreja não seja importante, mas acredito que o teste definitivo para a nossa espiritualidade é como nos comportamos em casa com o nosso cônjuge e nossos filhos, e como nos comportamos quando ninguém está observando.

No primeiro capítulo, falamos sobre a seleção de Davi, quando ele foi escolhido para ser o novo rei de Israel. Esse trecho da Bíblia também fala da rejeição de Saul como o rei “autodesqualificado” de Israel.

Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o SENHOR confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou. — 1 Samuel 13:13-14

Mais tarde, em 1 Samuel 15:23, Samuel disse a Saul: “Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”.

O nome hebraico do apóstolo Paulo também era Saulo e ele era da mesma tribo (Benjamim) que o rei Saul, do Antigo Testamento. Ele recebeu esse nome em homenagem ao seu rei desobediente, o qual desqualificara a si mesmo para a liderança do Reino. Paulo estava determinado a não seguir nas mesmas pisadas de desobediência e desqualificação do seu homônimo. Em vez disso, ele resolveu completar a sua carreira com alegria (Atos 20:24).

Considerando que Paulo resolveu usar um evento esportivo (atletismo) para ilustrar a sua ideia, talvez possamos extrair mais revelação ao explorar esse tópico também. No atletismo, um corredor que “queima a largada” ou sai da sua faixa, pode ser desqualificado naquele evento. Entretanto, isso não significa que ele será banido do atletismo para sempre. Para essa corrida em particular, sim, todavia, ele terá que sair do caminho e deixar os outros corredores seguirem sem ele.

Diego Mesa é um amigo meu que pastoreia uma igreja no sul da Califórnia. Ele costumava correr maratonas e participar de triatlo. No início dos anos 80, ele se sentiu ótimo ao terminar em terceiro lugar em um evento muito competitivo. Ele foi bem na corrida, no ciclismo e na natação, portanto, ele alegremente recebeu o seu prêmio de 250 dólares (isso era muito dinheiro para ele na ocasião). Entretanto, em vez disso, ele recebeu um cheque de 175 dólares e foi informado de que ele negligenciara o uso do capacete durante a parte de ciclismo do evento. Como resultado, 75 dólares foram deduzidos da sua premiação. Imagino quantos crentes, e até mesmo pregadores, estarão diante do Senhor, pensando que fizeram coisas maravilhosas para Ele, apenas para descobrir que o seu prêmio foi afetado por motivos, atitudes e métodos errados.

Paulo avisou a Timóteo, um jovem pastor: “… o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (2 Timóteo 2:5). Ao querer evitar o legalismo, muitos têm minimizado a ideia de “normas”, entretanto, existem diretrizes definidas e princípios envolvidos ao executar um serviço ministerial frutífero e eficaz. Semelhantemente, ignorar ou violar tais ensinamentos e preceitos pode diminuir consideravelmente a produtividade de alguém e, finalmente, afetar o seu prêmio.

Jesus falou abertamente acerca da influência espiritual de uma pessoa ser diminuída ou destruída completamente: “Permitam-me dizer por que vocês estão aqui. Vocês estão aqui para ser o sal que traz o sabor divino à terra. Se perderem a capacidade de salgar, como as pessoas poderão sentir o tempero da vida dedicada a Deus? Vocês não terão mais utilidade e acabarão no lixo” (Mateus 5:13, A Mensagem).

Foi na mesma veia de pensamento que Paulo expressou o cuidado de que, se ele não conduzisse sua vida de modo temente a Deus, ele poderia perder a sua utilidade e se tornar desqualificado. Ao falar para um grupo de crentes, Paulo disse: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. Mas espero reconheçais que não somos reprovados” (2 Coríntios 13:5-6).

De maneira a desqualificar-se, parece-me que uma pessoa teria que se tornar qualificada em primeiro lugar. Ao falar do seu próprio ministério, Paulo disse: “Deus nos testou duramente para que houvesse certeza de que estávamos qualificados para receber a Mensagem” (1 Tessalonicenses 2:3, A Mensagem).

O QUE FAREMOS, ENTÃO?

O nosso dever é buscar, de todo o coração, aquelas características que nos qualificam para o serviço eficaz e erradicam da nossa vida aqueles traços que nos desqualificariam. A analogia e a admoestação de Paulo em 2 Timóteo reforçam isso inteiramente:

Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. — 2 Timóteo 2:20-21

 

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

MATÉRIA-PRIMA DO PENSAMENTO

A linguagem vai além do campo cognitivo. ela auxilia na identificação de sensações e na construção da inteligência emocional

Matéria-prima do pensamento

Quando você ensina conceitos emocionais às crianças, você ensina mais que comunicar: cria a realidade dessas crianças – uma realidade social”, destaca a neurocientista Lisa Barrett, autora de How Emotions Are Made, baseado em suas pesquisas sobre a construção das emoções. Conforme foi destacado, estudos neurocientíficos apontam uma nova perspectiva na compreensão dos sentimentos, não como respostas pré-programadas, mas como construções sociais – o que leva a uma visão mais flexível sobre a forma como podemos lidar com elas, saindo do papel de reféns da s emoções para ganhar o poder de desconstruí-las.

A linguagem tem um papel fundamental no desenvolvimento da inteligência emocional. Sua função, portanto, não se limita à expressão das nossas experiências e emoções, com a finalidade de influenciar de incontáveis maneiras aqueles com os quais interagimos. É a matéria-prima do pensamento, o conjunto de peças que molda a forma como percebemos o ambiente, como interpretamos o outro e como compreendemos as próprias emoções.

Diferentemente de palavras que representam elementos concretos, os conceitos abstratos geralmente dependem do contexto para serem definidos e explicados. E é nessa maleabilidade que está a riqueza de uma língua – e também, de acordo com Barrett, do repertório emocional que cada um carrega. Por isso, com o ensino de conceitos, damos às crianças e adolescentes “ferramentas que irão ajudar a regular seu equilíbrio fisiológico, a encontrar significado nas suas sensações e a influenciar os outros de forma mais eficaz. São habilidades que elas usarão a vida inteira”.

A linguagem abstrata permite enxergarmos coisas que antes se encontravam em um ponto cego da percepção. Como se fossem lanternas da mente, as palavras expandem os limites do nosso mundo interno, como defendeu o filósofo alemão Wittgenstein. Um mundo que é inteiramente guiado pelas emoções e sentimentos – das grandes conquistas às piores decisões. Para conseguir identificá-los é necessário nomeá-los. Com a consciência dos ingredientes que os compõem, a partir da clareza trazida pelas palavras certas damos ao cérebro a capacidade de categorizar, perceber e predizer as emoções – ferramentas fundamentais para que possamos lidar melhor com eles e responder aos estímulos de forma mais flexível e funcional. Quanto maior o vocabulário, portanto, maior o que Barrett chama de “granularidade emocional”. Um repertório que possibilita expressar da forma mais acurada possível o leque de nuances emocionais que as diversas situações e estímulos podem evocar está relacionado à capacidade de construir experiências emocionais mais refinadas, levando a melhores predições e instâncias de emoções que são modeladas de acordo com cada situação.

O desenvolvimento da inteligência emocional a partir da identificação das emoções por meio de linguagem é o que chamam os de processo top-bottom: do cognitivo para o emocional, ou das regiões corticais para as subcorticais. Como muitos processos mentais, a relação cognição/emoção ocorre por um a via de mão dupla: os estímulos que envolvem o pensamento, ou seja, que operam no modo cognitivo, agem sobre as emoções, da mesma forma como o contrário também é verdade.

Dentro dessa mesma perspectiva, o neurocientista e psiquiatra Daniel Siegel defende que o vocabulário relacionado às inúmeras experiências internas seja ensinado a crianças e adolescentes como forma de educação emocional – uma técnica que ele chama de name it to tame it (uma rima em inglês que significa nomeie para amansar, ou domar). Não saber o que sente, ele explica, pode ser confuso e até aterrorizante. “Dividir a sua experiência com outros pode muitas vezes fazer com que momentos terríveis sejam compreendidos e não se transformem em trauma. Tanto seu mundo interno quanto relações interpessoais irão se beneficiar da identificação do que está acontecendo, trazendo mais integração à sua vida”, explica Siegel, no livro Cérebro do Adolescente (Editora Versos, 2016).

Há muitos estudos que confirmam esse raciocínio. Em uma investigação conduzida pelo Centro de Inteligência Emocional de Yale, foram trabalhados conceitos emocionais em 62 classes de crianças em sessões de meia hora por semana, durante dois anos, e avaliados seus desempenhos acadêmico e social. Em ambos domínios, aquelas que participaram do programa apresentaram melhores resultados que alunos que não tiveram a instrução.

Outra pesquisa indicando que o aprendizado de palavras relacionadas aos diversos estados emocionais leva a um refinamento dos sentimentos envolveu pessoas com aracnofobia: foram avaliadas três abordagens distintas, e aquela que utiliza o repertório mais rico de sensações mostrou-se mais eficaz e duradoura que as outras.

Os resultados do ensino e da evocação de conceitos abstratos, portanto, não se restringem a um enriquecimento cognitivo, mas expandem-se ao universo social e emocional, afetando profundamente essas experiências. No próximo post veremos como o cérebro constrói sentido na linguagem abstrata, um conhecimento que nos fornece meios e formas mais eficazes de ensinar esses conceitos.

 

MICHELE MÜLLER – é jornalista, pesquisadora, especialista em Neurociências. Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica estratégias para o desenvolvimento da linguagem. Seus projetos e textos estão reunidos no site www.michelemuller.com.br

OUTROS OLHARES

O FUTURO DA MENTE

Como a inteligência artificial pode melhorar o cérebro humano e ajudar na criação de máquinas conscientes

O futuro da mente

Penso na natureza fundamental da mente e na natureza do “eu”. Ultimamente, tenho refletido sobre essas questões tendo em vista tecnologias emergentes. Tenho pensado sobre o futuro da mente e, mais especificamente, sobre como a tecnologia de inteligência artificial (IA) pode remodelar a mente humana e criar mentes sintéticas. À medida que a IA fica mais sofisticada, uma coisa que me interessa bastante é saber se os seres que talvez consigamos criar poderão ter experiências conscientes.

A experiência consciente é o aspecto sensorial de sua vida mental. Quando você vê os exuberantes tons de um pôr do sol ou sente o aroma de café pela manhã, você está tendo uma experiência consciente. Ela lhe é bastante familiar. Inclusive, não há um momento de sua vida em que você não seja um ser consciente.

O que quero saber é, se tivermos uma inteligência artificial geral — capaz de conectar ideias de maneira flexível através de diferentes domínios e de talvez ter algo similar a uma experiência sensorial —, seria ela consciente ou tudo estaria sendo computado no escuro — envolvendo coisas como tarefas de reconhecimento visual de uma perspectiva computacional e pensamentos sofisticados, mas sem ser verdadeiramente conscientes?

Ao contrário de muitos filósofos, especialmente aqueles na mídia e transumanistas, costumo ter uma abordagem de “esperar para ver” em relação à consciência das máquinas. Primeiro porque rejeito a linha totalmente cética. Existiram filósofos muito conhecidos no passado que não acreditavam na possibilidade de consciência das máquinas — notoriamente John Searle —, mas creio que seja cedo demais para falar. Haverá muitas variáveis que determinarão se má- quinas conscientes existirão.

Em segundo lugar, temos de nos perguntar se a criação de máquinas conscientes é ao menos compatível com as leis da natureza. Não sabemos se a consciência pode ser implementada em outros substratos. Não sabemos qual será o microchip mais rápido, portanto não sabemos de que material uma inteligência artificial geral será feita. Então, até este momento, é muito difícil dizer que algo altamente inteligente será consciente.

Seria provavelmente mais seguro agora colocar uma barreira conceitual entre a ideia de inteligência sofisticada, de um lado, e a consciência, de outro. O que devemos fazer é manter a mente aberta e suspeitar que, talvez, com tudo que sabemos no momento, a mais sofisticada das inteligências não será consciente. Há muitas questões, e não apenas as que envolvem substratos, que determinarão se má- quinas conscientes serão possíveis. Imagine, por um minuto, que é concebível, ao menos em tese, construir uma inteligência artificial consciente. Quem ia querer fazer isso? Pense nas discussões que estão ocorrendo agora sobre os direitos dos androides, por exemplo.

Imagine que todos esses androides japoneses, criados para cuidar dos mais velhos e da casa das pessoas, acabem se tornando conscientes. Não haveria preocupações quanto a forçar criaturas a trabalhar para outras sendo elas seres conscientes? Não seria parecido com escravidão? Não creio que produzir esses seres seja uma vantagem para as companhias de IA. Na verdade, elas podem decidir retirar-lhes a consciência. Claro, não somos capazes de dizer se a consciência pode ser incluída ou retirada de uma máquina. Até onde sabemos, poderia ser uma consequência inevitável de um cálculo sofistica- do, e então teríamos de nos preocupar com os direitos de androides e de outras IAs.

Caso as máquinas se mostrem conscientes, não vamos apenas aprender sobre suas mentes, mas também sobre as nossas. Poderíamos descobrir mais sobre a natureza da experiência consciente, o que nos levaria a refletir, como cultura, sobre o que é ser um ser consciente. Humanos deixariam de ser especiais, no que tange a sua capacidade de ter pensamentos intelectuais. Estaríamos compartilhando essa posição com seres sintéticos que não são feitos das mesmas coisas que nós. Essa seria uma lição de humildade para os humanos.

Conforme as civilizações ficam mais inteligentes, elas podem se tornar pós-biológicas. Então, a inteligência sintética acabaria sendo um resultado natural de civilizações tecnológicas bem-sucedidas. Num espaço de tempo relativamente curto, conseguimos criar inteligências artificiais interessantes e sofisticadas. Agora estamos direcionando essa inteligência para dentro, em termos de construção de próteses neurais para melhorar o cérebro humano. Já vemos gurus da tecnologia, como Ray Kurzweil e Elon Musk, falando sobre aperfeiçoar a inteligência humana com chips cerebrais — não apenas para auxiliar quem tem distúrbios neurológicos, mas para ajudar as pessoas a viver mais e de maneira mais inteligente. Pode ser que civilizações ao longo do universo tenham se tornado pós-biológicas e melhorado sua inteligência para se transformar, elas próprias, em seres sintéticos. De certa maneira, a IA poderia ser um resultado natural de uma civilização tecnológica bem-sucedida. Claro, não estamos dizendo que o Universo tenha uma abundância de vida. Talvez não tenha. Esse é um questiona- mento empírico, embora muitos de meus colegas na Nasa estejam otimistas. E não estamos sugerindo que, mesmo que outros planetas tenham vida, essa vida seria tecnológica. Ainda não sabemos quão provável é que a própria vida continue a progredir e existir além de sua maturidade tecnológica.

Comecei minha vida acadêmica como economista e em seguida topei com uma aula de Donald Davidson, o eminente filósofo. Descobri que gostava de filosofia anglo-americana e trabalhei com Jerry Fodor, famoso filósofo da mente e crítico das ideias que deram origem à aprendizagem profunda (modelo de aprendizado de computadores a partir de algoritmos que simulam redes neurais do cérebro).

Fodor e eu passávamos horas discutindo sobre o escopo e os limites da inteligência artificial. Eu discordava dele quanto a essas visões iniciais sobre a aprendizagem profunda. Não achava que eram tão impossíveis como ele sugeria. Naquela época, elas eram chamadas de “visões conexionistas”. Ele alegava que o cérebro não é computacional e que a inteligência artificial provavelmente não prosperaria quando chegasse ao nível de inteligência artificial de domínio geral por- que havia uma característica especial no cérebro humano não computacional. A saber, ele estava se referindo ao que chamava de “sistemas centrais”, áreas do cérebro que podemos classificar como sendo de domínio geral, indo além de funções mentais altamente compartimentalizadas — aquele material de primeira que dá origem à criatividade humana e à cognição.

Argumentei que o cérebro era computacional de cabo a rabo. Por exemplo, havia teorias bem-sucedidas de memória de trabalho e atenção que envolviam funções de domínio geral. Enquanto eu estava trabalhando com Fodor, li bastante sobre neurociência computacional. Insisti que o cérebro talvez seja um sistema híbrido que possa ser descrito nos termos da abordagem da rede neural discutida em neurociência computacional, mas no qual essas descrições de alto nível tratadas na psicologia cognitiva fazem referência à forma de pensar a que pessoas como Jerry Fodor recorrem — a linguagem do pensamento, que afirma que o cérebro é um dispositivo de processamento de símbolos que os manipula de acordo com regras.

Teria sido divertido conversar com Fodor sobre sistemas de aprendizagem profunda. Imagino que ele ainda estaria um tanto cético quanto à possibilidade de esses sistemas se desenvolverem ainda mais, tornando-se o que algumas pessoas chamariam de inteligência artificial geral. De forma alguma estou sugerindo que os recursos atuais poderiam originar algo tão sofisticado. Entretanto, acho que, com todo dinheiro que vem sendo investido em inteligência artificial, com todo sucesso com que a velocidade dos cálculos vem aumentando ano após ano, sempre encontrando microchips mais rápidos e melhores, com a possibilidade de computação quântica sendo desenvolvida de maneira séria — todas essas coisas militam fortemente pela inteligência artificial, que progressivamente se torna cada dia melhor. Enquanto isso, podemos observar recursos em diferentes áreas da neurociência, como a neurociência computacional, e aprender com o funcionamento do cérebro. Podemos fazer uma engenharia reversa de IA a partir do cérebro quando precisarmos.

À medida que comecei a pensar sobre as histórias de sucesso da Deep Mind — com sistemas de domínio específico, por exemplo —, passei a acreditar que, com toda ênfase em tecnologia de IA e tecnologias aperfeiçoadas disponíveis, mais IAs sofisticadas seriam criadas. Não apenas criaremos robôs inteligentes; também colocaremos a IA em nossa cabeça e mudaremos o molde da mente humana. Então comecei a me preocupar com a maneira como isso poderia transformar a sociedade.

Vejo muitos mal-entendidos nas discussões atuais sobre a natureza da mente, como a suposição de que, se criarmos IAs sofisticadas, elas inevitavelmente criarão uma consciência. Também existe essa ideia de que deveríamos “nos fundir com a IA” — que, para que humanos possam acompanhar os desenvolvimentos nesse campo e não sucumbira IAs superinteligentes ou ao desemprego tecnológico causado por elas, precisamos melhorar nosso próprio cérebro com essa tecnologia.

Uma coisa que me preocupa nisso tudo é que eu não acho que empresas de IA deveriam estar resolvendo problemas referentes ao molde da mente. O futuro da mente deveria ser uma decisão cultural e uma decisão individual. Muitas das questões em jogo aqui envolvem problemas clássicos de filosofia que não têm soluções fáceis. Estou pensando, por exemplo, nas teorias metafísicas sobre a natureza de uma pessoa. Digamos que você implante, em si, um microchip para se integrar à internet e continue colocando melhorias após melhorias. Até que ponto você ainda vai ser você? Quando pensamos em aperfeiçoar o cérebro, a ideia é melhorar a vida — ficar mais inteligente ou mais feliz, talvez até viver mais ou ter um cérebro mais afiado à medida que envelhece —, mas e se todas essas melhorias nos alterassem de formas tão drásticas que já não fôssemos mais a mesma pessoa?

Há questões apresentadas por filósofos como Hume, Locke, Nietzsche e Parfit que vêm sendo pensadas há anos no contexto de debates sobre a natureza humana. Agora que temos a oportunidade de, possivelmente, esculpir nossa própria mente, acredito que precisamos dialogar com essas posições filosóficas clássicas sobre a natureza do “eu”. Preocupo-me profundamente com a obsessão com a tecnologia. Eu me considero uma tecnoprogressista, no sentido de que quero ver a tecnologia ser usada para melhorar a vida humana, mas precisamos ter cuidado com a aceitação inabalável dessa ideia de fundir-se com IAs ou até de ter uma internet das coisas a nosso redor o tempo todo.

O que precisamos fazer agora, conforme essas tecnologias de aprimoramento neurais estão sendo desenvolvidas, é ter um diálogo público sobre isso. Todas as partes interessadas precisam se envolver, dos pesquisadores dessas tecnologias aos legisladores e até pessoas comuns, especialmente os jovens, contanto que, à medida que tomem essas decisões quanto ao aperfeiçoamento do cérebro, eles sejam capazes de fazer isso com mais escrutínio. Aqui, as questões filosóficas clássicas sobre a natureza do “eu” e a natureza da consciência dão as caras.

Conselhos de ética de IA em grandes empresas são importantes, mas, de certa forma, é a raposa cuidando do galinheiro. A única maneira de termos um futuro positivo quando se trata do uso de tecnologias de IA para criar mentes sintéticas e melhorar a mente humana é trazer essas questões diretamente para o público, e é por isso que eu me importo bastante com o engajamento popular e com a garantia de que todas as partes interessadas estejam envolvidas.

Em um mês, serei a ilustre acadêmica da Livraria do Congresso para o próximo ano, então poderei levar essas questões à capital americana. Espero que, embora muitos líderes de tecnologia estejam ocupados demais para pensar seriamente sobre algumas das questões filosóficas subjacentes, o próprio público se dedique a esse tópico.

Como saberíamos se uma máquina é consciente? Eu sugeri que não podemos presumir que uma IA sofisticada será consciente. Além disso, pode ser que a consciência seja desenvolvida apenas em certos programas de IA ou com certos substratos, certos tipos de microchips e não em outros. Até onde sabemos, talvez sistemas de base de silicone possam ser conscientes, mas sistemas que usem nanotubos de carbono não. Não sabemos. É um questionamento empírico. Então, seria útil fazer alguns testes.

A parte complicada é que, mesmo hoje em dia, não podemos dizer com exatidão o que sistemas de aprendizagem profunda es- tão fazendo. O problema da caixa-preta da IA questiona como podemos saber quais cálculos estão nos sistemas de aprendizagem profunda, inclusive no nível inicial de sofisticação em que se encontram hoje.

Em vez de olhar por baixo do capô da arquitetura da IA, a maneira mais eficaz de determinar a consciência em máquinas é fazer uma abordagem em duas partes. A primeira coisa a se fazer é um teste com base em comportamento, que desenvolvi no Instituto de Estudos Avançados com o astrofísico e prodígio dos exoplanetas Edwin Turner. É um teste simples. Uma das coisas que mais chamam a atenção na consciência humana é o fato de que temos a capacidade de compreender situações imaginárias que envolvam a mente. Quando você era criança, talvez tenha visto o filme “Sexta-feira muito louca”, em que mãe e filha trocam de corpo. Por que isso fez sentido para nós? Fez sentido porque conseguimos imaginar a mente deixando o corpo. Não estou dizendo que a mente de fato saia do corpo, mas conseguimos imaginar situações, pelo menos em linhas gerais, que envolvam uma vida após a morte, reencarnação, experimentos de pensamentos filosóficos.

O que precisamos fazer, então, é promover IAs capazes de imaginar esses tipos de situações. Há, porém, uma boa objeção a isso, que é o fato de podermos programar uma IA para agir como se fosse consciente. Hoje em dia, já existem IAs que conversam e agem como se tivessem vidas mentais. Pense em Sophia, da Hanson Robotics. Ela fala com você, e a imprensa até conversa com ela como se fosse um ser consciente. Creio que tenha sido oferecida a ela cidadania na Arábia Saudita, o que é interessante.

O que precisamos fazer para determinar se uma IA é consciente é confiná-la. Essa é uma estratégia usada na pesquisa de segurança de IAs para evitar que ganhem conhecimento sobre o mundo ou ajam nele durante o estágio de pesquisa e desenvolvimento, em que se aprende sobre as capacidades de um sistema. Nesse momento, se você não fornece à inteligência artificial conhecimento sobre neurociência e consciência humana e percebe comportamentos anômalos quando a examina à procura de experiência consciente, faça experimentos de pensamento e veja como ela reage. Pergunte, simplesmente: “Você consegue se imaginar existindo após a destruição de suas partes?”.

Turner e eu escrevemos várias perguntas, uma espécie de teste de Turing para consciência de máquinas, projetado para despertar comportamentos contanto que elas estejam confinadas apropriadamente, e isso serve para garantir que não tenhamos falsos positivos. Dito isso, não acho que o teste seja a única maneira de abordar essa questão. É o que filósofos chamam de “condição suficiente” para a consciência de máquinas. Então, se uma má- quina passar no teste, temos motivo para acreditar que ela é consciente. Mas, se for reprovada, outros testes podem ainda assim de- terminar que ela é consciente. Talvez não seja devidamente linguística, talvez não tenha noção do “eu”, e por aí em diante.

Como mencionei, ofereço uma abordagem de duas partes. Deixe-me falar sobre a segunda maneira de determinar se máquinas podem ser conscientes, porque esse é um caminho sensível devido aos desenvolvimentos recentes em chips cerebrais. Conforme usamos neuropróteses ou chips em partes do cérebro que fundamentam a experiência consciente em humanos, se esses chips forem bem-sucedidos e se não notarmos déficit de consciência, então temos motivo para crer que aquele microchip feito de um substrato em particular — digamos, silicone — possa proporcionar consciência quando está no ambiente arquitetônico certo.

Isso seria importante se determinássemos que outro substrato, quando inserido no cérebro humano, não muda a qualidade de nossa experiência consciente quando está em áreas do cérebro que acreditamos ser responsáveis pela consciência. Isso significaria que, em tese, poderíamos desenvolver uma consciência sintética. Talvez façamos isso simplesmente ao substituir de forma gradual o cérebro humano por componentes artificiais até que, no fim, tenhamos um ser que seja uma IA plena.

Eu amo a interseção entre filosofia e ciência ou a parte em que a ciência fica turva e precisa pensar sobre suas implicações. Exemplos disso seriam as teorias da emergência do espaço- tempo na física, nas quais é necessário observar teorias matemáticas e então tirar conclusões a partir delas sobre a natureza do tempo. Questões como essa envolvem um equilíbrio delicado entre considerações matemáticas ou empíricas e questões filosóficas. Este é o momento em que eu gosto de intervir e me envolver.

Estou bastante interessada no escopo e no limite do que podemos saber enquanto humanos. Somos seres humildes e talvez, conforme aperfeiçoemos nossos cérebros, encontraremos respostas para alguns dos clássicos problemas filosóficos. Quem sabe? Por enquanto, se desenvolvermos tecnologia de inteligência artificial sem ter o cuidado de pensar sobre questões envolvendo a natureza da consciência ou a natureza do “eu”, veremos que essas tecnologias talvez não façam aquilo que as pessoas que as desenvolveram queriam que fizessem: melhorar as nossas vidas e pro- mover a prosperidade dos humanos.

Precisamos ter cuidado para nos assegurar de que saberemos se estamos criando seres conscientes e de que saberemos se melhorias radicais em nossos cérebros serão compatíveis com a sobrevivência da pessoa, se- não essas tecnologias levarão à exploração e ao sofrimento de seres conscientes, em vez de melhorar as nossas vidas.

Gosto daquele lugar de humildade em que deparamos com uma parede epistemológica, porque isso nos ensina o escopo e os limites do que conseguimos compreender. Às vezes é importante lembrar, nos dias atuais, com as abundantes inovações tecnológicas, que sempre existirão questões para as quais não temos respostas definitivas. Um bom exemplo é o questionamento sobre cérebros em tonéis — se estamos ou não vivendo dentro de simulações de computador. Essas são questões epistemológicas, sobre a natureza do conhecimento, e que não apresentam respostas fáceis. 

O futuro da mente. 2

GESTÃO E CARREIRA

ESQUEÇA O QUE APRENDEU SOBRE MILLENNIALS E XERS

Quem tem filhos pequenos já notou: o cenário muda muito em dois anos com a I.A., vamos lidar não com gerações, e sim com indivíduos

Esqueça o que aprendeu sobre Millenials e XERs

O conceito de gerações, como o usamos hoje, vem de uma série de estudos de sociólogos e filósofos que escreveram sobre o tema nas primeiras décadas do século 20. Em especial Karl Mannheim, com um artigo intitulado O Problema das Gerações, publicado em 1928.

Embora na época se considerasse que uma geração tinha um ciclo de 30 anos, Mannheim deixa claro que o determinante do período não é a questão cronológica, mas sim a homogeneidade das influências externas no indivíduo. Segundo ele, mais importante do que nascer num mesmo período é a possibilidade de presenciar os mesmos acontecimentos e processar as experiências de forma semelhante.

Naquela época, os períodos entre grandes transformações eram bem mais longos do que hoje. Enquanto o telefone levou 70 anos para atingir 90% da população, a TV colorida levou 20 anos e o celular, menos de dez. Enquanto a internet levou quatro anos para atingir milhões de usuários, o Facebook levou dois anos, o YouTube, dez meses e o Pokémon Go, 19 dias. As curvas de adoção de novas tecnologias se tornam cada vez agressivas, e isso significa que as influências externas estão mudando o tempo todo.

Se as influências mudam com velocidade crescente, isso significa que uma criança de 10 anos hoje está exposta a um ambiente muito diferente do que outra criança estará daqui a dois ou três anos, ao chegar à mesma idade. Tem sentido falarmos em uma geração a cada 20 ou 30 anos?

Quem tem filhos pequenos sabe bem o que estou afirmando. Até as escolas se transformam e precisam se atar a um mundo que evolui muito rapidamente. Vive uma era em que as experiências se tornam mais personalizadas. Com o uso cada vez mais imenso de inteligência artificial, isso vai aumentar. Com a computação quântica vai dar outro salto.

A inteligência artificial vai permitir que as difere pessoais. de personalidade, background, gostos e preferências sejam valorizadas numa dimensão nunca a vista. Os aplicativos serão únicos, e cada usuário vai viver experiências especificas. Isso estará em constante mutação, numa evolução ditada pelo consumidor. Imagine entrar numa loja de roupas, identificar-se na tela do espelho e imediatamente começar a se ver vestido com uma série de roupas sugeridas pelo algoritmo do varejista, que leva em consideração seu histórico de compras, suas curtidas nas redes sociais, as pessoas que você segue, seus influenciadores e amigos. Essa tecnologia já existe hoje, num centro de inovação da varejista japonesa de roupas Uniqlo, em Tóquio. É muito diference da experiência a que estamos acostumados. Mas é muito provável que em pouco tempo se dissemine por todo o varejo. O que vai mudar o layout das lojas, o perfil e a quantidade dos seus funcionários, o tempo que passamos dentro das lojas, além de outras consequências desconhecidas que só veremos na prática. O espaço de tempo paro a adoção de uma tecnologia como essa será muito curto comparado ao conceito de uma geração. E uma tecnologia como essa muda o comportamento das pessoas de forma significativa. É provável que período de, digamos, cinco anos após sua implementação, outras inovações causem outros impactos no comportamento do consumidor. Pessoas com pequenas diferenças de idade terão sofrido influências externas muito diferentes. Ainda serão da mesma geração?

As crianças de até 10 anos hoje já têm uma dificuldade muito grande de entender o conceito de televisão como seus pais a concebem. Mas ainda poderão compreender como era usado esse dispositivo, com muita explicação. Uma criança que hoje tem 5 anos, entretanto, quando chegar aos 10, terá uma capacidade de compreensão mais limitada do mesmo conceito. O esforço de abstração precisará ser imenso. Porque, em cinco anos, muita coisa tem mudado no entretenimento.

Se você estava pensando que o ambiente de negócios ganhou uma complexidade adicional por dar voz a mais gerações no ambiente de trabalho ao mesmo tempo com comportamentos muito diferentes, dou-lhe uma boa e uma má notícia: a boa é que, ao esquecer o conceito de gerações, você deixa de se preocupar com os estereótipos (aplicados às gerações X, Y. Z…) e de pensar pela ótica de tribos ao definir políticas de atração e estímulo de talentos, e de melhoria do ambiente de trabalho. A má notícia é que a complexidade leva à granularidade. Não estamos falando de quatro ou cinco grupos, e sim de diversidade real. Vamos lidar não com gerações, e sim com indivíduos.

ALIMENTO DIÁRIO

QUALIFICADOS

Qualificados - Tony Cooke

CAPÍTULO QUATRO – CARACTERÍSTICAS DOS QUALIFICADOS

“O nosso Senhor deixou claro para Tiago e João que, no Reino de Deus, a alta posição está reservada para aqueles cujos corações — até mesmo nos lugares secretos onde ninguém mais sonda — são qualificados.”  Oswald Sanders

Pensamento-chave: Todos os líderes espirituais deveriam empenhar-se diligentemente para se tornarem e permanecerem qualificados.

Se chamássemos a nós mesmos para o serviço — se nos “autodesignássemos” — então, teríamos o direito de determinarmos os nossos próprios padrões. Mas se Deus nos chama para o serviço, então iremos prestar contas a Ele, e Ele tem o direito de estabelecer o que nos qualifica para servi-Lo de modo eficaz.

Moisés estava em um ponto de total sobrecarga. Ele estava tentando ser sozinho os poderes executivo, legislativo e judiciário do governo de Israel. Seu sogro, Jetro, o aconselhou a respeito dos ajudantes que ele deveria escolher (Êxodo 18:21): “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza”. A versão da Bíblia A Mensagem traduz esses traços de qualidade como “homens competentes, que temam a Deus e sejam íntegros, incorruptíveis”.

Por acaso alguém foi qualificado por Moisés para servir como juiz sob a sua liderança? Não, mas as seguintes características comuns foram identificadas:

  • Eles tinham que ser capazes e competentes.
  • Eles tinham que ser tementes a Deus.
  • Eles tinham que ser pessoas de integridade e honestidade.
  • Eles tinham que ser incorruptíveis, odiando a avareza e imunes ao suborno.

Aqueles que foram selecionados para servir em posição de alta responsabilidade tinham que personificar credibilidade e integridade, para que a corrupção e a injustiça não alcançassem o povo da aliança de Deus. Muitos anos depois, o rei Davi disse: “Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus” (2 Samuel 23:3).

Em Atos 6, os apóstolos reconheceram a necessidade de trabalhadores que auxiliariam na distribuição diária de comida (tinha havido acusações de parcialidade e negligência nessa área). Os apóstolos também listaram certas qualificações que foram necessárias quando eles deram a seguinte orientação (Atos 6:3): “… escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço”.

Os apóstolos não estavam simplesmente procurando “descarregar” trabalho em alguém, mas era imperativo que aqueles que executariam a tarefa de distribuição tivessem certas qualificações e pudessem lidar com essa responsabilidade.

  • Eles tinham que ser bem respeitados, confiáveis e ter uma boa reputação.
  • Eles tinham que ser cheios do Espírito Santo.
  • Eles tinham que ser cheios de sabedoria.

Além disso, como o Evangelho espalhou-se e igrejas foram estabelecidas em outras nações, Paulo providenciou certas diretrizes para aqueles que serviriam como diáconos.

Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. — 1 Timóteo 3:8-12

Ao ler essa vasta lista de qualificações, você percebeu que a maioria das exigências tinha a ver com caráter? Em todas essas situações, o serviço oferecido a Deus deveria ser executado por pessoas tementes a Deus. Os traços que são mencionados nessa lista (temente a Deus, integridade, bem respeitado, inocente, temperado, etc.) são, na realidade, simplesmente as características da maturidade daquele que busca ser como Cristo. Elas não são “emblemas de distinção” inalcançáveis que estão disponíveis apenas para alguns indivíduos especialmente chamados. Na verdade, todo cristão, a despeito de qualquer atribuição ministerial específica, é chamado para crescer em temor a Deus e à semelhança de Cristo.

O apóstolo Pedro disse:

…reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.

Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.

Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. — 2 Pedro 1:5-11

Como você está nas seguintes áreas?

  • Excelência moral
  • Conhecimento
  • Domínio próprio
  • Perseverança
  • Temor a Deus
  • Fraternidade
  • Amor para com todos

Se o desenvolvimento em todas essas áreas fosse automático para os cristãos, Pedro não teria destacado a necessidade de crescermos nesses pontos, nem teria mencionado a   

possibilidade de algumas pessoas fracassarem em desenvolvê-las.

A última coisa que eu desejo para qualquer um que leia este livro é decidir que não é perfeito o suficiente e desista da ideia de servir a Deus. Precisamos entender que Deus é por nós! Ele não é um Deus crítico em busca de falhas e que está à procura de meios para impedir de nos engajarmos no serviço cristão. Ele está procurando nos ajudar a nos tornarmos tudo o que Ele nos chamou para ser, para que possamos ter credibilidade diante dos outros e trazer glória para Ele.

Mesmo cristãos jovens, que acabaram de entregar os seus corações a Deus, podem procurar por oportunidades para amar e servir a outros. Certamente, existem qualificações que se aplicam especialmente a ofícios ministeriais mais elevados e a serviços de maior expressividade, mas não significa que jovens cristãos não possam ser usados por Deus enquanto ainda estão crescendo.

QUANDO SE TRATA DE POSIÇÕES MAIS ELEVADAS…

Quando se trata de funções de maior visibilidade e influência na igreja, certo crescimento e desenvolvimento são exigidos. Paulo falou dos diáconos e disse: “Também sejam estes primeiramente experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (1 Timóteo 3:10). Indicando a necessidade de liderança espiritual, Paulo também ensinou: “Não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo” (1 Timóteo 3:6). A palavra “neófito”, no grego, literalmente significa “recentemente plantado” e se refere a um recém ou novo convertido.

A Bíblia nos ensina que “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lucas 12:48). É bom convocar jovens para   servir a Deus de alguma forma “apropriada à sua idade”, assim como é bom para uma criança aprender a ter responsabilidade guardando os seus brinquedos. À medida que uma criança amadurece, ela se torna capaz de fazer mais e mais. 

Cristãos “bebês” não devem sentir que não podem fazer alguma coisa para Deus; ao contrário, eles precisam entender que, ao crescerem em maturidade e fidelidade, serão capazes de serem chamados para executar níveis mais altos de responsabilidade.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

DOAR PARA GANHAR

É importante ensinar às crianças quais suas necessidades reais de consumo, aprender a olhar a necessidade do outro e ter em mente que esse é um processo de amadurecimento

Doar para ganhar

No começo de uma nova estação do ano, ou antes de datas festivas, quando novas roupas, brinquedos e coisas serão adquiridos, é comum as famílias separarem peças de vestuário, objetos e jogos usados para doar a instituições e, assim, conseguir criar um espaço destinado a guardar as coisas novas e deixar tudo em ordem para o novo período.

Sobre vários aspectos, essa é uma ação importante e louvável. Constitui ato de cidadania que deveria fazer parte da rotina de todas as famílias. Além disso, é uma forma de ensinar às crianças e jovens que objetos que eles já não usam nem precisam podem ser de grande valia para outras pessoas. Um aprendizado de valores e convívio em sociedade.

Tomar consciência de possuir peças repetidas, roupas sem uso, livros que nem foram lidos, brinquedos na caixa que ninguém nem lembra de ter ganhado, ao serem vistos, traz à razão o quanto podemos ser perdulários, consumistas.

É uma boa hora para se refletir sobre um outro lado da questão: podem os pais, sem risco de desrespeitar os filhos como pessoas, dispor das coisas que lhes pertencem, sem os comunicar? Até que ponto essa decisão é dos pais e até onde os filhos devem ser ouvidos? Qual a idade certa para a criança opinar?

Todos lemos objetos, roupas e livros que consideramos especiais, quer porque nos agradam muito, nos foram oferecidos por alguém muito querido, em uma data memorável, ou porque têm um valor simbólico e sentimental inestimável. Por que não pode ser assim para as crianças? Elas devem participar dessa seleção e ter oportunidade para manifestar sua opinião!

É conveniente, antes de tudo, explicar por exemplo que se precisa do espaço para guardar os no vos materiais escolares no lugar dos antigos e até trocar com outras crianças alguns jogos que se tornaram desinteressantes porque elas estão mais amadurecidas. No caso de resistência exagerada, os pais devem ser mais persuasivos e até firmes, pois sempre há aquelas crianças que não se desprendem de nada, não conseguem abrir mão mesmo de coisas pelas quais nunca mostraram interesse. E esse é um aprendizado necessário e formativo para todos, embora possa demorar algum tempo para se tornar uma rotina familiar tranquila.

Mas deixar de atender todos os pedidos dos filhos em favor da manutenção de um brinquedo especial, ou qualquer outro bem de valor sentimental, é uma medida que vai consolidar a ideia de que as coisas estão sendo “roubadas” deles, sem respeito algum pelos seus sentimentos pessoais. E isso vai torná-los mais egoístas, diminuindo ou mesmo fazendo desaparecer o espírito de colaboração social e de desprendimento que se objetivava ensinar.

Talvez algumas estratégias precisem ser adotadas pelos familiares encarregados dessa tarefa em relação aos pequenos. Em primeiro lugar, fazer disso um hábito periódico, para que a criança desde cedo se acostume. Segundo, a arrumação deve começar pelos armários dos próprios adultos e as crianças podem acompanhar a tarefa, ajudando a empacotar e etiquetar, por exemplo. Assim também começam a compreender o que significa doar, o que vai acontecer com as coisas depois que forem separadas e as razões para fazer essa doação. A postura dos adultos nesse momento é decisiva para o sucesso do aprendizado: contar como foi levar as coisas para este ou aquele local, como foi recebido e para que foi utilizado.

Terceiro, antes de retirar as coisas dos armários das crianças é aconselhável explicar o critério que será usado na seleção das coisas dela: brinquedos já muito usados, que perderam o interesse para sua idade, roupas justas, pequenas, livros que não serão mais usados etc. Podem ser colocadas caixas ou sacolas para cada fim.

Ao separar o material, mostrar à criança peça por peça e perguntar o que ela acha que deve ser doado. E estar atento para a sua atitude para poder intervir com sensibilidade e serenidade, antes que os problemas comecem. A doação deve ser pensada e espontânea.

Dar à criança a oportunidade de pensar o que deseja ou precisa guardar é respeitar sua maneira de lidar com perdas e seu grau de maturidade. Por muitas vezes a própria criança acaba por entregar para doação e com grande desprendimento algo que horas antes tanto queria guardar.

A maior lição, entretanto, está justamente no ensinar aos mais jovens que o respeito pelo outro independe de hierarquia, de poder ou de força. O respeito é um exercício de deferência ao direito do próximo e enobrece a imagem de quem, podendo simplesmente dar ordens por ser o mais velho ou ter maior poder, se preocupa verdadeiramente com o outro.

Aliás, a doação não precisa ser apenas de objetos, pode ser de tempo, de atenção aos outros: escrever um bilhete ao amigo doente, doar uma tarde de domingo para ajudar em um mutirão, participar em um bazar beneficente. Tudo depende da idade e interesse da criança: se aos 3 anos já pode opinar sobre os brinquedos e roupas que deseja doar, antes dos 10 anos visitar creches e asilos pode não ser para todas uma boa ideia.

De toda forma, doar tempo, atenção ou objetos faz muito bem a quem doa, pois estimula a empatia e a solidariedade, aumenta a autoestima por ter aprendido a ser generoso e menos consumista.

 

MARIA IRENE MALUF – é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos e publicações nacionais e internacionais. Coordena cursos de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br

OUTROS OLHARES

A ERA DA DEPRESSÃO DIGITAL

O drama do youtuber Whindersson Nunes, que teve um esgotamento, ilumina um problema atual: a saúde psíquica em tempo de redes sociais

A era da depressão digital

Nascido de um famoso comercial de televisão de biscoitos dos anos 1980, o dilema do Tostines se resumia à seguinte e conhecidíssima indagação: “Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”. Transfira-se, com alguma liberdade de raciocínio, a indagação para o mundo das redes sociais: por que tantos youtubers têm ansiedade e depressão ou, ao avesso, por que tantos indivíduos que sofrem de ansiedade e depressão se tornam youtubers? Não há uma resposta definitiva, é impossível assegurar o que é causa, o que é efeito, mas há algumas hipóteses. O sujeito que vive pendurado na web, falando de si e de seu mundo à procura de curtidas e visualizações, acaba por entrar numa angustiante roda-viva de querer e precisar de mais e mais, atalho para desordens comportamentais. A pessoa deprimida no universo analógico muitas vezes usa as janelas digitais para pedir socorro, para ter algum contato, para sair do fundo do poço psicológico.

Como a dúvida sempre permanecerá, um bom modo de tentar desenhar a depressão na era da internet é entender o que se passa na cabeça dos grandes campeões de cliques – e poucos personagens são mais adequados a essa investigação do que o piauiense Whindersson Nunes, ex- ajudante de garçom que, em 2013, pousou no YouTube para compartilhar gravações engraçadas feitas dentro do próprio quarto e, debochado, virou fenômeno. Seu canal, que registra 36 milhões de inscritos e 2,9 bilhões de acessos, está entre os maiores do Brasil. Ele chegou a fazer vinte shows por mês, tem programa no Multishow, virou estrela de cinema – e alcançou faturamento anual de pelo menos 35 milhões de reais.

É um superstar de nosso tempo, incapaz de ser enquadrado em qualquer um dos escaninhos do passado (não é propriamente um humorista, não é exatamente um ator). Cresceu tanto, mas tanto, que explodiu – teve o que no universo empresarial é chamado de burnout, a palavra em inglês que designa o esgotamento profissional de caráter psíquico. Comoveu seus fãs ao admitir a depressão em uma de suas postagens, e depois se recolheu. Falou muito pouco ou quase nada do assunto. Agora, ele revelou com exclusividade o que de fato aconteceu. “Será que eu fiquei famoso para morrer como os artistas que partem aos 20 e tantos anos?”, indaga Whindersson. Ele assegura não ser viciado em smartphone – “Fico numa boa” -, mas essa é uma postura improvável, uma contradição em termos, para quem vive de se expor – o que no YouTube significa estar quase sempre plugado, 24 horas por dia. Outros nomes de peso desse time, como Felipe Neto (33 milhões de fãs no YouTube e 9 milhões no Twitter) e Kéfera Buchmann (11milhões de inscritos em seu canal no YouTube), já revelaram ter perdido o prumo. Ele admitiu medicar-se diariamente, com acompanhamento psicológico. Ela disse, em vídeo, e não poderia ser de outra maneira: “Se você sofre de depressão (…) tenho uma coisa para te falar. Não pense no suicídio como uma opção (…) você não quer acabar com sua vida, quer que a dor pare(…)depressão é uma doença muito séria. Não é doença de rico, de quem não tem nada para fazer da vida, ou coisa de desocupado”.

Afinal de contas, os problemas de Whindersson, Felipe e Kéfera, e de tantos outros youtubers, no Brasil e no mundo, são o retrato de uma nova modalidade de disfunção, que poderia ser chamada de depressão digital? E, se ela realmente existe, no que difere da depressão desplugada, do tempo de nossos pais? Ressalve-se, como premissa, que, do ponto de vista dos sintomas, a depressão dos tempos atuais e a de antes, quando não havia o smartphone, são semelhantes. Contudo, a influência das novíssimas tecnologias soa incontestável. “Ninguém está reinventando a depressão, mas a utilização excessiva das redes sociais e smartphones pode estar na base dos gatilhos depressivos”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “Ou seja, a internet acaba alavancando uma eventual predisposição genética que o indivíduo já carrega e que, sem esse uso exagerado, talvez não apresentasse”.

A depressão é um transtorno de múltiplos fatores e se caracteriza por tristeza profunda e forte sentimento de desesperança. Suas origens biológicas e suas causas ainda não foram totalmente desvendadas pela ciência.

Fatores genéticos, ambientais e psicológicos a tornam ainda mais desafiadora. A história familiar também é decisiva – alguém cujo pai ou mãe seja vítima do problema tem um risco 40% maior de desenvolver depressão. Pelo menos três dezenas de genes já foram identificados como uma chave de risco para a aguda aflição.

As pessoas propensas à depressão demonstram pouca habilidade para regular as emoções, têm resiliência frágil e, invariavelmente, tendem a levar a autoestima à lona – nesse aspecto, as redes sociais são o ambiente propício para embaralhar a saúde mental. O uso à noite, na hora de dormir, prejudica o sono; as notificações incessantes afetam a concentração; os likes (e que sorte não haver dislikes) aceleram a montanha-russa emocional; e a busca pela selfie perfeita termina como uma desnecessária briga de egos. Além disso, o ambiente virtual é habitado pelos haters, que adoram odiar, escrevem e falam o que pensam, atacam a vida dos outros sem medo de repercussões, incentivando o cyberbullying. Enfim, a vida digital mudou completamente a forma como as pessoas se comunicam, interagem e trabalham. Estudos recentes mostram que elas checam seu celular oitenta vezes por dia. Os brasileiros são os mais assíduos. Passam mais de nove horas diárias ligadíssimos, período inferior apenas ao dos filipinos e bem superior à média global, de pouco mais de seis horas no ar. O limite, considerado saudável, dentro do equilíbrio, é restrito a três horas diárias.

Do ponto de vista científico, as respostas sobre a influência que o uso massivo das redes sociais tem na saúde mental são embrionárias, mas interessantes demais para ser negligenciadas. Embora os smartphones tenham se popularizado já há uma década, com o lançamento do iPhone, a base de dados dos pesquisadores ainda está em construção. Um estudo publicado no início deste ano pela Universidade College London, do Reino Unido, mostrou que as meninas são duas vezes mais propensas a ter depressão devido ao uso das redes sociais do que os meninos. O levantamento analisou as associações entre redes sociais e sintomas depressivos em cerca de 11.000 jovens britânicos. Para a pesquisa, todos os participantes responderam a um questionário com informações sobre o tempo diário de uso de internet, a frequência de assédios on­line, os padrões de sono e impressões sobre a autoestima. Algumas conclusões: 25% das meninas apresentaram sinais clínicos de depressão; entre os meninos, a taxa foi de 11%. Outro levantamento, também do Reino Unido, avaliou quanto as principais redes (YouTube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam os jovens entre 14 e 24 anos. O canal mais nocivo, de acordo com o estudo, seria o Instagram. A necessidade, ou melhor, a imposição de fotos bem posadas e tratadas com filtros impacta a autoimagem e multiplica um medo recentíssimo, com direito a sigla –   POMO, que significa fear of missing out, ou medo de ficar de fora (veja o quadro abaixo).

O uso excessivo da internet é especialmente preocupante na adolescência, período em que o cérebro é mais vulnerável ao surgimento de doenças mentais. “As redes amplificam algumas fraquezas comuns entre os adolescentes – a busca por ser valorizado, a aprovação pelos grupos, a apreensão com as aparências”, diz Guilherme Polancyzk, psiquiatra de crianças e adolescentes da Universidade de São Paulo. “Essa transição para a vida adulta pode tornar-se mais difícil.” É tão preocupante o risco de o admirável mundo novo produzir uma geração doente, psiquicamente desguarnecida, que as grandes empresas de tecnologia começam a se mexer, criando mecanismos de freio. Recentemente, o Instagram anunciou um recurso para tentar ajudar usuários com transtornos de ansiedade e depressão. Se alguém fizer uma busca por hashtags associadas a essas condições, receberá rapidamente uma mensagem com sugestões de cuidados. E mais: o Instagram chegou a cogitar uma experiência radical, ao testar o fim da contagem de curtidas. A tentativa é reduzir a ansiedade pelos likes. Mas a pressão é permanente, talvez seja inescapável, e continuará a acelerar, na velocidade das redes, explosões como a de Whindersson Nunes.

A era da depressão digital. 2

GESTÃO E CARREIRA

RECREIO DIGITAL E CONSCIENTE

A fintech Nutrebem possibilita que pais acompanhem os gastos e as escolhas alimentares de seus filhos nas cantinas escolares

Recreio digital e consciente

A preocupação com a alimentação e o balanceamento nutricional das crianças em idade escolar tem sido uma constante, tanto para os pais quanto para as escolas. Afinal, essa é mais uma fase em que os pequenos precisam se alimentar corretamente e de maneira mais saudável. Estudos indicam que as crianças estão mais obesas e cada vez mais se alimentando de industrializados ou porções calóricas demais.

Para essa questão, a fintech Nutrebem descobriu o “pulo do gato” e criou uma conta digital para o acompanhamento nutricional das crianças nas cantinas escolares. Além de dar mais segurança aos pais com relação ao consumo nutricional das crianças, o objetivo da empresa é ensinar os alunos a lidar com dinheiro e também manter o serviço com preços mais acessíveis. Seu sistema tem dado tão certo que acaba de receber um novo aporte de R$5 milhões de investimentos dos fundos Kviv Ventures, Confrapar e Barn e prevê crescimento de 100% em 2019, alcançando 300 escolas particulares atendidas.

TOTENS NAS ESCOLAS

O serviço funciona de uma maneira bem simples. A Nutrebem fornece uma conta digital em que os pais colocam o saldo e podem fazer o acompanhamento dos gastos e checar a classificação nutricional do consumo dos filhos durante os intervalos das aulas. Para facilitar o serviço, a empresa oferece a cada aluno uma conta digital, em que o responsável pode ativá-la e adicionar valores ao saldo pelo aplicativo da Nutrebem ou diretamente na cantina do colégio. O aluno também possui acesso à conta a partir de totens instalados na escola, o que reduz filas, acelera o atendimento e encerra eventuais problemas com dinheiro vivo.

A plataforma oferece outras opções, como a montagem do cardápio e o mapeamento nutricional dos produtos, assim o responsável consegue acompanhar em tempo real a classificação do consumo. Para mais orientações, são enviados e-mails de alertas com dicas de melhoria dos hábitos alimentares das crianças.

“Queremos ajudar os pais na educação financeira e alimentar dos filhos. Afinal, o primeiro dinheiro que uma criança recebe é justamente aquele dado para utilizar na cantina da escola e é lá onde faz suas primeiras escolhas na vida”, explica o fundador e CEO da Nutrebem, Henrique Mendes.

O serviço prestado pela empresa vai além e auxilia também os operadores das cantinas escolares não só ao ofertar outras opções nutricionais no cardápio, mas também na mensuração da aceitação desses novos produtos. “Mais de 95% das cantinas aceitam apenas dinheiro em espécie, o que demonstra o grande potencial do mercado para a Nutrebem”, exemplifica Mendes.

INVESTIMENTOS E RETORNO

A Nutrebem nasceu do desejo de Henrique e de sua esposa falarem com os filhos sobre dinheiro, alimentação, habilidades comportamentais, entre outros assuntos. Fora isso, eles tinham muitas dificuldades de cuidar e acompanhar a rotina dos pequenos na escola. Como uma forma de solucionar essa falta, o CEO da Nutrebem acabou encontrando em empresas do exterior esse foco de atuação e nelas baseou o seu negócio.

Inicialmente, o empresário teve muitas dificuldades no recrutamento de pessoas e na captação de investimentos, por isso teve que dedicar mais tempo a essas etapas. A receita que Mendes dá para quem deseja ingressar nesse setor é ter muita resiliência: “a maioria das pessoas vai dizer que é muito complicado, não funciona, ou que é legal, mas não vai investir. Resiliência e motivação precisam caminhar juntas nessa montanha-russa do empreendedorismo”.

Mendes não acredita em uma receita específica para o sucesso de um negócio como o seu, entretanto, ressalta a importância de os empreendedores conhecerem bem o mercado em que sua empresa atua e buscarem uma equipe de sócios complementar. “Isso dará muito mais assertividade nas decisões rápidas a serem tomadas diariamente”, opina. Tirou da vida, dos seus mais de 47 anos, os aprendizados com o negócio. Os anos em que trabalhou fora do Brasil o ajudaram muito nessa nova carreira como empreendedor. “Porque fui ajudar a montar operações do zero, as chamadas green field”, relata.

O esforço deu certo! Com investimento inicial de R$ 350 mil, hoje a Nutrebem possui 28 funcionários e está presente em 202 escolas, sendo 55% delas em São Paulo, 30% no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e o restante nos demais estados do Brasil. A empresa impacta 150 mil alunos. Com sede no Rio de Janeiro e escritório em São Paulo, a companhia atende todas as regiões do Brasil e tem como público-alvo alunos de 6 a 18 anos de idade.

Henrique Mendes não conta quanto lucra, mas explica que investiram muito em seu crescimento. “Transacionamos R$20 milhões em 2018 e estimamos fechar R$35 milhões em 2019”, relata. Ele espera conquistar mais de 400 escolas e transacionar R$60 milhões em 2020, sempre de olho em melhorias entre as opções de alimentação.

Para incrementar ainda mais o negócio, lançou em fevereiro o acesso à conta do aluno para a compra do lanche sem precisar usar o cartão. Atualmente, 34 escolas já operam com a funcionalidade. Os números mostram que quase 50% dos pedidos são feitos por meio dela e há escolas em que seu uso tem passado de 70%. ”Começamos também um cardápio exclusivo do Fundamental, em que uma única escola duplicou o número de alunos que lancham na escola, basicamente porque deixamos os pais mais seguros sobre o uso do dinheiro e a qualidade nutricional do lanche”, lembra.

 LANCHE VIA QR CODE

Em julho, a Nutrebem deve lançar mais uma facilidade, a compra do lanche pelo celular através de QR Code. Para que a implementação ocorra com sucesso, a empresa pretende investir ainda em equipe, tecnologia, marketing e novos serviços. “Temos concorrentes, mas o maior deles ainda é o dinheiro em espécie, que domina mais de 90% das escolas particulares na compra de lanches”, esclarece. O marketing digital, que gera conteúdo sobre segurança financeira e nutricional, também é preocupação. Fora isso, a empresa participa de feiras para gestores de escolas. O feedback vem de seus clientes e da equipe de campo: “Já erramos bastante também, mas vamos aprendendo com os erros”.

O principal dessa história é o amor que Mendes tem pela empresa e a missão que ela carrega. “Quero ajudar a construir um negócio que gere lucro e melhore a relação dos alunos com dinheiro e alimentação, dando mais segurança aos pais. Atualmente somos a maior empresa dessa área e a que cresce mais rapidamente focados no nosso maior concorrente, que é o dinheiro em espécie. Sonhamos grande e executamos com muita resiliência e motivação”, finaliza.

ALIMENTO DIÁRIO

                QUALIFICADOS

Qualificados - Tony Cooke

CAPÍTULO TRÊS – MAS EU NÃO ME SINTO QUALIFICADO!

“Aquele que cresce em graça lembra-se de que é apenas pó e, portanto, não espera que seus companheiros cristãos sejam algo mais. Ele desconsidera dez mil de suas faltas porque sabe que o seu Deus desconsidera vinte mil em seu próprio caso. Ele não espera perfeição na criatura e, portanto, não se desaponta quando não a encontra… Quando as nossas virtudes amadurecerem, acredito que não toleraremos mais o mal, mas seremos mais tolerantes com as debilidades, mais esperançosos para com o povo de Deus e certamente menos arrogantes em nossas críticas. Doçura para com os pecadores é outro sinal de maturidade.” — Charles H. Spurgeon

Pensamento-chave: Se Deus tivesse de esperar até que fôssemos perfeitos para nos usar, ninguém jamais seria usado por Deus.

 

Você já lutou contra o sentimento de não ser bom o suficiente para ser usado por Deus? Você não é o único. Medite nas palavras de Paulo aos coríntios.

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. — 1 Coríntios 1:26-29

Deus chamou apenas uma pessoa perfeita: o Senhor Jesus Cristo. Todos os outros que Deus chamou para fazer alguma coisa para Ele — inclusive você e eu — são pessoas muito falíveis e imperfeitas. Deus sabe a nossa condição exata quando nos chama, e Ele começa conosco — exatamente onde estamos. A graça e a misericórdia de Deus têm feito com que muitos que não pareciam grandes “candidatos” à liderança espiritual, se submetessem a transformações extraordinárias:

  • Moisés, o Assassino, tornou-se o Libertador Poderoso.
  • Gideão, o Inseguro, tornou-se o Guerreiro do Senhor.
  • Davi, o Adúltero, tornou-se o Doce Salmista de Israel.
  • Pedro, o Covarde, tornou-se o Proclamador do Pentecostes.
  • João, o Tempestuoso, tornou-se o Apóstolo do Amor.
  • Saulo, o Fariseu (alguns historiadores creem que Paulo foi um Terrorista), tornou-se o Apóstolo da Graça.
  • Marcos, o Inconstante, tornou-se Útil para o Ministério.

Relatos bíblicos revelam que aqueles que Deus chamou para o serviço com frequência sentiram-se desqualificados e incapazes.

CONSIDERE MOISÉS

Quando o Senhor apareceu para Moisés e o comissionou para libertar os filhos de Israel da escravidão do Egito, Moisés ofereceu inúmeras desculpas que revelaram o seu choque e insegurança.

  • Ele perguntou a Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó…?” (Êxodo 3:11).
  • Ele questionou: “Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha voz…” (Êxodo 4:1).
  • “Ah! SENHOR! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua” (Êxodo 4:10).

Pessoa alguma que crê na Bíblia jamais duvidaria que Moisés tinha um chamado de Deus em sua vida, mas alguns admitem que ele não tinha qualquer consciência desse chamado até o incidente da sarça que ardia, quando estava com 80 anos (Êxodo 3). Entretanto, quando era mais jovem, Moisés teve uma percepção do propósito de Deus para a sua vida. Ele parecia ter captado uma ideia geral do seu papel, mas não compreendera completamente os detalhes vitais acerca do tempo e do modo como o seu chamado se cumpriria.

Quando completou quarenta anos, veio-lhe a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam. — Atos 7:23-25

Você certamente se lembra do restante da história. Quando Moisés descobriu que o seu crime de assassinato fora descoberto, ele fugiu e passou os quarenta anos seguintes no deserto. Talvez o sonho inicial de Moisés em ser usado por Deus para libertar os israelitas tivesse morrido por quatro décadas de dias quentes e noites frias no deserto de Midiã, mas Deus ressuscitou aquelas percepções iniciais, trouxe esclarecimento para ele e lhe deu uma tarefa maravilhosa.

Talvez você esteja como Moisés. Você recebeu uma ideia de Deus e fez uma tentativa fracassada de realizar algo para Ele, não percebendo o tempo errado ou o modo errado. Quando você agiu sobre aquela ideia as coisas não funcionaram bem, então, você jogou a toalha. Deus quer que nós sirvamos a Ele, exatamente como Moisés o fez, mas é necessário que façamos as coisas do Seu jeito e no Seu tempo (isso com frequência inclui um período de preparação considerável).

Um grande passo em começar a cooperar com Deus envolve tirar os nossos olhos de nós mesmos. O porquê Deus escolheu Moisés diz respeito a Deus. Temos consciência de que Deus não escolheu Moisés porque ele era perfeito, ao contrário, Ele escolheu Moisés por causa do seu amor pelos israelitas e o seu desejo de libertá-los. Antes que Moisés entrasse em seu destino, ele teve de tirar os seus olhos de si mesmo e esquecer o seu passado. Ele tinha que olhar para Deus, para a responsabilidade que o Senhor lhe dera e para as pessoas que Deus queria libertar.

Moisés finalmente entendeu que seu chamado estava alicerçado na graça daquele que chama e não na perfeição daquele que está sendo chamado. Ele disse ao povo: “Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Deuteronômio 7:7).

MUITOS OUTROS SENTIRAM-SE DESQUALIFICADOS

Gideão sentiu-se desqualificado por causa da inferioridade que ele sentia devido à sua condição socioeconômica inferior. Em Juízes, 6:15, ele disse: “Ai, SENHOR meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai”.

  • Jeremias sentiu-se muito jovem (Jeremias 1:6).
  • Sara pensou que era muito velha (Gênesis 18:12).
  • Quando o Senhor apareceu a Isaías, ele disse: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Isaías 6:5).
  • Quando Pedro encontrou-se com Jesus, sua resposta foi: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lucas 5:8).
  • Paulo disse de si mesmo: “… não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1 Coríntios 15:9).

Paulo disse a Timóteo que Deus “… nos salvou e nos chamou com santa vocação; não   segundo as nossas obras, mas conforme a Sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Paulo sabia que Timóteo tinha certos medos e inseguranças, e ele queria que esse jovem ministro entendesse: 

“Timóteo, isso não tem nada a ver com você ou quão perfeito ou imperfeito você é. Tire os seus olhos de si mesmo — desista de ficar preso às suas imperfeições e deficiências — e ponha os seus olhos no propósito e na graça de Deus para a sua vida”.

Paulo estava ciente de que seu passado não era puro. Ele disse:

Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. — 1 Timóteo 1:12-14

Alguma coisa o tem prendido no passado?

Você já se sentiu desqualificado para ser usado por Deus?

Você se considera “indigno” por causa de algumas deficiências em suas habilidades ou pecados em seu passado, ou até mesmo devido a alguma batalha que está travando em sua vida agora mesmo?

Existe insegurança ou sentimento de inferioridade que o tem impedido de render a sua vida a Deus e ao Seu propósito para a sua vida?

Se respondeu sim a essas perguntas, como eu disse, você não está sozinho. Jamais devemos esquecer que somos privilegiados por servir a Deus, e apenas por Sua misericórdia e graça que podemos fazer isso. Considere algumas passagens importantes que revelam o discernimento de Paulo sobre a origem e a natureza do seu ministério e perceba que o seu passado não o impediu de entrar no seu futuro.

Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. — 1 Coríntios 15:9-10

… não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança… — 2 Coríntios 3:5-6

Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão… — Filipenses 3:12-13

Quais foram algumas das ideias-chave que direcionaram a perspectiva de Paulo sobre o seu ministério?

  1. Paulo nunca se esqueceu de onde tinha vindo. Ele reconhecia que Deus não o chamara porque ele era perfeito, ao contrário, chamara-o a despeito de sua hostilidade contra Jesus.
  2. A graça não era apenas a base para Deus salvar Paulo, mas também a base para a capacitação de Paulo no ministério.
  3. A graça era a base para o ministério de Paulo, mas ele trabalhou duro e fez a sua parte. Ele reconhecia que a sua obra não era independente de Deus, mas se dava em combinação com as obras de Deus nele.
  4. Paulo reconhecia que Deus era Aquele que o qualificava e o capacitava para ser um ministro.
  5. Paulo não considerava a si mesmo perfeito ou como tendo alcançado a perfeição. Ele reconhecia que ainda havia mais, e ele estava buscando o melhor de Deus.

A obra que realizamos para Deus não é fundamentada em nossa perfeição, mas em Sua misericórdia e graça. Todos nós somos uma “obra em progresso”. Não é o que fomos que importa; é onde estamos estabelecidos agora que conta para Deus. O seu passado não é desculpa para privá-lo do futuro que Deus tem para você. Deus tem uma obra para você realizar, e o que Jesus disse em Lucas 9:62 é válido para nós hoje: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o Reino de Deus”.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

FERRAMENTAS DA EDUCAÇÃO

Pesquisas reconhecidas mostram que a construção da inteligência é influenciada por aspectos genéticos e ambientais em meio a um complexo de trocas de experiências de várias ordens

Ferramentas da educação

A inteligência é construída pela riqueza de estímulos que a criança recebe no dia a dia, pela afetividade, atenção, interação e envolvimento de seus pais, assim como pelo seu tempo organizado com atividades adequadas, qualitativa e quantitativamente à idade, por normas de comportamento claramente estabelecidas, por rotinas e limites que desenvolvem as noções de hierarquia e lhe dão segurança e autoestima.

O cérebro humano tem inegável superioridade no quesito de conceber e utilizar ferramentas. Como inicialmente não éramos providos de grande velocidade para a caça, depois das ferramentas, que nos permitiram extrair vegetais, construímos os primeiros instrumentos para suprir essa dificuldade e podermos obter carne através da caça. Passamos para uma alimentação rica em proteínas, especialmente a cozida, que promoveu um extraordinário desenvolvimento de nosso cérebro, e o homem criou então a sua ferramenta mais espetacular: a linguagem falada, que impulsionou a transmissão dos conhecimentos, inclusive mais tarde, na forma escrita.

Ferramentas nos fazem progredir também em educação. Mas é preciso ponderações. É comum vermos nas revistas, na internet, na TV muitos artigos e programas com aconselhamentos sobre educação infantil, quase todos interessantes a um tipo de público em particular: os pais. É grande o mérito desse trabalho, que ajuda muitas famílias, alertando-as e orientando-as quanto à forma como conduzem a criação de seus filhos, subsidiando nesse assunto tão importante quanto delicado.

Quando escritos por profissionais sérios, experientes, com anos de estudo e prática na área, constituem material de inegável utilidade e valor. São verdadeiras ferramentas, pois, em linguagem acessível, traduzem e levam para a experiência do dia a dia intrincadas teorias e resultados de pesquisas científicas nas áreas da educação, da Psicologia, entre outras. Por isso, podem e devem ser ouvidas, lidas e aproveitadas. Mas essas orientações feitas de modo genérico jamais eliminam a necessidade de uma reflexão e adequação à realidade de cada família e cada criança. E nem da busca de um profissional, quando as dúvidas dos familiares impõem situações cada vez mais conflituosas.

A máxima “cada caso é um caso” se aplica perfeitamente bem à educação, dada a singularidade do ser humano, desde o momento de seu nascimento – senão antes – e durante os primeiros anos. É no início da vida que todo aparato genético e neurológico, em contato com as experiências vivenciadas no meio ambiente, desenvolve cada criança cognitiva, social, biológica e emocionalmente, construindo uma configuração comportamental que dificilmente poderá ser modificada mais tarde.

Como cada cultura e cada família têm uma forma diferente de vivenciar essas questões e um tipo distinto de ambição educacional, o leque da diversidade, já imenso frente às questões biológicas e emocionais, se multiplica. Por essa razão, os mais importantes aconselhamentos profissionais, regras e normas, que em tese foram pensados para favorecer a educação das crianças, não devem ser tomados como uma bula de remédio que cura qualquer doença, porque isso não funciona dessa forma.

As peculiaridades do ser humano passam pela genética, pelos aspectos culturais trazidos pela origem da família, pelo momento afetivo, social, financeiro, cultural, por condições de saúde física e mental, que delimitam características e determinam necessidades diferenciadas de compreensão e de ações educativas, principalmente nos primeiros cinco anos de vida. Se assim não fosse, gêmeos seriam exatamente iguais, e todos sabemos que não é assim: o contato e a troca com o meio e a maneira como cada qual recebe essa influência vivenciada nas experiências de vida, sejam sensoriais, motoras, psíquicas, cognitivas, vão moldar pessoas diferentes, que precisam de um olhar personalizado, de observação e educação pensadas especialmente para elas.

Em educação, há ferramentas importantíssimas, que são os valores socialmente aceitos pela cultura onde a criança crescerá e que fazem parte dos padrões éticos e morais de comportamento dos cidadãos, das famílias. Até aí, todo aconselhamento de bom senso é bem-vindo, assim como os de hábitos gerais de saúde e higiene, de conservação de alimentos, datas de vacinação etc., feitos estes últimos pelos profissionais da saúde.

Mas – e essa é a diferença – há conhecimentos específicos, ferramentas individualizadas, cujo domínio se circunscreve a especialistas da educação e da Psicopedagogia e que, para serem bem aplicados, não dispensam o contato profissional direto com cada família e sua criança, sua história, objetivando resolver as questões e desenvolver toda potencialidade infantil.

Adquirir destreza nessas ferramentas especializadas, de forma aprofundada, exige longos estudos e anos de prática: como motivar, modelar, reforçar comportamentos positivos, desenvolver mudanças no campo da aprendizagem e do comportamento, de forma séria, diretiva e eficaz. É um trabalho profissional, singular, que não pode ser substituído por aconselhamentos genéricos.

Então, qual a importância deste e tantos outros artigos escritos por profissionais de diferentes áreas, para orientar as famílias? Respondo aqui: são, antes de tudo, reflexões ou alertas, que buscam sinalizar, de forma generalizada, a ajuda mais indicada aos pais quando a dúvida é a respeito da educação dos filhos.

 

MARIA IRENE MALUF – é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br

OUTROS OLHARES

SEU NOME NAS ESTRELAS

Países ligados à União Astronômica poderão escolher como vai se chamar uma dupla de astros. A votação está aberta.

Seu nome nas estrelas

Muito tempo antes do advento do telescópio, os babilônios, pioneiros na fascinante aventura de investigar os astros, cultivavam o hábito de dar nome aos pontos cintilantes que admiravam a partir da Terra. Batizar estrelas e planetas continuou sendo prática e hobby em civilizações que viriam a encantar-se com o tema, como os romanos. Enquanto desfrutavam um poder sem fronteiras, eles também agiam como senhores dos céus — os deuses Júpiter, Vênus e companhia giram em volta do Sol até hoje para provar isso. Nos tempos modernos, nomear galáxias, planetas ou mesmo um singelo asteroide virou alta honraria concedida a grandes astrônomos, que recorrem, quase sempre, a códigos ininteligíveis aos olhos de simples mortais. Agora, uma iniciativa da União Astronômica Internacional (IAU) pretende trazer ao infinito estelar um toque, digamos, pop. Os países ligados à IAU terão direito de escolher como vão chamar um minissistema — constituído de uma única estrela e do planeta que orbi­ta em torno dela. Por ora, 79, entre eles o Brasil, aceitaram o desafio. A votação está aberta.

A categoria sujeita à nova nomenclatura é a dos exoplanetas — eles gravitam fora do sistema solar, mas ainda dentro da Via Láctea. Desde 1995, cerca de 4.000 deles foram descobertos em expedições espaciais da Nasa. Em uma extrapolação, dizem os cientistas, podem existir bilhões de mundos habitáveis nesse pontilhado de planetas recém-encontrados. A ideia de estender da academia a curiosos em geral a oportunidade de bolar nomes para esse universo de pequenos sistemas celestes tem um objetivo claro, que casa justamente com o centenário que a IAU completa neste ano e a reflexão que ele suscita sobre a necessidade de tirar a astronomia de seu casulo científico, como aconteceu com a chegada do homem à Lua, há cinquenta anos. “Se conseguirmos envolver a sociedade, ela entenderá melhor a relevância do que fazemos”, diz o carioca Eduardo Penteado, representante da União Astronômica no Brasil e um dos que encabeçam a missão NameExoWorlds.

A dupla de astros que caberá a cada país foi escolhida pelo critério da distância: precisava estar próxima o suficiente para se fazer visível, por meio de telescópio, à população daquele lugar que a batizou. No caso do Brasil, a estrela em questão é atualmente conhecida pelo árido casamento de letras e números HD 23079 — e o seu exoplaneta, para piorar, ainda tem um “b” depois de tudo isso. A estrela é feita basicamente de hidrogênio e equivale em tamanho ao Sol. O planeta parece um gigante gasoso, com um período de translação equivalente a dois anos na Terra. Não, lá nunca haverá vida como a concebemos: além do excesso de gás, o local, ao que tudo indica, é uma geladeira, por estar muito longe da estrela que o poderia aquecer.

O conjunto, que fica a mais de 100 anos-luz da Terra e pode ser avistado entre os meses de dezembro e fevereiro com a mãozinha de um telescópio, sairá desta com um cartão de visita mais palatável. As duplas que estão na roda brasileira até agora (a votação vai até 31 de agosto no site da União Astronômica Internacional) são Riobaldo e Diadorim, de Grande Sertão: Veredas, e Capitu e Bentinho, de Dom Casmurro, entre outras que sorvem inspiração da literatura e da cultura nacional — aliás, um pré-requisito para vencer, com o perdão do trocadilho, esta corrida espacial. A criatividade é quase livre, mas a IAU impõe certas regras. Uma delas é submeter nomes já contando que o sistema não é tão míni assim: podem-­se descobrir outros planetas girando em torno daquela estrela. Aí será preciso nomear os novos astros em harmonia com a dupla original. Pinçar um personagem que faça parte de uma trama repleta de outros, por exemplo, pode ajudar. Surgiu um planeta, é só voltar ao livro. No século XVII, a mesma regra já norteava esse tipo de escolha, tanto que se convencionou que todas as luas de Júpiter ganhariam nome de uma amante de Zeus, o poderoso dono do Olimpo. Ainda bem que ele era adepto da poligamia: são 79 luas.

Esta é a iniciativa de maior envergadura feita pela União dos Astrônomos para aproximar sua ciência da vida cotidiana. Mas houve outra, em 2015, que deu mais graça ao espaço sideral. Uma votação on-line para nomear catorze estrelas e 31 exoplanetas fez da constelação Mu Arae (uma denominação técnica que indica posição e tamanho da estrela) uma apoteose a Miguel de Cervantes e sua obra-prima, Dom Quixote de La Mancha. A estrela foi batizada de Cervantes, enquanto os planetas no entorno são Quixote, Sancho, Dulcinea, Rocinante. Segundo a organização do projeto no Brasil, desde que a votação foi aberta ao público, em 6 de junho, houve mais de 500 sugestões aqui, 307 inválidas. “Aparece muito nome relacionado a política e futebol, que cortamos”, conta o astrônomo Hélio Rocha, responsável pelo comitê nacional. O regulamento veta referências religiosas, políticas e a pessoas vivas. A lista produzida em cada país ainda precisa passar pelo crivo da IAU — processo árduo e competitivo que deve se encerrar até o fim do ano

Seu nome nas estrelas. 2

GESTÃO E CARREIRA

JAMAIS DESISTIR

Saber parar no momento certo, de algo que nos custa mais investimento do que poderemos obter de retorno, pode evitar desgaste e sofrimento desnecessários

Jamais Desistir

Somos condicionados, desde novos, de que não devemos desistir jamais de nossos sonhos, e isso acaba por criar uma modelagem que se expande em todas as direções de nossas   estratégias comportamentais e projetos pessoais. Porém, se tornar obsessivo por algo que não apresenta resultados práticos, por mais que possamos injetar energia ou recursos financeiros, apenas para não demonstrar à sociedade que fracassamos em algo, ou, por orgulho próprio de não se sentir comprometido totalmente, pode levar ao esgotamento físico e mental. Isso não vai trazer desfecho positivo no projeto em curso e, pior ainda, criará estruturas de defesa que vão prejudicar o ingresso futuro em qualquer outro perfil de investimento.

A história está cheia de exemplos de pessoas que usaram a expressão “Não desista nunca” e obtiveram, ao final, êxito em suas conquistas. A verdade é que não há espaço, nos livros e mitos, para quem soube investir energia em projetos mais viáveis abandonando outros que só iriam lhe causar desgaste físico e emocional.

Como base de apoio a essa crença popular temos o célebre discurso de Winston Churchill, proferido em 4 de junho de 1940, na Câmara dos Comuns, onde, com uma boa e poética estruturação verbal, reafirma o compromisso de lutar até o fim, em qualquer lugar que fosse necessário e jamais desistir, jamais se render.

Motivador, o discurso de Churchill é utilizado regularmente em palestras corporativas como exemplo de persistência e luta. Ocorre que, naquele momento histórico, a única possibilidade de sobrevivência, diante de uma Europa cheia de campos de concentração, era lutar ou morrer. Era a Segunda Guerra Mundial, algo monstruoso tirando a vida de milhões de pessoas. Não havia outra alternativa.

Como exemplo contrário temos o projeto do avião supersônico Concorde, mais rápido que a velocidade de rotação da Terra, sendo ele capaz de decolar após o pôr do sol de Londres e chegar em Nova York ainda de dia. Quando seu projeto bilionário, iniciado em 1962 por meio de um consórcio franco-britânico, estava gerando as primeiras unidades (apenas 20 foram fabricadas) já era previsto que jamais seria possível obter o retorno do investimento. Mas o pensamento era que desistir seria o mesmo que perder todo o dinheiro gasto, então o plano prosseguiu mesmo sabendo-se que não ocorreria um sucesso comercial devido ao alto custo operacional das aeronaves.

Em 2003 O Concorde, finalmente, foi retirado dos céus.

A NASA, agência espacial americana, é outro exemplo de projetos que não deveriam sair do papel. Os famosos cinco ônibus espaciais, os spaces shuttles, projetados para colocar satélites em órbita tinham um custo operacional altíssimo em comparação à mesma atividade feita pelos russos com o projeto Soyuz. O alto custo e os dois acidentes destruíram as naves Challenger e Columbia, tirando a vida de 14 astronautas, pôs fim ao projeto em 2011. Hoje, por um valor infinitamente menor, as soyuz russas são as únicas naves espaciais que servem a Estação Espacial Internacional, levando astronautas e mantimentos de forma rotineira sem nenhum acidente fatal desde 1971.

Claro que não há muita divulgação quando, na indústria, projetos sabia- mente fracassados são levados até as últimas consequências apenas para, teoricamente, não se perder o que já foi investido. Gigantes como a Sony também enfrentaram grandes prejuízos apenas para levar, até o fim, uma ideia já percebida como fracassada. Você se recorda do gigantesco Toca Disco Laser da Sony? Ou, pequenino Mini Disc Sony?

Também sabemos a mitológica história que a Coca-Cola só vendeu 25 galões em 1887, seu primeiro ano de atividade. Mas o que não contam é que somente em 1893 surge de verdade a marca Coca–Cola, e que a empresa distribuiu milhares de unidades por vários anos em cinemas e escolas até consolidar a marca de uma vez por todas.

A questão é que você pode desistir, sim! Pode escolher outro projeto, ou investimento de afeto que lhe proporcione um resultado melhor em sua vida pessoal/profissional. Saber prospectar o futuro é o que diferencia as pessoas com maior ou menor capacidade intelectiva.

Pessoas mais inteligentes são capazes de fazer uma viagem mental ao futuro e ir além dos cálculos matemáticos e desenhos em pranchetas, vislumbrar as possibilidades e conferir com o mercado-alvo se as projeções podem ser, realmente, validadas. Ter uma ideia fixa, sem alterações de rumos, de certo pode levar ao fracasso e à desilusão no mundo corporativo e, muito mais vezes, no universo dos relacionamentos sociais/pessoais.

Benjamin Franklin costumava dizer que devemos sempre nos preparar para o pior e, caso o melhor ocorresse, seria uma grata surpresa. Muitas pessoas podem ficar cegas a uma dessas possibilidades e só se guiar pela outra. Alguns podem focar apenas no fracasso, outros só no sucesso. Os dois estão errados.

Saber balancear as possibilidades de resultados possíveis na mente, se lançar na busca de soluções de forma aprofundada e investir naquilo que apresenta as melhores condições de retorno é ser, antes de tudo, o empreendedor de sucesso antecipado.

Não é vergonha alguma pular no oceano, deixando um navio naufragado, quando sabe que é capaz de nadar mar afora, com os próprios braços e pernas.

 

JOÃO OLIVEIRA – é Doutor em Saúde Pública, psicólogo e diretor de Cursos do Instituto de Psicologia Ser e Crescer (www.isec.psc.br). Entre seus livros estão: Relacionamento em Crise: Perceba Quando os Problemas Começam. Tenha as Soluções!; Jogos para Gestão de Pessoas: Maratona para o Desenvolvimento Organizacional; Mente Humana: Entenda Melhor a Psicologia da Vida; e Saiba Quem Está à sua Frente – Análise Comportamental pelas Expressões Faciais e Corporais (Wak Editora).

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 10 – DESCUBRA O PODER SECRETO DE UM PORTEIRO (NO LUGAR CERTO)

 

Um jovem que entrevistou seis veteranos anciãos de oração do avivamento de New Hebrides, disse: “Um deles olhou para mim com fogo em seus olhos idosos e falou com sotaque: ‘Se você alguma vez encontrá-Lo, nunca, nunca, nunca, nunca O deixe passar.’ As experiências e conclusões que esses homens compartilharam com seus jovens entrevistadores foram gravadas para a posteridade em uma fita cassete que tenho comigo. Eu simplesmente não consigo me restabelecer daquelas palavras: “Se você uma vez encontrá-Lo, nunca, nunca, nunca, nunca O deixe passar.”

O que essas palavras significam? Elas significam que se você pretende ter a porta do Céu escancarada, nunca deixe que ela se feche de novo. Você pode ter sido deixado em uma porta inútil do passado, guardando apenas a fragrância do que realmente era. Agora você vai se ver correndo pelas ruas como a noiva de Salomão, desesperadamente perguntando às outras pessoas: “Você o viu? Ό meu amado é alvo e rosado, o mais distinguido entre dez mil. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, ‘os seus cabelos, cachos de palmeira, são pretos como o corvo’. Eu não sabia que era Ele; eu estava cansada demais quando Ele bateu.” – (Veja Cantares 5:4-11).

Caçadores de Deus desesperados estão sendo agraciados para “atraí-Lo” em visitação divina mais do que nunca e há propósito celestial em tudo isso. Todos os dias, eu ouço mais relatos de pessoas tropeçando em seus joelhos pelas portas ou pelos portões a tempo de deixá-los contemplar a eternidade. A mesma coisa aconteceu com Jacó quando ele foi dormir muito perto de um portão entre os céus. Ele acordou com uma clara visão de um céu aberto diante dele, e isso marcou um começo de uma mudança permanente em sua vida. Quando nos encontramos em lugares de visitações divinas, é como se uma aresta no tempo se abrisse diante de nós. Quando a Própria Eternidade entra em nossa pequena casinha de brinquedo na terra do tempo, tudo que é de importância terrena parece desvanecer-se. Por quê? Porque Deus está na casa! A Eternidade visitou nosso pequeno mundo de tempo-limitado e Sua glória está enchendo nossa sala apertada. É por isso que três horas parecem meros três minutos quando ficamos perdidos em Sua presença no meio da nossa adoração. Nestes momentos, chegamos o mais perto do portão. Quase podemos deslizar pelos rudes limites do tempo até o reino atemporal da eternidade.

TENHA CUIDADO PARA NÃO PERDER O LUGAR DE ACESSO DIVINO

Quando Jacó ultrapassou o portão do Céu, ele estabeleceu pedras para marcar o lugar e disse: “Eu não quero esquecer isto.” No entanto, se não tomarmos cuidado, podemos usar marcadores deste reino que não são adequados com os marcadores no reino espiritual.

A maioria das pessoas tenta marcar a “localização” das suas experiências espirituais com marcadores temporais e mutáveis. Eles podem dizer ao líder de louvor: “Vamos cantar aquela música que cantamos três semanas atrás, porque quando eu tive uma visitação de Deus eu a estava cantando.” Infelizmente, marcadores temporais nunca podem marcar um lugar de eternidade. E por esta razão que eles voltam ao líder de louvor e dizem: “Bem, está bom, mas não está igual.” O problema é que eles estabeleceram o tipo errado de marcador. Eles deveriam ter marcado a posição e a fome do coração deles, não a música.

Certa vez, meu avô me levou ao seu lugarzinho de pescaria favorito. Depois que cuidadosamente manobrou o barco até a posição exata, ele disse: “Agora, filho, se você sempre pescar neste pequeno ponto, bem aqui, apanhará muitos peixes. Exatamente aqui você está sobre um afloramento submerso.”

Eu voltei lá posteriormente e posicionei meu barco na mesma área, mas não apanhei nada. Quando voltei para casa, telefonei para meu avô e lhe disse: “Vovô, não havia nenhum peixe lá.” Ele disse: “Não, filho, sempre há peixes lá. Você só não estava no lugar certo.”

“Bem, eu não poderia estar muito longe…”

“Você não entende, filho.” – ele disse. “Você não precisa estar a 15 metros do lugar para perder o ponto. Poderia se instalar somente a 1 metro de distância do lugar certo e mesmo assim não apanhar nenhum peixe. Você tem de ficar exatamente em cima dele. Venha, eu irei com você desta vez.”

Voltamos à posição de pescaria do vovô mais uma vez e ele disse: “Agora, você dirige o barco e o posiciona.” Manobrei o barco até deixá-lo exatamente onde achava que ele deveria estar e, então, olhei para o vovô. Ele simplesmente sorriu e disse: “Filho, você não está no lugar certo – é bem ali.”

ESTES SÃO OS TIPOS ERRADOS DE MARCADORES

Onde quer que pescadores passem por um bom “lago de pescaria”, eles querem marcar aquele ponto para futuras viagens de pescaria. O problema é que é difícil marcar um lugar que está debaixo da água. Algumas pessoas tentam fazer isso com um jarro de leite fechado e um peso, mas a maior parte do tempo o vento e a água levam esses marcadores temporários para fora da posição, ou um barco veloz corta a linha. Esses são os tipos errados de marcadores. Vovô sabia como voltar a este ponto especial porque ele usou marcas permanentes na terra que não mudariam quando o vento soprasse. Então, ele me explicou: “Você tem de olhar para cima 110 horizonte.” E disse: “Você está vendo aquela árvore ali?” Uma vez que ele me deu os marcos apropriados, eu pude posicionar corretamente o barco. Ele concluiu: “Agora, aquele lugar especial é bem aqui.” – e, com certeza, era.

Não tente usar marcadores temporais ou temporariamente terrenos para marcar lugares de acesso celestial, porque eles nem sempre funcionam. Jacó estabeleceu pedras para marcar seu encontro noturno com Deus. Muitos anos depois, quando os israelitas finalmente cruzaram o rio Jordão e entraram na terra prometida, eles marcaram sua travessia com pedras. Uma vez que o leito do rio estava seco quando eles atravessaram, eles pegaram suas pedras marcadoras no meio do leito do rio Jordão e as colocaram na margem. Ora, essas pedras foram bons marcadores porque pedras de um leito de rio se tornam lisas pela ação da água, enquanto pedras que não são de um rio são ásperas e denteadas.

Toda vez que os filhos deles passavam por aquela pilha de pedras lisas, estava claro para eles que aquelas pedras estavam fora do seu lugar natural. Eles marcaram uma fenda da eternidade no véu do tempo. Quando eles dissessem: “Essas pedras não são daqui.” – seus pais diriam: “Você está certo filho. Essas pedras são do tempo da visitação de Deus.” Estes marcadores lembraram geração após geração dos israelitas sobre o dia que o rio se dividiu por causa dos céus abertos.

EU PREFERIRIA SER UM PORTEIRO

Caçadores de Deus precisam de um tipo diferente de “marcador” para marcar os lugares onde os céus se abriram. O que podemos usar – uma “lista de músicas de avivamento” favoritas ou um especial “guarda-roupas de avivamento”? Nenhum desses funcionará. Mais uma vez, precisamos voltar para a Palavra de Deus e tomar uma página da íntima viagem de Davi com Deus. Davi disse: “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil. Preferiria ser um porteiro na casa do meu Deus a permanecer nas tendas da perversidade.” – (Salmos 84:10 – NKJV).

Por que ele disse isso? “Davi, você é um rei. Esta é uma posição real de influência. Por que é que você gostaria de ser um porteiro?” Davi estava dizendo: “Não, eu aprendi algo: o porteiro na porta certa tem mais influência no mundo do que um rei em seu trono! Um porteiro na casa de Deus é um porteiro no portão do Céu. Agora, se eu conseguir pelos menos achar aquela abertura no Céu…”

A glória de Deus está reprimida no Céu como águas de enchente por trás de uma barragem, e Deus declarou abertamente Sua intenção de inundar todo o mundo com o conhecimento de Sua glória. Na maior parte do tempo, não sabemos realmente onde a porta está, ou como passar por ela, uma vez que a encontramos por acaso pela primeira vez.

Nossa solução para o problema é esquecer o melhor, que é representado por uma enchente da glória de Deus. Em vez de esperar pacientemente pelo Senhor, apresentamos o “bom” (a unção) que Deus nos deu como se fosse o “melhor” (a glória manifesta). Isso acontece quando exclamamos: “Deus está aqui!”, querendo dizer que Sua glória desceu quando, na verdade, isso não aconteceu.

Paulo nos disse: “Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente.” – (1 Coríntios 13:12). Este podia ser o nosso versículo tema. Temos feito um estilo de vida do segundo melhor. Trazemos as pessoas uma a uma para olhar pelo nosso “olho mágico da unção” – somente para deixá-las saber que há algo do outro lado. Então, frustramos o mundo quando dizemos: “Porém, perdemos a chave para abrir a porta.’’

Temos nos ocupado ensinando as pessoas como estarem insatisfeitas com alguém, impondo as mãos sobre elas, contudo, nunca lhes dizemos que a unção de Deus sobre a carne é, quando muito, um substituto barato para a presença manifesta do próprio Deus descendo entre eles. Ouça, se Deus Se manifestar, você não vai precisar que eu nem ninguém imponhamos as mãos sobre você. Eu lhe prometo. Procure o Ungidor, não o ungido e a unção. Há uma grande diferença entre as minhas mãos impostas sobre sua cabeça e o dedo d’Ele escrevendo nas paredes de carne do seu coração!

QUEM ENCONTRARÁ AS ANTIGAS CHAVES QUE TILINTAVAM NAS MÃOS DE DEUS?

O que Deus prometeu, acontecerá: a enchente da Sua glória. Ela começará em algum lugar com alguém. Mas onde? Quem encontrará as antigas chaves que tilintavam nas mãos de Deus quando Ele disse a Pedro: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus.” Quem ouvirá uma batida do outro lado e colocará aquela chave antiga naquela porta para abrir o portão do Céu? Onde quer que isso aconteça, seja quem for que abra a porta, o resultado vai ser uma incessante e imensurável enchente da glória de Deus. Se a glória d’Ele vai cobrir a Terra, ela tem de começar em algum lugar. Por que não aqui? Por que não você?

Há algumas chaves do Reino espalhadas e alguém tem de encontrá-las e escancarar a porta. Deus disse: “Eu busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; mas a ninguém achei.” – (Ezequiel 22:30 – NKJV). Precisamos exterminar nossas maneiras extremamente religiosas de olhar as coisas para realmente entender o que Deus está dizendo. Onde está e o que é esta “brecha” que Deus quer que preenchamos?

Em certa ocasião, levei minha família inteira para Atlanta para que eles pudessem estar comigo enquanto falava em uma igreja naquela cidade. Quando chegou a hora de partir, todos saíram do quarto do hotel e se dirigiram ao elevador. Tinham suas mãos cheias de sacolas, malas e pacotes, inclusive minha filha mais nova. Parece que ela tem sua própria pequena família de animais de pelúcia chamados “Beanie Babies”. Naquela ocasião, ela havia trazido a “família inteira” dentro de sua mochila abarrotada.

A PORTA COMEÇOU A SE FECHAR

Você já viu criancinhas tentando carregar mais do que elas conseguem? Andréa estava arrastando sua mochila pelo corredor e ficando para trás. O elevador naquele hotel específico se fechava muito rápido e assim que Andréa pisou no elevador, a porta começou a se fechar nela. Todos os outros já estavam no elevador.

Andréa, instintivamente, pulou para fora do elevador o mais rápido que pôde, e foi quando eu vi um olhar de pânico tomar conta da sua face. Eu podia imaginar o que estava se passando na sua mente naquele momento: Querido Deus, eles vão me deixar aqui! Eu vou ficar presa aqui sozinha neste hotel enquanto eles vão sem mim.

Meus instintos paternais também se aguçaram quando a porta começou a fechar. Rapidamente, coloquei minha mão entre as portas do elevador e esperei que fosse capaz de forçá-las a se abrirem. Finalmente as abri, mas, literalmente, tive de forçar minhas mãos entre as portas e empurrá-las. Quando consegui abri-las, pisei entre elas e as segurei abertas. Naquele momento, vi um olhar de completo alívio no rosto de Andréa, e ela me disse: “Meu papai está segurando ela aberta para mim.” Com um sorriso acanhado e uma risadinha infantil, ela entrou rapidamente por entre aquelas portas e se sentiu segura novamente.

Deus nunca quis que usássemos nossos hinos favoritos ou canções de adoração para marcar nossos encontros divinos ou manter os portões do Céu abertos. Um sermão não fará isso, nem uma personalidade brilhante ou um poderoso ministério poderá fazê-lo. Deus tem uma ideia melhor. Mantenha aquele portão aberto com sua própria vida! Tome-se um porteiro e abra a porta para deixar a luz do Céu brilhar em sua igreja e cidade.

NADA É MELHOR DO QUE UM ATIVO E SERVIL PORTEIRO

Às vezes, penso que nossa cadeia de restaurantes nacionais são mais sensíveis do que nós! Eu gosto de frequentar uma cadeia especial de restaurantes que é especializada em comida italiana, em parte porque gosto da comida e em parte porque aprecio seu atendimento. Notei que este restaurante pensa tanto em seus clientes que posiciona um recepcionista na porta para pessoalmente cumprimentá-los quando entram. Em outros lugares, eles mantêm a porta aberta com um prendedor de plástico ou deixam a porta se fechar bruscamente. Nada é melhor do que um ativo e servil porteiro quando se trata de introduzir os convidados e satisfazer-lhes as necessidades.

Deixe-me lhe perguntar isto: Qual é o propósito da Igreja? Ela não foi feita para servir apenas a você e eu. A Igreja é para Ele, acima de tudo. Agora, se temos um encontro com Ele, se de algum modo colocarmos nossas mãos através do véu para dentro do Céu aberto, é nossa responsabilidade manter abertos os portões do Céu para benefício daqueles que seguem atrás de nós.

Se você topar com aquela porta no meio da sua adoração arrependida e quebrantada, então se posicione no vão da porta e a mantenha aberta. Permaneça na brecha. Deus prometeu que Ele vai ajudar a reconstruir Sua casa favorita, se pudermos manter a porta aberta. Se puder imaginar-se mantendo aberta uma larga porta no Céu com suas mãos, então você tem a figura de um porteiro no lugar certo – mantendo aberta a porta da presença de Deus com mãos levantadas na postura e posição de louvor e adoração.

DAVI RECEPCIONOU A PRESENÇA DE DEUS CONTINUAMENTE POR TRINTA E SEIS ANOS

Davi descobriu uma chave que precisamos redescobrir atualmente. Ele fez mais do que retornar a presença de Deus para Jerusalém. Ele fez mais do que expor a glória de Deus em uma tenda aberta sem paredes ou véu de separação. De algum modo, Davi conseguiu recepcionar a presença de Deus em sua tenda humilde e manteve um céu aberto sobre todo o Israel por quase trinta e seis anos! A geração de Davi foi beneficiada com sua adoração.

Quando abrimos as janelas do Céu pela nossa adoração, também precisamos manter uma sentinela (um porteiro) dentro da dimensão de Deus (adoração) para manter aberta as janelas do Céu. Na época de Davi, os adoradores levíticos cercavam a arca da Aliança com louvor e adoração contínuos. Eles desfrutavam os benefícios de um céu continuamente aberto porque alguém permanecia no portão e o mantinha aberto. Se você é um pastor ou líder de igreja, sua principal responsabilidade em sua cidade é ser um guardador do portão. Você tem a oportunidade de ser bem-sucedido ou fracassar na responsabilidade que lhe foi dada.

Esses porteiros podem ser qualquer um que tenha a responsabilidade de abrir as janelas do Céu para uma cidade. Eles podem ser líderes de igreja, intercessores e todos os adoradores. Um céu aberto se refere ao livre acesso à presença de Deus para o homem e ao livre fluir da glória de Deus para a dimensão humana com o mínimo possível de impedimento demoníaco.

Ló era um guardador do portão em Sodoma e Gomorra. Sabemos disso porque a Bíblia diz que “Ló se assentava à porta de Sodoma”. – (Gênesis 19:1). Apesar de sua infeliz escolha de cidades, ele claramente reconheceu a justiça quando a encontrou em seus visitantes angélicos. Ele especificamente “abriu os portões” para a justiça e acolheu seus santos visitantes em sua casa. Ló também reconheceu a injustiça pelo que ela era, mas ele falhou em “fechar as portas” para o pecado que estava consumindo sua cidade. Porque Ló não tomou a posição correta e não influenciou a cidade, Sodoma e Gomorra o influenciaram. No final, Sodoma foi destruída pelo fogo porque o guardador da porta de Deus não fez seu trabalho.

Davi também era um guardador da porta, mas ele entendeu a importância do seu trabalho. Quando escreveu o Salmo 84:10, eu percebo que ele estava dizendo: Eu preferiria ser um porteiro na porta certa, porque este é o lugar de real influência. Nunca subestime o poder da presença de Deus. Você pode ser um porteiro e abrir a porta da presença manifesta de Deus para sua igreja e comunidade. Entenda que você foi colocado na posição de maior influência no mundo inteiro. Como os levitas de antigamente, somos todos chamados para ser um povo guardador da porta, o povo da presença d’Ele. Você pode, literalmente, tornar-se uma porta de entrada andante para a presença de Deus. As pessoas podem perceber a luz da glória brilhando embaixo da porta.

O homem chamado Obede-Edom descobriu a importância de ser o guardador da porta no lugar certo. A maioria acredita que ele era uma parte da ordem levítica, mas sabemos isto com toda certeza a seu respeito. Ele sabia como era ter Deus habitando em sua casa ao invés de meramente visitá-la.

ELE SABIA O QUE FAZER QUANDO A VISITAÇÃO SE TRANSFORMA EM HABITAÇÃO

Obede-Edom sabia o que fazer quando a divina visitação se transformava em divina habitação e descobriu que havia outros benefícios advindos deste trabalho. Sua safra crescia melhor, seu cachorro parou de morder as pessoas, seu telhado não tinha goteira, seus filhos não ficavam doentes e tudo em sua vida era incrivelmente abençoado. Você sabe que algo bom está acontecendo quando sua safra está tão abençoada que em três meses todos sabem sobre ela. Finalmente a palavra alcançou todo o caminho até o rei Davi, em Jerusalém: “Davi, você não vai acreditar: Obede-Edom se transformou em um milionário em três meses!”

Davi disse: “Eu sabia que estava certo. Eu tenho de trazer aquela arca para Jerusalém. Se Obede-Edom pôde ser tão abençoado localmente, então, se eu puder colocar a arca em seu lugar apropriado, seremos todos abençoados nacionalmente.”

E o quanto Israel foi abençoado quando Davi manteve o tabernáculo todos aqueles anos?

Ainda que não tenhamos começado a adorar e servir como deveríamos, se a Igreja e sua adoração fossem retiradas do mundo hoje, as coisas iriam à queda disparada rapidamente. Por outro lado, se, algum dia, o povo de Deus puder colocar a glória d’Ele de volta na Igreja, em seu lugar apropriado, a nação inteira poderá ser abençoada.

VOCÊ O ENCONTRARÁ ONDE QUER QUE A ARCA FOR

Não importava para aonde a arca fosse durante o reinado de Davi como rei, você encontraria um certo homem seguindo-a. Seu nome é mencionado seis vezes em 1 Crônicas, capítulos 15 e 16. Isso é o que aconteceu segundo a versão de Tenney: Toc, toc.

Rei Davi: “Obede, aqui é o rei Davi. Sabe aquela arca que deixamos aqui três meses atrás? Viemos para apanhá-la. Meu Deus, tudo está lindo por aqui, Obede!”

Obede: “Rei Davi, deixe-me esclarecer isso: Você vai tirar a arca de mim?”

Rei Davi: “Sim, bem, como me recordo, você estava meio temeroso quando a deixamos aqui.”

Obede: “Isso foi antes. Agora, aprendi que onde esta arca permanece há bênção.”

Rei Davi: “Bem, precisamos levá-la agora porque eu preparei um lugar especial para a arca em Jerusalém. Vai demorar um pouco para chegar lá, mas quando chegarmos, toda a nação será abençoada.”

Obede: “Rei Davi, você poderia esperar só um minuto?… Mamãe, você e as crianças arrumem as malas! Sim, coloquem todas as suas coisas na mala e juntem todas as suas roupas.” Obede Júnior: “Aonde vamos, pai?”

Obede: “Onde quer que esta arca for, é para lá que estamos indo.”

A próxima vez que ouvimos sobre Obede-Edom, sabe o que é que ele estava fazendo? A Bíblia diz que ele era um porteiro da porta da arca! – (Veja 1 Crônicas 15:24). Obede-Edom se mudou quando a arca mudou. Parece que ele topava qualquer trabalho que apenas pudesse deixá-lo perto da presença do Senhor. No versículo de 1 Crônicas 5:18, Obede-Edom é descrito como um porteiro, o que significa que ele deve ter dito: “Eu não ajudarei a carregar o objeto.” Eu acredito que ao lhe perguntarem o motivo, Obede-Edom tenha dito: “Porque eu simplesmente quero estar onde a arca estiver. Eu quero ser um porteiro. Honestamente, quero manter a porta aberta porque descobri sobre a bênção…”

Certa vez, eu estava pregando em um local extremamente quente nos trópicos. Não havia ar condicionado no prédio, então, pedi aos organizadores locais: “Vocês poderiam colocar o palanque bem perto daquela porta? Há uma forte brisa vindo daquela porta de entrada. Eu estarei pregando e quero tentar permanecer refrescado.”

Todo tempo que eu preguei, pude sentir o vento constantemente soprando pelas minhas pernas e assoviando ao passar por meus braços. Como estava no lugar certo, o calor tropical não estava tão ruim. Deixe-me lhe dizer que há um benefício em se posicionar no vão de entrada para o Céu. Quando você se torna um porteiro e escancara a porta do Céu, você pode sentir o precipitar do poderoso vento do Espírito Santo à medi’ da que Ele enche o lugar da reunião com glória.

Sem dúvida, os cento e vinte estavam embriagados no Dia de Pentecostes. Eles tinham escancarado os céus e se posicionaram no vão de entrada, à medida que o veloz e poderoso vento de Deus explodiu do Céu e encheu-lhes a casa terrena. Sua glória então se derramou na rua e a próxima coisa que se lê sobre isso é o que a Palavra de Deus diz: “Encheste Jerusalém de vossa doutrina.’’ – (Atos 5.28). Então lemos que “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra.’’ – (Atos 19.10 – NKJV).

O que aconteceu? Alguém encontrou a porta e simplesmente a escancarou com sua própria vida. O outro benefício é que os porteiros também conseguem ter um encontro com Deus, mesmo que Sua presença flua às nações. Esta é a bênção e a herança de um porteiro no lugar certo.

PRECISAMOS DE PORTEIROS MAIS DO QUE REIS OU PRESIDENTES

Onde estão os porteiros? Deus sabe que precisamos de porteiros mais do que de reis e presidentes. Precisamos de pessoas que saibam como ter acesso à presença de Deus e abrir a porta para Sua glória entrar em nossas casas, igrejas, cidades e nações. Davi novamente escreve a visão para que possamos nos apressar:

“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.’’ – (Salmos 24:7).

Portas não têm cabeças. É óbvio que somos as portas deste Salmo. Se levantarmos nossas cabeças, o que acontecerá? Literalmente, esta frase no hebreu é “estejam abertos 6 portais eternos”. Quando obedecemos a esse comando, o Próprio Rei da Glória entrará. O que isso tudo significa? Nós, como Igreja, somos literalmente a porta para o resto do mundo ter um encontro com Deus. Quando você se posiciona em lugar de adoração, está literalmente abrindo e mantendo uma ampla porta espiritual, uma entrada para o Senhor ressurreto. Um Davi dos dias modernos, chamado Martin Smith, canta uma música nova baseada em um tema antigo:

“Escancarando seus portões celestiais. Prepare o caminho do Senhor ressurreto…”

Esta chamada para a adoração tem de ser o hino da Igreja.

SE EU PUDESSE PELO MENOS PÔR MINHAS MÃOS NAQUELA BRECHA

Somos chamados para tomar nossa posição ao lado de nosso grande Sumo Sacerdote e nos posicionarmos na brecha entre o mundo que não conhece e aqueles que conhecem. Estamos mantendo aberto o “elevador de fechamento rápido” que leva as pessoas para o Céu. Às vezes, eu consigo perceber uma brecha nas regiões celestiais mesmo quando prego mensagens para congregações em certos lugares onde parece que os céus estão para se abrir. Às vezes, penso comigo mesmo: Se eu apenas puder por minhas mãos naquela brecha e penetrá-la ou orar com ela aberta, talvez a glória de Deus desça nesta noite.

Os porteiros são raros e de valor inestimável na economia de Deus. Talvez, certa noite, Davi tenha penetrado a escuridão noturna e se sentido reconfortado ao ver os pés dançantes e os braços estendidos da equipe de louvor do turno da tarde filtrando a glória de Deus e foi inspirado a escrever:

“Bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor, que assistis na Casa do Senhor, nas horas da noite; erguei as mãos para o santuário e bendizei ao Senhor.” – (Salmos 134:1-2).

Se alguma vez, quisermos mudar de uma visitação de Deus para uma habitação de Deus, alguém tem de aprender como manter aberta a porta dos céus. Parece que alguns de nós preferiríamos ir para dentro do véu e deixar a porta se fechar bruscamente atrás de nós. Não nos importamos com o mundo desde que consigamos entrar. Desculpe-me, talvez isto seja devido à cultura do Sul na qual fui criado, mas aprendi a ser um cavalheiro. Você não deve simplesmente entrar por uma porta e deixá-la se fechar atrás de você. Você a mantém aberta para outros. Eu acho que é tempo de a Igreja adotar certa etiqueta espiritual e dizer: “Vamos manter a porta do Céu aberta.” Então, os que nos assistem de longe podem dizer: “Bendizei ao Senhor, vós todos servos do Senhor que assistis na casa do Senhor nas horas da noite.” – Escancarando os céus.

Por quanto tempo você tem orado por um céu aberto sobre sua igreja e comunidade? Eu prometo a você que não é nem perto de quanto tempo Ele tem esperado atrás da porta para ela se abrir. Em Cânticos, nós O vemos ilustrado como o Noivo apaixonado, perscrutando através da treliça por um vislumbre de Sua amada. Ele está esperando atrás da porta, dizendo: “Se eu puder colocar Minha Igreja na posição, então Eu poderei abrir as janelas e as portas do Céu e derramar…”

NOSSA INATIVIDADE PODE ABRIR O INFERNO Ε FECHAR O CÉU

Deus está procurando por pessoas que tenham as chaves do reino e saibam como usá-las (você e eu)! A parte triste de tudo isso é que não somente nossa atividade obediente em louvor e adoração abre o Céu e fecha o inferno, mas também nossa inatividade pode abrir o inferno e fechar o Céu tão eficientemente quanto a primeira afirmação. Jesus repreendeu os líderes religiosos da Sua época dizendo aos fariseus:

“Ai de vós, intérpretes da Lei! Porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando.” – (Lucas 11:52).

Esse aviso é muito forte e todos deveríamos perguntar a nós mesmos: “Será que eu tenho sido um impedimento para o reino de Deus por estar bloqueado por algo que Deus nunca disse ou ordenou?” Talvez o maior problema da Igreja que está impedindo a abertura nos céus hoje seja o medo do homem. Isto penetra na liderança pastoral, e alguns líderes admitem que o medo do homem direciona 90% das suas decisões. Decisões orientadas pelo homem e para agradar o homem estão levando a Igreja na direção da falência espiritual e fechando as janelas do Céu. Devemos estar decididos a buscar somente uma coisa: Nós queremos Deus. Queremos abrir as janelas do Céu para que a glória de Deus inunde nossas igrejas, nossas cidades e a vida do nosso povo.

Somente quando Jesus voltar é que Deus irá destruir as portas que o inimigo levantou na Terra. Naquele grande dia o Portão do Ocidente simplesmente se abrirá diante d’Ele. Até então, controlamos se Deus virá ou não à nossa cidade. Você está disposto a chorar por sua cidade como Jesus chorou por Jerusalém?

ESCANCARE A PORTA PARA QUE O REI DA GLÓRIA POSSA ENTRAR

Você tem as chaves em suas mãos, transferidas pelo Espírito, mediante a liderança da Igreja, desde quando Jesus primeiramente as entregou nas mãos de Pedro. Você vai destrancar as janelas do Céu e trancar as portas do inferno? Você vai escancarar a porta para que o Rei da Glória possa pessoalmente entrar para reconstruir Sua casa favorita, a casa que a adoração construiu?

Enquanto isso, Deus está perscrutando através das pequenas venezianas do Céu e dizendo: “Eu quero escancarar a janela. Eu quero abolir o véu. Eu tenho odiado os véus desde o início. Então, Eu os rasgo toda vez que tenho uma chance. Se Eu puder fazer a Igreja tomar seu lugar como adoradores arrependidos ao redor do trono, vou escancarar as janelas do Céu. O julgamento vai parar com Meus adoradores, mas Minha misericórdia vai se derramar por causa dos pagãos e eles correrão para a Igreja.” Eles não vão nem mesmo ver os adoradores porque suas costas estão viradas para o mundo terreno. Tudo que eles verão é a chama azul da glória Shekinah de Deus. E os perdidos dirão: “Isto é misericórdia.” Este é o trono da misericórdia.

Deus ainda está Se escondendo do mundo porque Ele não pode fluir pelas ruas até que a Igreja tome o seu lugar e comece a filtrar a glória. Então, os olhos caçadores de Deus estão correndo para lá e para cá enquanto Ele pergunta: “Onde está alguém para ser um intermediário a se posicionar na brecha e formar a cerca viva? Não a deixe cair. Segure-a alto para outros lugares e outras pessoas. Estou procurando por alguém que possa manter aberta a janela do Céu na ‘zona do choro’.”

DEVEMOS DEIXAR NOSSOS UZÁS MORREREM PARA QUE A GLÓRIA POSSA SER RESTAURADA

Esta revelação traz responsabilidade. Não espere fazer coisas como de costume porque você agora sabe onde a Igreja tem de estar posicionada. Não há problema em sermos amistosos com os amigos, mas nosso primeiro chamado é para ser amigo do Espírito. Ser agradável aos amigos é muito bom, mas ser amigo do Espírito é fogo! Devemos deixar nossos Uzás morrerem para que a glória seja restaurada a Deus, à medida que alcançamos o Céu com uma mão e a Terra com a outra.

Você pode sentir o vento e a brisa do Espírito zunindo entre suas pernas? Quando Deus Se manifesta em seus cultos, é muito melhor do que ter tesouros em volta da cidade. Cultos como esses fazem mais do que qualquer propaganda de TV. Por quê? Porque isso não atrai o homem, isso atrai Deus. Se você alcançar a Deus, você não terá de se preocupar com o homem. Os famintos virão.

Se você puder simplesmente aprender como se posicionar assim em um lugar, começará a se sentir cercado por Sua presença. À medida que você começar a andar assim, sua vida se tornará uma janela andante da presença d’Ele e estará sujeita a ser aberta a qualquer hora por homens de alma faminta. Isso significa que a glória de Deus poderá ser liberada sempre que você visitar um supermercado ou uma loja de conveniência.

Alguma coisa está sacudindo a Igreja. Nós sofremos uma batida, nossa carroça foi sacudida e nossos Uzás estão morrendo, ou estão mortos. Nós O queremos, mas tivemos de aprender as maneiras certas de recepcioná-Lo e reverenciar Sua presença. Nossas mãos trêmulas encontraram o rasgo no véu. Encontramos a porta do Céu, e Deus está procurando um lugar de habitação. Abra o véu e o mantenha aberto. Apenas um bom culto não é o suficiente.

TIRE O SEU FOCO DAS RECLAMAÇÕES MURMURADORAS DOS HOMENS

Será que os porteiros vão se levantar e tomar suas posições na porta certa? Será que os adoradores arrependidos e quebrantados vão tirar seu foco das reclamações murmuradores dos homens para oferecer um incenso suave de louvor e entronizar o Grande Rei? Se eles fizerem… Se nós fizermos, então Ele virá. E Ele construirá novamente o tabernáculo de Davi. Sua casa de adoração infinita e “sem véu” entre os homens redimidos. Então, as portas do Céu serão abertas e inundarão as igrejas, as cidades e toda a Terra com o conhecimento da Sua glória e atrairá todos os homens a Si mesmo. Eu creio que O vejo reunindo os componentes para reconstruir Sua casa favorita…

Adoradores.

Quebrantados neste mundo, justos para este mundo. Você é um?

Aqui, ajude-me. Isso mesmo – posicione-se bem aqui. Levante suas mãos… prossiga.

Adore.

F I M

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

A PALAVRA DITA PELO ADOLESCENTE

Escutar é diferente de ouvir, pressupõe disponibilidade e sensibilidade. Quando se fala em adolescência, a escuta se torna algo peculiar que necessita cuidado.

A palavra dita pelo adolescente

Observa-se com frequência, em processos judiciais, genitores e até mesmo magistrados “levando ao pé da letra” as palavras do adolescente, sem levar em consideração, através de uma investigação mais profunda, o enredo, os aspectos familiares, a personalidade e a decodificação da mensagem dita.

É comum observar que deixam a cargo de jovens a decisão, por exemplo, de com quem irá residir quando há discussão a respeito da guarda, principalmente se o jovem é articulado e transmite algo que pode ser interpretado como amadurecimento. Como se dissessem: “ele(a) tem maturidade suficiente para escolher com quem irá residir, e como fará a convivência com o outro genitor”. É um erro não verificar o porquê e de onde parte esse desejo, uma vez que se deve observar como funciona emocionalmente esse adolescente, em que situação se encontra seu duplo referencial, pai e mãe e como esses pais lidam com suas funções parentais. Nota-se que esse tipo de demanda direcionada ao jovem ocorre, mais facilmente, quando há decadência das funções parentais ou aliança do adolescente com um dos genitores.

O processo da adolescência pode ser visto como uma travessia de uma ponte com inúmeros obstáculos e desafios. No qual se parte da infância rumo à vida adulta. Durante esse percurso, muitos incidentes podem ocorrer e cabem aos pais ou cuidadores a supervisão e a contenção dos impulsos destrutivos bem como a troca afetiva e a intimidade não confundidas com invasão; isso tem a ver com a aproximação e o cuidado. Sabe-se ainda que o entendimento de tudo isso é bastante complexo a um adulto, quiçá a um adolescente; e quando ocorre a separação dos pais nessa época se torna mais difícil a compreensão. É durante essa travessia que a adolescência (aspectos emocionais), junto com a puberdade (aspectos biológicos), promove uma série de mudanças no jovem.

A adolescência como fase instável necessita que seu ambiente representado pela família seja estável. Essa estabilidade e segurança do ambiente servirão de anteparo para os aspectos mais agressivos e impulsivos.

A aparência potente do adolescente serve para encobrir sua fragilidade, bastante natural, cercada de medos e ansiedades comuns de um processo de identidade em fase de amadurecimento.

Na experiência clínica em consultório e/ou no estudo pericial no judiciário, observa-se que as disputas por guarda neste período tendem a ser muito complicadas.

O adolescente como bom hedonista deseja liberdade, busca fazer suas predileções baseado no imediatismo do aqui e agora. E por isso tenderá a apontar como sua escolha parental aquela que entende que terá maior controle sobre o genitor(a)e benefícios, nem sempre sendo o melhor para eles. Por outro lado, os pais acreditam na força do adolescente, como se adultos fossem. E quando acreditam cegamente, deixam de observar que essa fase de transição é delicada e precisa de muita supervisão. Como se eles, pais, se deslocassem de seu lugar de adultos e colocassem o adolescente diante do lugar que pertence a eles como pais.

É preciso estar atento e ir além do desejo objetivo de um adolescente. Torna-se necessário que se tenha uma escuta diferenciada, que se decodifique a linguagem. E para isso é importante que os pais saibam que um adolescente não tem competência para resolver assuntos que são dele.

Na adolescência existe um psiquismo em turbulência que não pode ser confundido com a complexidade de um processo de divórcio dos adultos. Pode parecer estranho, mas o adolescente não tem maturidade e por isso certas decisões durante essa época devem ser inteiramente de responsabilidade dos adultos.

É possível que, ao liberá-los desse lugar, esses adolescentes se sintam aliviados por terem sido vistos como meninos ou meninas carentes e desamparados, escondidos em sua pseudomaturidade utilizada como defesa, necessitados da orientação e da contenção de seus pais e não o contrário. É preciso ter um olhar bem mais amplo do que somente aquilo que se mostra aos olhos desavisados.

Cabe ao magistrado, quando se depara com essa demanda, encaminhar para estudo psicológico e não deixar a cargo do adolescente uma decisão a qual ele não pode sustentar emocionalmente, fazendo-se valer apenas da vontade consciente; é preciso investigar de onde partiu o real desejo.

Afinal, uma decisão tomada de forma errada num processo tão conturbado como um divórcio pode influenciar toda a dinâmica familiar e a construção do amadurecimento sadio do adolescente.

 

RENATA BENTO – é psicóloga, especialista em criança, adulto, adolescente e família Psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Perita em Vara de Família e assistente técnica em processos judiciais. Aliada à IPA – lnternational Psychoanalytical Association, à Fepal – Federación Psicoanalítica de América Latina e à Febrapsi – Federaçao Brasileira de Psicanálise.  renatabentopsi@gmail.com

OUTROS OLHARES

FALTA QUÍMICA

A aprovação do segundo remédio para o desejo feminino levanta a discussão: é possível uma droga agir na complexa sexualidade da mulher?

Falta química

Para os homens, foi sempre tudo mais fácil. Em 1998, o lançamento do Viagra, o poderoso remédio contra a impotência, foi descrito da seguinte maneira: “O único quesito para uma deliciosa noite de sexo passa a ser o desejo pela mulher amada. Tão bom quanto nos tempos de Adão. A maçã, agora, é uma drageazinha azul, com a forma de um losango, a ser ingerida junto com um gole d’água uma hora antes do ato sexual”. Para as mulheres, foi sempre tudo mais difícil. A pílula anticoncepcional, no fim dos anos 60, representou um passo revolucionário, o direito ao prazer sem o risco de gravidez — mas o passo seguinte, algo que incrementasse a libido, como o Viagra faz com a ereção masculina, demorou a ser dado, e ainda hoje é claudicante. Há duas semanas, a agência americana de controle dos medicamentos, a FDA, aprovou uma droga injetável, de nome comercial Vyleesi, que potencializa a oferta de dopamina no cérebro, neurotransmissor associado à sensação de bem-estar. Em 2015, deu-se a aprovação de outra droga, em formato de comprimido, o Addyi. Ambas provocam efeitos colaterais muito chatos, como náusea, vômito e dor de cabeça — e a nenhuma das duas, definitivamente, cabe o apelido de “viagra feminino”, que rapidamente viralizou, por ser bom e de rápida compreensão.

Mas, afinal de contas, por que a medicina não consegue produzir um “viagra feminino”? Convém ressaltar, logo de saída, que existe ainda um imenso tabu quando se trata de incentivar sinteticamente o desejo da mulher — tabu que, entre os homens, foi permanente motivo de piada. Ainda que fosse vencida essa barreira comportamental — e é bom lembrar que macho algum foi às ruas, em manifestações, para celebrar o Viagra, como fizeram elas há cinco décadas, no amanhecer da pílula —, mesmo assim haveria outro obstáculo, por ora intransponível: a química do corpo humano. A aprovação de um novo medicamento para reacender a libido alimenta o interminável mas necessário debate: qual o papel das drogas em algo tão complexo e indizível quanto o desejo feminino?

Ele depende, tudo somado, de reações bioquímicas, mas também do humor, do stress cotidiano, da confiança no parceiro. O desinteresse pelo sexo é fruto também de engrenagens sobejamente mais complexas, como o uso de anticoncepcionais (que têm a redução da libido como efeito colateral), os distúrbios do sono e a menopausa. É uma imensa sinfonia, que às vezes desafina.

O Vyleesi foi aprovado para o tratamento de mulheres em uma situação específica: na pré-menopausa com transtorno do desejo sexual hipoativo, condição que afeta 10% da população feminina. A substância atua em receptores cerebrais que desempenham papéis relevantes em atividades biológicas, como a ingestão de alimentos, a pigmentação da pele e a regulação da dor. Os resultados da ação foram sutis: 25% das mulheres que participaram dos estudos relataram aumento considerável no desejo sexual, enquanto no grupo placebo o índice foi de 17%. Em seu anúncio, a FDA admitiu que o mecanismo exato pelo qual o Vyleesi melhora o desejo sexual e ameniza o sofrimento é desconhecido. E mesmo assim, apesar da nuvem de desconhecimento, a entidade deu o sim. Com o Viagra, não houve zona de sombra alguma: funciona, clara e simplesmente, segundo a lógica da mecânica básica do desejo do homem — aumentando o fluxo sanguíneo para o pênis e dispensando qualquer ação cerebral. Diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade, da Universidade de São Paulo: “A resposta sexual da mulher é muito mais complexa e diferente da do homem. Ainda há muito que ser desvendado, e os medicamentos representam mais um pequeno avanço nesse universo”. É, enfim, somente uma peça de um fascinante quebra-cabeça. E não existe remédio que facilite o encaixe.

Falta química. 2

GESTÃO E CARREIRA

PEOBLEMAS COM A REALIZAÇÃO DE TAREFAS

A dificuldade em manter uma comunicação adequada dentro da empresa é um dos principais aspectos que podem prejudicar o bom rendimento e o relacionamento satisfatório de uma equipe de trabalho

Problemas com a realização de tarefas

Alguns adultos podem apresentar dificuldades de comunicação, de entendimento, de leitura, de interpretação. Muitas vezes, não possuem hábitos de estudo, leitura e acham as palestras, os treinamentos, as apostilas algo muito chato.

É preciso trabalhar de forma a resgatar, nesses colaboradores, essas atividades. Precisam perceber que o mercado está em constante mudança, muita informação acontece de forma quase imediata. Enquanto, por exemplo, a pessoa aprende a utilizar um soft novo, uma atualização já está sendo preparada. Assim, não adianta fugir do desenvolvimento, as coisas não param porque a pessoa não consegue acompanhá-las. Elas simplesmente continuam e a pessoa fica para trás. E a paciência de alguns chefes e gerentes também se perde nessa agitação.

Mais e mais dá-se valor aos colaboradores proativos, flexíveis, comunicativos, criativos, organizados e com foco em resultados. Há uma crença de que com esse perfil um colaborador tende ao sucesso e, consequentemente, seu trabalho é de qualidade para o mercado. Contudo, nem todos são assim e é possível desenvolver algumas dessas habilidades.

Quando o psicopedagogo acompanha os colaboradores em seu desenvolvimento no trabalho, acaba observando o desempenho aquém de alguns e passa a observá-los mais de perto. Às vezes, faz descobertas incríveis, um mau desempenho pode ocorrer porque o colaborador não escuta bem ou não enxerga bem, mas não quer falar que precisa de óculos ou de um aparelho de surdez. E os motivos são vários: vaidade, falta de recursos financeiros, falta de tempo, medo de ser visto como alguém que já não é tão perfeito entre outros.

 DDAS DAS EMPRESAS

Existem os casos dos portadores do distúrbio do déficit de atenção. Muitos desses funcionários são dispensados porque a empresa desconhece o distúrbio, o próprio DDA também. Algumas vezes esses funcionários exercem uma função que não condiz com seus momentos de distração. Um adulto DDA pode ser flagrado em importante reunião com seu chefe em um de seus lapsos de atenção, o que pode não ser bem-visto. É difícil para um DDA manter-se concentrado em falas, ações e assuntos por menor que seja o tempo. Ele começa a dispersar. Esse comportamento pode até causar problemas de ordem interpessoal na empresa.

Porém, o DDA tem algo muito importante a oferecer para a empresa: sua criatividade e seu entusiasmo. Longe do trabalho monótono e repetitivo, ele pode desenvolver, de forma significativa, trabalhos liga- dos à arte, criação, implantação de projetos. Possui um funcionamento mental diferente.

O psicopedagogo deve encaminhar esse funcionário a outro especialista psicopedagogo para um diagnóstico em conjunto com o seu. É antiético tratar de um funcionário que, na verdade, é um colega de trabalho. Não se deve confundir trabalho com clínica.

LIMITE TÊNUE

Hoje, existe outro problema bem grave nas empresas, que é o uso de WhatsApp durante o trabalho. As redes sociais e o aplicativo do WhatsApp realmente trouxeram uma revolução para a comunicação instantânea entre as pessoas. Porém, têm sido utilizados no ambiente de trabalho e é preciso cuidado e muito discernimento, tanto da parte do empregado quanto do empregador.

Aquele que emprega precisa atentar, por exemplo, para o fato de acionar o colaborador após o horário de expediente, para decidir atividades concernentes ao trabalho. Isso pode gerar reclamação trabalhista, na qual o colaborador pleiteará horas extras, porque tudo fica registrado nas conversas. Isso afeta o colaborador emocional- mente, pois ele necessita de suas horas de descanso. Cobrança excessiva no tocante à produtividade pode trazer desconforto e baixa produtividade no trabalho.

Em relação aos colaborado- res, o uso dos aplicativos e mídias sociais no ambiente corporativo pode gerar problemas de desenvolvimento do trabalho, que pode atrasar, ser feito de forma a ter uma baixa qualidade. O uso excessivo pode gerar mudanças de humor. É necessário limitar ou não utilizá-lo. É bom evitar chegar ao ponto de aplicar punições disciplinares para que não se iniciem contendas internas.

Por outro lado, pode ser que a utilização das mídias seja uma necessidade de trabalho. É preciso saber equilibrar o trabalho na mídia com descanso para que a produtividade não seja afetada. O uso continuado desfavorece a concentração. Assim, é necessário que seja criada uma norma interna de conduta clara, divulgada a todos os emprega- dos, sobre a utilização do aplicativo, e-mail corporativo e mídias sociais durante a jornada de trabalho, bem como orientar e fiscalizar o uso cor- reto, a fim de minimizar problemas no trabalho, com prazos de entrega, por exemplo.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

O setor de Treinamento & Desenvolvimento (T&D) da empresa é uma das principais áreas de atuação do psicopedagogo, além de dar suporte àqueles que possuem dificuldade de desenvolver suas tarefas.

Existe todo um processo, dentro da empresa, ao qual o psicopedagogo é responsável, que alia desempenho e produtividade. É a educação profissional, que possui, como objetivo, preparar o homem para exercer uma profissão, uma atividade dentro do mercado de trabalho. Com a constante de- manda de mercado, cada vez mais algumas funções pedem conheci- mentos, não só generalistas, mas também específicos. Assim, os chefes de setores, devido à demanda de trabalho, recorrem a preparar melhor seus funcionários ao invés de contratar outros. Nesse caso, o próprio chefe de setor percebe a necessidade do treinamento e em um primeiro momento poderá  conversar,  de  forma  informal, com  o  psicopedagogo acerca do funcionário  e  seu  perfil  profissional. Às vezes, o treinamento pode ser interno (palestras, workshops, vídeos, webpalestras, contratação de cursos ou de professores etc.), desenvolvido ou organizado pelo próprio psicopedagogo, ou o treinamento pode ser externo, matriculando o profissional em cursos específicos, que ofereçam uma certificação reconhecida.

  Assim, a direção deve estar sempre a par de toda a movimentação de treinamento, seja interno ou externo, e deve autorizar esse treinamento, que muitas vezes vai gerar um custo para a empresa. E à direção deve ser dado, também, um retorno em relação ao treinamento após seu término, ainda que sob a forma de um relatório.

PROGRAMA DE TREINAMENTO

É possível organizar ações de treinamento através de projetos de cunho educativo, iniciando, assim, programas ligados a bolsa-auxílio faculdade, treinamentos internos e externos, acompanhar programas de trainees, de estagiários etc.

Tudo deve ser feito com muita organização e de forma clara. Porque muitas vezes a escolha dos funcionários que irão participar de treinamento pode gerar desconforto entre os demais colegas. Podem achar que não têm prestígio junto ao chefe, e por isso não tiveram chance. Aquele que está em treinamento pode achar que sabe menos que os colegas, por isso está em treinamento. É preciso saber a razão da necessidade daquele treinamento.

O treinamento minimiza ou termina com a dificuldade de realizar tarefas e deixa o colaborador mais confiante. É preciso organizar um treinamento quando se verifica dificuldade de aprendizado e de afinidade com a tarefa à qual o colaborador foi destinado. Muitas vezes, a dificuldade está no fato de que se necessita de um aprofundamento em determinado assunto, que no recrutamento e seleção não se detectou por uma infinidade de motivos (veja quadro Fluxograma de treinamento).

 JOVENS TALENTOS

O psicopedagogo na empresa também está ligado à área de T&D junto ao desenvolvimento dos estagiários, trainees e jovens aprendizes da empresa. A carreira inicial dos jovens sempre é mais difícil. Eles têm medos que muitas vezes são infundados, algo que ouviram dizer e não pesquisam, por exemplo: “se você começar a ganhar dinheiro vai parar de estudar”. Os próprios pais, às vezes, incentivam o jovem a não iniciar uma carreira cedo, pois acham que os filhos podem ficar estudando indefinidamente. E sabe-se que quanto mais tarde acontecer a inserção no mercado mais difícil será a adaptação ao mundo das organizações. As incertezas são comuns na hora de optar em qual área ou ramo se deseja trabalhar. E quando iniciam qualquer atividade em uma das modalidades acima, é preciso que obtenham ajuda e acompanha- mento. O jovem chega à empresa ávido por aprender e encontra uma empresa defasada em relação às mídias, ou, pelo contrário, muito avançada pode desmotivar o jovem que tem pressa em aprender e pouca paciência.

É preciso cuidar desse jovem que inicia sua carreira para que a própria organização não acabe excluindo um talento que ainda não tem experiência com regras e seguir líderes.

DIFERENÇAS

Trainee é aquele jovem que está terminando o ensino superior ou já terminou. Pode ser aluno, recém-formado ou pode ter terminado seus estudos há dois ou três anos. A média de idade dos trainees varia entre 22 a 30 anos. As empresas os treinam, em geral, para ocuparem posições técnicas e até gerenciais. É um funcionário registrado pela empresa.

Estagiário é o estudante, maior de 16 anos, que está sob a responsabilidade e coordenação de uma instituição de ensino. Pode ser um aluno de curso superior, profissionalizante de ensino médio ou de escolas de educação especial. Não é funcionário da empresa, recebe uma bolsa-auxílio, que não é obrigatória.

Jovem Aprendiz é aquele contratado diretamente pelo empregador ou por intermédio de entidades sem fins lucrativos; que tenha entre 14 e 24 anos; esteja matriculado e frequentando a escola, caso não tenha concluído ainda o Ensino Fundamental; e esteja inscrito em curso ou programa de aprendizagem desenvolvido por instituições de aprendizagem.

O que eles têm em comum apesar das diferenças? Estão todos em busca de desenvolvimento, de chances dentro da empresa. Apesar de terem perfis diferentes, irão, dentro da organização, desenvolver uma atividade, interagir com seus pares e com as outras pessoas que formam o quadro da empresa. Estarão ligados à imagem da organização, muitos vão conseguir uma posição e fixar-se nela e outros precisam sair preparados para outras empresas.

Há necessidade que a organização não seja apenas um espaço de passagem, mas de verdadeiro preparo desses jovens para o mercado. A empresa deve deixar sua marca na carreira desses jovens, ainda que eles possam não vir a fazer parte do quadro permanente de funcionários.

 PROGRAMA

Segue um exemplo de projeto de Programa Trainee na Empresa para ser apresentado à direção: Objetivo – Captar jovens talentos para fazerem parte do quadro efetivo de funcionários da empresa, agregando a ela, através de seus conhecimentos  prévios  aliados aos conhecimentos de interesse da empresa que serão desenvolvidos, força de trabalho, desenvolvimento e ganho de mercado. Formando profissionais com o perfil da organização para serem futuros gerentes em até cinco anos.

A justificativa para o projeto é que faz-se necessário, a partir do momento em que jovens talentos têm sido formados pelas universidades e pouco aproveitados em toda a sua potencialidade. Percebendo isso, várias empresas possuem um programa de trainee consolidado, porque entendem o valor agregado desses jovens aos seus negócios. Sendo essa empresa uma organização voltada para o futuro, é indiscutível trazer e fixar em seus quadros esse talento humano, além de proporcionar ao jovem treinamento e desenvolvimento continuado.

Descrição geral da empresa: médio porte, do ramo de embalagens personalizadas, com número atual de funcionários 300, localizada na zona Sul da cidade. A empresa conta com os setores de RH, DP, serviços gerais, manutenção geral, segurança patrimonial, recepção, produção, criação, transporte, compras, estoque, almoxarifado, financeiro, gerência geral.

As empresas esperam dos jovens que sejam bons profissionais, atuantes, que estejam alinhados com as competências de mercado, antenados com as tecnologias e saibam usá-las para trazer produtividade às empresas. E que saibam manejar o conteúdo de sua área de atuação trazendo-o para o contexto financeiro da empresa. Todos esses requisitos exigem dessa geração high tech personalidade, diferencial produtivo. Fatores como competência, que é o saber prático, saber fazer e acontecer, são considerados importantes, além de conhecimento teórico na área de atuação. Há necessidade de flexibilidade, conduta assertiva e proatividade. Precisa atuar em equipe, onde cada um desenvolve uma tarefa e todos juntos conseguem atingir objetivos finais. Perfil de liderança e habilidade para tomar decisões e ética, visão holística e espírito empreendedor também são características esperadas pelos empregadores.

A atuação do psicopedagogo na empresa deve ser aquela que leva o indivíduo à reflexão sobre seu desenvolvimento dentro das organizações, levando-o a crescer e trazer resultados condizentes com a missão e visão da empresa. Assim, outro ponto importante é incentivar o jovem a organizar um networking, que é uma rede de contatos. Não tem nada a ver com rede de amigos, de amizade, pode até acontecer, mas é uma relação puramente profissional. Alguém ajuda alguém já antevendo o dia em que poderá precisar também de alguma ajuda. Amigos não cobram favores, enquanto os integrantes de uma rede de contatos dependem disso para continuar a ser uma rede de contatos.

Trocar e-mails de mensagens não é um networking, mas apenas uma relação informal. Networking pressupõe “auxílio profissional”. Não se trata de fazer contato com pessoas que você não conhece, e sim com as que você conhece bem, para que elas indiquem a você, por exemplo, um serviço ou um pro- duto que sua empresa precisa e você não sabe quem oferece. É pedir para ser apresentado a alguém que irá agregar valor ao seu trabalho na empresa.

Dentro da empresa, o psicopedagogo precisa ter um bom relacionamento com todos. Ninguém pode achar que ele pertence a um grupo e não a outro. Ele deve manter-se o mais isento possível em suas relações, sem perder o vínculo com todos. Não é fácil, porque às vezes pode parecer que as relações são artificiais demais. Na verdade, ele deve conversar com todos e estar atento a tudo.

O psicopedagogo, em sua área de atuação na empresa, a educacional, deve manter contato com as instituições parceiras onde os jovens realizam seus treinamentos. Todos os estabelecimentos de ensino, nos quais se confiam funcionários para realizar treinamento, devem perceber que a empresa que dá suporte a eles é organizada e as responsabilidades educativas estão sob responsabilidade de um setor, e nesse setor há uma pessoa competente para realizar negociações, matrículas e tirar dúvidas.

 COMO O JOVEM DEVE ESCOLHER A PROFISSÃO

O que o jovem deve levar em conta, no momento de escolher a profissão?

Deve considerar as áreas do conhecimento nas quais possui afinidade e interesse, levantar informações sobre o mercado de trabalho no qual quer estar inserido profissionalmente, por exemplo: oferta de oportunidades para a área que deseja, competências exigidas para o cargo, remuneração oferecida e, se possível, ter contato com profissionais que já atuam na profissão almejada. Dada a importância de um networking. A constante atualização na área educacional possibilita o aperfeiçoamento contínuo, entender melhor o contexto e o ambiente no qual está inserido, ou que se quer inserir e estar a par das inovações, tecnologias e mudanças, trocar conhecimento, informação e experiências no caso de um curso importante na sua formação, Essa atualização educacional também influenciará na colocação, na posição do profissional no mercado de trabalho. Há empresas que fazem um trabalho muito sério na inserção de jovens no âmbito profissional e oferecem ferramentas internas para obtenção do desenvolvimento desses aprendizes, estagiários e trainees:

Problemas com a realização de tarefas. 2

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 9 – EXPANDINDO A “ZONA DO TRONO” NA TERRA ASSIM COMO É NO CÉU

 

Pastores de todo o país costumavam me chamar para pregar o “avivamento” em suas igrejas locais, esperando que eu pudesse ajudá-los a levantar os ânimos e talvez ganhar umas poucas pessoas para o Senhor. Tudo aquilo terminou no dia em que minha carreira de pregador foi arruinada por um encontro Jacó em Jaboque “detonante” com Deus.

O evangelista outrora respeitado que eles conheciam foi transformado em um Caçador de Deus quebrantado e chorão, com manqueira permanente e perpétua fome por mais. Meu coração ainda arde para ver os perdidos vindo a Jesus, mas não estou mais interessado no tipo de avivamento que o povo vem para ouvir um homem pregando. Estou em busca do “Avivador” – quando Ele vier à cidade, o avivamento virá com Ele.

Deus mudou meu “nome” em um encontro que deslocou minhas credenciais denominacionais e murchou minha dependência ao meu dom de pregação. Isso foi tão completamente que, a maior parte do tempo, tudo que eu posso fazer é ficar em pé diante de uma congregação e chorar por Sua presença. É difícil definir o que eu sou atualmente, então, basicamente criei o termo “Caçador de Deus” para descrever isso. Mas eu posso lhe dizer o que estou procurando: Estou procurando uma experiência da sarça ardente que desencadeia a libertação da escravidão para todos dentro dos limites de Sua “zona de trono”.

Um amigo meu inventou o termo “zona do trono” para descrever a atmosfera de adoração que ocorre ao redor do trono de Deus. Se de algum modo pudermos recriar a “zona do trono” na Terra como é no Céu, em nossas igrejas e reuniões, se nossa adoração se tomar tão atrativa que a presença manifesta de Deus passar a ser presente em nosso meio, então veremos a glória de Deus começar a fluir completamente em nossas cidades. Quando isso acontecer, os perdidos virão maciçamente para Cristo de modo como nunca vimos antes. Ele disse: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.” – (Veja João 12:32). Temos nos concentrado no “atrair” em vez de no “levantar”!

Esta afirmação é mais do que uma metáfora de ensino ou uma frase memorável de um pregador. E uma realidade espiritual revelada na visão do profeta Ezequiel milhares de anos atrás. O profeta viu um rio “significando a glória de Deus” fluindo de debaixo das portas do Seu santuário celestial e entrando no mundo, trazendo vida aonde quer que fosse. A profundidade do rio era mais rasa na porta do santuário, mas ficava mais profunda à medida que fluía. Rios naturais são rasos em sua foz e fluem mais rápido, mais profundo e mais largos à medida que seguem na direção do oceano. Esta é uma figura do “avivamento típico-de-Deus”.

O QUE ACONTECE QUANDO A GLÓRIA DE DEUS CAI SOBRE UMA CIDADE?

Deus é poderoso para “fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos.” – (Efésios 3:20). E Ele quer fazer algo tão grande que não somos capazes de conceber a magnitude ou dimensões. Ele Se moveu sobre os homens no passado e tem Se movido sobre nossa geração em certa proporção. Eu sou grato pela maneira como Ele tem visitado lugares como Toronto, Ontário, Pensacola, Flórida, Houston, Baltimore, Maryland e Londres, Inglaterra. (Há inúmeros outros lugares na América do Sul, África, Austrália, Europa e no Oriente.) Ainda assim, tenho de lhe dizer que ainda não vimos o que acontece quando a glória de Deus cai sobre uma cidade. Sabemos como é quando Deus visita uma igreja, mas ainda não vimos o que acontece quando Ele visita uma cidade.

Um verdadeiro avivamento deveria afetar a cidade como a enchente da glória na visão de Ezequiel afetou Jerusalém e as nações. Ele deve acontecer na Igreja primeiro, porque determinamos o padrão e o passo para o que acontece na cidade. No entanto, o que vemos em nossas reuniões seria nada se comparado ao Seu poder manifesto revelado nas ruas! Atos 2 novamente, Senhor!

FALSAS PREMISSAS SOBRE O AVIVAMENTO E UNÇÃO PRODUZEM MAL-ENTENDIDO

Às vezes, temos falsas premissas sobre avivamento e as pessoas que Deus usa em verdadeiros avivamentos. Essas falsas premissas sobre avivamento e unção podem produzir muitos mal-entendidos. Alguém pediu a Duncan Campbell para definir avivamento e ele tocou nisto em sua resposta:

“Primeiro deixe-me lhe dizer o que eu entendo por avivamento. Uma campanha evangelística ou uma reunião especial não é avivamento. Em uma campanha ou cruzada evangelística bem-sucedida, haverá centenas ou mesmo milhares de pessoas aceitando Jesus Cristo. Contudo, a comunidade pode permanecer inabalável, e as igrejas continuarem as mesmas de antes do evangelismo.

Mas no avivamento, Deus Se move na região. De repente, a comunidade se torna consciente de Deus, e o Espírito de Deus prende a atenção de homens e mulheres de tal maneira que mesmo o trabalho é renunciado à medida que as pessoas se dão para encontrar Deus. No meio do Despertamento de Lewis (que chamamos de avivamento Hebrides), o ministro da congregação… escreveu: ‘o Espírito do Senhor estava repousando maravilhosamente sobre as diferentes cidades da região. Sua presença estava nas casas das pessoas, nas campinas, nas montanhas e nas rodovias públicas. ’

Essa presença de Deus é a característica suprema de um avivamento enviado por Deus. Das centenas de pessoas que encontraram Jesus Cristo durante esse tempo, pelo menos 75% foram salvas antes que chegassem perto de um culto ou ouvissem um sermão meu ou de qualquer outro ministro da congregação. O poder de Deus estava se movendo em uma operação na qual o temor de Deus se prendeu às almas dos homens antes mesmo de eles chegarem às reuniões.”

Eu nunca estarei feliz em meramente ver a glória de Deus fluir nos belos corredores acarpetados das nossas igrejas. Eu quero vê-Lo fluir na rua principal em uma incontrolável e ininterrupta enchente de glória que carrega tudo que está em seu caminho. Eu quero que Sua glória invada os shoppings, lojas de conveniência, as casas de saúde e bares em toda a cidade. Eu quero ouvir pessoas que não são da igreja dizerem que tiveram de abandonar um caro prato principal em seu restaurante favorito para seguir o caminho da glória de Deus em direção a uma igreja, em algum lugar, e questionar: “Alguém me diga o que fazer!”

Se bons sermões e boas músicas fossem salvar o mundo, ele já estaria salvo. Há um ingrediente faltando, e este “ingrediente divino” está batendo na porta. O avivamento Hebrides fornece um sinal do que acontece quando a glória surge. Enquanto estava descrevendo os primeiros dias do movimento das Ilhas Hebrides, Duncan Campbell se lembrou do encerramento de um culto em uma igreja lotada, quando notou que a congregação parecia relutante em se dispersar. Muitas das pessoas simplesmente estavam em pé do lado de fora do templo da igreja em um silêncio que era quase tenso.

“De repente, ouviu-se um grito vindo de dentro da igreja. Um jovem rapaz mergulhado na busca pela Salvação de seus amigos estava derramando sua alma em intercessão.” Campbell disse que o homem orou até entrar em colapso e deitar prostrado no chão do templo da igreja. Ele disse: “A congregação movida por um poder ao qual ela não podia resistir, voltou para dentro da igreja e uma onda de convicção se apoderou da reunião, movendo homens fortes a chorar diante de Deus por misericórdia.”

“DEUS, VOCÊ PROMETEU!”

u perguntei a um amigo inglês sobre este incidente e ele ouvira Duncan Campbell falar sobre isso. Ele me disse: “A maioria das pessoas já tinha deixado a igreja de acordo com o Sr. Campbell, mas ele disse: ‘O carteiro se colocou em pé, orou e então aquele jovem se levantou. Eu nunca me esquecerei das palavras que ele disse: “Ó Deus, Você prometeu!” De repente, houve um som parecendo que rodas de carroça estavam soando alto e continuamente no telhado do prédio da igreja. A próxima coisa que soubemos foi que a igreja estava se enchendo de gente novamente!’”

Eles souberam, mais tarde, que muitas das pessoas que já estavam a caminho de casa, sentiram, de repente, serem chamadas para refazer o mesmo caminho e retornar ao templo da igreja para orar. Durante alguns pontos do avivamento de Hebrides, Campbell disse: “A maioria deles (os convertidos a Cristo) somente vieram à igreja para nos dizer que haviam se convertido. Eles estavam tecendo no tear ou arando o campo quando Deus os convenceu. Eles simplesmente apareceram para dizer: Onde devo me unir e o que eu faço?’”

Estou tão cansado das manipulações dos homens suplantando a glória de Deus, achando que são os sermões bobos que eles pregam ou as canções bobas que eles cantam que causam alguma coisa! Ele é a causa original. Se não temos uma visitação soberana de Deus, estamos com problemas. Devemos parar de olhar para o homem. Nós somos os jovens (ou os velhos ou as mulheres) que se levantarão em nosso meio e dirão: “Deus, Você prometeu!”

Precisamos parar de procurar pelo poder de Deus no púlpito. Temos colocado enorme pressão sobre os servos de Deus para tentar manipular e criar o que só pode vir de Deus. Precisamos esperar n’Ele e buscá-Lo até que algo aconteça nos céus!

A VOZ DA ORAÇÃO MISTUROU-SE COM OS GEMIDOS DOS ARREPENDIDOS

De acordo com Duncan Campbell, esta visitação divina simplesmente continuou. Eles provaram uma medida de habitação divina que balançou a região. “Certa tarde, quando a congregação estava deixando a igreja e se dirigindo à rua principal, o Espírito de Deus caiu sobre o povo com poder Pente-costal. Nenhuma palavra pode descrever aquilo. Em poucos minutos, a consciência da presença do Altíssimo se tornou tão maravilhosa e tão dominante que todos só podiam dizer como Jacó, antigamente: ‘Com certeza, o Senhor está neste lugar.’” E lá debaixo dos céus abertos e ao lado da beira da estrada, a voz da oração foi misturada com os gemidos dos arrependidos, à medida que a graça gratuita acordou os homens com a luz que veio do alto.

Logo toda a ilha estava envolvida em um forte movimento do Espírito, trazendo profunda convicção de pecado e fome por Deus. Este movimento era diferente do ocorrido nas outras ilhas: enquanto em Lewis (ilha) havia manifestações físicas e prostrações, aqui não houve, mas a obra foi da mesma forma profunda, e o resultado foi contínuo.” Isto é uma figura, uma amostra, da vontade de Deus para a Igreja hoje.

E papel da Igreja dar à luz aos propósitos de Deus nesta geração. Durante anos em que pastoreei uma igreja, costumava dizer aos casais que estavam esperando seu primeiro bebê: “Eu preciso lhes dizer que a vida de vocês vai mudar completamente quando o bebê nascer.” A resposta típica que davam era uma espécie de aceno com a cabeça e um sorriso: “Sim, sim, nós entendemos.” Eu queria simplesmente pegá-los pelos ombros e olhá-los nos olhos e dizer mais uma vez: “Não, não, vocês não entendem! Na verdade, não têm nem ideia. Vocês acham que sim, mas na verdade não entendem.”

VOCÊS NÃO TÊM IDEIA

Muitos de nós nos sentamos juntos em nossas reuniões de “avivamento” e acenamos com a cabeça e sorrimos e dizemos: “Sim, nós sabemos o que é avivamento e estamos prontos para ele.” A verdade é que não temos ideia. O propósito original da Igreja era para ser um lugar de encontro entre Deus e o homem, não um glorificado “clube-me-abençoe” ou lugar de recebimento aonde o homem vem somente para receber de Deus. A Igreja não foi criada como um meio-de-me-abençoar espiritual, onde podemos rolar na unção e nos lambuzarmos. A Igreja foi criada para você dar algo de si mesmo a Ele.

Se quisermos restaurar a Igreja ao seu poder original, devemos tomar a receita essencial de Deus para o avivamento em 2 Crônicas 7:14: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar…” Mas a próxima frase revela o passo que vai além da oração. Deus disse: “E se buscar minha face.” (NKJV) Achamos que sabemos tudo que se tem de saber sobre oração. Dizemos que entendemos de oração e recitamos orações, podemos até mesmo prevalecer em oração. Ainda sim, pondero sobre quantos de nós entendem completamente o comando de Deus em 2 Crônicas para buscar Sua face? Devemos buscar a face de Deus, não Sua mão. Oração é fazer petição – “buscar Sua face” é tomar posição.

Devemos abandonar a adoração baseada-em-entretenimento que coça nossas orelhas, e encorajar nossos desejos egoístas para constantemente ouvir algo, sentir algo ou fazer algo que nos faça sentir bem. Você não está com fome por mais1 Algum dia, em algum lugar, nos encontraremos para buscar a face de Deus, e a Sua glória irá instalar-se entre nós. Quando isso acontecer, não deixaremos aquele lugar apenas com um toque temporário da unção de Deus. Todos que contemplarem Sua glória sairão dramaticamente diferentes de antes d’Ele ter vindo.

IMAGINE A GLÓRIA DE DEUS PRENDENDO A ATENÇÃO DE COMUNIDADES INTEIRAS

Precisamos de milhares de experiências como a da estrada de Damasco, onde a glória de Deus seja revelada a uma multidão de pessoas de uma vez.

Certa vez, a presença manifesta de Deus transformou Saulo de Tarso de um perseguidor a um propagador do evangelho. Agora, imagine a glória de Deus prendendo a atenção de comunidades inteiras com convicção, após envolver todos na luz de Sua glória!

Essa é a maneira de ganhar o perdido. E se a adoração for feita corretamente, então ganhar almas e chamados para o altar não gastará muitas palavras. Simplesmente diga: “Venha”; e eles virão. Por quê? A adoração atrai a presença de Deus, e Sua presença afasta qualquer outra coisa. Isso significa que as pessoas na “zona do trono” podem ter recebido, pela primeira vez, a oportunidade de uma escolha de liberdade quando Sua presença vem.

O avivamento vindouro não será sobre sermões e informação; mas, sim, a respeito de adoração e doação. A pregação da Palavra não cessará, mas os sermões que virão servirão para o mesmo propósito do sermão improvisado de Pedro no Dia de Pentecostes. Eles não vão necessariamente produzir ações desejáveis nas pessoas; elas virão após o do acontecimento para explicar o que aconteceu depois que “Deus desceu”. (Agora, tendemos a pregar pela fé antes da manifestação e desejar que aconteça.) A adoração atrai a presença de Deus.

O “DE REPENTE DE DEUS” REQUER O “ESPERAR DO HOMEM”

“De repente”, veio uma experiência da sala superior onde Ele escancarou as janelas do Céu e desceu bem rápido. Isto é o que queremos: a invasão de Deus, aquele “de repente” de Deus. Mas não se tem o “de repente de Deus’’ sem o “esperar do homem”. Precisamos buscar a face de Deus. Não podemos mais estar satisfeitos somente com o fato de Deus deslizar Sua mão para baixo do véu para distribuir as bênçãos do evangelho para nós. Queremos que o véu se rompa e desejamos passar através dele para o Santo dos Santos e ter um encontro transformador com Ele. Então, precisamos manter esse véu aberto com a mesma paixão de Davi, e adorar para que a glória de Deus se manifeste nas ruas da cidade.

A Igreja está grávida com os propósitos de Deus. Nosso corpo parece inchado; nossa barriga está distendida. Não sabemos quando ou onde o bebê irá nascer, mas sabemos que um bebê está para nascer e estamos desesperados. Para ser honesto, espero que você viva com tanta frustração santa que não possa dormir esta noite. Eu oro para que uma fome inquietante pela presença de Deus cresça em seu coração com resultados devastadores. Quero que você seja “arruinado” para qualquer coisa, exceto para os propósitos d’Ele.

No dia em que a Igreja subir para construir um trono de misericórdia de acordo com o padrão do Céu, Deus dirá adeus para Miguel e Gabriel e, literalmente, estabelecerá uma “zona do trono” em nosso meio! Deixe-me assegurá-lo de que quando a glória de Deus aparece desta forma, não precisamos fazer propaganda para promover nada. Uma vez que o Pão do Céu tomar Seu assento entre nós, os famintos virão.

“Pai, inflame-nos as chamas da fome. Que nunca mais sejamos os mesmos. Incendeie nosso coração.”

Esta é a única maneira pela qual você e eu podemos pagar o preço da obediência para criar a “zona do trono” na Terra. Precisamos deixar que nosso coração esteja tão quebrantado diante d’Ele, que as coisas que quebrantam Seu coração também quebrantem o nosso.

Coloque sua mão em seu coração, se você tem coragem, e ore esta oração: “Quebre meu coração, Senhor; Eu não quero ser o mesmo.

Amoleça meu coração, Senhor Jesus, E deixe-me habitar em Sua presença.”

A MANEIRA INFALÍVEL DE ABRIR AS PORTAS DO CÉU

Há uma maneira infalível de abrir as portas do Céu e fechar as portas do inferno, sobre as potestades e principados das trevas que regem em sua região. Ore, arrependa- se, interceda e adore a Deus até que você escancare um buraco nos céus e Deus acenda a luz da Sua glória. As forças satânicas fugirão em todas as direções!

Mesmo nossa melhor “guerra espiritual” e nossos gritos mais altos contra as forças demoníacas não podem se comparar com o poder liberado quando Deus acende a luz da Sua glória. As coisas como estão não andam funcionando. Não conseguimos que as pessoas do mundo entrem em nossas igrejas – Nosso estilo de vida tem convencido as pessoas de que não temos nada a lhes oferecer. Devemos levar o “Deus da Igreja” até eles. Depende de nós. Podemos continuar satisfeitos com nossas dietas brandas de cultos sem poder, intercalados com alguns “bons” cultos a cada ano, ou podemos nos dedicar a Deus a qualquer custo. A maioria de nós se sente desconfortável com mudanças, mas a mudança é uma parte do que Deus está para fazer. Ele está redefinindo a Igreja e tornando nossos rótulos religiosos totalmente obsoletos. Eu posso lhe afirmar isto: Sua presença manifesta será suprema. Isto significa que não terá realmente importância quem fala, quem canta, quem ora ou quem faz qualquer coisa nesses cultos – contando que Ele esteja lá.

PEGO NUMA EXPLOSÃO DA SUA PRESENÇA!

As pessoas não entendem o que significa ser pego numa explosão da presença manifesta de Deus. Duncan Campbell descreveu um incidente em Hebrides que ficou gravado em sua memória.

A meu pedido, diversos líderes da congregação visitaram a ilha, trazendo com eles um jovem rapaz que recentemente havia conhecido a Salvação. Após um tempo de oração no chalé, fomos para a igreja e a encontramos lotada. Mas raramente eu experimentara tal dependência do espírito, e pregar estava muito difícil, tanto que, estando somente na metade da minha pregação, eu parei de pregar.

“Somente então, avistei este jovem rapaz que estava visivelmente quebrantado e parecia estar profundamente no fogo do Espírito. Apoiando-me sobre o púlpito eu disse: ‘Donald, você poderia nos dirigir em oração.’ Houve uma resposta imediata e, naquele momento, os portões da enchente do Céu se abriram e a congregação foi alcançada como que por um furacão, e muitos clamaram por misericórdia.

“Mas a característica mais marcante desta visitação não foi o que aconteceu lá na igreja, e, sim, o impacto espiritual na ilha. Homens, que até aquele momento não tinham nenhum pensamento de busca a Deus, foram repentinamente arrebatados de onde estavam em pé, assentados ou deitados e se tornaram profundamente preocupados com a própria alma até que disseram: Isto é o agir de Deus.”

EU QUERO QUE OS CÉUS SE ABRAM SOBRE CIDADES INTEIRAS

Estou cansado de ler o cardápio do avivamento programado. Quero que os céus se escancarem sobre cidades inteiras, mas a Igreja sabe muito pouco sobre este tipo de evangelismo. Nossa especialidade parece ser “evangelismo programado”. Sabemos como fazer chamadas telefônicas, enviar cartas e bater nas portas de maneira organizada para ganhar almas para Cristo, e sou grato por cada alma que veio a Cristo por esses métodos.

Também sabemos sobre “evangelismo de poder”, o método de ganhar almas introduzido por igrejas americanas há quase vinte anos pelo falecido John Wimber. Também é um programa, mas mistura a unção que cura com evangelismo organizado.

Devemos aprender como atrair Deus para a Igreja de tal maneira que Ele possa manifestar Sua glória livremente. Quando isto acontecer, não teremos que nos preocupar em atrair os homens. Deus mesmo o fará. O evangelismo da “presença” ocorre quando Jesus é exaltado em toda a Sua glória, porque Ele prometeu que atrairá todos os homens a Si. – (Veja João 12:32). Quando assumimos a responsabilidade de atrair as pessoas para a igreja, tudo que conseguimos é uma multidão.

Tentamos atrair o homem, achando que este trabalho é nosso. Quando é que iremos aprender?

O principal propósito da Igreja é atraí-Lo!

O mais importante é simplesmente isto: precisamos mais de Deus e menos do homem. Precisamos de pessoas que vão orar até que o céu desça, clamando: “Deus, Você prometeu!”

Você pode estar bem na porta da “zona do trono” neste exato momento. Deus quer encontrá-lo onde está. Você pode permitir este compromisso divino com uma doação de Deus que pode levar avivamento para sua igreja e cidade e trazer os pródigos de volta à família. Mas ninguém pode fazer isso por você. Você tem de andar pessoalmente por aquela porta de morte chamada arrependimento. A glória de Deus está somente esperando do outro lado, mas somente homens mortos podem ver Sua face. Apenas adoradores quebrantados podem construir o trono de misericórdia mediante a adoração quebrantada, purificada e arrependida. E possível que você seja o “alguém” que mudará o destino da nação.

Quando o povo perguntou a John Wesley como ele dirigiu tão grandes multidões e levantou tantas pessoas a Cristo, ele lhes disse: “Eu simplesmente me enchi do fogo por Deus e as pessoas vinham para me ver queimar.” Alguém tem de começar o fogo. Se não for você, então, quem será? Se não for aqui e agora, então onde e quando? Somente lembre-se de que você não tem direito de orar pedindo o fogo de Deus a não ser que esteja querendo ser o combustível de Deus!

EU NÃO PODIA MAIS CORRER!

Coisas milagrosas acontecem quando a glória de Deus começa a descer sobre um lugar. Eu sei de uma igreja na Geórgia, onde uma explosão de Deus começou a invadir a comunidade fora do prédio da igreja. O testemunho de uma mulher ilustra em um pingo o que estou pedindo que venha como uma torrente. Ela me disse:

Três domingos atrás, eu estava sentada na minha sala de jantar a aproximadamente 1 km de distância da igreja. Eu não sei o que era, mas um espírito, a presença de Deus entrou na minha sala. Eu estava sentada ali fumando um cigarro Malboro, bebendo Budlight e assistindo canais de TV quando a presença de Deus simplesmente entrou na minha sala de estar. Eu fugi dela primeiramente. Na verdade, me levantei e fui para a cozinha.

Na primeira semana, eu podia ir da cozinha para a sala. A presença estava apenas na sala e não na cozinha. Na semana passada, ela não somente entrou na sala, mas invadiu a cozinha. Então fui para meu quarto.

Nesta manha, levantei-me e ela tinha se estendido até o meu quarto e eu não podia mais correr. Eu sabia que ela estava vindo daqui, e eu simplesmente tinha de vir.”

Aquela mulher foi salva naquela noite, e o seu testemunho ilustra perfeitamente a maneira pela qual “o evangelismo da presença” invade uma cidade. Se você tomar o testemunho dela e multiplicá-lo por centenas e milhares e milhões de vidas, poderá vislumbrar o que Deus tem guardado para esta geração se pudermos criar uma “zona do trono” da Sua presença que simplesmente continue movendo pela cidade. Quando isso acontece, as pessoas não são mais capazes de correr, pois a misericórdia e a graça estarão fluindo pelas ruas da cidade. Este rio de glória se tornará mais largo e mais fundo quanto mais longe ele for. Deus, faça isto!

Pai, dá-nos um coração quebrantado, como o Seu coração estava quebrantado, e permita que adoradores com asas amassadas construam um lugar de habitação. Viramos nossas costas para o que é bom, para buscar o que é melhor. Queremos Sua Kabod, Sua glória, ó Deus. Pai, obrigado pela unção e pelo que ela faz. Mas isso ainda cheira como homem. Nós oramos: “Que o homem morra e que a glória de Deus venha”.

Alguém precisa orar a oração de Moisés: “Mostre-me Sua glória.” Precisamos da glória de Deus em nossas igrejas, casas e escolas públicas. Eu busco o dia em que um jovem inclinará sua cabeça para orar no pátio da escola e a glória de Deus repentinamente cairá sobre a escola inteira! Temos tido sangue de estudantes derramado pelos corredores. É hora do sangue de Jesus fluir nas escolas.

ELE SÓ VIRÁ ATRAVÉS DAS BRECHAS DO NOSSO QUEBRANTAMENTO

Precisamos de Deus no nosso meio. Se construirmos o trono de misericórdia, Ele virá. Queremos que Deus Se manifeste em nossas igrejas. Ele só virá através das brechas do nosso quebrantamento, não pela inteireza da nossa arrogância. Somente vasos terrenos quebrantados podem conter a glória celestial. Não faz sentido, mas é verdade.

Eu não posso ministrar nada sobre você a não ser minha fome. Eu tenho fome de Deus, e Ele nos prometeu suprir nossas necessidades. “Bem-aventurados os que têm fome e sede… porque eles serão fastos.” – (Mateus 5:6). A glória não pode vir sobre um vaso cheio. Devemos clamar por mais d’Ele e menos de nós. Devemos esvaziar nossas taças de ‘nós mesmos’ antes que Ele possa enchê-las de Si mesmo. Essa é a única maneira de abrir os céus e liberar a glória de Deus sobre nossas cidades.

Você pode imaginar o que acontecerá se nos esvaziarmos de nós mesmos e a presença manifesta de Deus vier? O que acontecerá quando a presença manifesta d’Ele repousar sobre uma igreja em uma cidade? Devemos criar uma “zona do trono” e expandir os parâmetros da presença manifesta de Deus onde Sua glória esteja disponível para todos sem véu, parede ou porta.

Quando não há barreira entre Deus e o homem, você poderá ouvi-Lo se Ele sussurrar. Não será preciso um vento de Deus com a força de um furacão para mover você; pelo contrário, será apenas um suave vento, a menor brisa, o mais leve sussurro do Seu coração. Se pudermos criar um lugar tal, mediante a nossa adoração arrependida e “amassada”, Deus virá. O tabernáculo de Davi era Sua “casa favorita” por causa da sua adoração de intimidade sem véu. É esta atmosfera de intimidade que cria um lugar para a divina habitação – uma “zona do trono” na Terra como no Céu – a casa favorita de Deus.

Jesus, deixe Sua glória fluir, deixe-a fluir. Nós buscamos Sua face. 

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

OBSTÁCULOS A SEREM VENCIDOS

Fatores psicológicos na formação de adolescentes e adultos jovens os deixaram mais vulneráveis ao sofrimento e à depressão, e a resiliência pode ser um aspecto esclarecedor para entender esse fenômeno

Obstáculos a serem vencidos

Nas entrevistas sobre transtornos de humor que concedo a diversos tipos de mídia, uma pergunta quase obrigatória é sobre um suposto aumento da prevalência de depressão em nosso meio. A percepção do aumento do número de casos é quase unânime, mas sabemos que uma percepção não corresponde necessariamente a um fato. Qualquer afirmação que se faça sobre algo tão objetivo quanto a epidemiologia de um transtorno deve estar obrigatoriamente embasada por dados. Minha resposta invariavelmente versava sobre a maior divulgação e o menor grau de preconceito e estigma em relação à depressão.

Apesar de ainda precisarmos avançar muito nesses pontos, há uma compreensão crescente sobre os transtornos psiquiátricos em geral e sobre a depressão em particular, o que leva ao maior reconhecimento dos quadros e a diálogos mais abertos sobre o tema, nos diversos níveis sociais. Isso pode conduzir à percepção de que estamos tratando de um problema da contemporaneidade ou que, no mínimo, recrudesceu em nossos tempos. Esse era meu comentário até o final de 2017, quando um grande estudo populacional norte-americano trouxe dados reveladores. Mais de 600 mil pessoas dos 50 estados e do distrito de Columbia foram seguidas de 2005 a 2015.A prevalência de depressão no último ano subiu de aproximadamente 6,6% para 7,3%. Veja abaixo quadro Evolução na prevalência de depressão no último ano nos EUA de 2005 a 2015.

Tal elevação pode parecer discreta, mas duas coisas chamam a atenção. A primeira é a tendência de alta. A segunda é a análise exploratória que investigou os grupos mais afetados nesse aumento de prevalência. Considerando variáveis socioeconômicas não houve aumento da prevalência preferencial em nenhum grupo, ou seja, o aumento acometeu indistintamente pessoas de diferentes níveis de renda. O mesmo aconteceu com nível de escolaridade, etnia e sexo. O grupo de risco mostrou-se evidente quando a análise separou as faixas etárias. Adultos jovens (18 a 25 anos) e sobretudo adolescentes (12 a 17 anos) foram os grupos responsáveis pelo aumento da prevalência de depressão nos EUA nos últimos 10 anos. Entre adolescentes o aumento foi de quase 6%, ocorrendo sobretudo de 2011 a 2015 e com tendência de alta.

Obstáculos a serem vencidos. 2

A questão óbvia que se impõe são os motivos para tal aumento, ou, em outras palavras, os motivos para que uma geração inteira tenha se tornado mais vulnerável ao adoecimento por depressão. Em epidemiologia é relativamente fácil constatar que um fenômeno existe, porém quase sempre é difícil atestar as causas desse fenômeno. No caso da depressão, que é um transtorno multifatorial e sem causa única definida, as dificuldades são ainda maiores. É preciso ser prudente em propor causas e explicações para um problema tão complexo. Mais ainda em propor soluções. A dicotomia diátese/estresse é um bom ponto de partida para se pensar nessa evolução na epidemiologia da depressão.

Para o desenvolvimento do transtorno, temos um organismo com vulnerabilidade e predisposição a determinada afecção (diátese) sobre o qual agem fatores ambientais em diferentes níveis (estresse), que podem aumentar as chances de precipitação ou perpetuação do quadro. Quais fatores podem ter mudado tanto e em tão curto intervalo de tempo, de modo a perturbar dessa forma o equilíbrio na balança diátese/estresse da prevalência da depressão? Lembremos que estamos falando de um grupo muito específico: uma geração de adultos jovens e, sobretudo, adolescentes, em um país desenvolvido e com relativa estabilidade institucional, econômica e social. Em um dos pratos dessa balança, o do estresse, seriam impensáveis alterações drásticas, salvo em situações de catástrofes, guerras ou grave crise social. E, ainda assim, tais estressores atingiriam em graus diferentes toda a sociedade, não apenas uma geração ou faixa etária específica. No outro prato da balança temos a diátese ou vulnerabilidade biológica e psicológica. Entre gerações subsequentes é inconcebível uma diferença relevante na vulnerabilidade biológica, contudo, quanto à vulnerabilidade psicológica, pode haver mudanças significantes. Um exemplo marcante foi a comparação entre veteranos norte-americanos da Segunda Guerra Mundial e veteranos da Guerra do Vietnã, que são de gerações subsequentes. Após a guerra, os primeiros foram menos vulneráveis ao transtorno do estresse pós-traumático e ao abuso de substância e tiveram melhor readaptação. Um complicador para a análise desse caso é que o contexto social e a visão do papel histórico desempenhado pelos soldados haviam se transformado muito entre as guerras. Hoje, não temos esse complicador: as gerações vivem o mesmo contexto, mas nem todas demonstraram maior vulnerabilidade ao adoecimento. Fatores psicológicos na formação desses adolescentes e adultos jovens os deixaram mais vulneráveis ao sofrimento e à depressão, e a resiliência pode ser um prisma esclarecedor para analisar esse fenômeno.

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O modelo diátese (ou vulnerabilidade) e estresse está historicamente atrelado ao modo de se pensar a pesquisa e a prática clínica em saúde mental. Uma mudança de paradigma seria inverter esse olhar, alternar o foco dos mecanismos que determinam a vulnerabilidade aos problemas de saúde para fatores que estimulem os indivíduos a permanecer saudáveis ou se recuperar rapidamente ao passarem por estressores sérios ao longo da vida. Não se trata de inverter a lógica do discurso sem real mudança do sentido. Ao olharmos para as evidências acumuladas em saúde mental, conhecemos muito mais os fatores de risco que os fatores de proteção. Ações de profilaxia primária são muito restritas e pouco estudadas. A maior parte das ações em saúde mental se dá tratando transtornos já insta lados, minimizando danos e posteriormente promovendo recuperação funcional.

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PARADIGMA

A prevenção de recaídas, ou profilaxia secundária, também faz parte do planejamento terapêutico. Contudo, muito pouco ou quase nada é investido em profilaxia primária, que visa evitar o desenvolvimento de doenças em pessoas com ou sem fatores de risco evidentes para tal desenvolvimento. Nesse contexto, o conceito de resiliência poderia ter destaque.

Todas as definições de resiliência propostas se referem a uma adaptação bem-sucedida após a transposição de um estressor grave. Uma definição seria o conjunto de características e recursos de um indivíduo que, sob condições de estresse, o possibilitam manter ou recuperar rapidamente sua homeostase física ou psíquica. Complementando essa definição, é importante pontuar que o exercício da resiliência se dá em um processo dinâmico, interativo e adaptativo com o ambiente. O objetivo desse processo seria minimizar o abalo ao bem-estar, o sofrimento, o risco de adoecimento e o prejuízo da funcionalidade e, em última análise, até mesmo incrementar essa funcionalidade.

Colocada dessa forma, a definição é abrangente e, com adaptações, pode ser usada em diversos contextos, da Psiquiatria ao esporte competitivo, do mundo corporativo ao neurodesenvolvimento e à Pedagogia. Dado meu viés clínico, citei a resiliência como um possível fator protetor quanto ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Nos esportes, a resiliência poderia estar relacionada à capacidade diferencial entre os atletas para superar estressares comuns à carreira, como lesões ou transições profissionais, ao atingir uma idade que limita resultados competitivos na modalidade. No mundo corporativo a resiliência pode, por exemplo, estar relacionada ao modo com que diferentes profissionais mantêm a funcionalidade e o bem-estar, diante da competitividade na carreira ou exigências como o cumprimento de metas. Essa adaptabilidade é uma virtude do conceito, mas também pode gerar distorções e maus usos. Certa vez, um amigo sugeriu-me simplesmente deixar de empregar o termo resiliência devido à banalização do seu uso em diversos meios, sendo usado como sinônimo de mera resistência às intempéries da vida. Essa simplificação é muito comum: confundir resiliência com resistência. É dessa confusão que advém uma ideia de que resiliência é uma questão de gerenciamento de estresse ou simplesmente de transpassar de cabeça baixa e com determinação as situações adversas. Mas é muito mais do que apenas atravessar situações, saindo do outro lado ileso ou com o mínimo de dano: antes, pode ser oportunidade de aprendizado e desenvolvimento, como veremos adiante.

DESENVOLVIMENTO

desenvolvimento da resiliência se dá desde a mais tenra idade. Experiências traumáticas durante a infância, por exemplo, são fatores de risco bem conhecidos para vários transtornos psiquiátricos ou comportamentos disfuncionais. Evidências convincentes que se acumulam ao longo do tempo nos estudos epidemiológicos confirmam relação causal entre trauma de infância e vários transtornos psiquiátricos na idade adulta. Contudo, muitas crianças expostas a traumas graves não desenvolvem psicopatologia, mas, ao contrário, adaptam-se com sucesso e recuperam-se rapidamente. Onde estaria o diferencial na formação dessas crianças? Dada a complexidade do conceito de resiliência, não há resposta unívoca para essa pergunta. Mas existe um denominador comum entre os autores dedicados ao tema: o papel do apego seguro.

A primeira fonte importante de resiliência na vida é o apego que a criança desenvolve com o seu cuidador principal nos primeiros anos. Em um relacionamento com apego seguro, o bebê ou a criança aprendem a integrar em uma representação mental suas experiências cognitivas e afetivas. Com base nas experiências desse relacionamento, a criança vai aprender a confiar nos outros, sobretudo no sentido de que estará protegida, no caso de ameaça ou adversidade. Trata-se de um relacionamento de proximidade e conforto, na busca por segurança quando confrontado por alguma situação de estresse. Crianças com apego seguro formam modelos internos nos quais o eu é percebido como digno, os outros são percebidos como disponíveis e confiáveis e ambientes hostis ou desafiadores são percebidos como gerenciáveis com apoio de outros. A base para o anexo seguro é criada desde os primeiros momentos da vida e continua a ser sedimentada junto aos pais ou outros cuidadores primários, ao longo da infância e da adolescência. O apego seguro resulta de uma relação parental de apoio, sensibilidade e responsiva, que está em sintonia com as necessidades e comportamentos da criança. O comportamento do cuidador é determinante. Estudos genéticos comportamentais com gêmeos indicam que o apego é de fato o resultado de influências ambientais apenas.

A formação do apego seguro dá­ se sobretudo no desenvolvimento dos vínculos primários na primeira infância, contudo ainda pode ser modulado ao longo da vida. Estratégias psicoterapêuticas específicas para aumentar bem-estar psicológico e resiliência devem promover intervenções que levem a uma avaliação positiva do eu, a uma sensação de crescimento e desenvolvimento contínuos e ao senso de pertencimento e posse de relações de qualidade com os outros.

Quanto às emoções positivas e à saúde, as evidências acumuladas fornecem cada vez mais suporte empírico para as teorias populares. As emoções positivas fornecem um antídoto útil para as emoções negativas que surgem nas adversidades e para problemas de saúde. Estudos sugerem que emoções positivas diminuem a experiência de dor e catastrofização relacionada aos estressores e parecem contribuir positivamente aos resultados de saúde em geral. O aumento da emoção positiva, na primeira semana de tratamento farmacológico da depressão, se relacionou com melhora e remissão da depressão em seis semanas. Curiosamente, esse efeito foi independente da diminuição das emoções negativas. Não apenas nos agravos à saúde, mas também na vida cotidiana, a experiência de emoções positivas durante momentos de estresse protege a saúde psicológica, tamponando a reatividade às emoções negativas a eventos estressantes.

A capacidade de gerenciar efetivamente a própria vida e um senso de auto­ determinação são importantes para a expressão de emoções positivas. Uma visão positiva diante da adversidade não é desenvolver um viés positivo de avaliação da realidade, como uma espécie de síndrome de Poliana aplicada ao momento presente. Diferente disso é conseguir visualizar possibilidades de ação e de autoafirmação, mesmo diante da pior das adversidades; é ter o senso de que coisas importantes estão sob controle e podem ser mobilizadas, mesmo em situações adversas que expõem nossa mais profunda fragilidade. Negar a emoção negativa diante da avaliação honesta de uma realidade adversa seria um “polianismo” infrutífero. Não se trata aqui de negar a emoção negativa, mas de nutrir emoções positivas. E a crença na possibilidade de reação é uma fonte primordial de emoções positivas.

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RELIGIÃO OU ESPIRITUALIDADE

A religião, ou a espiritualidade, sempre estará no cerne da questão quando falamos em propósito de vida. Em contraste com contextos momentâneos de prazeres, um senso de propósito de vida opera em um maior nível de experiência global, que é alimentado por valores pessoais e objetivos individuais, ou seja, está inserido na cosmovisão pessoal. Assim, a religião ou a espiritualidade não apenas trazem um propósito ou sentido de vida mais elevado como operam e constroem os alicerces, o conjunto de valores que suportam e elevam tal propósito. A espiritualidade parece favorecer o exercício da resiliência e é fator de proteção para os efeitos das experiências negativas de vida sobre a saúde mental. A espiritualidade, pela sua natureza, fornece um sentido transcendente para as experiências de vida. Porém, tal transcendência não precisa necessariamente ter um sentido espiritual. Um exemplo muito didático vem de um relato de caso do psiquiatra Victor Frankl, sobrevivente de um campo de concentração. Um paciente passava anos a fio por um arrastado luto complicado. Após décadas de um casamento harmonioso e que preenchia de amor e significado sua vida, esse senhor encarava a viuvez e velhice com total falta de sentido e motivação. Frankl encontrou um modo de fazer a reverência e o amor que esse senhor nutria pela esposa continuarem a dar sentido e propósito à sua vida, mesmo que de uma fom1a transcendente. Qual alternativa haveria à situação em que ele vivia, a de suportar a existência sem a pessoa que amou ao longo de toda uma vida? Diante dessa pergunta ele vislumbrou a única alternativa: que ele falecesse antes da esposa. Estaria ela então nesse momento carregando o fardo da saudade. Frankl relata que esse foi o início da resolução do luto. Ele havia encontrado um sentido transcendente para o seu sofrimento.

Foram apresentadas três colunas para o desenvolvimento da resiliência: apego seguro, emoções positivas e sentido de propósito. Qualquer abordagem centrada na resiliência precisa vislumbrar esses três conceitos, seja em ambiente pedagógico, ocupacional, familiar ou terapêutico. Dessas, a única para a qual existe uma janela de oportunidade de desenvolvimento bem definida, na infância e na adolescência, é o apego seguro. Expressão de emoções positivas é um exercício contínuo e o sentido de propósito aguça-se com experiência e maturidade. Mesmo quanto ao apego seguro, há possibilidade de mudanças e desenvolvimento ao longo de toda a vida. Sempre há margem para o fortalecimento das bases que determinam o melhor exercício da resiliência, mas são necessárias disposição, flexibilidade e direção.

 

 

 

OUTROS OLHARES

REMÉDIOS DA FLORESTA

O uso de tecnologia de ponta contribuirá para um melhor aproveitamento da biodiversidade nacional na produção de medicamentos

Remédios da floresta

Quando se contempla, a olho nu, o céu, límpido, à noite, o brilho mais intenso – capaz de sequestrar, inapelavelmente, nossa visão – é o que vem da estrela Sirius. Não por acaso ela chamou a atenção de poetas como o latino Horácio (6.5 a.C. 8a.C.), monumento literário da Antiguidade. Não por acaso ela empresta seu nome ao extraordinário acelerador de partículas que entra em operação em 2020 e constitui um dos mais ambiciosos empreendimentos da ciência brasileira. Com investimentos da ordem de 1,8 bilhão de reais, o Sirius ajudará a jogar luz sobre várias áreas do conhecimento. Suas primeiras aplicações serão no campo da medicina.

Situado em Campinas (SP), no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) – uma organização da sociedade civil que recebe recursos federais -, o Sirius será utilizado para ajudar em quebra-cabeças cuja resolução possibilitará o desenvolvimento de medicamentos com princípios ativos descobertos em meio à biodiversidade brasileira. Para tanto, o projeto Brazilian Biodiversity Molecular Power House (MPH) – batizado em inglês para facilitar sua inserção global – dedica-se a desvendar e analisar a estrutura de moléculas naturais de plantas, ervas etc. oriundas de várias regiões do país. Como fonte da chamada “luz sincrotron”, que permite enxergar substâncias em escala de átomos, o Sirius vai se alinhar entre os mais avançados equipamentos do gênero em todo o planeta – só a Suécia possui hoje algo similar.

A fim de dar curso a pesquisas que possam levar à produção de remédios realmente efetivos contra doenças ainda sem cura, como Alzheimer e Parkinson, o MPH trabalhará com parcerias, como a que firmou com a empresa nacional Phytobios, responsável pela realização de expedições regulares de bioprospeccão a quatro biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Anualmente entre três e cinco viagens são feitas para a coleta de material. A biblioteca de amostras da empreitada já tem mais de 600 espécies – e a tendência é aumentar. O Brasil, a nação mais biodiversa do mundo, figura como o laboratório vivo com maior potencial para despontar nessa área. Segundo Cristina Ropke, CEO da Phytobios, a opção pelos negócios sustentáveis é um modo estratégico de valorizar a floresta. “Com a extração de recursos naturais de forma controlada e responsável, podemos dar valor à natureza sem desmatar. Em vez de derrubarmos para criar pastos, vamos manejar para encontrar fármacos”, diz ela.

O laboratório farmacêutico nacional Aché foi o primeiro a apostar nos resultados do projeto iluminado pelo Sirius – ainda em 2017 ele firmou um contrato para o desenvolvimento de dois medicamentos. Com investimento inicial de 10 milhões de reais, o grupo espera encontrar resultados positivos para tratamentos oncológicos e para problemas de pele (nesse caso, com a produção de um fármaco ou mesmo de um cosmético). Até que um novo produto chegue ao mercado, o que deve ocorrer em treze anos o investimento poderá alcançar 200 milhões de dólares. De acordo com o diretor de inovação e novos negócios da Aché, Stephani Saverio, são poucas as drogas genuinamente baseadas em matérias-primas nativas do país – cenário que poderá se transformar de modo expressivo a partir das pesquisas com o Sirius. Entre as substâncias já aproveitadas pela indústria farmacêutica está a tubocurarina. um alcaloide venenoso que é o principal constituinte do curare, usado pelos índios sul-americanos em flechas para caça, e apresenta propriedades de relaxante muscular. Outra descoberta brasileira foi o peptídeo bradieinina, isolado do veneno da jararaca, importante para a terapia da hipertensão. Como exemplo se poderia citar ainda a pilo­carpina, encontrada no jaborandi e usada para tratamento de glaucoma e de xerostomia, um efeito adverso de boca seca provocado pela radioterapia com pacientes com câncer.

Por enquanto, o MPH vem conduzindo suas pesquisas no Laboratório Nacional de Luz Sincrotron, dentro do CNPEM, valendo-se de uma versão de acelerador anterior ao Sirius, chamada UVX, que está em operação há mais de vinte anos. Uma das diferenças entre as duas gerações desses equipamentos é a qualidade na resolução das imagens obtidas. Com um brilho maior e mais potente, o Sirius permitirá ver, e de forma mais rápida, detalhes que o UVX não tem potência para decodificar.

Para além do uso no desenvolvimento de fármacos, o Sirius será empregado, segundo o diretor-geral do CNPEM, Antônio José Roque da Silva, em áreas tão distintas quanto a exploração de petróleo e a paleontologia. “Temos o melhor instrumento. Para utilizá-lo adequadamente, precisamos de um investimento forte em ciência e tecnologia como política de governo. Sem a formação de cientistas e universidades consolidadas, não teremos as pesquisas de altíssimo nível que farão bom uso do Sirius”, enfatizou Roque da Silva. Nenhum país avança quando fecha os olhos para o firmamento científico.

NA VELOCIDADE DA LUZ

Como funcionará o acelerador de partículas Sirius, que vai entrar em operação em 2020 e, entre outras aplicações, poderá trazer soluções para a criação de remédios extraídos de moléculas de espécies brasileiras

1 – Um canhão libera elétrons – partículas de carga negativa -, que são acelerados linearmente e atingem uma velocidade próxima à da luz. O feixe de elétrons entra em uma trajetória circular e ganha ainda mais velocidade e energia.

2 – Movimentando-se em alta velocidade e com muita energia, os elétrons têm sua trajetória desviada pelos campos magnéticos criados por imãs presentes no acelerador. Forma-se, então, um tipo de radiação de amplo espectro e alto brilho, a chamada luz cincroton.

3 – O feixe de luz sincroton é direcionado para as amostras de cada estação de pesquisas do laboratório, revelando informações sobre o material analisado – no caso de exemplares extraídos de biodiversidade nacional, dados como formato e estrutura das moléculas que agirão como remédios no combate a diferentes tipos de doença.

Remédios da floresta. 2

 

 

GESTÃO E CARREIRA

GERAÇÕES DIFERENTES, OBJETIVOS SEMELHANTES

Ter no quadro de colaboradores profissionais com idades variadas é uma realidade e as corporações enfrentam o desafio de alinhar valores e códigos de comunicação muito distintos

Gerações diferentes, objetivos semelhantes

Não é de hoje que identificamos diversas gerações que trabalham juntas, mas possuem enormes dificuldades para encontrar a sinergia entre elas. Muitas são as mudanças tecnológicas, descobertas científicas e acadêmicas que impactam diariamente na vida profissional e pessoal dos indivíduos como um todo.

Além desse cenário, a transformação de pensamento, comportamento e de atitude das novas gerações aconteceu de forma muito rápida e complexa perante as demais. Assim, podemos dizer que existe um gap comportamental entre as pessoas de diferentes idades, que de certa forma faz com que os indivíduos se encontrem mais desconcertados, com a sensação de que perderam o controle sobre o significado e a finalidade da própria vida e do papel profissional.

Atualmente, em grande parte das empresas encontramos profissionais de quatro gerações. Todos interessados em solucionar os mesmos problemas, porém maneiras distintas, pois eles têm valores, motivações, expectativas e códigos de comunicação muito diferentes.

A maioria desses profissionais tem o mesmo objetivo: ascender na carreira e contribuir com o sucesso do todo. No entanto, nem sempre eles conseguem entrar em um acordo quando pensam nos meios para chegar a uma solução. Esse gap comportamental é um dos principais desafios encontrados pelos líderes atuais, uma vez que essa interação de gerações não depende do cargo. Pelo contrário, já é muito comum encontrarmos líderes mais novos que os liderados, ou seja, os profissionais precisam, urgentemente, encontrar pontos de referência e valores para nortear as ações das equipes multigeracionais. Além de moldar novos modelos estratégicos, equilibrando questões como inovação, desafios, competitividade e estabilidade de negócio.

Para que isso funcione, é fundamental entendermos um pouco das quatro gerações e suas principais diferenças. Por exemplo, as pessoas nascidas entre 1940 e 1970 podem entender as mudanças como acontecimentos negativos, que muitas vezes são encaradas de forma ameaçadoras e vividas como pressões indesejadas, já que correm o risco de perderem aquilo que foi conquistado ao longo dos anos como cargos, posições e benefícios. Esse comportamento não muito maleável dificulta o poder de inovação e está atrelado ao medo das rápidas e complexas mudanças no contexto profissional, pessoal e mundial. Dessa forma, pode surgir uma enorme ansiedade em provar que possuem as capacidades e competências adequadas no trabalho, e assim sendo impactados diretamente com desmotivação para conhecer novas soluções, ferramentas e técnicas inovadoras.

As gerações mais novas, nascidas entre 1971 e 1999, acreditam que ao fazer diferente vão conquistar posições novas e melhores, uma vez que não foram muito explorados e há um leque de oportunidades. Entretanto, demonstram muitos questionamentos às experiências dos mais velhos, tendendo a agir com certa teimosia, justamente por esse ímpeto inovador e destemido que apresentam.

De fato, tudo é um risco, mas a questão é estar com a cabeça aberta a um comportamento diferente e inovador. E isso inclui descobrir aquilo que já existe também. Não sabemos também se aquela certa estabilidade durará por muito mais tempo. Tudo é uma forma de olhar e de lidar com as circunstâncias.

São relevantes a sensibilização e a informação no contexto profissional, as diferenças entre as gerações, a importância da solidariedade entre elas e a valorização da diversidade, permitindo a mistura geracional eficaz. Assim como incentivar a mobilidade dos conhecimentos e competências, a troca de experiências e as atividades de integração – com atenção especial à comunicação e ao feedback – também é essencial.

Ao respeitar as diversidades podemos ter a consciência de que todos podem caminhar juntos, criando modelos muito mais valiosos e eficazes do que os desenvolvidos pelo indivíduo que produz sozinho. Dessa forma, promove-se o intercâmbio de ideias e a realização do trabalho em conjunto, o que aumenta o desempenho corporativo e a concretização de resultados.

Cada geração e cada pessoa têm uma riqueza a compartilhar. Sejam elas a maturidade e a experiência ou as ideias e propostas inovadoras. Nesse sentido, o importante é a diversidade favorecer a criação de um contexto mais satisfatório tanto no aspecto intelectual quanto emocional; ambos são a base da motivação, da qualidade do clima organizacional e de resultados positivos.

As diferenças acontecem justamente para pensarmos em novas soluções e possibilidades. Se estivermos abertos a pensar e agir de forma diferente, também estaremos agarrando uma enorme oportunidade: de conhecer novos horizontes, talvez até melhores do que aqueles que já dominamos. Isso é o que chamamos de vida que merece ser vivida todos os dias com um novo olhar. Contemplar novas paisagens pode significar apreciar as mesmas imagens, porém com novos olhares.

 

EDUARDO SHINYASHIKI – é palestrante, consultor organizacional, especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. É presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki e também escritor e autor de importantes livros como Transforme seus Sonhos em Vida (Editora Gente), sua publicação mais recente. www.edushin.com.br

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 8 – O DIA EM QUE A MÚSICA MORREU (E O DIA EM QUE ELA RESSUSCITARÁ)

 

A querida Irmã “B” era uma verdadeira maravilha para mim quando eu estava crescendo. Meu avô e meu pai co-pastorearam uma igreja em Louisiana. Às vezes, quando o clima espiritual se tornava um pouco difícil num culto, eles se reuniam e então chamavam a irmã “B” para cantar.

Ora, aquilo não fazia muito sentido para mim porque a voz da irmã “B” soava como uma buzina estridente. Eu simplesmente não conseguia suportar o seu canto e nem podiam também os outros meninos, então costumávamos fazer piadas sobre ela (secretamente, é claro). Agora, eu sou um pouco mais sábio. Aprendi que se a presença de Deus pode transformar uma camponesa em uma princesa, então Ele pode definitivamente usar Irmãs “Bs” do mundo.

Eu posso lhe dizer que já estive em centenas de reuniões “sem a arca”, como ministro do evangelho, quando desejei que pudesse chamar pela Irmã “B”. Meu pai e meu avô sabiam o que estavam fazendo. Eles chamaram-na porque toda vez que aquela irmã começava a cantar, as lágrimas começavam a rolar e a dureza do culto acabava. Por alguma razão, quando a Irmã “B” ficava em pé para cantar para Deus, a Sua presença era repentinamente introduzida.

Era óbvio que mesmo que não gostássemos do canto da Irmã “B”, Deus gostava das notas que ela estava atingindo. Isso era porque as notas altas da Irmã “B” tinham pouco a ver com os tons espalhafatosos que agrediam os nossos ouvidos carnais. Adoradores, tomem nota: Não foi a qualidade quase melodiosa da voz da Irmã “B” que fez a diferença; mas a impecável melodia que jorrava do seu coração.

Parecia que toda vez que ela se levantava e cantava, a presença de Deus entrava. Não havia nenhuma conexão óbvia entre sua voz natural e a repentina aproximação da presença de Deus que pudesse ser percebida por nossos olhos e ouvidos terrenos. A bela melodia que atraía a Deus até nossa pequena igreja “no lado oposto da trajetória da sociedade” só podia ser escutada pelo “ouvido” do interior do homem, o órgão de audição espiritual do coração. Era a isso que Jesus Se referia quando Ele disse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz.” – (Apocalipse 2:7). Ele não estava falando sobre as extremidades dos lados da nossa cabeça. Estava Se referindo ao órgão de audição espiritual ao qual Deus sussurra e fala.

DEUS NÃO QUERIA PERDER UMA ÚNICA NOTA DA CANÇÃO DE NINAR DA IRMÃ “B”

A chave para a unção da irmã “B” era o fato de que ela era uma adoradora. Quando se levantava para cantar, estava alheia ao barulho dos meninos que davam risadinhas e às outras pessoas nos bancos. Ela cantava diretamente para Deus num ato de pura adoração, para o próprio prazer d’Ele, e ponto final. Como resultado, Deus não queria perder uma única nota de sua canção de ninar para Ele (apesar das nossas orações de meninice para que ela parasse). Ele tinha de mover Sua cadeira um pouco mais perto cada vez que a Irmã “B” começava a adorá-Lo.

Se não tivermos cuidado, podemos nos tornar tão enlaçados na maquinaria de “ter igreja” e nos divertirmos, que esquecemos o propósito da adoração. Nossa opinião geral sobre adoração é frequentemente expressada com a declaração: “Bem, eu vou chegar um pouco atrasado na igreja. Vou perder o louvor, mas vou estar lá para a Palavra.”

O que deixamos de perceber é que pelo que toca a Deus, a adoração é Sua parte e a Palavra é nossa parte. Isto significa que se perdermos o louvor, teremos perdido a melhor parte que damos a Ele. Em vez disto, nós egoisticamente pulamos a parte de Deus e só aparecemos para que nossos ouvidos, que coçam, sejam coçados.

“Bem, Deus aprecia a Palavra.” Oh, sim, eu sei, mas eu quero lhe perguntar uma coisa séria: Você realmente pensa que Deus recebe algo com nossa pregação? Você acha que Ele deve aprender algo sobre Si mesmo com nossas ungidas pregações? (A resposta deve ser sim, mas pela razão errada. Ele provavelmente ouve a nossa pregação e diz “Eu disse isto? Eu não me lembro de dizer isso exatamente dessa maneira…”)

Deus não recebe nada com nossa pregação. Eu não estou dizendo que a pregação da Palavra de Deus não é importante. Estou dizendo que a adoração é mais importante para Deus do que a pregação, porque a adoração forma a cesta para o Pão vivo do Céu. Se você constrói um trono de misericórdia, então pode ter a glória de Deus entrando, e a adoração é o que constrói o trono de Deus. Faça a si mesmo esta pergunta: “Qual é a prioridade do Céu?” Falar com Ele ou falar sobre Ele?

SEU HINO FAVORITO É: “ME DÁ, ME DÁ, ME DÁ?”

Em nossa valorização mal calculada sobre qual é a razão da “igreja”, pensamos em termos do que recebemos dela ao invés do que damos a Ele. Consequentemente, temos transformado a “Igreja” em uma proposta egoísta. Eu vou fazer uma afirmação corajosa que vai irritar alguns: Temos transformado a igreja em glorificados clubes ‘abençoa-me’ onde chegamos com nossas mãos estendidas e com uma longa lista de desejos. Podemos muito bem começar com o nosso hino favorito: “Me dá, me dá, me dá!”

E isso estabelece uma séria divergência e conflito porque Deus vem para a igreja com Seu coração faminto. Diga-me, o que Deus come quando Ele fica com fome? A resposta deve surpreendê-Lo. Jesus nos dá a resposta durante Seu encontro com a mulher samaritana no poço, no capítulo 4 do evangelho de João.

Jesus tinha um encontro marcado com a mulher samaritana no poço de Jacó, na cidade samaritana de Sicar, que significa “Bebida intoxicante”. Os discípulos não estavam com humor para esperar, porque estavam preocupados com seus estômagos carnais resmunguentos. Você consegue imaginar Jesus encostado numa parede levantada no poço de Jacó, olhando para o relógio de pulso da eternidade e dizendo a Si mesmo: “Ela deve estar vindo a qualquer momento agora.” Deus Filho tinha um encontro marcado com uma mulher do mundo. Ela tinha um encontro às cegas com o destino e nem mesmo sabia sobre isso.

Talvez você se lembre do dia e da hora em que o seu destino o interceptou com divindade – você tinha ideia de que estava para ter um encontro com Deus? Isto é porque Deus marcou o compromisso e não você. Enquanto Jesus esperava a mulher samaritana aparecer, Seus discípulos estavam esfregando a barriga. (Eles não eram bons “esperadores” na época, e nós não fazemos melhor hoje.) Eles disseram algo como: “Jesus, nós vimos uma lanchonete bem ali no final dessa estrada. Nós vamos lá comprar algo para comer. Traremos algo para Você, tudo bem?” Jesus simplesmente lhes disse: “Vão, Eu vou esperar bem aqui.”

A MULHER DA REJEIÇÃO TINHA UM ENCONTRO COM A PERFEIÇÃO

Jesus, provavelmente, observou os discípulos passarem pela mulher samaritana na estrada em seu caminho para conseguir comida. (Os discípulos pareciam ter uma habilidade para perder momentos importantíssimos.) A mulher que se aproximou do poço de Jacó estava vivendo uma vida de rejeição. A Bíblia claramente nos diz que ela veio ao meio-dia (a sexta hora), e as mulheres normalmente vinham pela manhã para tirar água para cozinhar e à tarde, para tirar água para tomar banho e limpeza. Eu acho que ela queria evitar os comentários picantes e olhares de julgamento das mulheres da cidade.

Jesus viu além dos múltiplos maridos dessa mulher e sentiu a necessidade do seu coração. Ela admitiu ter muitos maridos, mas não fez menção de filhos. Talvez isso indique que ela era uma mulher estéril. É possível que ela tivesse ido de marido a marido procurando por alguém para lhe dar filhos? Será que ela passou por toda aquela dor somente para reconhecer no final que o problema estava com ela?

À medida que andava para o poço de Jacó, ela, provavelmente, pensou que teria caído em algo muito pior do que as línguas afiadas das mulheres da cidade – havia um rabino Judeu esperando lá. Eu quase posso ouvir seus pensamentos: Ele provavelmente é um fariseu que guarda cada minúcia e título da antiga lei de Moisés – inclusive a exigência de não fazer negócios com samaritanos. Então, o inconcebível aconteceu: o santo Homem judeu disse: “Eu gostaria de um pouco de água.”

Ela esperava ser rejeitada, mas não estava preparada para o pedido de Jesus: “Como você pode me pedir isso? Você é judeu, e judeus não devem nem mesmo falar conosco.” (Esta é uma “versão Tenney de João 4:9) Naquele momento, Jesus embarcou em uma complexa viagem de levar uma alma a um lugar de fome, fazendo perguntas e afirmações intrigantes que a direcionava profundamente para dentro da conversa.

Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: dá-Me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Tu não tens com que tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?- (João 4:10-11 – NKJV).

JESUS ESTAVA FALANDO SOBRE ÁGUA VIVA E ADORAÇÃO

Por fim, Jesus deu à mulher a entender que Ele não estava falando do tipo de água encontrada no poço de água de Jacó. Ele estava falando da água viva e adoração. Ele revelou o propósito para o seu encontro divino quando Ele disse:

Mulher, crê-Me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai… Mas a hora vem e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. – (João 4:21,23-24 – NKJV).

Aquela mulher samaritana que tinha andado até a fonte de Jacó com sede de água da fonte, terminou encontrando a Fonte da Vida e descobriu que, na verdade, ela estava com sede de água viva. Jesus disse-lhe: “O Pai está buscando a tais para O adorarem.” A única coisa que o Pai está ativamente buscando são adoradores!

NÃO HAVERÁ PASTORES NO CÉU

Este encontro com a mulher no poço é uma figura da incessante busca de Deus por adoradores. Você percebe que não haverá pastores no Céu? Nem haverá apóstolos, pregadores, evangelistas, mestres de escola dominical, membros do conselho da igreja, anciãos ou diáconos, também. Isto é porque a única “descrição de trabalho” no Céu é de adorador. Na Terra, você pode ser um pastor e também um adorador, ou um professor de escola dominical e um adorador, mas você tem de entender que nosso primeiro chamado é para adorar o Pai em espírito e em verdade. O que você faz na vida pode variar, mas todos os reais filhos e filhas apaixonadamente amam seu pai.

Deus sabe de todas as coisas – e Ele sabe onde tudo está escondido. Ele não precisa de ouro ou pedras preciosas, mas sabe onde cada grama de ouro está escondida e pode apontar Seu dedo a cada pedra preciosa encravada em pedra bruta na terra. Ainda assim, há uma mercadoria que é mais preciosa do que todas as outras juntas, pela qual Deus procura incessantemente – um adorador que livremente ofereça amor, louvor e adoração a Ele em espírito e em verdade. A pura adoração de Seus filhos feitos à Sua imagem é excepcionalmente rara porque vem de apenas uma fonte em todo o Universo criado – nós. Nossa adoração está escondida atrás da pedra da vontade do homem – e Deus Se recusa a violar nossa vontade e mover a pedra.

Deus está em uma missão para povoar o Céu com adoradores por uma razão realmente boa. Quando lúcifer caiu do Céu, eu creio que um aspecto crucial da adoração celestial caiu com ele. Se você fosse acostumado a ouvir um quarteto cantar em harmonia das quatro partes, iria imediatamente sentir falta de algo se uma das vozes se retirasse. Você sabe como costumava ser e como deveria ser o som. No momento em que uma dessas vozes fosse removida, você diria: “Bem, está bom, mas algo está faltando.”

DEUS SENTE FALTA DA CANÇÃO QUE VEM DO CORAÇÃO

Deus Se lembra de quando lúcifer e os filhos da manhã costumavam cantar Seus louvores com beleza e poder sobrenaturais. E como se Ele dissesse: “Quando é que aquilo será restaurado?” Ele ainda está cercado por serafins de seis asas que declaram incessantemente Sua glória, mas Ele sente falta da canção que vem do coração.

Apesar de anos de pesquisa, eu não consigo encontrar um único lugar na Bíblia onde a música é mencionada como uma parte do ambiente do Céu após a queda de satanás. Eu tenho perguntado a inúmeros teólogos sobre isto. A maioria deles me responde dizendo: “Bem, Tommy, você se lembra do que os anjos cantaram no nascimento de Cristo em Belém, não se lembra? Eles cantaram: ‘’Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.”

Naquele ponto, eu gentilmente me dirijo a eles com as passagens bíblicas nos Evangelhos. “Não, se você ler cuidadosamente, você verá que a Bíblia não diz que eles cantaram. Eu realmente detesto atrapalhar nossas maravilhosas peças de Natal e hinos de feriado. Eu não vou impedir que suas crianças se vistam de anjinhos e cantem na cantata de Natal, então não se preocupem com isto. Eu só quero que vocês saibam que a Bíblia, na verdade, diz:

E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem. – (Lucas 2:13-14).

Em Jó 38:7, lemos: “[…] quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” O contexto claramente coloca este evento na própria criação do Universo exatamente antes da queda de lúcifer. Após a queda, não consigo encontrar nenhuma referência bíblica literal para canto ou música no Céu. Eu não tenho problema com pessoas que dizem: “Bem, eu tive uma visão e vi anjos cantando.” Eu só estou dizendo que não pude encontrar isto mencionado na Bíblia depois que satanás foi expulso do Céu.

Se a música caiu quando satanás caiu, então explica por que a maior parte da influência satânica em nosso mundo vem do reino da música. A música é seu local, então não deveríamos nos surpreender com o fato de que o primeiro lugar de onde os problemas geralmente acontecem na maioria das igrejas é na área do louvor e adoração. Obviamente, nem toda música “vem de satanás”, mas ele exerce grande influência pela música. Isto também explica algo mais…

A Igreja passa horas incontáveis elaborando sermões, arranjando partituras de música e ensaiando corais e cantores para ter certeza de que eles estão realmente corretos. Mas independente do quanto de energia gastamos buscando a excelência nessas áreas, devo lhes dizer que nunca iremos competir com as orquestras sinfônicas do mundo ou as bandas e artistas apresentados na MTV ou VH1. De fato, não temos de competir nessas arenas!

Antes que você feche este livro e o jogue na lata de lixo, quero que você entenda algo:

NOSSA MÚSICA TALVEZ NUNCA SEJA TÃO BOA QUANTO A MÚSICA DO MUNDO, PORQUE NOSSO SISTEMA DE VALORES É DIFERENTE DO SISTEMA DO MUNDO

 

NÃO ESTAMOS ATRÁS DA PERFEIÇÃO TANTO QUANTO BUSCAMOS A PRESENÇA

Quando a Igreja volta todo o seu alvo e todas as suas energias na direção da perfeição técnica e profissional de nossa música bem ensaiada, de nossos artísticos sermões e nossos cultos firmemente planejados, podemos inconscientemente começar a competir na arena errada. Precisamos permanecer na arena na qual ninguém pode competir conosco – a arte e a habilidade de atrair a presença manifesta de Deus. Perfeição técnica pode ganhar o louvor dos homens, mas somente a unção e a glória de Deus podem derreter seus corações endurecidos.

Em certo ponto, temos de diminuir o volume do homem e aumentar o volume de Deus. Um encontro como o da estrada de Damasco vai transformar um assassino como o Saulo em um mártir chamado Paulo em menos de trinta segundos. Música aperfeiçoada não fará isso, mas louvor aperfeiçoado deverá atraí-Lo, e Sua presença se fará!

POR QUE DEUS É ATRAÍDO COM NOSSO MEDÍOCRE LOUVOR?

Por essas razões, eu acredito que a música caiu quando satanás caiu. Será que isso significaria que quando Deus quer este aspecto da adoração, Ele tem de vir à Terra para ouvir? Eu não quero ofender ninguém, mas tenho de fazer esta pergunta onde quer que eu vá: Você já pensou por que Deus é atraído com nosso medíocre louvor1

O Senhor usou minha filha mais nova para responder essa pergunta para mim. Onde quer que eu vá, carrego essa obra de arte sem preço comigo. Às vezes, quando estou em algum aeroporto, eu a tiro de dentro da minha maleta somente para olhá-la e manuseá- la. Não é uma pintura a óleo, nem foi feita com carvão ou guache. Ela é o que eu chamo de “rabisco de lápis num bloco de folhas amarelas” tamanho médio. O texto rabiscado à mão nessa peça de arte é geralmente difícil para a maioria das pessoas lerem, mas eu tenho um dom paternal de interpretação! Francamente, a escrita é realmente medíocre, mas você consegue decifrar as palavras:

“Eu amo Deus. Para Deus, com carinho, Andréa Tenney.”

E realmente insignificante nos padrões adultos e não significaria nada para você, mas é inestimável para mim. Algum dia, irei ajuntar uma caixa cheia de outras obras-primas rabiscadas com lápis de cera de volta para casa. Cada uma delas é especial para mim. O que as torna preciosas para mim? Não é porque são tão artisticamente feitas nem é a qualidade da escrita que toma essas coisas atrativas ao meu coração; é quem as desenhou! E o meu relacionamento com a criança.

Os desenhos de lápis de cera das minhas crianças não significariam nada para você. E os desenhos dos seus filhos não significariam nada para mim. Da mesma maneira, os anjos do Céu que circulam o trono de Deus com louvor incessante e magnífica adoração coçam a cabeça quando, de repente, a divindade se inclina para frente e diz: “SSSHHHHHH!” Quando eles caem num rápido silêncio obediente, Ele diz: “Eu acho que estou escutando algo…”

TUDO PARA, QUANDO O DEUS ALTÍSSIMO ESCUTA NOSSO MEDÍOCRE REFRÃO

Os serafins de seis asas estavam simplesmente fazendo o que eles foram criados para fazer. Estavam entoando os louvores de Deus em perfeição e agitando a atmosfera com suas asas, enquanto cobriam a face e os pés em humildade. Então, tudo para quando o Deus Altíssimo ouve o comovente refrão subindo levemente do caos da Terra abaixo: “Ele é santo, Ele é santo.” Deus rapidamente comanda aos anjos: “Fiquem quietos.” (Eu quase posso ouvir os anjos atrás sussurrando uns aos outros: “Lá vai Ele novamente.’’)

Você consegue ver os arcanjos Miguel e Gabriel conversando e dizendo: “Eu não sei o que dá n’Ele; toda vez que os ouve, Ele faz isso. Esse louvor é tão medíocre…” Achamos que estamos fazendo tão bem quando pintamos uma obra prima, quando o quarteto atinge a nota final em sua melhor harmonia de quatro partes, quando o coral traz a multidão aos seus pés. Ao mesmo tempo, os anjos que uma vez ouviram lúcifer, o arcanjo, sacudir os céus com adoração tempestuosa e música celestial comovente, estão dizendo: “O que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites?” – (Salmos 8:4 – NKJV).

Alheio a toda pergunta sussurrada, Deus faz calar os anjos e diz a Miguel e a Gabriel:

“Olha, Eu vou ter de deixar isso com vocês.” “Por quê? O que é isso Senhor?”

“Bem, vejam vocês, eu ouvi algo que simplesmente não posso ignorar. Eu ouvi a canção dos redimidos novamente…”

O ALTÍSSIMO DEIXA SEU TRONO PARA SE AJUNTAR AO ACONCHEGO DOS ADORADORES PROSTRADOS

Numa piscar de olhos, a presença manifesta de Deus é transportada do Céu para o meio do aconchego de adoradores prostrados, reunidos em um círculo de canções banhadas a lágrimas: “Santo, Santo, Santo é o Senhor…”

Deus deixa o Seu trono magnífico no Céu e vem à Terra para ser entronizado nos comoventes louvores de Seu povo. Podemos achar que os nossos cultos de louvor e adoração são maravilhosos enquanto os anjos no Céu estão dizendo: “Eu não entendo. Este é um desenho medíocre de lápis, comparado ao que fazemos no Céu.” Deus não é atraído pela qualidade da nossa adoração ou por nossa habilidade musical. É por causa de quem nós somos. Ele é atraído por causa do Seu relacionamento com os adoradores. Somos Seus filhos!

Eu quase posso ouvi-Lo explicando a Miguel e Gabriel: “Bem, eu sei que eles não conseguem cantar ou fazer a música celestial que vocês ouviam quando lúcifer estava aqui, mas são Meus filhos e filhas”. Jesus teve de explicar isto aos fariseus. Ele lhes disse: “Nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito saem o perfeito louvor?” – (Mateus 21:16).

Quem pode resistir ao som da voz ainda falando errado de uma criança de dois anos de idade dizendo: “Te amo, papai!” Não é a perfeição de sua dicção que comove nosso coração. Não somos movidos pela pura habilidade oradora de seu enunciado. E o coração ingênuo que nos faz pegar aquela criança em nossos braços em uma onda de emoção.

Quando levantamos nossos “desenhos de lápis” para o Céu com as palavras desajeitadamente rabiscadas: “Eu amo você, Deus. Com carinho: Tommy Tenney”, Ele deixa o trono do Céu e é literalmente entronizado sobre nosso medíocre louvor. Deus disse: “Não importa o quão belo eles façam. Eles são Minha descendência.” Ele preferiria ouvi-los errar ao longo de uma canção com uma voz semelhante a uma buzina estridente do que ouvir o serafim de seis asas rodeando-O com cantos de “Santo” nos tons da perfeição celestial.

CANTAREMOS UMA CANÇÃO QUE OS ANJOS NÃO PODEM CANTAR

A música pode ter caído do Céu quando o angélico líder de adoração foi expulso por rebelião, mas Deus tinha um plano para restaurar a música do Céu mediante Seu plano de redenção para o homem. Satanás não é o único ser equipado e ungido para cantar ao Altíssimo. Nosso louvor e nossa adoração podem soar medíocres para os ouvidos dos anjos, mas a Bíblia diz que, quando entrarmos naquela cidade santa, cantaremos uma canção que os anjos não podem cantar. – (Veja Apocalipse 15:2-3) Quando entrarmos cantando o cântico de Moisés e o cântico dos redimidos, o anfitrião celestial irá cair em um silêncio pasmado por trinta minutos, como se eles estivessem comentando: ‘‘Nunca ouvimos isso deste jeito.”

Lúcifer foi expulso do Céu porque ele queria ilegalmente ascender ao nível de Deus e assentar em Seu trono. Deus decretou que os santos redimidos do Cordeiro estarão assentados no trono com Ele – bem onde lúcifer queria estar, e não pode. Deus vai literalmente usar adoradores imperfeitos para constranger lúcifer, a estrela da manhã caída. O homem, que foi feito um pouco menor do que os anjos, e será elevado acima de todos os anjos e se assentará no trono de Deus junto a Ele. – (Veja Salmos 8:4-5; Efésios 2:6; 2 Timóteo 2:12).

JESUS DISSE: “EU ACHO QUE ENCONTREI ALGUÉM…”

Você sabe o que Deus come quando está com fome? “Adoração”. Você se lembra da mulher do poço, quando Jesus lhe disse sobre Sua água viva? E disse que Seu Pai estava buscando verdadeiros adoradores? Ela deu a resposta que Ele estava procurando. Ela disse: “Eu quero essa água.” Naquele momento, Jesus deve ter meditado: Eu acho que encontrei alguém. É isso que Eu estava esperando.

Quando os discípulos voltaram, eles disseram: “Senhor, compramos Seu sanduíche; ou “Aqui está o Seu Big Mac do MacDonald’s, Mestre.” Eles ficaram chocados quando Jesus disse: “Eu não estou com fome. Eu tive carne para comer sobre a qual vocês não entendem.” É como se Ele estivesse pensando: Vocês não iriam entender isso, mas, no poço, Eu recebi adoração de uma mulher rejeitada. Eu fiz a vontade do meu Pai e encontrei uma adoradora. Depois daquela festa, Eu não preciso de nada que vocês têm para Mim. – (Veja João 4:31 -34).

Deus vem à Terra porque Suas dores intensas por adoradores O atraem ao louvor imperfeito dos Seus filhos que dizem: “Eu amo Você, Papai”. Ele não está particularmente impressionado com nossos refinados cânticos e templos multimilionários. Isso é totalmente medíocre aos padrões celestiais, mas é precioso para Ele porque Ele nos ama.

“Vermelhas e amarelas, pretas e brancas. Elas são preciosas aos olhos d’Ele. Jesus ama as criancinhas do mundo.”

Ele vem porque nós levantamos um infantil louvor imperfeito com corações cheios de amor – como uma criança estendendo-se para cima e um Pai estendendo-se para baixo para um abraço.

Ele sai para povoar o Céu com adoradores que possam cumprir aquela parte que faltava, que tem estado ausente desde que lúcifer caiu. Jesus ouviu a mulher no poço à procura daquela “nota alta” de transparência de pureza. Ele lhe deu a oportunidade de responder a uma questão cuja resposta Ele já sabia: Você consegue alcançar esta notai Ele quis saber, à medida que procurava, debaixo da “rocha da vontade humana”, por um adorador. Então, Jesus disse à mulher: “Vai buscar seu marido.”

Ela poderia ter escondido seu pecado ou coberto sua vida quebrada com as folhas de figo de uma mentira, mas por uma vez em sua vida ela pensou: Não, eu sei que não é muito bonito, mas eu vou dizer a Ele a verdade. Então ela disse: “Eu não tenho marido.”

Ela podia ter escondido seu pecado, ou recoberto sua arruinada vida com as folhas de figueira de uma mentira, mas pela primeira vez em sua vida, ela pensou: Não, eu sei que não é muito bonito, mas eu vou Lhe dizer a verdade. Então ela disse: “Eu não tenho marido.”

Jesus não podia mais conter Suas emoções e a interrompeu para dizer: “Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.” – (João 4:17-18).

Esta foi a nota alta de transparência e pureza que Ele estava procurando. Agora Jesus tinha algo com que podia trabalhar. Ele começou a falar com a samaritana sobre água viva. Logo que Ele terminou, ela estava pronta a abandonar seus potes de água no poço. Então, correu de volta para a vila para contar ao povo que tinha deixado tudo por causa do incrível Homem no poço. Ela estava tão transformada que a mesma mulher a quem toda a vila tinha rejeitado agora os levava ao poço de Jacó para conhecer a Fonte da água vida. Uma conversa com o Mestre trouxe credibilidade àquela mulher – ela teve um encontro de adoração com Ele e toda a vila a escutou.

DEUS ESTÁ TESTANDO CORAÇÕES PARA UM CORAL CELESTIAL

Deus está indo a todos os cantos da Terra neste exato momento, testando corações para ver quem vai se tornar um verdadeiro adorador em Seu coral celestial. Ele não está ouvindo a qualidade técnica das nossas vozes ou avaliando nossas variedades vocais. Essas coisas não têm importância para Ele porque Seu primeiro interesse é a canção do coração. Talvez você seja um dos muitos que estão desesperados por um encontro com Deus; e está de tal modo, que algo dentro de você o impulsiona a uma apaixonada e faminta canção do coração. Posso lhe dizer uma coisa? Ele está em pé aí bem à sua frente dizendo: “Continue cantando. E exatamente por isso que Eu vim.”

Se soubesse quão perto Ele está de você e quão cuidadosamente ouve a cada “Amém” sussurrado e a cada crepitar do seu coração quebrantado, você estaria surpreso. A única coisa que o Pai efetivamente procura são adoradores. Ele ama e unge as pessoas que a maioria de nós considera “importantes”, como pregadores, líderes de louvor e músicos, mas o que Ele realmente necessita é de adoradores. Isso me faz querer gritar: “Venha Irmã “B”, cante!” Não se preocupe, Deus tem colocado o ouvido d’Ele em seu coração para ver se você consegue atingir aquela nota. Você consegue?

“Pai, queremos um encontro Contigo que nos faça deixar os nossos potes no poço da religião do homem. Queremos um encontro Contigo do qual não possamos nos restabelecer. Transforme nossa refeição em aceitação. E nossos poços empoeirados e secos em experiências de uma fonte interior. Queremos Lhe dar a melhor parte – nós Lhe damos louvor e adoração e ações de graça em nome de Jesus.”

Prossiga adorador, adore! Ele está ouvindo!

Deus está procurando adoradores neste exato momento. E a única coisa que O traz do Céu para a Terra. É o material de construção para Sua casa favorita. Lembre-se de que a adoração é para Ele; ela é a Sua melhor e favorita parte. Não é hora de cercarmos Aquele a quem amamos com louvor e adoração incessantes?

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

POSITIVO E SEMPRE AVANTE

Há evidências de que uma vida social e psicológica feliz, comprometida e satisfatória não é apenas fruto da boa saúde, mas o que leva à longevidade

Positivo e sempre avante

Todos nós provavelmente já experimentamos ter um dia agradável e produtivo e, ao retornar para casa, ser acometidos por uma sensação de vitalidade e bem-estar. Agora, imagine uma sequência de dias assim, durante toda uma vida, marcados por diversas emoções positivas. O resultado? Provavelmente você viverá melhor e por mais tempo. Longevidade é a longa duração de uma vida significativa e vigorosa, segundo a definição adotada por cientistas, médicos e pesquisadores. Ela pode estar relacionada a uma variedade de fatores, incluindo hereditariedade, gênero, status socioeconómico, nutrição, apoio social, assistência médica e características de personalidade e comportamento. Esses fatores podem operar ao longo ou em fases específicas da vida. Por isso, atualmente os especialistas dizem que acabou o tempo em que envelhecer significava “murchar” para a vida. Hoje, a perspectiva de os adultos chegarem aos 100 anos é a maior em toda a história.

Qual será, então, o segredo? Inúmeros cientistas estão tentando descobri-lo e já chegaram a algumas conclusões importantes. Um estudo clínico publicado nos anos 2000 pelo periódico Mayo Clinic Procedings com 839 pacientes mostrou que as pessoas otimistas tiveram uma expectativa de vida 19% maior. Já um estudo holandês realizado com quase 1.000 pessoas entre 65 e 85 anos mostrou que a maioria das cansas de mortalidade foi reduzida entre os otimistas. Uma possível explicação, segundo os pesquisadores, é que as pessoas otimistas talvez sejam mais capazes de enfrentar adversidades e talvez sejam mais capazes de cuidar de si próprias quando ficam doentes.

Contudo, só o otimismo não explica tudo: um estudo de Ohio com 660 pessoas com mais de 50 anos mostrou que, após 23 anos, aqueles que encaravam o envelhecimento como uma experiência positiva viveram em média 7,5 anos a mais. Por fim, em um estudo dinamarquês com 3.966 gêmeos de 70 anos ou mais, o bem­ estar subjetivo, avaliado em uma escala afetiva de três pontos, previu aumento da longevidade. Avaliar a própria vida positivamente é um motivador potente para uma vida longa e de qualidade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Será que estamos, então, buscando apenas viver sem doenças ou perseverando para termos bem-estar de forma plena e constante?

Para que seja possível alcançar uma vida longeva, portanto, não basta simplesmente não estar enfermo, mas também possuir um alto nível de bem-estar subjetivo (subjetive well-being). Ele tem a ver com o modo como as pessoas avaliam suas vidas, com base em julgamentos relacionados à satisfação pessoal e avaliações baseadas na qualidade de sentimentos e emoções. Quando as pessoas sentem um humor triste ou uma emoção alegre é porque percebem que suas vidas estão indo mal ou bem. Evidências indicam que um alto bem-estar subjetivo (pontuado por índices como satisfação com a vida, ausência de emoções negativas e presença de emoções positivas) causa melhor saúde e, adivinhe: longevidade.

Assim, se um alto bem-estar subjetivo é capaz de propiciar a adição de 4 a 10 anos de vida em comparação a um baixo bem-estar subjetivo, no mínimo esse é um resultado digno de atenção. Quando se considera que os anos vividos por uma pessoa feliz são mais agradáveis e experimentados com uma saúde melhor, a importância dos achados do bem-estar subjetivo e da saúde positiva torna-se ainda mais relevante.

Nesse sentido, entre os estudos de longo prazo mais conhecidos que mostraram a possível ligação entre ativos psicológicos positivos e resultados de saúde está o famoso “estudo das freiras”. De acordo com essa pesquisa longitudinal, publicada no periódico Journal of Personality and Social Psychology, um grupo de freiras católicas que eram parte das Irmãs da Escola de Notre Dame, nos Estados Unidos, escreveu ensaios autobiográficos quando tinham uma média de 22 anos de idade e se juntaram à Irmandade. Seis décadas depois, os pesquisadores que acessaram o arquivo do convento analisaram o conteúdo emocional de 180 ensaios em termos de positividade e investigaram se isso tinha alguma ligação com a mortalidade das religiosas, quando as mesmas respondentes atingiram idades entre 75 e 95 anos.

De fato, o conteúdo emocional positivo foi significativamente relacionado à longevidade. As freiras que expressaram mais emoções positivas em seus ensaios, surpreendentemente, viveram em média 10 anos a mais do que aquelas que expressaram menos emoções positivas. Em outras palavras, as freiras mais felizes viviam mais que as freiras menos felizes (mas não deprimidas). Isso aponta para a necessidade de repensarmos a forma como encaramos o conceito de “saúde” se quisermos estar preparados para viver longamente e com qualidade de vida. No Brasil, o processo do envelhecimento é um dos mais rápidos do mundo. Em 2000, a proporção de pessoas com mais de 60 anos era de 9% da população. Em 2050, deverá ultrapassar 29%. O que significa que daqui a três décadas nossa população estará mais envelhecida do que a de qualquer outro país, com exceção do Japão. O envelhecimento é um tema de imensa importância não só para o indivíduo, mas também para toda a sociedade, inclusive para a economia. Não se trata apenas de viver mais. Trata-se, principalmente, de viver mais e melhor. A longevidade, portanto, não é uma utopia. Seja qual for a sua idade, você pode começar a construir agora mesmo os pilares para uma vida mais positiva, longa e saudável.

 

FLORA VICTÓRIA – é presidente da SBCoachng Training, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia, especialista em Psicologia Positiva aplicada ao coachng. Autora de obras acadêmicas de referência. Ganhou o título de embaixadora oficial da Felicidade no Brasil por Martin Seigman. É fundadora da SBCoachng Social

 

OUTROS OLHARES

GUARDA-ROUPA DIGITAL

De origem americana, o hábito de alugar peças de vestuário por assinatura cresce no Brasil. O serviço agrada principalmente às mulheres dos 20 aos 35 anos

Guarda-roupa digital

Tudo se compartilha: filmes, apartamentos de temporada, músicas e carros. Em tempos de Netflix, Airbnb, Spotify e Uber, consumir um produto sem ter sua propriedade é uma das características de comportamento que mais refletem os humores do século XXI. Há, nessa tendência, uma novidade: o aluguel de roupas. Crescem, nos Estados Unidos e na Europa, e agora também no Brasil, as lojas físicas ou startups que oferecem peças finas mediante um pagamento mensal.

O negócio nasceu em 2009, com a nova-iorquina Rent the Runway. Hoje, o serviço tem listados, e guardados em imensos galpões, mais de 450.000 modelos. Com o equivalente a 600 reais, alugam-se até quatro itens por vez, sem tempo estabelecido de devolução. A Rent the Runway foi recentemente avaliada em 1 bilhão de dólares, o que a instalou no grupo dos unicórnios (termo utilizado para designar as startups que atingiram tal valor de mercado). No Brasil, passa­ dos dez anos da explosão americana, a ideia já desembarcou com vigor: existem pelo menos dez marcas em quatro capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre. As assinaturas, por aqui, começam em 50 reais mensais e chegam a 550 reais. A diferença varia de acordo com a quantidade de peças e o prazo para a devolução dos produtos. Com o valor de largada, retira-se uma peça por vez e permanece-se com ela por no máximo dez dias. Nas versões mais caras, o consumidor tem direito a um número ilimitado de peças, mas só pode levar três itens de cada vez e tem o direito de guardá-los durante quatro semanas. A escolha é feita on-line e, se quiser, o cliente nem precisa ir até a loja (as entregas são feitas em casa). Diz a administradora de empresas Eduarda Ferraz, sócia da Clorent, uma das maiores do gênero em São Paulo: ”As pessoas gostam porque é prático e econômico”.

Na ponta do lápis, as assinaturas valem, sim, a pena – especialmente para quem aprecia modelos da alta­ costura. Por 319 reais, por exemplo, podem-se usar ao longo de um mês um vestido Valentino, uma calça Bobô, um casaco Yves Saint Laurent, um macacão Rosa Chá, um blazer Lorane e uma saia Gucci. Essas seis peças juntas custariam uma loja a bagatela de 14.720 reais. É possível também alugar apenas um item por vez. Mas, em geral, o aluguel unitário nessas em­ presas equivale em média a 15% do valor da roupa. Só o vestido Valentino custaria mais ou menos os 319 reais da assinatura. Dois dos grandes desafios do negócio são evitar a repetição dos modelos e executar a lavagem das roupas. A pioneira Rent the Runway mantém o próprio serviço de limpeza, com capacidade para lavar e secar 2.000 peças por hora. No Brasil, a lavanderia ainda é terceirizada.

Os homens que se interessarem pelo assunto, infelizmente, não poderão aderir ao ser viço. Até o momento não existem empresas com ofertas ao público masculino – nem aqui nem nos EUA. Mas isso pode mudar no futuro, marcadamente entre os mais jovens. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito, 89% dos brasileiros que já experimentaram alguma forma de consumo colaborativo com roupas aprovaram o modelo. O serviço agrada às consumidoras das gerações Y e Z (na faixa dos 20 aos 35 anos). “A moda compartilhada pegou porque tem um viés de sustentabilidade importantíssimo para a sociedade moderna – e os mais novos estão ligados no fim do desperdício”, diz Bruna Ortega, especialista em beleza e moda na WGSN, empresa de análise de tendências. A indústria da moda realmente é uma das mais poluentes. De acordo com uma pesquisa do instituto Boston Consulting Group, cerca de 100 bilhões de peças de vestuário são produzidas anualmente no mundo, e boa parte delas acaba sendo descartada em pouco tempo. Até 2050, a indústria da moda consumirá 25% da cota do carbono permitida. Compartilhar roupas, portanto, pode ser bom para o bolso e para a consciência.

Guarda-roupa digital. 2

GESTÃO E CARREIRA

OS DESAFIOS DO PSICOPEDAGOGO NA EMPRESA

A atuação do especialista é fundamental, especialmente porque algumas corporações não contam com uma gestão de desenvolvimento humano eficiente, atribuição específica da Psicopedagogia

Os desafios do Psicopedagogo na empresa

O psicopedagogo na empresa, muitas vezes, encontra alguns desafios, principalmente quando os funcionários não conhecem essa atividade e a atuação do profissional na organização. É um trabalho de construção de confiança e certeza de que objetivos traçados pela direção serão alcançados em coletividade. Não melindrar chefes e encarregados, que a princípio percebem, erroneamente, um trabalho para espionar setores, algo que os venha prejudicar. É essencial, porém, que vencida essa etapa as relações assumam a tendência de ser muito boas e bem definidas. No início é um trabalho de reconhecimento, observação, aprendizado, porque lida com vidas. Lidamos com seres humanos e, nesse caso, somos sempre aprendizes de nós mesmos.

A atuação do psicopedagogo faz-se necessária, e talvez única, por não haver, em algumas empresas, uma gestão de desenvolvimento humano, isto é, que olhe seu colaborador não apenas como aquele cuja mão de obra é necessária para a produção constante e desenvolvimento da empresa, mas também como aquele cujo crescimento profissional e humano depende da humanização do ambiente. E humanizando o ambiente os funcionários ficarão mais motivados e produzirão mais. Muitos desconhecem o valor do trabalho psicopedagógico dentro das organizações, sejam elas de cunho educativo, religioso, empresarial, entre outros. Não é difícil vincular o trabalho desse especialista somente à es- cola, que é sua área de atuação. Porém, sua atividade possui uma abrangência significativa. Não só nos diagnósticos de déficit de atenção e dificuldades de aprendizagem e seus diversos fatores, como também na área da saúde hospitalar, na implementação de projetos educativos e socioeducativos das empresas, por exemplo.

A Psicopedagogia preocupa-se com a aprendizagem e seu desenvolvimento normal em um contexto. Levando em consideração a realidade interna ou a realidade externa daquele que aprende, sem deixar de lado os aspectos afetivos e sociais que estão envolvidos em tal processo. Até por- que, historicamente, o psicopedagogo está ligado à educação. É uma área cujo objetivo é o ser que aprende, como aprende e de que maneira esse aprendizado se insere e o insere no ambiente do qual faz parte.

 INTER-RELACIONAMENTO

A área de Treinamento & Desenvolvimento da empresa é muito importante para sua saúde interna. É preciso ter profissionais treinados e desenvolvendo seus talentos. A Psicopedagogia, dentro da empresa, atua diretamente com o inter-relacionamento entre todos que fazem parte do seu dia a dia, no desempenho dos funcionários, porém, nunca deixando de perceber o outro de forma homogênea e não fragmentada. Onde esse funcionário possui uma história anterior, possui um saber específico, um saber emocional, e tudo isso faz parte de sua formação e deverá estar ligado à sua história na empresa, enquanto ali permanecer, e levará todo esse aprendizado adiante.

Dentro da empresa, o psicopedagogo procura atuar na superação das dificuldades de relacionamento de um grupo, cabendo também a ele levar a empresa a vencer as fragmentações de setores e trabalhar de forma interdisciplinar. Através de intervenções, o psicopedagogo vai auxiliar um determinado grupo, observando como reage em diversos momentos de trabalho, como funciona, como lida com suas frustrações e erros. Assim, o psicopedagogo estará onde houver relações sociais, seja no setor da educação, em hospitais ou empresas.

No momento atual sobreviverá, na sociedade, o profissional mais formado, o mais estruturado, o mais competente. Daí advém o vínculo psicopedagogo-empresa, atuando de forma eficaz na formação desse funcionário, investigando o processo de aprendizagem do indivíduo e seu modo de aprender, identificando áreas de competência e limitações, visando entender as origens das dificuldades e/ou distúrbio de aprendizagem apresentado. O psicopedagogo poderá necessitar do auxílio de outros profissionais, como o neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo para aprofundar sua investigação. Os instrumentos de avaliação podem incluir diferentes modalidades de atividades.

Dentro da empresa, em geral, o psicopedagogo está ligado ao setor de RH (Recursos Humanos). Na gestão organizacional, o setor de RH tem como função frequente atrair, treinar, desenvolver e reter os colaboradores da organização. Essas atividades podem ser realizadas por uma pessoa ou se formar um departamento ou setor com profissionais ligados ao RH, que atuarão em conjunto com os diretores da organização, alinhando políticas de RH com a cultura organizacional da empresa. Modernamente é utilizado o termo Gestão de Pessoas, que visa englobar todas as atividades envolvendo as pessoas da empresa. A valorização do capital humano passou a ser uma prioridade dentro das organizações, partindo do pensamento que se forem agregados valores às pessoas, isso as motivará. E valorizadas, contribuirão de forma produtiva em relação aos objetivos estratégicos da organização.

O setor de RH das empresas, em geral, está ligado a: recrutamento e seleção de pessoal; treinamento e desenvolvimento; avaliação de desempenho; remuneração (cargos e salários); benefícios; eventos, confraternizações, entre outras atividades de cunho motivacional.

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AVALIAÇÃO E FEEDBACK

Entre as várias atividades do psicopedagogo na área de T&D da empresa está, também, a de avaliar o desempenho dos colaboradores em suas áreas de atuação. Obviamente, esse especialista não conhece todas as ferramentas utilizadas em todas as atividades exercidas dentro da empresa, e nem tem essa pretensão. Porém, ele pode avaliar a maneira como essas atividades são desenvolvidas.

Há chefes de setores que confundem habilidades técnicas (falta de preparo suficiente para apresentar um produto, não conhecimento e/ou do- mínio insuficiente de um produto, falta de técnicas para passar uma informação adiante) com habilidades comportamentais (impaciência, insegurança, resistência, agressividade) e não têm isenção suficiente na hora de avaliar seus subordinados. Assim, o especialista poderá organizar esse trabalho, de forma que todos saibam o porquê de estarem sendo avaliados, os motivos, os objetivos da avaliação, o que isso significa para aqueles que fazem parte da empresa, a médio e longo prazo.

Alguns gerentes, antigos funcionários e encarregados podem não querer passar pela avaliação. Nesse momento, tudo fica mais delicado porque a situação está relacionada a crenças, medos, preconceitos, hábitos, vícios, culturas particulares e isso vai levar um tempo para ser aceito. Mas quanto mais rápido o processo for iniciado, mais rápido terminará. E quanto mais pessoas do RH estiverem envolvidas, mais rápido o resultado será elaborado.

A avaliação pode até ser feita apenas com os gerentes ou só com as pessoas da produção. Entretanto, há sempre a questão da finalização, isto é, de se terminar o que se começou. Se há uma demanda de avaliação, ela deve acontecer e o resultado deve ser logo devolvido.

Nesse momento, surge a pergunta: como fazer essa avaliação? Primeiro, saber o que cada função necessita. Quais os requisitos das funções; o que o colaborador possui em termos de competências para desempenhar essa função; dentro das competências que possui quanto de cada uma delas ele possui; traçar um paralelo entre o que a função necessita e o que é oferecido pelo colaborador.

As competências do colaborador podem não estar no mesmo nível das competências que a função necessita. O colaborador pode estar: acima das exigências da função que exerce; no mesmo nível das exigências da função que exerce; abaixo das exigências da função que exerce.

Se uma empresa possui um colaborador cujo nível de competência é superior ao que sua função necessita, não será o momento de mudar esse colaborador para outro setor com outras funções e atividades para extrair melhor o potencial que ele possui? Novos desafios? Perspectivas de crescimento?

Por outro lado, se o colaborador está no mesmo nível de sua função ele pode estar acomodado e satisfeito. Então, é preciso motivá-lo a alcançar novos horizontes. E se o colaborador está abaixo, ele será um desafio para o especialista de treinamento e desenvolvimento, porque terá que atingir as competências exigidas pela função. Vai ser necessário um plano de ação em relação às suas competências.

Cria-se um questionário avaliativo onde as próprias pessoas envolvidas respondem. Funcionará como um inventário, um levantamento comportamental. A partir dos resultados, será iniciado um mapeamento e uma intervenção em relação aos pontos deficientes que foram levantados. É importante lembrar que se um determinado funcionário nunca é pontual, isso é um fato apontado em sua avaliação. O que fazer? Primeiro, será necessário entender o que significa pontualidade para a empresa, quais indicadores estão ligados à pontualidade, e traçar um plano de ação para que aquele colaborador melhore esse indicador. Assim, o plano de ação não será genérico, e sim focado. Isso irá trazer uma economia de tempo e de custo financeiro para a empresa, porque oferecerá um treinamento específico no que precisa melhorar. Se uma pessoa da área de vendas não consegue ser objetiva na exposição de suas ideias, isso é um indicador, um sinalizador, e a competência que deverá ser trabalhada é a da comunicação, entre outras.

Conhecimentos, habilidades e atitudes. Esse conjunto é o que se espera que o colaborador tenha. Seja dos que já estão na organização, fazem parte dela ou daqueles que serão selecionados para fazer parte. E cada pessoa possui esse conjunto, mas em níveis diferentes, e é preciso “casá-los” com as funções que exercem.

Para esse tipo de avaliação é necessário que já tenham sido feitos: a descrição de cada função dos avaliados, quais as atribuições reais da função e o que o colaborador exerce realmente. Em muitas empresas o colaborador é multifuncional e é desviado de suas funções. É preciso analisar as competências do colaborador em relação ao que, de fato, a função necessita. Nem mais nem menos. A missão, visão, os valores e estratégias da empresa também devem estar bem definidos a essa altura (veja quadro Exemplo de avaliação).

Essa avaliação seria do gestor para o colaborador, não no sentido de punir, mas, sim de verificar gaps de relacionamento no/com o trabalho e construir atividades que diminuam ou superem essas dificuldades. É a difícil tarefa de quem treina e desenvolve, porém basta não ter pressa em relação aos resultados e desenvolver planos de ação focados nesses itens.

Sendo uma avaliação que só possui um olhar, do chefe para seu subordinado (também conhecida como 90º), é possível também aplicar uma avaliação 360º, porque essa é a visão de todos. É a autoavaliação, a avaliação dos colegas de trabalho, de superiores, clientes e fornecedores. Todos avaliam todos. Isso garante mais qualidade à avaliação. Contudo, nem todas as organizações estão prepara- das para elas. É preciso fazer um trabalho de conscientização na empresa para que todos percebam que é um trabalho de feedback. Muitas vezes um gerente não está preparado para avaliar seus subordinados, porque ele nunca está presente, ou não observa as coisas que acontecem ao seu redor. Como os resultados são obtidos, não está muito interessado em como esses resultados acontecem. Assim, muitas vezes um colega ou um encarregado está mais apto.

Não é um trabalho rápido, é de muita responsabilidade. Se a empresa não possui um setor de gestão de pessoas, um RH, existem consultorias no mercado que desenvolvem esse tipo de trabalho e que oferecem bons serviços. Ainda que a empresa seja peque- na, com poucos funcionários, vale a pena acompanhar o desenvolvimento de seus colaboradores em suas funções. Eles são os talentos humanos e é através deles que a empresa mantém sua saúde interna e desenvolve bom trabalho no mercado.

A realidade do mercado hoje é que várias empresas oferecem os mesmos produtos ou serviços, com os mesmos diferenciais, as mesmas facilidades. Portanto, o que vai sobrar como diferencial será o atendimento. E quem atende o consumidor de forma direta ou indireta é o capital humano da empresa. Por isso é importante investir em pessoas.

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EVOLUÇÃO

Sistemas de avaliação de desempenho sempre estiveram presentes na ação evolutiva da humanidade. O ser humano é avaliado pelos membros da sociedade, em sua família, no grupo ao qual pertence. Nas empresas, é um processo presente e de grande importância para a vida dos colaboradores e da evolução futura das organizações. No âmbito empresarial, sem a avaliação adequada não há sistema integrado e eficaz de gestão empresarial.

A avaliação precisa ter como objetivo principal a análise do desenvolvimento dos colaboradores, promovendo um melhor crescimento pessoal e profissional. Esse instrumento visa medir a competência do funcionário no exercício do cargo e desenvolvimento de suas funções, durante certo período de tempo.

De posse da avaliação, a organização poderá colher dados e informações acerca da performance de seus colaboradores e direcionar suas ações e políticas internas, no sentido de desenvolver a organização por intermédio de programas de melhoria do desempenho de seus funcionários. Alguns conceitos difundidos nas empresas e divulgados atualmente são novos, tais como estratégias de remuneração. Porém, outros, como a liderança, a qualidade e a valorização do ser humano ganham roupagem nova, mas sempre existiram de alguma forma.

Valorizar o ser humano é um assunto que volta a ser discutido. Essa tendência mais humanística está embasada nos princípios que se ocupam a considerar aspectos motivacionais, psicológicos e comportamentais dos colaboradores. O homem possui necessidades, desejos e sentimentos que devem ser considerados e analisados, porque influenciam comportamentos e desempenho de todos que fazem parte da organização.

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 7 – PORNOGRAFIA ESPIRITUAL OU INTIMIDADE ESPIRITUAL? VOYEURISMO OU VISITAÇÃO?

 

Certa vez, Deus falou com um ministro bem conhecido e disse: “Eu tenho visto o seu ministério, agora quer ver o Meu?” Ele está dizendo a mesma coisa à Igreja agora. A maioria dos pregadores aprende bem cedo como atrair uma multidão em seu ministério, mas eles usualmente não aprendem isso de Deus. Somos escolados em atrair a atenção dos homens, mas ignorantes em como atrair a atenção de Deus.

Eu sei como planejar uma reunião, promover um evento e pregar uma mensagem para “resultados humanos” máximos, mas estou relutante em prosseguir nesse caminho. Já estive naquela estrada e, na verdade, não gostei de ver onde ela acaba. Mas tenho de dizer que a verdadeira razão para minha desilusão é que eu fui destruído com Sua presença. Isaías disse isso, então eu posso dizer! “Vou perecendo.” – (Isaías 6:5). A palavra hebraica ali significa “perdido”. O encontro com Ele destrói seu apetite para encontro com o homem. Líderes de louvor também aprendem como elevar a alma com a unção sobre seus dons, e não há nada errado nisso. Mas eu, às vezes, pergunto para mim mesmo o que aconteceu com os verdadeiros líderes de louvor, cujo único propósito é levar o povo de Deus até Sua presença em consideração a Ele.

A unção pode facilmente dirigir uma grande multidão, mas o problema com aqueles tipos de reunião com homens é que você pode captar o favor dos homens sem jamais buscar o favor de Deus. Há uma maneira melhor e Jesus demonstrou com Sua vida. A Bíblia diz que Jesus cresceu em graça com ambos, Deus e os homens. – (Lucas 2:52). E Ele sempre, sempre colocou Deus em primeiro lugar.

Ao longo do Seu ministério, o único foco de Jesus era ouvir o que o Pai estava dizendo e dizê-lo, e ver o que o Pai estava fazendo e fazê-lo. – (Veja João 5:30; 7:16-18; 8:28-29; 12:49-50). Esta é a razão pela qual Jesus e os ministros que seguiram Seus passos nunca se preocuparam em atrair grandes multidões. Se você conhece a Deus e O agrada mediante a obediência total, a fome por Ele trará multidões até você. O que aconteceria com as nossas reuniões se fizéssemos isso? Eu posso lhe garantir que elas certamente seriam diferentes do que são agora.

Receio que a maior parte dos nossos cultos de igreja cuidadosamente orquestrados e reuniões de avivamento iriam muito bem sem a ajuda, aprovação ou comparecimento de Deus. Julgando pelo fruto de algumas das nossas intermináveis reuniões, elas já têm funcionado dessa maneira há um longo tempo. Comentário triste. É uma declaração do nosso baixo nível de fome, que se contentaria com menos de Deus do que Ele quer que experimentemos.

A TENTAÇÃO É CONTINUAR PROMETENDO QUANDO VOCÊ NÃO PODE CUMPRIR

Temos praticado e aperfeiçoado a arte de divertir o homem, mas durante o percurso temos perdido a arte de divertir a Deus. Já falamos sobre a zona do choro, aquele lugar de intercessão sacerdotal entre a corte do homem e o altar de Deus, onde alcançamos a Deus com uma das mãos e o homem, com a outra. Às vezes, ficamos tão envolvidos em atrair o homem à nossa mão estendida, que perdemos o desejo e a habilidade de atrair a Deus com a outra. Quando você pode puxar os homens até você, mas não pode fazer Deus Se aproximar mais, a tentação é continuar prometendo a Ele apesar de não poder cumprir.

Repetidas vezes, reunimos grandes multidões de pessoas embaixo de um cartaz de plástico que proclama “avivamento”! Então nos tornamos como perpétuos co-anfitriões de TV da madrugada, da cena de igreja dizendo: “Aqui está Deus!” Com entonação de voz bem praticada e manejar de mão floreado, convidamos e O anunciamos – só que não temos nenhum lugar para Ele Se assentar. Em nosso percurso para agradar os homens, aos esquecemos de agradar a Deus. Não há trono de misericórdia.

Assim, Ele nunca realmente aparece. Ele somente surge detrás das cortinas (ou da treliça, como Salomão disse), liberando apenas o suficiente de Sua unção para que você saiba que Ele está lá, mas não o suficiente para ter um encontro como o da estrada de Damasco que o mudará completamente.

Parte do nosso problema é o hábito de usar impropriamente a terminologia para artificialmente levantar as expectativas do povo, nós perpetuamente prometemos demais e produzimos de menos. Como eu disse anteriormente, se alguém diz: “A glória de Deus está aqui” de uma postura emprumada, você tem minha permissão para questionar a validade do comentário. Somos culpados de fazer tempestade em copo d’água, mas, somente em nossa vã imaginação. Quando o povo do mundo entra, eles dizem: “É bom aqui dentro. Eu sinto paz. Bom, isso é Deus. Não há dúvidas sobre isso, é Deus. Mas quanto de Deus?’’ Então eles saem.

A MÃO DE DEUS PODE SUPRIR, MAS SOMENTE SUA FACE PODE SATISFAZER

Nós prometemos a glória de Deus, mas frequentemente, na melhor das hipóteses, damos uma medida limitada da unção de Deus. A unção de Deus não foi feita para satisfazer a fome da nossa alma. A unção e os dons autorizados por ela são simplesmente armas para nos assistir, habilitar, encorajar e direcionar à sua Fonte. Somente o próprio Deus pode satisfazer a fome que Ele colocou em nós. Sua mão pode suprir nossas necessidades, mas somente Sua face pode satisfazer nossos anseios. À medida que contemplamos Sua face somos trazidos a uma união com o nosso destino e desfrutamos o favor de Seu amoroso olhar e do incomparável beijo de Seus lábios.

Há uma grande diferença entre encontrar a unção de Deus e encontrar Sua glória. Eu, na verdade, não estou mais muito interessado na unção – não quando ela é comparada com a glória da Sua presença manifesta. Eu digo isso porque é a única maneira que sei para ajudar as pessoas a entender a dramática diferença entre unção e glória de Deus.

A unção de Deus, em todas as suas várias formas, tem um sentido válido em Seus planos e propósitos. O problema é que temos nos tornado tão viciados na maneira que a unção nos faz sentir, que tiramos nossos olhos e nosso coração da glória e da face de Deus para conseguirmos mais da unção em Suas mãos. A unção habilita nossa carne e nos faz sentir bem. É por isso que a Igreja está cheia de “drogados com a unção” em ambos os lados do púlpito. A maioria (não todas) das bobices em nossos cultos que atraem fogo do mundo e vários segmentos da Igreja pode se encontrar nesse estranho vício.

Se você não acredita em mim, pergunte a si mesmo por que as pessoas atropelam umas às outras para conseguir um “lugar quente” na fila de oração nas conferências mais importantes. Expliquem-me por que cristãos nascidos de novo mentirão, conspirarão e quebrarão todas as regras do livro para conseguir os “melhores assentos” nos salões da convenção, quando o “Evangelista do Fogo X” vem à cidade? Honestamente, há muitos pregadores nacionalmente conhecidos que têm fã-clubes hoje em dia. Eles não o chamam de fã-clube, é claro, porque isso seria muito embaraçoso, mas isso é a pura verdade. Este é um típico comportamento quando pregadores e seus fãs se tomam viciados no poder da unção.

DESEJOS INCONTROLÁVEIS POR EMOÇÕES ESPIRITUAIS BARATAS SE TORNAM PORNOGRAFIA ESPIRITUAL

Nós, frequentemente, preferimos ser indiretamente emocionados pelo toque de Deus na vida de alguém do que buscar isso em nossa própria vida. Ou, se estamos no ministério, podemos nos tornar viciados na paixão das pessoas por nós, por causa da unção. É tão gostoso estarmos no fluir!

O vício transforma mesmo a mais forte unção em uma emoção barata. E o pior, o desejo incontrolável do pregador de ministrar sob a unção – e a compulsão que impele um crente a receber ministério sob a unção – se torna uma forma de “pornografia espiritual.” Como na variação física dessa compulsão, “pornógrafos espirituais” querem conseguir suas emoções observando a intimidade experimentada por outros, ao invés de arcar com a responsabilidade do relacionamento com Deus. Este é o único canal apropriado, através do qual devemos obter intimidade pessoal com Deus. O Senhor não quer que sejamos apaixonados por Suas mãos c as bênçãos que elas trazem ao espírito, à alma e ao corpo. Ele quer que nos rendamos em amor por Ele!

Estamos essencialmente dizendo: “Eu não vou entrar na íntima presença de Deus por mim mesmo. Vou conseguir uma emoção barata compartilhando do encontro com Deus de alguém. Se eles forem descritivos e dinâmicos, conseguirei arrepios suficientes para manter minha unção fixa.” Quando ministros expõem a unção na própria vida, descaradamente, sem considerar a busca de intimidade com o próprio Deus ou se preocuparem em levar o povo de Deus a uma intimidade pessoal com Ele, eles se tornam exibicionistas espirituais. Estão mais preocupados com o prazer que vem da sua exibição pessoal da unção do que em buscar a face de Deus e ministrar a Ele. Aqueles que “assistem” sem buscar Deus para si mesmos se tornam meros “voyeurs”23 espirituais, cujas vidas não possuem o genuíno relacionamento que Deus deseja para eles.

Ficamos viciados na unção da mesma maneira que os filhos de Israel ficaram. – (Veja Êxodo 19). O ministério de Moisés e os milagres que ele fez depois de falar com Deus claramente representaram unção divina, mas Deus queria dar mais aos israelitas. Em Êxodo, capítulo 19, Ele convidou a todos do grupo para subir e ouvi-Lo falar. Esta foi uma oportunidade de ir acima da unção e experimentar Sua glória pessoalmente. Os filhos de Israel disseram: “Moisés, você vai falar com Deus e descubra o que Ele diz. Você tem intimidade – somente pegue algumas descrições interessantes e traga a unção de volta para nós.” – (Êxodo 20:19, paráfrase). Eles não queriam ter o seu próprio encontro com Deus porque isso requeria um relacionamento que envolvia responsabilidade e morte ao ego.

Quando você pessoalmente paga o preço para encontrar a glória de Deus para bem perto, não pode voltar atrás naquilo que Ele lhe fala, porque naquele ponto você está “casado” com Ele. Quando você pega tudo de segunda mão pode dizer: “Isso pode ou não ser Deus, não sei dizer, porque isso é apenas uma ‘descrição’.”

Eu tentei mandar uma mensagem para meus filhos pedindo a um deles que dissesse aos outros: “Papai disse”. Isso não funciona. Se eu disser: “Vá dizer à sua irmã que eu falei que ela precisa arrumar o quarto dela e varrer o quintal” – o “mensageiro” do momento gosta de entregar estes tipos de mensagem porque eles se sentem poderosos, mas essas mensagens nunca têm o mesmo impacto do que a coisa verdadeira. Eu ainda consigo ouvir minhas filhas dizendo umas às outras depois da entrega de uma “mensagem de segunda mão”: “Você não manda em mim!” Nós dizemos isso (ou equivalente adulto) para nossos pastores, líderes espirituais e patrões constantemente, mesmo sendo adultos. Tudo isso é interrompido quando o Pai Celestial aparece pessoalmente e manifesta a Sua glória.

OS VICIADOS SÃO CONSUMIDOS COM SUA PRÓXIMA “FIXAÇÃO” DE UNÇÃO

Se não vigiarem, os pregadores podem se tornar um grande obstáculo para “Deus descer” em suas igrejas porque estão viciados na unção. Eles prefeririam pregar a adorá- Lo até que Sua glória entre. A verdade é que nossos melhores sermões nunca poderão ser igualados a sequer uma palavra falada por Deus diretamente a nós. As congregações podem se tornar da mesma forma viciadas na unção que flui de seus líderes bem- dotados ou dos dons residentes na congregação. Os viciados estão todos muito esgotados a fim de conseguir fixar sua unção para se preocupar em buscar a face de Deus.

“Por que Deus simplesmente não toma de volta os dons ungidos que Ele dá a tais pregadores viciados?” Ele não trabalha dessa forma. Uma vez que Ele abre esta porta de unção na vida de uma pessoa, Seus dons e chamados são sem arrependimento. – (Veja Romanos 11:29). Quando um pregador ultrapassa a linha na direção de puro vício pela unção, Deus não vai “retê-lo” removendo Seu dom. Ele simplesmente Se afasta dele pessoalmente porque Ele está mais compromissado com o caráter do que com o talento.

Quando o caráter se esgota e o talento ou dom continua, a pessoa está patinando em gelo fino e, finalmente, ele ou ela afundará. Qualquer dom de Deus que esteja separado da Sua permanente presença vai deteriorar com o tempo (isso talvez seja uma boa descrição do que aconteceu com muitas das denominações de igrejas que foram fundadas sobre sólidas verdades e experiências genuínas com Deus em certo tempo.). Por que esses ministros espiritualmente falidos simplesmente não voltam ao seu primeiro amor? Eles querem manter a pose diante do povo, mesmo quando sabem que o testemunho particular deles não combina com a unção pública que demonstram ter.

TEMOS PROSTITUÍDO MUITOS PROCESSOS DE DEUS

Deixe-me assegurar a você que há uma grande diferença entre uma representação unidirecional e a coisa real. Temos prostituído muitos processos de Deus buscando o que vem do homem como uma completa representação de Deus. Algumas pessoas falam sobre coisas do Espírito como se estivessem lá, mas estão simplesmente falando sobre o que ouviram. Elas não tiveram um encontro legítimo próprio, então a descrição que fornecem de Deus encontra-se em uma dimensão plana e única. Essa é a diferença entre olhar para o retrato do seu filho, ou filha, ou acariciar o cabelo dessa criancinha que começa a andar, a quem você ama.

A Igreja tem pervertido e prostituído sua unção por perseguir a aprovação do homem quando este não é o propósito real da unção. Quando Deus primeiramente apresentou a Moisés o óleo da unção ele disse:

Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção. Com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e a mesa com todos os seus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso, e o altar do holocausto com todos os utensílios, e a bacia com o seu suporte. Assim consagrarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo. Também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes. Dirás aos filhos de Israel: Este me será o óleo sagrado da unção nas vossas gerações. Não se ungirá com ele o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma composição; é santo e será santo para vós outros. – (Êxodo 30:25-32).

Parece impróprio que a Escritura diga, “ungirás” e “não… a carne do homem” na mesma passagem. Não na carne não consagrada! A carne dedicada e ”morta para si mesma” está pronta para ser ungida.

O Salmo 133, no verso 2, nos mostra como este óleo da unção foi usado: “É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.” – (Salmos 133:2). Os israelitas fizeram óleo da unção em um litro porque quando era tempo de ungir algo, eles despejavam, ungiam, encharcavam e na ocasião borrifavam excessivamente. Agora pense em Arão, o sumo sacerdote.

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA DEUS ARRUINAR SEU CARPETE?

Quanto óleo você teria de despejar sobre a cabeça de um homem adulto (talvez um homem que não cuidou em cortar o cabelo) para que esse óleo descesse pela barba dele (uma barba inteira) e, então, descesse por toda a altura de suas vestes de linho sacerdotal tão generosamente a ponto de gotejar para fora da bainha até a planta dos pés? Eu não posso dizer o quanto gastaria, mas posso lhe garantir que se Deus recriasse aquele evento em nossa igreja, isso arruinaria o seu carpete (e quem quer que estivesse no lugar de Arão necessitaria de um novo penteado).

Eu quero o tipo de culto desarrumado que tem “intervenção divina” estampada em todos eles. Quando os homens ungem outros para aprovação do homem, eles usam só o suficiente para ganhar aplausos e levantar arrepios. Quando Deus unge o homem, Ele praticamente nos afoga com Sua fragrância. Somente assim Ele possa suportar chegar perto.

Essa é a maneira como “o primeiro culto de igreja” aconteceu. Leia o segundo capítulo de Atos e me explique por que os discípulos tropeçavam e cambaleavam fora do cenáculo de tal modo embriagados do Espírito que o povo os acusava de estarem caindo bêbados. Quão simpático foi isso? Pedro teve de refutar as acusações com a lógica de um advogado e poder do Alto para dizer-lhes: “Olhem, é muito cedo. Os bares não estão nem mesmo abertos. E cheirem o nosso hálito.” Simpático ou não, a primeira Igreja de cento e vinte “bêbados embriagados” do Espírito realizou um chamado no altar, e três mil pessoas vieram a Cristo.

Temos de ver isso acontecer em alguns de nossos cultos. Eu amaria ver a unção de Deus nos arrasar e à igreja. Eu amaria ver as pessoas cambaleando no templo simplesmente transbordando de óleo. Eu posso lhe dizer isto: nós não pareceríamos sãos, não pareceríamos normais e certamente não seriamos considerados “atraidores do público”, mas um culto como aquele só pôde acontecer porque Deus apareceu. O que você escolheria – limpar o carpete ou limpar o coração; um penteado bonito ou uma oleosa, mas perfumada bagunçai

MANTEMOS NOSSA COMPOSTURA A CUSTO DE NOSSAS CONVICÇÕES

Será que você fica chocado quando eu digo que o mundo está cansado da “igreja normal”? Ela pode ser tudo o que temos, mas não tem feito o seu trabalho. Não estou dizendo que precisamos nos tornar um bando de fanáticos insensatos, mas a verdade é que nossa maior tentação é o desejo de manter nossa compostura a custo de nossas convicções.

Nós não somos o que deveríamos ser, e não estamos fazendo o que deveríamos fazer. Por quê? Porque achamos que temos uma reputação a manter. As reputações não significam nada para Deus. Estou pensando em um Rei que esvaziou-Se a Si mesmo e tomou a forma de servo para que pudesse fazer o que precisava fazer. – (Veja Filipenses 2:7). Você não pode buscar a face d’Ele e salvar a sua. Você deve perder sua dignidade na busca pela divindade d’Ele.

Francamente, tenho notado que precisamos destes cultos imprevisíveis que nos forçam a perder nossa compostura, porque esta é frequentemente a única maneira pela qual permitiremos que Deus rompa algo.

Novamente, você deve perder sua dignidade em busca da dignidade d’Ele. Quando o povo de Deus se compromete a ver os céus abertos em sua igreja e cidade, eles se tornam grávidos com os propósitos de Deus. Essas pessoas irão, inevitavelmente, terminar numa “sala de parto” quando a matriz divina do Céu se abrir para liberar a glória de Deus.

Se você já esteve lá, deixe-me assegurá-lo de que a típica sala de parto não é um lugar de compostura. Eu estive lá de verdade como um espectador (minha esposa era quem ia dar à luz). Aprendi em primeira mão que uma mulher vai à porta da morte para trazer de volta a vida. Da mesma maneira, o Calvário não era um lugar de compostura. Foi um solo sangrento de parto no qual o Filho de Deus desceu à sepultura e voltou para nos trazer nova vida.

TEMOS EVITADO A CRUZ E REDUZIDO O CUSTO DO COMPROMISSO

A “igreja com uma reputação” tem tentado formular “Salvação num pacote” onde convertidos simplesmente andam até a frente e apertam a mão de alguém num evento organizado e arrumado. Às vezes, as igrejas até mesmo providenciam lenços para secarem as lágrimas que podem ou não se formar 110 olho de alguém. Entendo o pensamento atrás de tudo isso, mas tenho uma imagem persistente de como nossa Salvação foi originalmente entregue. Continuo vendo o Cristo esbofeteado despojado em vestes ensanguentadas, e penso comigo mesmo se temos exageradamente evitado a cruz e reduzido o custo do compromisso. Ele morreu despido, indicando uma perda total de dignidade. Mesmo prestes a morrer! Ele perdeu Sua dignidade e nós buscamos preservar a nossa.

Deus está ativamente cortejando nosso amor, mas pensamos que as coisas se tornam bagunçadas demais da maneira que ocorre. Queremos reduzir o avivamento até que ele possa ser oferecido às pessoas num pacote simples, embalado a vácuo e produzido em massa e que seja agradável e arrumado. Infelizmente, para o orgulho do homem, algumas das coisas que fazem Deus se sentir confortável, tendem a fazer os homens incrivelmente desconfortáveis.

Quando é que alguém vai arcar com a responsabilidade e dizer: “Derrame o óleo em mim até atrapalhar o meu cabelo e escorrer em tudo que eu tocar. Encharque-me em Sua presença até que tudo que estiver em minha volta se torne uma bagunça ungida e eu nem mesmo pareça ou aja da mesma maneira. Desabilite-me com o Seu toque até que eu manqueje. Isso vai mudar a maneira que meu irmão olha para mim. Despeje sobre mim”? Deixe-me tropeçar da sala mais alta até as mais baixas ruas. A “sala de parto”, chamada de sala superior, produzia discípulos descompostos para mudar o mundo para sempre.

ESQUEÇA ATALHOS: MANTENHA A COISA PRINCIPAL COMO PRINCIPAL

Não se preocupe em procurar atalhos para o avivamento ou para a revelação da glória de Deus. Se você quer dedicar-se a Deus, então terá que fazê-lo da maneira que eles O atraíram e venceram, e O perseguiram e O buscaram no passado. Não há nenhum novo método ou caminho para o avivamento. Nós só temos de redescobrir a receita original de Deus e parar de fazer coisas sem fundamento. Temos priorizado a coisas de menor importância por tanto tempo que perdemos a dedicação ao próprio Deus. Deixe-me compartilhar com você um sábio conselho que meu pai me deu: O principal é manter a coisa principal como principal. O principal é Ele. A centralidade de Cristo!

Cantares de Salomão revela o real propósito da unção. O Noivo chama Sua Noiva e diz: “Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus unguentos do que toda sorte de especiarias!” – (Cantares de Salomão 4:10). A verdadeira unção deveria fazer Deus dizer à Sua Noiva, à Igreja: “O seu cheiro conquistou meu coração.” Há algo sobre a unção perfumada na oração, no louvor e na adoração dos santos que fascina Deus.

Se pudermos direcionar a doce fragrância da nossa unção e do nosso sacrifício de louvor para cima em direção ao Céu, ao invés de horizontalmente na direção um do outro, deveremos ver os céus abertos. Há pelo menos 131 referências para “ungido, ungindo ou ungir” no Antigo Testamento:

1. A maior parte das referências do Novo Testamento indica a unção de Jesus para Seu ministério, morte e sepultamento como o Cordeiro de Deus, o Sacrifício Divino. – (Veja Marcos 14:8; 16:1; Lucas 7:46).

2. Às vezes, ela significa a autorização para o homem fazer trabalhos divinos entre os homens (ou de reis para governar sob a autoridade de Deus). – (Veja Lucas 4:18; Atos 10:38).

3. Às vezes ela significa o selo de Deus sobre os homens. – (Veja 2 Coríntios 1:21).

4. Ela revela o poder de Deus para curar ou libertar – representando uma medida da virtude de Deus emprestada para trazer glória a Ele e a Ele somente. – (Veja Marcos 6:13; João 9:6; Tiago 5:14-15).

5. Em raras ocasiões, é a maneira de Deus separar e abençoar pessoas ungidas (como Jesus) para devoção total à justiça e às coisas de Deus. – (Veja Hebreus 1:9).

6. Na epístola de João, é um dom que recebemos de Jesus que habita em nós e nos ensina todas as coisas. – (Veja 1 João 2:27).

NÓS PROSTITUÍMOS A UNÇÃO PORQUE QUEREMOS CHEIRAR BEM

O principal propósito da unção tanto no Antigo quanto no Novo Testamento era separar as coisas e o povo, e fazê-los aceitáveis a Deus (e ocasionalmente para reis). Infelizmente, tendemos a prostituir a unção porque queremos cheirar bem para todos os demais.

De acordo com o capítulo 2 do livro de Ester, depois que a esposa do rei Assuero da Pérsia se recusou a mostrar-se aos convidados do banquete dele, cheio de bêbados, ele iniciou uma busca em todo o reino por uma nova rainha. Certa moça judia, cujo nome era Ester, foi selecionada para ser uma das candidatas para o harém do rei. Como eu disse em Os caçadores de Deus, Ester e as outras candidatas passaram “um ano em preparação para uma noite com o rei.” – (Tommy Tenney, Os Caçadores de Deus, Editora Dynamus, p.62).

Ester passou seis meses impregnando-se em óleo de mirra, e seis outros meses embebendo-se em outros aromas suaves somados para se purificar e preparar para uma noite com o rei. Apenas uma das candidatas veria o rei uma vez e raramente ou nunca o veria novamente. A Bíblia diz: “O rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante ele favor e benevolência mais do que todas as virgens; o rei pôs-lhe na cabeça a coroa real e a fez rainha em lugar de Vasti.” – (Ester 2:17).

Ester também “alcançava graça aos olhos de todos quantos a viam.” – (Ester 2:15). Você pode imaginar como Ester estava perfumada após passar um ano embebendo-se em óleo ungido? Ele estava em suas vestes e impregnado em sua pele e cabelo. Ela deixava uma nuvem de incenso por onde andava. O cheiro da preciosa mirra estava nela. Quando percorria o palácio, todo homem por perto levantava suas sobrancelhas para ela e dizia: “Oh, olhe! Olhe para Ester.”

ESTER ESTAVA BUSCANDO A APROVAÇÃO DO PRÓPRIO REI

Eu não acho que Ester retornou um único ou piscadela de flerte. Ela não quis desperdiçar todo o tempo que havia gasto na unção somente para ganhar a aprovação dos homens. Ela estava buscando a aprovação do próprio rei. Será que podemos dizer o mesmo da Igreja, a Noiva de Cristo? Temos crescido acostumados a vestir a unção de Deus para ganhar a aprovação da corte do Rei em vez do próprio Rei. Nos dias de Moisés, a unção era reservada para as coisas de Deus e carne santificada ou separada. Ungir qualquer outra coisa era pecado. Muitas pessoas desperdiçam a unção em carne não santificada e não arrependida para ganhar a aprovação do homem. Se a raiz for um coração orgulhoso, corrupto e não arrependido, a unção poderá fazer a carne apodrecida cheirar melhor somente por algum tempo.

Se você é um pregador, um professor, um líder de adoração, ou ocupar qualquer cargo de responsabilidade no corpo local, não desperdice a preciosa unção de Deus para buscar a aprovação do homem. Use-a para preparar a Noiva para o Rei.

O propósito da unção é unir Deus e o homem em santa comunhão. Moisés sabia a diferença entre a unção e a glória. Ele teve a unção de Deus. Ele conhecia a emoção de operar milagres, sinais e maravilhas por intermédio da unção. Moisés tinha uma boa coisa, mas pediu a Deus a melhor coisa. Ele disse: “Por favor, mostre-me Sua glória.” – (Êxodo 33:18).

Tenho de admitir, eu me sinto da mesma maneira que Moisés sentiu – apesar de nem se comparar o meu ministério com o dele. As evidências do poder de Deus na unção não mais são suficientes. Os dons, as bênçãos e provisões de Suas mãos são apreciáveis, mas eu quero mais. Eu O quero. Eu desejo ver Sua glória e habitar em Sua presença manifesta mais do que eu desejo as bênçãos de Suas mãos.

Como Moisés, temos a oportunidade de ir além da onipresença e da unção de Deus para ver a glória de Deus. Nosso espírito foi instantaneamente transformado em nova criatura pela Salvação, mas ainda precisamos fazer algo sobre nosso corpo manchado- de-pecado e nossa alma suja, antes que Deus possa nos expor a Sua glória resplandecente. O sangue de Jesus cobre nosso pecado e nos preserva da morte, mas isso não significa que somos particularmente atraentes para Deus, sem a cobertura da nuvem perfumada da adoração arrependida e quebrantada.

A GLÓRIA DE DEUS PAIRA POR TRÁS DA PORTA DE ENTRADA ENCHARCADA DE SANGUE DO ARREPENDIMENTO

Não era permitido a Moisés ver a glória de Deus até que sua carne tivesse morrido. Como mencionei repetidamente em Os caçadores de Deus, meu primeiro livro, o equivalente da morte no Novo Testamento é arrependimento. Podemos não gostar disso, mas a glória de Deus paira por trás da porta de entrada encharcada de sangue do arrependimento. Se quisermos entrar na glória manifesta da presença de Deus, teremos de passar através da porta chamada arrependimento. Gostamos de evitar o arrependimento dizendo que tudo foi resolvido no dia em que recebemos Jesus. Sim, o Senhor fez a parte d’Ele na cruz, mas você e eu ainda não terminamos. O arrependimento é uma necessidade diária e contínua na vida de todo discípulo de Cristo. Esta é a razão pela qual Jesus disse: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz (morra para si mesmo pelo arrependimento diário) e siga-Me.” – (Lucas 9:23). (Parênteses e maiúsculas acrescentados pelo autor). Gostamos de ocupar posições pomposas atrás de nossos púlpitos, apontar para o mundo sufocado com o pecado e ordenar que eles se arrependam. Será que um dia vamos aprender que nunca seremos capazes de forçar o mundo ao arrependimento – especialmente quando os mesmos problemas que existem dentro da igreja são os que existem no mundo? Estamos em pé numa falsa plataforma de hipocrisia que brevemente irá desmoronar. A Igreja não deve mais apontar na direção do arrependimento; devemos ir à frente do caminho com estilo de vida de arrependimento. Devemos abraçar o arrependimento como um corpo.

Deus usa Sua unção para nos treinar, limpar, curar e preparar para Sua presença manifesta de maneira semelhante à que os empregados do rei prepararam Ester para o rei da Pérsia. Finalmente, a unção nos leva de volta ao altar de Deus e ao lugar de arrependimento. O arrependimento, por sua vez, pode introduzir a própria glória de Deus.

A UNÇÃO É SOBRE NÓS; A GLÓRIA É SOBRE ELE

Se você é ungido, vai pregar melhor, orar melhor, ministrar melhor e adorar melhor e com maior liberdade, mas este não é o maior propósito de Deus. A unção é totalmente sobre nós, mas a glória é totalmente sobre Ele. A unção se refere ao que Ele derrama, unge ou coloca sobre nós para nos ajudar a fazer Sua vontade. Às vezes, ela age como um “perfume” para nos preparar para a intimidade, como no caso de Ester. Quando a unção de Deus repousa sobre você, ela faz com que tudo que você faça seja melhor. Não importa se você prega, canta, testemunha, profetiza, ora ou ministra aos bebês. Quando a unção vem sobre você, ela habilita seus dons, talentos e chamados com o poder de Deus. No entanto, isto ainda é a unção e ela repousa sobre a carne.

A glória é diferente. Quando a glória de Deus vem, você repentina e claramente entende por que Deus disse: “a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.” – (1 Coríntios 1:29). Uma tradução mais literal dessa passagem pode ser: “Nenhuma carne se glorie ante a face de Deus.” Eu posso testemunhar por experiência pessoal e provar pelas Escrituras que no momento em que a glória vem, sua carne não consegue fazer nada. Você já percebeu que sempre que as pessoas têm um “encontro com Deus” na Bíblia, elas geralmente terminam com o rosto em terra? Isto é porque eles não tiveram realmente uma escolha. A diferença entre a unção de Deus e a glória de Deus é como a diferença entre uma pequenina faísca azul de eletricidade estática e a força bruta de uma linha aérea de 440 volts de força ou uma descarga de raio sobre sua cabeça. Estamos tão ocupados esfregando nossos pés no carpete das promessas de Deus e dando uns aos outros pequeninas chamas azuis de unção que não percebemos que Deus quer nos sacudir com Sua linha de glória de 440 volts do Céu. O primeiro pode emocioná-lo um pouco, mas você sente que o último pode matá-lo ou mudar sua vida para sempre.

A UNÇÃO POR SI MESMA NÃO FARÁ O SERVIÇO

Eu amo a unção de Deus e me sinto grato por todo dom bendito que Ele nos deu. Ainda assim, estou convencido de que a primeira escolha de Deus é que busquemos por Sua face generosa em vez de Sua mão de unção. Tenho passado a maior parte da minha vida na igreja (múltiplos cultos, até cinco dias por semana, desde a infância). Pessoalmente, já tive pregações e cânticos ungidos o suficiente para durar por duas vidas. É bom e emocionante, mas eu tenho de lhe dizer que a unção por si mesma não fará o serviço. Devemos ter a presença manifesta do próprio Deus à mostra para o mundo.

DEUS QUER UMA IGREJA QUE TENHA OLHOS SOMENTE PARA ELE

A falha em discernir entre o bom e o melhor pode nos levar a realizar negócios desiguais. Ester se recusou a negociar a aprovação de piscadinhas dos homens na corte do rei em troca do favor do próprio rei. Como resultado, o rei disse a Ester bem na frente do seu (de Ester) inimigo (A.D. da revisora): “Qual é a tua petição? E se te dará. Que desejas? Cumprir-se-á, ainda que seja metade do reino.” – (Ester 5:6). Deus está procurando por uma Igreja-Noiva que tenha olhos somente para Ele. Então, Ele Se regozijará em lhe dar a chave da cidade e a vida da nação.

Não cometa o erro de prostituir a unção para atrair o homem para que sua igreja possa crescer. Apenas diga: “Eu me importo mais com a presença d’Ele do que com Seus presentes. Eu dou mais valor à ‘glória’ do que ao crescimento.” Não, isto não é uma heresia. Minha Bíblia não tem sequer um único exemplo de Deus agindo preocupado com o tamanho de Sua Igreja. Se as coisas forem certas, você não tem de se preocupar sobre o crescimento da igreja. Apenas seja sério em buscá-Lo. Esteja perfumado com a unção e adore-O tão intensamente que você não se importe com quem esteja ou não no lugar.

Concentre-se no objetivo de escancarar os céus para contemplar Sua glória sobre sua cidade e nação. É fácil distinguir as igrejas que têm aprendido como enfocar a unção verticalmente para o favor de Deus ao invés de horizontalmente na direção dos homens. Basta olhar as pegadas cheias da glória de Deus direcionando para as suas portas.

Estas tiveram uma visitação.

 

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

CONHECENDO ACALCULIA E DISCALCULIA

Os discalcúlicos têm inteligência dentro dos padrões ou até acima da média, mas encontram problemas unicamente com o conhecimento matemático

Conhecendo acalculie e descalculia

“Sou uma professora de Matemática atípica, porque só consigo resolver uma equação ou conta usando papel e lápis, ainda faço contas usando os dedos e para gravar qualquer informação eu preciso escrever.” Relato da professora de Matemática Ana Maria. Assim como muitas crianças e adolescentes, a professora teve sérios problemas com o aprendizado matemático por mudar constantemente de escola. Entretanto, essas dificuldades foram passageiras, não impossibilitando a continuidade nos estudos e, principalmente, não interferindo na sua escolha de graduar-se em Matemática.

Hoje, infelizmente, encontram-se muitas crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem em Matemática por diversos motivos, como de ordem psicossocial, pedagógica e outras que, infelizmente, possuem um distúrbio neurológico relacionado com a aquisição da linguagem matemática. Esse distúrbio é conhecido por discalculia.

Discalculia vem do grego e significa dis + calculo, ou seja, dificuldade ao calcular. Os discalcúlicos apresentam dificuldades específicas em Matemática, como tempo, medida, resolução de problemas etc. Acomete pessoa de qualquer nível de QI, logo, é importante salientar que o discalcúlico tem uma inteligência normal, ou até acima da média. Seu problema está relacionado unicamente com o conhecimento da Matemática.

Até o momento, não existe uma prevalência maior em meninos ou meninas e acredita-se que cerca de 5% a 7% da população tenham discalculia.

Esse distúrbio não acontece por falha no sistema de ensino, por problemas psicológicos, como, por exemplo, a separação dos pais, perda de um ente querido ou por recorrente mudança de escola/cidade, como ocorreu com a professora Ana Maria.

A discalculia não é oriunda de problema emocional, pedagógico e social, pois nesses casos seria considerada uma dificuldade de aprendizagem em Matemática, algo transitório. Vale destacar, também, que a discalculia não é ocasionada por um dano cerebral, como o acidente vascular cerebral ou alguma outra lesão no cérebro. Em tais casos, a perda das habilidades matemáticas decorrente desses problemas é conhecida como acalculia.

Acalculia é a perda das habilidades que já estavam consolidadas e em desenvolvimento, Segundo Garcia, as lesões estão relacionadas ao hemisfério esquerdo parieto-temporal e parieto-occipital, e afetam o raciocínio lógico. As características da acalculia são o prejuízo na leitura e escrita de números; cálculo mental; disposição espacial dos números, como alinhar os números em uma coluna; dificuldade de saber quantas semanas tem o ano; dificuldade de saber qual número é maior ou menor; dificuldade de ler e escrever os números de complexidades diferentes.

Segundo Rosselli e Ardila, os estudos demonstram associação entre acalculia e afasia. Afasia é a perda da fala ou da articulação das palavras. A acalculia também se torna mais visível em adultos e idosos que sofreram acidente vascular e traumatismo craniano. Nesse caso, a intervenção deverá seguir o mesmo critério que se utiliza para crianças e adolescentes, adaptando as atividades de forma a contemplar a necessidade do indivíduo adulto. Até o momento, não se sabe ao certo o índice de pessoas com acalculia, pois o seu diagnóstico se confunde com outras comorbidades, como afasia, apraxia e síndrome de Gerstmann.

Desse modo, compreender a diferença entre discalculia e acalculia é importante para ajudar a criança e o adolescente de forma eficaz. Assim, a acalculia é uma comorbidade adquirida, diferente da discalculia, cuja definição se baseia em critérios comportamentais e de exclusão, não existindo, ainda, claros marcadores biológicos para o diagnóstico clínico. Contudo, estudos recentes demonstram que um dos fatores tem procedência genética. Cerca de 40% das crianças e adolescentes que têm discalculia podem ter dislexia, porém isso não é uma regra, já que é possível apresentar diversas patologias ao mesmo tempo, como apresentar hiperatividade e discalculia, dislexia e discalculia e assim por diante.

Todavia, discalculia e acalculia vão além de problemas relacionados com a Matemática. São de origem psicossocial, pois a criança que apresenta essas comorbidades tem toda sua vida desestruturada, com prejuízos sociais, emocionais e psicológicos.

Ladislav Kosc teria descoberto a discalculia em 1974. Na época, ele classificou a discalculia em seis tipos:

VERBAL – dificuldades para nomear as quantidades matemáticas, os números, termos, símbolos e as relações;

PRACTOGNÓSTICA – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens, matematicamente;

LÉXICA – dificuldade na leitura dos símbolos matemáticos;

GRÁFICA – dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;

IDEOGNÓSTICA – dificuldade em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;

OPERACIONAL – dificuldade em fazer cálculos e na execução de operações.

A neurociência nos mostra que vivência, motivação e estímulos ativam as conexões cerebrais, auxiliando o processo de aprendizagem referente à Matemática. Estudos neurocientíficos demonstram que existe uma parte do cérebro especializada em reconhecer números. Esses estudos ainda não foram concluídos, mas os estudos de neuroimagem funcional apontam que as áreas responsáveis podem ser as seguintes: parte inferior esquerda do lobo parietal, que é a área cerebral responsável pela representação de domínio específico de quantidades, das funções verbais, espaciais e do foco de atenção para a resolução de operações de quantidades, grandezas, proporções e números. A primeira rede neural tem a participação do lobo frontal inferior esquerdo e do giro angular bilateral, áreas envolvidas na representação linguística (símbolos numéricos, conceitos e regras), que são ativadas durante tarefas de cálculos exatos e funcionam de suporte no gerenciamento de operações aritméticas sucessivas que envolvem a participação de memória operacional e rotinas de memória verbal. O suco intraparietal bilateral é a estrutura anatômica-chave envolvida na realização de todas as tarefas de natureza numérica, juntamente com outras áreas como o giro angular esquerdo, o córtex frontal medial bilateral e o sistema parietal bilateral póstero-superior.

Não basta só conhecer as áreas cerebrais ou a neurociência, neurobiologia, tudo isso é importante, mas, acima de tudo, é preciso levar em conta que nem todos aprendem da mesma maneira e que existem, segundo Gardner, várias formas de inteligência, como a musical, lógico-matemática, interpessoal, linguística etc. É necessário aceitar que cada pessoa é diferente da outra, respeitar as limitações de cada uma e procurar ajudar essas crianças e adolescentes a terem um aprendizado significativo e de sucesso.

QUANDO SURGE

A discalculia torna-se aparente durante o segundo ou terceiro ano do ensino fundamental. Entretanto, desde a educação infantil a criança já apresenta dificuldades em compreender símbolos numéricos, algarismos arábicos e valores cardinais. Quando associado a um QI elevado, a criança consegue acompanhar o mesmo nível dos seus colegas durante os primeiros anos escolares, e o problema só vai se manifestar após o quinto ano de escolaridade.

Independentemente de ter discalculia, acalculia ou dificuldades de aprendizagem em Matemática, é importante um diagnóstico precoce, que aumenta as chances de sucesso na intervenção e minimiza os efeitos deletérios, como o abandono escolar e a depressão. As dificuldades específicas de cada indivíduo devem ser mapeadas, e torna-se necessário o planejamento de um ensino eficiente e direcionado às dificuldades específicas do discalcúlico, um professor dedicado e uma família acolhedora.

Os critérios de diagnósticos da discalculia são pautados nas dificuldades apresentadas pelas crianças e adolescentes, devendo ser levado em conta se as dificuldades persistem por mais de seis meses; se estiverem substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica da pessoa, conforme testes padronizados; se as dificuldades se iniciarem durante os anos escolares, especialmente desde a pré-escola, sendo necessário documentar essas dificuldades. No entanto, o diagnóstico deve ser feito idealmente após o segundo ou terceiro ano do ensino fundamental. Importante lembrar que essas dificuldades não podem ser explicadas por deficiências intelectuais.

O diagnóstico deve ser feito através de uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicólogo, neuropediatra, neurologista, pedagogo e pediatra). Porém, para que esse diagnóstico ocorra é necessário que a criança já tenha sido exposta ao conhecimento matemático.

As crianças com discalculia conseguem entender alguns conceitos matemáticos, mas têm grande dificuldade em trabalhar com números, fórmulas e enunciados. Elas podem reconhecer e compreender símbolos matemáticos, mas vai ser difícil resolver um problema. Algumas dificuldades apresentadas pelo discalcúlicos: visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior; conservar a quantidade, o que a impede de compreender que 1 quilo de café é igual a quatro pacotes de 250 gramas; compreender os sinais de soma, subtração, divisão e multiplicação (+, –, ÷ e x); sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 13 e depois do 15 (antecessor e sucessor); classificar números; montar operações; entender os princípios de medida; lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas; estabelecer correspondência um a um, ou seja, não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras; dificuldade de compreender os números cardinais e ordinais. Entretanto, pessoas que têm acalculia também apresentam, às vezes, as mesmas características. O que irá fundamentar o diagnóstico são os exames de neuroimagem e os relatos médicos. Até o momento, não existe cura para essas comorbidades, mas a intervenção eficaz, estimulação e reabilitação pedagógica, psicopedagógica e psicológica, com atividades para reaprender ou contornar as dificuldades relacionadas à Matemática, proporcionarão um tratamento adequado, lembrando que devem ser pautadas nas necessidades individuais de cada um.

 RECURSOS

A intervenção para discalculia, acalculia e dificuldades de aprendizagem deverá ser pautada em recursos materiais (uso de calculadoras, jogos e atividades lúdicas, caderno quadriculado, imagens, contação de histórias, questões claras e objetivas etc.); recursos metodológicos (métodos, técnicas de ensino organizativas, planejamento, adequação de conteúdos e avaliativas); recurso multiprofissional (fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicólogo, neurologista, neuropediatra, pedagogo, psiquiatra, terapeuta etc.).

Sem a intervenção adequada, as crianças podem arrastar, ao longo de sua vida, sérias dificuldades aritméticas, daí a importância e a necessidade da realização de uma intervenção precoce e eficaz. Desse modo, a intervenção deve se pautar nas características peculiares de cada indivíduo, de modo a reabilitar seus comprometimentos aritméticos e potencializar as habilidades já apresentadas.

Não é insistindo na mesma coisa feita em sala de aula e repetindo o conteúdo que a criança irá aprender Matemática. É preciso ensinar a criança a aprender a manipular os números de diferentes perspectivas, evitando procedimentos rotineiros, e um ensino mais prático do sentido do número e com um tempo maior para desenvolver a atividade. O aprendizado acontece de maneira lenta, logo a compreensão sobre as habilidades matemáticas é dificultada, e um novo olhar, uma alteração nas ações em sala de aula podem minimizar tais dificuldades.

Valorizar os conhecimentos e habilidades conquistados durante o processo de aprendizagem, mostrando as barreiras já vencidas, é uma ferramenta para despertar o interesse em aprender, e isso trará de volta a autoestima e bem-estar dessas crianças e adolescentes. É preciso intervir, motivar, estimular e cuidar para que esses alunos não se sintam impotentes diante do aprendizado, criando uma relação afetiva que contribua para o desenvolvimento educacional desses alunos. O professor será um mediador entre a teoria e a prática em sala de aula, e ajudar os colegas a respeitar a individualidade dos alunos com discalculia será a sua tarefa. Os discalcúlicos precisam de apoio, afetividade e socialização.

 ALFABETIZAÇÃO

A Matemática é uma linguagem, e como tal a criança precisa ser alfabetizada matematicamente. A criança que compreender a relação da Matemática com a vida não terá medo, e sim desejo de descobri-la. Segundo Luria, é fundamental existir a habilidade visuo- espacial, tanto para o cálculo quanto para o desenvolvimento das operações aritméticas, e ainda para a distinção entre aspectos procedurais (regras/procedimentos) e conceituais (que são compreendidos) envolvidos na Matemática.

Desse modo, crianças e adolescentes com acalculia e discalculia podem e devem utilizar dos recursos visuais para adquirirem as habilidades e competências matemáticas. Por isso, os jogos de tabuleiro e on-line são tão utilizados na intervenção. Aprender com a ludicidade significa construir conhecimentos por meio de vivências prazerosas e potencialmente significativas, tendo o jogo, o brinquedo e a brincadeira como base da aprendizagem. Através dos jogos, é possível reforçar conhecimentos e habilidades conquistados e valorizá-los durante o processo de aprendizagem, mostrando as barreiras já vencidas. É uma ferramenta para despertar o interesse em aprender e isso trará de volta a autoestima e o bem-estar dessas crianças e adolescentes.

Para que crianças aprendam a fazer a leitura do mundo através da Matemática será fundamental compreender os fundamentos do discurso matemático (palavras, sinais, símbolos, procedimentos, habilidades etc.) e como aplicá-los para resolver problemas em uma variedade de situações, entendendo, assim, sua função social.

As crianças que conceituam o número (para tal é necessário trabalhar: correspondência, comparação, sequenciação, classificação, seriação, ordenação, inclusão de classe, conservação e enumeração) não terão dificuldades nos anos advindos. Claro que é preciso levar em conta as experiências, vivências e o meio social que a criança está inserida, pensando se a mesma está sendo estimulada e motivada ao aprendizado.

Isso posto, devemos utilizar o brincar, o lúdico, imagens, jogos e brinquedos, com a finalidade de auxiliar o processo ensino-aprendizagem das crianças e adolescentes, pois quando a criança compreende a função social da Matemática ela acaba desmistificando a fábula de que a Matemática é para poucos e de que não serve para nada.

OUTROS OLHARES

 UMA NOVA CHANCE PARA 4 ESPÉCIES AMEAÇADAS

Uma nova chance para 4 espécies ameaçadas.

 

Uma nova chance para 4 espécies ameaçadas.png

ARARA-AZUL-GRANDE

Um exemplar de arara-azul-grande nasceu no zoológico de Curitiba (PR), tornando-se o quarto da espécie a ser gerado no local. Na imagem, os pais observam o filhote, que está com 4 meses. A ave, típica do Pantanal e da Amazônia, é vulnerável na escala de risco de extinção, pois está ameaçada pelo desmatamento e pelo comércio clandestino.

Uma nova chance para 4 espécies ameaçadas. 2

GUEPARDO

Também conhecido como chita, o felino africano em situação vulnerável foi abraçado pelo Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington, que investe 350.000 dólares por ano no cuidado e na reprodução do animal. Desde 2007, já nasceram 56 filhotes no local, dos quais 44 sobreviveram.

Uma nova chance para 4 espécies ameaçadas. 3

RINOCERONTE-NEGRO

Criados em um zoológico da República Checa, cinco rinocerontes-negros foram levados para Ruanda, onde serão liberados em um parque que replica seu hábitat e já conta com vinte outros animais desse tipo. A espécie, vítima da caça e da captura para exibição na Europa, está extinta na África.

Uma nova chance para 4 espécies ameaçadas. 4 

PANDA-GIGANTE

Além do esforço de diversos países para reproduzir o animal em cativeiro, o panda­ gigante saiu da lista de ameaçados de extinção em 2016 para entrar na de vulneráveis graças ao investimento chinês na plantação de bambus, o principal alimento do bicho: foram cinquenta anos até esse resultado.

GESTÃO E CARREIRA

A CRIPTOMOEDA DO FACEBOOK

Em um consórcio com gigantes dos meios de pagamento e da tecnologia, a rede social entra em um novo capítulo da sua história com o desenvolvimento da Libra

A criptomoeda do facebook

O mítico Satoshi Nakamoto, que lançou o “manifesto” do Bitcoin em uma lista de emails de criptografia em 2008 e liberou, alguns meses depois, o código aberto da moeda virtual talvez não imaginasse que sua invenção fosse capaz de atrair tantos seguidores ilustres. O fato, porém, é que as criptomoedas deixaram o submundo da internet e saíram das sombras. A consagração desse dinheiro misterioso veio na terça 18, quando o Facebook anunciou a criação do seu próprio meio de pagamento, a Libra. A intenção de Mark Zuckerberg é fazer com que transações e transferências financeiras sejam tão simples quanto o envio de uma mensagem de texto. Até por isso, a intenção é que ela seja compatível com os aplicativos de troca de mensagem da empresa, como o Messenger e o WhatsApp.

O anúncio da Libra rapidamente gerou tumulto entre os governos dos países mais poderosos do mundo. O G7, que reúne os mais ricos, anunciou uma força tarefa para avaliar a Libra, buscando entender como pode regular a criptomoeda, protegendo os direitos dos consumidores e evitando a lavagem de dinheiro. Nos Estados Unidos, onde o Facebook está sediado, uma audiência no Congresso foi marcada para que a empresa seja submetida a questionamentos. A intenção é bastante clara: não deixar que a rede social se torne muito poderosa e faça os bancos centrais do mundo de refém. Constituem a “associação Libra”, por enquanto, 28 parceiros que envolvem empresas de pagamentos, tecnologia e ONGs, incluindo Mastercard, Visa, Uber e eBay. O consórcio terá sede em Genebra, na Suíça, e afirma não ter fins lucrativos.

Além disso, a empresa desenvolverá a própria subsidiária para comandar o fluxo de moedas virtuais, a Calibra. A empresa garante que a carteira digital será completamente paralela à rede social, afirmando que por ser independente do Facebook, não será possível acessar o vasto banco de dados da empresa – o que garantiria ainda mais informações cruciais para manipulação certeira de produtos e marketing. Tentando tranquilizar os bancos centrais do planeta, o Facebook afirmou que a Libra terá lastro nas moedas de menor variação nos mercados financeiros, como o dólar e o euro – sem valor inicial anunciado – supostamente garantindo, dessa forma, a autonomia de política monetária dos países envolvidos. Mesmo assim, apenas a associação Libra terá o controle para “cunhar e queimar” as moedas.

 

A criptomoeda do facebook. 2

ALTA DO BITCOIN

O potencial no anúncio de Zuckerberg é muito maior do que o de dominar o mercado de criptomoedas. Com a Libra, se ela realmente for tão simples quanto uma mensagem de texto, é possível atingir públicos que não estão contemplados pelo sistema bancário, mas que possuem uma conta no Facebook. No anúncio mais recente, a empresa afirmou contar com cerca de 2.27 bilhões de perfis na rede. “A libra é mais que uma moeda. O que está por trás disso é uma infraestrutura de transação facilitada. Se as pessoas reconhecem a tecnologia, se é fácil de utilizar, então ela fará toda a diferença”, avalia Caio Ramalho, coordenador do FGVNest – núcleo de estudos em Startups e Inovação da Fundação Getúlio Vargas.

Apesar do preço do Bitcoin ter disparado desde então, foi de R$ 38 mil no dia do anúncio para R$ 50 mil na quarta-feira 26, as ações do Facebook permaneceram estáveis, com leve baixa de 0,2% no período. Isso indica cautela com a atratividade da empresa, que ainda tenta se recuperar dos escândalos de vazamentos de dados da Cambrige Analytica, com impacto nas eleições dos EUA de 2016, e de um péssimo balanço de contas divulgado em julho de 2018. Independente da aceitação futura da Libra – mero exercício de adivinhação por enquanto – Mark Zuckerberg, sob inspiração de Nakamoto, mais uma vez se coloca na posição de influenciador global, podendo mudar a forma como a sociedade se relaciona, agora impactando diretamente as relações das pessoas com o dinheiro.

A criptomoeda do facebook. 3

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 6 – NUNCA CONFIE EM ALGUÉM “QUE NÃO ANDE MANCANDO”

 

LUTANDO COM O DESTINO DIVINO

O povo de Deus precisa de mais do que outra “boa reunião” que cause arrepios de alto abaixo em sua espinha. Precisamos de um encontro com Deus que nos deixe mancos! Somos os Jacós que irão agarrar a manifestação visível de Deus e lutar com nosso destino até que sejamos mudados. Quem vai segurar Deus e dizer, “não o deixarei ir até que Você me abençoe”?

Ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó; Não te deixarei ir se me não abençoares. – (Gênesis 32:24-26).

Muitas pessoas ficam se perguntando como Jacó podia usar linguagem tão imprópria e impertinente com o Deus Altíssimo.

Eu acredito que Jacó, “o segurador de calcanhar”, usou a única terminologia que ele conhecia. Ele pode ter se tomado um patriarca, mas não era um teólogo. O povo apaixonado irá buscar desesperadamente o que os instruídos dizem que não pode ser conseguido. Jacó sabia o que era uma bênção porque se lembrava do que aconteceu quando seu pai colocou a mão sobre sua cabeça: “Tudo que eu sei é que a bênção do meu pai mudou minha vida e tornou as coisas diferentes, e tenho de ter algo como aquilo novamente. A única concepção que tenho para essa mudança é chamá-la de uma ‘bênção’, então me toque. Eu tenho de ter isso. Já tive uma bênção na perspectiva terrena. Agora eu preciso de uma na perspectiva espiritual. Eu não vou deixá-Lo ir até que me abençoe.”

ISTO NÃO É NENHUMA CELESTIAL “LUZ AZUL ESPECIAL ”

Muito frequentemente, nos aproximamos de Deus com uma mentalidade de desconto de loja. Não importa se fomos até Ele por avivamento, cura física ou uma bênção financeira. Esperamos conseguir o que queremos com o preço mais barato no menor tempo possível. Eu não sei quanto a você, mas eu nunca vi Deus fazer coisas desta maneira. Gostamos de fazer fila com nossas listas de orações e petições como se tivéssemos achado alguma “oferta de luz azul” celestial. Então dizemos: “Abençoe-me.” Eu tenho começado a orar para que Deus não responda segundo nossos exatos pedidos, mas de acordo com nossa necessidade. Sabemos o que queremos – mas será que sabemos o que precisamos?

O nome de Jacó literalmente significa “usurpador” ou “enganador.” Ele foi um enganador durante toda a sua vida. Um enganador que roubou a primogenitura do seu irmão mais velho e a bênção do seu pai. Dizer que ele não era confiável seria provavelmente uma subestimação. Ainda mais que Jacó veio de uma boa família. O filho de um dos homens mais famosos da história. Ele cresceu “na igreja” porque Abraão e Isaac tinham passado a seus filhos as histórias de seus encontros com Deus. Jacó tinha um chamado na sua vida e um destino divino a cumprir, mas ele não era confiável em seu presente estado. Tudo aquilo estava para mudar com um encontro.

Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó. Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali. Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. – (Gênesis 32:27-30).

Após uma ou duas horas de luta e esforço para ganhar vantagem, Jacó provavelmente se sentiu bastante confiante que iria receber a bênção. Acredito que ele tenha pensado consigo mesmo: “Bem, em algum momento, este ser angelical com o qual estou lutando, esta manifestação de Deus dirá: ‘Tudo bem, tudo bem, eu o abençoarei. Agora, ajoelhe-se aqui e eu colocarei minhas mãos sobre sua cabeça’.” Havia uma surpresa guardada para ele.

NÃO ABENÇOE MINHA VIDA ATRAPALHADA; DÊ-ME UMA NOVA VIDA

Jacó não precisava de outra bênção em sua vida estragada, mas necessitava de uma vida nova. Por isso, o Senhor não estendeu o braço com uma de Suas mãos aberta de bênção. Em vez disso, Ele dobrou Seu punho e bateu na coxa de Jacó com tanto poder que lhe deslocou a junta da coxa e lesou permanentemente o seu ligamento. Como resultado Jacó mancou o resto de sua vida.

Quando o irmão mais velho de Jacó, Esaú, finalmente avistou Jacó e o viu cocheando, ele provavelmente pensou: Este não é o mesmo Jacó que roubou a minha primogenitura. Ele nem mesmo anda como antes. Há humildade no seu andar; há uma nova ternura nele. Ele está diferente. Eu não posso matá-lo; aquele é o meu irmão. Ele queria matar o velho irmão, mas ele abraçou o novo Jacó. Se “abraçarmos” o ego morto e arrependido, aqueles que antes nos odiavam verão uma nova versão de nós.

Jacó provavelmente queria uma bênção que iria fazer seu enraivecido irmão mais velho submisso a ele, mas Deus o abençoou de uma maneira diferente. Ele o mudou para que seu irmão gostasse dele. É hora de a igreja mudar também.

A Igreja tem vivido pomposamente, arrogante pelas calçadas do mundo, com dedos apontados de incriminação em cada direção dizendo a todos para “consertar”. Ao mesmo tempo, temos uma trave projetando-se para fora do nosso olho com mais de 1 km de tamanho. É hora de dizermos: “Deus, eu não sei se Você vai produzir uma bênção ou uma mudança, mas alguma coisa tem de acontecer. Ensine-nos como construir tronos de misericórdia ao invés de tronos de julgamentos.”

ESTOU CANSADO DE SER TOCADO, MAS NÃO MUDADO

Precisamos ter encontros com Deus que nos deixem mudamos para sempre. Estou cansado de ir para igreja e ser tocado, mas não mudado. Devemos nos trancar na presença de Deus e dizer: “Eu não vou deixar Você ir até que algo aconteça dentro de mim e eu nunca mais seja o mesmo.”

Este é o tipo-de-mudança-de-Deus que permanentemente fere o velho homem e as velhas maneiras de fazer as coisas. Ela causa a morte de algo em nós, que marca uma mudança para melhor. As pessoas deveriam nos ver aproximando com um novo mancar, uma nova ternura nascida do dia que perdemos nossa luta de competição com Deus. Isso deveria fazer as pessoas dizerem: “Eu gosto daquela pessoa. Ela não está falando de uma posição de pomposa arrogância; ela fala como se soubesse como é vir lá de baixo.” E por isso que o meu lema é: “Nunca confie em alguém ‘que não anda mancando’.”

TODOS OS AVIVADORES TÊM LUTADO

Duncan Campbell do Hebrides revival fame (Fama do avivamento Hebrides) sabia como era “lutar com o destino e perder”. Ele disse:

Vou lhes dizer como o avivamento Hebrides começou. Ele, na verdade, não iniciou comigo aparecendo para pregar em alguma enorme convenção. Começou em meu estudo. Anos antes, fui parte do que eles chamavam Movimento Missão de Fé (Faith Mission Movement), na Inglaterra. Antes de eu me casar, pedalei minha bicicleta por toda Inglaterra espalhando o evangelho, pregando e praticando da melhor maneira que eu sabia. E aquele foi o começo dos grandes dias. Aquele foi o leito das sementes de tudo que eu consequentemente me tornei. Naquele processo, decidi voltar para a escola e prosseguir minha educação. Saí no topo da lista do reitor e comecei a ser reconhecido como o Justo Reverendo Duncan Campbell.

Campbell se tornou o pregador mais famoso da Inglaterra naquele tempo. O evento auge do mundo da igreja inglesa era uma conferência nacional anual chamada Keswick Week. Ela ainda acontece hoje, apesar de não ser tão grande como era. Somente os melhores e mais brilhantes eram convidados para falar na Keswick Week, e o Justo Reverendo Duncan Campbell era o pregador-chave desta conferência, ano após ano. Então, um comentário oportuno feito por sua filha adolescente lançou-o em um debate com Deus que mudou seu ministério – e as ilhas Hebrides – para sempre.

POR QUE DEUS NÃO USA MAIS VOCÊ COMO ANTES?

Duncan Campbell tinha em torno de 45 anos e havia entrado no que pensou ser seu auge. Estava trabalhando em seus sermões de estudo preparados para outra Keswick Week, quando sua filha de 15 anos entrou para vê-lo. Filhas são conhecidas pela habilidade de falarem a verdade sem realmente saberem o impacto do que estão dizendo. (A maior parte das coisas que aprendi de Deus, pessoalmente aprendi por intermédio das minhas filhinhas!) À medida que Duncan Campbell e sua filha conversavam, ela lhe fez esta pergunta: “Papai, por que Deus não te usa como Ele costumava usar?”

Campbell disse ao meu amigo inglês Alan: “Isso foi como me jogar um balde de água fria, pois achei que estava no auge. Quando ela me fez aquela pergunta, eu preparava sermões que afetariam toda a Inglaterra, ou assim eu pensava. Então, abaixei minha caneta e perguntei a ela: ‘Minha querida, o que é que você quer dizer?’ Ela respondeu: ‘Papai, você me contou as histórias sobre o que costumava acontecer quando você trabalhava no Movimento Missão de Fé (Faith Mission Movement). Por que Deus não faz mais aquilo com você?’ Elaborei algumas fracas desculpas e tentei falar sobre isso teologicamente para que não perdesse a pose diante da minha filha” – ele disse. “Mantive minha compostura… até que ela deixou a sala. Quando ela saiu, cai sobre o s joelhos e disse: ‘Deus, ela está certa.’ Com o rosto no carpete, chorei lágrimas quentes e disse: ‘Deus, se Você me der de volta o que eu tinha, eu farei o que Você me disser para fazer.’ Três semanas mais tarde, estava assentado no púlpito em uma conferência. Já tinha pregado e estava agendado para falar novamente. Então, Deus falou comigo: ‘Levante-se e vá para as ilhas Hebrides, para a Ilha de Lewis’.”

SE VOCÊ FOR, EU LHE DAREI

Campbell continuou: “Eu disse: ‘Deus, estou agendado para falar.’ E Ele me falou tão claramente como jamais O ouvi dizer outra coisa: ‘Duncan, no chão de sua sala de estudos, você Me prometeu que faria qualquer coisa que Eu lhe pedisse se Eu lhe desse de volta o que você tinha. Se você for, Eu lhe darei.”’

Duncan Campbell deixou o púlpito imediatamente e se inclinou diante dos congressistas para dizer: “Sinto muito, algo ocorreu. Eu tenho de ir.” Em três dias ele estava na Ilha de Lewis. Quando saiu da balsa e perguntou pelo pastor, o povo da cidade respondeu: “Não há pastor. Há somente três igrejas aqui; duas estão fechadas e uma tem reunião de senhoras idosas com o carteiro. Mas se você está procurando um homem religioso, é o carteiro a quem estará procurando.”

O carteiro era um ancião que basicamente mantinha na igreja as coisas juntas e servia como um pastor provisório. Duncan Campbell encontrou a casa do carteiro e bateu na porta, não sabendo o que esperar. O carteiro abriu a porta e imediata’ mente disse: “Oi! Senhor Campbell, você chegou bem na hora. Temos exatamente o tempo suficiente para um chá antes que a reunião comece esta noite.” Durante o chá, ele explicou: “As senhoras e eu temos orado, e Deus nos falou que você estava vindo. Seis semanas atrás, imprimi pôsteres anunciando que as reuniões começariam nesta noite.” Campbell disse ao meu amigo inglês: “Comecei a perceber, então, que Deus na realidade não precisava de mim. Ele já tinha preparado tudo isso, mas, na verdade, Ele me queria.”

Duncan Campbell lutou com Deus sobre o seu destino. Levantou do seu carpete manchado de lágrimas um homem transformado. Somente um homem “coxo” poderia ser confiável naquilo que mais tarde seria chamado “Novo Avivamento de Hebrides”. Esse avivamento nos deu um vislumbre do que poderia acontecer se Deus descesse sobre uma região inteira! Milhares vieram a Cristo sem ouvir sequer um sermão, sem ouvir um único pregador ou colocarem os pés dentro de uma igreja! E isto aconteceu aproximadamente há um século, época de pequena disponibilidade da mídia para alcançar as massas. Este lacônico e quebrantador avivamento espalhou-se por uma região inteira e foi nada menos que puramente milagroso. Ele começou nas orações quebrantadas de adoradores persistentes e lançou-se no coração de Duncan Campbell no dia em que ele lutou com Deus e perdeu.

JACÓ DEIXOU A LUTA COM UM TROFÉU PERMANENTE DE SUA DERROTA

Quando Jacó perdeu sua luta com Deus, ele foi transformado de um homem que estava inapto para levar o número um de qualquer maneira que pudesse, em um príncipe do povo escolhido de Deus. Ele lutou com Deus por seu destino e deixou a luta com um troféu permanente de sua derrota. Era a luta que ele necessitava perder para seu próprio bem. Ele precisava de uma mudança para caminhar continuamente no destino que Deus lhe ordenara. A igreja precisa de uma mudança também.

Se vamos subir para o próximo nível, devemos transferir nossa ênfase das mãos de Deus para Sua face. Eu viajo tanto que, particularmente, valorizo o tempo que passo com meus filhos. Certa vez, quando minha filha mais velha tinha seis anos, cheguei em casa e me assentei na cadeira reclinável. Então, ela veio e subiu no meu colo. Estava cansado, lendo jornal ou assistindo as notícias na televisão, mas ela estava determinada a receber a minha atenção. Então, esticou seus dedinhos gorduchos de seis anos de idade e agarrou meu rosto. Naquele tempo, ela ainda tinha um pouco do cecear22 infantil e, virando meu rosto, disse: “Paizinho, olha pra mim.”

Então ela simplesmente me sufocou em beijos, e eu lhe dei um abraço antes de tentar voltar para o meu jornal. Mais uma vez ela disse: “Paizinho, olha pra mim!”, até finalmente conseguir minha atenção. Após quinze minutos de beijos e incríveis carícias de minha filhinha de seis anos, ela finalmente derreteu meu coração. As crianças geralmente querem algo quando agem assim. Então, eu lhe dei um grande abraço e perguntei:

“Andréa, o que você quer?” Ela disse: “Nada. Eu só quero você, paizinho.” Eu lhe dei um pouco mais do meu amor e, então, ela simplesmente esfregou meu rosto com suas mãozinhas e olhou para mim com aqueles grandes olhos castanhos enquanto virava sua cabecinha para o lado. Ela selou isso tudo sorrindo e dizendo: “Eu te amo, papai.”

“Está bem, o que você quer?” – eu disse pensando que se aquilo durara tanto é porque era algo grande. Por três vezes, eu perguntei: Ό que você quer?” E, a cada vez, ela respondeu: “Nada paizinho, eu só quero você!” Finalmente, eu disse a Andréa: “Está bem, entre na ‘van.” Nós nos dirigimos para a cidade e eu disse: Ό que você quer garotinha?” Mais uma vez, ela respondeu: “Nada paizinho, eu só quero você.” Então, ela desceu na frente de uma loja de brinquedos muito famosa e seus olhos se iluminaram. Naquela hora, meu coração já estava tão derretido que tudo que eu queria era dizer: “Ok, garotinha, diga-me somente qual metade da loja você quer. Você pode ter aquela metade ou a outra, não importa.” Eu disse: “Escolha o que você quiser!”

HÁ ALGUÉM AQUI QUE SIMPLESMENTE ME QUEIRA?

Sabe o que ela escolheu? Uma pequena garrafinha de bolhas de sabão com uma varinha redonda que você sopra através dela para fazer bolha. De repente, ficou claro que ela, de fato, não queria nada. Ela somente me queria! E porque somente me queria, eu teria lhe dado qualquer coisa. Quão frequentemente, vamos aos cultos para apresentar nossas petições, profetizar isto e dizer aquilo, enquanto Deus diz: “Há alguém aqui que simplesmente Me queira?”

O nível mais alto de adoração é quando colocamos as mãos d’Ele de lado e buscamos Sua face! Sua face significa Seu favor. Nos tempos bíblicos, quando o povo não virava o rosto na sua direção, aquilo significava que você era aceito na presença dele, mas não tinha o seu favor. Absalão viveu em Jerusalém por dois anos sem ver seu pai ou estar diante da face do rei. – (Veja Samuel 14:28). Ele podia viver na cidade, mas não, entrar na sala do trono.

É possível viver no Reino e não ver a face d’Ele – usufruir a infraestrutura da cidade, a proteção dos bombeiros, da polícia -, mas não ter o favor do Rei. Por quanto tempo a Igreja tem deixado de buscar o verdadeiro favor de Deus? Temos vivido no Reino, reivindicando o que é nosso, e conseguimos! Como o Pai atendendo ao pedido egoísta do pródigo, Ele lhe deu sua porção, sabendo o que ele ia fazer com isso. É um abuso de bênçãos tirar das mãos do Pai para financiar sua jornada para fora da Face do Pai – colocando a ‘‘bênção’’ acima do “abençoador”!

Devemos amadurecer a ponto de dizer: “Não é Sua mão.” – e colocar as mãos d’Ele de lado para buscar Sua face e dizer: “Eu serei um servo” e “Eu só quero estar onde Você está.” Então, nosso louvor não será mais um autosserviço para conseguir algo; ao invés disso, começaremos a Lhe dar verdadeiramente tudo. Ao invés de “abençoe-me”, se tornará “Bendito seja Ele!” Não mais daremos para receber, mas distribuiremos por paixão.

Há uma mudança chegando, e para aquele tipo de pessoas apaixonadas, Ele dará o anel da autoridade e a veste de bênção. Ele sabe agora que eles não vão desperdiçar o relacionamento deles buscando Sua mão em vez da Sua face. Deus também está determinado a mudar a maneira pela qual “temos igreja”. Presença acima de presentes! Ele anseia pelo adorador que buscará o “Doador” mais do que os “presentes”! Você é essa pessoa? Você v um restaurador da casa favorita de Deus?

PAPAI, VOCÊ PODE SENTAR ONDE QUISER

Certa vez, eu estava fora de casa quando liguei para falar com minha filha mais nova, Andréa. Eu disse: “O que você está fazendo, garotinha?” Ela respondeu: “Estou brincando de festa do chá, papai.” E eu lhe disse: “Prepare um lugar para mim agora e faremos de conta que eu estou aí e tomaremos chá.” “Eu já fiz isso.” – ela replicou. “Bem, onde eu estou sentado?” Eu perguntei e ela respondeu: “Bem, eu não sabia, então preparei cinco lugares para você.” Aquilo derreteu meu coração.

Quanto tempo faz desde que a Igreja era tão desesperada por Ele que simplesmente dizíamos: “Pai, Você pode sentar onde quiser. Aqui, ali, não importa. Somente venha.” Eu respondi à minha filha: “Quando chegar em casa, papai vai brincar de festa do chá com você.”

Tudo isso aconteceu no meio do verão em Lousiana quando a temperatura alcançava 35°C na sombra e 95% de umidade. A casinha de brinquedo de plástico de Andréia estava no quintal, bem no sol quente. No minuto que entrei pela porta com as malas nas mãos, Andréia estava dizendo: “Venha, papai.” Eu ainda nem havia desarrumado as malas, mas precisava cumprir uma promessa. Era hora de o papai ir brincar de festa do chá.

A casinha de brinquedo dela era tão pequena que eu não tenho certeza se havia entrado ou a vestido. Minha cabeça estava sustentando o teto enquanto sentava no chão. Estava mal acomodado na casinha de brinquedo de Andréia, quando ela me deu uma pequena xícara com um comando: “Prove.” Estava com a mesa pronta esperando por mim. Assim, começamos a beber o nosso chá imaginário. Ela pegou uma xícara e disse: “Aqui, papai.” Então ela deu uma volta na mesa: “Aqui, Dolly.

E esta é para mim.” Então, ela se assentou e “bebemos” juntos. Andréa me perguntou: “Está bom?”

“Ahhh sim, está bom.” Mesmo suando no sol quente, bebericando o chá imaginário. Então, Andréa disse: “Aqui, coma alguns biscoitos.” (Eram biscoitos imaginários). Mais uma vez, ela perguntou: “Está divertido?” A verdade do fato é que eu estava em um estado deplorável, mas eu me encontrava com ela. Por isso era divertido. De modo que eu disse: “Sim, meu bebezinho, está divertido.”

Finalmente, Andréia disse: “Papai, está quente e eu sinto sede. Vamos até a casa grande pegar algo para beber.” Eu disse: “Vamos, filhinha.” Eu a levei até a casa grande e a assentei à mesa de verdade. Servi um pouco de chá gelado de verdade e me assentei lá com ela. Então ela me disse: “Agora, esta é uma verdadeira festa do chá.” Temos brincado de festa do chá em nossas casinhas de plástico também, só que chamamos isso de “ter igreja”. Estamos forçando Deus a estar confinado dentro de nossas limitadas estruturas de casas de brinquedo enquanto O alimentamos com louvor e adoração faz- de- conta. Então, olhamos para Ele e perguntamos: “Não estamos nos divertindo?”

PAPAI, ESTAMOS CANSADOS DE JOGAR JOGOS FEITOS POR HOMEM

A resposta dele é “sim”, mas isto somente porque Ele fará qualquer coisa para ter comunhão conosco. Ele até mesmo aprisionará Sua força (Salmos 78:61) para vir Se assentar conosco porque quer desesperadamente que estejamos com Ele. Mas, na verdade, Ele espera que digamos: “Papai, estamos cansados de brincar de jogos de igreja feitos por homem. Você nos levaria à casa grande para termos comunhão verdadeira?”

Estou cansado de chegar da igreja com nada mudado. Eu preferiria voltar mancando de um encontro com Deus ao invés de saltando – somente para meu destino ser diferente.

Você pode não gostar de sentimento de frustração, mas precisa entender que algumas frustrações são santas assim como certas fomes são santas; foram estabelecidas por Deus para produzir algo. Eu não disse isto; Ele disse; “Bem aventurados os que têm fome e sede.” – (Mateus 5:6).

Fome santa e frustrações santas podem produzir uma luta alteradora de destino. Você deveria experimentar perder essa luta… mas não até que esteja marcado pelo toque de Deus. O toque de Deus paralisou permanentemente o tendão da coxa de Jacó – tanto que os judeus não comeriam o tendão “de Jacó” de nenhum animal. O código de dieta hebraica proíbe comer criaturas que morreram. Deus pôs um toque de “morte” na vida de Jacó para assegurar seu futuro. Carne morta frequentemente produz destino futuro. Seu programa deve morrer para que o propósito de Deus viva.

Eu acredito que estamos tão cheios de carreiras, agendas e maquinaria feita pelo homem que temos perdido a simplicidade da presença manifesta de Deus. Precisamos desesperadamente aceitar o lema de João Batista e colocá-lo para funcionar em nossa vida: “É necessário que Ele cresça e eu diminua.” — (João 3:3 0). E tempo de gritar pelos Jacós que têm crescido tão cansados de si mesmos que vão lutar contra o seu destino até serem tocados por Deus – ainda que vão para casa permanentemente mancos e com uma eterna mudança de coração.

Mude meu coração, ó Deus! Mude meu caminho, eu oro! Toque-me com Tua vara…

Para que eu vá pelo Teu caminho.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

ANGÚSTIA: A PATOLOGIA DA VIDA PÓS-MODERNA

A sociedade contemporânea mudou o perfil do homem, e a Psicanálise é um caminho no qual o sujeito busca alternativas para aliviar suas dores e criar uma responsabilidade por si e também pelos outros

Angústia - a patologia da vida pós-moderna

A sociedade pós-moderna vem se transformando de uma forma galopante. O homem que a opera é um ser tomado pela sua própria ânsia de sempre se superar e está sentindo na pele os reflexos de sua criação. De um lado tem-se o avanço científico e tecnológico, que facilita a vida do homem, e de outro lado tem o dilema de ter que enfrentar os efeitos colaterais de sua própria criação.

Hoje, as pessoas se deparam com uma sociedade narcísica, onipotente, onipresente, onisciente, centrada no modelo do capitalismo selvagem, que está deixando o sujeito suspenso no estado de desamparo, pois acabou por centrar-se apenas em si mesmo, esquecendo de que existe um outro que é essencial em uma relação entre humanos. As mudanças contínuas que acontecem no mundo estão definindo o modo de ser do homem pós-moderno.

Freud, criador da Psicanálise, em sua obra memorável de 1930, coloca que o homem tem sua própria natureza de lidar com o “mal-estar da civilização”, e a forma de amenizar esse estado está centrada no estabelecimento de relações saudáveis entre os seres, que começam com as relações parentais.

Para que haja uma constituição psíquica saudável é preciso um modelo familiar equilibrado, pautado no afeto amoroso, no amparo e na lei que interdita a demanda de gozo infindável do infante. A criança nasce totalmente dependente de um adulto, este que mantém sua sobrevivência, e daí surge a constituição psíquica que se dá na primeira infância (0 a 9 anos). Isso significa que a criança precisa de uma relação afetiva que a ampare, proteja e signifique o mundo interno e externo. E nesse processo é necessário que o adulto imponha limites que protejam a criança, garantindo sua evolução física e psíquica. É o sujeito adulto que faz isso, nenhuma outra coisa substitui essa relação. Mesmo havendo o estabelecimento desses laços, as pessoas estão fadadas a lidar com as frustrações, com a dor, com a incompletude; nas relações humanas, algo sempre escapa, pois todos são seres culturais.

A cultura impõe suas condições, ninguém fica fora dela. Pode-se observar esse movimento ao longo da história da humanidade. Por exemplo, pode-se citar o modelo da sociedade vitoriana, que predominou até o início do século XX, que era um modelo de sociedade repressora, impunha valores morais rígidos, fundados no poder patriarcal. A sociedade era organizada de uma forma vertical, pois a lei maior era do “pai”, e não podia ser questionada. Essa organização social deixou seus rastros registrados nas neuroses (histeria, neurose obsessiva e fobias).

Hoje, houve uma ruptura com o modelo vitoriano. As mudanças vêm ocorrendo desde os anos 1960, abrindo novos vértices para a constituição da sociedade pós-moderna, que se pauta na liberalidade sexual, social, política e cultural da vida moderna. A modernidade impõe suas condições ao sujeito, cuja principal característica foi o individualismo. Nesse modelo o outro foi perdendo espaço e consistência, a relação interpessoal ficou diluída, liquidificada. O homem modelo é o da consciência, herdeiro do cartesianismo e do discurso das ciências. Ele se empodera do conhecimento e traz a tecnologia como instrumento de transformação.

Freud surge nessa época, anunciando que o ser não é o da consciência, é determinado por uma “coisa”, denominada inconsciente, que imputa suas ações. Ele diz que o homem é um ser de desejo e não da consciência. É uma mudança de paradigma na concepção do entendimento humano. A ideia do homem soberano, racional e detentor de todo saber é abalada. Freud anuncia que o comportamento do homem está atrelado a uma representação inconsciente que ele não domina. O movimento pulsional ultrapassa os limites da consciência, o que pode ser constatado pelos sintomas que trazem sofrimento, e este, se não consegue evitar. Esse movimento desejante é dinâmico e incessante e vai definir as características da vida pós-moderna.

O homem moderno empoderado do seu narcisismo traça o psiquismo da geração pós-moderna. Hoje, há uma busca infindável de realização de desejo. Desejo, para a Psicanálise, é diferente de vontade, é um impulso inconsciente que atende o princípio do prazer. Este, por sua vez, é insaciável, insólito, inefável. Não há limite para o gozo, tornando-o um processo mortífero que aprisiona. Essa é a característica da modernidade.

A sociedade pós-moderna se organizou horizontalmente. O poder do “pai” foi quebrado, a lei enfraquecida. Agora, os desdobramentos disso se dão pela falta de limite, incapacidade de lidar com as frustrações, desamparo, violência, empobrecimento da subjetividade e o esvaziamento interno pela falta de simbolização. É a sociedade robótica.

RELAÇÕES PARENTAIS

Psicanálise mostra que o sujeito é constituído a partir das relações parentais. Para tal é necessário que haja um adulto com afeto amoroso e uma lei que ampare e proteja esse infante. Freud denomina como uma lei primária de castração, que é primordial para que haja a organização subjetiva de um ser humano. Para que se tenha desejo é necessário que haja uma falta, e isso é o que a sociedade pós-moderna quer eliminar totalmente. Essa cultura prega que se pode ter todos os prazeres possíveis, ela fornece todos os objetos para o sujeito gozar, estão disponíveis no mercado, estão à mostra nas vitrines, nas esquinas, nas ruas; quem tem dinheiro compra, quem não tem tira de quem tem e compra. Se adoecer, também tem como comprar a cura, pois a doença está mercantilizada pelos laboratórios, que fabricam as pílulas mágicas. O consumo desenfreado, a flexibilidade das ideias e dos costumes, o pensamento fragmentado e automatizado, a falta de ideais políticos e sociais, a vulnerabilidade e o despreparo emocional abrem caminho para o desapontamento amoroso e criam uma onda de medo, dúvida e desamparo.

Esse modus operandi da pós-modernidade desfavorece a formação de laços saudáveis, instalando vínculos patológicos. Diante desse cenário, o homem depende cada vez menos do outro e instala a lei do vale-tudo. O afeto amoroso está cedendo lugar para o agressivo. Trata-se de uma sociedade que valoriza os meios e não os fins e, em consequência, os valores morais e éticos estão fragilizados e superficiais. As ofertas são infinitas para que o sujeito possa tapar os buracos deixados pelo esvaziamento da subjetividade.

A sociedade esvaziada de linguagem simbólica convoca o ato, e a objetivação ocupa o lugar da subjetivação – é o que se tem observado como sintoma da atualidade. O discurso está cedendo lugar para a imagem, para o imaginário, criando um terror sem nome que faz com que o sujeito vá para o ato para se aliviar do alto grau de angústia.

NO DIVÃ

A clínica psicanalítica está repleta de queixas referentes a mutilações, atitudes passionais, dependências químicas, consumismo, síndrome de pânico, explosões violentas, alto grau de somatizações físicas e mentais, podendo chegar no ponto máximo do ato, que é o suicídio. Recentemente, a mídia vem divulgando o jogo da Baleia Azul, no qual jovens entram em um jogo de morte, pois o máximo é tirar a própria vida. É, sem dúvida, algo preocupante, mas é preciso pensar que isso é apenas o reflexo da loucura social que está sendo produzida. Esse modelo convoca atos violentos, como morte, assassinatos e suicídios, pois acaba sendo a forma que se encontra para aliviar a dor da angústia, provocada pela impotência, da fissura, aniquilamento e falta de completude fusional dos amantes.

A sociedade está doente por falta de simbolização, de discurso de ética. É fundamental pensar novos vértices, que possam conduzir a vida humana a voltar-se para o processo de humanização. Para tanto, precisa-se de esforços interdisciplinares, pois o sujeito está acometido por comorbidades múltiplas, que favorecem a prevalência da pulsão de morte.

 RELAÇÃO SEGURA

Psicanálise é um processo terapêutico especifico, que tem como pilar o estabelecimento de uma relação segura e de confiança entre paciente e analista. Traduz-se pela transferência, pautada pela ética e conduzida pela técnica. Esse processo permite que o paciente tenha uma experiência singular e, no processo transferencial com o analista, vai encontrar um campo para se reinventar.

A transferência é um termo técnico que Freud utiliza para definir a relação paciente-analista. Nesse campo o paciente direciona para o analista as vivências de protótipos infantis experienciados com as figuras parentais. Como o inconsciente não tem tempo, espaço, limite, contradição, o analista pode trabalhar em tempo real os afetos ligados às figuras parentais, possibilitando que o sujeito faça uma reorganização psíquica.

A Psicanálise é um caminho que o sujeito pode buscar para aliviar sua dor e criar uma responsabilidade por si e pelos outros, além de novos segmentos da sociedade, como saúde, família, sociais, políticos etc. É preciso que as pessoas se movimentem no sentido de refletir sobre os danos causados ao homem, e buscar uma nova maneira de preservá-lo, porque sem o homem não se tem sociedade, não se tem nada. A sociedade está doente, sangrando, e é imprescindível união para curá-la.

OUTROS OLHARES

E ÀS CINZAS VOLTARÁS

A cremação deixou de ser tabu e é cada vez mais aceita no Brasil e em todo o mundo ocidental. Aqui, só no ano passado, houve aumento de 35%. Nos EUA, ela já é adotada pela maioria

E as cinzas voltarás

O que era impensável, cinquenta anos atrás tornou-se realidade sem que a maior parte da sociedade se desse conta: a cremação, procedimento que as pessoas viam com horror e a maioria das religiões condenava, é cada vez mais aceita no Ocidente. No Brasil, o número de crematórios aumentou 1000% nos últimos vinte anos; em apenas doze meses, entre 2017 e 2018, houve 35% mais cremações no país. “Não queria pensar no meu marido em lugar tão triste quanto um cemitério”, justifica a dona de casa Clinedora Montenegro, de Guaratinguetá – cidade do interior de São Paulo colada ao santuário católico de Aparecida -, explicando porque decidiu cremar José Sena, morto em decorrência de um câncer.

Um dos fatores da popularização no mundo ocidental de um procedimento comum no Oriente é justamente a mudança na maneira de encará-lo. O que antes era visto como crueldade, imagem reforçada pela revelação de que a Alemanha nazista sacrificou milhões de judeus em fornos crematórios, foi aos poucos sendo aceito como um método funerário digno e mais simples que o sepultamento tradicional No Brasil, contribuiu muito para isso o fato de a Igreja Católica deixar claro que cremar não é pecado, posição seguida pela maior parte das religiões (veja o quadro abaixo), Também sai mais barato. Os dois métodos partem de 3.000 reais em instituições particulares, no orçamento mais básico. Mas, enquanto cremar em alto estilo custa por volta de 9.000 reais, um enterro com tudo do bom e do melhor pode passar de 20.000 reais.

Contam ainda a favor da cremação a escassez de espaço nas metrópoles e até a correria da vida moderna. “Neste mundo acelerado, não há tempo de ficar remoendo a dor da perda”, diz José Carlos Rodrigues, antropólogo e professor da PUC-Rio. De acordo com o Sincep, o sindicato dos cemitérios e crematórios do Brasil, Porto Alegre é a capital onde a cremação é mais aceita – alcança 25% dos óbitos -, seguida de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo estudo da Associação de Crematórios da Grã-Bretanha, entre 2017 e 2018 o número de crematórios subiu 22% no país, 55% no Canadá e impressionantes 45% na Alemanha, que superou um tabu de décadas. Nos Estados Unidos, crema-se (50,2%) mais do que se enterra desde 2016, e a previsão é chegar a 56% no ano que vem e a quase 80% em 2035.

Responsável pelo maior crematório da América Latina e o primeiro do Brasil, o da Vila Alpina, em São Paulo, Claudio Beluna explica que a cremação requer a assinatura de dois médicos-legistas (o sepultamento só exige um) e um intervalo de 48 horas depois da morte. Removidos todos os metais, a urna é transferida para dentro de um forno à temperatura média de 1.000 graus, suficiente para fazer evaporar as células do corpo e a madeira. “A ação dura cerca de duas horas. Componentes dos ossos que resistem ao calor são colocados em outro compartimento para ser triturados”, explica Alberto Benner Júnior, superintendente do Crematório do Cemitério da Previdência, no Rio de Janeiro. Os crematórios costumam oferecer uma sala para cerimônias com o caixão presente, projeção de vídeo e trilha sonora personalizada. Ao fim, a urna é removida por elevador ou esteira, com maior ou menor pompa.

O Crematório da Penitência, no Rio de Janeiro, dispõe de columbário, um ambiente climatizado com nichos individuais para as cinzas, que podem ser decorados com flores e objetos pessoais – uma espécie de túmulo sem corpo. Pode- se inclusive acessar o espaço pela internet a qualquer momento. No Estado de Washington, na Costa Oeste americana, uma lei recém-aprovada permite que, a partir do ano que vem, os mortos sejam encaminhados para “decomposição na superfície”, em espaços preparados para transformar corpos em material de compostagem (um processo que leva, em média, quatro semanas). É a morte, ela também, adaptando-se aos ditames da tecnologia e da proteção do meio ambiente.

E as cinzas voltarás. 2

GESTÃO E CARREIRA

AS OPORTUNIDADES NA CARREIRA

Uma graduação já não é certificação especial na trajetória profissional. O investimento no processo pessoal de administração emocional pode ser um tempero mais relevante nos dias atuais

As oportunidades na carreira

Quando ouvimos a palavra oportunidade associamos naturalmente a outra que, de fato, pouco tem a ver: sorte. Esse é um pensamento muito comum entre profissionais que observam outros em plena ascensão sem se dar conta dos fatores envolvidos no processo de crescimento no ambiente institucional e como isso pode ser possível se todos ao mesmo tempo só falam de crise em diversos setores.

Alguns pontos devem ser observados, e o primeiro deles é o preparo do profissional que deseja alçar voos mais altos. O investimento deve ser apenas na direção de aquisição dos conhecimentos técnicos necessários para uma determinada posição. Lógico que isso faz parte do processo, mas, nos dias atuais, uma graduação, apenas, não é certificação que garanta um brilho especial no currículo.

Dessa forma, o profissional precisa se especializar cada vez mais. A busca por cursos livres, pós-graduações e especializações diferenciadas pode fazer toda diferença na hora da escolha de um novo gestor na organização. No entanto, o investimento no processo pessoal de administração emocional provavelmente é o tempero mais relevante quando a oportunidade sai em busca de preparo.

Sabemos que o gestor eficiente não é necessariamente um expert em todos os perfis profissionais que gere. De fato, o gestor é o elemento que consegue navegar bem entre pessoas cuidando de aspectos gerais e individuais, mantendo a equipe focada no objetivo principal. Por isso, ele é, antes de mais nada, um gestor de emoções. Cabe então ressaltar que não se pode aplicar fora o que não se tem dentro e, nesse caso, a administração emocional é um forte elemento diferenciador de um bom ou mau gestor.

As oportunidades estão sempre nas mãos das pessoas que decidem quem deve subir ou descer na empresa. Por isso, agir com ética e respeito a todos é o mínimo que se espera de alguém que deseja ser notado como preparado pela linha de comando. Deixar claro que possui ambição de crescer e que está se preparando para isso deve ser parte dos temas de conversas entre os companheiros de trabalho. Nem sempre as pessoas são concorrentes diretos, pois algumas não querem as- sumir responsabilidades, mesmo que isso possa trazer maior valor financeiro em seus contracheques.

O ambiente sempre é favorável ao crescimento. Se ocorre uma crise é necessário um novo plano de intervenções, e se o mercado está em amplo crescimento, é preciso mais profissionais de talento para gerirem a demanda. Ou seja, as oportunidades sempre estão diante de nós, que podemos ou não percebê-las como tal.

Um exemplo de aproveitamento de uma boa chance de mercado ocorreu no Rio de Janeiro, cidade sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Com a questão da acessibilidade em alta, o comércio teve de se adaptar rapidamente para prover rampas para cadeirantes. Alguns pequenos empresários criaram rampas metálicas de fácil encaixe que podem ser colocadas e tiradas das entradas das lojas todos os dias, eliminando assim o custo e a confusão causada por obras de adaptação. O resultado pode ser visto por toda a cidade com pequenas rampas de alumínio facilitando o acesso em cumprimento a uma determinação legal.

Estar atento às informações de forma ampla faz parte do empreendimento quando o objetivo é aproveitar oportunidades que nem sempre estão visíveis para todos. Pensar além do trivial pode apresentar uma rede de possibilidades, antes imperceptíveis, por ter um foco direcionado aos elementos do dia a dia. Quando não se consegue ir além do que o próprio caminho oferece, é melhor buscar um novo destino com probabilidades de sucesso.

Por isso, o trabalho emocional é provavelmente o mais importante de todos: estar bem consigo mesmo e com a autoestima no lugar é imprescindível. O investimento do preparo só irá obter resultado se houver coragem de se lançar como possível candidato à próxima promoção ou a uma nova realidade de atuação profissional que pode ser em outra instituição ou mesmo como empreendedor de sua própria ideia de negócios.

Só há destino finalizado para quem nisso acredita. Alguns aspectos são sempre importantes destacar, como manter o networking em constante crescimento, observe outras atividades fora de seu eixo principal. Muitas vezes, a oportunidade pode estar em outro modelo profissional próximo ao seu perfil de atuação. Converse mais, ouça mais, leia mais. As boas informações já existem: é somente necessário acessá-las.

Hoje, um profissional que está estagnado numa mesma posição por muitos anos pode ser considerado obsoleto se não agregar novas habilidades às suas capacidades já existentes. Procurar o crescimento não é somente uma busca por mais altas remunerações, é também uma apresentação de dinamismo e proatividade. Toda instituição, mesmo em momentos de severa crise, preserva aqueles que agregam mais valor. São esses que podem possuir a chave de ignição para o sucesso esperado por todos.

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 4 – CONSTRUINDO UM TRONO DE MISERICÓRDIA, NÃO UM TRONO DE JULGAMENTO

 

Alguns têm sido abençoados com uma visitação da presença de Deus, outros não. Mas todos nós queremos mais d’Ele. Damos boas-vindas à visitação de Deus, mas nosso real desejo é pela habitação, onde sua presença persiste e vive conosco todo o dia. O que podemos fazer para que Ele se sinta bem-vindo todo o tempo ao invés de parte do tempo? Sabemos que Sua vontade é pela Sua permanente presença, para abençoar nossas cidades e nações; mas como conseguiremos fazê-Lo ficar?

Deus falou comigo sobre isso, através de um grande amigo meu, que tem uma visível desordem genética. Essa desordem faz com que ele seja grotescamente obeso. Ele não tem mais de 1 metro e 70 centímetros de altura, mas parece ser tão grande para os lados quanto ele é para cima. Disseram-me que quando tinha 12 anos de idade pesava 135 Kg. Ele lutou contra o seu peso toda a vida.

Lembro-me de tempos quando assentávamos juntos e ele começava a choramingar dizendo: “Eu sei que as pessoas riem de mim.” Esse homem tem uma forte unção em sua vida e é um dos verdadeiros apóstolos do Corpo de Cristo. Deus me ensinou algo sobre uma reflexão que esse meu amigo compartilhou comigo. Eu quero compartilhá-la com você. Ele é tão pesado que isso o inibe socialmente. Ele me disse: “Eu tenho muitos bons amigos que iriam amar que eu os visitasse. Regularmente, passamos tempo juntos em restaurantes, mas eu adoraria somente sentar na intimidade de suas casas e ter comunhão com eles. Mas não posso.” Ele começou a chorar e muitas lágrimas começaram a rolar de suas bochechas gorduchas. A próxima coisa que o meu querido amigo disse, iria mudar a minha visão de igreja para sempre.

“Tommy, quando eu chego à casa deles” – ele disse – “fico em pé na varanda vestido com meu chapéu e casaco o tempo todo (é sempre frio na região nordeste onde meu amigo vive). Eu nunca os tiro até que esquadrinho a sala. Eu já estive lá antes.” Então, ele olhou para mim de novo e disse: “Eu já decidi. Quebrei minha última cadeira. Eu me recuso a assentar num assento que parece que não vai suportar meu peso. Não vou ficar constrangido mais. Simplesmente não visito se tiver de fazer isso. Então, esquadrinho a sala pelo vão da porta.”

“Eu ouço meus amigos me dizendo com toda a seriedade e sinceridade: ”Entre, sente-se conosco, tome um café” – ele disse. “O tempo todo que estou falando com eles, sondo sua sala de jantar e cozinha para ver se adicionaram algum móvel desta vez que suportará meu peso. Eu sabia que não havia nada lá durante a minha visita anterior.”

NADA NA SUA CASA PODE SUPORTAR MEU PESO

Com um suspiro, meu amigo disse: “Aquelas visitas frequentemente terminavam em tristeza porque eu tinha de inventar uma desculpa: ‘Eu tenho de ir, não posso ficar’. A verdade é que eu só me retirava porque não havia móvel na casa deles que pudesse me suportar.” Ele me disse com lágrimas nos olhos: “Geralmente, chego ao meu carro e somente choro. Volto novamente algum tempo mais tarde esperando que encontre alguma coisa em que me assentar.” – ele disse. Era de se esperar que as pessoas olhassem para mim e percebessem que eu não posso simplesmente sentar em qualquer lugar.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica traduzida como “glória” é kabod. Ela, literalmente, significa peso ou esplendor pesado. De certa forma, Deus tem o mesmo problema como meu amigo. Eu penso comigo mesmo sobre quantas vezes a “glória pesada” de Deus nos visitou, mas não entrou! Com que frequência Ele fica em pé nas portas dos fundos, em nossas assembleias com Sua glória ainda escondida por Seu “chapéu e casaco” enquanto Ele esquadrinha a sala.

Paramos para contar nosso arrepiado espiritual porque sentimos uma brisa fria entrar na sala quando as portas do Céu se abrem. Dizemos um ao outro: “Oh, Deus está aqui. Ele está nos visitando novamente!” Nossos cantores regozijam e a banda sobe o compasso, mas muito rapidamente tudo escapa porque não temos o que Ele está procurando. A maioria dos que já experimentaram visitações fazem esta pergunta: “Por que é que Ele não fica? Nós O imploramos para ficar. Por que não podemos manter esses momentos?”

A resposta é muito simples: Nós não construímos um trono de misericórdia para conter a glória de Deus. Não há lugar para Ele se assentar! O que é confortável para você e para mim, não é confortável para a kabod, o peso de Deus. Estamos felizes em assentar em nossas confortáveis reclináveis cadeiras espirituais todos os dias, mas o assento de Deus, o trono de misericórdia, é um pouco diferente. Ele é o único assento na Terra que pode suportar o peso de Sua glória e convencê-Lo a entrar e ficar.

Deus está procurando uma igreja que aprendeu a construir um assento de misericórdia para Sua glória. Quando Ele encontrar uma casa que pagou o preço para Lhe construir um lugar de repouso, Ele virá e ficará. E então veremos o avivamento que é diferente de qualquer outro que jamais vimos antes. Estou convencido de que nem mesmo temos uma palavra para isso. Esse tipo de avivamento só pode vir quando Deus vem com Sua intensa glória e toma Seu assento de honra em Sua casa – para ficar.

SE VOCÊ CONSTRUIR, ELE VAI…

Quando o Senhor me lembrou da história do meu amigo, minha mente começou a fazer várias conexões. Outro importante pedaço do quebra-cabeça tinha aparecido. Devemos aprender como construir um trono de misericórdia, pensei comigo mesmo. Então, lembrei-me da mensagem de uma imagem em movimento que vi durante um voo transoceânico e que me afetou grandemente a primeira vez que a vi. A figura em movimento era O campo dos sonhos, e o pensamento que me veio à mente naquele instante foi: “Se você construí-la, Ele virá…” – uma lição que Davi aprendeu.

A região Sul dos Estados Unidos é geralmente reconhecida por sua “hospitalidade sulina”. Como sou um garoto do Sul, pensei que entendia alguns princípios básicos de hospitalidade. Eu me senti daquela maneira até que Deus me enviou, sem perguntar, em uma viagem que me levou a investir em torno de trinta por cento do meu ministério entre os chineses naquele ano. (Eu ainda ministro bastante no continente da China e Taiwan). Ele disse: “Eu vou lhe ensinar algo sobre honra que a maioria dos orientais não sabe.”

Aprendi que o povo oriental tem a habilidade de honrar que supera tudo que jamais testemunhei em qualquer outro lugar. Praticamos hospitalidade no ocidente, mas somos de certa forma descuidados nisso: “Oi. Entre. Se quiser, pode se assentar.” Não é dessa maneira com os chineses. Eles são muito cuidadosos em focar toda a atenção e a energia em seus hóspedes. Eles colocam o bem-estar dos seus hóspedes em primeiro lugar e trabalham incansavelmente para priorizar o conforto, a paz e a alegria deles em detrimento dos seus próprios. A maneira prévia com que os chineses cuidadosamente preparam para a chegada dos seus hóspedes é uma evidente declaração afirmando que eles, hóspedes, são valorizados e respeitados. Eles até mesmo, atentamente, reservam o assento de honra… a cadeira mais afastada e voltada para a porta.

DEUS, NÓS SABEMOS COMO CONTINUAR SEM VOCÊ

Francamente, acho que perdemos a nossa habilidade de honrar a Deus em nossas igrejas. Cantamos nossas músicas de louvor com entusiasmo por um tempo, mas assim que algumas pessoas mais radicais da congregação começam a pressionar para entrar em adoração genuína, começamos a olhar para os nossos relógios. Talvez também falemos o que está em nosso coração: “Tudo bem, Deus. Com certeza, gostaríamos que Você viesse, mas se não fizer isto rapidamente, sabemos como continuar sem Você. Temos um programa a cumprir, Você sabe. Não podemos deixar a Igreja Primitiva nos privar do Banquete do Primeiro Eu.” Acredito que não percebemos que Sua resposta é: “Continue. Tudo bem. Talvez Eu o pegue outro dia.” Minha Bíblia diz que Jesus chorou sobre Jerusalém e Seu povo quando eles perderam a hora de Sua visitação. Penso comigo mesmo, se Deus chora por nossa causa quando magoamos Seu espírito por nos apegarmos em nossas agendas, nossos programas e garfos do jantar, em vez de persistimos, buscarmos e O atrairmos com nossa adoração e nosso louvor! (Quem se responsabilizará por nossas cidades se também perderem a visitação d’Ele?)

Esse triste cenário continua culto após culto. Submetemo-nos a propósitos e trabalhos religiosos semana após semana e ano após ano pensando havermos “chegado”. A verdade é que o maquinário da rotina da prática religiosa vai repicar durante muito tempo, depois que o óleo e a unção de Deus tiverem enfraquecido. E inevitável, fricção surge quando os homens tentam funcionar sem o óleo da alegria que vem somente de Sua presença. Consequentemente, tudo irá se desgastar e até parar quando a máquina religiosa do homem começar a enguiçar.

Quando Deus Se revelou ao jovem Davi nos campos de ovelha, o desejo de ter a presença de Deus perto de si, dia e noite, nasceu em seu coração. A mesma coisa está acontecendo em todo o globo em nossa geração. Deus está criando milhões de caçadores de Deus que estão sendo consumidos pelo desejo da presença de Deus. Todos necessitamos aprender com as experiências do rei Davi, como um caçador de Deus. Sabemos que foi um desastre sua primeira tentativa de trazer a arca de volta a Jerusalém, mas ele foi bem-sucedido na segunda vez. Foi capaz de abrir os céus sobre Jerusalém por intermédio de uma busca sacrificial e suada da glória Shekinah de Deus. Agora é nossa vez – e das nossas cidades!

ALGUÉM TEM DE CUIDAR DO FOGO!

Davi fez duas coisas para ter certeza de que a presença de Deus permanecesse em Jerusalém. Primeiro, ele preparou um lugar para a presença de Deus construindo um tabernáculo sem paredes e sem véu. Segundo, ele fez algo especial quando os levitas chegaram ao tabernáculo e colocaram a arca da Aliança no lugar. Ele criou um trono de misericórdia “vivo” para que Deus sentisse prazer de Se assentar e permanecer naquele santuário humilde.

Davi aprendeu um segredo vital em algum lugar no processo de trazer a presença de Deus para Jerusalém. Ele entendeu que se você quiser manter a chama azul lá, alguém tem de cuidar do fogo! “Quer dizer que temos de jogar gravetos no fogo?” Não, você não abastece Aquela chama azul da presença da Shekinah de Deus com combustível terreno. Você o abastece mediante a adoração sacrificial. Nós não temos direito de requerer o fogo de Deus a não ser que estejamos dispostos a ser o combustível de Deus.

Davi estava simplesmente seguindo o padrão celestial que Moises tinha recebido para o propiciatório (trono de misericórdia):

Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório; um querubim, na extremidade de uma parte, e o outro, na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as asas por cima, cobrindo com elas o propiciatório; estarão eles de faces voltadas uma para a outra, olhando para o propiciatório. – (Êxodo 25:18-20).

As asas dos querubins que Moisés construiu tocavam umas às outras à medida que circulavam e cobriam o propiciatório onde a presença de Deus assentaria logo acima da tampa ou cobertura. Se você ler esta passagem cuidadosamente, vai notar que os dois querubins de ouro não eram lançados ou despejados em moldes. Deus disse que o ouro usado para formar a cobertura do querubim tinha de ser “moldado” nas formas e posições apropriadas.

A maneira pela qual podemos construir um propiciatório é tomar nossa posição como adoradores purificados e “molda’ dos”. Um problema é que Deus ainda requer que adoradores-propiciatório sejam formados de ouro provado no fogo (purificados), moldados (fundidos) até atingirem a imagem da perfeição e movidos à posição apropriada de unidade para adoração. – (Veja Apocalipse 3:18; Romanos 8:29). Isso fala de pureza, quebrantamento e unidade: os três componentes da verdadeira adoração sob a nova Aliança do Sangue de Jesus. Quebrantamento na Terra gera abertura nos céus.

Acho interessante que ao refinar o ouro em temperatura extrema, as primeiras coisas a virem à tona e serem destruídas são os “refugos”, as impurezas evidentes e o material estranho. A última coisa a ser separada do ouro é a prata, um metal menos precioso que frequentemente se mistura com o minério de ouro bruto. Muitas vezes temos dificuldade em separar o “bom” do “melhor’’.

AS PANCADAS DA VIDA VÃO NOS INCLINAR PARA DEUS SE…

Muitos de nós só queremos ser pré-formados ou pré-moldados em uma rápida e fácil “fórmula um-dois-três de avivamento”. Eu não posso lhe dar isso. No entanto, posso lhe dizer que suas asas de adoração podem ser formadas somente desta maneira: elas devem ser batidas para tomar a posição e a imagem apropriadas. As pancadas da vida vão nos inclinar para Deus se nossas respostas aos desafios da vida forem corretas. Às vezes, respondemos erroneamente para o que a vida nos entrega; e, então, a adversidade nos joga para fora da posição. Ao invés de nos tomarmos melhores, nos tomamos amargos. Isso significa que nossas asas de adoração não estão onde deveriam estar. Elas estariam no lugar apropriado, mas na posição errada; na igreja, mas com uma atitude errada.

Deus pretendia que as pancadas da vida movessem suas asas de adoração para uma posição a fim de criar alguém que “em todas as coisas dá graça”. – (Veja 1 Tessalonicenses 5:18). O apóstolo Paulo sabia disso. Ele escreveu: “Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro.” – (Veja Filipenses 1:21). Ele escreveu essas palavras enquanto estava na prisão da casa romana, esperando o veredicto de César. Paulo poderia declarar: “Todas as vezes que você me bate, tudo que isso faz é me ensinar como adorar.” Sua visita ao terceiro céu aconteceu enquanto estava sendo apedrejado em Listra! Alguém quer ir lá agora?

Quando os adoradores em volta do propiciatório tomam suas posições, Deus pode mover para Sua posição e ocupar o centro no meio deles

Os querubins de ouro batido da arca da Aliança eram apenas uma pobre representação terrena da realidade celestial. Moisés viu o modelo no monte quando espreitou o Céu e viu a sala do trono em uma visão. Ele foi instruído a recriar aquela visão celestial, mas isso é como se o mais próximo que ele poderia obter na Terra era criar querubins de ouro maciço que só tinham duas asas. Os serafins que circundam o verdadeiro trono celestial de Deus têm seis asas.

O propiciatório na arca era apenas uma representação do verdadeiro trono de Deus no terceiro céu. O trono nas regiões celestiais não está situado num plano bidimensional para que possa ser descrito unicamente com largura e altura. A arca da Aliança destacava dois querubins montados na tampa reta da arca. Em contraste, as escrituras descrevem o trono de Deus como multidimensional e cercado por adoradores de todos os lados, quase como uma pérola suspensa em vidro ou o Sol no meio de nosso sistema solar. A Bíblia diz que há serafins com seis asas em ambos os lados do trono, e mais acima e abaixo também. Esses serafins adoradores cobrem suas faces com duas asas, enquanto cobrem seus pés com duas outras asas e voam com o outro par. – (Veja Isaías 6:2).

Mesmo que o querubim na arca equivalesse a uma “imitação terrena barata” da realidade celestial, ainda há tanto mistério em torno da arca que produtores de Hollywood gastaram milhões de dólares simplesmente falando sobre a “arca perdida” em um filme de aventura.

Quando será que a Igreja vai perceber que Deus não está procurando pela arca perdida? Ele sabe onde ela está. Deus está procurando pelos “adoradores perdidos” para que Ele possa repor a glória perdida na Terra.

O PESO REPENTINO DE SUA CHEGADA SACUDIU A TERRA

O “trono de misericórdia” (propiciatório) raramente ou nunca aparece no meio de desfiles e circunstâncias religiosas. Sob a aliança do Sangue de Cristo, ele só vem entre dois ou mais sacrifícios vivos. Paulo e Silas estavam longe dos templos ornamentados e das sinagogas de Jerusalém e Israel; eles se encontravam ensanguentados e surrados, com os pés presos em um tronco, bem no fundo de uma cela na prisão de Filipos.

Mesmo nesta hora mais sombria, esses homens começaram a cantar ao Senhor em louvor e adoração. Tudo que eles fizeram foi trazer juntos suas surradas asas de adoração, e a glória de Deus desceu do Céu para se unir a eles. A adoração deles criou o “trono de misericórdia” para Deus vir e assentar-se entre eles – mesmo na prisão.

Você pode estar “na prisão” mesmo à medida que lê estas palavras. Talvez as circunstâncias da vida o tenham trancado e jogado a chave fora. Há uma maneira de escape. “Adore” uma abertura nas regiões celestiais. Deus irá descer. Ele prometeu. O que Ele fez por Paulo e Silas, Ele fará por você.

O peso repentino de Sua chegada sacudiu a Terra e balançou os fundamentos da prisão. O peso da presença de Deus não apenas libertou Seus adoradores, mas também abriu todas as portas e libertou todos os prisioneiros da vizinhança. Nossa adoração pode libertar cativos. A visitação de Deus em poder levou a Salvação a um carcereiro que tinha colocado as algemas nos pés de Paulo e Silas.

Não temas a adversidade! Os querubins foram formados de ouro batido. E adoradores formados de ouro provado no fogo e batidos pelas adversidades e provas em nossos dias refletem a luz da glória de Deus em casa muito melhor que apressadas versões pré-moldadas. Cada recuo do martelo, cada marca da picareta e da furadeira, e cada dobra de transformação sob pressão do moedor é outro refletor para a multifacetada glória de Deus.

Quando adorarmos em espírito e em verdade a glória de Deus virá! O que experimentaremos naquele momento é simplesmente um precursor do que vai acontecer naquele grande dia, quando o Rei da Glória pessoalmente voltar à Terra pela segunda vez. Na primeira vez que Ele veio, carregou Sua glória levemente porque andava em humildade. Ele andou nas pontas dos pés em nosso mundo para que não incomodasse a Sua criação, assim como um adulto anda nas pontas dos pés no quarto de brinquedo de uma criança para evitar quebrar os brinquedos. Na próxima vez que Jesus aparecer, Ele estará montado em um cavalo e virá em poder e autoridade ilimitados para Se reapossar da casa inteira. Quando Seus pés tocarem o topo do monte das Oliveiras, Sua Kabod, Sua intensa glória, será tão grande que o monte das Oliveiras vai, literalmente, se partir em dois. O portão do Ocidente vai repentinamente se abrir para permitir a “real” entrada triunfante do Senhor. A primeira vez foi somente um ensaio. Na próxima vez, Ele estará em Seu traje! Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. – (Veja Filipenses 2:10-11).

TODAS AS COISAS IMPURAS SERÃO ARRASADAS SOB O PESO DE SUA GLÓRIA

Você sabe o que vai escancarar os portões da cidade? Sabe como dividir as montanhas que bloqueiam o seu caminho para o avivamento? Apenas faça o que Paulo e Silas fizeram na prisão. Se você pode cantar à meia-noite com as costas machucadas, os pés algemados e a porta da sua cela trancada, então pode entrar nas manifestas glória e presença de Deus mediante sua adoração. Todas as coisas impuras serão arrasadas e cada cadeia cairá sob o peso de Sua glória: “De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos.” – (Atos 16:26).

Tudo isso acontece quando as asas batidas dos adoradores se chocam, criando o trono de misericórdia de Deus. A Nova Versão Americana do Salmo 22:3 diz que “Deus está entronizado sobre os louvores de Israel”. Disseram-me que a tradução japonesa do texto original hebraico para este verso diz, de modo literal, que o nosso louvor “constrói uma grande cadeira para Deus Se assentar”. Jesus também nos disse: “Porque, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” – (Mateus 18:20). Isso significa que Deus vem habitar no “meio” de nós quando começamos a adorá-Lo juntos.

O que aconteceria se Deus literalmente se movesse do Seu trono no Céu para Se assentar na “grande cadeira” que temos construído para Ele? Acredito que Ele provavelmente diria: “Miguel, Gabriel, vejo vocês depois. Os filhos de Adão construíram para Mim uma cadeira. Eles construíram um trono de misericórdia vivo somente para Mim para que Eu, mais uma vez, possa habitar no meio dos homens.”

DAVI ABASTECEU A CHAMA DA PRESENÇA DE DEUS COM ADORAÇÃO DE VINTE Έ QUATRO HORAS

Como podemos recriar ou competir com o tipo de adoração que Deus recebe no Céu? Davi instruiu levitas santificados para continuarem abastecendo a chama da presença de Deus, com adoração vinte e quatro horas todos os dias. Não entre em legalismo e pense: “Eu tenho de ajudar minha igreja a levantar uma vigília de oração vinte e quatro horas.” Se Deus falou isso com você e a liderança da sua igreja quiser fazê-lo, então faça. Se não, pergunte a Ele o que quer que você faça, e faça-o.

Lembre-se que você pode implorar o quanto quiser para Deus vir, mas até que prepare um lugar onde Sua intensa glória possa seguramente habitar, Ele pode visitá-lo, mas não pode ficar. Eu não sei quanto a você, mas estou cansado de visitas. De algum modo, temos de reclamar a habilidade de hospedar o Espírito Santo. Davi sabia como fazer isso.

Davi cercou a arca com adoradores para que a glória de Deus continuasse reluzente. Pela primeira vez na história israelense, pagãos podiam chegar perto do monte Sião em Jerusalém e, literalmente, ver a chama azul da glória de Deus tremulando entre os braços erguidos e os pés dançantes dos adoradores no tabernáculo de Davi! Como isso foi possível? Foi porque o tabernáculo de Davi era um lugar marcado por adoração de véu aberto e sem regras controladoras.

Frequentemente, ilustro este conceito de cercar a Deus com adoração em reuniões públicas chamando três a quatro voluntários para se juntarem a mim em frente ao auditório ou congregação. Quase sempre, um dos voluntários vai dar um passo na posição de frente para público, porque esta é a maneira como temos sido condicionados. Eu direi ao voluntário (para ajudar os ouvintes): “Não filho, não se volte para congregação ou coral. Fique em pé aqui, levante suas mãos em uma postura de adoração em direção Aquele que está no trono.”

Talvez esta seja a explicação por que o mundo não pode ver a Deus quando Ele olha para a Igreja – a Igreja só olha para si mesma. Este é, provavelmente, o motivo de não ficarmos na brecha e preferirmos encarar o mundo ao invés de Deus, enquanto desempenhamos nossos deveres religiosos. Há coisas demais do homem na igreja e poucas de Deus. Encarar o homem pode apenas nos induzir a corresponder à aprovação do homem. Para adoração “trono de misericórdia”, temos de virar as costas para o homem. Buscar a face de Deus. Perder o medo do homem – e ganhar o temor de Deus.

ESTE É O MILAGRE DA CASA FAVORITA DE DEUS

Davi fez mais do que cercar a arca de Deus com adoradores santificados. Ele se assegurou de que o seu foco primordial era ministrar a Deus por intermédio do louvor e da adoração. Os levitas, ministros de louvor e adoração do Antigo Testamento, se posicionavam entre o mundo, do lado de fora, e a glória de Deus sem véu, descoberta, no lado de dentro.

Pela primeira vez desde a Sua caminhada final com Adão e Eva no jardim do Éden, Deus encontrou uma casa onde não havia véu ou paredes divisórias entre Sua glória e a frágil carne dos homens. Isso não era necessário, porque os adoradores se tornaram o véu e as paredes protetoras à medida que eles rodeavam a glória de Deus com a cobertura da nuvem do arrependimento, da adoração e do louvor sacrificiais. Por falta de um termo melhor, eu chamo este precário lugar entre a varanda do homem e o altar de Deus de a “zona do choro”. Este é o milagre que fez a humilde tenda de Davi se tornar a casa favorita de Deus.

Duas passagens-chave das Escrituras podem ajudá-lo a entender por que Davi planejou construir um tabernáculo sem um véu ou paredes, sem ver pessoas morrendo às centenas ou milhares. Na primeira, Deus disse: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei.” – (Ezequiel 22:30). Na segunda, João parece descrever os dois componentes da glória de Deus quando escreveu: “Vimos a Sua glória […] cheio de graça e de verdade.” – (João 1:14 – RC).

ESQUEÇA O QUE AS PESSOAS DIZEM. SOMENTE UMA OPINIÃO IMPORTA

Se você realmente quer uma explosão da glória de Deus em sua igreja e cidade, terá de esquecer o que qualquer um, exceto Deus, pensa. O avivamento real acontece somente quando verdadeiros adoradores esquecem o homem e voltam sua total atenção e adoração a Deus. Devemos esquecer as opiniões, a aprovação ou a desaprovação do povo. Precisamos não nos lembrar o que eles parecem, deixar de lado o que estão dizendo e não nos preocuparmos com o que estão pensando. Somente uma opinião importa.

Eu desejo que o povo de Deus ignore tudo, exceto o que Deus quer. É hora de a centralidade de Cristo Jesus nos dominar e conquistar tanto, que nos tornaremos totalmente separados das distrações do reino do homem. Não estou falando de nos tornarmos religiosos a ponto de sermos absolutamente desagradáveis para Deus ou o homem. Algumas pessoas dizem que você pode se tornar tão espiritualmente propenso que deixa de se adaptar aqui na Terra. Mas eu não sei se isso é possível. Na verdade, essa frase é uma boa descrição da “zona do choro”; aquele lugar entre a varanda do homem e o altar de Deus. Posso lhe dizer o que você faz nessa posição? A zona do choro é o lugar de intercessão diante do trono de Deus onde você entra na brecha para interceder por outros.

TOME UMA POSIÇÃO ENTRE A GLÓRIA E OS HOMENS PECAMINOSOS

Uma praga do pecado e da morte está varrendo toda a nossa nação e o mundo atual. Esta não é a hora de correr ou esconder. Esta é a hora para você e eu entrarmos na zona do choro com nossos incensários de adoração e tomarmos nossa posição entre os vivos e os mortos, entre a intensa glória de Deus e a carne desprotegida dos homens pecaminosos. No momento em que Arão transportava o carvão do fogo do altar e misturou no incenso de adoração e louvor, ele se tomou uma ponte entre dois mundos.

Deus tem um coração que deseja ver todos os homens salvos, mas Ele depende de você e de mim para cumprir nosso ministério de reconciliação na zona do choro. Ele nos tem chamado para nos tornarmos pontes entre o reino da luz e o reino das trevas. A melhor Ponte de todas é Jesus Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, que vive sempre para interceder por nós diante de Deus. – (Veja Hebreus 7:25). Quando você e eu entramos na “zona do choro”, chegamos ao lado do Grande Intercessor e contemplamos o trono, estendendo uma das mãos para Deus e outra para o homem. Somos chamados para interceder em adoração até que Deus e o homem tenham se encontrado.

Quando você se põe na brecha, está literalmente parando o julgamento de Deus e removendo os obstáculos do inimigo no segundo céu. Como vimos anteriormente, João disse: “Vimos a sua glória… cheio de graça e de verdade.” – (João 1:14 – RC).

Se os dois componentes da glória de Deus são graça e verdade, então isso explica por que sempre houve um véu separando o homem da glória de Deus. O mundo precisa da graça de Deus, mas Sua verdade está ligada a ela. A verdade é: Todos pecamos e carecemos da glória de Deus. – (Veja Romanos 3:23). Precisamos de Sua graça – mas não podemos suportar a “verdade”. Sua verdade é equivalente ao Seu julgamento, mas, separados da graça de Deus, nenhum de nós tem qualquer chance. Isto significa que se a presença manifesta de Deus – aquilo pelo que estamos orando – se apressar e encontrar carne não arrependida, então a verdade ou o julgamento de Deus vai instantaneamente destruí-la assim como a luz remove as trevas.

SIGA-O À “ZONA DO CHORO” PARA OS PERDIDOS

Jesus Cristo fez um trabalho completo na cruz e Ele estende o dom gratuito da vida a todos. Nosso “ministério da reconciliação” envolve tomarmos Sua cruz diariamente e segui-Lo até a “zona do choro” para os perdidos. Quando adoradores sacrificiais arrependidos, com mãos ensanguentadas, tomam o lugar entre os não-redimidos e a consumidora glória de Deus, algo interessante acontece.

Sabemos pelas Escrituras que o julgamento começa e termina na casa de Deus. – (1 Pedro 4:17). Quando o povo de Deus se torna adoradores e se posicionam na brecha, eles “filtram” a verdade e o componente julgamento da glória. Isto significa que o único componente da glória de Deus que vai junto com eles para fluir nas ruas da cidade é graça e misericórdia. Isso é uma lembrança dos dias de Davi, quando todos, qualquer um, podia olhar para a glória Shekinah de Deus e viver, porque eles estavam fitando o trono da misericórdia através do filtro que os revestia, que eram os braços levantados dos adoradores.

Nossas cidades não precisam de melhores sermões ou melhores músicas. Elas precisam de “pessoas na brecha” que possam alcançar Deus com uma das mãos e o mundo com a outra. Você é chamado para tomar posição na “zona do choro”? Você pode esquecer o que o homem diz enquanto você busca Deus com uma das mãos em arrependimento, adoração quebrantada e alcança os homens não redimidos com a outra? Com aquela mão estendida, você declara: “Eu vou abrir os céus e mantê-los bem abertos até que o avivamento se espalhe por minha cidade!” Como os intercessores da antiguidade, devemos clamar: “Se Você vai matá-los, então me mate. Se Você não mandar o avivamento para minha nação, então me mate. Dê-me filhos espirituais, senão eu morro.” – (Veja Êxodo 32; Gênesis 30:1).

Você realmente quer avivamento? Construa um propiciatório (trono de misericórdia) para Deus. Prepare algo que seja tão desejável e atraente a Deus que Ele não possa resistir em se juntar a você e aos adoradores. Permita que Ele construa novamente o tabernáculo de Davi em seu meio. Cerque-O com louvor e adoração se você quer atraí-Lo a vir e ficar com você. Construa um trono de misericórdia!

DEUS HABITA NO MEIO DA ADORAÇÃO

Você consegue imaginar o que aconteceria se Ele deixasse Seu trono no Céu para vir e Se assentasse conosco no propiciatório (trono da misericórdia) composto de nosso louvor e nossa adoração? Há uma razão pela qual o mundo não pode vê-Lo como Ele é. Nunca construímos um lugar para Ele Se assentar. As raposas têm seus covis, e os pássaros, os seus ninhos, mas a glória de Deus não tem lugar para se assentar – nenhum trono de misericórdia terreno! E claro que nossos móveis são simples comparando-os aos padrões do Céu, e nunca poderia ser comparado a serafins de seis asas. Como poderia adoração terrena equivaler à adoração celestial? Eu não sei, mas sei que não é preciso muito! Jesus disse: “Se eu apenas puder ter dois ou três de vocês para concordar, Eu entrarei – não pelos lados, mas estarei no meio de vocês.” – (Veja Mateus 18:20). Por quê? Porque Deus habita no meio da adoração.

Se você quer que a glória de Deus se manifeste em sua igreja e cidade, então se lembre que Ele provavelmente não virá a mim nem a você sozinho. Sua primeira escolha e Sua promessa é que Ele virá no meio de nós, à medida que O adoramos de acordo com o padrão celestial.

Se você construí-la, Ele virá!

Pai, Você disse que dos lábios das crianças tiraste perfeito louvor. Admitimos que nosso melhor é um louvor miserável, que não pode se igualar à visão celestial, e não pode atingir as alturas da perfeição que entendemos ser no Céu.

No entanto, de acordo com o padrão celestial, nos deleitamos em cercá-Lo com nossa adoração arrependida. Reconstrua Seu amado tabernáculo de Davi em nosso coração, querido Senhor. Sim, nós O adoraremos com todo o nosso coração. Sim, com regozijo nos prostraremos diante de Ti como nosso Senhor e Rei.

Todos clamamos por Sua presença manifesta para encher este lugar, Pai. Pedimos que o Senhor encha esta cidade, esta nação, este mundo até que toda a Terra esteja coberta com Sua glória, ó Deus, como as águas cobrem o mar. Venha Se assentar em nosso meio no Seu trono de misericórdia!

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

RELAÇÃO ROBÓTICA

A ligação entre tecnologia, internet e atividade erótica é mais do que conhecida, porém nessa era moderna atinge patamares de solidão extrema

Relação tobótica

Poderia ser como no início de uma história para crianças: “Era uma vez…” e seguiria o texto relatando em tempo passado um evento, uma aventura. Então: era uma vez o sexo virtual.  Por telefone ou pela internet, com mensagens de texto ou ligações com vídeo. Hoje é o tempo das “bonecas” do tamanho de humanos, incrementadas com inteligência artificial para uso sexual ou companhia apenas. Embora seja fenômeno recente, na Ásia em particular várias pessoas já foram vistas levando suas bonecas para o shopping, onde escolhem roupas para elas. Há também notícias de bordéis que oferecem exclusivamente réplicas destas.

Em 2016, na Universidade Goldsmiths, em Londres, algumas das questões levantadas na segunda edição da conferência “Amor e Sexo com Robôs” foram: Você faria sexo com um robô ou casaria com um? O robô teria direito a rejeitar esse tipo de união?

Uma outra vertente é o uso de brinquedos sexuais e realidade virtual, que permitiriam intimidade entre parceiros a distância. Você toca uma superfície aqui, ele sente lá. Há quem goste. Nada mais óbvio, poderíamos pensar.

Nessa temática, o filme A Garota Ideal 2 serve como apoio. Um personagem, Lars, tem como sua mulher Bianca, uma réplica feita de silicone. Lars é tímido, introspectivo, sem iniciativa alguma na vida. Tem o perfil típico do que seria hoje um nerd, com dificuldades de relacionamento e para quem a internet costuma ser forma protegida de conexão com o mundo.

Novamente, e para além da obviedade: Lars acredita realmente que Bianca é uma mulher de verdade. Nada de psicose ou alucinação, como apressadamente se poderia pensar.

Em algum lugar, tempos atrás, li a matéria sobre a relação entre um homem e uma réplica. Para ele, ela era “muito mais que uma boneca”, era compreensiva e carinhosa, era sua companhia para as noites.

Tanto o filme quanto o descrito no depoimento angustiam, mesmo quando tomamos o cuidado de não cair no engodo de que seria a tecnologia a causa das solidões e desencontros.

Se muitos vislumbram nessas réplicas fontes inesgotáveis e ilimitadas de satisfação de todo e qualquer desejo (o ideal narcísico), o personagem Lars faz pensar num contraponto: muitas vezes, subjacente às compulsões, mesmo as sexuais, o que se busca inconscientemente é eliminar ansiedade e obter carinho. A erotização avassaladora pode ser apenas defesa contra o sentimento doloroso de solidão.

 

NCOLAU JOSÉ MALUF JR.  é psicólogo, analista reichiano, doutor em História das Ciências, Técnicas e Epistemologia (HCTE/ UFRJ). Contato: nicolaumalufjr@g.mail.com

OUTROS OLHARES

O “LADO B” DO K-POP

Jovens ídolos musicais coreanos, que fazem sucesso no papel de bons mocinhos, enfrentam denúncias em série por crimes como assédio, estupro e uso de drogas

O lado B do K-Pop

Adolescentes sul-coreanos com roupas bem cortadas e coloridas, cabelo de corte assimétrico e pele de boneco de cera conquistaram o coração, o bolso e o Spotify de fãs ao redor do mundo. A febre do k-pop, como é conhecido o movimento, começou a alastrar-se pelo planeta em 2012, com o hit Gangnam Style, do rapper Psy. Parecia um universo perfeito. Nos últimos meses, no entanto, a imagem de bons mocinhos ostentada pelas estrelas asiáticas caiu por terra. Vários ídolos estão envolvidos em um roteiro cabeludo que inclui crimes como estupro, consumo de drogas e compartilhamento de imagens pornográficas.

Em março, o cantor Jung Joon­ Young acabou preso por ter filmado mulheres durante a relação sexual, sem que elas soubessem. Depois, enviou o conteúdo a amigos pelo aplicativo Kakao Talk, equivalente ao WhatsApp. A descoberta do crime aconteceu por acaso, quando Young mandou o celular para o conserto. O artista confessou os malfeitos. “Não vou contestar as acusações apresentadas pela agência de investigação e aceitarei a decisão do Tribunal”, disse, em depoimento prestado em março. Hoje, ele busca fechar um acordo com as mais de dez vítimas para tentar reduzir a pena.

O rapaz, que já faturou 262 milhões de dólares com sua gravadora, não está envolvido apenas nessa encrenca. Young integra um grupo de artistas investigados por drogar e estuprar modelos. Depois da farra, eles ainda compartilhavam o conteúdo criminoso entre amigos no Kakao Talk. Chamado de “sex chat” pelos coreanos, o escândalo vem afetando a imagem de outros ídolos do movimento. Entre eles, Seungri, um dos queridinhos das fãs, o guitarrista Lee Jong-hyun, da banda CN Blue (que esteve no Brasil em 2014), e Yong Jun-hyung, do Highlight (este veio ao Brasil em 2011).

Só em 2018, o K-pop faturou 5 bilhões de dólares com shows, séries e outros produtos. A febre se repete no Brasil, que tem uma população de 50.000 descendentes de coreanos. Mas os fãs de K-pop vão muito além da colônia. A banda BTS fez dois shows em São Paulo em maio. Fãs acamparam durante três meses em busca de um bom lugar. Os sete garotos da banda não estão envolvidos em nenhum escândalo.

Tal qual o movimento #MeToo, que liquidou a carreira de atores e diretores de Hollywood devido às denúncias em série de assédio sexual, a força das redes sociais só fez crescer a pressão. Há duas semanas, o diretor-fundador da gravadora YG Entertainment, Yang Hyun -suk, afastou-se com receio de todo o catálogo de artistas de sua empresa sofrer retaliação. Ele é acusado de sonegar imposto, acobertar uso de drogas e promover prostituição. Hanbin, líder da banda iKon, da mesma gravadora, também deixou os palcos após a descoberta de suas tentativas de compra de substâncias ilícitas. “Os coreanos são conservadores. Não toleram desvios”, diz Carol Akioka, diretora do portal Korea Line especialista em K-pop. Nas engrenagens do rock, rebeldia e excessos fazem parte do show. Já para aqueles que precisam vender a imagem de mocinhos românticos e comportados, o lado B do K-pop representa uma desafinada que pode ser fatal para os negócios.

O lado B do K-Pop. 2

GESTÃO E CARREIRA

O CRACHÁ DEPOIS DOS 50

As empresas só têm a perder ao desprezar o talento dos profissionais mais maduros – mas uma melhor diversidade etária também pressupõe a adaptação desses trabalhadores

O crachá depois dos 50

Em 2017, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo IBGE, mostrou que o Brasil chegou a 30,2 milhões de “idosos”. A Organização Mundial da Saúde estimava até então que o país fosse alcançar esse número somente em 2025. Em cinco anos aumentou em 18% a parcela de pessoas com 60 anos ou mais, e pelo ritmo atual o Brasil ganhará 1 milhão de “idosos” anualmente daqui em diante.

Escrevi a palavra idosos entre aspas porque não conheço ninguém com idade entre 60 e 70 anos que se considere idoso. Esse termo carrega o estereótipo daquele símbolo de vaga para idosos em que há uma pessoa com bengala – o que está longe da realidade da maioria dos que estão nessa faixa etária. Na década de 80, quando eu nasci, quem tinha 60anos era considerado um velhinho. Hoje em dia a coisa é bem diferente. Dizem que os 60 são os novos 40. E a pessoa com 50, então? É e se sente (e normalmente está mesmo) jovem, cheia de energia e de planos.

O fato é que muita gente simplesmente parou de ter filhos. Também é fato que, com o avanço da medicina e das demais ciências, hoje conseguimos viver mais e melhor. A idade biológica do ser humano se estende cada vez mais. Assim, boa parte dos nossos filhos atuais será centenária amanhã. Na contramão disso, há quem não tenha se dado conta dessa nova realidade, como é o caso de um grande número de empresas, principalmente no que diz respeito à contratação de talentos 50+.

O cenário macroeconômico de crise, a necessidade de cortar custos e despesas e o avanço da tecnologia no mercado de trabalho potencializam a chamada “juniorização” dos talentos nas empresas. Tal efeito se contrapõe à realidade e à tendência de envelhecimento da população – e da força de trabalho – no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país é um dos que envelhecem mais rápido hoje e será o sexto com maior número de idosos em 2025.

Outra pesquisa, realizada pela FGV e pela Price waterhouse Coopers em 2013, mostrou que, muito embora se reconheça que os profissionais 50+ sejam bem qualificados, as empresas no Brasil não os contratam. Nesse mesmo sentido, conforme os dados mais recentes sobre o assunto, não chega a 3% a média de funcionários com mais de 50 anos nas 150 melhores empresas para trabalhar no país.

Há quatro anos pesquisando sobre preconceito etário na MaturiJobs, percebi que, especialmente nos cargos mais baixos, fora das posições de gerência ou direção, já se torna difícil conseguir um emprego no Brasil (sobretudo para as mulheres) após os 40 anos. Quando se avança nos 50, fica praticamente impossível. Por isso focamos nosso trabalho a partir dessa faixa etária – que ainda não é “idosa” mas já é considerada velha e desinteressante para o mercado. Para se ter uma ideia, já ultrapassamos a marca de 90.000 profissionais de 50 anos ou mais que se cadastraram em nossa plataforma e conseguimos empregar somente 1% desse total até hoje. Por outro lado, por sorte muitas dessas pessoas começam a se reinventar profissionalmente de diversas maneiras.

O que as empresas estão perdendo com isso? Estão perdendo o que é cada vez mais valorizado em tempos de automatização e de inteligência artificial. Ou seja, perdendo parte significativa dos soft skills (predicados comportamentais). As habilidades ligadas às relações intra e interpessoais – que têm muito a ver com autoconhecimento e trato com pessoas – são esferas intangíveis potencializadas com os anos e com a experiência de vida dos profissionais.

Mas não só isso: atualmente as empresas têm sofrido bastante com a alta rotatividade dos jovens, que pedem demissão para procurar diferentes contextos, propósitos, empreendedorismo etc. – e, muitas vezes, falham ao deixar de buscar o comprometimento, a resiliência e a postura dos mais maduros. Alguém viu of time Um Senhor Estagiário, com Robert De Niro e Anne Hathaway? Além de ser zeloso e dedicado, o personagem de De Niro apresentava uma flexibilidade incomum ante novas situações. No filme ele aprendia com os mais novos, e os mais novos com ele.

Assim, integrar as gerações é o caminho para fundir as aspirações e os olhares de modo a proporcionar equilíbrio ao ambiente de trabalho e trazer à mesa a diversidade etária, assunto ainda raramente discutido nas organizações.

Os 50+ – atualmente mais de 25% da população brasileira -, que enfrentam tanta dificuldade em se recolocar, devem por sua vez buscar continuamente atualização (já ouviu falar do Lifelong learning, o aprendizado pela vida toda?). As capacitações técnica e comportamental são essenciais, assim como o autoconhecimento, o networking, a integração com os mais jovens e a procura por novos caminhos profissionais como o empreendedorismo, além da manutenção da autoestima, para aproveitar o conhecimento e não temer processos seletivos com jovens nem ter receio de lidar com um chefe mais novo.

Hoje em dia há vários caminhos a ser percorridos e é preciso pensar “fora da caixa” para ir além daquele formato tradicional de trabalho que se aprendeu vinte ou trinta anos atrás. O próprio setor voltado para os 50+, em seus mais diversos segmentos, carece de muitos serviços e melhor atendimento, e essa é uma grande oportunidade para os maduros – que “sentem na pele” essa realidade – perceberem e criarem oportunidades de negócio.

Conto aqui sobre minha experiência pessoal. Criamos recentemente um programa em que startups estão recebendo alguns 50+ para trabalhar por um curto período para que possam se conhecer e a partir daí estabelecer um modelo de trabalho como empregado, sócio, investidor, estagiário, mentor ou consultor.

Aliás, um estudo recente do MIT Sloan School of Management mostrou que a idade média para o sucesso de um empreendedor nos Estados Unidos é de 45 anos, desfazendo o mito de que startup é coisa só de jovem. A experiência dos “longevos” faz toda a diferença – Google e Airbnb são cases conhecidos de empresas que viram seu negócio crescer exponencialmente após trazerem CEOs mais maduros.

É hora de repensar não apenas o que significa trabalhar, mas a própria natureza do trabalho. A longevidade é um fato que está aí e estará cada vez mais presente, portanto se faz urgente enxergar além dos desafios.

Há muitas oportunidades que os trabalhadores que passaram dos 50 anos e as empresas poderão desfrutar, a partir do momento em que começarmos a entender que a soma da idade não subtrai, só multiplica, e criarmos uma consciência social em torno disso, como diz a espanhola Raquel Roca, pesquisadora desse tema.

Que tal então revermos nossos conceitos a respeito da idade, já que todos nós seremos “idosos”?

 

MORRIS LITVAK, de 36 anos, é engenheiro de software e criador da plataforma digital MaturiJobs

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

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CAPÍTULO 3 – ABRINDO O CÉU E FECHANDO AS PORTAS DO INFERNO

 

O sinal do Senhor veio sem aviso em um sábado, durante minha pregação no culto de uma igreja no Texas. Em certo momento, eu só “sabia” que deveria ir a uma cidade, em outro estado, domingo à noite. O problema era que eu teria de pregar no Texas no mesmo dia. Eu nunca havia cancelado um compromisso como aquele, mas precisava, de qualquer maneira, realizar o que Deus queria que eu fizesse.

Quando disse ao pastor anfitrião da igreja onde eu estava que não poderia ficar para o culto de domingo à tarde, porque algo mais tinha aparecido, ele foi muito benévolo. No final do culto tia manhã de domingo, meus anfitriões me levaram diretamente ao aeroporto. (Senti tanta urgência que nem mesmo almocei.)

O voo mais próximo estava cheio, mas comprei uma passagem mesmo assim e esperei como passageiro reserva. Não fiquei surpreso quando Deus interveio e me deram um assento no avião.

Quando o avião decolou, aluguei um carro às minhas próprias custas para dirigir até a igreja de mais ou menos três mil pessoas onde já havia ministrado. Pelo caminho, Deus confirmou a decisão sussurrando: “Você está no caminho certo.”

Cheguei ao estacionamento da igreja uma hora antes do culto de domingo à tarde começar, esperando encontrar-me bem cedo com o pastor para que pudéssemos conversar. Pensei que ele poderia me ajudar a entender por que Deus me dissera para vir tão de última hora e sem convite.

Quando tranquei o carro e olhei para as vagas do estacionamento, notei que um grande número já estava ocupado. Bem, talvez algo esteja acontecendo – pensei. Isso foi confirmado quando andei até o templo e percebi os porteiros posicionados às portas do santuário. Eles sorriram quando me aproximei, mas disseram: “Não podemos deixá-lo entrar.”

NOSSO PASTOR FICOU REALMENTE DESESPERADO POR DEUS

Em minha mente, não me importava por que ou de quão longe eu tinha vindo, porque acreditava estar sob autoridade. Então eu disse: “Entendo que vocês não possam me deixar entrar, mas o que está acontecendo aí dentro?” Eles responderam:

“O nosso pastor acordou realmente desesperado por Deus nesta manhã. Ele convocou uma reunião de oração para as quatro horas desta tarde e nos disse para fecharmos as portas do templo depois deste horário. A reunião deve durar até as seis horas, aí estarão abertas as portas para o público geral. Agora são cinco horas, então não podemos deixá-lo entrar.”

“Entendo” – eu disse. “Vou ficar no saguão.” Encontrei um assento perto da porta e comecei a orar com as pessoas no santuário de onde eu estava assentado. Em questão de minutos, os porteiros olharam para mim novamente e disseram: “Você parece um pregador.” Quando lhes contei quem eu era, eles disseram: “Bem, nós discutimos e achamos que devemos deixá-lo entrar. Sabemos que o pastor disse para não abrirmos a porta, mas realmente acreditamos que devemos abrir para você.”

Tudo que eu disse naquele momento foi: “Provavelmente sim.” Quando eles abriram a porta, eu entrei e vi, aproximadamente, quatrocentas pessoas prostradas diante de Deus. Calmamente, me uni a elas e, quando o culto começou certo tempo depois, assentei-me em um lugar imperceptível, próximo às laterais das dependências. Quando o pastor finalmente levantou o rosto, ele me notou e pareceu assustado. Muitas lágrimas escorriam por seu rosto, e sua gravata estava posta de lado. (Sua conduta e vestimenta são sempre impecáveis).

Quando o culto começou, o pastor e o grupo de louvor pareciam sufocados, porque a presença de Deus estava muito intensa no auditório. Um preletor nacionalmente conhecido fora convidado para falar naquela reunião, e quando o pastor se levantou para introduzi-lo, disse: “Temos, aqui, um convidado tão digno quanto o nosso preletor agendado. Vejo o meu amigo Tommy Tenney.” E continuou: Tive um sonho nesta semana. Sonhei que Tommy Tenney aparecia aqui sem se anunciar e sem ser convidado. Ele está neste lugar. Não sei o que Deus quer fazer, mas só quero que Tommy venha compartilhar algo conosco.

LÁ ESTAVA UMA BOA CHANCE PARA QUE DEUS MUDASSE A AGENDA

Eu não sabia o que Deus queria, mas tinha convicção de que aquela era uma chance para que Ele mudasse a agenda de reuniões. À medida que passamos um pelo outro nos degraus da plataforma, parei tempo suficiente para dizer ao pastor: “Não sei o que vai acontecer quando eu chegar lá.” Ele olhou para mim com uma expressão extremamente séria para o momento, sem se preocupar em dizer: “Oi, como vai você?” ou “É bom te ver.” O clima espiritual estava sério demais para aquilo. Tudo que ele me disse naqueles degraus foi: “Eu não me importo.” Pude entender que aquilo significava que ele queria ver Deus Se manifestar.

Inicialmente, eu apenas falaria à congregação por aproximadamente dez minutos. Mas quinze segundos depois que pisei no púlpito, as janelas do Céu se abriram sobre aquele lugar. A presença de Deus estava incrivelmente forte, mas aquilo não tinha nada a ver comigo. Era como se Deus tivesse me pedido para encontrá-Lo naquele lugar e naquela hora. E fui feliz o suficiente para aparecer no encontro marcado. Naquele momento, estávamos na “casa que a obediência construiu’. O pastor tinha sido obediente a clamar a Deus e chamar a sua congregação para a oração. O preletor convidado estava presente e pronto, e eu havia sido obediente para vir também. Deus, de certa forma, nos preparou e nos moveu para lugar e posição certos naquela noite.

Em dez minutos, as pessoas estavam literalmente correndo para o altar. (Quando Deus realmente Se manifesta, não me importa qual seja o seu título ou por quanto tempo você O conhece. De repente, você se torna consciente da necessidade de cobrir- se em arrependimento. Isso se deve à poderosa influência da aproximação da Sua glória). Foi como se Deus simplesmente desprendesse um pedaço do Céu e deixasse um raio da Sua glória atingir aquele lugar.

COMO DUNCAN CAMPBELL DISSE: “DEUS DESCEU·’

A primeira pessoa a chegar ao altar foi o pregador nacionalmente conhecido, e o pastor local logo após ele. Assisti a pessoas correndo naquela direção enquanto, literalmente, mergulhavam no chão, gemendo e chorando diante de Deus. Enprestando uma frase da descrição de Duncan Campbell, do grande avivamento de Hebrides: Deus desceu. Ele realmente abriu as janelas do Céu e Se manifestou entre nós.

Toda vez que isso aconteceu em minha experiência e na história da Igreja, Deus desceu como resultado do arrependimento e desespero na atmosfera da adoração. Eu posso lhe assegurar que os programas da igreja nunca vão alcançar isso. O verdadeiro avivamento acontece quando o Avivador vem para os habitantes da cidade!

O verdadeiro avivamento é mais como uma enchente do que um rio. E uma explosão sobrenatural da presença de Deus na Terra além da Sua onipresença contínua. A Escritura nos diz: “A terra se encherá com o conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.” – (Habacuque 2:14). Quão profundamente a água cobre o leito do mar? A “grande enchente” dos dias de Noé foi enchente de julgamento, mas pode nos oferecer pistas sobre como o conhecimento da glória de Deus vai cobrir a Terra. A Bíblia diz que pouco antes da grande enchente no livro de Gênesis: […] “naquele mesmo dia se romperam todas as fontes de grande abismo, e as janelas do céu se abriram.” – (Gênesis 7:11). A Nova Versão Internacional diz: “Todas as fontes do grande abismo se romperam e os portões da enchente nos céus se abriram.”

Uma maneira de liberar a enchente na Terra é liberar as torrentes vindas de duas direções de uma vez – é como adicionar chuva a um rio. No reino de oração e avivamento, uma maneira de abrir as janelas do Céu é quebrar vasos e liberar torrentes de arrependimento e adoração entre o povo de Deus na Terra. Tem de haver profundo quebrantamento entre nós se quisermos romper e ver uma janela aberta no Céu. Quebrantamento na Terra gera quebrantamento no Céu!

O QUE É UM CÉU ABERTO?

O que eu quero dizer quando falo sobre um Céu aberto? Um “Céu aberto” na terra é um lugar de fácil acesso a Deus. Sabemos, pelas cartas de Paulo, que há pelo menos três “céus”. Ele disse à igreja de Corinto que certa vez foi “arrebatado ao terceiro céu.” – (Veja 2 Coríntios 12:2-4). Se há um terceiro céu, necessariamente deve haver um segundo e um primeiro céu. O terceiro céu só pode ser o domínio de Deus e Seus santos anjos. Este é o reino e “residência” de Deus. Seu domínio do terceiro céu afeta os outros céus abaixo deste.

Já que a Bíblia descreve satanás como “o príncipe da potestade do ar”, o segundo céu é o domínio demoníaco. – (Veja Efésios 2:2). O primeiro céu se refere ao “firmamento” sobre nossa cabeça e o domínio geral do homem, ou, tudo que está ao alcance do homem. O capítulo 10, do livro de Daniel, nos dá uma clara figura de todos os três céus em conflito dinâmico. Quando Daniel orou a Deus, estando no primeiro céu, um conflito eclodiu no segundo céu entre o arcanjo Miguel e o anjo caído dominador, chamado príncipe da Pérsia. A resposta de Deus à oração de Daniel veio independente de todo o esforço no reino das trevas para retardá-la ou atrasá-la. Lembre-se, atraso não é uma recusa. A persistência tem um poderoso papel em abrir o Céu.

E se Daniel tivesse parado de orar após dezoito ou vinte dias? Você não pode deixar que “céus conturbados” o desanimem!

Quando usamos o termo “céus conturbados”, não estamos querendo dizer que Deus não está ouvindo nossas orações. -(Veja Deuteronômio 28:23). Ele ouviu a oração de Daniel e, instantaneamente, enviou um anjo com Sua resposta. O problema é que este anjo passou pelo segundo céu, onde satanás enviou seus anjos caídos para atrapalhar a comunicação. O adversário vai tentar impedir que sua oração suba a Deus, e vai tentar retardar a entrega da resposta de Deus para você, porque o segundo céu é o seu domínio – por enquanto.

Em Efésios 2:2, Paulo descreve satanás como o “príncipe da potestade do ar”. O adversário não tem domínio completo sobre o segundo céu; seu domínio é limitado. Ele é apenas um ser criado e um príncipe angélico caído; não pode sequer ser comparado ao eterno Deus e Altíssimo Rei. Um príncipe somente tem poder delegado a ele pelo rei. Nosso Deus tem todo o poder. Satanás, o príncipe caído, só tem autoridade liberada a ele pelo Rei. Virá um dia em que mesmo essa autoridade lhe será tirada. Jesus já tirou de satanás as chaves do inferno e da morte. – (Veja Apocalipse 1:18). Satanás não tem nem mesmo as chaves da sua própria “casa”. Mas ele ainda tem a “casa”. Naquele grande dia, Deus virá e promoverá o “reempossamento da casa”.

Você quer ver as janelas do Céu abertas? Além dos personagens bíblicos e suas experiências, figuras heroicas da história da Igreja também deixaram pistas sobre como abrir o Céu. John Bunyan é um deles. Sua clássica parábola, A jornada do Peregrino, deve ser o melhor livro cristão conhecido escrito. Mesmo assim, Bunyan não considerou como sendo seu melhor livro. Sua escolha foi um pequeno livro intitulado: O sacrifício aceitável, o qual ele escreveu no fim de sua vida. Ele é um livro sobre quebrantamento baseado na exegese ungida do Salmo 51. Bunyan morreu enquanto o livro estava sendo impresso, mas ele disse que o livro era “o cume do trabalho da minha vida.” Foi no Salmo 51 que Davi declarou: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.” – (Salmos 51:17). Esta é a chave preciosa que destranca as riquezas da presença de Deus. Esta é a fragrância que Deus não pode ignorar.

Ele responderá. Os céus de ferro estarão quebrados!

A CAMINHADA LONGA E SUADA DE DAVI VERSUS AVIVAMENTO SEM SUOR

Cristãos em todo mundo estão dizendo: “Queremos avivamento. Queremos o mover de Deus.” Infelizmente, não aprendemos com os erros de Davi. Frequentemente, tentamos fazer a mesma coisa que ele fez na primeira vez que tentou trazer a presença de Deus para Jerusalém. Entulhamos as coisas santas de Deus numa carroça feita pelo homem, pensando que Deus vai Se agradar. Então, ficamos chocados quando descobrimos que Ele despreza! Ele não permitirá que bois puxem as carroças carregando Sua glória! Esperamos que alguém, ou alguma coisa, ou algo mais faça o esforço e “sue” a parte difícil do avivamento. Tudo que queremos fazer é cantar e dançar na procissão. – (Salmos 42:4). Estas celebrações imaturas, antropocêntricas de avivamento são tão suaves quanto a primeira “festa da arca” de Davi – até que recebamos uma sacudida de Deus na eira de Nacom.8

Essas sacudidas rápidas na estrada para o avivamento podem ser a mão de Deus dizendo:

“Chega disto! Eu não deixarei vocês lidarem Comigo casual e desrespeitosamente por muito tempo! Somente até certo ponto permitirei que vocês lidem comigo sem suar. No entanto, se realmente quiserem Me mover “do Céu para a terra”, vocês terão de “suar” muito. Não tentem transportar Minha glória nos seus frágeis programas, agendas e métodos humanos. Vocês podem ter suas carroças ou Minha arca – não ambos.”

Davi se retratou e fez pesquisas depois que Uzá caiu morto na eira de Nacom. Uzá morreu depois de tentar estabilizar o que Deus tinha balançado. Nós ainda insistimos em suavizar as sacudidas e completar os mandamentos de Deus. Estamos, futilmente, tentando criar um ambiente “amigo de Uzá” quando valorizamos o conforto do homem acima do conforto de Deus. Eu sempre coloco desta forma: Ser agradável aos amigos é muito bom, mas ser amigo do Espírito é fogo!

Davi descobriu que Deus tinha dito a Moisés para que a arca fosse transportada somente nos ombros de levitas santificados. Deus estava cansado das maneiras do homem e sacudiu a carroça para mostrar isso à tripulação de Davi. O Senhor não queria ninguém sustentando o que Ele estava derrubando.

Em primeiro lugar, por que Deus iria pôr a arca numa carroça? Para a mente do homem era lógico colocar a arca pesada em uma carroça para uma viagem tão longa. Além disso, foi assim que os filisteus o fizeram. A arca da Aliança era uma caixa construída de madeira de acácia e banhada a ouro por dentro e por fora. Ela media aproximadamente 1,30 m de comprimento, 0,78 m cm de largura e 0,78 m de profundidade. A arca também tinha uma tampa de ouro com dois querubins de ouro maciço montados sobre ela e era carregada com varas banhadas a ouro, encaixadas em anéis de ouro maciço localizados nos lados. O ouro é um dos materiais mais densos e pesados que existem na Terra. Você pode imaginar quanto a arca pesava? Sem dúvida, eles fizeram a viagem em uma carroça! Davi aprendeu, de maneira dura, que Deus não pensa como os homens. Seus caminhos — o caminho para um avivamento santo – são mais altos e “mais suados”.

HOMENS DE VERDADE TÊM DE SUAR

Quando Davi fez sua segunda tentativa de trazer a arca para Jerusalém, ele cuidadosamente seguiu as instruções de Deus. O Senhor não queria uma carroça de madeira ou um boi carregando Sua presença – Ele queria homens reais. De fato, a cada seis passos, eles sacrificavam um boi para deixar tanto Deus como o homem saberem: “Chega de gado”. O boi é um símbolo de força, riqueza e poder. Deus não será manipulado pela sua riqueza terrena ou força física. A fraqueza do homem é que vai carregar a arca da presença de Deus. Os levitas tinham de carregar a arca pesada em seus ombros por uma viagem estimada de 16 quilômetros. Aqueles homens devem ter suado!

Este processo de trazer a glória de Deus para dentro de Jerusalém é uma figura simbólica de como devemos trazer a Sua glória manifestada para dentro da igreja. (É essencial que nos lembremos da distinção entre a glória Shekinah de Deus e Sua onipresença).

A casa de Obede-Edom ficava em torno de 11 a 22 quilômetros distantes de Jerusalém, de acordo com vários teólogos. Estabelecendo arbitrariamente a distância de 16 quilômetros, podemos fazer uma ilustração deste processo de sacrifício e viajar para Jerusalém. Os levitas iam matar um boi e um novilho gordo, mover adiante seis passos e passar pelo processo de sacrifício novamente. – (Veja 2 Samuel 6:13). Estudiosos da Bíblia estão divididos neste assunto, mas se Davi e sua procissão paravam a cada seis passos para fazer sacrifício, então eles colocaram um pesado trabalho no caminho para o avivamento.

Aqueles levitas não colocaram aquelas pesadas caixas no ombro e casualmente andaram por 16 quilômetros como se estivessem fazendo um pequeno passeio de domingo no parque. Não andavam pelos portões de Jerusalém parecendo refrescados e impecáveis em suas roupas “de igreja” gritando: “Ei! Olhem para nós, estamos tendo um avivamento!”

QUANDO VOCÊ BUSCA A GLÓRIA DE DEUS, AS COISAS FICAM MAIS DIFÍCEIS E NÃO MAIS FÁCEIS

Davi e sua procissão de levitas, sacerdotes e adoradores pagaram um preço para introduzir a glória de Deus em sua cidade naquele dia. Não há dúvida de que quando aquela equipe finalmente chegou ao portão de Jerusalém, Davi se transformou em um bobo dançando e girando! Por quê? Eles estavam felizes por sobreviverem à viagem! Eu acho que todos na procissão estavam gritando: “Conseguimos!” De qualquer maneira que você olhar, este foi um processo sangrento e fumegante.

Acredito que será o mesmo para nós hoje. Ouça-me amigo: quando você sai de um nível de unção para clamar para que a glória de Deus venha, as coisas não se tornam mais fáceis. Elas se tornam mais difíceis.

A maioria das pessoas vai pelo método da carroça nova, porque ele representa um método de adoração de baixo custo e sem suor. Deus advertiu Adão e Eva no início da vida que teriam fora dos portões do Paraíso: “Vocês irão viver do suor do próprio rosto.” – (Veja Gênesis 3:19).

“Suor” tem um significado particular para Deus. É a maneira pela qual o valor é transferido na terra. Em termos modernos, se você quer transferir dinheiro da conta do patrão para o seu bolso, você terá de suar ou trabalhar de alguma forma. Da mesma maneira, fazendeiros têm de suar se eles quiserem transferir o valor do solo para a conta bancária e alimentar suas famílias.

Pode ser que você “sue” em um escritório com ar condicionado. Ou você poderia encharcar-se com suor, literalmente, pregando pregos numa construção. Davi entendeu isto e se recusou a oferecer a Deus coisas que lhe chegaram sem nenhum custo. – (Veja 2 Samuel 24:24). Ele gastaria o dinheiro que ganhou, suando com os problemas do reino, para comprar o solo e animais para sacrificar. Ele também oferecia adoração suada na dança.

Suor transfere valor. É necessário “suor” para adorar! Adoração é, na verdade, um “DOC”; a transferência de valor, de nós para Deus. Essa é a razão pela qual dar dízimos e ofertas é uma parte da adoração. Transferimos suadas horas em dinheiro em

um ato de adoração. Esta é apenas uma maneira de transferir o nosso “tempo” para Ele. Quer você sue figurada ou literalmente, vai suar se quiser sobreviver. Você vai suar se realmente quiser adorar.

Quando a carne de nossa humanidade se torna preguiçosa, tentamos importar ou carregar as coisas de Deus usando métodos sem suor para que possamos passar por elas e ficar muito entusiasmados sobre “transportar a glória”. A verdade é que não queremos dar o nosso suor.

VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A PAGAR UM PREÇO PELA PRESENÇA DE DEUS?

Jesus mesmo nos ensinou a fazer exatamente o oposto. Ele veio à Terra como servo que esvaziou-Se a Si mesmo. – (Veja Filipenses 2:7). Se você não acredita que o suor tem valor, imagine Jesus dando Seu suor no jardim do Getsêmani. Jesus moveu Sua carne até o último nível de obediência sacrificial à vontade de Seu Pai quando Ele “deu o Seu suor”. As coisas acontecem quando você derrama o suor da carne em sua fome pelo Pai. O valor eterno é movido daqui (seu coração) para lá (coração de Deus).

Preocupo-me com o fato de que a maioria dos cristãos não está interessada em pagar nenhum preço pela presença de Deus. Esperam que ela seja trazida numa bandeja de prata. Somos como espectadores assistindo atores pagos, ou gado tentando arrastar à força a presença de Deus para a igreja. É tempo de abandonar os cultos em que você é espectador. Torne-se um participante! Às vezes, fazemos ainda pior. Fazemos o papel de Mical, filha de Saul. Olhamos fixamente de nossos palácios religiosos como expectadores reais, escarnecendo daqueles que se tornam sujos, ensanguentados e suados, em sua pressão sacrificial para a glória de Deus. Infertilidade sempre será o resultado de falta de intimidade!

Estou falando de Salvação por obras? Absolutamente não. Estou falando sobre a apaixonada busca por Deus, o tema central que domina a narrativa da Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Estou falando sobre retornar ao nosso primeiro Amor, à nossa primeira Paixão! (Paixão se tornou uma palavra suja em muitas de nossas igrejas centradas no intelecto). Uma vez que fomos salvos, nos tornamos “Seu povo” pela graça; temos de buscá-Lo primeiro, seguir Seus mandamentos e viver nossa vida para Ele e não para nós mesmos. É aí que o suor da obediência em adoração arrependida aparece.

AS VESTES DO APAIXONADO SÃO MANCHADAS COM AS MARCAS DO SACRIFÍCIO SANGRENTO

Os adoradores triunfantes que entraram pelas portas de Jerusalém carregando a arca da glória de Deus romperam as marcas da sua luta para adquirir o fogo azul da Sua presença. Aqueles que trabalham para restaurar a presença e o favor de Deus são facilmente distinguidos de adoradores inférteis que ficam no conforto da cidade esperando ver o que vai acontecer. As vestes do apaixonado são marcadas com as marcas do sacrifício sangrento. A lama e o suor nas suas vestes sacerdotais são lembranças visíveis de sua cara jornada para trazer a presença de Deus da eira da preparação para sua cidade.

Isto significa que sob a nova aliança de Cristo temos de pular, saltar e ficar literalmente suados para que a presença de Deus entre em nossas reuniões? Não, mas precisamente estar dispostos a isso. Deus, que é Espírito, deve ser adorado em espírito e em verdade. – (Veja João 4:24). O alto sacrifício de Jesus na cruz aboliu o sacrifício de animais para sempre, mas Deus nunca aboliu o conceito de sacrifício em adoração.

Como notamos anteriormente, Davi disse que os sacrifícios para Deus são “um coração quebrantado e contrito.” Você faz sacrifícios a Ele sempre que canta hinos e põe a virtude da sua vida neles. Como afirmei, outra maneira pela qual você “transfere suor” para o Reino é mediante sua doação. Quando você “sua” ou trabalha para ganhar dinheiro no reino natural, você transfere parte de si mesmo para Deus ao colocar essa oferta voluntária para o Reino. Você está transferindo valor.

NÃO OFEREÇA A DEUS UM “SACRIFÍCIO” QUE NÃO LHE CUSTA NADA

Novamente, acredito que necessitamos aprender o que Davi descobriu sobre o conceito de valor do sacrifício. Lembre-se, ele disse: “[…] não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me custem nada […]” – (2 Samuel 24:24 – itálico do autor). Ele sabia que a única maneira de restaurar a presença e o favor de Deus ao Seu povo era derramar suor em adoração sacrificial e arrependida. Se a glória de Deus virá pelas portas da cidade, alguém tem de carregá-la!

Todos que estão buscando avivamento hoje vão dizer: “Esta coisa de avivamento é trabalho duro.” Pergunte aos introdutores, membros do grupo de louvor e pastores, que têm de lidar com a pressão da humanidade faminta dia após dia, e semana após semana, em seus templos superlotados de adoradores. Ou pergunte aos intercessores que oram e entram nas brechas do céu de bronze. Um homem não pode carregar a arca da glória de Deus por todo caminho, sozinho, nesta geração. Outros têm de pôr seus ombros santificados sob o peso da jornada para Jerusalém e dizer: “Aqui, deixe-me ajudar.”

DEUS NÃO É OBRIGADO A ALIMENTAR BELISCADORES CASUAIS

A maneira de abrir os céus sobre você é buscar a revelação nova de onde Deus está. Na maioria das vezes, vivemos com menos do que o melhor de Deus porque temos a tendência para nos focarmos na verdade de onde Deus esteve. Esta revelação nova deve ser buscada porque Deus não alimenta beliscadores casuais, Ele alimenta o faminto. Quando Ele se revela a você e a mim, essa revelação nunca é tirada de verdades passadas. Apenas adicionadas àquelas.

Deixe-me ilustrar a diferença entre concentrar em verdades passadas e buscar nova revelação. Se você fosse um habilidoso caçador de tigre na índia, poderia me contar muito sobre a sua proeza apenas por examinar os rastros. Você provavelmente seria capaz de me dizer o tamanho do tigre, o sexo, a idade aproximada e há quanto tempo ele deixou as pegadas. Na verdade, você até poderia ficar entusiasmado sobre aquelas pegadas por causa do significado que elas têm para você. No entanto, há uma grande diferença entre estudar os rastros do tigre e olhar nos olhos daquele tigre.

Na maior parte do tempo, os cristãos se tornam tão enamorados com as verdades de onde Deus esteve que eles falham em perceber que Ele está nos visitando bem agora. Como eu mencionei em Os caçadores de Deus, os fariseus da época de Jesus estavam dentro do templo orando para que o Messias viesse, e se encontravam totalmente inconscientes do fato de que Ele estava lá fora, passando por eles em Sua entrada triunfante em Jerusalém! Então, eles perderam Sua visitação porque estavam tão trancados nas “pegadas impressas do passado” profético que se recusavam a reconhecer o momento do Messias à frente dos próprios olhos.

Todos necessitamos ler e estudar a Palavra de Deus diariamente, mas não precisamos adorar revelações passadas excluindo as novas revelações. Lutero teve uma maravilhosa revelação da graça de Deus e compartilhou esta “pegada de Deus” com o mundo. Uma vez que a verdade da “Salvação pela fé” foi estabelecida como uma doutrina, os homens sentiram compelidos a construir um santuário em torno desta verdade como se aquela fosse tudo o que houve e jamais será.

Eu creio que Deus está constantemente dando novas revelações de Sua pessoa. Isso é, em parte, porque o nosso imutável Deus se move continuamente e trabalha no meio do Seu sempre mutável povo. A parte maligna entra quando o povo começa a dizer: “a nossa pegada é o único rastro da floresta” ou “nossa revelação é a revelação final”.

AS VERDADES DE QEUS DEVERIAM GUIÁ-LO AO DEUS DA VERDADE

Sempre se lembre que as verdades de Deus devem guiá-lo ao Deus da verdade, à Pessoa que Ele é. Deus quer que você siga estas pegadas da verdade até que chegue à revelação de quem Ele é. Trinta segundos contemplando a glória de Jesus por uma abertura nos céus transformou o homicida Saulo no mártir chamado Paulo. Este é o poder de um Céu aberto!

Ele começou seguindo as pegadas dos fariseus, mas depois, subitamente, O viu! Saulo estava fielmente seguindo as velhas e as empoeiradas pegadas da lei que se transformaram em legalismo. Aquele legalismo vazio, sem revelação, fez com que Saulo perseguisse os cristãos que estavam seguindo as novas pegadas de revelação. Saulo pensou que estava fazendo o certo – até que viu o Cristo ressurreto. Então, o próprio Saulo disse: “eu estava fazendo tudo errado.”

Eu me pergunto: quantos mais como Saulo-Paulo estão lá fora somente esperando a igreja “abrir o Céu” para que eles também possam ter um encontro transformador mediante a glória de Deus?

Honestamente, se você tiver uma visitação real da presença manifesta de Deus em sua igreja, isso provavelmente vai bagunçar sua teologia, destruir sua estrutura e mudar tudo o que tem feito! Por quê? Porque desta vez você vai experimentar a glória de Deus em vez de simplesmente estudar onde ela estava. Verdadeiramente, este é o meu objetivo. Eu estou em busca da glória de Deus e quero abrir as janelas do Céu.

FAZENDO FUMAÇA

Ao longo da Bíblia, quando os céus se abriam e a glória de Deus aparecia, uma nuvem estava frequentemente envolvida. Quando Deus escolhe visitar a humanidade, Ele traz Sua nuvem para nossa proteção. A nuvem nos protege de ver demais para que não vejamos Sua face e morramos. – (Veja Êxodo 33:20). Estamos perto, mas cobertos. Quando você escolhe visitar a Deus, tem de fazer sua própria nuvem. Considere o Antigo Testamento, em Levítico 16, precedente para qualquer sumo sacerdote que fosse escolhido para chegar perto da presença de Deus “atrás do véu”:

Tomará também, de sobre o altar, o incensário cheio de brasas de fogo, diante do Senhor, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu. Porá o incenso sobre o fogo, perante o Senhor, para que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra. – (Levítico 16:12-13)

Um incensário frequentemente, é um pequeno recipiente feito de metal ou ouro, que está sempre suspenso numa corrente. É designado para fazer fumaça quando o incenso queimável é colocado no recipiente junto com uma brasa quente. A oração salpicada com paixão faz fumaça. Antes que o sumo sacerdote fosse para trás do véu, ele colocava incenso no incensário e empurrava-o através do véu com sua mão. Tinha de fazer fumaça suficiente para encher o Santo dos santos e cobrir o propiciatório antes de desafiar o risco atrás do véu. A atmosfera cheia de fumaça também o forçava a fazer seus deveres sacerdotais pelo toque ou tato. Ele não conseguia ver nada! Este é o cumprimento de uma verdade do Antigo Testamento expressada pelo profeta Habacuque e em três citações do Novo Testamento: O justo viverá pela fé (E não por vista). – (Veja Habacuque 2:4; Romanos 1:17; Gálatas 3:11; Hebreus 10:38).

O SANGUE DÁ ACESSO A DEUS; ADORAÇÃO ARREPENDIDA ATRAI DEUS

A nuvem de fumaça era literalmente a última camada de proteção do sacerdote, escondendo sua carne da glória de Deus e morte certa. E o sangue de Jesus Cristo que nos dá acesso à sala do trono de Deus hoje, mas é a nossa adoração sacrificial e arrependida que O atrai e permite que Ele se mova para perto de nós. Da mesma maneira, adoração verdadeira faz fumaça suficiente para permitir que você chegue perto d’Ele. Adoração é o componente-chave para a manifesta presença de Deus descer entre nós.

 Quando você adora, está “fazendo fumaça” com um incenso suave, uma fragrância favorita para atrair a presença de Deus. Se você fizer fumaça suficiente, a misericórdia de Deus o cobrirá e Ele poderá vir ainda mais perto; então você poderá aproximar-se d’Ele. A “nuvem de adoração” libera Sua cobertura de misericórdia para que você possa ter comunhão com Ele em uma intimidade e proximidade que não pode ser criada em nenhuma outra hora.

MARQUE AS MEMÓRIAS QUE SE DESTACAM SOBRE DEUS

Faça um retrocesso da sua vida em Cristo e marque as memórias do toque de Deus que se destacam. Você pode se lembrar sobre o que o pregador ministrou quando teve o seu encontro mais próximo com Deus? Você pode recordar o que os cantores cantaram? Poucos de nós podemos recordar esses detalhes, mas todos nós conseguimos claramente lembrar como sentimos a presença de Deus naquele momento. E como um encontro com a eletricidade. Se você já tomou um choque nunca se esquece como se sentiu. Se Ele já chegou perto… você nunca se esquece! Eu anseio por aqueles momentos. Eu vivo para aqueles momentos.

O princípio é este: quanto mais fumaça você faz, mais perto você chega. Novamente, a chave é a adoração. O valor da adoração não é medido em termos de quantidade, mas de intensidade. Nós sabemos mais sobre louvor do que sabemos sobre adoração. Ações de graça o levam aos portões, louvor, ao átrio, mas a adoração o leva à presença de Deus. Frequentemente, ficamos paralisados no átrio e nunca chegamos à sala do trono. Talvez a inclinação mínima requerida, quando entramos na sala do trono e primeiramente vemos o Rei, é um pouco humilhante para nós. O arrependimento nunca foi familiar com a carne.

A Palavra de Deus nos diz que há cinco coisas distintas e definitivas que abrem as janelas do Céu. Não é uma fórmula; é um estilo de vida de adoração e dedicação a Deus em todas as coisas. Todos os seguintes são vários elementos de adoração.

1. DIZIMAR é uma chave antiga para os céus que até mesmo veio antes da lei dada a Abraão. – (Veja Gênesis 14:18-20). O princípio de dar a Deus as “primícias” da nossa renda ou lucro é claramente descrita no livro de Malaquias 3:10.

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.

2. PERSEGUIÇÃO também abre os céus, como demonstrado no livro de Atos quando Estêvão foi martirizado:

Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. – (Atos 7:55-58)

3. PERSISTÊNCIA é uma arma efetiva para “manter abertos” os portões do Céu. Elias orou sete vezes e continuou mandando seu servo voltar e pesquisar os céus até que, na sétima vez, o servo viu uma nuvem do tamanho da mão de um homem se erguer do mar. Aquela pequenina nuvem vinda de Deus cresceu a ponto de provocar uma poderosa tempestade que os céus se tornaram pretos com chuva e vento. – (Veja 1 Reis 18:42-45). Jesus disse aos Seus discípulos que a porta estaria aberta para aqueles que persistentemente pedirem, buscarem e baterem na porta de Deus. – (Veja Mateus 1:1-8).

4. UNIDADE abrirá as janelas do Céu: ela convida a presença de Deus onde dois ou três concordarem “acerca de alguma coisa que pedirem”. Jesus literalmente disse: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. O lado oposto deste princípio é ilustrado na advertência de Pedro onde maridos e esposas devem permanecer unidos “para que não se interrompam as vossas orações.” – (1 Pedro 3:7).

5. ADORAÇÃO é a quinta chave para o terceiro céu. Davi, o salmista, profetizou: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.” – (Salmos 24:7). Você já viu uma “cabeça” numa porta? É óbvio que Davi estava se referindo a pessoas como “portas” e “entradas eternas” através das quais o Rei da Glória pode vir à terra. Esta é uma chamada para a adoração.

Goste disto ou não, a única maneira pela qual podemos começar a abrir os céus sobre nossas igrejas e cidades é nos tornarmos doadores, persistentes e unidos adoradores que não têm medo de sacrificar tudo por Cristo.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

ANONIMATO E CURIOSIDADE: O USO DO SARAHAH

As pessoas postam em redes sociais o que consideram o melhor de si, assim como são capazes de expressar, em perfis falsos ou não, o lado mais preconceituoso e agressivo de seu ser

Anonimato e curiosidade - o uso do SARAHAH

Aplicativos que funcionam como redes sociais anônimas não são novidades. Apesar disso, a cada ciclo de poucos meses, novas propostas são lançadas e milhões de usuários voltam a apostar nesse tipo de reverberação da cibercultura. O objetivo desses recursos tecnológicos é permitir ao usuário receber perguntas e comentários sem que o autor delas seja identificado. Alguns exemplos são o Curious Cat, o Secret e o Ask.fm.

A nova febre é o Sarahah. O quantitativo de downloads deste aplicativo, que significa franqueza, em árabe, já passou o YouTube, Instagram e o WhatsApp. Apesar do objetivo do Sarahah ser positivo (nas palavras do criador), os usuários não estão, mais uma vez, aproveitando essa oportunidade de forma virtuosa. A criação desse recurso não reverberou em manifestações de sujeitos que possam gerar críticas e feedbacks positivos (mesma ideia do Secret, que foi cancelado após a ocorrência frequente de ciber-bullying). Mas por qual motivo?

Kallas menciona que o conceito de intimidade, de espaço público e privado mudou. Antes, segundo a autora, protegidos entre paredes de nosso quarto, líamos, escrevíamos nossos diários, nossos poemas e os trancávamos no espaço mais protegido do olhar alheio, como uma preciosidade que só a nós pertencia. O espaço privado era bem diferenciado do espaço público. Sabe-se que com o uso do Facebook, Instagram e outras redes sociais muitos podem, inclusive, acompanhar ao vivo o que estamos fazendo e onde estamos, isso não é novidade. Kallas revela que hoje escrevemos os diários em blogs, expomos nossa intimidade na internet, exibimos imagens das situações mais banais no Instagram, montamos um espetáculo de nós mesmos e buscamos o olhar do outro e sua aprovação por meio de curtidas. A intimidade tem se deixado infiltrar pelas redes.

A perda dessa intimidade, associada ao uso de aplicativos que permitem o anonimato, infelizmente, gerou críticas negativas. É possível verificar, por exemplo, em diversos endereços eletrônicos, a grande quantidade de comentários ofensivos ou irrelevantes dirigidos ao receptor das mensagens no Sarahah. Kallas comenta que as pessoas postam em redes sociais o que consideram o melhor de si, assim como são capazes de expressar, em perfis falsos ou não, o lado mais preconceituoso e agressivo de seu ser. O ciberespaço, segundo a autora, propicia que pessoas anônimas postem e compartilhem seus pensamentos, suas ideias, músicas, dotes artísticos, vídeos que se tornam virais, dentre outros elementos.

Megale e Teixeira, há quase 20 anos, alertam que os processos de subjetivação são fundamentalmente desconhecidos e descentrados do indivíduo, mas são fabricados no registro social, já que estamos imersos em uma sociedade marcada e constituída pela informática, pela comunicação a distância, pela invasão dos computadores em todos os espaços, desde os públicos até os priva- dos. Os computadores e as redes digitais estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Mais ainda, parece estar se delineando um caminho onde praticamente todas as questões e os fazeres da ordem pública poderão ser realizados na esfera do privado, determinando desse modo um certo tipo de relação entre os indivíduos e os objetos. É possível refletir então: com uma quebra tão notável da esfera do privado, o Sarahah pode funcionar como um catalisador do anonimato, ou seja, como uma tentativa de quebrar a exposição pública do usuário por meio da não identificação do mesmo? Ou será que esse tipo de aplicativo aumenta a exposição e torna ainda mais pública a intimidade daquele que recebe os comentários?

Sabe-se que apesar do aparente benefício do anonimato na internet, ele provoca outros tipos de problemas. De acordo com Silva Barbosa, Ferrari, Boery e Filho, há uma frequente divulgação e/ou manipulação de fotos e vídeos cotidianos sem o consentimento de seus proprietários na internet, os casos de bullying virtual, estelionato, pedofilia, as manifestações preconceituosas e depreciativas contra minorias. Embora esses problemas já existissem antes do advento do mundo virtual, na internet podem adquirir maiores proporções, atingir um maior número de pessoas, causar danos mais sérios e difíceis de serem remediados, afetando a esfera das relações humanas em todos os seus âmbitos.

Na soma dos posicionamentos dos autores e das avaliações em relação ao Sarahah verifica-se que a maioria dos usuários ainda não utiliza diversas redes sociais com um caráter positivo, ou seja, ao invés de utilizar essa oportunidade como possibilidade de crescimento pessoal ou do receptor, existe uma série de comentários pejorativos, degradantes e, como dito anteriormente, inócuo. De forma paralela, os usuários que são atingidos pelos ataques de terceiros, seguros pelo anonimato, podem, se vulneráveis mentalmente, desenvolver problemas na autoestima e ansiedade. Em alguns casos, esses ataques são gatilhos para o desenvolvimento de psicopatologias, por isso cabe uma reflexão para que possamos utilizar as novas redes com uma perspectiva madura e virtuosa.

 

IGOR LINS LEMOS – é doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental Avançada pela Universidade de Pernambuco (UPE). É psicoterapeuta cognitivo-comportamental, palestrante e pesquisador das dependências tecnológicas. E-mail: igorlemos87@hotmail.com

OUTROS OLHARES

OS DINOS NÃO ERAM COMO IMAGINÁVAMOS

Réplicas cientificamente precisas mostram que os animais eram muito diferentes do que o cinema fez parecer e destacam espécies pouco conhecidas que se desenvolveram no território brasileiro

Os dinos não eram como imaginávamos

Quase todo mundo tem uma ideia de como é a aparência de um dinossauro. A “dinomania” que tomou conta da cultura pop dos anos 90 ­— muito impulsionada pelo sucesso do filme “Jurassic Park”, lançado em 1993 — popularizou a figura reptiliana desses animais, que assumem contornos monstruosos no caso de predadores como o Tiranossauro Rex e o Velociraptor. A representação estava correta para a época, mas com mais de 25 anos de progressos científicos na paleontologia, a visualização deles na comunidade científica é um pouco diferente. A descoberta em fósseis de penas e estruturas de cerdas, que remetem a plumagens, se tornou cada vez mais corriqueira, permitindo a reprodução de dinos com características comuns às aves.

Foi essa diferença entre a representação popular dos animais e as descobertas da ciência que animou os paleontólogos Tito Aureliano, Aline Ghilardi e Rafael Delcourt, em parceria com o designer Hugo Cafasso, a desenvolverem o projeto Dino Hazard.

Ele consiste na fabricação de bonecos de dinossauros com o selo de “precisão científica”. A iniciativa também é inovadora porque seleciona espécies que viveram no Brasil durante o período Cretáceo — cerca de 100 milhões de anos atrás e que são bem menos conhecidas do que aquelas que viveram no Hemisfério Norte. O projeto foi a evolução de um livro publicado por Tito em 2016, intitulado “Realidade Oculta”, que se apoia num roteiro de ficção científica para divulgar a paleontologia produzida no Brasil. Hugo, fã do livro e aficionado por dinossauros, conheceu Tito e Aline, também responsáveis pelo canal “Colecionadores de Ossos” no YouTube, durante a produção de um trabalho de conclusão de curso em Design Industrial. A partir daí o grupo deu rumo para a fabricação de figuras cientificamente precisas.

 CONSULTORIA CIENTÍFICA

O designer conta que a elaboração dos dinos envolve trabalho artístico, mas sempre amparado em dados científicos e baseado em informações e hipóteses fornecidas pelos paleontólogos. “A direção dos cientistas é essencial para fazer a interpretação mais correta possível. Os bonecos resultam de uma grande compilação de dados e de informações técnicas”, afirma Hugo. O produto de estreia do Dino Hazard será o Charcarodontossauro, apelidado por eles de “Carcaro”, um predador carnívoro e feroz que viveu na versão cretácea do Maranhão e que era ainda maior que o temido Tiranossauro Rex. Media 14 metros de comprimento e pesava cerca de 13 toneladas.

Até a coloração do boneco foi pensada com base em hipóteses científicas. Um predador pesado e lento como o “Carcaro” exigia cores discretas para se camuflar em beiradas de florestas. Há versões com preços mais baixos e cores atraentes como laranja e vinho e há também produtos especiais para colecionadores com pintura ultrarrealista, que serão feitas de forma artesanal com o auxílio de um artista.

Os bonecos serão bancados por uma campanha de financiamento coletivo, que superou as expectativas. Até quarta-feira 19, 315 pessoas tinham contribuído com o projeto, que acumula R$ 47,8 mil em arrecadação. Tito afirma que pelo menos metade dos apoiadores é do exterior — gente interessada em conhecer espécies brasileiras por meio dos brinquedos. A previsão inicial de arrecadação era de R$ 22,2 mil e devido ao sucesso da campanha e ao grande interesse despertado, outro modelo será produzido. É o Irritator Chalengeri, animal que também viveu na região do Brasil no período Cretáceo, descrito por Tito como uma mistura de crocodilo com pelicano, que deve atrair mais interessados a contribuir com a iniciativa de produção de novos bonecos.

O paleontólogo afirma que pretende continuar concentrado em réplicas de dinossauros brasileiros. Ele explica que as espécies mais conhecidas e populares retratadas em filmes, como o Tiranossauro e o Velociraptor, habitavam o hemisfério Norte, enquanto para os animais do Sul o conhecimento ainda é limitado e gera cada vez mais demanda. Sabe-se relativamente pouco sobre os animais que viveram no que hoje é a América do Sul. “As características dos dinossauros do Sul eram completamente diferentes das espécies do Norte. Todo livro recente de paleontologia tem um capitulo de animais do Brasil, por isso vale tanto a pena produzir conteúdos daqui”, diz. Resta saber quando a revisão da aparência dos animais chegará às telas dos cinemas e se os temidos predadores serão finalmente retratados como de fato eram.

Os dinos não eram como imaginávamos. 2

 

A PSIQUE E AS PSICOLOLGIAS

O MEDO DE AMAR

Para iniciar um relacionamento temos que ter suficiência narcísica para as nuances que envolvem o processo de ficar exposto a uma nova experiência sempre ameaçadora

O medo de amar

A dor de um amor não correspondido é um dos grandes sofrimentos na vida humana. Perder alguém que se ama é um pesadelo. Quase sempre altera diretamente o equilíbrio emocional do indivíduo afetando sua auto­estima. Difícil encontrar alguém que nunca passou por essa dor. Quando se vive essa experiência, o medo de amar aumenta.

Freud em O Mal-estar da Civilização escreveu: “[sendo] dependentes do objeto do amor escolhido, (…) nós nos expomos à mais forte das dores se somos desprezados por ele ou se o perdemos por motivo de infidelidade ou de morte”.

Já o psicanalista norte-americano Alexandre Lowen em seu livro Medo da Vida registra: “Quando abrimos o coração ao amor, ficamos vulneráveis ao risco da mágoa; quando estendemos os braços à frente, nos arriscamos à rejeição (…). Por termos medo da vida procuramos controlá-la, dominá­la”. Amar alguém é algo que, de certa forma, nos tira parte do domínio sobre nós mesmos. Junte-se a isso o fato de não termos controle sobre atitudes e sentimentos da outra pessoa. Por idealização excessiva corre-se o risco de achar o outro perfeito, e acredita-se que nossas necessidades serão adivinhadas, priorizadas e supridas. Isso não só pode não se realizar assim como quando acontece não sucede de imediato, é uma conquista que depende de: negociação, sensibilidade, comunicação e flexibilidade.

Muitas pessoas por idealizar demais as relações ou por extrema carência falham em sua capacidade de fazer avaliações sobre o outro e sobre o andamento do relacionamento que se inicia. A realidade, o medo, a fantasia e expectativas se entrelaçam, dificultando uma clara visão de quem é o parceiro.

Para Winnicott, essa capacidade de dosar as idealizações de maneira não patológica se encontra no início da vida “quanto mais se estabeleceu nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo a formação do seu Eu verdadeiro, melhor condição terá o indivíduo de considerar o Outro.

Seria bom “medir a temperatura da água” antes de dar um mergulho, mas não é o que geralmente acontece. Muitas pessoas que conhecem alguém que as agrade podem alterar o desenvolvimento natural da relação precipitando-se por ansiedade e inseguranças. Querem garantir que não haverá rejeição. Importante lembrar que em uma relação nunca há garantias. Se por acaso o interesse e a paixão não são correspondidos, o medo de se entregar é reforçado, gerando um círculo vicioso.

O tempo para conhecer o outro, os desencontros e todo o caminhar que envolve o início de um relacionamento podem ser ameaçadores para algumas pessoas. O risco é grande e temos que estar prontos para qualquer resultado. A relação que se inicia pode não durar e as decepções podem aparecer como parte da experiência. Qualquer situação nova, em muitos aspectos da vida, é imprevisível. Nunca saberemos ao certo se aquele emprego novo vai ser bom, ou se uma mudança de cidade nos fará felizes. Temos a ilusão do controle das situações, e sem uma boa quantidade de princípio de realidade a tarefa de ficar exposto a uma nova experiência é ameaçadora, principalmente nas relações afetivas. A ansiedade para se assegurar de que se é amado, ou que se está em um terreno seguro nos tempos iniciais, pode antecipar o fim. É difícil conter a ansiedade e deixar que o relacionamento cresça ao seu próprio tempo. Não podemos pressionar uma criança a falar ou andar antes da hora. E o tempo para cada coisa acontecer é pessoal.

As vivências pessoais desde o nas­ cimento serão determinantes para garantir que a pessoa tenha uma estrutura psíquica que não a faça desestruturar-se na ocorrência do rompimento de um vínculo amoroso. A tristeza e o luto por algo que se findou são esperados, mas em alguns casos a vida pode ficar paralisada. Os mecanismos de defesa neuróticos constituídos ditam o comportamento das pessoas na hora de se relacionar. Quanto mais consolidado o mecanismo de defesa maiores o medo e as dificuldades para estabelecer relações. O medo inconsciente da rejeição faz as pessoas comportarem-se com ambiguidade. Apesar de desejarem um relacionamento, podem estabelecer uma defesa neurótica, por exemplo, adotando uma postura extremamente crítica cm relação ao outro, impossibilitando o convívio, antecipando-se a uma possível rejeição.

Se houve traumas e insuficiência ambiental recorrentes na formação primária do indivíduo, ele pode estacionar na linha do desenvolvimento do amadurecimento. Em seu livro Abismos Narcísicos, o psicólogo PhD Roberto Rosas Fernandes diz: “O indivíduo imaturo possui um narcisismo que não foi elaborado nem integrado em seu processo de amadurecimento. Ele dá respostas emocionais muito primitivas em seus conflitos afetivos, já que possui uma expectativa irrealista em relação ao outro, que invariavelmente será quebrada, como um espelho que se parte”.

O trabalho psicanalítico deve ser um campo afetivo e seguro, que com sucesso possa resgatar o desenvolvimento emocional do indivíduo onde ele ficou estagnado. Espaço onde a pessoa possa olhar para seus medos e defesas e fortalecer-se a ponto de aos poucos abrir destes.

 

ELAINE CRISTINA SIERVO – é psicóloga. Pós-graduada na área Sistémica- Psicoterapia de Família e Casal pela PUC-SP. Participa do Núcleo de Psicodinâmica e Estudo Transdisciplinares da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica – SBPA Atuou na área de dependência de álcool e drogas com indivíduos, grupos e famílias

OUTROS OLHARES

O ESPAÇO É LOGO ALI

Abrir a Estação Espacial Internacional a missões comerciais é o próximo passo da Nasa rumo ao seu maior objetivo: transferir os custos das viagens para a iniciativa privada

O espaço é logo ali

Em 1967, dois anos antes de Neil Armstrong pôr os pés na Lua, e logo depois de os soviéticos pousarem uma sonda, a Lunik-9, em seu chão rochoso, Gilberto Gil escreveu uma de suas mais bonitas composições, celebrando o feito, mas preocupado com o futuro. “A mim me resta disso tudo uma tristeza só / Talvez não tenha mais luar para clarear minha canção/ O que será do verso sem luar? O que será do mar, da flor, do violão?” Ao alcançarmos o inalcançável, talvez tenhamos perdido um pouco de poesia, vá lá, mas deu-se um imenso salto cientifico – doze astronautas pisaram na Lua, 561 foram ao espaço. O encanto agora é outro, o cosmo deixou de ser algo apenas ao alcance de uma estrofe lírica para o comum dos mortais. Na sexta-feira 7, a Nasa, a agência espacial americana, anunciou que abrirá as portas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) a missões privadas, a qualquer pessoa. Ou seja: a partir do ano que vem será possível reservar assento numa das viagens tripuladas rumo à ISS, que viaja a 28.000 quilômetros por hora na órbita terrestre.

Só terá chance de embarcar quem for aprovado numa bateria rigorosa de testes de capacidade física e de saúde – quase nada, em comparação com o salgado preço da aventura. O voo de ida e volta sairá por 50 milhões de dólares por passageiro. A diária chegará a 35.000 dólares – e como cada visita prevê no mínimo trinta dias de estada, somando-se adaptação e permanência, acrescente-se aí pouco mais de 1 milhão de dólares. Estão incluídas amenidades como oxigênio, água e pensão completa. Haverá internet disponível, mas cada gigabyte enviado e recebido custará 50 dólares. O preço exorbitante da empreitada evidencia não se tratar de um destino meramente turístico, embora a Nasa deixe aberta essa possibilidade. O anúncio envolve outro grande passo para a humanidade (ou melhor, para os Estados Unidos): a ideia central é acelerar a transição da exploração espacial dos cofres públicos para a iniciativa privada.

Desde a aposentadoria do programa de ônibus espaciais, em 2011, o governo americano não tem meios próprios para mandar novos astronautas à ISS. Há contratos assinados com dois fornecedores privados para enviar carga e tripulantes ao espaço, ao custo estimado de 7 bilhões de dólares. Um deles é a divisão espacial da Boeing, a fabricante de jatos comerciais, em parceria com a Lockheed Martin, gigante do setor de defesa. O outro é a SpaceX, companhia criada pelo empresário sul-africano Elon Musk, que fundou o PayPal e hoje comanda a montadora de carros elétricos Tesla. O britânico Richard Branson, dono do conglomerado Virgin, é outro magnata que investe no setor. Sua intenção é promover voos na fronteira da Terra para os interessados em desembolsar cerca de 25.0000 dólares pelo passeio. Não bastasse a vista espetacular a 100 quilômetros de altitude, haverá a experiência de alguns minutos em gravidade zero, quando as pessoas poderão flutuar livremente pela aeronave.

O incentivo ao dinheiro das empresas, para além de evitar rombos suplementares ao contribuinte em troca de promessas futuras, pouco palpáveis, encaixa- se perfeitamente na nova estratégia da Nasa. Ao dividir os custos operacionais da ISS (4 bilhões de dólares anuais) com marcas comerciais, a agência espacial pretende destinar seus recursos a voos mais longos, num aceno à conquista de cinquenta anos atrás. No ano passado, Donald Trump anunciou uma nova missão tripulada à Lua até o ano 2028 – prazo encurtado pelo vice-presidente Mike Pence para 2024. Em seu estilo, misturando alhos e bugalhos, um tanto no mundo da lua, quase incompreensível, Trump tuitou no dia seguinte ao do anuncio do turismo espacial na ISS: “Eles (a Nasa) deveriam estar focados em coisas muito maiores, incluindo Marte (de que a Lua já faz parte), defesa e ciência!”. Lua, parte de Marte? Críticas a uma iniciativa que vai poupar recursos públicos e concentrá-los no real objetivo? Só no peculiar universo de Donald Trump

O espaço é logo ali. 2

GESTÃO E CARREIRA

NA COLA DO INIMIGO

A dona das marcas Casas Bahia e Pontofrio adota estratégia que deu certo para o Magazine Luiza – e até tira executivos do concorrente 

Na cola do inimigo

Era uma terça-feira, 25 de junho de 2019. Uma nova loja das Casas Bahia estava sendo inaugurada em Morro Agudo, cidade com cerca de 30.000 habitantes localizada no Estado de São Paulo. Os alto-falantes reproduziam o Tema da Vitória – aquele que embalava as conquistas de Ayrton Senna na Fórmula 1 -, enquanto um palhaço abordava populares na rua. Talvez não fosse a intenção, mas a cena remetia a um passado glorioso da varejista – o de campeã de vendas de eletrodomésticos no país. Como a loja de Morro Agudo, mais de 120 outras foram inauguradas nos últimos dezoito meses, numa estratégia da dona das Casas Bahia, a Via Varejo – comandada pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA) até um mês atrás -, para tentar manter a dianteira nas vendas perante o concorrente Magazine Luiza. Não deu certo. A empresa ficou sem caixa e sem lucro, enquanto a “Magalu” deslanchava com seu comércio eletrônico e ganhava a atenção – e o dinheiro – de investidores e consumidores.

Exatos onze dias antes daquela festa no interior, os fundadores das Casas Bahia, a família Klein, tomaram a Via Varejo do GPA, e agora estão reformulando toda a estratégia de crescimento. A companhia precisa voltar a gerar lucro – o que já não acontece há um ano – sem que seus clientes tenham de pagar a mais por isso.

Ao assumir o conselho de administração da Via Varejo, Michael Klein (filho do criador da empresa, Samuel Klein) demitiu doze diretores. Para ocupar o lugar deles, buscou profissionais que já haviam trabalhado com ele. Os nomes mais alardeados são Roberto Fulcherberguer, presidente executivo, e Sérgio Leme, vice-presidente administrativo. De todos que Klein trouxe, ele não conhecia em profundidade apenas um – ou melhor, uma. Ilca Sierra passou dez anos no Magazine Luiza e era a diretora de marketing do concorrente –   foi a responsável pela criação da mascote Magalu. A custosa contratação de Sierra escancarou a tática de Klein de roubar nomes do principal concorrente para absorver o que lhe permitiu se valorizar tanto. Aguarda-se no momento o anúncio do novo diretor de e-commerce –   e o mais cotado é um ex-diretor do Magazine Luiza, exatamente para replicar a integração entre o varejo on-line e o físico que fez sucesso no inimigo. “Vendemos 10 bilhões de reais a mais que o nosso concorrente (Magazine Luiza) em 2018, porém ele vale 34 bilhões de reais a mais que nós. Vamos corrigir isso”, ressaltou Fulcherberguer, em vídeo distribuído aos funcionários.

Na segunda-feira 8, a Via Varejo – que registrou prejuízo de 49 milhões de reais no primeiro trimestre para vendas de 7,4 bilhões – valia 8,7 bilhões de reais. Em comparação, o Magazine Luiza, comandado por Frederico Trajano, lucrou 132 milhões no começo do ano em cima de um faturamento de apenas 4,3 bilhões, entretanto está avaliado em 43,7 bilhões de reais. A distância já foi maior. Desde que Klein comprou as ações do GPA, os papéis da Via Varejo subiram quase 40% – o mercado está em frenesi com a expectativa de que, com a troca de comando, ela se porte novamente como a líder do setor. “A empresa só deve voltar a ser lucrativa no último trimestre, mas o mercado vem gostando da história que está sendo contada”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae. Essa história, contudo, pode se complicar. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o xerife do mercado financeiro, suspeita que a forma como Klein comprou a participação do GPA tenha prejudicado acionistas minoritários. Dias antes da aquisição, uma assembleia feita às pressas autorizou uma mudança no estatuto da Via Varejo que permitiu que o GPA – o maior acionista até então – vendesse sua parte sem estender a oferta aos minoritários. Klein, que se associou a cinco fundos e vendeu 33 imóveis comerciais para pagar 2,3 bilhões de reais, poderia ter de desembolsar até 6,3 bilhões de reais sem a alteração. A investigação, aberta em 17 de junho, pode gerar sanções à companhia.

Samuel Klein fundou as Casas Bahia em 1952, em São Caetano do Sul, São Paulo. O que impulsionou a empresa – o crédito e o aumento da renda do consumidor – não cresce mais como antes. Em cinco anos, o varejo físico encolheu 12%, segundo a consultoria Euromonitor International. Em contrapartida, o on-line cresceu 70%. Além de focar no e-commerce, a Via Varejo vai apostar em um relacionamento estreito com fornecedores – outra estratégia adotada por Trajano. Um importante executivo da maior fornecedora da Via Varejo afirmou que espera uma forte pressão para baixar preços. Casas Bahia e Pontofrio, que também integra o grupo, somados, são os maiores clientes de fornecedores como Whirlpool, Samsung e LG. Todavia, o que nos anos 1990 representava mais da metade das vendas dessas marcas equivale hoje a um quarto. “Concorrentes como Magazine Luiza, Lojas Americanas e Mercado Livre permitem que fornecedores endureçam as negociações”, disse o executivo. Klein sabe bem que ser o maior não é sinônimo de ser líder. Será difícil tirar esse rótulo do Magazine Luiza – o inimigo a ser batido.

ALIMENTO DIÁRIO

A CASA FAVORITA DE DEUS

A Casa Favorita de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 1 – A CASA FAVORITA DE DEUS

Eu nunca havia percebido que Deus tinha uma casa favorita, até aquele verão em que levei minha família em uma excursão para onde tinha sido meu lar na infância. Tínhamos de ir para a minha cidade natal, West Monroe, Louisiana, para ver meu avô de qualquer maneira. Como já estávamos na cidade, certa tarde quente de Louisiana, coloquei minha família em nossa ‘van’ para um tour na vizinhança da casa onde eu fora criado.

Algumas pessoas diriam que não há nada demais em West Monroe, mas ela é especial para mim, porque ali era o meu lar. Vivíamos numa casa branca, coberta de madeira, na rua Slack, 114. A enorme árvore de magnólia, numa das extremidades do jardim de frente, ainda está lá (elas são as melhores árvores para garotinhos escalarem). O carvalho da outra extremidade, porém, já se fora há muito tempo (estas não são tão boas para escalar). Cada esquina parecia armazenar outra memória comovente que eu, fascinado, tinha de compartilhar com a minha família à medida que lá passávamos. Mostrei o lugar pelo qual ia à escola e descrevi tudo o que acontecia ao longo da nossa rota (completamente inconsciente dos bocejos mal escondidos da minha plateia).

Quando saímos do carro em frente à casa, mostrei o córrego onde o valentão da vizinhança, Clint, e eu, tivemos uma briga depois que ele chamou minha irmã de um nome feio. Na época, ela parecia uma batalha de proporções bíblicas, mas a curta versão dela é que eu dei um soco no nariz do Clint, e ele me atingiu “com um no estômago, e ambos fomos para casa chorando.

Eu amava a casa onde vivi e fui criado. Naturalmente, presumi que meus filhos a amariam também. Era óbvio para mim que ninguém estaria em casa naquela tarde, mas cidades do norte da Louisiana compartilham uma camaradagem e um tradicional código que abre espaço para um “tour da herança”. Eu não sabia quem era o atual dono da casa, mas, realmente, não achei que alguém ficaria aborrecido se a “equipe dos Tenney” excursionasse pela propriedade.

EU TINHA MEMÓRIAS PODEROSAS DA MINHA CASA FAVORITA

A grande excursão começou com histórias sobre o jardim da frente, suficientes para gastar pelo menos trinta minutos. Eu tinha muitas memórias nostálgicas sobre o que acontecera na minha casa favorita, e queria que meus filhos tivessem o próprio senso de tradição e uma conexão histórica com aquela casa.

Vagarosamente, fizemos nossa trajetória ao redor da casa, enquanto eu mostrava os locais históricos mais importantes e relembrava velhas histórias sobre a vida no “paraíso”. À medida que passamos pelo portão da varanda dos fundos, contei para os meus filhos sobre o dia em que o cachorro mordeu o entregador. Eu nunca tinha visto um entregador dançar tão habilmente com pacotes nos braços. Meu cachorro não era, na verdade, um grande cachorro, mas ele inspirou aquele homem suficientemente para motivá-lo a fazer uma dança rápida, digna de um prêmio, atravessando aquele quintal. Pessoalmente, achei hilário, mas o entregador não ficou nada feliz.

MINHA FAMÍLIA TINHA ME ABANDONADO

Eu descrevi a casa de brinquedo no quintal e o meu balanço caseiro feitos na árvore sobre a qual minha irmã conseguira cumprir a profecia da minha mãe, dizendo que ela quebraria o braço. Eu estava realmente começando a me sentir bem com aquela excursão quando, aproximadamente a três quadras do caminho ao redor da casa, olhei para trás e percebi que ninguém estava lá. Pensei: bem, eles encontraram algo realmente interessante e ainda estão espantados com o que viram. Tinha acabado de mostrar o local da sepultura onde minha irmã e eu enterrávamos nossos animais de estimação quando morriam, limão, pensei que talvez eles estivessem tristes ou teriam se encantado com a jardineira onde minha mãe me ensinara a plantar flores.

Quando refiz o mesmo caminho, percebi que minha família havia me abandonado. Eu admito que estávamos no meio de um dia quente da Louisiana, 35 graus lá fora e 100% de umidade; mas será que eles não entendiam que aquele era o pequeno preço que tinham de pagar para entrar no “paraíso”? A verdade é que estavam convencidos de que eu falava um “blábláblá”. Eles haviam voltado para a ‘van’ onde o ar condicionado estava ligado no máximo. Seus rostos demonstravam estado de absoluto tédio enquanto argumentavam sobre qual fita cassete ouvir “enquanto o papai fazia sua pequena viagem de memórias”.

Eu estava ofendido. Não, eu me encontrava mais que ofendido. Sentia-me bravo. “O que há com vocês?” – eu perguntei. “Estou tentando mostrar todas as coisas…”

“Estamos entediados…” interrompeu Andréa, minha filha mais nova. “Papai, esta casa não significa nada para nós”, replicou Natasha, minha filha do meio.

Por um momento, esperei ver raios saindo da nossa ‘van’. Afinal de contas, não se fala de um “terreno sagrado” daquela maneira. Era quase um sacrilégio! Então, minha irreverente filha mais velha disse: “Papai, a única razão pela qual esta casa significa alguma coisa para você é por causa das suas memórias. Nós não temos nenhum passado relacionado a ela”.

Assim sendo, comecei a perceber que minha filha estava certa. Minha família não precisava, necessariamente, se interessar por aquela casa da mesma maneira que eu. Posso contar histórias sobre minha vida quando lá morei, pois estes contos são reais para mim; uma vida. Eles são minha vida guardada nas memórias da minha casa favorita.

POR QUE DEUS QUER RECONSTRUIR AQUELA CASA?

Poucos dias depois, estava olhando vários versos da minha Bíblia quando minha atenção se voltou para esta passagem em Atos 15:16. – (referindo-se a Amós 9:11-12).

“Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei.”

Pensei comigo mesmo: Por que Deus quer reconstruir aquela “casa”? Por que Ele não deseja construir o tabernáculo de Moisés com toda sua originalidade? Afinal de contas, aquele foi o primeiro lugar de habitação sagrado construído por mãos humanas. E mais do que isso, por que Deus não iria querer reconstruir o templo de Salomão em todo seu esplendor! Por que Deus disse que Ele queria reconstruir o tabernáculo de Davi?

Naquele momento, era como se eu ouvisse a voz do Senhor sussurrar para mim: “Porque esta é a minha casa favorita.” Que declaração! Por que Ele disse aquilo? – Perguntei a mim mesmo. Deus parecia responder pela minha experiência: Por causa das memórias. Eu acredito que Deus tenha algumas memórias de eventos preciosos naquele tabernáculo que não aconteceram em nenhum outro lugar.

Este livro não é sobre uma reprodução mecânica do tabernáculo de Davi, mas discorre a respeito do renascimento da paixão que fez com que ele fosse construído em primeiro lugar. O tabernáculo de Davi era menos estrutura e mais “acontecimentos”. A igreja, hoje, é mais estrutura e menos “acontecimentos”. Essa é a diferença entre uma “casa” e um “lar”. Isso também é o que fez a rua Slack, 114, tão viva para mim e sem importância para minhas filhas.

Se a paixão do coração de Davi pôde ser restaurada, então o próprio Deus vai ajudar no processo de reconstrução do tabernáculo (lugar de habitação). Ele disse isso!

De todos os edifícios, estruturas, tendas e templos que já foram construídos e dedicados a Deus, por que Ele distinguiu o abrigo provisório de Davi no Monte Sião e disse: Este é o que Eu vou reconstruir? A resposta para esta pergunta desafia muitas das nossas ideias mais queridas a respeito do papel da Igreja, transformando minha vida e gerando a mensagem contida neste livro.

O ABRIGO PROVISÓRIO DE DAVI MAL SE QUALIFICA COMO TABERNÁCULO

Como mencionei anteriormente, é curioso como Deus não escolheu reconstruir o tabernáculo ermo de Moisés. Esta é a receita original. O tabernáculo de Moisés é o começo; é o conceito de tabernáculo revelado na sua forma mais primitiva e pura. Por outro lado, muitos de nós iríamos escolher o templo de Salomão com todo o seu esplendor de multibilhões de dólares. Por que Deus não disse que reconstruiria aquela residência real para Ele mesmo?

O abrigo provisório de Davi mal se qualifica como tabernáculo quando comparado com o tabernáculo de Moisés, e, certamente, quando comparado com o templo de Salomão. Este reunia pouco mais que uma lona estendida sobre algumas varas de tenda, para proteger a arca do sol e dos elementos da natureza. Mesmo assim, Deus disse: “Eu vou reconstruí-lo”. Evidentemente, o que impressiona Deus e o que impressiona os homens são duas coisas diferentes.

Ao dizer, “Eu voltarei e reconstruirei o tabernáculo de Davi que estava caído; reconstruirei suas ruínas e o levantarei”, Deus deixa claro que Ele não o derrubou. Este caiu por si mesmo. Isto também indica que o tabernáculo de Davi fora escorado de certa forma pelo homem. Como é que eu sei disso? Pela certeza de que nada que está apoiado ou sustentado pelo Deus Eterno pode cair, porque Ele nunca fica fraco ou cansado.

Deus parecia estar dizendo: “Eu sei que o tabernáculo de Davi era um tabernáculo de homem, e que as mãos do homem se tornaram fracas e cansadas. Então, Eu vou começar um processo que fortalece a raça humana e a traz de volta à mesma casa que Davi tinha. Aquela é a Minha casa favorita.”

DEUS NUNCA SE IMPRESSIONOU COM CONSTRUÇÕES

Por alguma razão, o mundo cristão se esqueceu de que Deus nunca se impressionou com construções. Pastores e membros que se reúnem em estruturas simples, ou abrigos, constantemente batalham por reconhecimento terreno, para serem reconhecidas como uma igreja legítima na cidade.

Provavelmente, alguns complexos de igrejas esplendorosas e multibilionárias na mesma cidade batalham por reconhecimento celestial, para serem identificadas como uma igreja legítima. Nossa afeição por torres e vitrais pode entrar no nosso caminho e impedir a adoração verdadeira. Se for preciso escolher, Deus prefere paixão a palácio! Se você recordar, Davi queria construir um templo, mas Deus lhe disse que Ele não estava interessado. Se você observar mais atentamente nas passagens bíblicas, descrevendo a dedicação do enorme templo de Salomão, verá Deus dizendo coisas tais como:

Sucedeu, pois, que, tendo acabado Salomão de edificar a casa do Senhor […] o Senhor tornou a aparecer-lhe […] e o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração e a tua súplica que fizeste perante mim; santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias. Se andares perante mim como andou Davi, teu pai […] então, confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre […]. Porém, se vós e vossos filhos, de qualquer maneira, vos apartardes de mim e não guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos prescrevi, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, eliminarei Israel da terra que lhe dei, e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença; e Israel virá a ser provérbio e motejo entre todos os povos. E desta casa, agora tão exaltada, todo aquele que por ela passar pasmará, e assobiará, e dirá: Por que procedeu o Senhor assim para com esta terra e esta casa? Responder-se-lhe-á: Porque deixaram o Senhor, seu Deus […] e se apegaram a outros deuses, e os adoraram, e os serviram. Por isso, trouxe o Senhor sobre eles todo este mal. – (1 Reis 9:1-9).

Quando os discípulos de Jesus comentaram sobre a magnificente beleza do templo de Herodes em Jerusalém, Ele profetizou: “Vedes estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” – (Lucas 21:6).

Mas Deus nunca disse tais coisas sobre o tabernáculo de Davi. De fato, Ele falou exatamente o oposto. Ele parece não estar dizendo: “estava caído”, mas sim: “Posso ajudar a levantar as varas de sua tenda uma vez mais? Posso ajudar a restaurar o que o tempo roubou e o que a fraqueza do homem permitiu que viesse a colapso? Eu quero preservar esta casa – as memórias dos ‘encontros com os homens’, aqui, significam muito para Mim.”

Nós queremos encontros com Deus, mas Deus quer encontros com o homem, porque encontros com Seus filhos O comovem. Ele vai “rasgar véus” e interromper o tempo para ter uma visita com Seus filhos. Quando ponho meus compromissos de lado para “tomar um chá” no chão ou na casinha de brinquedo com a Andréa, isto constrói memórias vividas para ela; e isto também constrói memórias preciosas para mim.

DAVI ESTAVA INTERESSADO NA CHAMA AZUL

O componente mais poderoso do tabernáculo de Davi começou muito antes de a verdadeira tenda ser construída. Ele iniciou no coração de Davi, quando ele ainda era um menino pastor nos campos, aprendendo como adorar e comungar com Deus. E floresceu durante sua caminhada para retornar a arca da Aliança ale Jerusalém. Sua jornada é importante para nós porque também é uma figura, para a Igreja em nossos dias, da nossa marcha de retorno à presença de Deus. A passagem seguinte, extraída do meu livro Os caçadores de Deus, descreve os motivos de Davi como o último caçador de Deus dos seus dias:

“Quando Davi começou a trazer a arca da Aliança de volta para Jerusalém, ele não estava interessado na caixa coberta de ouro com os artefatos dentro dela. Ele estava interessado na chama azul que pairava entre as asas estendidas do querubim no topo da arca. Isto é o que ele queria, porque havia algo sobre a chama que significava que o próprio Deus estava presente. E aonde quer que aquela glória ou presença manifestada de Deus fosse, havia vitória, poder e bênção. Intimidade irá produzir ‘benção’, mas a busca de ‘bênção’ nem sempre irá produzir intimidade.”

DEUS FICOU INTENSAMENTE COMOVIDO COM A BUSCA DE DAVI PELA SUA PRESENÇA

De alguma maneira, Davi capturou algo na essência de Deus. Algo que ninguém mais parecia alcançar. Eu não entendo como isso funciona, mas sei que a paixão de Davi pela presença de Deus foi crucial. Somente espero que seja contagiosa. Desde aquela úmida tarde em West Monroe, Louisiana, eu ouvi um sinal do Céu: “Se você a construir, Eu virei.”

Lembre-se de que Davi é o único homem descrito nas Escrituras desta maneira: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.” – (Atos 13:22).

Estou convencido de que há dois significados para esta frase: “segundo o meu coração”. A interpretação padrão é que Davi era um homem “como” o coração de Deus ou cujo coração era “como” o coração de Deus.

Eu também creio que Davi era um homem que constantemente “buscava” o coração de Deus. Ele era um caçador de Deus, um perseguidor da presença de Deus. Sua determinação de trazer a arca para Jerusalém era uma prova viva do seu intenso amor pela presença de Deus. Essa segunda interpretação é suportada, nos Salmos, pelas descrições incomparáveis de Davi em sua íntima caminhada espiritual com Deus.

Eu não vou entrar em detalhes, mas há muitas similaridades entre o tabernáculo de Davi, o templo que Salomão construiu e o tabernáculo de Moisés.3 O tabernáculo de Moisés e o templo de Salomão caracterizaram três áreas cercadas distintas: o átrio exterior, o Lugar Santo e o Santo dos Santos.

Um grande véu (uma grande cortina no nosso coloquialismo moderno) estava estendido cruzando o tabernáculo para separar o Tabernáculo Santo do Santo dos Santos onde a arca da Aliança descansava.

A arca era uma caixa de madeira, coberta de ouro, construída por Moisés de acordo com instruções recebidas por Deus. Sua tampa era equipada com sólidas figuras de querubins (duas figuras angelicais) de ouro, com asas estendidas, olhando um para o outro. O espaço entre eles era chamado: “propiciatório” (o lugar da misericórdia), e era lá que a chama azul da presença manifesta de Deus pairava (também a glória, shekinah). A arca, o lugar da misericórdia e a chama azul da presença de Deus estavam sempre escondidos atrás do tecido grosso do véu.

Deus nunca gostou daquele véu. Ele precisava tê-lo, mas não gostava dele. Quando Jesus morreu na cruz do Calvário, foi Deus quem rasgou o véu de alto a baixo no templo de Herodes, em Jerusalém. Ele o rasgou de tal forma que nunca mais poderia ser costurado de novo. Ele odiava aquele véu como um prisioneiro odeia a porta de sua cela! Ele representava a parede, a linha de divisão que O separava da humanidade. Até aquele dia no Calvário, Deus tinha de Se esconder atrás do véu para preservar a vida da humanidade caída, que vinha adorá-Lo em Sua santidade.

ESTOU CANSADO DE ESTAR SEPARADO DOS MEUS FILHOS

Talvez o ingrediente que falta é a chave do favor: o tabernáculo de Davi era o único, entre todas estas construções, que não tinha véu.

Esta chave pode começar a desenrolar um dos pedaços mais importantes da sabedoria de todos os tempos: Deus, realmente, não quer estar separado de nós. De fato, Ele fará o possível para destruir as coisas que O separam e O escondem de nós. Deus odeia o pecado porque ele traz separação. Deus foi tão longe a ponto de rasgar o “véu” da carne de Seu Filho no monte Calvário. Ao mesmo tempo, mãos invisíveis rasgaram o véu no monte Sião, para dizer: “Eu jamais quero isto costurado de novo! Estou cansado de estar separado de Meus filhos.” Deus não quer somente horas de visitas com Seus filhos. Ele quer tempo integral! Ele “quebrou a parede mediana da separação.” – (Ver Efésios 2:14).

Agora, estamos começando a coletar algumas pistas que nos dizem por que Deus gostou mais da casa de Davi do que de qualquer outra construída em Seu nome. Moisés seguiu as direções de Deus e construiu a tenda, ou tabernáculo, com paredes suspendidas de tenda, cercadas por uma parede de linho de 4,6 m de altura, numa moldura de madeira, em torno do seu perímetro externo. Em contraste, não havia véu nem paredes de qualquer tipo em torno do tabernáculo de Davi. Nada separava a humanidade da chama azul de Deus na casa da Davi. De fato, a única coisa que cercava a presença de Deus no tabernáculo de Davi eram os adoradores, que ministravam a Ele durante as vinte e quatro horas do dia, sete dias da semana, trezentos e sessenta e cinco dias do ano, por aproximadamente trinta e seis anos!

Durante aquele tempo, se o rei Davi se levantasse no meio da noite com uma insônia da realeza, ele poderia ouvir o cantar, o louvar e o tilintar dos címbalos vindos do tabernáculo. Ele podia olhar na direção da lareira próxima ao seu quarto e ver as sombras de pés se arrastando e dançando ao redor da arca, iluminadas por luzes de velas tremulantes e lamparinas.

Talvez tenha sido naquele tempo que ele escreveu:

“Bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor, que assistis na Casa do Senhor, nas horas da noite; erguei as mãos para o santuário e bendizei ao Senhor.” – (Salmos 134:1-2).

Dia e noite, os adoradores encontravam-se, dançavam e adoravam a Deus em Sua presença. Era como se eles estivessem mantendo os céus abertos com suas mãos levantadas. Se Davi olhasse diligentemente, se o ângulo estivesse bem correto e se os adoradores se movessem também desta maneira, ele veria o brilho azul da glória de Deus irradiando entre seus braços levantados e os pés dançantes.

NO TABERNÁCULO DE DAVI, A GLÓRIA DE DEUS ERA VISTA POR TODOS

O tabernáculo de Davi era único. Em todos os outros lugares de adoração onde a arca da Aliança estava abrigada, os adoradores tinham de adorar quem estava atrás do véu sem nunca saber ou ver o que estava lá. Somente o sumo sacerdote poderia se arriscar a ir atrás daquele véu – mesmo assim, apenas uma vez ao ano. Mas, no tabernáculo de Davi, a glória de Deus era vista por todos – não importava se eram adoradores, transeuntes ou ímpios. A adoração sem véu criou visão sem impedimento!

O milagre da “Casa favorita de Deus” pode ser esboçado no desejo de Davi pela presença de Deus. Ele disse: “Como posso pegar a arca de Deus para mim?” Ele agiu sobre este desejo com todo o seu ser. Sua primeira tentativa de trazer a arca da Aliança para Jerusalém terminou em desastre; resultou em uma completa revisão dos métodos de Davi para “lidar com o Santo”. Quando Davi e sua linhagem de levitas e adoradores finalmente chegaram a Jerusalém, após uma viagem árdua de 20 quilômetros a pé, Davi devia estar dançando tanto de alívio quanto de alegria: “Conseguimos!”

Em algum lugar no processo de transportar a arca e honrar a Deus, Davi começou a dar importância às coisas que Deus valoriza. Por outro lado, sua esposa Mical valorizou a dignidade mais do que a Divindade. Ela foi amaldiçoada com a esterilidade, embora o fato de não ter filhos pudesse ser atribuído à sua falta de intimidade com Davi.

Encontros íntimos com Deus são, às vezes, embaraçosos na vida do homem. O panorama da cristandade americana, e de várias partes do mundo, está semeado com igrejas áridas que viraram as costas para a intimidade da adoração. São as Micals dos dias modernos que também têm escolhido valorizar dignidade mais do que intimidade com a Divindade.

Lembre-se de que Davi não estava atrás do ouro; ele tinha muito ouro. Ele não andava atrás da caixa; podia ter outras caixas construídas. Davi não se interessava pelos artefatos da caixa; eles eram boas lembranças das aparições de Deus para os outros muito antes de ele nascer; mas não representavam fascinação para ele. Davi estava buscando aquela chama azul da glória de Deus. Pelas suas ações, Davi estava dizendo: “Eu tenho de aprender a carregar aquela chama azul.”

Podemos construir prédios melhores, criar corais maiores, escrever músicas melhores e pregar melhores sermões – podemos fazer tudo com mais excelência do que antes. Mas se não estivermos carregando a “chama azul”, Deus não estará se agradando. E Ele fará com que igrejas “sem chama” se tornem irrelevantes para os homens como queremos apenas o suficiente de Deus em nosso lugar de adoração para nos dar um formigamento ou fazer um calafrio subir por nossa espinha. Então dizemos: “Oh, Ele está aqui.” A questão é: “Ele ficará”? A questão não é sobre nós, mas sobre Deus.

Tem de haver mais nisto do que emoções e arrepios. Davi não se sentia contente com uma visitação temporária. Ele estava buscando mais, e esta foi a razão pela qual disse aos adoradores levitas: “Vocês não vão a lugar algum. Eu quero você e seu grupo pegando as primeiras três horas. Quanto aos outros, fiquem com a próxima vigia, e vocês, com a terceira.”

Eu anseio pelo dia em que o povo de Deus vai adorá-Lo e honrá-Lo durante vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana – “24/7”. Com raras exceções, os santuários das igrejas são as salas menos usadas nos Estados Unidos e em todo o mundo. Enquanto uma constante multidão de pessoas aflui a lojas de conveniência vinte e quatro horas para estocar necessidades terrenas e passageiras, nossas igrejas mal funcionam duas horas por semana, porque a demanda para seus “produtos” é muito baixa. Devemos cultivar o estilo de vida “24/7” antes que embarquemos em uma estrutura organizada, para que isto não se torne como todas as outras coisas que temos feito – mecânicas.

Este livro não foi escrito para defender artificialmente estacas que mantêm as portas da igreja abertas. Ele é um chamado para a paixão do coração de Davi, um adorador. Seu tabernáculo se tornou a casa favorita de Deus por causa de quem adorava ali! Assim como a rua Slack, 114 se tornou minha casa favorita, não em razão da árvore de magnólia ou da pintura branca e do carpete verde da sala de estar, mas por causa de quem morava lá – Mamãe, Papai e a família.

Deus só quer estar com Seus filhos. Estábulos serão suficientes. Funcionou em Belém e na rua Azusa.5 Qualquer coisa para se aproximar. Se Davi olhasse para o seu humilde tabernáculo e dissesse: “Algum dia, espero fazer melhor”, então Deus responderia: “Uma tenda é suficiente, Davi. Somente mantenha seu coração quente!”

Temos construído lindos santuários com quase ninguém dentro deles, porque, se não há chama, não há nada para se ver. Não há glória shekinah em nossas igrejas, pois temos perdido nossa habilidade de hospedar o Espírito Santo. Por que Deus disse que Ele iria reconstruir a casa de Davi? Eu acredito que seja porque o tabernáculo de Davi não tinha véu ou muros de separação. Deus deseja intimidade entre Ele e Seu povo; Ele quer revelar Sua glória a um mundo perdido e morto. Ele tem de reconstruí-lo, porque as fracas mãos do homem cansaram de manter abertos os portões do Céu com sua adoração e intercessão.

Será que estamos querendo redescobrir o que Davi aprendeu ou já estamos entediados com o “tour da herança” de Deus? Será que já escapamos para a ‘van’ e ligamos o ar condicionado enquanto dizemos: “Isso não significa nada para mim porque eu não tenho nenhuma memória relacionada a este lugar”?

Penso comigo mesmo o que significou para Deus, em toda a Sua glória, poder estar no tabernáculo rústico de Davi, sentar bem no meio do Seu povo, sem véus ou paredes separando-O de Sua criação, pela primeira vez desde o jardim do Éden.

Volte sua face na direção d’Ele agora e Lhe pergunte o que Ele realmente quer. A resposta vai mudar você para sempre.

 

 

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

FOTOGRAFIAS DE COMPORTAMENTO – II

Todo criminoso deixa sua marca no crime praticado. É a fotografia de seu comportamento e por ele podemos conhecer seu aspecto psíquico

Fotografias de comportamento

Como prometemos voltar ao assunto, vamos ver hoje delitos praticados por doentes mentais e suas “imagens”.

Quando doentes mentais praticam crimes e há nexo de causa e efeito, invariavelmente são ações bizarras, inusitadas ou semelhante. Assim, uma característica significativa desses atos é o fato de que não podem ser compreendidos psicologicamente, como pode, por exemplo, um indivíduo caluniar alguém por vingança, ser xingado e devolver o xingamento, estar sem dinheiro e assassinar uma pessoa para roubar sua carteira etc. Esses comportamentos, jurídica e moralmente, são condenáveis, mas, por sua vez, psicologicamente compreensíveis.

Já nos crimes dos doentes mentais tal relação não existe. Repetindo, são incompreensíveis psicologicamente.

A bem ver, há dois tipos predominantes de delito praticados por doentes mentais. O primeiro liga-se aos doentes-criminosos que mantêm a inteligência, podem ser sagazes, raciocinam e agem premeditadamente graças a um processo doentio que nasce deformado no conteúdo do pensamento e torna-se delirante, evolui e determina a conduta criminosa. No segundo tipo de crime, são doentes mentais cujos atos são praticados em curto-circuito, em um impulso momentâneo.

Como exemplo do primeiro grupo, cite-se o caso do sextanista de Medicina que, em estado psicótico (ruptura com a realidade), comprou uma metralhadora, entrou no cinema e atirou na plateia, matando pessoas que não conhecia, sem reivindicar ou roubar nada, deixando-se dominar, sem reagir, com a metralhadora carregada.

Por sua vez, um exemplo de delito por explosão momentânea (segundo grupo) — embora os criminosos envolvidos não tenham assumido a autoria do crime — é o caso que envolveu a menor Isabella Nardoni. Recordando, a menina, à época, foi defenestrada pelo pai. Antes disso, a madrasta, em estreitamento epiléptico de consciência, sem reflexão e por impulso, bateu(?), sacudiu(?) a menina, que não morreu de fato, mas parecia morta. Então o pai, em folie à deux (loucura a dois), atirou a criança, ainda viva, pela janela, para se livrar do “cadáver”.

Esses dois casos, sextanista de Medicina e Isabella, somente podem ser compreendidos por meio da psicopatologia. Ou admitimos a existência de transtornos mentais graves ou ambas as condutas delituosas são incompreensíveis psicologicamente.

As “fotografias” dos crimes revelam que os praticantes estavam em estado de alienação mental, de doença mental. Ninguém, em sã consciência, metralha pessoas de maneira aleatória, bem como mata crianças e arremessam filhos pela janela.

Para finalizar, é preciso recordar que doença mental não é psicopatia. O psicopata não é nem louco nem normal, mas uma espécie de chauve-souris (morcego), como dizem os franceses: criatura que tem asas, voa e não é pássaro; tem pelos e não é animal pilífero. Seus crimes também guardam características peculiares, fotografias de comportamento.    

OUTROS OLHARES

ASSIM COMO NÓS

Estudo de brasileiros e britânicos indica algo surpreendente: além de usarem ferramentas, símios são capazes de desenvolvê-las, do mesmo modo que os humanos

Assim como nós

“Temos de redefinir o que são ‘ferramentas’, e redefinir o ‘homem’, ou aceitar chimpanzés como humanos”, disse o paleontólogo queniano Louis Leakey (1903-1972), um dos nomes mais célebres de sua área, após saber de uma fascinante descoberta da colega Jane Goodall, hoje com 85 anos, em 1960. Ela havia observado chimpanzés torcendo galhos para usá-los para fisgar cupins em seus ninhos. Até aquele momento, acreditava-se que humanos seriamos únicos capazes de utilizar ferramentas. Desde então, muito do que se tinha como certo sobre a diferença entre o Homo sapiens e outros animais, especialmente os primatas, foi desmentido. Gorilas, bonobos e outros macacos possuem formas simplificadas de linguagem, capacidade empática, emoções e até mesmo organizações hierárquicas nos territórios em que habitam. “Se olharmos profundamente nos olhos de um chimpanzé, uma personalidade autoconsciente e inteligente nos olhará de volta. Se eles são animais, o que somos nós?”, resumiu, de forma algo poética, o primatólogo e escritor holandês Frans de Waal, no livro Chimpanzee Politics (A Política dos Chimpanzés), publicado em1982. Pois há agora um novo verso, por assim dizer, no imaginário poema que tematiza nossa proximidade de alguns dos demais primatas. Dois cientistas da Universidade de São Paulo, em parceria com três colegas britânicos, acabam de divulgar, em um periódico da inglesa Nature, a comprovação de que existe uma nova e importante semelhança entre os seres humanos e os símios. Depois de um cuidadoso e demorado estudo, os pesquisadores descobriram que aqueles animais não só sabem utilizar ferramentas como também são capazes de desenvolvê-las como passar do tempo.

A conclusão é resultado de observações iniciadas em 2004 no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, a maior e a mais antiga concentração de sítios pré-históricos da América do Sul. Foi lá que os cientistas encontraram 122 amostras de rochas, datadas de 3.000 anos, que guardavam uma surpresa: a análise das pedras revelou que elas tinham sido moldadas pelas mãos de macacos-prego para abrir sementes e nozes, cavar o solo, processar frutas e até mesmo servir como peças de exibição durante preliminares sexuais. Até aí, a novidade não era tremenda; afinal, chimpanzés e bonobos africanos, além dos próprios macacos-prego que ainda hoje habitam o Piauí, fazem o mesmo. A descoberta desconcertante foi outra: no decorrer dos últimos três milênios, as ferramentas evoluíram de acordo com as necessidades da espécie. Quinhentos anos atrás, por exemplo, os macacos só recorriam a pequenas pedras como ferramentas auxiliares na hora de se alimentar. Mais recentemente, há três séculos, passaram a preferir rochas maiores –   ideais, por exemplo, para abrir castanhas de casca dura.

“É o primeiro caso, fora da linhagem humana, de adaptação de uma ferramenta de acordo com seu uso”, afirma o biólogo paulistano Tiago Falótico, um dos autores do estudo – o outro brasileiro é o biólogo e psicólogo também paulistano Eduardo Ottoni. “A criação de ferramentas de pedra é um elemento de extrema importância na evolução humana. Temos de compreender como essa habilidade foi desenvolvida em outras espécies.”

Essa formidável aptidão dos macacos-prego para elaborar uma tecnologia vem se juntar a outras características humanas, demasiado humanas, de outros primatas – como a que fica evidente, por exemplo, quando se assiste a um vídeo que viralizou em 2016 (mais de 10 milhões de visualizações no YouTube). Nele, o primatólogo holandês Jan Van Hooff reencontra a fêmea de chimpanzé Mama no zoológico de Arnhem. Eles não se viam fazia alguns anos, apesar de se conhecerem desde 1972. Nenhuma pessoa estranha conseguiria se aproximar de Mama, que estava doente e poderia responder com agressividade. No entanto, ao avistar Van Hooff, ela o abraçou e acariciou, emocionada, como fariam dois amigos nas mesmas circunstâncias. Duas

GESTÃO E CARREIRA

ELAS GANHAM ESPAÇO

Ranking elaborado pela consultoria GPTW premia as 55 melhores empresas para a mulher trabalhar no brasil. Em sua terceira edição, a pesquisa reforça que a equidade de gênero faz bem aos negócios

Elas ganham espaço

O que você faria para que sua empresa tivesse um aumento na receita seis vezes superior ao da média do mercado? E se, de quebra, os funcionários se engajassem mais no trabalho e a rotatividade de pessoal diminuísse?

Simples: diversifique. Contrate mulheres.

A receita está na terceira e última edição do ranking “As melhores empresas para a mulher trabalhar”, elaborado pelo braço brasileiro da consultoria global GPTW (Great Place to Work). Das 444 inscritas, representando cerca de 1 milhão de funcionários, foram selecionadas 55 empresas – 30 de grande porte, e 25 de médio.

Para participar do GPTW Mulher, a companhia tem de preencher três requisitos. Possuir, no mínimo, cem funcionários; preencher 15% ou mais dos cargos por mulheres; e do total de gestores, 15%, ao menos, deve ser do sexo feminino. Atender a esses quesitos ainda não é fácil, mas, aos poucos, cresce o número de empresas aptas a concorrer a uma vaga no ranking –  e, consequentemente, aumenta a lista de empresas agraciadas. Em 2017, na primeira edição do GPTW Mulher no Brasil, elas foram 30. No ano passado, foram 40. A palavra-chave para conseguir colher os frutos da equidade é consistência. “Esse assunto está pipocando nos últimos cinco a sete anos, mas percebemos que as empresas que estão mais avançadas nas práticas de gestão de pessoas com um olhar voltado à mulher começaram a trabalhar nesse tema há mais de 15 anos”, diz Daniela Diniz, diretora do GPTW Brasil.

A igualdade de gênero deixou de ser um tema exclusivo do setor de recursos humanos e hoje é discussão frequente entre a alta liderança das organizações, São inúmeras as evidências de que ter mais mulheres nas diretorias, criar políticas inclusivas e investir na carreira delas desde a base tem efeito positivo no resultado financeiro das en1- presas. A equação não é complicada.

Na economia 4.0, a equidade tem se revelado essencial. “A diversidade importa não apenas para o bem da sociedade, mas porque melhora o negócio”, diz Karen Greenbaum, CEO da Association of Executive Search and Leadership Consultants (AESC), associação internacional que reúne companhias de recrutamento. A diversidade promove o encontro de pontos de vista, referências e backgrounds distintos. E o encontro dos diferentes promove naturalmente a criatividade e a inovação – consequentemente, a produtividade e a lucratividade. As empresas premiadas pelo GPTW Mulher 2019 tiveram um aumento de faturamento de 12,2%, em média – um crescimento seis vezes maior do que o registrado no mercado em geral.

Tem mais. “Se uma mulher chega em nossa companhia e percebe que é possível fazer carreira e ascender a um posto de liderança, esse ambiente torna-se mais atraente”, diz Guilherme Rhinov, diretor de RH da Johnson & Johnson no Brasil (a número 1 entre as organizações de grande porte).

DE CIMA PARA BAIXO

Para convencer toda a organização de que o tema da igualdade deve ser levado a sério, a discussão precisa estar no dia a dia da empresa, fazer parte da cultura corporativa, diz Fabiana Cymrot, vice-presidente de Recursos Humanos para o Brasil e o Cone Sul da Mastercard (líder entre as empresas médias). Ao que Karen, da AESC, complementa: “A promoção da equidade é também um trabalho da diretoria de marketing, tanto quanto do CFO, do CIO e é claramente um dos trabalhos do CEO. Se a empresa não tem um CEO interessado ou comprometido com a diversidade, é muito mais difícil”.

Entre as 30 empresas de grande porte do GPTW, a IBM segue à risca essa premissa – tanto que o aumento no número de líderes mulheres é uma das métricas para o cálculo do bônus de Ana Paula Assis, presidente da empresa para a América Latina. “Sem alinhamento estratégico, você sempre vai tratar o tema da diversidade como acessório, como algo que pode ser deixado para depois”, defende a executiva. Incentivar a participação feminina pressupõe mudar antigas políticas. “Costumo dizer que o nome do jogo para a mulher no mercado corporativo é a flexibilidade. Ainda cabe às mulheres uma série de responsabilidades nos cuidados da casa e dos filhos”, lembra Ana Paula. “As empresas precisam se adaptar às necessidades delas e não o contrário, como sempre aconteceu.”

Essa preocupação, no entanto, não vale como regra – ainda. É o que mostra o levantamento “Mulheres na Liderança 2018”, fruto da parceria da Will (Women in Leadership in Latin America) com o Valor Econômico, realizado pela Ipsos, entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019. Das 165 empresas pesquisadas, apenas 41% têm alguma política formal sobre equidade de gênero, com metas claras e ações planejadas.

ESTRATÉGIA E MÉTRICAS

Se a equidade precisa estar entre as prioridades estratégicas da empresa, é preciso que ela seja tratada como tal. Isso significa criar métricas para acompanhar o avanço nesse setor. “What gets measured gets managed” (O que é medido, é gerenciado), já dizia, em 1954, o professor, escritor e consultor austríaco Peter Drucker (1909-2005), tido como o pai da administração moderna.

Quando o assunto é salários, por exemplo, a análise de dados se mostra importante. “As empresas partem do pressuposto de que não há diferenças salariais entre homens e mulheres, argumentando que não existe uma tabela de rendimentos para o sexo masculino e outra, para o feminino”, conta Ricardo Sales, sócio da consultoria Mais Diversidade e pesquisador na Universidade de São Paulo (USP). “Quando, no entanto, essas empresas fazem um estudo detalhado, percebem que homens e mulheres exercendo a mesma função não recebem a mesma remuneração.” Como frisa Ricardo, um levantamento desse tipo, para ser bem-feito, envolve muita estatística para excluir todas as variáveis que podem impactar o resultado final, com o tempo de casa e experiência. Na Mastercard, todos os anos é feita uma análise dos salários da empresa. “Não adianta fazermos isso neste ano e ficarmos cinco anos sem analisar. É um processo, não podemos deixar de acompanhar essas métricas”, diz a executiva Fabiana.

 PARTICIPAÇÃO MASCULINA

“Antes, quando a gente começava a falar de equidade de gênero, ou mesmo sobre práticas voltadas às mulheres, era sempre o clube da Luluzinha – mulheres falando para mulheres sobre mulheres”, lembra Daniela, do GPTW. “Agora, vejo um envolvimento para incluir os homens nessa discussão, inclusive com treinamentos e workshops sobre viés inconsciente.” Segundo ela, isso indica uma maior maturidade das empresas em relação ao tema da diversidade. “O papel dos homens é fundamental nesse processo, até porque eles hoje ainda são maioria nas posições de liderança”, faz coro Ana Paula, da IBM.

Na 11° posição na lista das grandes, a Accor até mudou o nome do programa de diversidade para incluir os homens na discussão. No ano passado, o Women At Accor Hoteis Generation (WAAG) virou RiiSE – o “ii” simbolizando mulheres e homens. “Mudamos um pouco o foco do programa, passamos a falar mais em igualdade de gênero. A gente entende que é muito difícil levar essas iniciativas adiante sem o envolvimento masculino”, explica Magda de Castro Kiehl, vice-presidente jurídica da Accor na América do Sul e responsável na região pelo RiiSe.

Mesmo entre as empresas premiadas no GPTW Mulher, a presença feminina nos cargos de liderança ainda é menor do que a masculina. Apesar de serem maioria, elas ocupam 45 % das posições de média liderança e 26% das cadeiras na alta liderança. Nos conselhos das organizações, a participação das mulheres é ainda menor – 7,3%, nas companhias listadas no Novo Mercado da B3, segundo a consultoria Enlight. Nesse segmento da bolsa brasileira, encontram se as empresas que, voluntariamente, adotam práticas adicionais de governança corporativa. Das 142, 92 (65%) têm conselhos formados exclusivamente por homens. Em apenas sete, a participação feminina no conselho supera 30%.

 MENTORIA

Como adverte Karen, da AESC, “você não pode achar que por ter uma mulher na diretoria, a lição de casa está feita”. Isso não basta. A ênfase no desenvolvimento da carreira das funcionárias e funcionários é um traço comum, entre as premiadas no GPTW, com mentoria, coaching e incentivo ao desenvolvimento de novas habilidades.

Na Mastercard, desde o início deste ano, há um programa de mentoria para ajudar homens e mulheres a crescerem profissionalmente. “As oportunidades devem ser iguais”, diz Fabiana. Segundo a executiva, a mentoria é um dos fatores que ajudam, a cada ano, 30% dos funcionários a mudar de área dentro da companhia ou receber uma promoção. “É mais uma forma de você trabalhar seu desenvolvimento, entender como se conecta com uma pessoa que tem senioridade maior que a sua, e isso aumenta não só a visibilidade das pessoas dentro da companhia, como a integração entre as áreas.”

Para o consultor Ricardo, iniciativas como essa são especialmente benéficas às mulheres. “É importante acompanhar o desenvolvimento da carreira delas, para que tenham de fato oportunidade de crescer dentro da empresa e ajudá-las na promoção do networking.” Segundo ele, os espaços de networking, “como o futebol”, em geral não são receptivos à presença feminina.

VIÉS INCONSCIENTE

O debate em torno da equidade de gênero tem ganhado impulso também nos processos de seleção. Uma das práticas mais adotadas é o estabelecimento de metas – ter, entre os candidatos entrevistados para qualquer vaga, pelo menos uma mulher, por exemplo. Isso obriga os gestores a olhar para uma amostra mais diversa de profissionais. ”A gente sempre vai contratar o melhor candidato, independente de gênero, idade, raça, religião ou orientação sexual, mas em todos os processos seletivos a orientação é a de que haja mulheres como finalistas”, conta a executiva Fabiana, da Mastercard. Para driblar a escassez feminina na tecnologia, a Accenture (12° lugar no rol das grandes) promove treinamentos específicos para mulheres na área. “O papel do recrutador é entregar ao gestor uma lista diversa de candidatos. A escolha é por mérito, mas se você já começa com uma lista desequilibrada, a probabilidade de contratar mulheres é menor”, diz Beatriz Sairafi, diretora de RH da Accenture.

Além disso, há entre as empresas uma crescente busca por workshops sobre o viés inconsciente. “É um traço cultural no Brasil que as pessoas neguem seu próprio preconceito. É preciso fazer uma capacitação dos gestores para que eles entendam que todo mundo tem algum preconceito”, recomenda o consultor Ricardo, da Mais Diversidade. “Temos de ter consciência de onde mora nosso preconceito. Só assim você diminui o risco de o preconceito se transformar em discriminação.” É um primeiro – e importantíssimo – passo rumo à igualdade (de gênero, raça, idade, orientação sexual…) não apenas no trabalho, mas na vida.

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 10 – MOISÉS: 1500 ANOS DE BUSCA PELA GLÓRIA DE DEUS

 

VOCÊ NÃO PODE BUSCAR A FACE DE DEUS E PRESERVAR A SUA PRÓPRIA “FACE “

Quando Deus nos diz: “Vocês não podem ver Minha face”, muitos, rapidamente, retornam às atividades normais e ficam satisfeitos, pensando já terem cumprido seu dever religioso. Quando descobrimos que os mais valiosos tesouros requerem a morte para si mesmos, para o “eu”, interrompemos nossa “caçada”. Nem mesmo questionamos, ou tentamos descobrir por que Sua presença nos vem sem que paguemos um preço. Talvez, porque tenhamos medo de sermos impertinentes, ou porque tenhamos medo da resposta. Moisés insistiu e aprendeu que “perseguir” a Deus, movido por amor à Sua pessoa, não o incomodava, mas, sim, significava a maior alegria do Seu coração.

O desejo ardente de ver a glória de Deus, de vê-Lo face a face, é uma das chaves mais importantes para o avivamento e para o cumprimento dos propósitos de Deus sobre a terra. Analisemos atentamente a “caçada” de 1500 anos que o antigo patriarca Moisés empreendeu atrás da glória de Deus. Como vimos anteriormente no Capítulo 4, quando Moisés pediu a Deus: “Mostre-me Sua glória”, o Senhor respondeu: “Não, Moisés, você não pode vê-La. Somente os que já morreram podem ver a Minha face.” Felizmente, Moisés não parou por aí. Infelizmente, a Igreja, sim.

Seria mais fácil, para aquele homem, ter-se contentado com a primeira resposta de Deus, mas ele não se deu por satisfeito. Moisés não estava sendo egoísta ou presunçoso. Ele não estava buscando coisas materiais ou fama pessoal. Ele nem mesmo estava buscando milagres ou dons (e olha que Paulo nos exorta a buscarmos os melhores dons em sua Carta aos Coríntios). Tudo que Moisés queria era Deus, e desejá-Lo é a maior alegria que Lhe podemos proporcionar. Mesmo para Moisés, aquele que buscou Deus, as coisas não foram fáceis.

“Então ele [Moisés] disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. Respondeu-lhe: Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.

E acrescentou: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha, e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado.

Depois, em tirando eu a mão, t u me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.” (Êxodo 33.18-23.)

Quando Moisés, no Monte Sinai, teve tal conversa com o Senhor, os israelitas já tinham virado as costas para fugir de Deus, após Ele lhes pedir que se aproximassem. Somente Moisés se achegara à nuvem da presença de Deus. Em temor e tremor, Israel, por causa de seus pecados, tinha implorado que Moisés e, depois, os sacerdotes araônicos se colocassem entre eles e o temível Deus. Muitas vezes, Moisés já tinha se achegado à nuvem na tenda da congregação: ainda assim ele ousou desejar mais.

BUSCAREMOS A DEUS OU A APROVAÇÃO DOS HOMENS?

Enquanto Moisés buscava a presença de Deus em favor dos israelitas, no alto do monte, seu irmão Aarão, o sumo sacerdote, constrangido pela pressão da opinião pública, concordou em fazer um bezerro de ouro para ser idolatrado. Enquanto Moisés via os dedos de Deus escreverem a lei nas tábuas de pedra, o povo perseguia seus próprios prazeres no vale. Depois deste episódio, Deus disse a Moisés que ainda permitiria que os israelitas subissem em direção à terra prometida, mas desta vez, um anjo iria à frente deles: “…eu não subirei no meio de ti, porque és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho” (Êxodo 33.3b). E Moisés respondeu:

“… Tu me dizes: Faze subir este povo, porém, não me deste saber a quem hás de enviar comigo; contudo, disseste: Conheço-te pelo teu nome; também achaste graça aos meus olhos.

Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça, e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo. Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. Então lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar .” (Êxodo 33.12- 15)

Moisés, juntamente com todos os israelitas, não só viu como também experimentou os milagres e a sobrenatural provisão de Deus. A Igreja moderna também experimentou manifestações semelhantes, só que em escala bem inferior.

Muitos de nós teríamos saltado de alegria ao ouvir a promessa de que Deus iria conosco por onde quer que andássemos. Mas será que ao menos sabemos para onde ir? Moisés foi sábio em responder: “Se o Senhor não nos guiar, não vamos a lugar nenhum.” Moisés compreendeu que era muito “bom” ter Deus por perto, mas o “melhor” mesmo era ir com Ele.

Deus negociou com Moisés: “Eu te darei descanso.” Creio que, no Novo Testamento, o cumprimento do “descanso” de Deus para a Igreja são os dons do Espírito, os quais nos capacitam a treinar e ministrar ao Corpo com um esforço humano mínimo. A Bíblia diz em Isaías 28.11,12a:

“Pelo que por lábios gaguejantes e por língua estranha falará o Senhor a este povo, ao qual ele disse: Este é o descanso…”

Acredito que os dons do Espírito (incluindo línguas) são o “descanso” referido. Metaforicamente, Deus estava dizendo: “Moisés, Eu lhe darei os dons, o ‘descanso’.” E Moisés dizia: “Eu não quero os dons, quero o Senhor.” A Igreja está tão encantada com os dons do Espírito que não conhece o Doador destes dons. Estamos nos “divertindo” tanto com os dons de Deus, que até mesmo nos esquecemos de agradecer-Lhe. O melhor que podemos fazer, como filhos de Deus, é colocá-los de lado e sentarmos no colo do Pai. Não busque os dons, busque Aquele que os concede! Busque Sua face e não Suas mãos!

MOISÉS QUERIA A PERMANÊNCIA DE DEUS, E NÃO SOMENTE UMA VISITA

Raramente os israelitas tiravam um tempo para agradecer a Deus por Seus poderosos feitos. Eles estavam ocupados demais organizando “listas de pedidos” e reclamações referentes às suas necessidades físicas e pessoais. E o que a grande maioria tem feito hoje. Moisés, no entanto, queria algo mais. Ele experimentara os milagres. Ele ouvira a voz de Deus e testemunhara Seu poder de libertação. Mais do que qualquer outra pessoa, naquele tempo, Moisés provara da manifestação da presença de Deus em porções, visitações temporárias.

Mas tudo o que viu ou experimentou indicava que havia ainda mais esperando por ele além da nuvem. Moisés esperava por mais do que uma visitação, sua alma queria a permanência do Senhor. Ele queria mais do que ver o dedo de Deus ou ouvir Sua voz através de uma nuvem ou de uma sarça ardente. Ele ultrapassou a barreira do medo e chegou ao amor. Assim, a presença de Deus, Sua habitação, passou a ser seu maior anseio. Por isso, ele implorou a Deus em Êxodo 33.18:

“Rogo-te que me mostre a tua glória.”

Ele queria ver a face do Senhor! Deus foi rápido em atender ao pedido de Moisés por Israel. Sua presença continuaria a ir adiante deles, mas Ele não atendeu, diretamente, o pedido mais urgente de Moisés. Primeiro, Deus disse que faria toda Sua bondade passar diante de Moisés e afirmou que o conhecia pelo nome. Mas quando o

Senhor explicou:

“Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.”(Êxodo 33.20)

Tal afirmação parecia encerrar o caso, mas Moisés sentiu que deveria haver alguma maneira. O Senhor disse a ele: “Olhe, você não pode ver Minha face, mas há um lugar junto a Mim onde você pode Me ver, à distância, depois que Eu passar por você” (Êxodo 33.21-23).

Muitas pessoas teriam ficado mais do que contentes com essa resposta, mas Moisés já havia provado da alegria sobrenatural da presença do Senhor e adquiriu um gosto tão apurado por Deus, que não podia se sentir satisfeito à distância. Havia uma fome em seu ser que, para ser satisfeita, o impulsionava a arriscar a própria vida na presença de Deus. Tal fome atravessaria longos 1.500 anos e perpassaria a própria morte para ser satisfeita.

O Senhor disse a Moisés para “apresentar-se” a Ele sobre a pedra, na manhã seguinte, e Ele o esconderia na fenda da pedra, enquanto estivesse passando com Sua glória. Um procedimento interessante. Deus disse: “Antes que Eu passe, vou cobri-lo com Minha mão. Depois que Eu houver passado, retirarei Minha mão para que você olhe em Minha direção. Então você Me verá pelas costas, enquanto desapareço à distância” (Êxodo 33.22,23).

E, então, o Senhor veio na velocidade da luz (ou mais rápido) para proclamar Seu nome divino e passar com Sua glória. Depois que Ele passou, retirou Sua mão da fenda para que Moisés pudesse ver “as costas” de Sua glória desaparecendo à distância. Embora esta revelação tenha sido tão rápida quanto o clarão de um raio, causou tamanho impacto em Moisés que ele foi capaz de ditar, para gerações posteriores, “as costas” ou a história de Deus no Livro de Gênesis, onde foi descrita a criação.

“O PROBLEMA É QUE VOCÊ AINDA ESTÁ VIVO”

Moisés viu o lugar onde Deus esteve. Ele viu as trilhas de Deus, quando inventou e invadiu o tempo. Moisés foi capaz de recuperar a história com um discernimento sobrenatural, após um simples lampejo da glória de Deus diante de seus olhos. Mesmo depois desta experiência, Moisés queria mais. Porém, as palavras de Deus ainda permanecem: “Você está vivo, Moisés: não pode ver Minha face.”

Moisés sabia que havia um propósito maior por trás do tabernáculo e de tudo mais que ele havia recebido da parte Deus, ele sentiu necessidade impulsiva de conhecer Deus e ver o cumprimento de Seu propósito eterno. Moisés sabia que, para isso, precisava contemplar a face de Deus. Tenho que ver Sua glória, tenho que ver o produto final. A fome no coração de Moisés suscitou uma súplica e uma perseverança que desafiou os limites do tempo e espaço.

Se você está tão faminto de Deus a ponto de buscá-Lo, Ele vai fazer por você o que não fará por mais ninguém.

A conclusão desta história não pode ser encontrada no Antigo Testamento. Para encontrar o desfecho da fome que começou na vida de Moisés, no Livro de Êxodo, você tem que saltar 1.500 anos adiante, para uma nova era e uma nova aliança. A fome de Moisés por Deus produziu o que eu chamo de “oração permanente”. A oração de Moisés pedindo a Deus que lhe revelasse Sua Glória, continuou a ecoar nos ouvidos do Todo-Poderoso a cada dia, a cada semana, a cada ano através dos séculos, até alcançar o dia em que Jesus, muitas gerações depois, chamou Seus discípulos para um certo monte em Israel. Aquela oração, nascida divinamente, era algo eterno, que não conhecia limites de tempo. Ela não se extinguiu no dia em que Moisés deu seu último suspiro sobre a terra, mas continuou a ecoar pela sala do trono de Deus até o momento em que foi respondida.

O momento chegou durante o ministério terreno de Jesus, no dia em que Ele separou três de Seus seguidores mais fiéis para acompanhá-Lo ao topo de um monte. Jesus já começara a preparar Seus discípulos com afirmações do tipo: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á” (Mateus 16.25). Esta é uma afirmação que ainda hoje nos incomoda, porque fala de morte.

Jesus derramara Sua vida em Seus discípulos, mas eles pareciam ter um sério problema de entendimento a respeito do que Ele estava fazendo e por quê. Eles gostavam de Seus ensinamentos, mas, raramente, pareciam compreendê-los. Eles ficavam maravilhados ao vê-Lo operando milagres, mas não eram capazes de alcançar o propósito maior que havia por detrás. Os discípulos, simplesmente, O seguiam, tentando entender um pouco do que Ele estava fazendo.

QUASE TODOS OS DISCÍPULOS CAEM NO SONO DURANTE REUNIÕES DE ORAÇÃO

Naquele dia, Jesus levou três de Seus discípulos ao monte e começou a orar. Acredito que os discípulos do primeiro século não eram muito diferentes dos discípulos do século vinte, porque todos eles parecem cair no sono durante as reuniões de oração.

“Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar. E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura.

Eis que dois varões falavam com ele, Moisés e Elias. Os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém. Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono; mas, conservando-se acordados, viram a sua glória e os dois varões que com ele estavam.

Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui; então façamos três tendas: uma será Tua, outra de Moisés e outra de Elias, não sabendo, porém, o que dizia.

Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem. ” (Lucas 9.28-34)

Lá estava a nuvem de novo. Era quase como “Oh, oh! Se os discípulos acordarem, vão ver a ‘glória’. Rápido, nuvem, cubra-nos!”

Você percebeu que, somente depois que os discípulos dormiram, Deus abriu o manto que cobria Sua própria glória em Jesus Cristo? Hoje, chamamos aquele monte de “Monte da Transfiguração”, pois a Bíblia diz que as vestes do Senhor “resplandeceram de brancura”. O termo grego original para resplandecer, EXASTRAPTO, significa “reluzir como um raio, brilhar, estar radiante”1. Enquanto os discípulos dormiam, Jesus estava sozinho e Sua glória estava sendo revelada, banhando a terra com Sua luz, a luz da glória de Deus que existe desde sempre!

JÁ É HORA DE ME VER

Naquele momento, era como se Deus tivesse ordenado: “Tudo bem, Miguel, Gabriel (os dois arcanjos), busquem Moisés! Já é hora de ele ver Minha glória.” Então eles baixaram a “escada de Jacó” até a terra e Moisés desceu a um lugar onde nunca estivera antes – a terra prometida de seu povo. Em sua existência mortal, Moisés só pôde contemplar, de longe, a terra prometida para o avivamento, no qual ele jamais tomaria parte. Ele orou para ver a glória de Deus, mas ele nunca pôde vê-La, até que morresse. Naquele dia, 1.500 anos após sua morte, tendo a sua oração ecoado aos ouvidos do Senhor através dos séculos, Moisés, “o morto ambulante”, viu a revelação da glória de Deus.

É preciso que você compreenda que, mesmo após sua morte, suas orações permanecem vivas. Por 1.500 anos a oração de Moisés continuou a dizer: “Mostre-me Sua glória! Mostre-me Sua glória! Mostre-me Sua glória!” Deus teve que marcar um compromisso divino e fixar o dia em que a eternidade invadiria as limitadas esferas do tempo e do espaço. “Moisés, agora que você está morto, tenho uma resposta para aquela oração!”

Por esta razão, fico emocionado ao ler a respeito dos intercessores fiéis e perseverantes que vieram antes de nós. Meu espírito se comove quando vejo, em nossos dias, santos unindo suas fervorosas orações às de cristãos exemplares, como Aimee Semple McPherson e como William Seymour, que, na rua Azusa, frequentemente prostrava sua cabeça sobre caixas de maçã, em oração, para que a glória do Senhor se manifestasse.

Quando as orações do povo de Deus se unirem e, finalmente, com uma intensidade cada vez maior, ressoarem nos ouvidos de Deus, então, o Senhor não vai mais esperar. Ele não vai desprezar as orações dos quebrantados e contritos que buscam Sua face. Vem o dia em que o Senhor, de Seu alto e elevado trono, dirá: “Está na hora.”

Foi o que aconteceu, na Argentina, quando o Sr. Edward Miller e seus 50 alunos lançaram suas intercessões diante do trono. Ele conta que a Argentina era um deserto espiritual, em 1950, e havia cerca de 600 crentes cheios do Espírito em toda Nação. Porém, alguns alunos de um pequeno instituto bíblico começaram a interceder. Eles clamaram, movidos por uma compaixão sobrenatural, em favor de uma nação que nem sequer sabia que eles existiam. Deus trovejou Sua resposta para a Argentina. O mesmo vem acontecendo em muitos lugares, ao redor do mundo, onde o avivamento está irrompendo como um fogo inextinguível. Estamos cansados de fazer tudo segundo métodos humanos. Queremos que o “Pai” Se manifeste, mesmo que, para isso, tenhamos que morrer através do arrependimento e do quebrantamento.

Moisés orou: “Mostre-me Tua glória”, esta oração levou 1.500 anos para ser atendida. Três discípulos sonolentos foram beneficiados da oração permanente de Moisés, mas eles caíram na mesma armadilha que ameaça a Igreja “sonolenta” de hoje. Moisés desceu àquele monte e viu a revelação da glória de Deus. Quando os discípulos acordaram, tudo já estava no final. Mesmo assim, eles ficaram tão extasiados com aquele breve lampejo da glória de Deus, que queriam construir três tendas naquele lugar e permanecer ali! Mas Deus Pai interveio dos céus e disse: “Vocês ainda não viram nada” (Lucas 9.34,35).

ALGUMAS VEZES PARAMOS CEDO DEMAIS

Alguns de nós nos empolgamos com revelações momentâneas da parte de Deus quando, na verdade, Ele quer que nos esforcemos na busca de Seus mistérios. Ele adora honrar orações de “caçadores” persistentes como Moisés, mas não vai permitir que construamos “tendas” para breves revelações de Sua glória – principalmente, se não estivermos com nossas orações no altar do quebrantamento. Apreciamos as coisas práticas, instantâneas e baratas, por isso, buscamos um avivamento de microondas. O Senhor sabe que tais coisas não produzem o caráter divino em nós. Ele diz:

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á. Pois, que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.24b-26)

Tenho tentado explicar o inexplicável, mas tudo que sei é que “quanto mais morro, mais Deus se aproxima”. Não sei o quanto você tem da presença do Senhor em sua vida ou o quanto O conhece, mas saiba que Ele vai Se revelar cada vez mais, desde que você esteja disposto a morrer para si mesmo.

Na sua Segunda Epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz conhecer um homem (ele mesmo) que tinha sido arrebatado ao terceiro céu (2 Co 12.2). Este apóstolo não conhecia Deus “só de ouvir”, mas realmente andava com Ele. Como Paulo chegou a um relacionamento tão íntimo com o Pai? Ele disse: “Diariamente, eu morro” (1 Coríntios 15.31).

Muitos cristãos hoje em dia estão perdendo tempo procurando atalhos para alcançarem a glória de Deus. Queremos o máximo com o mínimo de esforço. Queremos o avivamento em nossas cidades, mas não queremos que ninguém nos diga que ele só virá quando houver fome, quando intercessores forem movidos a um arrependimento vicário, por pecados que nunca cometeram, em favor de pessoas que nunca conheceram. Paulo disse:

“…porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne.” (Romanos 9.3)

Você está lendo este livro por um desígnio divino. Em algum lugar, de alguma forma, uma oração permanente está sendo respondida hoje. Mas pode ser que você esteja se poupando da morte, fugindo do altar do sacrifício que Deus colocou diante de você – Não se aflija: é a realidade de todos nós! A maior bênção não vem das mãos de Deus, e, sim, de Sua face, através de um relacionamento de intimidade. Quando você, finalmente, contemplá-Lo e conhecê-Lo em Sua glória, encontrará a verdadeira fonte de todo poder.

 QUANTO MAIS VOCÊ MORRER, MAIS O SENHOR PODERÁ SE APROXIMAR

Agora, deixe-me contar as boas novas que se encontram além do altar da morte e do quebrantamento. Enquanto a carne morre diante da glória de Deus, tudo que provém do Espírito vive eternamente. Uma parte de seu ser viverá eternamente, mas algo em sua carne terá que morrer. Permita-me expressar nestes termos: A sua carne afasta a glória de Deus. O Deus de Moisés deseja revelar-Se a você hoje, mas lembre-se de que esta bênção tem preço. Você tem que se dispor a morrer, e, quanto mais você morrer, mais o Senhor poderá Se aproximar.

Esqueça as opiniões e expectativas dos que estão em seu redor. Coloque de lado o “protocolo religioso”. Para Deus, só existe um protocolo concernente à carne: a morte. Deus está ávido para transformar a Igreja. De uma forma ou de outra, Ele vai mandar Seu fogo consumir tudo que não provém de Sua vontade, então, você não tem nada a perder… a não ser sua carne. Deus não está procurando pessoas religiosas, mas aqueles que estão dispostos a buscar Seu coração. Ele deseja pessoas que O queiram, que desejem o Abençoador mais que as próprias bênçãos.

Podemos continuar buscando Suas bênçãos e nos divertindo com Seus “brinquedos”, ou simplesmente dizer: “Não, Pai, não queremos mais bênçãos, queremos o Senhor! Queremos que o Senhor venha para perto de nós. Toque nossos olhos, nossos corações e ouvidos! Mude-nos, Senhor! Estamos cansados de ser as mesmas pessoas. Compreendemos que, se nós mudarmos, então, nossa cidade e nossa nação também mudarão.”

VOCÊ VAI PERMITIR QUE ELE SE APROXIME?

Acredito que esta geração está muito próxima de um avivamento, mas não quero ficar assistindo ao Senhor passar pelas ruas em direção aos que, realmente, O querem. “Isto vai acontecer em algum lugar, mas se não conosco, com quem, Senhor? Não queremos nos satisfazer com Seus dons, por mais maravilhosos que sejam. Queremos o Senhor!” A “equação do avivamento” ainda é a mesma:

“…se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar [morrer no altar do arrependimento], orar e me buscar [a Sua face e não um avivamento passageiro ou uma visitação momentânea], e se converter de seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14.)

“PAI, É SUA FACE QUE BUSCAMOS!”

Transformada por Deus, é muito provável que a Igreja que emerge da nuvem de Sua glória será bem diferente daquilo que eu e você pensamos ser seu formato ideal. Isto porque Deus está tomando a Igreja para conduzi-la próxima a Ele.

Será que vamos ter coragem de nos aproximar de Sua glória? Deus queria que os filhos de Israel subissem com Moisés ao monte e recebessem os Dez Mandamentos diretamente de Suas mãos. Mas eles correram da presença de Deus. A Igreja corre o risco de fazer o mesmo hoje. Podemos correr o risco de que algo em nós venha a falecer, quando ousarmos a nos aproximar da Sua glória, ou podemos correr de volta às nossas tradições carnais e à segurança dos cultos legalistas operados por homens.

Vamos proporcionar um ambiente confortável para Deus e incômodo para o homem através do culto de arrependimento. Nossas igrejas, com seus bancos acolchoados, são muito agradáveis para os homens, mas não para Deus que consome a “carne”!

Os israelitas, literalmente, se isolaram e ficaram ilhados da íntima presença de Deus, pois temeram a morte. Moisés, por outro lado, aproximou-se da espessa nuvem da glória de Deus. Já é hora de a Igreja abraçar, de verdade, a cruz de Cristo. Nossa fome deve nos impelir para além da morte da carne à vida na glória de Deus. Este é o destino da Igreja que pertence ao Deus vivo. Mas só vai acontecer no dia em que abrirmos mão da segurança da “lei da nova aliança” que regulamenta nossos cultos e renunciarmos às visitações “sobrenaturais” cuidadosamente controladas, preferindo o “risco” de viver face a face com nosso Deus.

Deus não quer que nos apartemos de Sua glória para construirmos “monumentos” que abriguem a revelação momentânea que não nos custou nada. A salvação é um dom gratuito, mas a glória de Deus nos custará algo. Ele quer que O busquemos e vivamos na eterna habitação de Sua glória. quer que estejamos tão plenos de Sua glória, que levemos Sua presença poEle r onde andarmos. Talvez esta seja a única maneira de a glória de Deus fluir pelos shoppings, salões de beleza, supermercados e lojas de nossa nação.

É desta forma que a glória de Deus vai encher a terra. Há de começar em algum lugar. As “nascentes” da carne precisam ser extintas e as janelas do céu abertas para que a glória comece a fluir como um rio e cubra a terra. Jesus disse: “…do seu interior fluirão rios de água viva” (João 7:38b). Se a glória de Deus vai encher a terra, temos que nos render totalmente a Ele.

A diferença entre a unção e a glória é a diferença entre as mãos de Deus e Sua face. O caminho para a glória de Deus nos leva direto ao altar, que é o lugar devemos colocar tudo de lado e morrer. E, no fim, nos encontraremos face a face com Deus, como uma nação de “mortos ambulantes”, nas possessões de Sua glória. Nada mais é necessário. Uma vez que os filhos de Deus coloquem seus “brinquedos” de lado e subam ao colo do Pai para buscar Sua face, a Casa do Pão vai transbordar de pão e de boas dádivas. Os famintos finalmente serão fartos e encontrarão a satisfação eterna que tanto procuram.

O Senhor não vai nos decepcionar. Ele vai permitir que O capturemos. Assim como um pai permite que filho sorridente e amoroso o capture, quando brinca com ele, o Pai celestial vai permitir que Seus filhos o “apanhem”. Na verdade, justamente, quando você já estiver cansado, Ele Se voltará para pegá-lo. Ele quer ser capturado pelo seu amor. Ele anseia por este encontro. Ele sente falta desses momentos com o homem desde o Jardim do Éden. Os Caçadores de Deus sabem disso, intuitivamente. Eles querem “caçar” o Que ninguém consegue capturar, sabendo que Aquele que é impossível de ser capturado, pode capturá-los. De fato, um famoso caçador de Deus escreveu:

“… mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.” (Filipenses 3.12b)

Paulo conseguiu! Você também pode! Junte-se à companhia dos caçadores de Deus!

A temporada de “caçada” está aberta…

F I M

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

FOTOGRAFIAS DE COMPORTAMENTO – I

Como quem determina a ação é a mente, resulta que se olharmos essa fotografia teremos dados do psiquismo do delinquente

Fotografias de comportamento

Todo crime é, sem exceção, uma fotografia exata e em cores do comportamento do criminoso.

Com efeito, os comportamentos elaborados, não instintivos, exigem que antes sejam pensados. Em outas palavras, o ato complexo pressupõe entendimento prévio.

Assim, é correto afirmar que o criminoso comum (em oposição ao doente mental criminoso) entende o caráter delituoso do que está fazendo. Do contrário, se não entendesse e, mesmo assim, delinquisse, não seria criminoso comum, mas portador de distúrbio mental, por desconhecimento do que faz.

Porém, para ser criminoso comum não basta somente entender a natureza ilegal da ação, é necessário, ainda, ser capaz de se determinar de acordo com esse entendimento. Dito de outro modo, se entende o que faz e não age de acordo com tal compreensão é, da mesma forma, portador de transtorno mental, por falta de capacidade de determinação.

Disso resultam duas conclusões básicas:

1- Se o indivíduo é criminoso comum (que entende e se determina), vai delinquir sob certa lógica mental e, consequentemente, a sua ação será compreensível psicologicamente.

2- Se o indivíduo é doente mental (não entende e/ou não se determina), vai delinquir em desordem mental, ou seja, a sua ação será incompreensível em termos psicológicos.

Assim, compreensibilidade na “fotografia” do comportamento criminoso se dá quando podemos inferir ação e reação proporcionais em espécie. Por exemplo, o indivíduo está sem dinheiro, mata e se apodera da carteira da vítima; quer queimar arquivo e elimina a fonte; assassina o cônjuge por motivo de traição etc. Claro que são todas ações condenáveis moral, social e culturalmente, mas compreensíveis.

Por sua vez, incompreensibilidade psicológica ocorre quando não há possibilidade de analisar a ação criminosa sem admitir uma dose grande ou pequena de psicopatologia. Por exemplo, um indivíduo vai ao cinema portando metralhadora e a descarrega em pessoas desconhecidas, ou melhor, nunca as tinha visto, não rouba nada, não reivindica nada, não leva qualquer vantagem, não esboça reação ao ser preso. Nesse sentido, se não admitirmos uma anormalidade mental (psicopatologia), a ação fica incompreensível. Outros casos: o indivíduo violou vários túmulos e manteve relação sexual com os cadáveres; mãe ateou fogo em três filhos informando que estava purificando-os; um homem assassinou algumas mulheres e comeu pedaços de seus corpos etc.

Voltando ao assunto (todos os crimes são fotografias exatas do comportamento do criminoso nas quais podemos ver aspectos do psiquismo de quem os praticou), no próximo número vamos abordar características dos crimes praticados pelos doentes mentais, ou seja, ações incompreensíveis psicologicamente (e compreensíveis psicopatologicamente).

OUTROS OLHARES

OS ALIMENTOS SÃO REMÉDIO?

Ganha força uma nova tendência na nutrição, baseada na ciência: a de considerar a comida como recurso para prevenir e tratar doenças. Mas há exageros que precisam ser evitados

Os alimentos são remédio

 A intuição aguçada do filósofo grego Hipócrates (460 a.C.-375 a.C.) o autorizou, muito antes, evidentemente, dos avanços da medicina, a lançar uma das máximas mais permanentes dos cuidados com a saúde: “Que o seu remédio seja o seu alimento e que o seu alimento seja o seu remédio”. A ideia atravessou séculos, ora ancorada na divulgação da mais milagrosa das dietas, ora debruçada na descoberta dos mágicos poderes terapêuticos de uma fruta, de um legume, de uma semente. A gangorra nunca parou, mas há uma novidade, alheia a modismos: recentes e minuciosos estudos comprovam os reais benefícios dos alimentos no combate e na prevenção de doenças. É ciência pura, em uma das áreas de investigação que mais crescem, no avesso das simpáticas crenças de nossos avós, para quem o leite fechava úlceras e a canja de galinha liquidava gripes. “Hoje, conhecemos melhor os mecanismos de atuação de um alimento no organismo. A comida certa pode melhorar problemas que envolvam excesso de peso, doenças cardiovasculares, fadiga e muitas outras patologias”, disse o cardiologista americano Mehmet Oz, o celebrado doutor Oz, um dos grandes entusiastas do tema, que acaba de lançar no Brasil o livro Fuja da Farmácia.

Antes de tudo, e convém afirmar com ênfase, comida não é medicamento – e, na maioria dos casos, não substitui a ação de um composto químico ou de uma intervenção cirúrgica. Não se combate, por exemplo, a insônia pesada com o consumo diário de bananas, fruta com nutrientes que relaxam o corpo. Não dá também para substituir a quimioterapia contra o câncer por doses diárias de alho, apesar da evidente capacidade da planta cujo bulbo ajuda a fortalecer o sistema imunológico do organismo. O extraordinário, agora, é a certeza sobejamente comprovada de que os alimentos podem, sim, ser aliados poderosos e, muitas vezes, protagonistas no combate de enfermidades que matam. A recomendação médica clássica de que uma “dieta equilibrada”, com porções de carboidratos, verduras e proteínas, é suficiente para garantir a saúde tornou-se extremamente simplista diante das evidências atuais – ainda que seja postura de muito bom-senso. Tome-se como exemplo a obesidade. Muitos especialistas continuam a defender enfaticamente o conceito básico de desequilíbrio energético. Ou seja, ganha peso quem ingere mais calorias do que gasta, e ponto.

O jogo é mais complexo. Não se trata mais apenas de medir calorias, de equilibrar o que sai e o que entra. O tipo de alimento ingerido faz toda a diferença – influi na sensação de recompensa, nos picos de glicemia e na atividade do fígado. “Até pouco tempo atrás, as recomendações das sociedades médicas eram simplistas em relação à dieta”, diz o endocrinologista Rodrigo Moreira, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “Com as novas pesquisas, os médicos se sentem mais seguros para sugerir uma alimentação específica como parte de um tratamento. “Daí ganham espaço, naturalmente, dietas mais inteligentes que as badaladas tempos atrás, como a low carb (que reduz o consumo de carboidratos) ou a dieta mediterrânea (que favorece a comida natural, não industrializada, com destaque para peixes, azeite, grãos e oleaginosas, produtos afeitos a reduzir o LDL, o colesterol ruim).

O papel da alimentação no tratamento e na prevenção de doenças começou a ter respaldo científico muito recentemente. Em 2002, o governo dos Estados Unidos divulgou os resultados de um estudo que comparou pacientes com pré-diabetes que seguiram dieta e faziam atividade física com aqueles que só fizeram o tratamento medicamentoso. Quem cuidou do cardápio se saiu melhor. Outra pesquisa, publicada em The Lancet, há dois anos, foi além. Mostrou que 86% dos pacientes que tinham diabetes e seguiram uma dieta radical tiveram remissão da doença. Ou seja, todos os sinais do problema desapareceram e os ex-diabéticos já não precisariam mais tomar remédios. Há estudos, embora ainda iniciais, que apontam para o sucesso da alimentação adequada na lida contra males autoimunes, como a artrite reumatoide ou a síndrome do intestino irritável. A teoria por trás é que a flora intestinal impacta diretamente o bem-estar do organismo. Um adequado balanço da comunidade de bactérias do aparelho digestivo tende a aliviar os sintomas inflamatórios tão frequentes nas doenças autoimunes.

Os alimentos não são, pura e simplesmente, remédios, porque pesquisá-los foi sempre um enorme desafio, somente agora parcialmente superado. O impacto que um alimento tem sobre o organismo não é tão simples de entender quanto o de um medicamento. “Há diversas variáveis que desempenham um papel determinante na saúde, como genética, exercício, stress. As decisões sobre comida se misturam a todas elas, amplificando algumas e contrabalançando outras, e todas trabalham em conjunto para determinar o bem-estar geral”, diz Oz. Não existiriam, portanto, os chamados superalimentos. Eles são uma ficção. O suco verde já cumpriu esse papel, depois vieram a cúrcuma e o óleo de coco. Agora é a vez do aipo, que já foi apontado como aliado do emagrecimento, rico em vitaminas, com ação antioxidante. Não fazem mal, mas não representam o cobiçado santo graal. “As pessoas buscam um alimento que cura, que é o melhor. Isso não existe”, diz o nutrólogo Eduardo Rauen.

A boa alimentação deve ser celebrada, as recentes descobertas são um notável impulso, novos avanços virão – mas dificilmente terão a decisiva influência, a título de comparação, da penicilina, o primeiro antibiótico de amplo espectro, descoberto por Alexander Fleming na década de 20 do século passado. Um exemplo do que não deve ser feito, na excessiva valorização dos alimentos, é o que ocorreu com Steve Jobs (1955-2011), o gênio criativo da Apple. Em 2003, ele foi diagnosticado com câncer de pâncreas. Adiou sucessivamente as terapias recomendadas, com quimioterápicos, para tratá-lo à base de suco de frutas, ervas e acupuntura. Não deu certo, numa comprovação da eficácia apenas secundária dos alimentos. É bom conhecê-los, é bom saber o que comprovadamente

Os alimentos são remédio. 2

GESTÃO E CARREIRA

FRANQUIAS DAS ESTRELAS

Celebridades superam a condição de garotos-propaganda, identificam novas oportunidades e investem na prestação de serviços

Franquias das estrelas

Empreender tem sido um caminho cada vez mais frequente das celebridades. E diversos atores, atrizes, apresentadores de TV e famosos em geral descobriram um filão atraente e promissor: as franquias. Para diversificar suas atividades e ter novos ganhos financeiros, eles ultrapassaram a condição de garotos propaganda para se tornarem donos do próprio negócio, contando com a força de sua marca pessoal e o esforço para levar um novo projeto adiante. Ser uma celebridade é uma vantagem ao entrar nesse mercado. A participação de gente estrelada tem um efeito imediato e positivo de marketing na franquia. Mas sem trabalho duro não há garantia de rentabilidade e nem do sucesso da empreitada.

O nome da celebridade é em si um chamariz para a marca. E a franquia pode parecer uma maneira de empreender mais segura, embora apresente riscos, como qualquer negócio. Nos últimos tempos, atrizes como Giovanna Antonelli, apresentadores como Sabrina Sato, Rodrigo Faro e Ana Hickmann e cantores como Rogério Flausino, da banda Jota Quest, abriram suas franquias, seguindo uma tendência iniciada há uma década. “A ideia de investir em estética, bem-estar e saúde surgiu intuitivamente”, diz Giovanna, que criou a marca Giolaser, de depilação e estética, em 2013. “Fui pesquisar sobre o mercado e vi que poderia ser algo interessante”. A atriz participa ativamente dos negócios, em especial dos assuntos de marketing e conta com a ajuda da médica Carla Sarni, que cuida da parte gerencial. Desde 2015, a Giolaser foi incorporada pelo grupo Sorridents, maior holding de saúde do Brasil.

Um aspecto fundamental na adesão a uma franquia é entender da atividade que se pretende executar. O Grupo Kalaes, por exemplo, que reúne franquias de vários setores, tem cinco parcerias com famosos e os apoia na gestão do negócio. Seu último acordo foi com Sabrina Sato, que investiu na marca OdontoSpecial, rede de clínicas odontológicas. Por não ser do ramo, Sabrina entrou no negócio em parceria com seu cunhado, que é dentista. Outra apresentadora que se associou ao grupo Kalaes foi Ana Hickmann. Ela montou o Instituto Ana Hickmann MaisLaser, centro de depilação e estética. Rogério Flausino investiu em educação, na escola Brasil Canadá de Educação Bilingue. Pelo que se vê, não faltam oportunidades de ganhar algum dinheiro com uma franquia

Franquias das estrelas. 2

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 9 – DESPOJE-SE DE SUA GLÓRIA

 

O SEPULTAMENTO DA GLÓRIA DO HOMEM É O NASCIMENTO DA GLÓRIA DE DEUS

Esquecemo-nos da arte de adorar ao Senhor. Nosso louvor está tão cheio de uma interminável torrente de palavras inúteis e vazias, dando a impressão de que tudo o que fazemos é preencher o tempo com um monólogo que, talvez, o próprio Deus ignore.

Alguns se agarram a isso de tal forma, que não conseguem contemplar o Pai ou perceber o quanto Ele nos ama. Precisamos retornar àquela simplicidade de nossa infância.

Todas as noites, quando estou em casa, embalo minha amada filha de seis anos para dormir. Geralmente, ela deita em meus braços e, antes que adormeça, me conta todos os problemas que enfrentou durante o dia: “Papai, aquele menino da escola brigou comigo.” Ou: “Papai, não fui bem na prova hoje.” Sei que, para ela, estes problemas são verdadeiros gigantes. Nestes momentos, sempre tento confortá-la dizendo que ela está comigo, que a amo muito e tudo vai ficar bem. Não importa o que disseram contra ela na escola, nem seus pequenos erros: nada pode atingi-la agora que está em meus braços.

O melhor mesmo é quando consigo caminhar pelo labirinto da mente de minha filha e lhe trazer paz. Então, minha garotinha olha para mim, com seus olhinhos quase se fechando, e sorri. Só posso dizer que, nestes momentos, seu semblante me revela o mais puro amor e confiança. Ela não tem que dizer mais nada: eu compreendo. Assim, em completa paz, ela se ajeita no meu colo para dormir, com um sorriso que reflete plena segurança e confiança estampado no rostinho.

Deus quer que façamos a mesma coisa. Muitas vezes, ao final do nosso dia, vamos até Ele e O “adoramos” com algumas palavras mecânicas que já sabemos de cor. Ficamos tão absorvidos pelos problemas que nos sobrevieram na “escola”, durante o dia, que nos deitamos na presença de Deus somente o tempo suficiente para despejar nossa torrente de palavras e entregar nossa lista de pedidos. Depois, voltamos para a correria de nossas vidas. Parece que não encontramos aquele lugar onde reside a paz perfeita.

VOCÊ VAI TER QUE OLHÁ-LO FACE A FACE

O que Deus quer é simplesmente que olhemos para Ele. Sim, podemos dizer-Lhe aquilo que sentimos, precisamos fazer isto. Mas, o que o Senhor realmente espera é receber nossa mais íntima adoração e louvor, em nível que transcenda meras palavras e ações exteriores. Ele deixou, diante de você, uma porta aberta, mas você tem que olhá-Lo face a face. Não fique parado na porta da eternidade: é preciso que entre. Você tem que parar de ficar olhando e ouvindo outras coisas. Ele está acenando: “Suba até aqui e lhe mostrarei o que dever acontecer…” (Apocalipse 4.1). É isto que deveria trazer paz a um filho cansado.

Não podemos nos deixar levar pelo nosso intelecto matemático para não corrermos o risco de racionalizarmos os propósitos de Deus. Podemos acabar perdendo a hora de nossa visitação, como os fariseus, saduceus e os escribas do tempo de Jesus. Eu, por exemplo, não quero ver isto acontecer. Jesus chorou sobre Jerusalém – que, naquele tempo, simbolizava a habitação da presença de Deus, dizendo essencialmente: “Vocês não reconheceram o tempo certo. Eu vim para vocês e vocês Me ignoraram. Vocês conhecem a Palavra, mas não Me conhecem” (Lucas 19.41-44). ”Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11).

Não quero dizer que você e os outros não conheçam a Palavra de Deus. Pelo contrário, escrevo estas coisas porque o Senhor deseja um novo nível de intimidade com Seu povo. Ele não quer que saibamos a Palavra de cor, Ele quer que tenhamos conhecimento da Pessoa d’Ele. Paulo diz que, antes de se converter a Cristo, ele compreendia a lei (Filipenses 3.5,6). Mas depois de sua conversão, ele disse: “Eu sei em quem tenho crido” (2 Timóteo 1.12b). Uma coisa é saber a respeito de Deus, outra, é conhecê-Lo.

Deus está chamando você para Sua intimidade. Se ousar responder a este chamado, terá conhecimento de uma faceta do caráter de Deus que, até então, você desconhecia. O Senhor vai colocá-lo tão perto d’Ele que você poderá respirar o ar puro dos céus. O único caminho para o lugar que Davi chamava de “esconderijo” passa pela porta da adoração. Ao passar por este caminho, você deixa de lado todas as demais distrações e concentra seu corpo, mente e espírito em Deus (Veja Filipenses 3.5,6).

Quando a presença d’Ele se tornar tão forte, que você não mais se importe com nada a seu redor, você vai experimentar um encontro com Deus do qual nunca se “recuperará”. Seu coração ficará permanentemente afetado pelo amor, assim como a perna de Jacó ficou pelo manquejar.

“OS CULTOS QUE ME AGRADAM NÃO SÃO OS MESMOS QUE LHE AGRADAM”

Durante a minha jornada em direção à presença de Deus, Ele me disse: “Filho, os cultos que Me agradam não são os mesmos que lhe agradam.” Então, compreendi que, muitas vezes, vamos à igreja para “obter algo de Deus”, quando, na verdade, a Palavra sempre nos exorta a “ministrar ao Senhor”. Sim, estamos tão ocupados em ministrar às pessoas e suas necessidades que poucas vezes temos oportunidade de ministrar ao Senhor. E, assim, semana após semana, saímos gratificados com nossas parcas necessidades satisfeitas. Quando é que ouviremos a voz do Senhor a dizer:

“Há alguém aqui que tão-somente Me ame?”

Como eu disse antes, o Salmo 103.1 ainda diz: “Bendize, ó minh’alma ao Senhor…”, mas praticamos o “Oh, Senhor, bendiga a minha alma!”.

Qual seria a nossa definição de herói? Provavelmente não é a mesma usada por Deus. Veja o que o Senhor disse sobre a mulher “pecadora” que quebrou um vaso de alabastro para ungi-Lo com óleo. Se o céu tivesse uma “galeria da fama”, posso dizer-lhes um nome que estaria no topo da lista: Maria, a mulher do vaso de alabastro. O mais espantoso é que os discípulos ficaram tão embaraçados e constrangidos com o ato daquela mulher que quiseram mandá-la embora, mas Jesus fez daquele ato um monumento eterno à adoração desinteressada! E não foi por causa do talento ou da beleza de Maria, nem por seu “esforço religioso”, mas pela sua singela adoração. Os discípulos disseram: “Para que este desperdício?” (Mateus 26.8b) e Jesus respondeu: “Isto não é desperdício, é adoração.”

Com frequência, os discípulos se perdiam em meio a discussões sobre quem se assentaria à direita ou à esquerda, enquanto Jesus estava “faminto de adoração”. Sua fome atraiu uma estranha, alguém disposto a quebrar regras, uma lavadora de pés! Esse tipo de adoradores, enquanto ministram ao Senhor, ignoram os olhares e comentários da igreja politicamente correta.

O Senhor deseja nosso louvor e adoração. A “galeria da fama” do céu está cheia de nomes de ilustres desconhecidos, como aquele leproso que voltou para agradecer a Deus (enquanto os outros nove nem se incomodaram). Pessoas que tocaram o coração do Senhor e ficaram em Sua memória, das quais Ele diz: “Sim, Eu me lembro de você. Sei quem você é. Muito bem, servo bom e fiel!”

Enquanto isto, agimos como filhos ingratos, em nossos cultos, reivindicando nossas bênçãos e tudo o que biblicamente nos pertence. Religiosamente, buscamos as mãos de Deus, mas ignoramos o que seja buscar Sua face e dizer: “Eu O quero, Senhor!”.

ACOMODE-SE NO COLO DO ABENÇOADOR

Deus está nos dizendo: “… eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta…” (Apocalipse 3.8). Deus parece estar deixando abertas as portas dos céus e dizendo: “Venham para um novo lugar de intimidade e comunhão Comigo!” Você não precisa se preocupar com as bênçãos se estiver confortável no colo do Abençoador! Diga-Lhe que O ama e as bênçãos virão como consequência. Busque o Abençoador, não as bênçãos! Busque o Avivador, não o avivamento! Busque a face de Deus, não Suas mãos!

Vejo muitas vezes nos corredores das igrejas pessoas que subiram ao colo do Pai. Vejo-as inclinarem suas cabeças nos bancos enquanto buscam a face de Deus. Algo está acontecendo na Igreja hoje, e não tem nada a ver com a manipulação dos homens. Você já não está cansado de tudo isto? Não está faminto por um encontro com o Senhor, um tipo de encontro que não esteja contaminado com as vãs promoções e manipulações dos líderes carnais? Não anseia pela manifestação do Senhor em sua vida? Acredite, você não está sozinho! Existiu uma mulher que marcou o caminho do arrependimento com suas lágrimas e se despojou de sua glória perante o Senhor.

“Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa.

E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.

Ao ver isto, o fariseu que o convidara, disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.

Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma cousa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre.

Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?

Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés.

Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.

Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.

Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?

Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.” (Lucas 7.36-50)

Você pode estar a poucos passos espirituais de um encontro que mudaria sua vida inteira. Se você deseja ver a face de Deus, siga Maria até os pés de Jesus. Derrame o precioso “bálsamo” do louvor e adoração que está em seu vaso de alabastro. Você tem mantido seu tesouro guardado por muito tempo, mas existe Alguém que é merecedor dele. Não o guarde mais!

Os evangelhos de Mateus e Marcos também relatam este fato e dizem que Simão era, ou tinha sido, leproso (Veja Mateus 26.6,7; Marcos 14.3). Muitos estudiosos acreditam que a relato apresentado pelo Dr. Lucas era a história de um evento anterior. Mesmo assim, Simão, o fariseu, ainda era um leproso espiritual, porque padecia do pecado desfigurador da hipocrisia.

Sempre vemos alguns fariseus com a lepra da hipocrisia, mostrando desprezo, quando derramamos o melhor de nós aos pés do Senhor. Mas quem se importa? Quem é que sabe dos problemas que foram tirados de nossos ombros naquele momento? Quem conhece as preocupações, medos e ansiedades que desapareceram, quando O ouvimos dizer: “Eu aceito você.”

Aos olhos de Deus, somos todos leprosos espirituais. Precisamos ser aqueles que se voltam ao Libertador para oferecer ações de graça. Se o Senhor o aceita, você pode ignorar todas as outras vozes que lhe dizem: “Eu o rejeito.” Não quero ser rude, mas quem se importa com todos os outros leprosos que o rejeitam, se você foi aceito e curado pelo Rei?

Na narrativa registrada nos evangelhos de Mateus e Marcos, os piores críticos de Maria não foram os fariseus ou os saduceus. Eram os próprios discípulos de Jesus que estavam prontos para expulsar Maria, quando Jesus interveio rapidamente.

“Mas Jesus disse: Deixai- a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. (…) Ela fez o que pôde: antecipou-se a um ungir-me para a sepultura. Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.” (Marcos 14:6,8,9)

VOCÊ ESTÁ NA MEMÓRIA DO SENHOR?

Jesus disse que a mulher que quebrara o vaso de alabastro, ungindo- 0 para Seu sepultamento, não seria esquecida onde quer que o evangelho fosse pregado. Em outras palavras, ela estaria sempre na memória de Deus. Você anseia por uma visitação do Senhor? Então, terá que preparar lugar para Ele em sua vida: não importa quão cheia e atribulada ela possa parecer agora. Isto significa que seus tesouros mais preciosos precisam ser quebrados para exalar uma fragrância que fique na lembrança do Senhor.

Seu quebrantamento possui um aroma suave diante de Deus. Ele receberá cada lágrima que se derramar pelo seu rosto. A Bíblia diz que Ele guarda um “odre” de memórias para recolher cada lágrima que você derrama (Veja Salmos 56.8). Deus o ama, então, corra para aquele lugar secreto onde você mantém escondido o seu “vaso de alabastro” com a unção preciosa que reservou para este momento especial. Quebre-o aos pés do Senhor e diga: “Jesus, eu O amo mais que qualquer outra coisa. Abandonarei tudo, irei onde for preciso. Só quero o Senhor.”

Mas não se engane: foi necessário que Maria se humilhasse, enxugando os pés do Senhor com seus cabelos. A Bíblia diz que o cabelo da mulher é a sua glória, Maria usou sua glória para enxugar os pés de Jesus. As mulheres, nos tempos de Jesus, geralmente, usavam seus cabelos presos para cima, e, quando saíam de casa, eles eram enrolados em um turbante ou envoltos em um véu. Maria, provavelmente, teve que desfazer seu turbante para enxugar os pés do Senhor.

Não quero escandalizar ninguém, mas é importante que tenhamos noção do que isto significava para a reputação de Maria. Naquele tempo, eram usadas sandálias, quando os convidados entravam em uma casa: elas eram deixadas à porta. A maior parte dos viajantes, em Israel, compartilhava as estradas com camelos, cavalos e jumentos. Era impossível não ter contato com as fezes destes animais durante o percurso. As sandálias protegiam os pés durante a viagem, mas não eram utilizadas na casa de alguém. Certamente as marcas da viagem (inclusive o cheiro dos animais) ainda permaneciam nos pés descalços. Por esta razão, o trabalho “sujo” de lavar os pés de alguém era reservado aos servos mais insignificantes da casa. Qualquer servo que lavasse os pés dos convidados já era, automaticamente, contado entre os escravos mais desprezíveis, e era, abertamente, tratado com indiferença.

Imagine a humildade da adoração apresentada por Maria. Ela desmanchou sua “glória”, seus cabelos, para enxugar os pés do Senhor. Nossa justiça e glória não passam de trapos: só servem para enxugar os pés do Senhor (Veja Isaías 64.6)!

Naquele tempo, se você realmente quisesse desonrar e humilhar uma pessoa que chegasse à sua casa, bastava fazer com que seus servos não se preocupassem em lavar os pés dela. Principalmente na casa de um fariseu, que tanto valorizava a limpeza exterior. Jesus diz claramente que, ao entrar na casa de Simão, ninguém se preocupou em lavar os pés (Lucas 7.44). Simão queria que Jesus estivesse em sua casa, mas não queria honrá-Lo. Quantas vezes queremos a presença de Deus em nossos cultos, mas nos recusamos a louvá-Lo como deveríamos?

NOSSOS CULTOS SÃO REALIZADOS PARA DEUS OU PARA OS HOMENS?

Por muito tempo, a Igreja tem pedido a presença de Deus, mas nunca O coloca em uma posição de honra. Isto significa que tudo o que queremos são Seus “brinquedos”. Queremos as curas, os dons sobrenaturais e todos os milagres que Ele pode fazer. Mas, na verdade, não queremos honrá-Lo. Como eu posso dizer tal coisa? Pergunte a si mesmo se nossos cultos são feitos para entreter os homens ou para honrar a Deus. O que é mais importante, ouvir alguém dizendo: “O culto foi realmente muito bom, gostei muito!”, ou ouvir a aprovação do Senhor?

No passado, quando Deus se fez presente em nossos cultos, quando foi que paramos tudo que estávamos fazendo, simplesmente, para honrá-Lo? Ou será que consideramos que Sua visitação seja um motivo justo para suspendermos todos nossos compromissos, mas somente até certa medida?

Será que, quando Maria quebrou seu vaso de alabastro com o bálsamo precioso, ela percebeu que suas lágrimas, ao caírem nos pés empoeirados do Senhor, deixavam um rastro de limpeza? Será que ela se deu conta do desrespeito mostrado a Jesus naquela casa, embora Ele fosse o convidado? Creio que sim, e isto deve ter partido seu coração. Seu pesar pareceu aumentar a intensidade de suas lágrimas, até que se tornaram como uma torrente. Havia tantas lágrimas caindo sobre os pés de Jesus, que Maria, literalmente, os lavou, tirando de sobre eles o cheiro dos animais!

Mas o que ela poderia usar para enxugar os pés do Senhor? Ela não tinha honra ou autoridade naquele lugar, não podia pedir uma toalha. Como não houvesse nada à mão e nada fora providenciado pelo dono da casa, Maria usou seus cabelos, sua glória, para enxugar os pés de Jesus. Ela tirou d’Ele toda rejeição, desrespeito e desprezo mostrados naquela casa. E tomou, sobre si mesma, todas as evidências da pública rejeição ao Senhor. Você consegue imaginar o que isto causou ao coração de Deus? Ao repreender abertamente Seu anfitrião, Jesus nos dá pistas do que sentiu naquela hora:

“E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.” (Lucas 7.44-47)

VOCÊ TEM QUE SE DESPOJAR DE SUA GLÓRIA PARA MINISTRAR AO SENHOR

O Senhor me disse: “Maria despojou-se de sua glória para ministrar a Mim.” Se todos os discípulos estivessem presentes, havia, no mínimo, mais doze pessoas naquela casa, mas ninguém alcançou o mesmo nível de intimidade que aquela mulher. Os discípulos, embora fossem boas pessoas como Pedro, Tiago e João, fracassaram. Ouça meu amigo: Você pode estar tão ocupado sendo um discípulo atuante, que pode estar fracassando na adoração! Você acha que Deus precisa que façamos coisas para Ele? Não é Ele o Criador que deixou os céus para escavar os sete mares com a palma da mão? Não foi Deus que premeu a terra para fazer as montanhas? Então, é óbvio que Ele não precisa que você “faça” nada. O Senhor quer sua adoração.

Jesus disse à mulher junto ao poço:

“…os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. ” (João 4.23)

Assim como muitos pastores, ministros e diáconos nas igrejas de hoje, os discípulos ficaram nervosos ao ver aquele tipo de fome por Deus: “Alguém pare esta mulher”, teriam dito. Mas Jesus interveio: “Não, finalmente alguém está fazendo algo correto. Não ousem parar esta mulher!” As igrejas hoje não têm lugar para “Marias com vasos de alabastros”, porque elas nos constrangem quando começam a desmantelar sua glória, orgulho e ego na frente de todo mundo (o problema é que nossa glória, orgulho e ego se sobrepõem à humildade).

Deus está dizendo ao Seu povo: “Se vocês estiverem dispostos a se despojarem de sua glória, Eu os trarei para perto de Mim.” Posso ouvi-Lo dizer: “Esqueça sua glória, coloque seu ego de lado. Não Me importa quem você seja, o que sinta ou quão importante pense ser. Eu o quero, mas primeiro você tem que ‘esmigalhar’ sua glória.” Por quê? Porque o sepultamento da glória do homem é o nascimento da glória de Deus.

A paixão de Maria atingira tão alto nível, que ela poderia dizer: “Não ‘estou nem aí’ se as pessoas estão me vendo fazer isso!” Talvez você sinta um aperto no peito ao ler estas palavras. Posso quase garantir que você já aprendeu como manter a pose, mesmo que esteja louco para cair aos pés do Senhor clamando por perdão e misericórdia. Deixe que o amor que existe em você quebre aquela casca que encobre aquilo que você realmente é: “Você é aquilo que pensa.” Deus quer que você, espontânea e corajosamente, deixe que o mundo saiba o quanto O ama – mesmo que tenha você que “esmiuçar” sua glória na frente de vários discípulos criticastros. Quebre seu vaso de alabastro, onde está guardado o que você tem de mais precioso, e mostre publicamente sua paixão pelo Senhor.

Deus não precisa de seu culto religioso: Ele quer a sua adoração. E a única adoração aceita por Ele é a que provém da humildade. Se você quiser vê-Lo, terá que se despojar de sua glória e banhar os pés do Senhor com suas lágrimas -sem se importar com o que haja neles. Não é exatamente para isso que serve nossa glória? Nossa justiça é um trapo imundo aos olhos de Deus.

VOCÊ QUER SER UNGIDO OU SER AQUELE QUE UNGE?

Costumamos colocar num “pedestal” as pessoas que foram ungidas por Deus. Mas quem Deus mantém em Sua lembrança? Jesus disse que o ato de Maria seria contado, para memória sua (Mateus 26.13). Gostamos dos ungidos, Deus, no entanto, gosta daqueles “que ungem”! Estes são os que amam mais a Deus do que aquilo que Ele pode oferecer.

Acredito que, na verdade, Maria ungiu Jesus duas vezes, e ainda iria ungi-Lo uma terceira vez. Primeiro, em Lucas, Capítulo 7, ela veio como uma pecadora e ungiu Seus pés, esperando, a todo custo, receber Seu perdão. Depois, em Mateus 26 e Marcos 14, ela ungiu a cabeça de Jesus no final de Seu ministério terreno. O próprio Jesus disse que o que ela fazia era para Seu sepultamento (Mateus 2612). Agora pense: Jesus estava pendurado na cruz, suspenso entre o céu e a terra (e naquele momento não era merecedor nem de um nem de outro), abandonado por todos, agonizando em seus últimos suspiros de vida.

Mas, que cheiro Ele exalava? Que cheiro suplantava a fragrância do sangue vertido pela Sua face moída? Que cheiro era mais forte que o barulho dos soldados disputando Sua capa? Que cheiro encobria até mesmo o escárnio dos sacerdotes judeus? Era o aroma da adoração que permanecera entre Seus cabelos… Ele exalava o odor do óleo que estava no vaso de alabastro! A memória daquela adoração O encorajava na Sua decisão e Ele consumou Sua obra.

A mesma mulher que O ungiu em vida, testemunhou Sua crucificação, e disse: “Não posso deixá-Lo sem unção em Sua morte.” Ela carregou outros óleos preciosos para ungir o corpo do Senhor no túmulo, mas encontrou, para sua surpresa e dor, o túmulo vazio. Então, começou a chorar e clamar. Ah, o amor daqueles que ungem! Estão dispostos a derramar unção até sobre o que já se foi!

Jesus acabara de sair do túmulo e estava a caminho da glória, onde salpicaria com Seu sangue vertido o trono da misericórdia, quando ouviu um choro familiar. Era potencialmente a Sua missão mais importante, porque era a consumação daquilo que nenhum sumo sacerdote, ainda que revestido de santidade e pureza, conseguira realizar. Os sumos sacerdotes de Israel tinham que ser muito cuidadosos e não permitir que fossem contaminados: nenhuma mulher poderia tocá-los. Jesus estava pronto a consumar tal obra e colocar Seu sangue sobre o propiciatório, mas ouviu aquela que se despojou de sua glória para limpar Seus pés e ungi-Lo.

Talvez Ele estivesse no primeiro degrau da “escada de Jacó” que ascendia aos céus, quando parou e disse: “Lá está ela novamente com suas fragrâncias preciosas e os sacrifícios de louvor, e não estou por perto para receber.” Ele parou quando estava a caminho para cumprir Sua tarefa mais importante: “Não posso deixá-la aqui sem que ela saiba o que aconteceu.”

Um adorador pode, literalmente, interromper os planos e propósitos de Deus. Jesus adiou sua principal missão, para ir à pessoa que havia quebrado o vaso mais precioso que possuía para ungi-Lo. Ele viu as lágrimas dela e, colocando-se por detrás, chamou: “Maria, Maria!”

DEUS FOI INTERROMPIDO PELO CLAMOR DE UMA PROSTITUTA

O que levou o Filho de Deus a fazer isso? Por que o Grande Sumo Sacerdote interrompeu Sua caminhada em direção ao propiciatório, ao ouvir o clamor de uma ex-prostituta? Uma coisa eu posso lhe dizer: Ele só faz isto pelos que estão na “galeria dos verdadeiros adoradores”. Num primeiro momento, Maria não O reconheceu, porque Ele havia mudado. Ela perguntou: “Onde você O colocou? Onde você colocou Aquele Cujo rosto me era tão familiar?” Ela pensou que o Cristo glorificado fosse um simples jardineiro (alguns, hoje, parecem não reconhecer a glória de Deus quando ela está bem diante de nós).

Finalmente, o choro de Maria cessou e ela ouviu a voz de Jesus dizendo: “Maria!” Sua aparência mortal havia sido transformada em imortal, e todas as Suas feições já não eram terrenas, mas celestiais. Ele rapidamente a alertou: “Maria, não Me toque. Não quero ter que passar pelo sacrifício da cruz novamente, não toque em Mim. Só queria que você soubesse que estou bem. Vá e conte aos discípulos” ((Veja João 20.7) Três dias depois, Jesus apareceu para os demais discípulos. Eles poderiam tocá-lo desta vez, mas só depois que Ele completou Sua missão junto ao propiciatório). O Senhor te ve que Lhe dizer para não tocá-Lo. Ele disse isso porque sabia que ela poderia fazê-lo! Ele também estava próximo o bastante para ela O tocar, se quisesse. Jesus arriscou ser crucificado de novo para conversar com aquela que O ungira.

Deus vai revelar Seus segredos proféticos, antes mesmo que eles venham a acontecer, para aqueles que quebram “protocolos” da adoração e O ungem com fragrâncias aromáticas. Ele pode colocar de lado Sua glória por aqueles que estão dispostos a se despojarem de seu ego e glória humana.

VOCÊ ESTÁ ESPERANDO POR UMA REVELAÇÃO DA PARTE DE DEUS?

De certa forma, Jesus estava colocando em perigo os propósitos de Deus Pai por causa de uma adoradora que se despojou de sua glória. É por isso que Ele teve que dizer: “Não toque em Mim!” Que confiança Ele tinha nela! Você já percebeu como algumas pessoas parecem ter uma estreita relação com Deus? Por alguma razão, Deus parece estar próximo a elas o tempo todo. E não é porque elas preguem bem, ou porque cantem louvores divinamente. E porque sabem muito bem como se despojar de seu ego e de sua glória. Deixam tudo de lado, para se renderem aos pés do Senhor, em humildade e quebrantamento. É para estes poucos e preciosos adoradores que o próprio Deus interrompe Sua ascensão ao céu para lhes revelar Seus segredos, para falar a seus corações aquilo que está prestes a fazer.

Você percebeu que não foi Deus quem quebrou o vaso de alabastro de Maria? Ela é quem teve que fazê-lo. Se você quer este tipo de encontro com Deus, terá que você mesmo quebrar seu vaso. Não existem atalhos, métodos ou fórmulas para ajudá-lo a chegar ao mais elevado nível de adoração, porque ele só vem do quebrantamento. E ninguém fará isto em seu lugar, pois é algo que só você pode fazer. E quando assim o fizer, Deus vai parar o que estiver fazendo para passar algum tempo com você.

Se Ele ouvir o menor barulho de seu vaso precioso sendo quebrado, se Ele perceber o menor sinal de que você esteja se despojando de sua glória, então, interromperá o que estiver fazendo, e Se voltará para você, pois não desprezará um coração contrito e arrependido (Veja Salmos 51). Ele vai mover céus e terra para visitá-lo.

Quer saber porque algumas igrejas experimentam avivamento ou porque algumas pessoas têm intimidade com Deus? A resposta é: quebrantamento. O quebrantamento do coração delas chama a atenção de Deus. Tudo começa quando o amor que têm por Ele suplanta o medo do que os outros possam pensar. Você não pode buscar a face do Senhor e preservar a sua própria “face”. A “destruição” da sua glória, o despojamento, se assim lhe aprouver, é o começo da glória de Deus.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

SER MULHER

Na atualidade, com o desenvolvimento do capitalismo, o corpo feminino aparece coisificado, como objeto de consumo

Ser mulher

Pensar a representação social da mulher na contemporaneidade implica o resgate da localização do feminino historicamente. Trata-se de um conceito que tem desenvolvimentos históricos e culturais e que não pode ser encarado como “natural”. A maneira como a mulher e o feminino são representados se modifica através dos tempos. Enquanto recorte histórico é possível partir, por exemplo, de um período que marca rupturas importantes na sociedade, o período da Renascença, período este em que a mulher era destinada a amar e obedecer o marido.

Os estudos do historiador Phillip Arriès enumeram o desenvolvimento do lugar da mulher na sociedade (entre outras temáticas). É possível acompanhar com o autor que historicamente a mulher tem sido desprivilegiada no que concerne aos espaços sociais. Se na Idade Média a mulher era alvo de perseguições religiosas, na Era Moderna existe um discurso amoroso, sem as sublimidades da religião, e ele se adaptará às exigências de uma sociedade de consumo para reforçar a definição da mulher como um objeto precioso possuído por aquele que a ama. Faz-se de suma importância o questionamento sobre esses lugares simbólicos destinados ao feminino, tendo em vista o desafio de pensar em contingência ao tempo atual; ou seja, sem a facilitação do historiador que tem a superação das condições estudadas implícitas em sua pesquisa.

A teoria crítica em Ciências Humanas, principalmente da Escola de Frankfurt, se baseia no marxismo para entender a sociedade, enquanto dividida em classes, e também na teoria psicanalítica para tratar das questões dos sujeitos em diálogo com as questões do social, sem criar rupturas entre ambas as perspectivas. De acordo com Olgária Matos, “essa teoria crítica realiza uma incorporação do pensamento de filósofos tradicionais, colocando-os em tensão com o mundo presente”.

Essa mesma teoria (crítica) também possibilita, enquanto “arma teórica”, a desestabilização do império da lógica capitalista no mundo globalizado e da desmarginalização das discussões de temáticas rechaçadas pelo sistema, sendo esse o papel das Ciências Humanas e Sociais enquanto forma de resistência à ideologia do capitalismo e do patriarcado.

Na atualidade, com o desenvolvimento do capitalismo, e o fetichismo da mercadoria, o próprio corpo da mulher aparece reificado (coisificado), como objeto de consumo. É possível articular esse tema à obra cinematográfica A Pele que Habito, do cineasta espanhol Pedro Almodóvar Caballero.

Apenas para contextualizar, o filme de Almodóvar trata de uma trama trágica no seio de uma família, em que, após o suicídio da esposa e o estupro da filha, o médico cirurgião plástico, dr. Robert Ledgard, decide se vingar do malfeitor (Vicente) transformando-o em uma mulher, o que faz através de inúmeras cirurgias. O médico estava desenvolvendo uma pele artificial, que serviria para amenizar as deformidades da esposa causadas por queimaduras que sofreu e que desfiguraram sua aparência, mas ela se suicida, não dando tempo de ele finalizar suas tentativas. Essa obra abre espaço para o questionamento acerca do feminino e de suas modulações representativas na cultura, bem como da cultura enquanto atrelada a um determinado momento histórico: a contemporaneidade.

Dentre alguns estudos já produzidos sobre a obra de Almodóvar, há o de Cascaes e Martins, que irão destacar o aspecto de dominação masculina representado na obra e que dialoga com um modelo social ainda atuante na visão das autoras. Em uma cena, a filha do médico cirurgião se encontra a sós com Vicente em uma festa, e mesmo tendo no início correspondido às investidas do rapaz a moça passa a resistir e demonstra não querer ir adiante com as preliminares e trocas de carícias, o que é repudiado por Vicente, que considera apenas o seu desejo de consumar o ato sexual. Essa cena assinala uma característica ainda atual, de acordo com as autoras citadas, que ilustra uma sociedade de “binarismos hierarquizados marcados pela dominação patriarcal. Neste contexto, especialmente a mulher sofre variadas formas de discriminação em uma evidente relação de subordinação e controle sobre o diferente”.

Para inserir uma reflexão psicanalítica sobre o filme de Almodóvar dentro do contexto atual, político e social, cabe ainda ressaltar que a Psicanálise, desde Sigmund Freud (1856-1939), seu criador, aborda a questão do feminino pela via política. Freud, ao estabelecer seu método de associação livre no tratamento da histeria do século XX, dá a palavra às mulheres de sua época e privilegia o discurso da singularidade acerca de seus sintomas e desejos. Elabora uma nova teoria sobre a sexualidade, que esbarra na impossibilidade de representar unicamente pela via do falo o que é uma mulher, ou seja, de representá-la pela via do que pode ser compartilhado na cultura de forma genérica (representação social); o falo é uma forma representativa de poder, via de regra masculino, limitado e nomeável. A resolução do complexo de Édipo é, segundo Freud (1924), do lado masculino, a identificação à ordem dos possuidores do falo, enquanto que para o lado feminino o pai da Psicanálise não consegue resolver a equação; ou seja, não determina ao certo qual seria a maneira feminina de resolução do Édipo, apenas de sua entrada (a entrada da menina no Édipo) através do complexo de castração, e em seus estudos deixa a questão do feminino em aberto.

Freud tentou transpor essa explicação [a do complexo de Édipo, grifo do autor] para o lado feminino, não sem deparar com muitas surpresas e desmentidos. É importante assinalar, entretanto, que, no final, reconheceu o fracasso de sua tentativa. Seu famoso O que Quer uma Mulher? confessa isso, no final, e poderia traduzir-se assim: o Édipo produz o homem, não produz a mulher.

 CONSTRUÇÃO DO FEMININO

Essa afirmação de que o complexo de Édipo não produz a mulher, do ponto de vista da estruturação social, quer dizer ainda que a mulher não se constrói apenas pela via da identificação social (relação triangular: pai, mãe, criança etc.). No filme de Almodóvar é possível sublinhar algumas tentativas de construção do feminino que são fadadas ao fracasso, por se tratarem justamente de uma construção que vem do Outro. O dr. Robert tenta transformar Vicente em uma mulher, não apenas através das inúmeras cirurgias e procedimentos aos quais o submete, mas também busca que Vicente assuma uma posição feminina para com ele, e, apesar de o desfecho da trama parecer bastante enigmático, é evidente que Vicente resiste. “Sei que respiro’’ é a frase que ele escreve nas paredes de seu quarto. Respirar é o que o mantém na posição ética de seu desejo e de sua existência enquanto não determinada pelo outro (o médico), é o único espaço que possui enquanto ação, inclusive de seu corpo, que o coloca na posição de assumir o controle e não de ser controlado.

Seria Vicente com toda sua resistência uma metáfora da própria posição da mulher na sociedade? Uma vez que a mulher não pode ser construída apenas pela via da identificação e que ela não pode ser apenas construída ou pensada pelos elementos simbólicos da cultura, Vicente, ao ser obrigado a estar nessa posição, metaforiza a resistência feminina aos saberes e lugares estabelecidos pela sociedade para a mulher ainda hoje? Cabe uma reflexão.

Talvez um dos elementos mais valiosos da arte, e da oitava arte em consequência – a de que se trata aqui – seja justamente a possibilidade de levantar questionamentos e enigmas a serem refletidos. A Psicanálise, de maneira muito parecida, também se interessa por reflexões e enigmas acerca do humano. Freud inicia o questionamento sobre o feminino, mas não chega a concluir a teoria sobre o tema, ele o introduz na cena de seus estudos clínicos e, logo, dá espaço para estudá-lo cientificamente, mas não tem tempo de finalizá-lo. Outros psicanalistas deram continuidade aos estudos freudianos. Um desses psicanalistas que vão se atentar bastante aos estudos do feminino e do que é ser uma mulher é o francês Jacques Lacan (1901-1981).

DEMANDA DE AMOR

De acordo com a psicanalista Collete Soler, Freud enfatizava a demanda de amor como propriamente feminina. Lacan (…) ressalta que, na relação dos desejos sexuados, a falta fálica da mulher vê-se convertida no benefício de ser o falo, isto é, aquilo que falta ao Outro. Para Lacan, de acordo com Soler, a falta feminina já está positivada. Em outras palavras, a falta fálica, ou como mencionado a impossibilidade de ser simbolizada e localizada apenas pela via fálica, potencializa a mulher, dizer que ela tem sua falta positivada é afirmar que sua falta possibilita a criação e a construção singular de sua posição. É um signo cultural o quanto a mulher se coloca sempre na tentativa de ser única, essa é a sua falta positivada.

É possível pensar em situações banais, nas quais o feminino alcança destaque justamente pela via da singularidade, enquanto o masculino pela via da generalização. Um bom exemplo, talvez um pouco batido mas útil, é o de uma festa onde as mulheres tentam estar o máximo possível diferentes e singulares em relação a suas vestimentas, enquanto os homens procuram estar o mais parecidos e discretos. Qualquer detalhe extra, como a cor da roupa ou acessório, chama a atenção e fragiliza a masculinidade. Eis aqui um fator limitante e também opressor para aqueles que estão do lado masculino na sociedade.

A partir do exposto é possível articular a problemática das representações sociais do feminino na contemporaneidade, com a posição da Psicanálise acerca da posição feminina e do que é ser uma mulher, uma vez que esta última coloca a resposta na via de uma construção idiossincrática; ou seja, ser uma mulher é para a Psicanálise, desde sempre, o enfrentamento político aos discursos já reinantes e aos lugares simbólicos já estabelecidos (representações sociais).

O filme A Pele que Habito traz à tona o questionamento sobre o que é ser uma mulher, os enfrentamentos de estar na posição feminina e os desdobramentos sociais que enfatizam desde períodos como a época medieval ou a Renascença, citados anteriormente, até a atualidade, onde é possível perceber os determinantes sociais masculinos e a indispensável resistência feminina que aponta para a construção de seu próprio lugar e espaço, enquanto enfrenta a desconstrução desses outros lugares e espaços predeterminados pela cultura.

 

LUCIANA MOUTINHO – é psicanalista, psicóloga de formação e mestre em Psicologia Social pela PUC-SP. Atende em consultório particular e organiza cursos livres de Psicanálise.  Professora e supervisora universitária na faculdade Anhanguera e supervisora clínica na Faculdade de Medicina do ABC – Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica.

OUTROS OLHARES

VITAMINA NA VEIA

Disseminam-se no mundo, inclusive no Brasil, e com celebração pública, as aplicações de nutrientes direto no braço, em bolsa de soro. Mas atenção: há riscos

Vitamina na veia

É um pouco estranho, e à primeira vista parece assustador: viralizaram nas redes sociais as fotos de famosos ou quase famosos em clínicas ou mesmo em casa recebendo coquetéis de vitaminas direto na veia, de modo semelhante ao da aplicação de remédios em internações, com bolsa de soro e fios pendurados no braço. Trata-se de uma onda americana, que chegou à Europa e se disseminou no Brasil. “A terapia de soro é excelente para repor nutrientes, dar energia e desintoxicar”, disse em vídeo postado em maio a nutricionista Andrea Santa Rosa, mulher do apresentador Marcio Garcia. A modelo americana Chriss y Teigen pôs a seguinte legenda debaixo de uma foto em que aparece de roupão, na cama: “Hello! Body meet   vitamins”, algo como “Oi! Corpo recebendo vitaminas”.

O método consiste na aplicação de compostos que, a depender da combinação, têm efeito específico. O pacote com as vitaminas B, C e D e o antioxidante glutationa, por exemplo, é usado contra o envelhecimento. O procedimento leva de trinta minutos a uma hora. Cada bolsa de soro de 1 litro pode custar de 25 a 400 dólares. No Brasil, o custo chega a 800 reais. Nos Estados Unidos e no Japão, os locais das aplicações extrapolam os ambientes controlados. A cantora Madonna (sempre ela) foi a pioneira ao aplicar em si própria, em público, durante um voo de Nova York a Londres, compostos de energéticos. Hoje há bares que oferecem blends vitamínicos. No Brasil, as aplicações têm de ser feitas em ambientes hospitalares ou em clínicas. Há pelo menos dez delas que oferecem o produto, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na maioria das vezes, o paciente submete-se a exames para detectar a carência de nutrientes.

A razão do sucesso desse método está no fato de que a absorção das substâncias na forma injetável é muito mais rápida e eficaz em relação à ingestão pela boca. Faz sentido, já que por via intravenosa elas não são absorvidas pelo estômago nem pelo intestino. Mas há aspectos negativos. O excesso de vitaminas e minerais aumenta o risco de sobrecarregar os órgãos, atalho para diarreias, cálculos renais e arritmias. A reposição injetável deve ser reservada apenas para casos particulares, em que há deficiência vitamínica confirmada em laboratório. “Os portadores de doenças gastrointestinais, cuja condição afeta a absorção de vitaminas, e os adeptos de dietas restritivas são os principais beneficiados”, diz a endocrinologista Claudia Cozer Kalil, do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Para o metabolismo de um corpo saudável, basta uma dieta equilibrada”. Portanto, convém tratar a nova onda como mais uma injeção milagrosa

Vitamina na veia. 2

GESTÃO E CARREIRA

APRENDA A APRENDER

A vida é feita de novas experiências, seja na área profissional ou pessoal e, desde as situações simples às complexas, é imprescindível que possamos nos maravilhar com as novidades constantemente. Esse já é um aprendizado

Aprenda a aprender

Há sempre mais para ser explorado! Esse talvez seja o pensamento que deveríamos ter ao menos uma vez por dia, para colocar sempre em pauta a necessidade de olharmos por cima do muro do cotidiano e encontrar possibilidades onde antes acreditávamos existir apenas o trivial. Vamos a um exemplo prático?

Imagine que está escrevendo uma carta sobre a sua vida para um amigo que não vê há muito tempo. Logo num primeiro momento, não lhe vêm à cabeça apenas as coisas que já são conhecidas, ou seja, o que já realizou e faz no presente? Dificilmente a primeira ideia a apresentar nessa carta será o seu planejamento para o futuro e as descobertas que tem feito ao longo dos dias. Por uma característica de “sedentarismo mental”, buscamos sempre o estado de equilíbrio baseado nos fatos e nas situações que já nos são familiares e confortáveis, ainda que dentro desse cenário existam situações desagradáveis.

Refletindo sobre essa questão, é imprescindível que a gente possa se maravilhar com as novidades da vida constantemente. Deixe de lado, ainda que por alguns instantes no dia, todas as certezas e busque as perguntas em vez de respostas. Lembre-se de que na história da humanidade ti- vemos a queda de grandes verdades, entre as quais o pensamento de que a Terra era plana. Bem, se a curiosidade – e o empenho em saná-la – nos fez evoluir nesse caso, por que não utilizá-la a nosso favor também nas demandas de nossa existência? Felizmente, não temos a capacidade de aprender algo a ponto de dominá-lo, o que exige uma renovação periódica do que acreditamos conhecer.

Contudo, quando deixamos de in- vestir energia e tempo na tarefa de redescobrir, corremos o risco de cair no mar do “conhecimento ignorante”. Essa é a situação vivenciada pelos profissionais que viajam o mundo todo a trabalho sem se darem a oportunidade de explorar de forma concreta as regiões por onde passam. Após algum tempo, eles até poderão ter muitas histórias interessantes para contar sobre suas idas e vindas, mas poucas terão realmente algo de original, pois é bem provável que não saibam falar sobre a experiência da culinária local ou de como o povo se comporta.

Quantas vezes na semana você faz uma parada para pensar como es- tão se relacionando os fatos ligados a diferentes dimensões da sua vida? Por exemplo, a sua última promoção no trabalho se deu em um momento positivo no âmbito familiar? Além disso, como seu comportamento com amigos e pessoas queridas é modificado quando algo não está bem no escritório? Essas questões podem parecer simples, mas escondem algo importante: a existência do plano macro, ou seja, de uma forma de visualizar o mundo que está diretamente relacionada à sua totalidade e às conexões que se fazem presentes por trás dos fatos.

Como sempre, é necessário um bom planejamento, e essa visão macro o auxilia nesse processo. Estabeleça seus objetivos e pontue as metas sem deixar de lado os efeitos que elas terão no plano geral. Para isso, uma boa dica é ouvir a sua intuição. O que muitos chamam de “aquela voz que fala comigo mesmo” pode ser, quando estimulada da forma correta, uma potente ferramenta para as tomadas de decisão. Em outras palavras, de- vemos confiar em nossa intuição, deixando que ela nos guie e, à medida que essa relação se tornar mais contínua, os insights serão mais precisos e constantes.

Quando ouve a sua própria voz, você vê o que mais ninguém pode ver. Se o caminho para o sucesso pudesse ser escrito de forma simples, encontraríamos a sua síntese ao dizer que ele chega para os que enxergam o que ninguém viu, ainda que olhando para um mesmo referencial. Inovações tecnológicas, novas formas de comportamento e tendências no mercado surgem dessa forma. É fácil comprovar essa situação. Há poucos anos, ninguém   precisava de um telefone celular para dar conta de sua existência. Atualmente, ninguém mais sai de casa sem seu aparelho pessoal, nem mesmo para ir até a padaria. Para os que estão pensando ok, isso já não é mais uma novidade”, fica o convite: qual será o próximo meio de comunicação da humanidade? Vislumbre essa resposta e você pode ser a mais nova personalidade do mundo.

Aprenda a aprender! “Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.” Eternizada na voz de tantos talentos da nossa música, a canção de Gonzaguinha é o resumo do que há por trás de pessoas que unem sonho e vontade de fazer a diferença. Por isso, deixo aqui um pedido: crie um ambiente bem aconchegante em sua casa para realizar o café da manhã do aprendizado, deixe essa canção de fundo e escreva tudo o que você deve reaprender, abordando tópicos complexos ou simples, como “aproveitar o amanhecer em um dia de folga”. O importante é que você se reconecte com o espírito da boa desconfiança e aprenda o novo, mesmo que ele já seja muito conhecido pelo hábito. Há sempre algo de novo para conhecer e enxergar! Fazer diferente para fazer a diferença!

 

EDUARDO SHINYASHIKI – é palestrante, consultor organizacional, especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. É presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki e também escritor e autor de importantes livros como Transforme seus Sonhos em Vida (Editora Gente), sua publicação mais recente. http://www.edushin.com.br

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 8 – O PROPÓSITO DA PRESENÇA DE DEUS

 

O EVANGELISMO BASEADO NAS “ZONAS DE IRRADIAÇÃO” DIVINAS

Às vezes nos perguntamos: “Por que não consigo ganhar meus amigos para Cristo? Por que minha família não parece interessada em Deus?” A resposta pode chocá-lo e parecer um tanto quanto rude, mas, há ocasiões em que a verdade dói. Talvez você não tenha a presença de Deus em plenitude em sua vida, por isso seus conhecidos não estão interessados em Deus. Existe algo na presença de Deus que faz com que tudo mais perca a importância. Sem ela, você se tornaria tão pálido e sem vida quanto qualquer outra pessoa em seu redor. Sem a presença de Deus, não importa o que faça, você só será “mais um” para aqueles que convivem com você.

Não sei quanto a você, mas, quanto a mim, estou cansado de ser simplesmente “mais um” para os perdidos que me rodeiam. Tomei uma decisão: vou buscar a presença de Deus em minha vida! Quero estar tão junto do Senhor que, por onde quer que eu ande, as pessoas que se aproximarem de mim tenham um encontro com Ele. Elas nem se darão conta de minha presença, mas saberão que Deus está presente. Desejo estar tão “saturado” da presença de Deus que, ao tomar assento em um avião, todos que estiverem comigo, de repente, comecem a se sentir incomodados, caso estejam afastados do Senhor – mesmo que eu não lhes diga uma palavra. Não quero condená-los ou convencê-los: quero apenas trazer comigo o bom perfume do meu Pai.

Entendemos de programas de evangelização, em que batemos às portas, entregamos folhetos, ou realizamos alguma atividade na Igreja visando alcançar os perdidos.

John Wimber nos ajudou a entender o “evangelismo explosivo”, em que se combina a unção à programação. Orávamos para que alguém fosse resgatado, ao invés de nos atermos somente ao testemunho ou entrega de folhetos. Mas existe uma forma de evangelismo pouco compreendida e, talvez por isto, pouco utilizada, que chamo de “evangelismo-presença”. É nele que as pessoas percebem e dizem: “Eles estiveram com Jesus” (Atos 4.13). E neste tipo de evangelismo que a remanescente presença de Deus em uma pessoa cria em torno dela uma zona de irradiação divina tão forte, que afeta aos outros em redor (Veja Hebreus 8:11).

“A sombra que cura” se encaixa nesta categoria. Não era a sombra de Pedro que curava as pessoas (Veja Atos 5:15,16.), era a sombra d’Aquele com quem Pedro andava que estabelecia uma zona de cura, uma área livre da interferência maligna! Os hebreus acreditavam que a unção se estendia até onde a sombra alcançasse. Eu acredito que a glória se estenderá até onde a sombra de Deus alcance! Cubra a terra, Senhor!

O Evangelho Segundo Marcos nos diz que, depois que Jesus acalmou o mar e o vento durante uma grande tempestade, Ele e os discípulos chegaram à “terra dos gadarenos” (Marcos 4.35-5.1). Naquele dia, aconteceu algo que oro para que aconteça hoje.

Quando os pés de Jesus tocaram a costa de Gadara, logo Lhe veio ao encontro um homem possesso por cinco mil demônios e não demorou muito para que fosse liberto de seu tormento pela primeira vez na vida ((Veja Marcos 5:2-6). De acordo com W.E. Vine, uma legião romana no tempo de Jesus consistia em “mais de cinco mil homens”. Muitos acreditam que havia somente cerca de dois mil demônios naquele homem porque pediram ao Senhor permissão para invadir os corpos de dois mil porcos; mas, talvez, muitos deles tenham tido que “somar” seus esforços para escapar da dor esmagadora e do terror que sentiram diante da presença do Senhor). “Por quê? Como você sabe?” Marcos nos conta que o homem endemoninhado, quando viu Jesus, correu para adorá-Lo. Até aquele momento, eram os demônios que diziam-lhe aonde ir e o que fazer. Ele não tinha controle de suas próprias ações, não conseguia resistir mesmo quando os demônios o impeliam a se ferir.

O que mudou esta situação? O que transformou rapidamente aquele homem, cujas funções físicas e mentais estavam sob controle de cinco mil espíritos demoníacos? Vou lhe dizer o que aconteceu: O Pai entrou em casa.

E disso que precisamos hoje. Só precisamos escutar os passos de Deus… Quando isto acontecer, não teremos que nos preocupar em colocar os pequenos demônios para correr. Não teremos que declarar a Palavra contra seus principados ou destruir suas fortalezas. O propósito da manifestação da presença de Deus é “libertar os cativos”, para cumprir Lucas 4.18. Ele quer concluir o que não pôde começar em Nazaré, quando disse: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” (Lucas 4.21b.)

“Senhor, queremos vê-Lo! Estamos cansados de só ficar falando sobre o Senhor como se fôssemos crianças da Escola Dominical. Quando o Senhor vai Se manifestar a nós?”

Oro para que uma visitação do “tipo Isaías, capítulo 6” venha sobre as igrejas, porque basta que o do Todo-Poderoso Deus coloque os pés na cidade para que se quebrem séculos de cadeias demoníacas. Oro para que possamos dizer como o profeta Isaías: “Meus olhos viram o Senhor” Tenho orado para que haja uma mudança na Igreja, mas, oro, primeiramente para que Deus traga mudanças sobre cada um de nós individualmente. “Senhor, não estamos aqui por causa de uma bênção. Queremos o Abençoador. Precisamos de uma mudança”

Devo avisá-lo que não existe mudança sem quebrantamento. É assim que acontece. Quero encorajá-lo a permanecer “imerso” na presença do Senhor em todo o tempo e oportunidade. Quando se aproximar d’Ele, não se apresse e nem corra. Compreenda que esta é (ou deveria ser) sua prioridade. Permita que Deus trabalhe, de forma profunda, em seu coração e em sua vida. É assim que Ele vai perfurar um poço profundo em seu coração, que transbordará como um poço artesiano de poder e glória na presença d’Ele. O propósito da presença de Deus é trazer liberdade aos cativos e vitória a Seus filhos.

QUER VER UMA BRIGA TERMINAR? CHAME O PAI!

Temos, durante séculos, travado batalhas espirituais contra Satanás e os pequenos vilões de sua vizinhança, usando palavras de intimidação e, algumas vezes, paus e pedras. Mas, agora, é tempo de clamar pelo nosso Pai e ver nossas batalhas tomarem um rumo totalmente diferente. Digo-lhe, com toda fé que há em meu ser, que, se nosso Pai permitir que Sua presença toque a terra uma vez que seja, se ao menos uma pequena lágrima de Seus olhos caísse em uma cidade como Los Angeles, Nova Iorque, Rio de Janeiro ou São Paulo, uma enchente de Sua glória traria avivamento à terra, os demônios fugiriam e os pecadores cairiam de joelhos! Jesus, nos ajude! Venha, oh, Pai! Abba, Pai! Papai! Precisamos do Senhor!

A verdade é que, se você está realmente faminto para ver o Pai se manifestar, terá que compreender que deve parar de buscar Seus benefícios ou pedir que Ele faça isto ou aquilo. Temos transformado o que erroneamente chamamos de “Igreja” em um grande “clube da bênção” ao qual nos associamos, por causa desta ou daquela bênção. Não estou certo de que ainda precisamos buscar bênçãos. Foi isto que os israelitas fizeram ao longo da história, depois de terem fugido da face de Deus. Precisamos buscar quebrantamento, arrependimento, e dizer, não só com palavras, mas também através de nossas ações: “Deus, queremos o Senhor! Não importa se fará ou não algo por nós. Vamos subir ao altar. Deixe que Seu fogo nos purifique, para que finalmente possamos ver Sua face.”

Por que passaríamos por isto? Existem, pelo menos, duas razões nas quais posso pensar. Primeiramente, a experiência de contemplar a glória de Deus é transformadora. É a maior experiência de correção comportamental pela qual o ser humano pode passar, e tem, como consequência, a morte da carne. A segunda razão é que o verdadeiro propósito da manifestação da presença de Deus em nossas vidas é o evangelismo.

Se pudermos carregar um resíduo da glória de Deus para nossas casas e locais de trabalho, se pudermos atrair uma pequena porção do brilho de Sua presença para dentro de igrejas mornas, não teremos que implorar para que as pessoas venham a se arrepender diante do Senhor. Elas correriam para o altar tão logo a glória de Deus rompesse suas cadeias – elas não poderiam vir de outro jeito! Nenhum homem vai a Deus a não ser pelo arrependimento e salvação através de Jesus. Qualquer outro meio para salvação traz embutida a marca do destruidor.

O Senhor sabe que temos tentado facilitar o caminho para as pessoas virem a Ele através de uma graça barata e de um avivamento sem custo. Mas os efeitos desta barganha mal duram uma semana. Por quê? Tudo que proporcionamos às pessoas foi um encontro emocional com o homem, enquanto elas necessitavam de um encontro fatal com a glória e a presença do próprio Deus. De agora em diante, nossa oração deveria ser:

“Pai, confessamos que queremos ver uma mudança em nossas vidas e em nossa igreja para que possamos trazer mudanças em nossa cidade. Dê-nos tal amor e paixão pelo Senhor, que comecemos a ver Sua glória fluir através de nós para convencer e salvar os perdidos. Mostre Sua presença através de nossas vidas, assim como o Senhor fez através de Charles Finney, quando ele andava pelas fábricas e via trabalhadores dobrarem seus joelhos sob a Sua glória e clamarem por perdão, embora nenhuma palavra tenha sido dita ou pregada. Que a mais tênue sombra de Sua presença em nossas vidas possa curar os doentes e restaurar os coxos que encontramos pelas ruas.

Permita que estejamos de tal forma imbuídos de Sua presença, que as pessoas não consigam entrar em nossos lares ou permanecerem em nossa presença, sem que se arrependam de seus pecados. Que a Sua glória, Pai, traga convencimento em suas vidas e as conduza à salvação, não por causa de nossas palavras, mas por causa de Sua presença e poder em nossos corações.”

Para ser honesto, estou procurando pelo mesmo tipo de avivamento que aconteceu nas ilhas Novas Hébridas (Nota do tradutor: O arquipélago Novas Hébridas, localizado no Oceano Pacífico, obteve sua independência em 1980, passando a se chamar República de Vanuatu.), quando oficiais foram enviados ao evangelista Duncan Campbell, que estava conduzindo cultos noturnos naquela região, e disseram: “Será que você poderia nos acompanhar à delegacia? Há uma multidão por lá, não sabemos o que está acontecendo, mas, talvez, você saiba.” (Isto, realmente, aconteceu!)

O evangelista conta que, enquanto se encaminhava à delegacia, juntamente com os policiais, às quatro horas da madrugada, se chocou com a calamidade que pairava no ar: parecia que uma praga estava sobre o lugar. Atrás de cada porta e por todo lado, havia pessoas chorando e clamando. Homens se ajoelhavam nas esquinas, mulheres e crianças, ainda de pijamas, estavam na entrada de suas casas chorando.

Quando o evangelista, finalmente, chegou à delegacia, encontrou a multidão chorando e dizendo aos policiais: “O que está acontecendo, o que está errado?” Elas nem conheciam Deus o suficiente para saber que Ele era Quem as estava movendo! Tudo que sabiam era que havia algo errado e que eram culpadas. Por isto, elas foram à delegacia para confessar sua culpa. O que havia de errado com elas era o pecado em seus corações e Deus as convencera disto repentinamente. Quando estas pessoas começaram a invadir a delegacia com suas confissões, os policiais não tiveram como respondê-las.

O evangelista se colocou na escada da delegacia, naquela madrugada, e pregou o “simples” evangelho do arrependimento e da salvação através de Jesus Cristo e ali ocorreu um avivamento genuíno. Este é o tipo de avivamento de que estou falando, o tipo que vai, rapidamente, soterrar todo recurso e poder humano nas igrejas todas ao redor do mundo.

O MUNDO ESTÁ FAMINTO, MAS NÃO HÁ PÃO FRESCO

Em nosso estado atual, seríamos totalmente incapazes de administrar tal “colheita” de almas. Não temos, em nossas prateleiras, quantidade suficiente do pão da presença de Deus para dar às massas famintas! Talvez o que vou dizer incomode algumas pessoas, mas não suporto nossa mentalidade de que a igreja deva funcionar apenas “meio expediente”. Abordamos este assunto no Capítulo 2: “Não há pão na Casa do Pão”, mas ele tem que ser repetido até que algo mude.

Por que, em quase toda esquina, existe uma pequena loja de conveniências, aberta 24 horas por dia, para suprir a demanda dos consumidores? Enquanto isso, a maior parte das igrejas, que deveriam satisfazer a fome de Deus que as pessoas têm, funcionam somente quatro horas por semana no domingo pela manhã e à noite! Por que a igreja não fica aberta dia e noite? Não deveríamos estar oferecendo aos famintos o Pão da Vida? Algo está terrivelmente errado e não acho que seja a fome por Deus. As pessoas estão famintas, tudo bem, mas conseguem diferenciar o “pão dormido”, de experiências religiosas antigas, do pão fresco, a genuína presença de Deus. Mais uma vez, devemos concluir que as pessoas famintas não estão batendo em nossas portas porque a Casa do Pão está vazia.

É interessante notar que nenhuma das cinquenta maiores igrejas do mundo está nos Estados Unidos. “E como poderiam? Não enviamos missionários pelo mundo por mais de duzentos anos?” Os famintos precisam de pão fresco, em abundância, não de velhos farelos do último banquete espalhados pelo chão.

Tenho um amigo que pastoreia uma igreja com aproximadamente 7 mil membros. Sua igreja é, sem dúvida, o melhor modelo de “igreja em células” nos Estados Unidos. Certa vez, ele me contou que recentemente participara de uma conferência internacional e o que descobriu lá encheu seus olhos de lágrimas.

Ele me disse: “Tommy, algo realmente me deixou angustiado naquela conferência.” E explicou que a conferência ofereceu um seminário a pastores de igrejas com mais de cem mil membros. Ele me disse: “Não pude evitar. Eu tive que espiar a sala de reuniões para me certificar se havia alguém lá. Para minha surpresa, ali estavam umas 20 ou 30 pessoas. E fiquei contristado por não poder tomar parte daquele grupo.” E, com lágrimas nos olhos, aquele meu amigo pastor, disse: “Então me dei conta, Tommy, de que ninguém naquela sala era americano.”

Ele é um homem bem-sucedido pelos padrões americanos. Em sua cidade, que tem cerca de 400 mil habitantes, ele conseguiu alcançar um número considerável de pessoas. No entanto, ele ainda quer fazer mais. Ele não é daquele tipo que se preocupa com quantidade ou fica contando o número de membros na igreja para competir com outros pastores e poder se gabar dos cultos dominicais. Ele é um Caçador de Deus e um “ganhador de almas”. Suas lágrimas não eram de inveja, eram lágrimas de sofrimento. É hora de o povo de Deus buscá-Lo desesperadamente, pois o fogo do avivamento deve, primeiramente, inflamar a Igreja, antes que suas chamas se espalhem pelas ruas.

Estou cansado de tentar realizar a obra de Deus com mãos humanas. Tudo que precisamos para um avivamento que alcance toda a nação é que a presença de Deus se manifeste.

Para que você veja suas escolas sendo transformadas em lugares de oração, é preciso que Deus Se manifeste. Não estou falando de um evento histórico ou teórico, mas houve tempos em que a glória de Deus fluía em Suas igrejas de tal forma que Seu povo tinha que tomar cuidado ao entrar em restaurantes. Ao curvarem suas cabeças para agradecer pelo alimento, deparavam-se com as pessoas ao redor, clientes e garçons, chorando compulsivamente e dizendo: “O que há com vocês?”

Na época daquela visitação de Deus em Houston, minha esposa estava na fila em uma loja, quando uma senhora tocou em seus ombros. Ela se virou para ver quem a tocara e encontrou uma estranha chorando diante dela sem o menor embaraço. A senhora falou à minha esposa:

“Não sei onde você esteve e não sei o que você tem. Sabe, meu marido é um advogado e estou a caminho de um divórcio.”

Ela começou a desabafar todos seus problemas e, finalmente, disse:

“O que quero dizer é que preciso de Deus! Ore comigo!” Minha esposa olhou ao redor e perguntou: “Aqui?”.

A senhora respondeu: “Sim, agora.”

Minha esposa perguntou novamente: “Bem, e quanto aos outros na fila?”

No mesmo instante, aquela senhora se voltou para a mulher que estava atrás dela e perguntou:

“Você se incomodaria se eu orasse aqui com esta mulher?” A resposta foi:

“De maneira alguma! Orem comigo também!”

NÃO EXISTE ATALHO

Fatos sobrenaturais como este também acontecerão com você, mas só há uma maneira. Acontecerão quando pastores e ministros chorarem entre o pórtico e o altar e clamarem a Jesus por libertação. Não existe atalho para o avivamento ou para a vinda da presença de Deus. A glória de Deus só virá quando o arrependimento e o quebrantamento fizerem com que você se ajoelhe, pois a presença do Senhor requer pureza. Somente os mortos verão a face de Deus.

Não podemos esperar que os outros se arrependam se não estamos dispostos a andar, continuamente, em um nível profundo de arrependimento.

O mundo está cansado de ouvir igrejas pomposas pregando sermões populares por detrás de seus púlpitos. Que direito nós temos de dizer às pessoas para se arrependerem, quando os mesmos problemas de que padecem podem ser verificados em nossa própria casa? A hipocrisia nunca foi “moda” na Igreja de Deus, mas temos feito dela a atração principal em nossa “versão” de igreja. Precisamos nos purificar e confessar: “Sim, estamos com problemas. Sim, eu estou com problemas também. Mas vou me arrepender do meu pecado agora mesmo. Alguém aqui quer se juntar a mim?”

Creio que ficaríamos surpresos com o número de pessoas que começariam a vir de todos os segmentos da sociedade quando vissem a Igreja se arrependendo! Mais uma vez, voltamos ao nosso problema mais sério: não temos o pão da presença de Deus. Nossas igrejas estão cheias de filhos pródigos atrás de sucesso profissional, que amam aquilo que o Pai pode dar mais do que o próprio Pai. Vamos à mesa do Pai não para Lhe pedir mais de Sua presença, mas para implorar e persuadi-Lo a nos dar tudo aquilo que Ele prometeu que seria nosso por direito. Abrimos a Palavra e nos apressamos em cobrar: “Quero todos os dons, quero a melhor porção, a bênção plena, quero tudo o que me pertence.” Ironicamente, foi a bênção do pai que “financiou” a viagem do filho pródigo para longe de sua face! E foi a consciência da pobreza de coração do filho pródigo que o impeliu de volta aos braços do pai.

Algumas vezes, usamos as bênçãos que Deus nos dá para financiar nossa jornada para longe do centro de Sua vontade. É importante que voltemos à estaca zero, à presença ideal e definitiva do Pai a fim de desfrutarmos de uma comunhão íntima.

“Senhor, coloque uma fome da Sua presença em nossos corações! Não fome do que o Senhor pode nos dar.

Agradecemos Suas infinitas bênçãos, Pai, mas queremos ter fome de Ti, nosso Abençoador. Venha nos mostrar o verdadeiro propósito de Sua presença!”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

BORDANDO MEMÓRIAS

O ato de produzir, quando se refere à população feminina, apresenta um significado peculiar, colocando em discussão o movimento que leva à busca das próprias raízes e a importância das práticas manuais

Bordando memórias

O principal objetivo deste trabalho é estimular uma reflexão a partir dos dois indicadores de saúde mental assinalados por Freud: a capacidade de amar e a de produzir (Freud, 1930). É oportuno se debruçar, em primeira instância, sobre o significado de produzir na atualidade no que tange à população feminina. A atenção surge em virtude do crescente interesse que as atividades manuais têm instigado, decorrendo na criação de inúmeros espaços destinados ao seu ensino.

Nas últimas décadas tem sido expressivo o movimento em busca das próprias raízes e a ressignificação das práticas manuais, que contribuem para um agrupamento humano afetivo. Essas artes tornaram-se objeto de pesquisa e tema de várias publicações, dissertações de mestrado, exposições etc. Em 2014, a Unicamp, atenta a essa nova tendência, abriu suas portas para acolher artistas e pesquisadores de todo o país no 1º Seminário Nacional de Bordado.

Bordando memórias. 2

UMA DELICADA TEXTURA

O mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, onde as pessoas se tornam invisíveis e o contato humano escasseia e no qual se contemplam valores fundamentais como ética, respeito e solidariedade serem desconsiderados, foram importantes estímulos para a elaboração deste texto. Hoje, preponderam a pressa, a superficialidade, as relações epidérmicas; os indivíduos são tratados como objetos que, após serem utilizados, não têm mais serventia e são descartados. Basta mencionar o tratamento concedido aos idosos, marginalizados em sua maioria, sem interlocutores com os quais estabelecerem diálogo nem ouvintes para acolher suas histórias. Situação análoga à vivida pelas mulheres que, ao longo dos séculos, travaram árduas lutas para obter o direito à livre expressão de seus desejos, anseios e sonhos.

No passado as feminices eram guardadas a sete chaves, apenas segredadas entre amigas. Um vasto universo glorificado por uns e menosprezado por outros, mas que exerce fascínio inegável na imaginação de poetas e pesquisa- dores. Até mesmo Freud, hábil investigador das almas, se perguntou estarrecido, na obra Vida e Obra de Sigmund Freud: afinal, o que quer uma mulher?

A partir da Revolução Industrial, as mulheres, convocadas a ingressar num mercado sobejamente masculino, passaram a ocupar posições de destaque em diversos campos, tanto do conhecimento como em profissões antes desempenhadas apenas pelos homens. Diferente deles, contudo, à jornada diária de trabalho acresciam-se as atividades de âmbito doméstico. Grandes conquistas foram obtidas, sem dúvida. Entretanto, o acúmulo de responsabilidades ocasionou o abandono e a depreciação das habilidades manuais, executadas com maestria pelas gerações anteriores. Com isso, perdeu-se um importante espaço de convívio, quando as conversas fluíam entre fios de cumplicidade e as cores de amorosos diálogos. A casa, hoje, como bem diz Rachel Jardim (2005): “…virou um lugar de passagem. As próprias tarefas chamadas femininas não existem mais. A comida é industrializada, congelada, as roupas de cama e mesa são sintéticas. A mulher foi expulsa pela sociedade de consumo do seu próprio universo, como Eva do Paraíso” (O Penhoar Chinês, p. 252-253).

Em decorrência da hipervalorização do desempenho profissional, observou-se curioso fenômeno: as mulheres que optavam por se afastar temporariamente do mercado de trabalho para cuidar de seus filhos passaram a ser vistas quase como uma aberração e a se deparar com inúmeras dificuldades ao reingressarem num mercado altamente competitivo. Aquelas poucas que ousaram desafiar o conceito vigente e privilegiaram esse espaço sagrado da casa, cultivando o silêncio e a troca informal de conhecimento, foram estigmatizadas e vistas como alienadas.

No último decênio, gradualmente instalou-se uma interessante modificação proveniente – sob essa óptica – da necessidade de constituir locais mais humanos de convivência. O bordado, como outras práticas manuais, alcançou um lugar destacado em virtude de favorecer uma lenta e gradual inserção num universo onde a pressa cede lugar ao tempo das memórias, espaço favorável à expressão da criatividade.

A indagação de Freud foi o fio condutor dessa reflexão, motivando algumas considerações sobre o que instigaria, hoje, a busca de tantas mulheres por esses ambientes de compartilhamento de experiências.

Atualmente, as mãos que gerenciam empresas, governam o país ou discutem os rumos da economia são as mesmas que fiam, tricotam, pintam e bordam, levando à indagação: o que produzem essas modernas Penélopes quando se dedicam, em suas horas de lazer, a elaborar delicadas produções artesanais? Qual o conteúdo subjacente às cores e texturas com os quais matizam os tecidos?

A nosso ver, o que elas transpõem para o pano é um resumo da própria história, recortes de lembranças essenciais, recuperação das raízes, registro da ancestralidade. Nessa teia subjetiva, as linhas são o veículo com o qual fixam sua narrativa.

 O SER E O FAZER

Essa indagação parece a chave para se esboçarem algumas considerações. Em primeiro lugar, o sistema vigente é o maior responsável por essa busca, uma vez que o processo produtivo gera uma dissociação no sujeito: a repetição mecânica das tarefas requer um distanciamento de si mesmo para preservação da saúde. Tal ruptura embrutece e pode ocasionar graves enfermidades psíquicas.

Vale ressaltar que a óptica do sistema capitalista recai numa relação quantitativa visando à obtenção do lucro. A atividade recorrente de uma produção em massa destitui o indivíduo de sua subjetividade, tal como representado na célebre cena do filme Tempos Modernos, onde o ator aperta parafusos numa linha de produção até o momento em que, sem parafuso algum, ele repete o gesto como um robô. A cena condensa exemplarmente, em termos de adoecimento, o que uma ação sem sentido pode originar, uma vez que, segundo José Bleger: “Toda conduta refere-se sempre a outro. A relação com as coisas é sempre um derivado da relação com as pessoas, das relações interpessoais; os objetos são sempre mediadores que se carregam das relações humanas” (A Psicologia da Conduta, p. 80).

Portanto, é possível trabalhar com a suposição de que um vínculo exploratório dessa natureza impossibilita os laços interpessoais e a relação com as coisas são unicamente moduladas em função da renda a ser aferida para os detentores do poder. Bleger enfatiza aqui a importância da conexão entre a coisa e o sujeito, a relevância dos relacionamentos interpessoais que valorizam as tarefas desempenhadas, ao passo que, no sistema capitalista, prepondera uma proposta inversa.

Num nível mais sofisticado, essa cisão também pode ser verificada, pois nos altos escalões das empresas a pressão pelo desempenho e a competitividade são de tal ordem que exigem o abandono da vida pessoal. O indivíduo, por mais especializado que seja, não pode vacilar, sob o risco de ser imediatamente substituído pelo descumprimento das metas estabelecidas.

Sob essa égide, todas as demais produções humanas que não se enquadrem nesse parâmetro são tidas como inúteis ou sequer são reconhecidas como tal – o ser e o fazer permanecem dissociados ou, em outras palavras, os indivíduos são avaliados por aquilo que produzem e gera lucro. E aqui retornamos à questão a respeito de qual seria o agente mobilizador das atividades manuais, uma vez que, em sua grande maioria, as produções são criadas apenas para o próprio deleite, estendendo-se, quando muito, para o ambiente familiar.

Surge o questionamento acerca da importância que o olhar do outro representa em termos de reconhecimento subjetivo da verdadeira essência. Winnicott ressalta, em seus postulados, a relevância de uma companhia viva e real responsável pelo desenvolvimento saudável do sujeito. O olhar do outro legitima e endossa a potencialidade ali existente e cria condições favoráveis para a expressão do verdadeiro self.

Nesse momento, porém, é imprescindível distinguir dois tipos de espaço: aqueles que se destinam unicamente ao ensino e os outros que, orientados por um profissional qualificado, visam acolher e dar sentido às experiências ali vivenciadas.

 ATIVIDADE CRIATIVA

No primeiro caso, pode-se facilmente resvalar para um aprendizado destituído de criatividade, no qual o aluno apenas reproduz os pontos ensinados. Esse tipo de produção em muito se assemelha ao que foi mencionado anteriormente. Embora não esteja subordinada ao capital, evidencia-se, de todo modo, uma sujeição análoga.

De acordo com Winnicott, a atividade criativa que se dá no contexto da submissão torna-se “doentia para a vida”. Nesse enfoque, nem sempre uma obra de arte é expressão genuína de criatividade, ao contrário, pode ser resultante de uma profunda dissociação.

Na segunda proposta, contudo, de acordo com as formulações de Benjamim (1936/1996), trata-se de favorecer a instauração de um espaço adequado a um precioso compartilhamento de experiências. O analista procura fornecer uma ambiência suficientemente boa equivalente à ofertada pela mãe nos primórdios do desenvolvimento emocional, consoante a formulação de Winnicott de que “…o ser humano se encontra em processo de contínuo amadurecimento…” (1945). A apresentação de todo o material – tecidos, linhas e até mesmo dos pontos – visa facilitar a expressão de aspectos significativos do self do indivíduo. Cabe ao especialista o acompanhamento do processo pautado pela compreensão de que “qualquer criação, seja ela uma escultura, um poema ou um trabalho científico, relaciona-se ao sentimento de estar vivo e sentir-se real”.

O traço distintivo dessa conduta profissional é o oferecimento de materialidades mediadoras, conjugado a um modo peculiar do terapeuta presentificar-se, fundamentado no manejo do setting. Esse procedimento é norteado por um uso não interpretativo do método psicanalítico.

O analista baseia-se fundamentalmente nessa modalidade na concepção genial winnicottiana de apresentação de objeto ao bebê pela mãe. A apresentação de objetos mediadores transposta para um encontro humano num enquadre diferenciado responde às necessidades subjetivas mais expressivas e favorece o surgimento de efeitos terapêuticos. Essa linha investigativa conduziu à elaboração de alguns trabalhos nos quais procuramos abordar, à luz da psicanálise winnicottiana, as várias falhas do suprimento ambiental entremeadas a relatos de acontecimentos clínicos. É bom lembrar a compreensão de Politzer acerca do método psicanalítico como método clínico interpretativo, desde que assentado no pressuposto de que toda conduta humana tem sentido – associando-se, todavia, nessa abordagem, à busca do sentido emocional do fenômeno humano. Distingue-se, portanto, do preceito positivista, experimentalista etc. Nesse enfoque, o enquadre diferenciado é uma das alternativas de concretização do método psicanalítico. O terapeuta, segundo essa concepção, é aquele que permanece ao lado, acompanhando, mas verdadeiramente presente, respeitando os ensinamentos de Winnicott de que nem mesmo a mais douta técnica materna substitui a presença viva da mãe. Isso implica em poder tolerar até mesmo o caos, sem a necessidade de organizá-lo rapidamente. Privilegia-se, aqui, o próprio acontecer, tal como preconizado por Winnicott quando afirmava: “Seja o que for que aconteça, é o acontecer que é importante”.

O resultado estético, sem dúvida, tem relevância, mas não deve jamais, nesse caso, ocupar o primeiro plano.

À luz das formulações de Safra (1996), as criações de cada aluna, derivadas de autênticas expressões emocionais, podem ser configuradas como produção cultural que, de acordo com o autor, adquirem o contorno de objetos de self, presentificando expressivos aspectos do ser, a forma singular de sentir ou existir. Sob essa óptica, todo o processo é compreendido como experiência estética, pois descreve um denso sentimento de comunhão evocado por um objeto que a religa a aspectos fundamentais do próprio self. Embora o sentido global dessa experiência seja inapreensível, constituindo tarefa para toda uma existência, pode-se certamente apreender fragmentos relevantes nesse tipo de produção, como demonstram os relatos a seguir, demonstrativos de reencontro tanto com a linhagem biográfica como com o resgate de expressões inéditas da criatividade de duas alunas.

No quadro Estudos de casos é possível conhecer alguns trabalhos realizados durante meses que resultaram nos bordados apresentados. Esperamos que eles possam corroborar nossa hipótese de como o uso de materialidades mediadoras, conjugado a uma ambiência adequada, favorece a expressão de aspectos genuínos de self e possibilita a integração de aspectos dissociados da personalidade.

Bordando memórias. 3

OUTROS OLHARES

A PRAGA DA DENGUE

Apesar da chegada do inverno, o vírus, agora do tipo 2, segue se alastrando principalmente pelos estados do Sudeste e Centro-Oeste, provando que a infecção se tornou uma tragédia nacional

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Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro de Jardim Peri, na região norte de São Paulo, a dona de casa Luzia dos Santos Moraes, de 42 anos, escora o corpo onde pode. Ela está enfraquecida e cansada. As dores são muitos fortes e ficar em pé se torna um desafio. Suas filhas, Flávia e Fagna Santos de Moraes, de 21 e 22 anos, respectivamente, conversam com a reportagem de ISTOÉ enquanto a mãe espera ser atendida. Vindas de Belém do Pará há dois anos, tentam a “sorte” na capital paulista. Além das duas, Luzia tem outra filha, que recebeu, na primeira semana de julho, o diagnóstico de dengue. No bairro em que elas moram atualmente, Lauzane Paulista, há inúmeras pessoas infectadas. Depois de esperar pouco mais de duas horas e já dentro do ambulatório, Luzia recebe a notificação de suspeita de dengue. Dali, segue para fazer a “prova do laço” para saber a urgência do caso. O enfermeiro amarra uma faixa em seu braço e o deixa apertado por cinco minutos. Se pintas vermelhas aparecem, a doença pode trazer mais riscos e se tornar mais grave, causando hemorragias, uma vez que se revela alteração na coagulação sanguínea. Para a sorte de Luzia, nada apareceu. De acordo com a gerência da UBS, cerca de 90% dos casos que chegam são suspeitas posteriormente descartadas, devido à semelhança dos sintomas a outros quadros, como o de forte gripe.

O Brasil enfrenta hoje uma das piores epidemias de dengue de sua história, com 597 mil casos confirmados, e apesar da chegada do inverno, a enfermidade não dá sinais de arrefecimento. O problema é a dengue tipo 2, que ainda não havia sido detectada no País e atingiu principalmente os estados de São Paulo e Minas Gerais, que reúnem 60% dos casos. Desde 2015 não se via uma epidemia tão severa e prolongada, com tantos casos constatados e tantas mortes. Filas nos hospitais, pessoas com suspeitas de contaminação, mutirões de combate ao mosquito e campanhas de prevenção viraram rotina nas cidades paulistas e mineiras. Somente no primeiro semestre de 2019, os casos de morte por dengue aumentaram 163% no País, em relação ao mesmo período do ano passado. Em números absolutos, isso significa um salto de 139 para 366 óbitos. É a porcentagem mais expressiva desde 2015, quando foram registradas 752 mortes — a metade é de pessoas idosas, com mais de 60 anos. São Paulo lidera o ranking de falecimentos, 157, seguido por Minas Gerais, 98. Juntos, os dois estados somam 255 casos. O estado mineiro ainda investiga 137 óbitos, o que pode elevar a incidência letal da dengue. Em São Paulo, os casos prováveis bateram 267.602. Em Minas Gerais, o número foi mais assustador; 423.317, o que faz da atual epidemia a segunda pior de sua história, atrás apenas de 2016, quando houve 517.830 notificações. Tocantins teve a maior elevação, crescendo 1369% (de 210 para 3085, em relação a 2018)

Os números são mais assustadores quando se fala em casos prováveis de dengue, o que inclui os suspeitos de terem contraído a doença: um aumento de 561%. Isso equivale a um salto de 170.628 para 1.127.244 em todo o País, segundo o último boletim do Ministério da Saúde sobre doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, com informações até o dia 8 de junho. Além dos quatro tipos de dengue — 1, 2, 3 e 4, o mosquito também transmite a zika e chikungunya. “Enquanto não houver um controle rigoroso dos criadouros do Aedes enfrentaremos epidemias todos os anos”, diz a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, Regiane de Paula. “Além dos esforços do governo, os cidadãos também precisam fazer a sua parte, retirando lixo do jardim, dispensando recipientes que acumulam água e limpando calhas e ralos”. Dezenas de cidades paulistas estão realizando mutirões permanentes de combate à doença. São Caetano do Sul tem feito mutirões todos os fins de semana, assim como Ribeirão Preto e Birigui, que, por sinal, são a sexta e a sétima cidades com mais casos no estado de São Paulo. Em Ribeirão Preto, entre os 700 mil habitantes, foram confirmados 7.236 episódios e em Birigui, com uma população de 105 mil pessoas, houve o registro até agora de 6.636 doentes. A família da empregada doméstica René Faustina, de 48 anos, teve quatro pessoas infectadas pelo vírus: ela, a irmã, o sobrinho e o cunhado. O marido de uma prima e o filho deles também pegaram a doença. Faustina acredita que foi infectada em Birigui, a 20 quilômetros de Bilac, onde vive. Todos os dias, Birigui recebe um contingente grande de trabalhadores, entre os quais Faustina, que passa pouco mais de vinte minutos no transporte para fazer faxinas. Com ela, os sintomas seguiram o diagnóstico padrão da doença: dor de cabeça, febre e moleza no corpo, e perduraram por cerca de 15 dias. “Depois começaram a sair aquelas pintas que aparecem quando a gente está sarando. Não deixei de trabalhar nesse período e com dor no corpo fui fazer as minhas faxinas. Como é em casa de parentes é mais fácil, a gente pode sentar um pouco e descansar”, diz ela.

Para além dos primeiros sintomas, a irmã de Faustina, Ângela (nome fictício), aposentada e com 63 anos, também sentiu tonturas, disenteria e coceira pelo corpo. “É horrível, parecia que eu ia morrer. Muita gente foi infectada. Na minha rua, quase todos os vizinhos, e mesmo com o tempo seco”, conta ela. Seu filho, Guilherme, passou mal por sete dias. Durante esse período, não conseguiu trabalhar: “Nem levantava da cama, fiquei bem fraco, tamanha a desidratação”, afirma o jovem de 27 anos, analista de tecnologia da informação. Em janeiro, Maria Denice Lima e sua filha também adoeceram. “Fiquei mal por uns 30 dias, apresentei muitos sintomas e perdi 5 quilos. Dos moradores de Bilac, quase todos foram infectados pelo mosquito”, afirma Denice.

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MAIOR GRAVIDADE

“Desde a década de 1990 enfrenta-se a dengue. A gente convive com a doença o ano todo, numa situação endêmica”, afirma Luzia Passos, diretora do departamento de Vigilância e Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto. “Em 2019, só identificamos o sorotipo 2, que predomina em todos os estados, e encontramos pessoas muito vulneráveis”. Na cidade, em anos anteriores, houve contaminação dos sorotipos 1, 3 e 4. Quem já contraiu algum deles no passado tem mais chances de adquirir a versão mais grave da doença, que era chamada de hemorrágica. Além dos sintomas básicos, ela envolve também sangramentos, palidez, sudorese, dificuldade de respirar e comprometimento de alguns órgãos. Esse quadro pode evoluir para óbito.

Entre outros agravantes que levaram à atual situação, para além das políticas adotadas pelo poder público e da chegada do novo sorotipo, estão a alta infestação do vetor, um movimento migratório intenso, as chuvas e o longo período de calor que passou pelo outono e se estendeu, até recentemente, pelo inverno. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o verão de 2019 foi o quinto mais quente da história no estado de São Paulo. Com esse cenário, a epidemia começou mais cedo e deve terminar tardiamente. Outro fator é a falta de planejamento urbano que leva à formação de água parada, fonte para a reprodução do vírus da doença. Para piorar, em alguns lugares do País, falta inseticidas para combater o mosquito. No começo de junho, o Ministério Público Federal cobrou o Ministério da Saúde sobre a falta do produto, que é fornecido pelo governo federal e combate o mosquito na fase alada. No Congresso Nacional, a dengue chamou a atenção de alguns deputados. Em um pronunciamento no plenário do Senado, a parlamentar Zenaide Maia (Pros-RN) lamentou que o governo federal não tenha feito ainda uma campanha de prevenção em nível nacional. “Não é possível que a gente continue vendo pessoas morrerem de morte evitável. Nós sabemos quem é o inimigo, onde mora e o que o faz se reproduzir. Só existe uma maneira de evitar que pessoas morram por dengue: é fazendo uma campanha educativa nas escolas e junto à toda população”, alertou. Enquanto isso não acontece, a doença se prolifera e mata e só resta à população esperar o inverno chegar para que os mosquitos sucumbam. No próximo verão, porém, é bom se preparar porque eles estarão de volta.

A praga da dengue. 3

GESTÃO E CARREIRA

RELAÇÕES PRODUTIVAS

Um processo institucional possui um significado maior do que simplesmente o número apresentado na planilha de vendas. Quando esse valor atribuído é compreendido e relacionado à negociação, o atendimento é eficaz

Relações produtivas

As relações institucionais estão cheias de valorações que, na maioria das vezes, é mais de ordem subjetiva do que realmente material. Toda instituição mantém uma relação de troca com seus clientes, seja no próprio mercado interno (corpo laboral e fornecedores principalmente) e no mercado externo (clientes e concorrentes principalmente), e os resultados positivos só são alcançados quando essa relação de valores está adequada aos interesses das partes envolvidas no processo.

Dessa forma, sempre que ocorre a aquisição de um produto ou serviço, existe um valor simbólico que é agregado ao financeiro. Uma pessoa, por exemplo, pode comprar uma roupa para se sentir mais bonita, para ficar mais autoconfiante em busca de uma promoção no trabalho, ou para um encontro com uma pessoa especial.

Esse valor não está na roupa em si, ele pertence ao consumidor que possui fluências emocionais relacionadas ao universo em que vive. Um casal pode ir a um restaurante não pela comida ou pelo menor preço, mas porque aquele foi o restaurante onde se encontraram pela primeira vez e, para eles, isso tem um significado muito especial. Um funcionário pode obedecer uma ordem dada por um gestor sem sequer analisar seu conteúdo e resultados apenas porque esse gestor criou laços de comprometimento que geram segurança à equipe de trabalho.

Pensando assim, todo elemento na instituição se transforma em profissional de atendimento, pois sempre que se comunica está na posição de uma pessoa que atende outra pessoa, buscando acolher uma determinada necessidade e solucionando uma demanda. O atendimento, portanto, torna-se sinônimo de comunicação clarificada que dá valor ao que está sendo negociado.

São algumas características básicas que devem receber investimento para que essa valoração dos processos possa ocorrer de forma natural entre o elemento que apresenta a situação (comunicação, produto ou serviço) e o cliente (qualquer pessoa dentro ou fora da empresa). São elas:

1) DESENVOLVER UM BOM RELACIONAMENTO E CONFIANÇA: com o tempo, o outro passa a dar respostas mais rápidas por saber com quem está lidando;

2) ATENDER AS NECESSIDADES DOS CLIENTES: solucionar demandas existentes, finalizando   os processos abertos; 

3)  SUPERAR AS EXPECTATIVAS: ir além do esperado sempre ofertando algo que surpreende positivamente o outro;

4) SER EMPÁTICO: ser capaz de prever as necessidades que o outro pode ter dificuldade de apresentar;  

5) SER SIMPÁTICO: a atenção dedicada ao outro está mais ligada à linguagem não verbal;

6) SER ASSERTIVO: buscar ser objetivo nas colocações sem aprofundamentos e detalhes desnecessários; 

7)  SER ORGANIZADO:  administração do tempo e informações relevantes são os elementos-chave de qualquer pessoa que deseje passar uma imagem de organização ao outro;

8) TRANSMITIR SEGURANÇA SOBRE A INFORMAÇÃO PASSADA: o conhecimento do tema é imprescindível. Se não tem domínio sobre o assunto, delegue a quem tem para a condução do processo comunicacional da negociação;

9) SER CONFIÁVEL: nunca prometa o que não tem certeza de poder cumprir no futuro. Não há espaço para possibilidades e, se essa for a única opção de comprometimento, deixe isso claro para o outro;

10) DEMONSTRAR SENSIBILIDADE E RESPEITO: entender claramente as questões que os clientes apresentam. Saiba ouvir e no caso de dúvida pergunte para que o entendimento seja pleno; 

11)  SABER LIDAR COM DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS: ninguém é menos importante. Nosso país guarda muitos preconceitos que estão enraizados na cultura e passam, muitas vezes, ocultos ou aceitáveis pela maior parte da população. Faça diferente sendo ético e correto com todos, independentemente do perfil que apresente, sendo prestativo e proativo;

12) GERENCIAR AS EMOÇÕES E TER INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: se for o caso de sentir dificuldade nesse aspecto, procure um profissional terapeuta ou coach que possa auxiliá-lo no processo de alinhamento emocional;

13) SER COMPROMETIDO COM A EMPRESA, COM SEU TRABALHO E COM A SATISFAÇÃO DO OUTRO: um bom caminho para a futura valoração positiva é o início do caminho. O básico jamais deve ser esquecido;

14) SABER SEPARAR O PESSOAL DO PROFISSIONAL, MANTENDO O PROFISSIONALISMO: provavelmente o detalhe mais difícil de todas as dicas aqui apresentadas.

Muitos acreditam que seremos na vida profissional um espelho do que somos na vida pessoal. Por outro lado, outros confundem os processos e misturam a vida pessoal com a profissional, gerando problemas de ordem emocional ao invés de ter um bom relacionamento interpessoal com todos à sua volta;

15) VESTIR-SE DE MODO CONDIZENTE COM O LOCAL DE TRABALHO: por último, mas não menos importante, afinal a embalagem diz muito sobre o produto. Estar adequadamente vestida com o padrão da instituição coloca a pessoa mais próxima de adquirir uma boa credibilidade com o outro.

Portanto, para ter relações produtivas é necessário um investimento constante em vários e pequenos detalhes que, com o tempo, podem fazer uma grande diferença no resultado das ações de uma pessoa ou instituição.

 

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 7 – O QUE DEUS FEZ UMA VEZ PODE FAZER DE NOVO

 

FAÇA CHOVER, SENHOR!

Queremos que Deus transforme o mundo. No entanto, Ele não vai transformar o mundo, antes que consiga nos transformar. Pois, em nosso estado atual, não estamos em condições de abalar nada. Porém, se nos submetermos ao Oleiro, Ele fará de nós aquilo que Ele quer. Ele nos moldará ao que precisamos ser. Se nos submetermos ao toque do Oleiro, Ele poderá refazer nosso vaso quantas vezes forem necessárias. Ele fará de nós vasos de honra, poder e vida.

Afinal, não foi Ele que transformou pescadores analfabetos em revolucionários, e cobradores de impostos mal-afamados em avivalistas destemidos? Se Ele fez isto uma vez, pode fazer de novo!

Quero romper com o padrão de escrever “regras” para livros evangélicos e pedir que você ore comigo agora, enquanto lê a primeira página deste capítulo. Este livro foi escrito para ajudá-lo a introduzir a presença de Deus em sua vida e em sua Igreja. Pode parecer tolice, mas quero que você coloque a mão sobre seu coração e ore comigo agora, a “oração do vaso de barro”:

“Pai, agradecemos por Sua presença! Sentimos no ar a possibilidade de estarmos próximos do Senhor. Sentimos que está por perto. Mas, não estamos perto o suficiente. Venha, Espírito Santo! Se não for agora, quando será? Se não vier a nós, sobre quem virá? Se não for aqui, diga-nos, onde? Instrua-nos, Senhor, e Lhe seguiremos. Buscaremos Sua presença, pois queremos o Senhor. Não estamos buscando nada menos do que a Sua presença.”

Algo está acontecendo no Corpo de Cristo. Muitos de nós (e cada vez mais irmãos) já não suportamos “brincar” de religião. Está se levantando, em nosso meio, um espírito de batalha, uma ânsia de conquistar territórios, em nome do Deus Eterno. Sei que recebi do Senhor a missão de colocar minha vida em cidades chaves, pontos estratégicos, onde sinto que Deus está prestes a derramar Seu Espírito.

Estou buscando lugares onde Deus está se manifestando. Já descrevi como Deus se manifestou na cidade de Houston (fiz menção deste acontecimento porque tive o privilégio de presenciá-lo). Fui conduzido, por mais de um ano, a participar de reuniões constantes de oração em algumas cidades, coisas incríveis estão acontecendo. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Mas, em cada uma destas cidades, tem acontecido algo de grande significado para este mover de Deus. Meu desejo é ver uma explosão contagiante da presença de Deus, como aquela experimentada por Finney, Edwards, Roberts e outros, em que muitas regiões foram alcançadas pelo Reino.

ESTOU EM BUSCA DE CIDADES INTEIRAS

Estou em busca de cidades, não estou mais interessado em só pregar para os crentes nas igrejas. Estou em busca de cidades inteiras, onde há pessoas que não conhecem Jesus.

Certa vez, quando estava em uma conferência com Frank Damazio na cidade de Portland, Oregon, eu o ouvi dizer algo que imediatamente me chamou a atenção. Ele disse que alguns pastores em Portland haviam se unido para fincar estacas em lugares estratégicos no perímetro daquela região e nas principais fronteiras. Foi um trabalho demorado, porque eles oravam sobre cada estaca colocada, como se elas simbolizassem uma demarcação espiritual.

Impelido pelo Espírito Santo, disse ao Frank: “Se você providenciar estacas, irei às cidades aonde Deus me enviar e ajudarei os pastores a demarcar o território para o Senhor.” Então comecei a orar: “Deus, mostre-me um precedente para que eu possa compreender o que o Senhor está fazendo aqui. Assim, saberei porque colocou este desejo em meu coração.”

Tal compreensão me sobreveio mais tarde, justamente na Califórnia, exatamente no lugar onde “a corrida do ouro” teve início. Quando os garimpeiros encontravam uma terra onde pudesse haver ouro, fincavam uma estaca e assim reivindicavam o território. Alguns terrenos eram mais valiosos que outros por causa do que havia sob eles. Para reivindicar um terreno naquela época, era preciso fincar uma estaca no chão. A estaca deveria levar o nome da pessoa e uma breve descrição da área que estava sendo reivindicada. O terreno seria avaliado formalmente mais tarde.

Enquanto isso, a estaca era um “documento” tão importante quanto uma escritura. Se ninguém reclamasse a terra, outra pessoa poderia remover a estaca antiga, fincar sua própria estaca com seu nome e as dimensões da terra, e dizer: “De acordo com a lei, reivindico esta terra. Estou em processo de possessão e ocupação e esta estaca é a prova de que, por lei, este terreno é meu.”

Os pastores e congregações que desenvolveram raízes em uma cidade ou região têm “direitos legais”, sob orientação de Deus, para reivindicar suas cidades para o Rei fincando suas estacas no território.

Mantivemos nossa fé cercada pelas quatro paredes de nossas igrejas. Agora, Deus nos chama a estendermos a fé além das fronteiras de nossas cidades e nação. Ao demarcamos o território de nossas cidades, estaremos expandindo as “paredes” de nossas igrejas. E isto nos obriga a encararmos o fato de sermos “a Igreja” na cidade, um povo sob Senhorio de Deus, composto de muitas congregações de acordo com o modelo “Igreja- cidade” do primeiro século.

Fizemos estacas de madeira e escrevemos as palavras “Renovação, Avivamento, Reconciliação”, juntamente com versículos bíblicos. Fizemos um furo no meio da estaca e uma proclamação, enrolada como um pergaminho, foi inserida nele. Havia cerca de vinte versículos nas estacas e na proclamação, um deles se encontra em Isaías 62, e diz:

“Eis que o Senhor fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e diante dele, o seu galardão. Chamar-vos-ão: Povo Santo, remidos do Senhor; e tu, Sião, serás chamada a Procurada, Cidade não deserta.” (Isaías 62.11,12.)

ARREPENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO E RESISTÊNCIA

Na proclamação contida em cada estaca fincada no solo das cidades, havia esta declaração feita pelos “representantes legais” de Deus naquela cidade:

“Baseado na Palavra de Deus, manifestando apoio aos líderes desta cidade, me coloco como representante dos outros pastores que desejam: arrepender, reivindicar e resistir.

Arrependemo-nos, pedimos ao Senhor que nos perdoe pelos pecados deste Estado e desta região, especialmente, desta cidade. Pedimos perdão pelos pecados de corrupção política, preconceito racial, perversão moral, feitiçaria, ocultismo e idolatria. Clamamos que o sangue de Jesus purifique nossas mãos do derramamento de sangue inocente. Pedimos perdão pelas divisões na Igreja, perdão pelo orgulho, perdão pelos pecados da língua e qualquer outro pecado que tenha ferido a causa de Cristo. Nós nos arrependemos e nos humilhamos, clamamos misericórdia sobre nossa terra, nossa comunidade e nossas igrejas.

Reivindicamos, clamamos pela vinda do Reino de Deus, para que Sua vontade seja feita nesta cidade. Pedimos, em Nome de Jesus, o derramamento da graça, misericórdia e fogo para que haja um avivamento espiritual que cubra a comunidade, a fim de que as pessoas se voltem para Deus, se purifiquem, sejam quebrantadas e se humilhem. Clamamos que o destino desta cidade não seja frustrado. Clamamos que o Senhor visite esta cidade, nossas igrejas e lares. Que esta cidade não seja esquecida. Clamamos por uma restauração baseada na justiça. Também resistimos, em submissão a Deus, pela fé, ao inimigo e suas obras, a todas as forças e poderes demoníacos que têm escravizado esta cidade. Resistimos ao espírito de maldade que estabeleceu fortalezas nesta cidade. Resistimos aos lugares obscuros, às obras das trevas, aos lugares onde o inimigo esteja acampado. Clamamos o Nome do Senhor para que tais fortalezas espirituais sejam destruídas e proclamamos, neste dia, que esta cidade, especialmente esta região, está agora sob o poder e senhorio do Espírito Santo.

Por meio desta proclamação, avisamos a todos os outros espíritos, que desde já eles estão banidos desta terra pelo poder do Nome de Jesus. Hoje, nos colocamos na brecha e edificamos uma cerca de proteção ao redor desta cidade.”

Antes de adquirir uma propriedade, ela tem que ser avaliada. Então, é preciso que você determine se está disposto a pagar o preço pela possessão da terra. Quando demarcarmos nossas cidades, como povo de Deus, estaremos declarando guerra ao reinado satânico, através de uma ofensiva direta, destemida, sem desculpas ou hesitação. Estaremos dizendo ao inimigo: “Declaramos, diante de Deus, e queremos proclamar: Vamos tomar a cidade!” (Me senti tão compelido a isto que, juntamente com um grupo de intercessores, fui à Rua Bonnie Brae, em Los Angeles, Califórnia, local onde tudo começou e que cresceu tanto, a ponto de ser mudado para a Rua Azusa. Enquanto intercedíamos ali, naquele terreno, fincamos uma estaca! Algo parecia romper em meu coração (espero que, também, nas regiões celestiais). Senti como se tivéssemos esbarrado em um poço antigo! O entulho começava a ser removido. Que as águas da rua Azusa fluam novamente!).

Veio a mim uma palavra do Senhor a respeito de “poços antigos”, que se aplica diretamente às cidades, bem como às mais antigas denominações e igrejas. Antes que novos poços artesianos sejam perfurados, Deus vai reabrir ou desobstruir os poços antigos. Gênesis capítulo 26 nos diz que Isaque fez com que seus servos reabrissem os poços que seu pai Abraão cavara muitos anos antes no Vale de Gerar. Embora os filisteus os tivessem entulhado depois da morte de Abraão, Isaque ainda os chamou por seus nomes de origem. Ele encontrou tanta água, que teve que pelejar constantemente contra assaltantes filisteus e, finalmente, mudar-se para Berseba, ou “poço do juramento”. Foi ali que Jacó teve o encontro com o Deus vivo e descobriu seu verdadeiro direito de primogenitura no plano de Deus (Veja Gênesis 28:10-16).

O Senhor está desobstruindo poços antigos do avivamento nestes dias. Existem lugares onde a glória de Deus permanece como uma poça de água parada, um charco. As pessoas têm que vir ao poço para serem satisfeitas, mas nos padrões que Deus estabelecer.

Deus vai reabrir os poços antigos antes de trazer à tona novos poços. Um ano antes de começar a trabalhar neste livro, o Senhor falou ao meu espírito: “Vou visitar novamente os lugares de avivamentos históricos para dar outra chance ao Meu povo. Vou convocá-los a remover o entulho dos poços antigos, para que o novo avivamento seja firmado sobre as fundações do avivamento antigo.”

Em outras palavras: antes que o verdadeiro avivamento possa irromper, nos shoppings ou outros lugares, terá que começar nos altares de nossas igrejas e fluir dali pelos corredores até atingir o limiar da porta e alcançar as ruas, como cumprimento da profecia em Ezequiel 47:

“Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas debaixo do li miar do templo, para o Oriente; porque a face da casa dava para o Oriente, e as águas vinham debaixo, da banda direita da casa, da banda do sul do altar. Ele me levou pela porta do norte e me fez dar uma volta por fora, até à porta exterior, que olha para o oriente; e eis que corriam as águas ao lado direito.

Saiu aquele homem para o Oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos. Mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me dava m pelos artelhos; mediu mais mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos. Mediu ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar. (…)

Toda criatura vivente que vive em enxames, viverá por onde quer que passe este rio, e haverá muitíssimo peixe, e aonde chegarem estas águas tornarão saudáveis as do mar, e tudo viverá por onde quer que passe este rio. (…) Junto ao rio, às ribanceiras, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore, que dá fruto para se comer; não fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.” (Ezequiel 47.1-5,9,12)

Não é curioso que o rio da presença de Deus, que fluía de seu santuário, tornava-se mais profundo à medida que o profeta andava? Por fim, Ezequiel já não podia mais tocar o fundo do rio, as águas o cobriam, estavam fora de seu controle. Busco um avivamento que não possamos conter! E, sua parte mais rasa será o “templo”!

A PRÓXIMA ONDA DA GLÓRIA DE DEUS

Acredito que algumas cidades são antigos poços da unção de Deus – são lugares de avivamentos históricos – e Deus está convocando pastores e congregações nestas cidades para reabri-los.

Remover entulhos de poços antigos não é uma tarefa das mais agradáveis. Quando um pastor, amigo meu, comprou um terreno na Índia, disseram-lhe que havia um velho poço naquela propriedade. E não era um poço comum “vertical”: era inclinado horizontalmente ao lado de uma montanha.

Quando os homens daquele ministério começaram a trabalhar para remover o entulho, encontraram um amontoado de móveis e maquinário velhos e abandonados em meio ao mato que crescera por ali. Centenas de cobras também tiveram que ser removidas daquele lugar. Meu amigo me disse: “Limpamos todo o local e fomos dormir. Quando acordamos, na manhã seguinte, esperávamos encontrar uma poça de água estagnada. Mas vimos que a água começara a brotar e a fluir com tanta força que, da noite para o dia, formou-se uma torrente!”

A próxima onda de avivamento virá quando Deus desobstruir os poços artesianos de Sua glória! Muitos poços localizados nos desertos do meio- oeste dos Estados Unidos são verdadeiros lagos. Existe água suficiente, vertendo dos reservatórios naturais da terra, para mantê-los cheios quase todo o tempo, mesmo no calor do deserto. A maioria dos seres viventes do ecossistema desértico se dirige a estes oásis em busca da água de que necessitam para viver.

Nos últimos anos, Deus tem desobstruído lugares onde Sua presença permanece perenemente e, assim, Ele tem trazido vida a milhares de perdidos e crentes sedentos. Mas eles têm que ir em direção ao poço. Existe um poder na peregrinação que foi esquecido.

Agora, Deus está prestes a liberar a próxima “onda” de Sua unção. Em vez dos velhos lagos, haverá novíssimos poços artesianos cujas torrentes vão explodir com uma força imensa. De acordo com o dicionário Webster’s Ninth New Collegiate, um “poço artesiano é aquele que resulta da perfuração da terra até que água seja encontrada, e esta, por efeito da pressão interna, ascende à superfície como uma fonte; poço artesiano é o que geralmente resulta de uma perfuração em profundidade.”

Esta nova “onda” da glória de Deus será produto da perfuração do poço de Sua presença pelo Seu povo e explodirá, em nosso mundo, com tamanha força, que a presença restauradora de Deus vai ultrapassar cada barreira ou obstáculo, a fim de fluir pelas ruas áridas de nossa cidade e de nossa nação. É assim que a glória de Deus vai encher toda terra (Isaías 6.3 e Habacuque 2.14). Fontes de água da vida transbordarão!

Você não terá que ir às águas do poço artesiano, elas virão até você! Considerando que as águas, em seu percurso, sempre procuram os níveis mais baixos e os pontos que apresentam menos resistência, não é difícil entender porque Jesus, o “resplendor da glória [do Pai] e a expressão exata de Seu ser” (Hebreus 1.3a), disse: “… e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mateus 11.5). A glória de Deus sempre buscou preencher o vazio na vida dos homens. Em dias vindouros, a glória de Deus vai emanar de onde menos se espera e começará a fluir e encher os que oferecerem menos resistência. E, somente ao Senhor, será tributada a glória.

O Senhor me falou, claramente, a respeito de Sua glória durante um aguaceiro incomum no sul da Califórnia. Nasci e fui criado em Louisiana, um lugar onde estamos acostumados às chuvas. Algumas vezes, chovia dias e noites sem cessar e ninguém se incomodava com isso. Mas na Califórnia é diferente: quando há chuvas prolongadas, a população sente. Naquele dia, em particular, algo estranho estava acontecendo. Era como se a Califórnia estivesse sendo tomada por uma tempestade, bem ao estilo de Louisiana. Era quase uma tempestade tropical. Em minha terra natal, as pessoas estão preparadas para as chuvas, já estão acostumadas: valas, bueiros e locais de escoamento foram construídos.

A cidade de Los Angeles, no entanto, não estava acostumada àquela quantidade de chuva. Eu estava em uma lanchonete quando o aguaceiro começou. Vinte minutos depois, percebi que a chuva não passaria e corri para o meu carro que estava estacionado na rua. A água já ultrapassara o meio fio e estava quase na altura de meus joelhos! Enquanto eu dirigia, dizia a mim mesmo: “Com certeza, eles não têm locais de escoamento ou algo assim por aqui. Não sei até onde a água chega quando chove em Louisiana, mas, certamente, nunca atinge tal nível tão depressa.”

Enquanto me encaminhava, debaixo da chuva, ao hotel, senti a presença de Deus e comecei a chorar. Minhas lágrimas se misturavam com a chuva e senti o Senhor falar ao meu coração: “Eles estão tão despreparados para a chuva natural, quanto para o desaguar do Meu Espírito. Eu também virei de repente.”

Enquanto me preparava para o culto daquela noite, ouvindo as notícias locais, o repórter que informava a previsão do tempo disse algo que me caiu como uma profecia. Ele disse: “Esta não será a última tempestade. Na verdade, elas estão acumuladas no Pacífico, como se fossem ondas, e virão uma após outra.” Ele explicou que a fonte destas ondas de chuva era o fenômeno chamado El Niño. El Niño, em espanhol, significa “O Menino” e é um termo usado para se referir ao Menino de Belém! Aquele repórter não percebeu a profundidade daquelas palavras proféticas: ele estava falando do “Menino Jesus”, a Fonte de todas as ondas de glória que estão prestes a inundar este planeta.

Naquele momento, algo me dizia: “Sim, Senhor! Mande ondas após ondas de Sua glória até que, literalmente, tudo seja inundado! Que seja removido tudo aquilo que não provém de Ti.” Faça chover, Jesus, reine sobre nós!

Geralmente, a “lei dos precedentes” se aplica a eventos que ocorrem paralelamente no mundo natural e espiritual. Minha fome pelo desencadeamento da manifestação da glória de Deus é tamanha, que mal posso expressar sua intensidade ou urgência. Minha oração é:

“Senhor, deixe que a chuva caia! Desta vez o inimigo não terá “bueiros” suficientes para escoar as águas. Sua chuva se elevará de tal forma que todos serão tomados pela poderosa onda de Sua glória. Deixe que chova, Senhor!”

Que as fontes sejam rompidas e os poços desobstruídos! Reivindique sua herança! Finque estacas pela cidade! A terra é do Senhor!

Ele já fez isto antes, Ele poderá fazê-lo novamente! Mande chuva, Senhor!

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

A GLAMOURIZAÇÃO DA CHATICE

Questionador, crítico e com vocabulário elaborado. Um sujeito inteligente? Não. Trata-se apenas de um chato mesmo!

A glanourização da chatice

A Psicologia é múltipla por natureza. Engana-se quem atribui tal característica apenas em função de suas centenas de linhas teóricas. Nossa ciência também dispõe de várias teorias sobre motivação, liderança e até mesmo sobre personalidade, o que pode ser difícil de compreender para alguém não acostumado com as características das ciências humanas. Por exemplo, poucos temas foram mais controvertidos na Psicologia do que o da inteligência. Por décadas considerada como o exato sinônimo do raciocínio lógico-matemático (leia-se QI), a inteligência passou a ser explicada, a partir dos anos 80, por meio de capacidades distintas (inteligências múltiplas) que variavam da chamada inteligência linguística à (pasmem!) naturalística, na qual inteligente seria o indivíduo capaz de reconhecer e valorizar a flora e a fauna. Já nos anos 90, com a teoria da inteligência emocional (IE), a conciliação entre razão e emoção passa a ser vista como uma valiosa maneira de tornar o indivíduo um ser competente do ponto de vista social, sendo reconhecida como a “verdadeira e mais importante” das inteligências, uma vez que, de acordo com as pesquisas de Salovey e Mayer, pais do conceito de IE, tal inteligência seria capaz de sobrepujar até mesmo o tradicional QI quando o assunto era a previsão do sucesso profissional das pessoas.

Mas se, como vimos, até mesmo no meio científico a inteligência pode ser vista de maneiras diferentes, pode-se imaginar a confusão que o tema desperta junto ao chamado senso comum. Em outras palavras, a “inteligência” das ruas talvez não seja tão “inteligente” quanto se poderia supor. Talvez seja por isso que proliferam os tipos que costumo chamar de “pseudointeligentes”. A variedade de pseudointeligentes é quase ilimitada. Não há como distingui-los dos verdadeiramente inteligentes por suas cores, formas ou mesmo idades. O habitat do pseudointeligente também é variado. E o que é pior, paradoxalmente, eles abundam até mesmo nos meios acadêmicos (onde estranhamente podem se tornar contagiosos). Não há também determinada época do ano em que os pseudointeligentes proliferam, embora seja comprovado que em tempos de politicamente correto eles se multipliquem com espantosa rapidez.

As características acima mencionadas podem tornar bastante desafiadora a tarefa de identificarmos um pseudointeligente. Porém, há de se considerar que o maior desafio dessa tarefa consiste justamente no fato de haver certas semelhanças entre tal espécime e as pessoas de inteligência genuína.

Além de um discurso elaborado, na medida em que muitas vezes a capacidade de fazer perguntas descreve melhor a inteligência do que a prontidão para respondê-las, é compreensível que algumas características humanas, como a capacidade crítica e o chamado espírito questionador, sejam vistas como sinônimos de inteligência, o que até certo ponto faz todo sentido. Mas apenas até certo ponto. A supervalorização da crítica e do espírito questionador pode levar a nada mais do que a glamourização não da inteligência, mas de algo bem menos sofisticado que isso: a mais prosaica das chatices. Isso, ao lado do que já discuti nesta coluna e a que chamo de glamourização da tristeza (que explico como herança byroniana), estaria por reforçar o comportamento de hordas de sujeitos chatos e depressivos, exatamente aqueles a quem chamo de pseudointeligentes, que continuarão a existir enquanto houver pessoas que acreditam que a felicidade é uma bênção dos mansos, daqueles que pensam menos, que criticam menos e que, portanto, teriam menos a contribuir com a sociedade. Como se o mau humor fosse uma vantagem evolutiva, como se o otimismo não fosse também resultado de uma profunda análise crítica acerca das possibilidades de êxito. Como se o mundo fosse ou branco ou preto, e não uma coleção de possibilidades quase infinitas de cinzas… e de azuis, é claro!

 

LILIAN GRAZIANO – é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. graziano@psicologiapositiva.com.br

OUTROS OLHARES

A FESTA DAS BALEIAS

Avistamentos da espécie jubarte se tornam rotineiros e indicam que a população do mamífero cresce e que ele percorre novas rotas em busca de alimento

A festa das baleias

Nunca se viram tantas baleias jubarte circulando pelo litoral brasileiro. Todos os anos, durante o inverno, elas migram da região das ilhas Geórgia do Sul, na Antártida, em direção ao arquipélago de Abrolhos, no litoral da Bahia, para se acasalar e procriar, em uma viagem que chega a 18 mil quilômetros. Neste ano, porém, elas têm se comportado de maneira diferente. Continuam em busca do mesmo destino, mas estão circulando em regiões mais próximas da costa, provavelmente em busca de alimentos. Parecem também ter viajado mais cedo — se costumavam ser vistas entre junho e agosto, nesta temporada elas começaram a aparecer em maio. Em São Paulo, passaram a entrar nos canais de Santos e São Sebastião, algo raro, e no Rio de Janeiro uma canoísta fotografou uma jubarte saltando a cerca de dez metros de distância em torno das Ilhas Tijucas, em frente ao Quebra-mar da Barra da Tijuca.

A jubarte é uma baleia sem dentes, que se alimenta de pequenos crustáceos, como o krill e chega a atingir 16 metros de comprimento e a pesar 30 toneladas. Trata-se de um bicho pacífico e inteligente que se orienta pelo som e só se incomoda quando há muito barulho e confusão ao seu redor. Conta com um par de barbatanas que parecem asas e que impulsionam seus saltos. “Há uma quantidade absurda de baleias passando pelo litoral de São Paulo neste ano, muito mais do que nos anos anteriores”, afirma Júlio Cardoso, fundador da ONG Baleia À Vista, que concentra suas observações no litoral Norte, em torno de Ilhabela. Cardoso se dedica à observação de baleias e golfinhos desde 2004, mas até 2015 só viu cinco jubartes em ação na região. Em 2017, seus avistamentos de barco começaram a crescer e ele contabilizou 18 espécimes. No ano passado, o número passou para 42 em toda a temporada. E, em 2019, até agora, já foram 54. Se forem incluídas baleias avistadas a partir de um ponto fixo de observação instalado num morro de cerca de 60 metros de altura, na praia de Borrifos, o número chega a 192.

A festa das baleias. 2

CAÇA PROIBIDA

No século passado, dezenas de milhares de jubartes foram mortas impiedosamente em torno das ilhas Geórgia do Sul por baleeiros. A população da espécie chegou a ser reduzida a três mil baleias. Até que a caça fosse proibida, em 1987, ficaram perto da extinção. De lá para cá, porém, a população voltou a crescer e hoje é estimada em 20 a 30 mil espécimes. As jubartes vistas bem próximas da costa, segundo Cardoso, são animais jovens e curiosos que estão criando suas próprias rotas migratórias para deleite dos observadores da fauna. A boa notícia é que essa festa das baleias só deve se intensificar daqui para frente.

GESTÃO E CARREIRA

EMPRESAS DEVEM SE PREPARAR PARA UM NOVO MODELO DE CARREIRA

A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo e, como resultado, as carreiras das pessoas estão definidas para durar mais tempo. “As empresas precisam se adaptar para reter o colaborador qualificado em todas as fases de sua carreira”, diz Alistair Cox, CEO da Hays.

Empresas devem se-preparar para um novo modelo de carreira

A ideia de um “trabalho para a vida” e a trajetória típica, em que as pessoas são educadas, e começam a trabalhar antes de se aposentar, já está se tornando uma coisa do passado, pois viver mais significa trabalhar além das idades atuais de aposentadoria. Como consequência, os trabalhadores estão cada vez mais procurando um novo tipo de estrutura de carreira, que permita flexibilidade para explorar outras áreas de interesse profissional e múltiplas atividades ao longo de sua vida.

“Os profissionais, mais jovens ou mais velhos, trabalharão por mais tempo do que qualquer geração anterior e é natural que busquem cada vez mais variedade em seu trabalho, como a mudança de ocupação. Isso se tornará mais comum conforme o tempo avança, o que significa que as empresas devem começar a se preparar agora, já que a estrutura tradicional das empresas está mudando”, afirmou o CEO.

As mudanças exigirão que os profissionais atualizem ou melhorem a qualificação, de modo que a educação continuada se tornará uma parte vital em vários estágios profissionais. Em vez de fazer apenas ensino superior no início da carreira, os trabalhadores precisarão garantir que eles realizem aprendizado ao longo da vida profissional. Atualização será cada vez mais recorrente.

Especialistas preveem que a carreira em múltiplos estágios deve se tornar a regra no futuro, portanto, as empresas precisam se proteger para garantir que possam acessar e reter as habilidades necessárias para obter sucesso. Com este cenário, a Hays preparou algumas dicas de como as empresas podem apoiar e até encorajar essas novas formas de trabalho.

Flexibilidade no ambiente de trabalho
Muitos contratos de trabalho não oferecem flexibilidade aos funcionários que desejam trabalhar em horários alternativos, ou que buscam outros interesses profissionais fora do trabalho. Proporcionar ao colaborador mais flexibilidade ajudará as empresas a reter colaboradores mais talentosos, que podem colaborar no desenvolvimento da companhia.

Ajude os funcionários a adotarem a mudança e o novo local de trabalho
As empresas precisam educar sua equipe sobre as opções abertas a elas e apoiá-las nessa nova estrutura de carreira. Se conseguirem nutrir o desejo de um funcionário de aprender novas habilidades ou explorar outras áreas de interesse, é mais provável que mantenham sua experiência e conhecimento por mais tempo.

Invista nas habilidades dos funcionários incentivando o aprendizado
As empresas podem incentivar os profissionais a se capacitarem ou até mesmo a tentar satisfazer seu desejo de aprender novas habilidades ou assumir um papel diferente. Fazer isso fornecerá às organizações mais habilidades à sua disposição, ajudando a combater a escassez de talentos, mas também proporcionando aos trabalhadores a liberdade de se mudar para outros cargos.

As organizações também devem procurar outros meios de apoio aos funcionários
As organizações podem oferecer retornos a profissionais que deixaram o mundo do trabalho para criar uma família, por exemplo. Isso garantirá que habilidades valiosas sejam trazidas de volta à força de trabalho. As empresas também podem criar funções de aprendizagem dirigidas a pessoas mais velhas – à medida que a idade de aposentadoria é aumentada, eles devem procurar novas carreiras. As organizações também podem oferecer trabalho remoto aos funcionários que têm compromissos em casa e que são menos capazes de fazê-lo em um escritório.

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPÍTULO 6 – COMO LIDAR COM O QUE É SANTO: DA UNÇÃO À GLÓRIA

 

Você calmamente inclina sua fronte em reverência quando entra em uma igreja? Eu ficaria surpreso se sua resposta fosse sim.” W. Tozer

Minha vida mudou para sempre naquele fim-de-semana de outubro, em Houston, Texas. A presença de Deus invadiu a atmosfera como um raio, rompendo o púlpito no culto dominical. Nunca me esquecerei do que disse ao pastor, meu amigo: “Deus poderia ter matado você.” Eu não estava brincando. Era como se Deus tivesse dito: “Estou aqui e quero que Minha presença seja respeitada.” A imagem do túmulo de Uzá veio à minha mente.

Quando dizemos: “Queremos Deus”, não sabemos o que estamos pedindo. Eu mesmo descobri que não sabia. Quando Deus se manifestou, nenhum de nós estava preparado para a realidade de Sua presença. Conforme mencionei antes, houve pouca pregação, não tivemos escolha. Deus tomou Sua Igreja e não permitiu que nada do que não estivesse em Seus planos acontecesse naquele culto.

A presença de Deus era tão “densa” que entendi clara e literalmente a palavra que diz:

“Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nuvem encheu a Casa do Senhor, de tal sorte que os sacerdotes não puderam permanecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor.” (1 Reis 8.10,11)

Deus veio tão repentina e poderosamente naquela igreja, que temíamos fazer algo que não estivesse em Seus planos. É claro que a presença de Deus sempre estivera ali, mas não da forma como a experimentamos. Tudo que podíamos fazer, naquela hora, era ficar lá sentados, tremendo. Temíamos, até mesmo, dedicar ofertas ao Senhor sem Sua permissão específica. Ficávamos nos perguntando: “O que você acha de dedicar nossas ofertas agora? Será que podemos fazer isto? E aquilo?”

REVERÊNCIA AO SENHOR

Por que hesitávamos diante de coisas tão simples e corriqueiras? Não sabíamos como lidar com a Santa Presença em nosso meio: éramos amadores nesta matéria (e ainda somos!). Percebi que as primeiras manifestações da presença de Deus aconteceram de repente e sem aviso. Mas nas visitações seguintes, Ele só veio mediante convite, e o convite era a fome por Sua presença. A questão é: Você realmente quer que Ele venha? Você está disposto a pagar o preço de ser um caçador de Deus? Então, terá que aprender como reverenciar e lidar adequadamente com a santidade de Deus. Mordomia, meu amigo!

A.W. Tozer preocupava-se com a falta de santidade na igreja. Ele percebeu que os cristãos, em geral, estavam perdendo a noção do que é Santo em seus cultos e na adoração. Para ele, tal irreverência mostrava que o povo não tinha consciência da presença de Deus no meio deles, era como se Ele não estivesse ali. Tozer observou que o anseio por uma vida espiritual estava perdendo espaço para o mundanismo. E em ambiente mundano não se produz o avivamento. Ele sentia que se a Igreja não se voltasse para Deus e buscasse um relacionamento com Ele, O Senhor procuraria outro lugar.

Agora sei porque o sumo sacerdote do Antigo Testamento pedia a seus companheiros: “Amarrem uma corda em meu tornozelo, pois estou prestes a entrar onde a glória de Deus habita. Fiz tudo o que deveria para estar pronto, mas nosso Deus é temível.”

Não tenho medo de Deus, eu O amo. Mas tenho agora um respeito por Sua glória e santidade que não tinha antes.

Costumava ser fácil lidar com a unção vinda do Senhor, mas agora sei que é algo santo. Cuido em fazer duas orações antes de ministrar: primeiramente dou graças “Obrigado, Senhor, por vir estar conosco!” E, então, suplico: “Por favor, permaneça aqui, Senhor.”

Você se lembra da sunamita estéril que preparou um quarto para o profeta Elias, em 2 Reis, Capítulo 4? Ela foi recompensada com um filho. Quando, ainda na infância, Satanás o levou, Deus mandou o profeta ressuscitá-lo. Satanás não pode roubar o que Deus traz à vida, mas esta é uma graça reservada aos que, pela fé, preparam um aposento aO que pode realizar milagres. É por isto que, com reverência, agradeço ao Senhor por ter vindo, e, então, digo-Lhe que estaremos preparando provisões para Sua volta. “Senhor, estaremos aqui para louvá-Lo na quarta, quinta e sexta-feira. Nosso único propósito é engrandecer o Seu nome e buscar a Sua face adorável.” Pela fé, creio que Ele nos visitará novamente.

A Palavra de Deus me assegura que, quando o Senhor nos visita, nada permanece como antes: sempre nasce algo novo e precioso. E, mesmo que o inimigo tente impedir, Deus move céus e terra para recuperar o que Ele mesmo criou!

É preciso ter cuidado e sensibilidade no trato com a Santidade de nosso Deus! Devemos lembrar que aquilo que é bom pode ser o pior inimigo daquilo que é melhor. Se você quer o melhor de Deus, terá que sacrificar aquilo que você pensa ser bom e aceitável. Se eu e você pudermos descobrir o que é o melhor e aceitável a Deus, então a promessa de visitação se cumprirá.

O que presenciei, em Houston, foi uma parcela daquilo que Deus está fazendo. E Ele está se movendo em preparação para mais.

MOVENDO-SE PARA O LUGAR AO QUAL PERTENCE A GLÓRIA DE DEUS

O capítulo 13 de 1 Crônicas nos diz que, após a coroação de Davi como rei e a derrota dos filisteus, o jovem soberano decidiu trazer a arca da aliança de volta a Jerusalém. Deus estava de mudança, no sentido de que Seu domicílio velho-testamentário estava se mudando do seu lugar interino de descanso para o lugar ao qual Sua glória pertencia de fato. Deus quer retornar a Seu lugar devido. Jerusalém é apresentada como a representação da Igreja. O apóstolo Paulo fez esta analogia quando falou de Jerusalém “lá de cima” como “nossa mãe” (Gálatas 4.26). Esta é a cidade espiritual ou habitação de Deus. O Senhor quer que Sua glória esteja na Igreja e que seja visível ao mundo.

Houve um tempo em que, pelo pecado ou indiferença do homem, a glória de Deus, Seu cabode (ou “Sua presença substancial”) foi removida de seu lugar. O neto do velho sacerdote Eli permanece como ícone perpétuo da ausência de Deus nos planos da humanidade profana. O pequeno recém-nascido recebeu de sua mãe o nome de Icabode, que significa “a glória se foi”. Ela entrara em trabalho de parto tão logo soube da tomada da arca, pelos filisteus, da morte de seu marido Finéias e de seu sogro.

Os filhos de Eli, Finéias e Hofni, pecaram contra o Senhor em pleno exercício de suas tarefas sacerdotais! (Será que este é o caso de incontáveis ministérios ainda hoje? Talvez se lhes reserve a mesma sorte dos filhos de Eli e sua herança será lembrada sob a insígnia: “Icabode, a glória se foi.”)

Nos 20 anos seguintes à perda da arca, o rei Saul nunca demonstrou interesse em trazê-la de volta a Jerusalém, mas Davi pensou diferente. Ele desejava, ardentemente, ver a presença de Deus restaurada no lugar de origem, em Jerusalém. Ele queria viver sob a sombra da glória de Deus.

É hora de alguém se levantar na Igreja e dizer: “A era de Saul acabou!”. Saul foi um rei segundo a carne, Davi foi um rei segundo o Espírito. Saul foi escolhido porque “desde os ombros para cima, sobressaía a todo povo” (1 Samuel 9.2). Por sua estatura e beleza, ele “pareceu” ser o mais indicado. Deus tinha o melhor para o povo, mas em Seu devido tempo. O povo insistiu e quis algo menos do que “o melhor” e Saul foi nomeado rei.

Saul perdeu, rapidamente, seu mandato dado por Deus, pois seu governo pretendia agradar aos homens e não a Deus. Não há lugar para “políticos” na obra de Deus. Enquanto filhos de Deus, o nosso “público” é composto de um só: nossa platéia é Aquele que nos criou para o louvor de Sua glória.

Davi, por outro lado, foi o rei escolhido por Deus, um homem que tinha sido equipado e treinado através de um íntimo relacionamento com seu Senhor. Quando Deus tirou o reinado das mãos de Saul e o colocou nas mãos de Davi (Veja 1 Samuel 28.17), este disse, através de suas ações: “Não usaremos caminhos humanos para buscar a Deus.”

A Igreja nunca mais será a mesma, quando pessoas como eu e você se levantarem e declararem suas intenções como Caçadores de Deus.

A APARÊNCIA NÃO IMPORTA MAIS

Existem templos belíssimos nos Estados Unidos e em qualquer país que vamos, mas não importa o que seus magníficos letreiros dizem, Deus é “persona non grata” nestes lugares. Por quê? Porque suas programações, sua dignidade e seu prestígio entre os homens são mais importantes do que a presença do Criador. Todavia, Deus está começando a dispensar Sua graça e misericórdia, e aqueles que estão realmente sedentos têm mudado. Não se importam mais com a aparência ou com o profissionalismo dos programas feitos pelos homens – estão procurando é Deus. Querem a arca da presença de Deus de volta à Igreja.

Talvez você esteja no mesmo ponto em que hoje me encontro. Já estive em tantos cultos, onde não havia a presença da “arca”. Já suportei tantas canções vazias. Estou cansado até mesmo de meu próprio ministério! Já preguei tantos sermões, sei que foram ungidos, mas não conduziram à presença d’Aquele pelo qual todos esperamos. Talvez eu tenha feito tudo que podia, mas tudo que fiz foi dar ao povo uma pista de algo imensuravelmente melhor e mais poderoso.

Só fiz fumaça do lado de fora do véu, quando, na verdade, meu desejo era ir além dele e contemplar a glória do Senhor. Sou grato pela unção, mas agora sei que Deus tem muito mais para nós – Ele mesmo. Lutei e trabalhei no ministério durante décadas, mas agora descobri que, em meio à presença de Deus, tudo que faço perde a importância. Quando a presença de Deus entra em cena, todos – crentes e ímpios, ricos e pobres, sábios e tolos, jovens e velhos –todos se prostram diante de Sua temível glória. Ao invés de ficar buscando a unção, devíamos buscar a manifestação da presença e da glória de Deus. A unção capacita a carne – cantamos ou pregamos melhor. Mas a “Glória” a consome! Que seja esta a sua busca: a glória de Deus!

Davi lembrou-se do relacionamento íntimo que tinha com Deus nos campos de seu pai. Lembrou-se do pequeno e frágil pastor de ovelhas que encarou leões, ursos e até mesmo o guerreiro mais poderoso dos filisteus. E, muitos anos depois, assim que foi coroado rei de Israel e Judá, Davi deu o primeiro passo para concretizar seu sonho:

“E disse [Davi] a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos, em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arredores, para que se reúnam conosco; tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus;porque nos dias de Saul não nos valemos dela.” (1 Crônicas 13.2-3, Revised English Bible).

Os “Sauls” e a carne não têm se valido da arca. Agradeço a Deus por aqueles pastores e igrejas que, famintos pela presença do Senhor, deixam tudo de lado e dizem: “Podemos ter um belo templo, um tabernáculo, mas precisamos de Deus!”

Israel possuía todos os cerimoniais, ornamentos e prescrições de Deus, mas não O tinham. Os judeus da época de Jesus tinham o tabernáculo, realizavam todo ritual de sacrifício com perfeição, “cumpriam” com as obrigações da lei, mantinham o sacerdócio levítico funcionando precisamente – mas a arca da aliança não estava lá. Creio que o véu, ao ser rasgado, também expôs o vazio da religião. Aquele rompimento revelava que o Santo dos Santos estava vazio (eles não poderiam nem suspeitar que o véu do “Santo dos Santos” acabara de ser rasgado por um soldado romano, pois o lugar estava absolutamente vazio).

Todas as tarefas eram executadas do lado de fora do véu, por detrás dele só havia o silêncio do vazio. Algumas vezes, você precisa admitir que algo está faltando e, então, empreender a viagem para recuperar a “arca”. Os fariseus não reconheciam falhas, imperfeições ou que algo estivesse faltando.

“(Reuniu, pois, Davi a todo Israel (…) para trazer a arca de Deus de Quiriate-Jearim. Então, Davi, com todo Israel, subiu (…) para fazer subir dali a arca de Deus, diante da qual é invocado o nome do Senhor, que se assenta acima dos querubins.” (1 Crônicas 13.5-6.)

Nos tempos de Davi, a arca da aliança era sinal da glória de Deus. E ela ainda se encontrava na casa de Abinadabe, em Quiriate-Jearim, onde fora deixada pelos israelitas de Bete-Semes, depois do grande morticínio que houve entre eles. Foram mortos porque se atreveram a abrir e olhar dentro da arca da presença de Deus, como se ela não passasse de uma caixa, muito bonita, porém comum. Vinte anos depois, Davi empreendeu uma peregrinação de vinte e quatro quilômetros, aproximadamente, para recuperar a glória do Senhor:

“Puseram a arca de Deus num carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. Levaram-no com a arca de Deus, da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca.

Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamborins, com pandeiros e com címbalos.

Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e a segurou, porque os bois tropeçaram.

Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus.

Desgostou-se Davi, porque o Senhor irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje. Temeu Davi ao Senhor, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor? Não quis Davi retirar para junto de si a arca do Senhor, para a cidade de Davi; mas a fez levar à casa de Obede-Edom, o geteu.” (2 Samuel 6.3-10).

Davi e seus auxiliares estavam tentando lidar com a presença santa e gloriosa de Deus, usando mãos humanas. Como você lida com a santidade e a glória de Deus? Até hoje, tudo tem sido feito do “nosso” jeito, e Deus não vai permitir isto mais. Ouvi alguém dizer que havia uma “pedra no meio do caminho” por onde deveria passar a caravana de Davi. Quem a colocou no caminho? O próprio Deus! As pedras no caminho nos forçam a diminuir o passo e perguntar: “É assim mesmo que se faz?”

A PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

Os problemas de Davi começaram quando ele e seus auxiliares tentaram prosseguir após toparem com a “pedra”. O Senhor nunca pretendeu que Sua glória fosse carregada nas costas de instrumentos, veículos ou programas criados pelo homem. Ele sempre ordenou que Sua glória fosse transportada por “vasos humanos” santificados, separados, vasos que reverenciassem e respeitassem Sua santidade.

Os filhos de Abinadabe passaram vinte anos junto à arca. Para eles, ela era uma caixa muito bem feita, bonita, mas comum, como qualquer outra. Provavelmente se sentiram honrados em serem escolhidos para guiar o carro que levava a arca, mas nenhum daqueles jovens estava preparado e eles não conheciam as antigas prescrições concernentes à santidade de Deus. A caravana de Davi encontrou a pedra no meio do caminho, os bois tropeçaram e Uzá segurou a arca para que não caísse. O nome Uzá significa “força, coragem, majestade, segurança”. A presença de Deus nunca precisou da assistência ou orientação da força humana. E Deus nunca permitiu (nem permitirá) que o braço da carne se glorie em Sua presença, sem que experimente a morte. A glória de Deus abateu a carne que se aproximou “viva” de Sua presença, e Uzá foi morto instantaneamente.

Somente os mortos podem ver a face de Deus, e somente a carne que passou pelo arrependimento pode tocar Sua glória.

Alguém já viu alguma igreja funcionar como aquela de Jerusalém descrita no Livro de Atos? Creio que não. A morte de Ananias e Safira, por terem mentido a Deus (Atos 5.1-11), deveria ser reexaminada pela Igreja hoje. O mesmo Espírito visita a Igreja hoje e Seus padrões de santidade não mudaram. Quando a glória de Deus veio sobre aquela jovem igreja, houve temor entre o povo, e também trouxe consigo sinais e maravilhas, fazendo com que muitos fossem acrescentados àquela comunidade santa (Atos 5.11-16). Por quê? Os líderes, que eram submissos a Deus, agiam no poder e autoridade do Senhor: Se você não fez nada de errado, enquanto o “Pai” esteve fora, não precisa temê-Lo!

Tão logo a presença do Senhor nos sobrevenha, começaremos a fazer as mesmas perguntas que passaram pelo íntimo de Davi, quando ele viu quão sério era lidar com a presença manifesta de Deus. Com frequência, me pego fazendo a mesma pergunta: “Por que eu, Senhor?” Davi, o salmista e guerreiro de Deus, descobriu, de repente, uma faceta do caráter divino até então desconhecida por ele e pelos filhos de Israel. Infelizmente, é algo que a Igreja hoje também desconhece.

Davi decidiu cancelar a viagem para Jerusalém e deixar a Presença, que ele agora temia, na casa de Obede-Edom, próximo a Gate (uma antiga fortaleza filistéia). A arca permaneceu ali por três meses e o Senhor abençoou Obede-Edom juntamente com sua família e suas posses.

Por que Davi tropeçou assim como os bois que puxavam o carro? Ele estava em estado de choque. Ele havia feito tudo que sabia, da maneira mais respeitável possível. (Na verdade, os métodos de Davi foram semelhantes aos usados pelos filisteus, anos antes, para transportar a arca dentro do território israelita, de acordo com 1 Samuel 6.7). Ele, alegremente, dançava à frente do cortejo, ao redor do carro e, junto com o resto do povo, cantava e tocava instrumentos. Ele cria que Deus estava satisfeito com os esforços daquele dia.

Eles eram uma pequena e feliz “Igreja” levando a presença de Deus de volta a Seu lugar. Então, toparam com uma “pedra” na eira de Nacon, uma palavra hebraica que, curiosamente, significa “preparado”. E, obviamente, eles não estavam preparados. Quando Uzá, acidentalmente, segurou a “caixa de Deus” para que ela não caísse do carro, era como se Deus dissesse: “Basta! Até agora permiti que vocês fizessem tudo do seu jeito. Se vocês querem a Minha presença de volta a Jerusalém, terão que agir do Meu jeito.” Então, Deus feriu Uzá ali mesmo e interrompeu o cortejo de Davi. Deus saiu de Sua caixa e acabou com as programações humanas naquele dia. Chega de tentar conter Deus em programações vazias! Davi levou três meses para se recuperar, se arrepender e buscar a glória de Deus.

O mesmo acontece quando experimentamos a manifestação da glória de Deus hoje. Muitas vezes, temos a pretensão de impedir que o Deus, que cuidadosamente guardamos em uma caixa, “caia” de nossos frágeis programas. Não deveríamos ficar surpresos quando a glória de Deus rompesse nossas caixas. Algo sempre morre, quando a glória de Deus entra em contato com a carne.

Davi mudou seus planos e métodos, porque o peso da presença de Deus, subitamente, rompeu sobre ele. O rei Davi pensou: Este é um assunto sério. O que estamos fazendo? Sou a pessoa indicada para isto?

VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A PAGAR O PREÇO?

Este é exatamente o lugar onde a Igreja está neste momento crucial: chegamos ao ponto mais importante nesta mudança de Deus onde estamos tentando transportar a glória de Deus de volta a seu devido lugar. Alcançamos o trecho onde o chão é irregular e o nosso carro novo está trepidando. É hora de nos perguntarmos: “Será que somos as pessoas mais indicadas para essa tarefa? Será que isto é o que realmente queremos? Estamos dispostos a pagar o preço e obedecer à voz de Deus a todo custo? Estaremos dispostos a aprender como lidar com a santidade de Deus?”

Devo avisar-lhe que a glória de Deus, a manifestação de Sua presença, pode “ferir” o corpo da igreja local, como fez a Uzá. Um pastor ungido se aproximaria de sua congregação com muita bondade e diplomacia para dizer:

“Se vocês não estão dispostos a buscar a face de Deus, com seriedade, então procurem outro lugar. Se não se agradam em servir ao Senhor, ou estão incomodados com a manifestação de Sua presença, é melhor procurarem outro lugar onde haja menos fome de Deus, para que possam ali permanecer. Por muito tempo, fizemos tudo do nosso jeito. Se quiserem permanecer como ‘Saul’, se estão satisfeitos em colocar Deus numa caixa, limitando-O a seus programas e procedimentos, por favor, procurem outro lugar. Devo adverti-los que ‘a pedra no meio do caminho’ está agora a nos dizer que não será possível continuarmos assim.”

Quando você topar com tal pedra, compreenderá: “Isto não funciona mais, não é assim que se faz.” É provável que, até este momento, tudo estivesse muito agradável: danças, pequenas harpas (que nem fazem tanto barulho), pessoas cantando e até alguns números tradicionais de vez em quando. Mas, quando a glória de Deus for restaurada ao Seu lugar de origem, a carne e toda pretensão humana será consumida diante de todos, e isso não será algo fácil de se ver. O arrependimento genuíno é algo que muita gente não consegue suportar.

O dia em que confidenciei ao meu amigo pastor: “Deus poderia ter matado você”, ambos sabíamos que havíamos “tropeçado no caminho”. Deus disse: “Vocês estão falando sério? Querem que Eu Me aproxime? Querem Minha presença? Então, vamos fazer do Meu jeito.”

Só Deus sabe como os israelitas manejaram a arca, quando ela foi colocada pela primeira vez na casa de Abinadabe, mas sabemos que tudo foi bem diferente depois da morte de Uzá. Uma coisa é certa: Ninguém tocou nela. O respeito pela glória de Deus marcou aquelas vidas. Provavelmente desejaram sorte a Obede-Edom, dizendo:

“Tivemos que enterrar um homem hoje! Ele foi fulminado ao tocar na arca, quando os ‘bois’ tropeçaram no caminho. Por isto, seja cuidadoso!”

Davi pensou: “Não sei se realmente quero que a arca volte a Jerusalém. Ela pode nos matar a todos.” Mas, nos três meses seguintes, ele recebeu notícias de como Deus estava abençoando Obede-Edom. De acordo com a Palavra, a bênção estava sobre a casa de Obede-Edom e tudo que ele tocava era igualmente abençoado! Incluindo suas posses, toda sua família e os animais. Havia prosperidade e saúde. Creio que Davi foi checar tais notícias com Obede-Edom:

“Sim, é verdade mesmo o que você ouviu.” “O que você fez?”

“Com certeza, não a tocamos: não deixei que as crianças chegassem perto dela. Mas desde que você a deixou em minha casa, ela parece emanar riqueza, poder e autoridade. Estas coisas simplesmente aconteceram, não tenho nada a ver com isto.”

Davi, rapidamente, repensou sua posição a respeito da arca. Ele percebeu que, se a presença e a glória de Deus trouxe bênçãos sobre uma família, o que isto poderia significar para toda uma nação? Então disse: “Tenho que levar a arca de volta ao seu devido lugar, em Jerusalém.”

Quando Davi colocou a arca no carro, pela primeira vez, ele e “todo Israel” pensaram: Deus ficará contente com isto. Veja todas estas pessoas dançando e tocando ao redor da arca.

Já que ninguém se preocupou em perguntar a Deus Sua opinião, Ele teve que acabar com a festa. “Basta, nem mais um passo. Vocês notaram este tropeço no meio do caminho?

Vamos parar por aqui! Se realmente querem que Minha presença retorne ao seu lugar, de agora em diante será do Meu jeito.”

Na segunda vez, Davi fez o que deveria ter feito desde o começo. Ele estudou nas Escrituras como Deus se moveu anteriormente. Como a arca foi transportada de um lugar para outro nos tempos de Moisés? Ele descobriu o verdadeiro propósito e função dos levitas e dos sacerdotes araônicos. E percebeu, pela primeira vez, os paus para serem colocados nas misteriosas argolas nos quatro cantos da arca. “Ah, é para isto que servem as argolas! É intrigante que o nosso majestoso Deus tenha ficado satisfeito com sua arca envergada sobre dois paus!”

NUNCA DESPREZE A GLÓRIA DE DEUS

Muitos líderes nas igrejas, que estão famintos pela presença de Deus, lêem tudo que podem a respeito do mover de Deus no passado. Por quê? Porque já topamos com a “pedra santa” no meio do caminho.

Sinto que, se realmente queremos que a santidade de Deus e a plenitude de Sua glória habitem em nosso meio, precisamos descobrir como lidar com ela de forma adequada. Sabemos que é neste ponto que a carne cai fora, mas qual é a forma mais adequada? O que De us quer que façamos? Nossa fome é grande demais para ser satisfeita com uma refeição. Queremos mais do que Sua visitação. Queremos que Ele permaneça. Queremos Seu cabode, não o “Icabode”. Queremos que Sua presença se manifeste e fique entre nós.

Estamos na mesma situação em que se encontrava o Rei Davi. O maior perigo, neste momento, é considerarmos comum aquilo que é santo. A arca da aliança permaneceu na casa de Abinadabe por um bom tempo, mas a presença de Deus não estava ali em plenitude. Alguns escritores acreditam que Uzá esteve junto à arca quando criança. Talvez ele tenha brincado com ela ou sentado nela. Se isto for verdade, é exatamente esse o motivo pelo qual a presença de Deus não estava ali em plenitude.

Quando você coloca a glória de Deus no lugar devido, a manifestação de Sua presença e poder começam a ser restaurados em cada passo dado em direção à Sua ordem original. (Poderia aquele tropeço ter vindo do peso adicional da glória, o cabode, restaurando o poder de Deus na arca?) Se não formos cuidadosos, permitiremos que as coisas santas se tornem tão comuns, que começaremos a pensar como Uzá: Veja, posso tocá-la. Cresci junto dela, é inofensiva. Vamos tocar a glória de Deus, mas será só uma vez…

Nunca tome a santa presença de Deus por algo comum. Não pense que Deus não está operando somente porque não há ninguém chorando, tremendo ou profetizando. Pense duas vezes antes de bocejar entediado. Muitos dos grandes nomes, na história da Igreja, sabiam que Deus nem sempre manifesta Sua glória de forma que os olhos da carne possam ver. Se pudessem nos aconselhar, diriam: “Não busquem sensacionalismo. Busquem Deus e O encontrarão.”

Temos que honrar a presença constante de Deus. Cuido para que ela não se torne algo tão comum para mim, que eu comece a pensar que posso, casualmente, tocar Sua santidade com minha carne. Quero o Senhor, custe o que custar, e não vou permitir que as coisas santas se tornem comuns para mim. Se você está empenhado em buscar a manifestação da glória de Deus, então ore comigo:

“Senhor Deus, estou aqui para encontrá-Lo, estou aprendendo como lidar com a santidade de Sua presença. Tenha misericórdia de mim, Senhor Jesus!”

Uma das primeiras coisas que Deus faz, quando manifesta Seu poder na Igreja, é trazer de volta o respeito por este poder. Qualquer eletricista poderá lhe dizer que antes de mexer na parte elétrica de uma casa sempre se desliga a energia: é a primeira providência a ser tomada. Por quê? Muitos admitem que já experimentaram um choque antes! E o que aprenderam com tal experiência? Adquiriram um respeito profundo e pessoal pelo poder que há na eletricidade e seus efeitos sobre a carne desprotegida.

Antes que Deus traga Seu poder sobre a terra, em Sua misericórdia, Ele primeiramente restaura nosso temor pela Sua glória e santidade. Precisamos adquirir um respeito profundo e pessoal pelo poder da glória de Deus e seus efeitos sobre a carne que não foi consumida pelo arrependimento. Isto não quer dizer que não devemos nos aproximar dela, “usá-la” ou habitar nela.

Assim como um eletricista é capaz de trabalhar junto a fios de 220 volts com segurança, uma vez que ele aprendeu a respeitar o poder da eletricidade, Davi e os israelitas aprenderam como honrar e lidar com a glória de Deus manifesta na arca da aliança. Eles até levaram consigo a arca na batalha mais tarde. Deus está nos chamando para levar Sua presença à “batalha” todos os dias como “arcas vivas” ou tabernáculos do Altíssimo. O Senhor quer que habitemos com Ele em uma comunhão íntima, mas, para isto, a carne deve morrer.

A unção e o poder de Deus virão sobre nós tão fortemente que Sua presença irá adiante de nós em nosso escritório, nas prisões, nos shoppings e onde quer que formos. Tal avivamento é baseado na presença da glória de Deus, não na obra dos homens, e, por isto, não pode ser contido pelas quatro paredes das igrejas. A glória de Deus tem que fluir pelo mundo.

Vejamos outro ponto: na segunda tentativa de Davi em restituir a glória de Deus ao devido lugar, quando convocou os levitas e os descendentes de Arão para levarem a arca, ele deu um aviso solene que se aplica a todo sumo sacerdote do Reino de Deus hoje:

“E lhes disse: Vós sois os cabeças das famílias dos levitas; santificai-vos, vós e vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor, Deus de Israel, ao lugar que lhe preparei.

Pois visto que não a levastes na primeira vez, o Senhor nosso Deus irrompeu contra nós, porque então não o buscamos, segundo nos fora ordenado. (1 Crônicas 15.12,13).

A palavra hebraica traduzida como “santificar” é QADASH, e significa “separar” ou “tornar santo”. Em outras palavras, temos que nos tornar santos assim como Deus é Santo. Você sabe o quanto Davi enfatizou a importância da santificação para aqueles homens? Penso que ele disse: “Quero mostrar a vocês o túmulo daquele que não estava santificado. Vocês estão prestes a carregar a mesma arca que fez isto a ele. Então é melhor realizarem uma cerimônia de purificação agora mesmo.” Imagino que os primeiros homens a colocarem os varais nas argolas, se deram como mortos.

Somente “mortos ambulantes” podem lidar com a santidade de Deus.

VALE MAIS QUE UMA COCA-COLA

O mover do Senhor pela terra é marcado, com freqüência, por noites e noites de purificação através do arrependimento. Se permitirmos que Deus nos conduza pelo processo de arrependimento e quebrantamento, sem impedir, resistir ou apagar Seu Espírito, então, quando o cabode, a presença substancial de Deus, vier sobre nós, teremos condições de suportá-la sem medo, pois estaremos andando na pureza de Jesus e nossa carne estará morta, coberta pelo sangue do Cordeiro.

Os primeiros avivalistas do movimento pentecostal costumavam fazer algumas coisas das quais eu zombava quando jovem. Tenho uma tia que “parou de beber Coca-Cola”, enquanto estava buscando a presença de Deus em sua vida. Ela gostava muito de Coca-Cola, mas orou: “Deus, se o Senhor se manifestar a mim, nunca mais beberei outra.” Deus levou em consideração o seu pedido.

Eu costumava rir disto quando era criança e ficava balançando uma Coca-Cola na frente dela. “Olhe, você não quer?” Ela simplesmente sorria, e dizia: “Não, eu não quero.” Aquele sorriso, me fazia sentir que ela sabia algo que eu desconhecia. Agora, desde o dia em que Deus manifestou Sua presença em Houston, posso dizer: “Agora, eu a entendo, tia. Agora posso entender.” Deus vale mais que todas as outras coisas com as quais nos apegamos.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O PERIGO DA GAIOLA DOURADA

Ao contrário do que muitos pensam, nem sempre o conforto é um aliado. Às vezes ele pode ser nosso pior inimigo

O perigo da gaiola dourada

Apesar do desejo, já na infância, de ser psicóloga, demorei um pouco para me dar esse presente, de forma que a Psicologia foi minha segunda (e não primeira, como haveria de se esperar) graduação. Quando entrei no curso já era mãe de dois filhos, com aluguel e mensalidade da faculdade para pagar, vivendo a realidade de muitos brasileiros que, após um longo dia de trabalho, frequentam os cursos noturnos. Chocolate, roupa, tupperware…   fazia de tudo para conseguir uma renda extra que me ajudasse a viabilizar meu sonho. Foi com sacrifício que terminei a graduação e já no ano seguinte estava matriculada numa pós, envolvida com produção científica, congressos etc.

Foi quando conheci a Ana. Bem nascida, elegante, família rica… em suma, o oposto de mim. Ficamos amigas logo de cara. Embora fosse mais reservada nas aulas do que eu, percebi que Ana era inteligente, que tinha algo a dizer e por isso não me conformava com sua resistência em acompanhar meu ritmo de escrever artigos, fazer resenhas para a revista da faculdade, apresentar trabalhos na sessão de pôster dos congressos. Incentivava-a a participar e, cada vez mais frustrada, observava suas reticências, seu pouco entusiasmo.

Um dia, após ouvir mais um dos meus sermões de engajamento, ela me disse que o fato de sermos ambas inteligentes não era suficiente para suplantar a profunda diferença que havia entre nós: escolhas. “Você é uma aluna brilhante porque não tem escolha”, disse-me Ana com uma dureza quase elegante. “Nunca lhe ocorreu que o conforto pode também ser uma maldição? Uma gaiola dourada que nos impede de alçar voos?” Não. Tendo crescido em uma família de recursos limitados, eu nunca havia pensado no conforto nesses termos, de forma que aquela frase me trouxe uma nova perspectiva. Continuamos amigas até o final do curso, e depois disso nossas vidas tomaram rumos diferentes. Nunca mais soube da Ana. Porém, dia desses, ao refletir sobre o cenário de crise econômica que temos enfrentado, algo me fez resgatar essa história de mais de vinte anos. E isso tem a ver com a gaiola dourada. Estabilidade econômica gera gaiolas douradas. Que fique claro que não se trata de fazermos, aqui, a apologia da crise. Todos os esforços para a promoção do crescimento econômico podem e devem ser empreendidos. Mas às vezes, a despeito dos esforços, a crise nos pega de jeito: menos clientes, menos trabalho, desemprego. Tempos sombrios que trazem tristeza, medo, ansiedade, e tantas outras legítimas emoções desagradáveis de sentir, sobre as quais não pretendo me deter neste texto. O perigo é que o sofrimento nos paralise e nos torne cegos para as oportunidades que a crise é capaz de trazer.

Consideremos a questão do tempo. Vivemos reclamando não ter tempo para fazer o que gostaríamos: escrever um livro, fazer jardinagem ou um trabalho voluntário. De repente os clientes rareiam, o volume de trabalho diminui ou, por causa de uma demissão, vai a zero. E então o que fazemos? Passamos parte do tempo tentando resgatar os clientes e o trabalho, é claro! Mas ainda assim, enquanto eles não vêm, nos sobra tempo. E o que fazemos com ele? Nada.

Mas felizmente há aqueles que, compulsoriamente expulsos da gaiola dourada, ousam o voo.

De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Startups, o número de startups no Brasil teve um crescimento de 40% no período de junho de 2015 a junho de 2016 e, de acordo com a mesma entidade, esse número não para de crescer. Isso porque, felizmente, existem aqueles que, diante da perda de um emprego, preferem, ao invés de se jogar pela janela (sim, há aqueles que, literalmente, o fazem), se jogar no mercado, aproveitando o que minha amiga Ana talvez chamasse de “falta de escolhas” para ir atrás de seus sonhos. Sim, até mesmo a crise tem seu lado positivo e percebê-lo pode ser, mais do que uma questão de sobrevivência, uma oportunidade para a realização.

 

LILIAN GRAZIANO – é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. graziano@psicologiapositiva.com.br

OUTROS OLHARES

PADRES SEM BATINA

A Igreja Católica se ressente da falta de missionários dedicados a pregar a palavra de Deus em regiões remotas e cogita liberar na Amazônia a ordenação de homens casados e de comprovada fé

Padres sem batina

Não é de hoje que a Igreja Católica perde espaço para outras religiões por falta de padres que levem a palavra de Deus até os lugares mais longínquos. Há uma espécie de carência de trabalho árduo propagando a fé. Para tentar sanar esse problema, um documento preparatório para o Sínodo da Amazônia, assembleia de bispos, que será realizada em outubro em Roma, recomenda que se permita na região a ordenação de laicos casados, sobretudo de indígenas que comprovem a sua fé. São os chamados “viri probati”, homens não celibatários que podem exercer atividades eclesiais e celebrar a eucaristia. A decisão final sobre esse tipo de ordenação ainda não tem prazo para ser tomada, mas conta com a simpatia de bispos progressistas e moderados. Embora o documento ressalte que “o celibato é um presente para a Igreja”, há a recomendação de que “nas zonas mais remotas da região se estude a possibilidade de ordenação sacerdotal de idosos respeitados e aceitos por sua comunidade, ainda que já tenham uma família constituída e estável”. Considera-se também a hipótese de que mulheres missionárias tenham permissão para fazer a catequese.

 “Essa questão da ordenação de padres casados é um horizonte, não uma decisão, mas um debate que está se iniciando”, afirma dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). “Ninguém é contra o celibato, mas não podemos ignorar nossas dificuldades locais”. A diocese de Porto Velho é um bom exemplo da escassez de sacerdotes na região amazônica. Ela reúne cerca de 950 mil habitantes, se expande por uma área de 87 mil quilômetros quadrados e conta com apenas 42 padres. A diocese abrange 26 paróquias e quatro áreas missionárias que não estão sendo devidamente atendidas. “Nós temos uma situação de poucos sacerdotes para a região e precisamos superar a tendência de uma igreja que seja apenas de visitação, que passem pelos lugares, para uma igreja presente, encarnada, que permanece”, diz dom Roque Paloschi. Uma das maiores circunscrições eclesiásticas do País, o Xingu, com 365 mil quilômetros quadrados, conta com somente 27 padres.

Padres sem batina. 2

CONCÍLIO DE LATRÃO

A Igreja da Amazônia enfrenta um dilema grave. Os poucos sacerdotes que ali atuam têm dificuldade para circular pela região, onde as comunidades estão separadas por longas distâncias. Precisam de barcos, carros, animais para fazer seu trabalho. Há comunidades que passam meses sem receber padres para celebrar missas e ouvir confissões. O que se defende é que haja um novo tipo de sacerdote ao lado do tradicional que possa dar atenção ao seu rebanho. Uma das consequências dessa baixa presença de católicos é o aumento do número de seguidores de religiões evangélicas. No começo do século, 19,8% da população amazônica era evangélica seguiam tal credo e o percentual subiu para 28,5% em 2010. Das 340 etnias indígenas presentes na região, 182 contam hoje com missionários evangélicos e representantes da população local.

Na prática, o encontro de bispos irá alimentar a velha discussão sobre o fim do celibato. A decisão em relação à Amazônia pode abrir a possibilidade de ordenação de homens casados em outras partes do mundo. Não é a primeira vez que isso acontecerá. Em 2009, o papa Bento XVI autorizou a ordenação de sacerdotes anglicanos conservadores que abandonaram a Igreja Inglesa e decidiram se converter ao catolicismo. Na ocasião, foi permitida a conversão sem que houvesse a obrigação de se adotar o celibato. Em 2017, o papa Francisco já havia considerado a possibilidade de ordenar homens casados em regiões remotas para suprir a falta de missionários. A sugestão de ordenar “viri probati” teria vindo do cardeal emérito de São Paulo dom Cláudio Hummes, que será o relator geral do Sínodo da Amazônia.

O celibato foi imposto pela igreja no século 12. No primeiro e no segundo Concílio de Trento, realizados, respectivamente, em 1123 e 1139, foram condenados e tornados inválidos tanto o concubinato quanto o casamento de clérigos. O celibato era defendido para que os padres pudessem se dedicar totalmente à Igreja, sem qualquer entrave familiar e ficassem mais livres e disponíveis para propagarem sua fé. Outra razão do impedimento de casamento de padres era evitar problemas de herança e garantir preservação e o aumento do patrimônio da Igreja. Em 1563, o Concílio de Latrão impôs o celibato para o clero da América Latina. Agora, poderão ser abertas exceções. O celibato não é um dogma e, portanto, trata-se de uma prática que pode ser alterada.

Padres sem batina. 3

GESTÃO E CARREIRA

O OLHO DO FURACÃO

O momento atual no ambiente corporativo nos apresenta muitos desafios que vão além de qualquer preparo técnico desenvolvido nos últimos anos

O olho do furacão

Provavelmente, os gestores e seus líderes de equipe podem estar diante de situações jamais   previstas na economia de mercado que surge como subproduto do momento político nacional. A impossibilidade de prever as rápidas mudanças causa turbulências que resultam em perdas substanciais muitas vezes impossíveis de serem recuperadas.

Como fazer previsões, dentro de uma realidade como essa? É impraticável. Em um primeiro   momento, talvez a avaliação que se faça é que a melhor forma de minimizar as possíveis perdas em uma política interna de recessão, que também pode ter impactos negativos de forma direta e acabar prejudicando essa mesma estrutura interna e refletindo, negativamente, na produtividade e/ou serviços. Caso não existam intervenções assertivas o momento pode destruir toda história de conquistas na construção do estado de ânimo do corpo laboral. Um forte aparato de ferramentas deve ser colocado em serviço pelo departamento de RH.

Procurar manter elevado auto- conceito realmente envolve grande esforço dos gestores e líderes, mas é o investimento que pode manter uma força coesa em prol da manutenção de   um estado de ânimo positivo. Lembrando apenas que esforço não significa custo financeiro e sim criatividade e atitude.

Elementos simples podem ser incorporados ou, caso já existam na organização, devem ser   valorizados com uma incrementação de valores. Começando pelo Briefing e Debriefing, processos simples e fáceis de serem efetuados que, necessariamente, nem precisam ser realizados pelos líderes de fato. Pode existir uma rotatividade nessas ações.

O briefing – que ocorre no início da jornada – trata-se do momento em que a Missão é declarada e os Valores da empresa ressaltados, direcionando o sentimento de pertencimento para um objetivo comum. O time se une para enfrentar mais um dia que pode fazer toda diferença.

O Debriefing – momento final do período de trabalho -, um retrospecto de toda a jornada que deve ser cuidadosamente relatado. Erros e acertos! O que ficou para amanhã?  Como podemos fazer melhor? Esse é o instante em que a equipe recupera a agenda produtiva e se programa para a jornada seguinte.  Os erros devem ser destacados de forma impessoal, não se trata da pessoa e sim do problema. A busca por soluções é conjunta e a prospecção de resultados deve ser discutida de forma ampla.

Outro hábito que deve ser implantado é o Job Rotation Senior. Já conhecido de todos, no momento da entrada do profissional na empresa, a troca de funções pode ser uma boa alternativa para criar elevação de moral. Maximizar o aproveitamento das habilidades ou   competências precisa ser o fator destacado do gestor em qualquer período de crise. Aqui, a escolha pode ser do próprio colaborador, realizada por meio de um simples instrumento de avaliação. Basta um questionário com poucas perguntas avaliando se ele está satisfeito com o seu posto e em qual outra posição na instituição ele se sentiria mais produtivo.

Talentos podem estar escondidos abafados pelos ruídos das preocupações com o futuro.  Permitir a realização de um sonho, que necessariamente não significa realização profissional, é o mesmo que declarar confiança e respeito pelo trabalhador. Ao fim do período programado, uma nova e rápida avaliação deve ser efetuada para aferir os resultados obtidos. Se o caminho apontado é a troca de função, uma nova programação pode ser elaborada, e um plano de realocação, colocado em prática.

Fato é que, no instante em que o gestor percebe a primeira parede de vento da tormenta ele deve se preparar para o momento seguinte: o “olho do furacão”.  Ao contrário do dito popular, estar no olho do furacão não é igual a um momento cheio de turbulência, trata-se de uma calmaria vigilante, pois o círculo de vento ronda os 360 graus do campo de visão. O bom gestor deve aproveitar o silêncio dos ventos e montar suas barricadas compostas de tudo de melhor que seus colaboradores podem possuir.

Como duplo pesquisador, o gestor (e também o líder de equipe) deve ter um olho no telescópio, enxergando longe as movimentações externas, e outro no microscópio, descobrindo talentos em sua própria equipe e permitindo a extração de toda a capacidade desses elementos. A visão do jardineiro, que cuida carinhosamente de suas flores, deve ser   imediatamente substituída pela do mineiro, que cava em profundidade para extrair ouro do centro da terra.

Focando no potencial interno, criando possibilidades para a manutenção de uma elevada   autoestima corporativa junto ao investimento para o surgimento de habilidades inertes, a   instituição pode transpor terrenos minados criando pontes ao invés de passos letárgicos. A diferença está na credibilidade do organismo institucional em suas capacidades de automotivação e renovação de talentos dentro do mesmo grupo.

Bernardino Ramazzini, célebre médico italiano, em 1700 efetuou a primeira classificação e    sistematização de doenças do trabalho com a publicação de seu livro De Morbis Artificum   Diatriba, considerada um verdadeiro marco na análise das doenças que podem surgir com a atividade laboral. Dessa época até os tempos atuais, poucos foram os pesquisadores que investiram na possibilidade da atuação, no ambiente de trabalho, de servir como componente na construção de uma saúde física e mental.  O contrário parece mais fácil de ser alcançado.

 

JOÃO OLIVEIRA – é publicitário e psicólogo. Atua como palestrante e facilitador de cursos/treinamentos em todo o Brasil. Diretor de Cursos do Instituto de Psicologia Ser e Crescer (www.isec.psc.br). Entre seus livros, estão: Jogos para Gestão de Pessoas: Maratona para o Desenvolvimento Organizacional, Mente Humana: Entenda Melhor a Psicologia da Vida e Saiba Quem Está à sua Frente – Análise Comportamental pelas Expressões Faciais e Corporais (WAK Editora).

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 5 – VAMOS FUGIR OU ENTRAR?

 

UMA CHANCE PARA ENCONTRAR AQUELE QUE VOCÊ SEMPRE SOUBE QUE ESTAVA LÁ

Quando vejo pela noite, nas festas ou em bares, pessoas bebendo e agindo como verdadeiros ímpios não posso evitar, mas, de certa forma, eu gosto delas! Geralmente, não estão fingindo: sabem muito bem quem são e o que estão fazendo. (Os que realmente me irritam são aqueles que fingem ser algo que não são!) Quando passo por um barzinho ou boate, quase sempre me vem à mente um pensamento inusitado: Senhor, por que não aqui? Por que não manifesta Sua presença neste lugar?

Para mim, o avivamento ocorre quando a glória de Deus rompe as quatro paredes de nossa igreja e flui pelas ruas. O avivamento que tomaria proporções históricas em nossos tempos seria aquele em que a glória de Deus se manifestasse em shoppings às sextas-feiras à noite. Eu adoraria ver as administrações destes shoppings sendo obrigadas a contratar capelães que trabalhassem em tempo integral, para atender às pessoas que fossem encontradas chorando e se arrependendo pelos corredores. E seriam muitas!

Eu quero ver as linhas telefônicas ficarem congestionadas, tamanho o número de chamadas por ministros voluntários para lidarem com o fluxo de pessoas que seriam convencidas de seu pecado ao atravessar as cidades. (Os seguranças sabem como lidar com os “trombadinhas”, mas o que fariam com as pessoas que viessem até eles angustiadas e arrependidas?) Que venha esse dia!

Creio que Deus tem suscitado uma tal fome pela Sua presença que, no “dia do Senhor” (se Seu povo buscá-Lo), as igrejas existentes não serão capazes de lidar com a explosão de almas perdidas buscando salvação. A Igreja moderna é, na melhor das hipóteses, uma assistente social, ou, na pior das hipóteses, um museu onde está exposto tudo aquilo que já foi um dia. Nossas prateleiras estão abarrotadas, mas com o “produto” errado. Estão repletas de rituais religiosos concebidos por homens e ninguém, em sã consciência, está faminto por isto! Celebrações religiosas, cerimônias e ritos vazios não despertam o apetite de ninguém. Se oferecêssemos Jesus, as massas famintas viriam. Talvez não haja o “produto” certo em nossos cultos, porque, como já vimos, tem um custo.

A Igreja, hoje, está na metade do caminho em sua jornada pelo deserto. Estamos acampados ao pé do Monte Sinai, como os filhos de Israel no livro de Êxodo. Chegamos ao ponto decisivo. E agora? Vamos fugir ou entrar?

“Subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. ” (Êxodo 19.3-6).

Estamos diante de uma linguagem neotestamentária nas páginas do Antigo Testamento. Ao povo foi dada a opção de saltar a um nível mais elevado de intimidade (Veja 1 Pedro 2:9).

 CHEGAMOS A UM MONTE DA DECISÃO

Podemos nos alegrar com as “sarças ardentes”, com nossos primeiros encontros com Deus e com tudo que Ele pode nos fazer ou proporcionar. Mas, agora chegamos ao momento da decisão: estamos diante de uma bifurcação no caminho. Deus nos tirou do pecado e do mundo e fez de nós um povo. Durante a jornada pelo deserto, Deus estava constituindo um povo daquele que não era povo.

Pedro escreveu:

“… vós, sim, que antes, não éreis povo, mas agora sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora, alcançastes misericórdia “. (1 Pedro 2.10)

Deus tomou escravos, analfabetos e sem auto- estima, plantou neles Seu caráter e colocou sobre eles Seu nome. Deus os tirou do Egito e disse: ‘Agora, farei de vocês um povo.” Ele estava, literalmente, constituindo uma Noiva.

Não foi fácil, mas o Senhor conduziu os descendentes de Abraão ao pé do Monte Sinai. Quando aquela multidão teve fome, Deus queria que eles O buscassem, Ele queria saciá-los, mas eles censuraram Moisés e declararam como seria bom voltar ao Egito, o lugar de sua escravidão. Todavia, Moisés orou e Deus proveu maná e codornizes. O mesmo aconteceu quando não havia água. Ao invés de clamar a Deus e confiar em Sua abundante providência, eles imediatamente murmuraram contra Moisés, fazendo menção dos “bons tempos” no Egito. Deus tinha algo melhor para os filhos de Israel: Se passarmos deste monte, posso ter esperança em conduzi-los pelo resto do caminho.

CHAMADOS PARA O CORAÇÃO DE DEUS

A triste verdade do livro de Êxodo é que o grupo que Deus levou ao Monte Sinai não foi o mesmo que Ele conduziu através do Rio Jordão em direção à terra prometida. Algo aconteceu naquele monte. O Senhor os chamou, e fez deles uma nação pela primeira vez na história de suas vidas. Ele os chamou a um lugar – um lugar de bênção e de transformação – e eles se recusaram. Este “lugar” não era um simples ponto no mapa.

Embora Deus lhes tivesse prometido uma terra, a bênção não era um pedaço de chão. Deus os chamou para Ele, um lugar prometido n’Ele, em Seu coração. Ele os chamou para o lugar da Aliança, um lugar de intimidade com o Criador, um lugar que não havia sido oferecido a nenhum outro povo da terra naquele tempo. Eis o segredo da terra prometida: pensamos que a ideia de um “reino de sacerdotes” é exclusivamente neotestamentária, mas este era o plano original de Deus para Israel!

“Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes, e estejam prontos para o terceiro dia: porque no terceiro dia o Senhor à vista de todo o povo, descerá sobre o monte Sinai. (…) Quando soar longamente a buzina, então, subirão ao monte.” (Êxodo 19.10,11,13b)

A primeira geração de israelitas não alcançou a terra prometida, a verdadeira causa de seu fracasso pode ser encontrada ali ao pé do Monte Sinai. Deus pretendia que todos os israelitas se achegassem a Ele no monte, mas eles não se sentiram bem com a ideia.

“Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante: e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis. O povo estava de longe e m pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava.” (Êxodo 20.18-21.)

Eles viram os relâmpagos, ouviram os trovões e recuaram atemorizados. Eles fugiram da presença de Deus, ao invés de buscá-La, como Moisés fez. O estilo de liderança escolhido por Deus não os agradou: o Todo-Poderoso não “amenizou” a manifestação de Seu poder para agradá-los, nem tampouco fará isto hoje.

Eles fugiram da intimidade com o Senhor e, como consequência, não entraram na terra prometida. Vagaram pelo deserto, até que fosse exterminada aquela geração. Preferiram um respeito à distância a um relacionamento íntimo.

A morte da primeira geração de israelitas no deserto não estava no plano original de Deus. Ele queria conduzir o mesmo povo que tirou da terra da escravidão até a terra prometida. Ele queria que Sua nova nação se apossasse de sua própria terra e herança, mas isto não foi possível por causa do medo e da incredulidade deles. Já estavam sentenciados quando atravessaram o Jordão, e tudo começou quando se afastaram da presença de Deus no Monte Sinai. Foi ali que fugiram de Deus e pediram que Moisés intermediasse este relacionamento. A Igreja tem padecido do mesmo mal. Geralmente, preferimos que um homem se coloque entre nós e Deus. As raízes deste medo percorrem o caminho de volta ao Jardim do Éden. Adão e Eva se esconderam, temerosos e envergonhados, enquanto Deus esperava por uma doce comunhão.

VAMOS FUGIR OU ENTRAR?

Agora, observe sua Igreja. Posso garantir com certa segurança que alguns na congregação estão aí “desde o começo”. Outros vieram poucos meses depois ou muitos anos mais tarde, e alguns são novos convertidos. Não importa, hoje Deus conduz todos vocês ao monte. Vocês, que “não eram povo”, foram feitos povo. Deus os tirou da escravidão do pecado. Alguns foram tirados de relações impróprias, outros foram arrancados do jugo do alcoolismo ou das drogas, outros foram libertados da miséria, depressão crônica e outras escravidões infernais. Mas aqui estamos, ao pé do monte do Senhor, ouvindo Seu chamado para que nos acheguemos. Agora, enfrentamos o mesmo desafio dos filhos de Israel há milhares de anos atrás: Vamos fugir ou entrar? Entrar aonde? Na presença de Deus.

Há uma ansiedade e uma expectativa na Igreja hoje. E provável que você, assim como eu, possa sentir que “não estamos muito longe”. Alguns estudiosos dizem que, passado o Monte Sinai, bastava uma marcha de poucos dias para alcançar a terra prometida. O que os fez demorar tanto? Sua resistência em se achegar a Deus. O medo da intimidade semeou o medo do inimigo. Posso dizer o mesmo a respeito de muitas igrejas hoje e sinto que estamos em uma encruzilhada.

Acreditamos estar longe demais para voltar ou muito cansados para prosseguir viagem. A questão é: O que Deus diz? Creio que a vontade do Senhor é que tomemos consciência de onde estamos, busquemos Sua face e recebamos o que Ele tem para nossa vida hoje.

Você e eu vamos fazer duas coisas daqui para frente:

1. Vamos crescer no relacionamento com Deus, custe o que custar,

ou

2. Vamos voltar para o lugar de onde viemos e continuarmos a ser aqueles crentes viciados em programações, reuniões e sessões, fazendo tudo que pessoas de bem, como nós, devem fazer?

Se decidirmos equivocadamente, um dia vamos lamentar: “Aquele era o tempo.”

Não sei quanto a você, mas quanto a mim, não quero envelhecer e olhar com arrependimento para o passado, dizendo: “Bons tempos aqueles…” E por que eu faria isto, quando posso viver o agora com Deus? Posso experimentar o que Ele tem para mim a cada instante. Se ousarmos seguir Deus hoje, ao olharmos para trás diremos: “Oh, sim, eu me lembro daqueles anos, foram antes do avivamento…”.

NOSSO FUTURO DEPENDE DE NOSSA VISÃO

Nosso futuro vai depender de nossa visão agora, este é o tempo da decisão. Se nossa visão for: “Estamos satisfeitos com nosso trabalho até aqui”, então continuaremos fazendo as mesmas coisas de hoje. Mas, se ousarmos dizer: “Obrigado Senhor… mas onde está o resto? Tem que haver mais! Mostre-nos Sua glória!”, nosso futuro será totalmente diferente.

Satanás tem obtido “bons resultados” ao fazer os crentes cruzarem falsas linhas de chegada. Ele trabalha incansavelmente para isto. Corremos poucos quilômetros e dizemos: “Conseguimos!” Ele se delicia ao nos ver sentados no acostamento. E, então, percebemos, no último momento, que a linha de chegada está mais adiante. O apóstolo Paulo sabia do que estava falando:

“…esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que adiante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3.13b,14)

Precisamos tirar lições do que aconteceu no Monte Sinai. Foi ali que os israelitas construíram um tabernáculo de acordo com as instruções que Deus deu a Moisés. Foi no Monte Sinai que Deus revelou a Moisés Sua lei e os Dez Mandamentos. Porém, outros fatos, igualmente importantes, aconteceram: foi naquele lugar que um bezerro de ouro, destinado à idolatria, foi criado.

Em primeiro lugar, Deus revelou Sua intenção de lidar com o povo de forma direta e pessoal. Até então, era Moisés quem relatava ao povo tudo que Deus dizia.

Aquele era, pois, um tempo de transição, um período em que Deus estava dizendo: “Tudo bem, é hora de crescer. De agora em diante, quero tratar com vocês diretamente, como uma nação de sacerdotes. Não quero intermediários. Amo Moisés, mas não quero ficar falando com vocês através dele. Quero falar diretamente com vocês, como Minha nação, Meu povo”.

AINDA EXISTEM MUITOS “BEBÊS DE COLO” NOS BANCOS DAS IGREJAS

Infelizmente, o problema dos israelitas repete-se hoje em dia. Os cristãos estão tão acostumados a unção, boas pregações e bom ensino, que muitos se comportam como crianças de peito. Querem sentar-se em bancos acolchoados, em templo com ar-condicionado, onde alguém possa mastigar o que Deus tem a dizer e colocar em suas boquinhas. Têm medo de se engasgarem com aquelas mensagens “duras demais”. Seu aparelho digestivo é muito frágil e não está acostumado à dura verdade!

Quando estivermos realmente famintos e desesperados, não precisaremos de “intermediários”. Temos que orar:

“Deus, estou cansado de assistir à experiência dos outros com o Senhor! Onde está a chave do meu quarto de oração? Vou ficar trancado ali até que, eu mesmo, possa experimentá-Lo!”

Fazemos bem em ler a Palavra, sem dúvida, é muito importante. Mas precisamos lembrar que a Igreja Primitiva não teve acesso, por muitos anos, ao que chamamos de Novo Testamento. E nem mesmo possuía as Escrituras do Antigo Testamento, porque os pergaminhos ficavam trancados nas sinagogas. Partes da Lei, dos Salmos e dos Profetas, transmitidos oralmente por seus avós (se fossem judeus), eram as únicas Escrituras de que dispunham. O que eles tinham, afinal? Intimidade com Deus em um nível tão enriquecedor, que não havia necessidade de se debruçarem sobre antigas epístolas. As cartas de amor de Deus estavam sendo impressas em seus próprios corações: eles se tornaram “cartas vivas” (Minhas afirmações, aqui, não significam que eu pense que a Bíblia seja desnecessária ou irrelevante. Não penso que Ela seja nada menos que a ungida e infalível Palavra de Deus. Meu propósito é alertar os cristãos contra a prática de ler a Bíblia sempre sob uma perspectiva passada: “Veja o que Deus fez antigamente, com aquele povo! Pena que Ele não aja assim hoje.” A Palavra de Deus nos conduz a algo muito maior – ao Deus da Palavra. Algumas vezes penso que quase caímos em uma espécie de idolatria, quando tendemos a louvar a Palavra de Deus mais do que o Deus da Palavra.).

O Espírito Santo está dizendo: “Ser resgatado do pecado foi uma experiência grandiosa em sua vida. Você está vivendo no tempo da graça e pode contar sempre com a Minha presença. Sei que você está sob uma boa liderança, mas o que realmente quero é fazê-lo crescer, levá-lo a um novo nível de intimidade.”

A busca pelo avivamento, em si, nunca fez com que ele acontecesse. O avivamento só nasceu quando o povo buscou a Deus. E muita pretensão acharmos que podemos controlar um avivamento, não podemos determinar “quando, como e onde”. Isso seria tão irracional quanto tentar controlar um furacão!

Se você puder mantê-lo sob controle, então, não será avivamento. Será o que estamos habituados a ver: uma série de boas conferências, repletas de excelentes pregações, salpicadas por obras de homens! Pode ser muito bom para nós, podemos “curtir” cada minuto, mas isto não é avivamento. Temos que encarar o fato de que nos tornamos viciados nas programações que acompanham a Igreja. Mas não era este o propósito original de Deus, não é isto que Ele chama de “Igreja”.

Tenho uma forte impressão de que Deus está prestes a colocar tudo isto de lado e nos perguntar: “E, então, quem Me ama? Quem, realmente, Me quer?”. É hora de buscar o Avivador ao invés do avivamento!

Deus está cansado de relacionamentos à distância com Seu povo. Ele já estava cansado disto há milhares de anos, já no tempo de Moisés. Ele quer um relacionamento íntimo e próximo, com você e comigo. Ele quer invadir nossas casas com Sua presença de uma forma tão poderosa, que aqueles que vierem nos visitar sejam convencidos do pecado ao entrarem pela porta.

FUGIR OU ENTRAR

“Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante: e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe. (…) O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava”. (Êxodo 20.18,21)

Que dicotomia divina! Um correu para dentro, o outro fugiu desesperado!

Deus estava chamando o povo para Sua intimidade, mas ele correu para o lado oposto! Disseram a Moisés:

“… não fale Deus conosco, para que não morramos” (Êxodo 20.19). Eles entenderam que somente quem se enquadrasse no padrão de Deus, descrito nos Dez Mandamentos, poderia sobreviver em Sua presença. Ao fugir, estavam dizendo: “Não queremos nos submeter a isto! Não deixe que Deus fale conosco agora!”

O que o Senhor queria, quando os Dez Mandamentos foram entregues a Moisés, era purificar o comportamento de Seu povo para que pudesse tê-lo mais perto.

Deus queria, mais uma vez, andar com o homem no frescor do dia. Ele queria sentar-Se com Seu povo e compartilhar com ele o Seu coração em doce e terna comunhão.

Nada mudou, meu amigo! Ele ainda busca o mesmo relacionamento com você e comigo. A reação mais adequada do povo naquela situação seria responder: “Sim, Senhor, fale conosco mesmo se tivermos que morrer!”

A triste realidade é que a maior parte dos cristãos não tem noção do que seja viver na presença constante de Deus, porque se recusam a retirar as impurezas de suas vidas. E, os que tentam retirá-las, se detêm diante do legalismo.

OUÇA OS PASSOS DO PAI

Os israelitas expressaram seu medo a Moisés, que lhes explicou:

“Não temais; Deus veio para vos provar, e para que seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.” (Êxodo 20.20)

Você já reparou como os passos de nossos pais pareciam mais fortes quando vinham em nossa direção, principalmente se estivéssemos fazendo algo errado? Era isto que os israelitas estavam ouvindo, os passos do Pai.

A Bíblia diz que “o povo ficou de longe”, enquanto “Moisés se chegou à nuvem escura onde Deus estava” (Êxodo 20.21). Que imagem! O povo corria para um lado e Moisés corria para outro, dizendo: “Venham! É o Senhor que está aqui! Ele só quer que nos aproximemos. Ele nunca fez isto antes. Eu já havia me aproximado antes, mas agora Ele quer que façamos isto juntos.”

Deus sempre começa pela liderança: Moisés já havia se achegado àquela nuvem. Mas, naquele dia, Deus queria que os israelitas se juntassem a Moisés, e eles fugiram. Parece que a história do povo judeu declinou a partir do momento em que Deus disse: “Venham!”, e o povo disse: “Nem pensar!” Este problema não era exclusivo do povo de Deus no tempo de Moisés: ele está bem presente na Igreja hoje.

AS PESSOAS NÃO QUEREM COMPROMISSO SÉRIO COM DEUS

Algo nos faz temer o compromisso que nasce da intimidade com Deus. Talvez porque intimidade requeira pureza. A intimidade requer o fim dos dias de diversão e entretenimento na Igreja. O que quero dizer com “diversão e entretenimento”? Bem, se para você isto significa “muita emoção e pouco compromisso”, então, você não tem feito mais do que “flertar” com Deus. Preciso entrar em detalhes?

Alguns só querem as emoções e os arrepios, mas sem usar a aliança de compromisso. São como “garimpeiros religiosos” em busca de unção, dons e bênçãos, felizes com bombons, flores e joias. Deus está cansado disto! O Senhor busca uma noiva, não uma namorada, alguém que vá se envolver em intimidade e em comprometimento com Ele.

Temo que muitas pessoas na Igreja se aproximem de Deus para obter o que desejam, sem, na verdade, estarem comprometidas. Deus está dizendo à Sua Igreja: “Não é isto que Eu quero.” Se a Igreja quer o Noivo, temos que nos comprometer. Temos buscado “amor sem compromisso”, mas Deus está dizendo: “Intimidade”. O avivamento nasce da intimidade. O fruto do avivamento vem do compromisso com o Noivo. Os filhos são frutos da intimidade. É hora de nos aproximarmos.

Geralmente, colocamos os carros na frente dos bois. “Queremos o avivamento!” dizemos, mas não mencionamos nada sobre intimidade. Procuramos o avivamento sem procurarmos por Deus. É como se alguém do sexo oposto chegasse para você, dizendo: “Quero filhos! Não lhe conheço bem, nem sei se gosto de você. Não quero casamento nem compromisso, mas quero filhos. Que tal?”

Líderes têm escrito uma infinidade de livros do tipo “como fazer as igrejas crescerem”, mas parece que a mensagem que está por trás é: “Veja como fazer a Igreja crescer, sem maiores compromissos com o Senhor.” Temos nos esforçado muito em procurar atalhos, lugares que não passem pela intimidade. Por quê? Porque tudo o que queremos é uma “penca de filhos” sentados nos bancos da igreja para que possamos comparar com as de outras famílias (igrejas). Os filhos, por si mesmos, não formam um lar! Eles devem ser frutos de um relacionamento de amor e intimidade. Francamente, muitas de nossas igrejas parecem fazer “produções independentes”. Onde está o “Pai”?

O que devemos, realmente, buscar é um relacionamento real com Deus. Quando o marido e sua esposa se amam, não é difícil imaginar que terão filhos. É uma conseqüência natural do processo de intimidade.

Por que os maiores avivamentos do último século não aconteceram em solo americano? Acho que a escassez das manifestações de Deus a uma Nação é proporcional ao declínio da moralidade e do nível de compromisso do seu povo com o Senhor. Penso que a busca do povo americano por um crescimento profundo em intimidade com Deus implicaria quedas nas taxas de divórcio e casamentos desfeitos. Em outras palavras: temos esquecido a nossa arte tão louvável de nos comprometermos com Deus. Como fizemos a escolha de fugirmos da presença d’Ele no monte, todos os outros compromissos em nossas vidas começaram a se deteriorar e desmoronar da mesma forma.

 “CRENTES DE INCUBADORA” NÃO CRIAM RAÍZES

A maioria dos cristãos, hoje em dia, vive em “incubadoras”: só se desenvolvem em um ambiente acolhedor, longe do medo, angústia ou perseguição. “Ser perseguido em nome de Jesus? Deus me livre.”

Se forem retirados de seu ambiente confortável e colocados no mundo real, onde sopra o vento da adversidade e cai a chuva amarga das perseguições, ou tiverem que encarar sol forte e a estiagem prolongada, eles descobrirão que nunca desenvolveram raízes na incubadora. Logo, murcharão, dizendo: “Não fui feito para isto!”

Deus tratou comigo de tal forma, que tive que redefinir alguns de meus critérios quanto ao que significa ser “salvo”. Se a presença de Deus só se manifesta em nossas vidas em “ambientes perfeitos”, o que dizer dos cristãos que padeceram (e padecem) perseguições? Deus não estava em suas vidas? Em sua época não havia seminários, corais, nem os últimos hits evangélicos. Não havia templos com ar-condicionado, introdutores, conselheiros, enfermarias, sistemas computadorizados ou santuários carpetados. Seu ambiente não era dos mais agradáveis. Se fossem pegos cultuando ao Senhor, pagavam caro.

Li o relato de um grupo de cristãos chineses que foram pegos durante um culto. Os oficiais colocaram um cocho no meio da cidade e obrigaram todos a urinarem dentro dele. Então, mergulharam ali o pastor, bem diante de seus olhos! Sabe o que aconteceu? A congregação dobrou de tamanho em duas semanas e não foi por causa de seu belo santuário ou da equipe de louvor. O verdadeiro crescimento da Igreja, sob qualquer situação, quer de liberdade ou perseguição, só pode vir de um íntimo conhecimento do Deus Vivo.

A CONFISSÃO DAQUELES QUE O AMAM

Os que amam o Senhor não avaliam seu relacionamento com Ele pela situação de sua vida financeira, emocional ou pelo “aproveitamento do culto”. Antes, fazem suas as palavras de Paulo:

“Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.” (Atos 20.24)

Esta é a confissão daqueles que amam o Senhor, daqueles que estão em íntima comunhão com seu Criador.

Deus está chamando. A primeira vez que Ele me revelou isto, tremi e chorei diante do povo: “Hoje, vocês estão no Monte Sinai e Deus está chamando para um relacionamento pessoal com Ele. Se você ousar responder a este chamado, tudo que tem feito até hoje será mudado.” E o mesmo que lhe digo agora: sua decisão hoje irá determinar avanço ou retrocesso na sua caminhada com Cristo.

A intimidade com o Senhor requer um certo nível de quebrantamento, pois é do quebrantamento que nasce a pureza. O “culto-entretenimento” acabou, meu amigo… Deus está lhe chamando!

Será que não queremos subir ao Monte, porque Deus vai olhar dentro de nossos corações (e sabemos muito bem o que Ele vai encontrar)? Temos que tratar não só de nossas ações exteriores, mas de nossas motivações internas. Temos que estar limpos, porque Deus não pode revelar Sua face a uma Igreja “mais ou menos” pura, pois ela seria consumida em questão de segundos.

O Senhor chama à purificação todos aqueles que clamam por avivamento. É por você que Ele está procurando. Deus quer que você se aproxime. Mas, para isto, Ele terá que tratá-lo. Isto significa que você terá que morrer. O mesmo Deus que disse a Moisés “Nenhum homem viu a Minha face e viveu”, hoje, lhe chama. Então, lembre-se de passar pelo altar do perdão e do sacrifício no seu caminho para o Santo dos Santos. Está na hora de deixar nosso ego na cruz, crucificar nossa vontade e deixar de lado nossos compromissos carnais.

Deus convida você para um nível mais elevado de comprometimento. Esqueça os planos que já estão traçados: deixe-os no altar de Deus e morra para si mesmo. Ore: “Deus, o que o Senhor quer que eu faça?” É hora de deixar tudo de lado e cobrir-se com o sangue. Nada pode sobreviver na presença de Deus. Mas se você estiver morto, Ele fará com que viva. Se você quiser desfrutar da presença de Deus, tudo o que tem a fazer é morrer.

Quando o apóstolo Paulo escreveu: “Dia após dia morro!”, ele estava dizendo: “Dia após dia, entro na presença de Deus” (1 Coríntios 15.31b). Não fuja, entre!

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O LADO NEGRO DO AMOR

Traços de personalidade influenciam as escolhas do parceiro e os ideais românticos

O lado negro do amor

Segundo pesquisadores europeus, o amor tem um lado negro, que está associado a determinados traços de personalidade. Para aqueles que apresentam o traço chamado de maquiavelismo, o uso instrumental do parceiro prepondera sobre os sentimentos verdadeiros, desejo de ter intimidade e confiança. Para essas pessoas, a percepção do quanto podem obter ganhos em posição social, poder, prestígio e dinheiro é mais importante, e estes se tornam os alvos esperados de seus ideais românticos.

O maquiavelismo é um dos três elementos da chamada “dark triad”, ou tríade negra, composta dos traços de narcisismo, psicopatia e maquiavelismo. São as características mais sombrias da natureza humana e causam uma variedade de problemas nas relações e na sociedade, estando frequentemente associadas. O maquiavelismo é um traço de personalidade caracterizado por atitude manipulativa e exploradora frente aos outros, falta de empatia e uma visão cónica da natureza humana. A personalidade maquiavélica é marcada pela insensibilidade, frieza, dominância, e seus interesses são sempre voltados para si mesmo e seus projetos. Uma combinação de atributos que inclui uma busca constante   por poder e dominância social, uso utilitário das pessoas e dissimulação, imprimindo um comportamento pragmático nas relações humanas e também no amor.

Vários estudos já haviam conectado o maquiavelismo com o estilo amoroso denominado amor “pragma”, que envolve baixos níveis de intimidade e comprometimento na relação, baixa inteligência emocional, baixos níveis de empatia, desconfiança quanto ao parceiro, estratégias relacionais destrutivas, estilo de apego ligado a desprezo e intimidação. A sexualidade abrange uma variedade de atitudes promíscuas e hostis, incluindo fingir amor para manipular, divulgar segredos sexuais para terceiras partes, entre outros comportamentos.

Ideais românticos são construtos conceituais e imaginativos que determinam precisamente as características ótimas de um parceiro, e as expectativas frente ao self, ao parceiro e à relação. Sérias pesquisas mostraram que a percepção do self em certo atributo tende a ser acompanhada da concepção do parceiro ideal, ou seja, quanto mais uma pessoa se avalia tendo certo atributo, maior serão suas expectativas perante o parceiro na mesma dimensão.   Portanto, os ideais românticos servem como pontos de ancoragem ou padrões que governam a escolha de parceiro e a avaliação da relação. Durante o relacionamento, são feitas comparações contínuas entre os traços percebidos do parceiro e a imagem ideal armazenada na memória.

No entanto, pessoas maquiavélicas podem exibir escolha de parceiros com traços complementares, como, por exemplo, uma mulher dominante que demanda atenção busca relação com um parceiro submisso e permissivo que ela pode manipular e explorar. Maquiavelismo leva a usar os parceiros como meios para atingir seus objetivos, movidos por foco em seus interesses próprios, mais do que por formar relações emocionalmente significativas.

Em um artigo publicado no Europe’s Journal of Psychology, os autores conduziram a primeira investigação que se voltou para a relação direta entre maquiavelismo e os ideais românticos. Os resultados mostraram que existe uma correlação negativa entre as características do parceiro ideal de calor humano e confiança, e forte correlação positiva entre status social, recursos e poder. Personalidades maquiavélicas não se sentem atraídas por lealdade e calor humano. Os dados mostraram que essas personalidades têm como meta principal achar um parceiro que possua uma grande soma de recursos financeiros e outros recursos materiais e um status proeminente na hierarquia social. Devido a sua atitude pragmática, elas avaliam os outros em termos de utilidade para seu progresso individual na carreira ou planos de vida.

Embora o padrão geral de parceiro ideal valorize inteligência, criatividade, imaginação, curiosidade e orientação emocional positiva, personalidades maquiavélicas não acham essas caraterísticas atraentes. Pelo contrário, sua preferência é por parceiros mais submissos, dependentes e adaptáveis que podem ser mais facilmente influenciados e mais previsíveis.  Assim, podem obter aquilo que mais procuram em uma relação, o controle total.

O papel da atratividade no maquiavelismo é diferente do usual, pois essas personalidades não esperam que seus parceiros sejam atraentes, mas sim que eles mesmos sejam fisicamente atraentes e causem uma impressão favorável. Ter uma apresentação de si   mesmo atraente é mais importante do que a estética do parceiro, como um meio de subir no ranking social e de obter mais, em uma sociedade cada vez mais narcisista. Nossa sociedade está estruturada de forma que essas personalidades frequentemente têm “sucesso” na vida, pelo menos nos seus objetivos, embora as pesquisas mostrem baixos níveis de bem-estar subjetivo, tanto para si e para seus parceiros.

 

MARCO CALLEGARO – é psicólogo, mestre em Neurociências e Comportamento, diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e do Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Autor do livro premiado O Novo Inconsciente: Como a Terapia Cognitiva e as Neurociências Revolucionaram o Modelo do Processamento Mental (Artmed, 2011).

OUTROS OLHARES

O MUNDO DOS SELOS RAROS

A filatelia enfraqueceu, virou quase uma excentricidade no Brasil, mas a venda na Alemanha do “Erro de impressão Baden” por 1,26 milhão de euros mostra que ela não está morta

O mundo dos selos raros

Selos parecem coisas ultrapassadas e fora de moda. Não embelezam mais as cartas, hoje se preferem carimbos, e nem tantas cartas se usam. Foi-se o tempo em que receber um envelope com um selo bonito era uma alegria e também uma fonte de informação. Certamente há muitas crianças, hoje em dia, que nem sabem o que é um selo. Apesar dessa notável insignificância, na semana passada, num leilão na Alemanha, um deles foi vendido pela incrível soma de 1,26 milhão de euros. Se for considerado pelo seu peso, é um dos objetos mais valiosos que existem. Seu nome é Erro de impressão Baden. Foi impresso num tom verde azulado em vez do padrão rosa lilás de sua série. Está estampado num envelope datado de 26 de agosto de 1851. Só existem dois selos do tipo, de 9 centavos, com o mesmo erro. O outro está na coleção do Museu Postal de Berlim.

Esse não é o preço mais alto já pago por um selo. Na Europa, o Three Skilling Yellow, impresso na Suécia, em 1855, foi vendido nos anos 1990 por 2,2 milhões de dólares. Há também o imbatível Black on Magenta, que mede 2,5 por 3,8 centímetros e foi produzido na Guiana Inglesa em 1856, quando houve uma escassez de selos vindos da Inglaterra que ameaçava as remessas postais. Foi impresso em pequena tiragem na gráfica de um jornal e o único magenta de um penny que sobreviveu foi esse. Leiloado pela Sotheby’s de Nova York, em 2014, foi arrematado por US$ 9,5 milhões. O diretor de projetos especiais da casa de leilões, David Redden, o classificou na ocasião como “um objeto mágico, a definição própria de raridade e valor em um nível extraordinário”. O selo mostra uma imagem de um navio de três mastros e o lema dos colonos britânicos: “Nós damos e esperamos retorno”.

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PEDACINHO DE PAPEL

Alguém pode se perguntar: por que se paga tanto por um pedacinho de papel? Porque eles têm importância histórica e um valor simbólico e cultural. E porque há colecionadores e países que ainda o valorizam. Na Inglaterra, por exemplo, há uma empresa que lastreia seus fundos de investimento em selos e moedas raras, apostando que eles podem dar um bom retorno. A Stanley Gibbons chegou a se instalar no Brasil em 2013, mas logo fechou seu escritório. “O que mais valoriza um selo é a exceção, a falha, o defeito”, diz o filatelista Ygor Chrispin. Não é por acaso que alguns dos selos mais caros do mundo contêm falhas de impressão e mudanças de cor. “De um modo geral, o mercado de selos está diminuindo, há uma tendência de queda de preço por causa do enfraquecimento da demanda, mas as casas de leilões europeias e americanas ainda dedicam bastante atenção a eles e sempre há interessados nas raridades”.

No Brasil, segundo país a lançar selos postais no mundo, depois da Inglaterra, a filatelia anda devagar. Mas ela tem história. A primeira série brasileira foi a do conhecido Olho de Boi, impressa em 1843 nos valores de 30, 60 e 90 réis. É um dos selos mais valiosos que existem. Em 2008, uma peça com três desses selos juntos, um de 30 e dois de 60 réis, foi vendida num leilão nos Estados Unidos por US$ 2,1 milhões. Mesmo assim, os negócios hoje são escassos. Numa pesquisa no Google conta-se nos dedos das mãos o número de lojas filatélicas que existem em São Paulo. Nos anos 1980, havia dezenas dessas lojas no centro da cidade. Chrispin, de 31 anos, cuja coleção soma cerca de 25 mil selos, reconhece o enfraquecimento dos negócios e a diminuição do interesse dos jovens pelo assunto. Ele estima que existam cerca de cinco mil colecionadores no País. Apesar disso, ainda restam filatelistas apaixonados. Uma surpresa pode acontecer e uma raridade altamente valorizada, aparecer.

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GESTÃO E CARREIRA

PAIXÃO PELO QUE FAZ

Infelizmente, muitas pessoas acreditam que seguir com seus sonhos profissionais é ilusão, por isso usam algumas desculpas como muleta para reforçar tal crença limitante

Paixão pelo que faz

“Trabalho é amor tornado visível. Todo trabalho é vazio a não ser que haja amor.” Essa   frase de Khalil Gibran, poeta que trouxe profundas reflexões sobre o sentido da vida, paixão e trabalho, orienta como a profissão pode se tornar um verdadeiro ato de amor para alguém, sendo um instrumento para dar expressão às suas próprias capacidades. A paixão pelo que se exerce é importantíssima para a realização pessoal e para tornar único o seu próprio trabalho. E esse sentimento pode fazer toda a diferença no dia a dia e, principalmente, no crescimento profissional e pessoal.

Mas será que isso é possível nos dias de hoje? É utopia ou realidade seguir uma paixão, um sonho profissional? Ao refletir sobre quanto o trabalho as ocupa em grande parte da vida, é possível perceber que as pessoas passam, em média, oito horas por dia, durante cinco dias por semana, ou até muito mais tempo, dedicando toda a atenção, energia e ideias a determinada função.

Quando essa dedicação se torna obrigação, ela passa a ser um peso. Nesse caso, vale a pena refletir sobre o que se gosta e se deseja realizar, afinal é muito tempo investido no trabalho para que ele seja simplesmente descartado quando acaba o expediente. É fundamental a busca por aquilo que motiva e cativa, mesmo que as coisas não aconteçam no ritmo e da maneira que se deseja.

Com certeza, fazer uma reflexão sobre o tema é um pouco mais complexo e profundo do que parece, já que o desemprego continua sendo um problema. Porém, se for esperar para agir até que todas as condições estejam ideais, você nunca irá atrás dos seus sonhos e daquilo que realmente vai realizá-lo.

O trabalho dos sonhos nem sempre é possível de imediato, mas isso não significa que é preciso desistir deles ou deixar de demonstrar talento em outros trabalhos, pois eles fazem crescer e aperfeiçoar habilidades para chegar cada vez mais próximo da profissão desejada. Podem existir momentos em que é preciso tempo para amadurecer e fortalecer o autoconhecimento, além de sabedoria e humildade para trilhar o caminho e subir cada degrau necessário.

Até a profissão dos nossos sonhos possui aspectos repetitivos, estressantes, muitas vezes chatos e pouco divertidos. Por isso, a reflexão sobre o amor pela carreira vai além do trabalho ideal e perfeito. Algumas atitudes mentais podem ajudar nessa reflexão.

Respeitar as próprias conquistas é fundamental em qualquer área que se esteja inserido. Qualquer emprego pode dar satisfação, aprendizado e promover o crescimento pessoal e profissional, mesmo que não seja aquele que tanto sonhou. O importante é respeitá-lo e identificar de que forma pode ser útil, como ele afeta positivamente a vida, quais são os lados satisfatórios que oferece e compreender que esse aprendizado faz parte do caminho para chegar ao propósito.

Viver com entusiasmo vai garantir a qualidade de vida, mesmo que você ainda não esteja na posição sonhada. Quando se tem por verdade que é necessário viver uma situação ideal e perfeita para ter paixão e entusiasmo, dificilmente se experimentarão tais sensações. É apenas quando se decide viver com entusiasmo e paixão pela vida que se percebem quantas oportunidades existem ao redor.

Gratidão é o que mantém as pessoas satisfeitas, independentemente de onde elas estejam. Quem possui esse sentimento pelo trabalho enfrenta com mais facilidade as responsabilidades que ele comporta e, assim, consegue perceber os pontos positivos dele. A gratidão é um sentimento que desperta emoções positivas nas pessoas, seja na vida pessoal ou profissional. Muitas vezes, acredita-se que os sonhos e desejos são difíceis de serem realizados e que os problemas são tão grandes que somente um milagre ou grandes esforços poderão resolvê-los. Dessa forma, não são percebidos o peso e a influência das próprias atitudes na concretização dos resultados. A gratidão antecipada, isto é, ser grato antes mesmo dos resultados acontecerem, é a verdadeira mudança de mentalidade e de paradigmas.

A magia acontece quando os seus objetivos saem da mente e chegam ao coração. É nesse momento que as pessoas se apaixonam por uma ideia, um projeto, um sonho e eles se tornam reais, mesmo que ainda não tenham se materializado e que precisem de algum tempo e preparação para isso.

É importante entender que a paixão, no seu significado geral, é um sentimento profundo que o impulsiona a definir objetivos desafiadores e a usar a criatividade para atingi-los, determinando as transformações que se deseja, seja no trabalho atual ou na busca da carreira que mais expressa nossas potencialidades e talentos.

 

EDUARDO SHINYASHIKI – é palestrante, consultor organizacional, especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. É presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki e também escritor e autor de importantes livros como Transforme seus Sonhos em Vida (Editora Gente), sua publicação mais recente. www.edushin.com.br

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 4 – OS MORTOS VEEM A FACE DE DEUS

 

O CAMINHO SECRETO QUE NOS LEVA À SUA PRESENÇA

“Sei que está aqui em algum lugar, estou bem próximo. Deve haver um caminho para chegar até lá. Aqui está. Este caminho não parece muito agradável. É um caminho precário. Deixe-me ver como se chama… Arrependimento. Será que o caminho é este mesmo? Tem certeza de que é assim que poderei desfrutar da presença de Deus e de Sua face? Acho que vou perguntar para outra pessoa. Moisés, você já esteve lá, diga-me!”

“Disse o Senhor a Moisés: Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome. Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. [Respondeu-lhe]: Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.” (Êxodo 33.17,18,20)

Quando Moisés pediu que Deus lhe mostrasse Sua glória, o Senhor lhe avisou que nenhum homem poderia vê-Lo e viver. E esta verdade permanece. Somente os que morrem podem ver a Deus. Existe uma estreita relação entre a glória de Deus e a nossa morte. Quando insistiu em seu pedido, dizendo: “Eu quero, preciso ver”, Moisés já tinha em mãos o esboço do tabernáculo. Ele foi o homem escolhido por Deus para receber os detalhes arquitetônicos do modelo de salvação pré-Calvário, que veio antes do plano definitivo para resgate do homem. Provavelmente, Moisés olhou para o tabernáculo, para a lei, e pensou: “Isso deve ser uma espécie de modelo daquilo que Deus ainda vai fazer. E só um protótipo, uma sombra. Ainda não é isto.” Creio que ele sabia que os móveis e utensílios do tabernáculo tinham um significado simbólico. A obra que começou era grande demais para ser concluída em uma geração. Por isso, Moisés queria ver o produto final, e pediu: “Mostre-me Sua glória.” O Senhor respondeu: “Você não pode vê-La, só os que morrem podem ver Minha face.”

É por isso que gosto de ler a respeito de visionários intercessores como Aimee Semple McPherson e William Seymour que costumavam passar noites inteiras com a cabeça sobre uma caixa de maçã intercedendo e orando para que a glória de Deus se manifestasse. Creio que, quando intercessores se levantarem no meio do povo de Deus para clamar por Sua presença, chegará o tempo em que o Senhor finalmente dirá: “É isto. Não vou esperar mais. Já está na hora!”

Foi isto que aconteceu na Argentina em 1950. Um homem chamado Edward Miller escreveu o livro “Cry for me, Argentina” (Chore por mim, Argentina), no qual ele descreve as origens do avivamento argentino – cuja finalidade era abalar a América do Sul e o mundo. O Sr. Miller está na casa dos 90 anos hoje, e, por mais de quatro décadas, foi um dos poucos missionários pentecostais, comprometidos com o evangelho pleno, atuantes na Argentina. Ele conta como 50 alunos do Instituto Bíblico Argentino, à época dirigido por ele, começaram a orar e experimentaram a presença e ação do Senhor. As aulas tiveram que ser suspensas, tamanho o comprometimento daqueles jovens com a intercessão por seu país, a Argentina. Diariamente, durante 49 dias seguidos, eles oraram e intercederam por sua Nação. O país era um deserto espiritual naquele tempo. O Sr. Miller conhecera somente 600 crentes cheios do Espírito, em todo o país, durante os anos de governo de Juan Perón. Ele me disse que nunca vira tantas pessoas chorando e clamando, por tanto tempo, daquela maneira. As origens e propósitos daquele clamor só podiam ser espirituais.

A verdade é que não sabemos muito sobre intercessão nos dias de hoje. Para muitos, interceder significa ficar repreendendo o inimigo, mas não é disso que precisamos: só precisamos que o “Pai” se manifeste.

AQUILO SÓ PODERIA SER DESCRITO COMO UM CHORO SOBRENATURAL

O Sr. Miller me disse que aqueles jovens intercessores choraram e clamaram sem cessar. Ele mencionou um jovem que encostou a cabeça na parede e chorou. Quatro horas depois, suas lágrimas escorriam pela parede. Seis horas se passaram e ele estava sobre uma poça formada por suas próprias lágrimas! Aquele era um clamor sobrenatural, esta era a única explicação. Eles não estavam simplesmente se arrependendo por algo que tinham feito. Foram movidos pelo Espírito a um “arrependimento vicário”, no qual começaram a arrepender-se por causa de coisas que aconteceram entre outras pessoas em sua cidade, sua região e em seu país.

O Sr. Miller conta que, no quinquagésimo dia de intercessão contínua perante o Senhor, veio a eles uma palavra profética: “Não chore mais, pois o Leão da Tribo de Judá prevaleceu contra o príncipe da Argentina.” Dezoito meses mais tarde, argentinos aglomeravam-se em cultos evangelísticos realizados em estádios de futebol com capacidade para 180 mil pessoas e, mesmo os maiores estádios do país não eram grandes o suficiente para abrigar as multidões.

Nunca me esquecerei do que aquele homem me disse:

“Se Deus puder contar com pessoas entre Seu povo, em uma determinada região, que rejeitem o domínio satânico com humildade, quebrantamento, arrependimento e intercessão, então Ele vai entregar uma “ordem de despejo” ao poder demoníaco vigente naquela área. E quando assim Deus o fizer, veremos a manifestação de Sua glória.”

Oro para que os céus se abram sobre nossas cidades e nossa nação, para que a glória de Deus se manifeste; que as fortalezas demoníacas sejam quebradas e que as pessoas ao nosso redor não possam mais resistir. Como isto pode acontecer? Através da manifestação da glória de Deus. Sim, intercessores se levantarão para fechar as portas do inferno e abrir as janelas do céu!

CONTENTAMO-NOS EM DANÇAR AO REDOR DA SARÇA ARDENTE

Quando achamos que o culto foi realmente muito bom, ou quando sentimos o que chamamos de avivamento, logo nos acomodamos, deixamos de lado nossa busca pelo Senhor e dançamos ao redor das “sarças ardentes” que encontramos. Ficamos tão maravilhados com elas que nunca voltamos ao Egito para libertar o povo!

Deus está dizendo à Sua Igreja que ser abençoado não é o suficiente. Receber Sua unção e Seus dons não é o suficiente. Eu não quero mais bênçãos, quero Aquele que abençoa. Não quero mais dons, quero Aquele que os concede. “Por acaso você está dizendo que não crê em dons e que não quer as bênçãos de Deus?” Não! Estou dizendo que, algumas vezes, ficamos tão ansiosos para experimentar algo sobrenatural, que nos desviamos do propósito divino. Não fique empolgado com o que Deus pode dar, empolgue-se com o que Ele é.

Meu ministério exige que eu viaje com frequência e, quando volto para minha família, logo sou bombardeado com perguntas: “O que você trouxe para mim, papai? Comprou alguma coisa?” Compreendo que é normal para as crianças, mas o que realmente quero, aquilo que sonho a cada dia que estou longe, é o momento em que minha filha de seis anos vem, carinhosamente, para meu colo sem pensar nos brinquedos que estão na mala. São momentos como estes que também ficarão na memória de minhas filhas daqui a alguns anos. Creio nisto, pois os brinquedos logo desaparecem ou são esquecidos em algum lugar.

Nosso Pai espera o mesmo. Os caçadores de Deus querem é Deus! As “coisas” que Deus pode dar não são suficientes para aquele que é um homem segundo o coração de Deus (Atos 13.22).

Quando Deus se manifesta, geralmente estamos com os olhos no lugar errado, na “mala”. Queremos Seus “brinquedos” espirituais (O termo “brinquedos” foi usado para descrever nossa atitude diante dos dons e bênçãos de Deus. Não estou, de forma alguma, tentando menosprezar seu verdadeiro valor e significado. Deus não nos deu dons tão preciosos tais como profecia, discernimento ou cura para que impressionemos a carne ou para que possamos influenciar pessoas. Tais dons nos são dados com o propósito de edificar e equipar o Corpo de Cristo para o trabalho na obra de Deus). Dizemos-Lhe: “Toca-me, abençoa-me, Pai!” Temos transformado nossas igrejas em “clubes da bênção”. Em nenhuma passagem bíblica o altar é o “lugar da bênção”. O altar só existe com um propósito, pergunte àquele cordeirinho que era levado até lá. Não é um lugar de bênção, é um lugar de sacrifício, morte. Se admitirmos esta morte, talvez possamos ver a face de Deus.

POR QUE ESTAMOS FALANDO TANTO DE MORTE?

No Novo Testamento, morte equivale a arrependimento, quebrantamento e humildade diante de Deus, é disto que estou falando. Muitas vezes, parece que não passamos de “simpatizantes” da Palavra de Deus. Dizemos que é verdade, mas agimos como se não fosse. E se Deus estiver falando sério? E se somente os mortos puderem ver Sua face? É impressionante como aceitamos aquilo que não é o que deveria. Estou batendo nesta tecla porque a Igreja corre o sério risco de mais uma vez contentar-se com a “sarça ardente”, enquanto Deus se manifesta de forma poderosa.

Existe um propósito por trás das vigílias de oração que estão sendo feitas no mundo inteiro, e não é que simplesmente sejamos abençoados. Deus quer abrir os céus sobre nossas cidades para que os perdidos conheçam Seu Senhorio e amor. Este é o verdadeiro propósito da manifestação de Deus entre os homens. Temos que tirar nossos olhos dos “brinquedos” e fixá-los nos propósitos do Senhor…

Como Moisés, precisamos clamar: “Obrigado, Senhor, mas não é suficiente: queremos mais, queremos ver mais, queremos ver Sua glória. Não queremos somente saber onde o Senhor esteve, mas queremos ver para onde o Senhor está indo!”

É isto que estou buscando. Só quero saber para onde Deus está indo, para que eu possa estar por perto. Ele é soberano em Suas escolhas quanto a lugares. Ninguém risca um fósforo para acender a sarça. Só Deus pode fazer isto. A parte que nos cabe é vagar pelo deserto até encontrarmos o lugar certo e, então, lembrarmos de tirar os sapatos diante da terra santa.

JÁ POSSO SENTIR A FUMAÇA NO AR…

Algumas vezes vou a lugares onde posso sentir o cheiro de fumaça no ar… o cheiro daquelas folhas que ardem e não se queimam. Parece que estamos perto do lugar onde Deus nos mostrará Seu propósito por trás de tudo isto.

Muito do que temos visto até agora é a renovação da Igreja. Talvez avivamento não seja a melhor definição para o que estamos vendo, pois traz a idéia de algo que não tinha vida. Não tenho palavras para conceituar ou descrever o que Deus está prestes a fazer. Como você poderia descrever um maremoto? Como falar do que Deus pode fazer com Sua indizível graça e poder?

A forma como Deus tratou com Nínive é o modelo bíblico com o qual eu sonho. Desejo ver uma onda do poder de Deus varrendo a cidade, arrastando toda arrogância humana e deixando para trás nada menos que uma trilha de arrependimento e quebrantamento. Estou faminto por um avivamento como o descrito em Jonas, quando uma cidade inteira se rendeu em arrependimento e jejum.

Este tipo de avivamento deveria ter acontecido em Nazaré, mas não aconteceu. Nazaré teria sido um excelente lugar porque teve o melhor pregador que já existiu. Jesus levantou-se na sinagoga de Nazaré e declarou: “O Espírito do Senhor está sobre mim…” E leu diante deles o que faria -curar os doentes, abrir os olhos dos cegos, libertar os cativos – mas a incredulidade do povo nazareno se colocou como obstáculo. Precisamos atentar para esta triste história, pois Nazaré era o “cenário bíblico” no tempo de Jesus, era um bom lugar para que o avivamento ocorresse [Não podemos nos deixar levar pela aparência de um lugar ou de um povo.].

Não me importo com aparências: somente Deus conhece Seus planos para o futuro. Muitos cristãos logo descartam metrópoles como Los Angeles, Nova Iorque, Detroit, Chicago ou Houston. Los Angeles é o abrigo de milhares de lugares pornográficos e também da indústria cinematográfica de Hollywood. Nínive talvez fosse o lugar menos provável para um avivamento naqueles dias! Nem precisamos mencionar as cidades de Xangai, Nova Deli, Calcutá, Rio de Janeiro… a lista é enorme! Mas, se alguém puder encontrar o interruptor, a glória de Deus vai inundar estas cidades. É assim que deve ser, pois a Palavra nos diz que a “glória do Senhor encherá toda a terra”! (Números 14.21).

SOU UM DEFUNTO AMBULANTE

Só os que morrem podem ver a face de Deus. Quando você penetrar além do véu, diga: “Não estou vivo, sou um morto ambulante.” Quando um condenado à pena de morte começa sua caminhada final em direção à sala de execução, antes que a porta do corredor se feche, um dos guardas grita: “Defunto ambulante”, para que todos saibam que alguém está em seus últimos instantes de vida na terra – todos ficam imóveis em respeito àquele momento. O homem está vivo, mas por pouco tempo. Quando ele chega à câmara de execução, é o fim. É assim que é o cristão, como descrito em Romanos 12.1: defunto ambulante.

Quando os sacerdotes amarravam uma corda no tornozelo do sumo sacerdote, e este olhava para o espesso véu que o separava do Santo dos Santos, sabia que era um defunto ambulante. Ele sairia com vida, exclusivamente, pela graça e misericórdia de Deus. Aproximar-se da glória de Deus: este é um assunto delicado e mal compreendido nos dias de hoje. Dizemos: “A glória de Deus está neste lugar”, mas, na verdade, não está. A unção está presente, talvez uma porção da luz do Senhor esteja ali. Mas, se a glória de Deus se manifestasse em toda a sua plenitude, estaríamos todos mortos. As montanhas se derretem na presença de Deus: quanto mais a carne do homem!

Falhamos em não compreender a glória de Deus (talvez não tenhamos capacidade para isto). O apóstolo Paulo disse: “…a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Coríntios 1.29). Se a carne estiver presente, quando a glória de Deus se manifestar, terá que morrer, pois nada pode sobreviver diante Desta presença. Somente quando sua carne estiver “morta”, poderá a pessoa permanecer na presença de Deus. Apenas os que morrem podem ver Sua face.

“NÃO SEI SE VOLTAREI”

Uma vez por ano, o sumo sacerdote de Israel teria que deixar sua casa e, com o coração apertado, dizer à família: “Não sei se voltarei. Não tenho certeza, mas acho que fiz tudo que deveria fazer. Minha estola sacerdotal está em ordem?” Os judeus eram tão cuidadosos, que não permitiam que o sumo sacerdote dormisse na noite anterior à sua entrada no Santo dos Santos! Os outros sacerdotes o mantinham acordado lendo a lei, para que ele não se contaminasse acidentalmente através de um sonho.

Quando chegava a hora da verdade, o sumo sacerdote, cuidadosamente, molhava seu dedo no sangue do cordeiro e o colocava na ponta das orelhas e nos polegares das mãos e dos pés. Por quê? Simbolicamente, trazendo traços de morte, ele representava um homem morto e, assim, poderia aproximar-se da glória de Deus e sobreviver. Uma vez aplicado o sangue, o sacerdote respirava fundo, dava uma última olhada ao redor, checava a corda no tornozelo e tomava o incensário. Este pequeno recipiente, ligado a uma corrente, tinha brasas quentes em seu interior.

O sacerdote tomava um punhado do santo incenso e o colocava sobre as brasas, criando uma espessa nuvem de fumaça perfumada. Ele introduzia o incensário após o véu, balançando-o de forma que o Santo dos Santos ficasse completamente coberto pela fumaça. Então, com muito cuidado, levantava a orla do véu e engatinhava para dentro do Santíssimo Lugar com temor e tremor, esperando que pudesse retornar com vida. A melhor forma de entrar no Santo dos Santos é de joelhos.

OS SACERDOTES DA LINHAGEM DE ARÃO SABIAM ALGO QUE NÃO SABEMOS

A cobertura de fumaça era o último recurso para proteger a carne do sacerdote de ser consumida pela santidade do Todo-Poderoso. Os sacerdotes da linhagem de Arão sabiam algo a respeito de Deus que precisamos redescobrir hoje. Eles sabiam que Deus é Santo, mas o homem, não. Sabiam que a carne “descoberta” morreria instantaneamente ao entrar em contato com a glória de Deus. Embora eles tivessem seguido todos os procedimentos e exigências, cobrindo a si mesmos com sangue e passado a noite inteira lendo as Escrituras, só penetravam além do véu quando a fumaça encobrisse tudo. A fumaça estaria suficiente quando nada mais pudesse ser visto. E o sacerdote tinha que executar todas as suas tarefas pelo tato e não pela visão. A cobertura de fumaça era sinal de que ele tinha alguma chance de tornar a ver a luz do dia (Levítico 16).

Creio que a nuvem de incenso não estava ali para impedir que o homem visse a glória de Deus, mas o contrário. A Bíblia diz em Apocalipse 8.1:

“Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.”

Por que os anjos do céu permaneceriam “mudos” por 30 minutos? No contexto do capítulo anterior apresenta-se a visão dos santos, com vestes brancas, diante do próprio Deus. Virá um dia em que nossos corpos mortais se revestirão de imortalidade e este corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade. E mesmo assim, resíduo da carne ainda estará lá. Creio que quando colocarmos os pés para dentro dos portais celestiais, os anjos permanecerão em silêncio por meia hora, como se dissessem: “Os remidos estão diante do Santo.” Para eles, é inconcebível que a carne possa estar diante da glória de Deus. É verdade, mas aquele que tiver sido transformado’ pelo processo da morte e ressurreição, através do sangue de Jesus, poderá fitá-Lo. Somente os que morrem podem ver a face de Deus.

A MISERICÓRDIA DE DEUS O MANTÉM AFASTADO DE NÓS

É a misericórdia de Deus que O mantém afastado de nós. Uma geração após outra, os cristãos têm orado: “Venha Senhor, aproxime-se!” Creio que a resposta do Senhor tem sido uma faca de dois gumes. Por um lado, Ele nos chama: “Clamem a mim, quero me aproximar.” Mas, ao mesmo tempo, Ele detém Sua mão e avisa: “Tenham cuidado, tenham cuidado! Se vamos nos aproximar, certifiquem-se de que a carne esteja morta. Se realmente querem Me conhecer, tudo que se relacione ao pecado deve morrer.”

Por que Deus requer esta morte? O que há na fumaça do sacrifício que faz com que Ele nos visite? É como se ela fosse um “convite” ao Senhor. Você pode não compreender, mas a morte esteve presente em cada avivamento na história da Igreja! Esteve presente nas primeiras reuniões de oração na rua Azusa e também no Primeiro e no Segundo Grande Despertamento. Frank Bartleman, o pioneiro pentecostal que tomou parte no Avivamento de Azusa Street, disse: “A profundidade de seu arrependimento vai determinar estatura de seu avivamento.”

QUANTO MAIS ARREPENDIMENTO (MORTE) DIANTE DE DEUS, MAIS PRÓXIMO ELE PODERÁ CHEGAR

É como se o aroma do sacrifício fosse o sinal para que Deus pudesse aproximar-se de Seu povo sem consumi-lo por seus pecados. O objetivo de Deus sempre foi a íntima comunhão com o homem, a coroa de Sua criação. No entanto, o pecado fez com que esta comunhão se tornasse mortífera. Deus não pode aproximar-Se da carne, porque ela exala o cheiro do mundo. Para que Ele chegue perto, a carne tem que morrer. Então, quando clamarmos para que o Senhor se aproxime, Ele o fará, mas nos dirá: “Não posso chegar mais perto, porque sua carne seria destruída. Quero que você compreenda que se sua carne morrer, poderei aproximar-Me mais.”

É por isso que o arrependimento e o quebrantamento -o equivalente a morte no Novo Testamento – traz a presença manifesta de Deus tão perto. Mas queremos evitar o arrependimento, porque não gostamos de sentir o cheiro da morte. Definitivamente, não é um odor agradável. Não atrai os sentidos do homem, mas é agradável a Deus porque é o sinal de que Ele pode aproximar-Se daqueles que ama.

ESQUEÇA O “CULTO-ENTRETENIMENTO”

Aquilo que agrada a Deus é bem diferente daquilo que nos agrada. O Senhor me disse uma vez, enquanto eu estava ministrando: “Filho, o culto que Me agrada e o culto que lhe agrada são bem diferentes.” Comecei a perceber que muitas vezes estruturamos nossos cultos para que sejam agradáveis aos homens. Temos que dizer o que os homens querem ouvir e lhes prover uma boa dose de entretenimento. Infelizmente, estes tipos de reuniões têm pouco daquele amor sacrificial derramado perante o Único que é digno de receber louvor e adoração.

Acho que o Senhor procura aqueles (poucos) que realmente O amam, não aqueles que só querem ser entretidos. É como se preparássemos uma festa para o Senhor e depois O ignorássemos! A morte do eu é algo especial, não é uma ideia atraente para nós, mas sem dúvida, agrada a Deus.

Se, ao pegar este livro, você esperava alguma “comoção” vinda do Espírito Santo, talvez esteja decepcionado. Mas se já sabia, em seu coração, da necessidade de uma revolução na Igreja, em seus procedimentos, então não será desapontado. O Salmo 103.1 diz: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor…” Não está escrito: “Oh, Senhor, bendiga a minha alma.” Deus está farto de ficar só dispensando bênçãos, Ele quer que desfrutemos do que Ele é, de Sua face, mas somente os que estiverem dispostos a morrer poderão aproximar-se d’Ele.

DEUS RECEIA SE APROXIMAR…

Ainda preservamos alguns traços de nossas ambições carnais, enquanto nos agarramos às bordas das vestes de Salvação de Nosso Deus. Podemos manter o resto de nossas vestes antigas e viver dos benefícios que o Senhor nos concede. Permanecemos longe da fome espiritual e Deus não ousa chegar mais perto, pois, assim, a carne, que tanto prezamos, seria destruída. A escolha é nossa.

Deus procura por alguém que esteja disposto a amarrar uma corda no tornozelo e dizer: “Se perecer, pereci… mas verei o Rei. Quero fazer tudo que puder para penetrar além do véu. Vou me arrepender e fazer tudo que for necessário, pois estou cansado de ouvir falar a respeito de Deus e, simplesmente, saber sobre Ele. Quero conhecê-Lo, tenho que ver Sua face”

Não interessa quem você é, o que tenha feito ou quão religioso seja, o único caminho que vai levá-lo para além do véu é a morte de sua carne. Tal morte significa arrependimento e quebrantamento diante de Deus para que Ele possa Se aproximar. O apóstolo Paulo disse:

“Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido.” (1 Coríntios 13.12)

Este é o ponto em que conheceremos Deus em toda a plenitude, a mesma plenitude com a qual somos conhecidos por Ele.

O apóstolo João estava exilado na Ilha de Patmos por causa da fé em Cristo, mas creio que havia uma razão ainda mais profunda. Quando João estava como um “defunto ambulante”, abandonado em uma ilha deserta, foi que ouviu uma voz e viu a face de Deus Filho, Jesus Cristo.

Todos nós pensamos conhecer Deus e sermos parte da Igreja. Mas olhemos João mais de perto: ele era o apóstolo que recostou no peito de Jesus, era o discípulo mais chegado. João estava presente quando Jesus acordou de Seu sono para acalmar a tempestade no Mar da Galileia. Ele viu quando Jesus interrompeu um funeral e tocou no corpo do rapaz morto, devolvendo-o à sua mãe. Foi esse mesmo apóstolo que, na Ilha de Patmos, viu, pela primeira vez, o Senhor em Sua glória. Ele contou que a cabeça e os cabelos do Senhor eram brancos como neve, Seus olhos eram como chamas de fogo e Seus pés, como bronze polido.

A Palavra diz que João caiu aos pés do Senhor como morto (Apocalipse 1.17). Por que lhe sucedera isto? Justamente com ele, que convivera com Jesus por três anos? João experimentou a morte, naquele momento, porque seus olhos contemplaram a Vida. É preciso experimentar morte para vê-Lo, e tudo que posso dizer é que este é um bom momento para fazer isto. Quanto mais morro, mais o Senhor se aproxima.

João Batista também conhecia este segredo. Jesus declarou:

“…Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista…” (Mateus 11.11a).

Por quê? João compreendeu graciosamente um princípio pouco conhecido e sobre o qual todo ministério, culto e adoração deveriam estar:

“Convém que ele cresça e que eu diminua.” (João 3.30)

Se eu diminuir, Ele poderá crescer. Quanto menos espaço eu ocupar, mais sobrará para Ele. João Batista foi sábio em reconhecer o verdadeiro Provedor de todos os dons e ministérios.

Ele disse:

“…o homem não pode receber cousa alguma se do céu não lhe for dada.” (João 3.27)

Conforme tenho dito, quanto menor eu me tornar, maior poderá ser Deus na minha vida. Quanto mais eu morrer, mais perto o Senhor chegará. Haverá limites para isto? Não sei, mas posso indicar-lhe a quem perguntar… Procure o Sr. Enoque. Ele demonstrou que podemos, literalmente, andar com Deus, mas “morreremos” durante a caminhada.

A Bíblia diz:

“Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.” (Apocalipse 12.11)

Será que você está evitando esta morte? Você quer as bênçãos de Deus em sua vida? A maior bênção não vem das mãos do Senhor, mas de Sua face, do íntimo relacionamento com Ele. Quando finalmente, você puder contemplá-Lo e conhecê-Lo, encontrará a fonte de todo poder.

ESTA BÊNÇÃO TEM UM CUSTO

Toda carne deve morrer na presença de Deus, mas tudo que provém do Espírito permanece eternamente diante de Sua glória. Aquilo que é eterno em seu ser, realmente quer e pode viver para sempre. Porém, primeiramente, aquilo que diz respeito à sua carne deve morrer. Sua carne constitui um obstáculo para a manifestação da glória de Deus. É provável que, enquanto lê estas palavras, você esteja em meio a uma intensa luta entre a carne e o espírito. Digo que já é hora de dizer ao Senhor: “Deus, quero contemplar Sua glória.” O Deus de Moisés quer Se revelar a nós, mas esta não vai ser uma bênção sem ônus. É preciso disposição para morrer, para que Ele aproxime-Se cada vez mais.

Esqueça o quê ou quem está em seu redor, abandone as “formalidades”! Deus quer redefinir e reestruturar aquilo que chamamos de “Igreja”. Ele procura pessoas que estejam buscando Seu coração. Ele quer uma Igreja cheia de “Davis”, pessoas que busquem Seu coração (e não somente Suas mãos). Você pode continuar buscando Suas bênçãos e usar os “brinquedos”, ou dizer: “Pai, muito obrigado, mas não quero mais bênçãos, quero o Senhor. Quero Sua presença bem próxima. Quero Seu toque em meus olhos, em meu coração, em meus ouvidos. Mude-me, Senhor! Não quero mais ser o mesmo! Estou cansado, Senhor! Sei que se eu puder ser mudado, então as pessoas em meu redor também poderão ser transformadas.”

Precisamos orar por uma mudança, uma ruptura, mas não podemos fazê-la, a menos que ela comece em nós. As mudanças virão sobre aqueles que não estiverem em busca de suas próprias ambições, mas, sim, buscando os propósitos de Deus. Precisamos chorar sobre nossas cidades como Jesus chorou sobre Jerusalém. Estamos carentes de uma transformação vinda do Senhor.

Quando a mão de Deus tentar moldar seu coração, não resista ao Espírito Santo. O Oleiro de sua alma quer torná-lo maleável. Ele quer conduzi-lo a um ponto em que não seja necessário um furacão vindo dos Céus para que você saiba que Ele está presente. Ele deseja que você esteja tão sensível que uma brisa tranquila e suave possa lhe anunciar a Sua presença.

QUEREMOS VIDA, MAS O SENHOR ESTÁ EM BUSCA DE MORTE.

Precisamos nos arrepender por preparar cultos para agradar aos homens, ao invés de prestar a Deus a adoração que Ele merece. Como a maioria das pessoas, queremos “vida” em nossos cultos, mas Deus está em busca de outra coisa: “morte”! A morte que vem do arrependimento e quebrantamento, que nos conduz à presença de Deus e faz com que nos aproximemos d’Ele e, ainda assim, permaneçamos vivos.

Este é o ponto em que alguns ficam muito incomodados, porque começam a sentir um cheiro de “fumaça” no ar e já conseguem sentir o odor da carne queimada. Pode não cheirar bem para nós, mas para Deus será um sinal de arrependimento. A Bíblia diz:

“… há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” (Lucas 15.10)

Morte e arrependimento na terra levam alegria e regozijo aos céus.

O avivamento deve começar em sua Igreja antes de alcançar sua comunidade. Se você está faminto por avivamento, tenho uma palavra do Senhor para você: O fogo não cai sobre altares vazios. Para que o fogo caia, é preciso que haja um sacrifício sobre o altar. Se você quer fogo, precisa ser o combustível. Jesus sacrificou-Se para conquistar nossa salvação. E o que Ele diz a cada um que deseja segui-Lo? Ele nos chama a renunciar nossa própria vida tomar nossa cruz e segui-Lo. De acordo com a concordância bíblica Strong’s, a palavra grega para “cruz”, STAUROS, significa “de maneira figurada, exposição à morte, ou seja, auto-renúncia”5. Elias não pediu que o fogo do Senhor caísse até que houvesse combustível e um sacrifício digno sobre o altar. Temos orado para que o fogo caia, mas o altar está vazio!

Se você anseia que o fogo caia sobre sua Igreja, você precisa, então, subir ao altar e dizer: “Senhor, não importa o que custe. Eu me coloco sobre o altar para ser consumido pelo Seu fogo.” Então poderemos fazer como John Wesley. Ele explica como conduziu multidões durante o Primeiro Grande Despertamento:

“Eu me coloquei no meio das chamas, para que as pessoas pudessem me ver queimado.”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O ESCOAR DO TEMPO

O conto “história da sua vida” permite entender o que está por vir e confronta o livre-arbítrio para escolher continuar ou não no caminho que sabemos já estar determinado

O escoar do tempo

Imagine um momento em que você sente o tempo escoar de forma circular, um verdadeiro “eterno retorno” dos domingos que o deixam na expectativa da segunda-feira, enquanto você também experimenta esse tempo se escoar de forma linear de tal modo que, ao olhar para sua vida, lembra-se dos momentos importantes que se passaram e percebe essa progressão medida pelos relógios e calendários até constatar o envelhecimento. Imagine também que, assim como podemos recuar ao passado, também pudéssemos enxergar o futuro. Esse e outros assuntos são discutidos no conto “História da sua vida”.

Esse conto está contido em uma coletânea da obra de Ted Chiang, escritor norte-americano, chamada História da sua Vida e outros Contos.

Trata-se de uma ficção científica que traz importantes conceitos da física, matemática e linguística. Foi adaptado para o cinema e deu origem ao filme A Chegada. O escritor, ao definir sua obra, diz: “Acredito que exista beleza na ciência e na matemática. Conhecer as verdades nesses campos pode criar um sentimento de admiração que é muito parecido com o que a religião inspira”.

A narrativa mostra como o mundo reage ao saber da presença de alienígenas, o que significa que não estamos sozinhos. Dentre os vários profissionais recrutados para tentar uma comunicação está uma linguista chamada Louise Banks. Nessa experiência, ela concebe que o estudo da estrutura de uma língua confirma a hipótese do relativismo linguístico de que as diferentes línguas são resultados de sua cultura e concepção de mundo em universos mentais distintos. Talvez, por isso, nosso mundo criou o mito da Torre de Babel.

Os alienígenas foram chamados de “heptapodes” por terem sete pés. São diferentes não só na anatomia como em tudo que conhecemos. A noção de tempo é circular, do mesmo modo como ocorre em nosso inconsciente. Nesse contato com eles, a dra. Banks aprendeu a usar essa noção de tempo e espaço como eles. Ela então enxerga que vai ter uma f ilha e sabe- rá sobre a história da sua vida, antes mesmo de concordar em concebê-la. Aqui estamos diante de um impasse. Ela já considerava que iria ter uma f ilha que morreria jovem e que seu marido a abandonaria. Se soubéssemos de um futuro nada animador, como conviver com isso e fazer uma escolha que vai determinar o resto da sua vida? O livre-arbítrio seria exercido sem afetar o resultado dos eventos. Ao longo da história, as memórias de sua filha acompanham a dra. Banks, e esta experimenta sensações as quais deseja muito vivê-las. Talvez seja esse o motivo de sua escolha.

Os “heptapodes” vivenciavam todos os acontecimentos ao mesmo tempo e percebiam um propósito essencial em todos eles. Não viviam os acontecimentos, como nós percebemos, em uma relação de causa e efeito. Nossa consciência tem um modo sequencial, enquanto os “heptapodes” desenvolveram um modo simultâneo.

A investigação científica tem se deslocado para além da compreensão humana. Na Psicologia Analítica, damos importância aos sonhos e a sua funcionalidade teleológica. O ex-presidente americano Abraham Lincoln sonhou com seu próprio assassinato uma semana antes de morrer. No dia 25 de maio de 1941, o presidente Roosevelt sonhou que os japoneses estavam bombardeando a cidade de Nova York enquanto ele estava em sua casa. Em 7 de dezembro de 1941, os japoneses atacaram uma base do exército americano em Pearl Harbor, no Havaí. Essas são algumas das muitas histórias de premonições e sonhos prevendo o futuro. O problema dos cientistas é como testar histórias desse tipo em laboratório para quantificar e controlar premonições como a ciência moderna exige.

O inconsciente pode fazer com que cada momento de nossa vida influencie todos os outros, para frente e para trás. Assim, a intenção no futuro poderá modificar as probabilidades de uma enfermidade. Um simples diagnóstico pode influenciar o curso da doença. Dessa forma, a psicoterapia é um método que nos faz voltar no tempo para alterar nosso próprio futuro.

Jung chamou a atenção para um fenômeno que tem uma conexão misteriosa entre a psique pessoal e o mundo material. Tais fenômenos têm um significado importante para a pessoa neles envolvida. A esse acontecimento ele chamou de sincronicidade. É quando um sonho, ideia ou premonição coincidem com um evento do mundo exterior. Uma ideia neurótica pode fazer o sujeito se confundir com premonição, como também o entendimento do sonho influenciado por essa neurose.

O encontro com o que achamos estranho, o diferente de nós, pode ser de total preconceito pela dificuldade em conhecer esse outro. O amor, no entanto, une os estranhos enquanto o poder e o medo desunem. Como conhecer o inconsciente do outro, onde o tempo funciona como nos “heptapodes”, em que todas as leis são diferentes daquela que nossa consciência adota? Essa é uma relação que temos com nós mesmos, até que um analista faça o papel da dra. Banks, ou seja, entenda a linguagem alienígena do nosso inconsciente. A vida é uma espécie de espetáculo cujo roteiro não controlamos. Vivemos envolvidos com gozos que se desmancham com o sofrimento e vice-versa.

 

O escoar do tempo. 3

O escoar do tempo. 2 CARLOS SÃO PAULO – é médico e psicoterapeuta junguiano. É diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia. carlos@ijba.com.br / http://www.ijba.com.br

OUTROS OLHARES

O BRASIL DESCONECTADO

Um terço dos brasileiros com 10 anos ou mais não têm acesso à internet

O Brasil desconectado

Entendida como um meio capaz de democratizar a informação e disseminar o conhecimento, a internet ainda está longe de ser acessada por todos. No Brasil, cerca de 33% dos brasileiros com 10 anos ou mais não têm acesso à rede mundial de computadores, de acordo com dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Esse percentual é constituído, primordialmente, por pessoas das classes C e D e por habitantes das zonas rurais.

O grau de instrução também é fator determinante no mapa da desigualdade digital: os brasileiros que têm apenas o ensino fundamental respondem por 33% dos que assistem a vídeos pela internet e por 23% dos que leem jornais online, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Considerando o grupo dos que concluíram o ensino médio e o dos que chegaram à faculdade, as proporções alcançam 67% e 77%, respectivamente.

A tendência permanece no consumo de jogos e música online. “A única forma de mudar essa realidade é o governo desenvolver políticas públicas voltadas para a educação digital”, afirma Frederico Barbosa, pesquisador do Ipea e um dos autores do estudo.

O Brasil desconectado. 2

GESTÃO E CARREIRA

PAI, O QUE VOCÊ FAZ?

Conversar com as crianças sobre as dores e as delícias da carreira é um desafio. Mas enfrentá-lo com honestidade pode fazer toda a diferença para os pequenos – no presente e no futuro

Pai, o que você faz

Conciliar trabalho com vida familiar não é tarefa fácil, ainda mais quando há filhos no pacote. E se, nos primeiros meses com crianças, a dificuldade está em equilibrar a dedicação aos pequenos sem abrir mão da carreira, à medida que eles crescem surge outro desafio: como encontrar explicação para a verdadeira importância que o trabalho tem na vida dos pais? E como isso influencia a visão que os filhos terão sobre a carreira no futuro, por exemplo?

De acordo com especialistas, essas questões pintam na cabeça dos rebentos por volta dos 5 anos, quando a criança começa a adquirir noção de tempo e percebe, por exemplo, que há dias em que os pais se ausentam da manhã à noite ou no caso dos que fazem home office, estão em casa mas não disponíveis para brincadeiras e passeios. “É quando descobrem que existe um lugar chamado trabalho do qual eles não fazem parte e querem saber o que é”, diz a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria.

Com tantas mudanças nos modelos de trabalho e na configuração da família, é claro que não há respostas prontas para quando o filho questiona: “Por que você tem de sair para trabalhar? Na maioria das vezes, de supetão que pai e mãe se veem com cobranças desse tipo. Nessa hora, a melhor resposta é a mais verdadeira possível, alinhada ao que de fato tem mais valor para cada um demonstrar a relação do adulto com carreira – se é movido por dinheiro ou felicidade, por exemplo.

 RELAÇÃO DE PARCERIA

Na geração atual, de pais e filhos que compartilham mais proximidade e intimidade do que antigamente a comunicação sobre as demandas, os percalços e as conquistas do mundo profissional ficam mais fluida. Ainda assim, há basicamente duas formas de lidar com essa realidade, incluindo os filhos e conversando abertamente sobre questões do dia a dia; ou isolando-os e evitando levar assuntos do escritório para casa deixando, assim, a curiosidade sobre o que o pai e a mãe fazem.

Qualquer que seja a abordagem vale saber que a postura dos genitores pode influenciar a percepção dos pequenos e até a relação futura que eles estabelecerão com a própria vida profissional. “Crianças absorvem o que veem e ouvem dos adultos. Se percebem que os pais saem de casa desgostosos, voltam estressados e culpam o emprego ou o chefe por isso, vão associar o universo do trabalho a coisas negativas”, destaca Fabiana Mara Esteca, doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo e estudiosa de temas de família.

Para a presidente do grupo Hinode, Marília Rocea, de 46 anos, a carreira sempre foi fonte de prazer e realização. Acostumada a atuar em mais de um projeto e a ter uma agenda atribulada, ela conta que não saiu de licença-maternidade e optou por não amamentar nenhuma das duas filhas, hoje com 9 e 13 anos. Quando retomou o trabalho após o segundo parto, ainda tinha os pontos da cesariana. De acordo com a executiva, isso não quer dizer, entretanto, que a carreira esteja em primeiro lugar, mas que há fases em que é preciso dar menos atenção à vida pessoal em nome do trabalho – e vice-versa. “Ser mãe full time nunca foi para mim”, diz. E quem acha que tamanha entrega aos negócios resultou em uma família desagregada e distante se engana. “As meninas me dão conselhos e palpitam em assuntos do trabalho. Faço questão de ser honesta quando estou preocupada com alguma coisa ou arrasada porque cometi um erro. Não quero que achem que sou infalível”, diz Marília. Além de participativas, as garotas são as maiores defensoras da mãe quando a agenda não permite que ela compareça às festas da escola e outros eventos. “Uma vez, quando um amiguinho perguntou à mais velha por que a mãe nunca podia levá-las e busca-las nos lugares, ela respondeu que eu estava ocupada (salvando pessoas de comer besteira e morrer cedo, relembra com orgulho a executiva que, na época, comandava uma empresa de alimentos naturais. Segundo Marília, isso demonstra que ela conseguiu ensinar maturidade, liderança e responsabilidade com o modelo de criação que escolheu. “Sempre quis mostrar a importância do trabalho para sustentar nossa vida e ajudar outros a viver melhor, nunca coloquei como um sacrifício”, afirma.

ESTABELECENDO LIMITES

Quem não se lembra do episódio, em 2017, em que um professor, numa entrevista para a BBC, foi interrompido pelos filhos durante uma transmissão ao vivo? A cena em que as crianças abriam a porta do escritório do pai enquanto ele comentava sobre o impeachment da presidente sul-coreana Park Geun-hye, e eram resgatados por uma mãe desesperada que sa engatinhando, viralizou como algo divertido, mas retrata bem um dilema de quem faz home office com filhos por perto: como controlá-los e deixar claro que você não está à disposição. O ideal, como aponta a psicóloga Fabiana, da USP, é manter um cuidador (que pode ser funcionário ou parente) que substitua o responsável na atenção e faça companhia para a criança, sobretudo as mais novas. Entreter com atividades agradáveis e garantir um espaço acolhedor para os pequenos evita que eles se sintam inseguros e corram em busca dos pais.

 Isso serve também para profissionais que levam os filhos ao escritório vez em quando, seja por desejo de tê-los por perto, seja por falta opção com quem deixá-los. Mas, se os meninos não puderem encostar em nada nem fazer barulho, melhor nem levar. “O bem-estar da criança precisa estar em primeiro lugar e nenhuma situação deve ser imposta e sim conversada. Para o filho, saber que o pai ou a mãe estão na sala ao lado, mas inacessíveis, é pior do que a ausência”, alerta a psicóloga.

O cirurgião craniofacial Pérsio Bianchini Mariani, de 49 anos, divide com a esposa, sexóloga, o espaço da clínica onde atende. Valentina, filha do casal, de 7 anos, passa pelo menos duas tardes da semana ali. Além de ela brincar com massinha e fazer a lição de casa, o pai separou moldes cirúrgicos para que ela se entretenha e até encomendou um avental com nome bordado para a menina. Mesmo assim, o casal conta com uma assistente para fazer companhia e ficar de olho na pequena e, assim, evitar surpresas como a ocorrida com o professor da BBC. “Nunca tivemos nenhum problema’, afirma Pérsio. De acordo com ele, conhecer o dia a dia e participar do ambiente de trabalho dos pais preenche a curiosidade da filha e fortalece a confiança e a intimidade. Mas tem mais: Pérsio vê isso como uma oportunidade de influenciar os interesses da filha quando for a hora de escolher uma ocupação. “É claro que tomo cuidado para não pressionar, mas acho importante incentivá-la desde cedo a pensar no futuro e optar por algo que possibilite um padrão de vida legal, mesmo que não seja o mesmo que eu escolhi”,’ afirma Pérsio.

Para muitos pais e mães, conversar com os filhos desde cedo sobre a carreira é visto como uma chance de ensinar valores como responsabilidade, direcionar as escolhas e garantir que tenham um futuro de sucesso. Só que isso também é uma armadilha, já que pressiona em relação ao caminho profissional a seguir pode abafar o desenvolvimento de habilidades e interesses autênticos e gerar frustração para todos os envolvidos. “É preciso respeitar a personalidade e os desejos dos jovens e ter noção de que, mesmo com o exemplo dos pais, o filho pode fazer tudo diferente”, diz a psicóloga infantil Daniella. Quando se trata de jovens das gerações Z (que têm hoje até 25 anos) e Y (por volta dos 35) é sabido que não querem seguir a trajetória dos pais quando isso não faz sentido para eles. Permanecer em emprego que paga bem, mas não traz satisfação está fora de questão para essa turma. “Querer que o filho “dê certo” na carreira é o primeiro passo para o erro”, afirma Daniella.

QUESTÃO DE GÊNERO

Para as mães que ficam com o coração apertado por deixar os pequenos em casa, há um consolo: um estudo da Harvard Business School revelou que filhos de mulheres que trabalham fora se saem melhor no futuro – na vida pessoal e profissional. De acordo com a pesquisa, as meninas tendem a frequentar a educação formal por mais tempo e conseguir cargos altos. Já os garotos se tornam homens mais colaborativos nas tarefas domésticas. “O contexto de trabalho gera oportunidades para discutir temas como a valorização da mulher, assédio e saúde mental. E mesmo as situações negativas têm muito a ensinar sobre relações humanas, frustração e autoconhecimento, o que é importante para a vida fora do trabalho também”, afirma Flávia Soubihe, coach e sócia-fundadora da Woman To consultoria para mulheres.

Apesar dos movimentos por equidade de gênero, a realidade mostra que são elas que acabam tendo que abrir mão da carreira logo depois de ter filhos. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) praticamente metade das profissionais brasileiras é demitida ou pede demissão no primeiro ano depois de dar à luz. Embora algumas optem por se dedicar integralmente à família, para outras entre os motivos de afastamento estão o preconceito no ambiente corporativo e a falta de uma estrutura de apoio (como creche e babá), o que torna a conciliação da maternidade com a carreira uma tarefa quase impossível.

Por isso, muitas mulheres defendem que todo apoio é bem-vindo e determinante para que evoluam profissionalmente em vez de se tornarem mães em tempo integral contra a vontade. Luciana Antão de Souza, de 35 anos, analista de governança em uma seguradora, sabe bem o valor dessa rede de proteção. Moradora de Itaquera, na zona leste de São Paulo, e trabalhando na região da Avenida Paulista, ela gasta quase 3 horas no transporte diariamente. O marido, designer freelancer, trabalha em casa, mas o casal conta com a mãe de Luciana para ficar com a filha deles, de 5 anos, todos os dias à tarde. “Esse esquema de organização é fundamental para eu ir tranquila para o escritório e oferecer um tempo de qualidade à minha filha quando estamos juntas, afirma.

Aliás, foi pensando em mais flexibilidade que Luciana deixou o emprego em uma agência de comunicação e mudou de área há cerca de três anos. Hoje é raro chegar tarde em casa ou perder eventos por causa de horas extras. Mas, quando acontece, ela afirma que não fala mal do trabalho e justifica dizendo que a profissão é motivo de felicidade. “Quero passar uma mensagem positiva em relação a isso e motivar desde cedo a fazer aquilo que traga prazer e não só dinheiro”, diz. No final, não existe um jeito certo de falar de carreira com os filhos, como não existe uma única maneira de educá-los. Cada pai e cada mãe vivem a parentalidade da forma que faz sentido para eles e o modelo vencedor é o que cabe no bolso – ou na escrivaninha.

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 3 – SEI QUE HÁ MAIS

 

REDESCOBRINDO A PRESENÇA DE DEUS

Não sei quanto a você, meu amigo, mas existe uma paixão ardente em meu coração que sussurra, dizendo-me que existe muito mais do que sei ou conheço, mais do que tudo que já tenho alcançado. Isso me faz “invejar” João, que escreveu Apocalipse, e todas as pessoas que vislumbraram o que não é deste mundo e viram coisas com as quais somente tenho sonhado. Sei que existe “mais”, sei porque existem aqueles que experimentaram isto e nunca mais foram os mesmos. Caçadores de Deus! Minha oração é: Quero ver-Te assim como João Te viu, Meu Senhor!

Em todas as leituras e estudos bíblicos que já fiz, jamais encontrei uma pessoa que realmente tenha experimentado um encontro com Deus e depois tenha se desviado ou se rebelado contra Ele. Uma vez que você experimente o Senhor em Sua glória, não há como virar as costas ou esquecê-Lo. Isto é muito mais do que simples argumentos, teorias ou doutrinas, é experiência. É por causa disto que o apóstolo Paulo disse: “…sei em quem tenho crido…” (2 Timóteo 1.12b). Infelizmente, muitas pessoas na Igreja diriam: “Eu sei coisas a respeito de quem tenho crido.” Isto significa que nunca encontraram Deus em Sua glória.

As pessoas que vêm às nossas igrejas têm experimentado mais um encontro com homens e seus cerimoniais, que um encontro com Deus e Sua inesquecível majestade e poder. As pessoas precisam ter uma experiência como aquela que Saulo teve na estrada de Damasco, onde encontrou-se com o próprio Deus (Atos 9:3-6).

Tal experiência evidencia a diferença entre a onipresença de Deus e a presença manifesta de Deus. O termo “onipresença” de Deus refere-se ao fato de que Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele é aquela “partícula” do núcleo atômico que os físicos nucleares podem rastrear mas não podem ver. O Evangelho de João aborda esta qualidade divina quando diz: “…e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1.3). Deus está em tudo e em todos os lugares. Ele é essência de tudo que existe, é o vínculo que mantém unidos todos os componentes do Universo e que sustenta a integridade de cada um destes componentes!

Isto explica porque as pessoas podem estar em um bar, embriagadas, e, de repente, sentirem o convencimento vindo do Espírito Santo, sem que haja por ali um pastor, alguma música evangélica ou qualquer outra influência cristã. Deus está ali no bar com aquela pessoa. E ela, com a mente entorpecida pelo álcool, perde suas inibições para com Deus. Infelizmente, não é uma decisão baseada na vontade que move essas pessoas para Deus. Tal atitude é fruto da fome de seus corações. Suas “mentes” estão entorpecidas e seus corações famintos. Tão logo a “mente” se recupere, elas retornam ao estado inicial, não foi um encontro válido, a vontade não foi quebrantada. Eis a receita para a miséria: um coração faminto, uma cabeça (mente) orgulhosa e uma vontade não quebrantada (insubmissa).

Agora, se Deus pode fazer isto em um bar, por que nos surpreendemos com todas as outras coisas que Ele pode fazer “por Si mesmo”? Muitas pessoas que não foram criadas na igreja dizem que, na primeira vez que sentiram o toque do Espírito, não estavam em um culto. Tudo isto ilustra os efeitos da onipresença de Deus, o Seu atributo de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

A MANIFESTAÇÃO DA PRESENÇA DE DEUS

Embora Deus esteja presente em todos os lugares ao mesmo tempo, há momentos em que Ele concentra a essência de Seu ser em um local específico. É o que muitos chamam de “presença manifesta de Deus”. Quando isto acontece, há uma forte convicção de que o próprio Deus “Se fez presente” em nosso meio. Podemos dizer que, embora Ele esteja em todos os lugares todo o tempo, existem momentos especiais em que Ele está mais “aqui” do que “ali”. Por alguma razão divina, Deus escolhe concentrar-Se ou revelar-Se de uma maneira mais forte em um determinado tempo ou lugar.

Teologicamente falando, talvez este conceito possa perturbá-lo. Talvez você esteja pensando: Espere um momento. Deus está sempre aqui. Ele é onipresente. Sim, é verdade, mas, então, por que Ele disse: “…se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar Minha face..”? (2 Crônicas 7.14). Se eles já eram o povo de Deus, qual outra instância de Sua presença deveriam buscar? A face de Deus! Por quê? Porque o favor do Senhor flui para onde quer que esteja voltada a Sua face. Você pode ser filho de Deus e ainda não ter Seu favor, assim como um filho pode ser desfavorecido, sem ser renegado.

A expressão usada no versículo é muito interessante. Deus disse a Seu povo, que se eles buscassem Sua face e se “convertessem de seus maus caminhos”, então, Ele não só ouviria as suas orações, como também sararia a sua terra. Como podemos ser povo de Deus e ainda permanecermos em maus caminhos? Talvez nossos maus caminhos expliquem o fato de estarmos satisfeitos somente com a proximidade de Deus ao invés de desfrutarmos de Sua presença. Sabe o que vai fazer com o favor de Deus se volte para nós? Nossa fome. Devemos nos arrepender, buscar a face do Senhor, e orar: “Deus, volte os Teus olhos para nós, e nós ficaremos na dependência de Ti.”

GUIADOS PELOS OLHOS DE DEUS

Frequentemente, os cristãos só conseguem se guiar pela Palavra ou pela profecia. A Bíblia diz que Deus quer que superemos isso, e alcancemos uma instância mais elevada, marcada por um maior grau na ternura de coração para com Ele, e por uma maturidade mais profunda, que o permita que Ele venha a nos guiar sob Suas vistas (Salmos 32.8).

No tipo de lar em que fui criado, bastava meu pai ou minha mãe me olhar de certa maneira, que conseguiam o trabalho que queriam de mim. Se eu estivesse “aprontando” alguma, eles não precisavam dizer nada. Os sinais que seu olhar dirigia a mim davam-me as instruções de que eu precisava.

Será que você ainda precisa ouvir alguém trovejar atrás do púlpito? Ainda precisa de alguma enérgica profecia para endireitar seus caminhos? Ou você é capaz de ler a emoção de Deus através de Sua expressão facial? Você é suficientemente sensível para que o olhar de Deus o guie e o convença de seu pecado? O que acontece quando Deus olha para você? Será que imediatamente você diz: “Não posso fazer isso”, “Não posso ir por ali”, “Não posso dizer isto, porque não agradaria a meu Pai”? Pedro foi convencido pelo olhar de Deus, ao ouvir o cantar daquele galo. Por isso, chorou e se arrependeu.

Deus está em todo lugar, mas Sua face e Seu favor não estão voltados para todos os lugares. É por isso que Ele nos diz para buscar Sua face. Sim, Ele está com você e seus irmãos na hora do culto. Mas, qual foi a última vez que, de tanta fome, você tenha subido no colo do Senhor e, como uma criança, tenha voltado a face do Pai em sua direção? Intimidade: É isto que Deus quer. E que a Sua face seja nossa prioridade.

Os israelitas se referiam à presença manifesta de Deus como a glória SHE KIN A H . Quando Davi pensou em trazer de volta a arca da aliança a Jerusalém, ele não estava interessado na caixa de ouro, nem no que havia dentro dela. Ele estava interessado naquela chama azulada que pairava entre os dois querubins sobre o propiciatório. Era isso que ele queria, porque a chama significava a presença de Deus. E para onde quer que a glória ou a presença manifesta de Deus fosse, haveria vitória, poder e bênção. A busca de intimidade traz bênçãos, mas a busca de bênçãos, nem sempre traz intimidade.

Nosso clamor é pela restauração desta presença em nosso meio. Quando Moisés estava exposto à glória de Deus, o reflexo daquela glória fez com que seu rosto brilhasse tanto que, no momento em que desceu do monte, o povo lhe disse: “Moisés, cubra o rosto, porque não conseguimos olhar para você” (Êxodo 34.29-35). Qualquer coisa ou pessoa que esteja exposta à presença manifesta de Deus, começa a absorver Sua essência. Você pode imaginar como era o ambiente na Santo dos Santos? Quanto da glória de Deus foi absorvida por aquelas cortinas, pelo véu e pela própria arca?

O “STATUS” DO LUGAR ONDE DEUS PERMANECE

Quando Deus começa a manifestar-se em um lugar ou entre um povo, algo fora do comum acontece por causa de Sua presença. Se você não acredita, pergunte a Jacó. Veja como ele fugia de seus problemas. Em um determinado momento, Deus mandou que ele voltasse para Betel, que significa “Casa de Deus”. Jacó disse, em suma, à sua família: “Se voltarmos para Betel, edificarei um altar a Deus e estaremos bem” (Gênesis 35.1-3). Ele sabia que a presença do Senhor era contínua em Betel.

É interessante ler o que aconteceu a Jacó e sua família quando chegaram a Betel:

“E, tendo eles partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhe eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó.” (Gênesis 35.5, grifos do autor)

A palavra hebraica para “terror” vem de uma raiz que significa “prostrar-se, ser abatido por violência, confusão ou temor” Se queremos que o “temor do Senhor” seja restaurado no mundo, então a Igreja deve voltar- se para Betel, o lugar da presença manifesta de Deus.

TROMBANDO COM A NUVEM

A presença manifesta de Deus continua em um lugar, mesmo quando não há mais ninguém por perto. Eu me lembro do dia em que um irmão que fazia parte do corpo administrativo de uma igreja, num dia de semana normal, passou pelo altar, a fim de trocar a água do batistério. E desapareceu. Três horas depois, alguém percebeu sua ausência e, a partir daí, começaram a procurá-lo. Quando acenderam as luzes do altar, encontraram o homem estirado no lugar onde ele caíra, após chocar-se com a nuvem da presença de Deus.

Há oportunidades em que uma nuvem da presença de Deus se manifesta de repente, quando o povo santo está adorando-O. Isso causa arrepios. Parece a névoa da glória de Deus começando a se condensar e a se solidificar ante os nossos olhos. Eu não consigo compreender isso, mas estou dizendo o que, de fato, acontece.

Um dos pastores daquela igreja tinha um cunhado ateu. Na verdade, ele não era só ateu, era um “antievangélico”. Era o tipo de pessoa que sempre causava problemas e provocava discussões ferrenhas. Em meio à manifestação de Deus, naquela igreja em particular, o tal cunhado telefonou para a esposa do pastor, que era sua irmã e lhe disse: “Estou embarcando para a casa de vocês. Dá para me apanhar no aeroporto? Quero passar uns dois dias com vocês.”

O pastor sabia que algo estava prestes a acontecer, porque o cunhado nunca fizera isto antes. Quando ele chegou, era óbvio que não sabia bem o que estava fazendo ali. E lá estavam eles, no carro, tentando manter um diálogo, quando, na verdade, não tinham nada em comum. Conversaram um pouco a respeito do tempo e, depois, entraram num longo e embaraçoso período de silêncio. Quando passaram perto da igreja, o pastor disse: “Esta é a igreja. Acabamos de concluir algumas reformas.”

Como o homem nunca tinha visto a igreja e o pastor entendeu que aquela seria uma boa oportunidade para quebrar aquele silêncio incômodo, disse: “Você não gostaria de entrar e dar uma olhada, gostaria?” Para sua surpresa, a resposta foi: “Sim.”

“NÃO ESTOU PRONTO PARA ISTO “

O pastor estacionou e abriu as portas da igreja. O cunhado estava atrás e, logo após, a esposa do pastor. Ele abriu a porta e, no momento em que os pés de seu cunhado tocaram o chão da igreja, o homem rompeu em soluços e começou a chorar e a clamar: “Meu Deus, me ajude! Não estou pronto para isto! O que vou fazer?”

Então, ele se agarrou ao pastor e disse: “Diga-me como ser salvo agora!” Ele se contorcia pelo chão e chorava copiosamente. O pastor conduziu seu cunhado a Cristo ali mesmo. O homem estava no chão, com metade do corpo para dentro e metade para fora da igreja. A esposa do pastor pacientemente segurava a porta aberta! Seu irmão ateu teve um encontro com a presença de Deus que ali continuava, como reflexo da manifestação de Sua glória.

Tão logo ele se recuperou, lhe perguntaram: “O que aconteceu com você?”. Ele respondeu: “Não sei como explicar. Tudo que sei é que, quando estava do lado de fora do prédio, eu era um ateu e não acreditava na existência de Deus. Mas, quando cruzei aquela porta, O encontrei e sabia que era Deus. Sabia que tinha que me reconciliar, me senti muito mal com minha vida.” E completou: “Era como se toda minha força tivesse saído de mim.”

O que poderia acontecer em uma cidade ou região se tal força da presença de Deus se expandisse além da área da igreja?

A UNÇÃO E A GLÓRIA

Quando a unção de Deus se reflete sobre a carne humana, faz com que tudo flua melhor. Uma das imagens bíblicas mais claras a respeito da unção e de seus propósitos está no livro de Ester. Ester estava sendo preparada para sua apresentação ao rei da Pérsia. Foi necessário um ano de purificação, durante o qual ela se banhava repetidamente em óleo perfumado – que curiosamente era feito dos mesmos ingredientes do óleo hebreu usado para unção e como incenso. Um ano de preparação para urna noite com o rei! Uma consequência lógica é que, depois de todos estes banhos com óleo perfumado, os homens que se aproximassem de Ester, pensariam ou diriam: “Como você está perfumada!” E é claro que Ester não gastaria tempo com eles, assim como eu e você não deveríamos nos deixar levar pela aprovação dos homens, sabe por quê?

O PROPÓSITO DA UNÇÃO NÃO É BUSCAR APROVAÇÃO DOS HOMENS, MAS DO REI.

A aprovação do Rei é muito mais importante. Davi foi ungido por Deus, para depois ser coroado pelo povo. Ele buscou a aprovação de Deus mais do que a dos homens. Ele era um caçador de Deus!

Temos desonrado a unção de Deus muitas vezes. Nos preparamos para Ele, nos banhamos em Sua doce, perfumada e preciosa unção, e, depois disto, tudo o que fazemos é desfilar perante os homens! Acabamos sendo entretidos no caminho para a sala do Rei e nunca chegamos lá. Deixamo-nos seduzir por outros amores de pouco valor. Precisamos lembrar que nosso Rei não aceita nada que esteja “manchado ou corrompido”. Somente os puros estão aptos a ser admitidos nos aposentos do Rei. Estou dizendo que corrompemos a unção de Deus quando dizemos: “Aquela foi uma boa pregação!” ou: “Aquele louvor estava realmente muito bom!” e damos ao homem a glória e a atenção devidas a Deus – ou então, buscamos a glória e a atenção vindas de homens. Nós estaríamos buscando, assim, agradar à carne, mas nunca a Deus.

A unção realmente tem maravilhosos efeitos em nossas vidas: ela quebra o jugo da opressão. Mas isto é uma consequência. Por exemplo: quando me perfumo para minha esposa, fico, como consequência, perfumado para todos em redor. Mas o meu propósito é estar perfumado para minha esposa, não para os outros! O problema está em querer impressionar outra pessoa, desviando-se do propósito original da unção, que é encobrir o odor natural de nossa carne.

Enquanto permaneceu na “casa das mulheres”, Ester recebeu óleos, especiarias e perfumes para purificação. Submeteu-se a um processo destinado a transformar uma plebeia em princesa. Mais uma vez, digo: o propósito da unção não é fazer com que fiquemos melhores, mais atraentes ou perfumados para os homens, tudo isto é consequência da unção, cujo objetivo é encontrar favor diante do Rei. Nossa carne não cheira bem perante o Senhor, e a unção nos faz aceitáveis para Ele. Esse é o processo através do qual Deus transforma plebeias em princesas – ou seja, em noivas em potencial!

A unção pode fazer com que louvemos ou preguemos melhor, mas precisamos lembrar que ela – quer venha sobre nós individualmente ou sobre a congregação durante o culto – não é o fim, mas somente o início. Alguns se contentam em passear diante do véu, e, assim, desonram a unção que lhes foi dada. Não compreendem que o propósito da unção em nossa vida é nos preparar para entrar, ir além do véu, atingir o lugar onde a glória de Deus permanece continuamente. A sala do Rei, o Santo dos Santos, espera pelos ungidos. No Santo Lugar, tudo era impregnado com o óleo da unção, até mesmo os trajes dos sacerdotes. Estes, então, tomavam o incenso moído e ungiam o ambiente.

“Tomará também [Arão ou todo que o suceder no sacerdócio] o incensário cheio de brasas de fogo de sobre o altar, diante do Senhor, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu. Porá o incenso sobre o fogo perante o Senhor, para que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra. “(Levítico 16.12,13)

Entre as ordenanças do Antigo Testamento, a última coisa que o sumo sacerdote fazia antes de entrar no Santo dos Santos era colocar um punhado de incenso (simbolizando a unção) dentro do incensário, levá-lo através do véu e fazer uma densa nuvem de fumaça. Por quê? Para “…cobrir o propiciatório… para que não morra” (Levítico 16.13b). O sacerdote tinha que fazer fumaça suficiente para encobrir sua carne da presença de Deus.

A unção, assim, relaciona-se à reverência. Era por reverência que se enchia o Santo dos Santos com fumaça. Coberto, o homem demonstrava sua reverência diante de Deus e podia permanecer na Sua presença e viver. Em outras passagens do Antigo Testamento, Deus saía do Santo dos Santos e fazia sua própria nuvem, para que os homens não pudessem vê- Lo e perecer.

Sob a Antiga Aliança, baseada no sangue dos touros e bodes, o sacerdote executava suas tarefas pelo tato e não por vistas. Andamos por “fé”, não por vistas!

Deus, sei que o Senhor está aqui em algum lugar.

CULTUAMOS DIANTE DO VÉU E NOS RECUSAMOS A ENTRAR

A Palavra de Deus nos diz que o véu foi rasgado em dois pedaços quando Jesus Cristo morreu no Calvário. Através de Seu sangue temos livre acesso à presença de Deus, somos reticentes em entrar na presença do Senhor. Vez ou outra, alguém passa para além do véu (por descuido), mas logo retorna a seus “passeios”. Ficamos animados com a possibilidade de entrarmos na intimidade da glória de Deus, mas nunca consumamos o fato. O propósito da unção é nos ajudar a fazer a transição da carne para glória. Gostamos de permanecer na unção, porque nossa carne se sente bem. Por outro lado, quando a glória de Deus se manifesta, nossa carne já não se sente tão confortável.

Quando a glória de Deus se manifesta, ficamos como o profeta Isaías. Nossa carne fica tão frágil na presença de Deus, que não conseguimos fazer mais nada, a não ser contemplá-Lo em Sua glória. Cheguei à conclusão de que, na presença de Deus, sou um homem sem vocação. Quando Deus manifesta Sua glória, não há necessidade de pregar3. As pessoas são convencidas de seu pecado, da necessidade de arrependimento e de ter uma vida santa diante de Deus. Elas tomam consciência de que Ele é digno de receber louvor e adoração e são tomadas por um desejo de ir além e conduzir outros à presença do Senhor!

Jacó orou e, literalmente, lutou por uma bênção, mas recebeu uma “mudança”. Seu nome, seu caminho e seu comportamento foram mudados. Estou convencido de que, algumas vezes, Deus coloca um pequeno sinal de “morte” em nossos corpos (como na coxa de Jacó) para trazer uma mudança divina em nossas vidas. Algo morre dentro de nós cada vez que somos confrontados pela glória de Deus. É um canal que se estabelece em nosso corpo para a santidade. Assim como brasas vivas foram colocadas nos lábios de Isaías, recebemos o pão vivo da presença de Deus e nunca mais somos os mesmos. Quanto mais nossa carne morre, mais nosso espírito vive. Os primeiros seis capítulos da profecia de Isaías são dedicados aos “ais”. Ele diz: “Ai de mim, ai de você, ai de todos.” Depois que o profeta viu o Senhor no alto e sublime trono, começou a falar de coisas que só podem ser entendidas no contexto do Novo Testamento.

Há algo que não mudou: receber a “bênção” e ter a coxa deslocada, ou sentir a brasa viva da glória de Deus em nossos lábios carnais ainda nos incomoda. Os sacerdotes sabiam que não podiam brincar com a glória de Deus: era algo para ser levado a sério. Por isto, uma corda era amarrada no tornozelo do sumo sacerdote antes que ele se movesse para além do véu. Se entrasse na presença de Deus com presunção ou pecado, não voltaria. Então, teriam que puxar seu cadáver para fora do véu e esperar que tudo corresse bem da próxima vez. Deus chama Sua Igreja para experimentar a manifestação de Sua glória. Para obedecermos a este chamado temos que, assim como o sumo sacerdote, estar preparados.

A MANIFESTAÇÃO EXUBERANTE DE DEUS

Certas pessoas ao longo da história da Igreja conheceram a fundo a glória de Deus. Smith Wigglesworth, sem dúvida, fez parte deste grupo. Uma de suas biografias conta a história de um pastor que estava determinado a orar com ele. Não demorou muito para que o pastor engatinhasse para fora da sala, dizendo, atordoado: Para mim, isso é glória demais! Saiba que isto é possível. Você pode chegar a este ponto, pergunte a Enoque. O resultado final da busca é a glória de Deus. E é ela que permanece, não os dons dos homens, a unção, ministérios, opiniões ou habilidades. Estando na presença manifesta de Deus, embora coisas grandes e maravilhosas aconteçam, você e eu precisamos fazer muito pouco. É exatamente quando tentamos “fazer algo”, que os resultados são escassos e desprovidos da glória de Deus. Esta é a diferença.

Outra ilustração para diferenciar a unção e a glória: quando você esfrega seus pés no carpete em um dia frio e toca na ponta do nariz de alguém, leva um choque. Você também leva um choque se segurar um fio de 220 volts. Em ambos os casos, o poder por trás do choque é a eletricidade, ambos partem do mesmo princípio. O primeiro apenas lhe dará um pequeno choque, mas o segundo tem poder para matá-lo instantaneamente ou iluminar uma cidade inteira. Ambos dividem a mesma fonte, mas diferem em poder, propósito e alcance.

Se permitirmos que Deus substitua “nossas programações” com Sua presença manifesta, tão logo as pessoas cruzem as portas de nossa igreja, ou quando andarem conosco pelo shopping, serão convencidas do pecado e correrão para se reconciliarem com Deus, sem que nenhuma palavra seja dita [Entraremos em maiores detalhes quanto a este assunto no Capítulo 8, “O propósito da presença de Deus”].

AINDA NÃO “PEGAMOS” DEUS

Precisamos aprender como atrair, recepcionar e entreter a presença exuberante de Deus em nosso meio. Temos que chegar a um ponto em que o mero reflexo do que houve entre nós conduza os perdidos ao arrependimento e à conversão. Estou faminto por este tipo de expressão de avivamento, mas se não formos cuidadosos deixaremos a chama esvaecer. Não estamos conseguindo “deter” a presença de Deus conosco, porque ainda não nos “casamos” com Ele. Deus procura uma noiva sem ruga e sem mancha: Ele já deixou uma noiva no altar e pode deixar outra.

Creio que, se for preciso, o Senhor vai acabar com a estrutura que conhecemos como “igreja” para poder alcançar os perdidos. O Senhor não está satisfeito com nossas versões malfeitas de Sua Igreja perfeita. Deus reivindicará a casa que Ele mesmo construiu. Se nosso “elefante branco” ficar no caminho daquilo que Deus quer fazer, Ele não hesitará em removê-lo. Seu plano é alcançar os perdidos e, se Ele não poupou Seu único Filho para salvá-los, não nos poupará também.

Devemos nos mover de acordo com o que Deus quer fazer. A mesma Bíblia que eu e você carregamos para os cultos, semana após semana, diz que se nos calarmos, as pedras clamarão5. Se as igrejas não O louvarem e Lhe obedecerem, Ele levantará outras pessoas para fazerem isto. Se não cantarmos a glória de Deus pelas ruas das cidades, então, Ele levantará uma geração de “gentios” e revelará Sua glória a eles. O problema é que sofremos de uma doença espiritual fatal: relutância. Não estamos famintos o suficiente!

SOMENTE O ARREPENDIMENTO PODE NOS CONDUZIR A ALGUM LUGAR

Deus não vai se manifestar ao povo que só busca Seus benefícios. Ele vai se manifestar aos que buscam Sua face. No Antigo Testamento, se alguém se recusasse a mostrar o rosto a você, estaria deliberadamente lhe rejeitando. As antigas ordens da Igreja adotavam práticas similares. Podemos nos gabar de nossas realizações ou ignorar nossas deficiências. Não importa o que façamos: somente o arrependimento vai nos levar a algum lugar com Deus.

Deus só vai tornar a Sua visitação em avivamento permanente se você e eu, com lágrimas e arrependimento, Lhe prepararmos um lugar. O avivamento e a visitação do Senhor não devem ser apenas “momentos”. Assim, Ele não irá mais piscar os olhos diante de nossa ignorância. Ele vai, literalmente, fechar Seus olhos e não olhar em nós para que não aconteça que sejamos consumidos por Seu olhar.

Deus está farto de vociferar instruções à Igreja: Ele quer nos guiar sob Suas vistas. Isto significa que precisamos estar perto d’Ele, perto o suficiente para vermos Sua face. Ele está cansado do vexame de ter de nos corrigir publicamente. Por muito tempo, temos buscado Suas mãos. Queremos o que Ele pode fazer por nós, queremos Suas bênçãos, emoções, arrepios, queremos os peixes e os pães. Todavia, nos retraímos diante do chamado a que busquemos Sua face.

Se buscarmos a face de Deus, obteremos Seu favor. Temos experimentado a onipresença de Deus, mas agora estamos experimentando a manifestação de Sua presença. Isto, sim, faz cada pelo de nosso corpo se arrepiar e põe para correr as forças demoníacas.

Se você é um pastor e está sob a unção de Deus, prega melhor. Mas debaixo da glória de Deus, tropeça, gagueja, não consegue fazer nada. Quando você dirige o louvor e é ungido, canta melhor. Mas sob a glória de Deus, mal pode cantar. Por quê? Porque Deus declarou que carne nenhuma vai se gloriar em Sua presença6. Isto não significa que você seja uma má pessoa ou que viva em pecado. Significa que você é simplesmente carne e sangue diante da presença do Todo-Poderoso. Lembra o que aconteceu na dedicação do templo de Salomão? O sacerdote não pôde ministrar7. Creio que ele não foi impedido de ministrar a bênção, mas caiu com o rosto em terra por causa do temor!

SE EU NUNCA TINHA ESCUTADO DEUS, DESTA VEZ SABIA QUE ERA ELE

Quando a glória do Senhor se manifesta, podemos encontrar pessoas fazendo coisas aparentemente absurdas. Testemunhei isso, noite após noite, durante cultos em lugares que foram marcados por um “surto” de santidade e glória. Uma senhora disse: “Nunca estive nesta igreja antes. Eu estava determinada a deixar meu marido hoje de manhã. Mas, por volta das 19h30 (o culto havia começado há meia hora), eu estava jantando, quando Deus falou comigo. Eu nunca ouvira Deus falar, mas sabia que, naquele momento, era Ele. E Deus me disse: ‘Levante-se agora e vá até a Igreja – aquele prédio com telhado verde.'”

Ela dirigiu-se para o prédio da igreja (com telhado verde) e sentou-se em um dos últimos bancos. Então, prostrou-se com rosto em terra, ali mesmo, entre os bancos de trás, e começou a chorar e a arrepender-se por duas horas. Ninguém teve que dizer a ela o que fazer. Não havia o que dizer, seu casamento estava salvo.

O AVIVAMENTO REAL ACONTECE QUANDO…

Nós não sabemos o que é avivamento. Na verdade, não temos a menor idéia do que seja o avivamento genuíno. O avivamento que pregamos não passa de mensagens em outdoors, faixas que espalhamos pela cidade ou colocamos na entrada de nossas igrejas. Para nós, avivamento é um pastor persuasivo, músicas comoventes e a presença de uns poucos amigos que aceitam o convite para ir à igreja. Não! O avivamento real acontece quando as pessoas estão em um restaurante ou andando pelo shopping e, de repente, começam a chorar, olham para seus amigos e dizem: “Não sei o que está errado comigo, mas sei que tenho que me reconciliar com Deus.”

O verdadeiro avivamento acontece; quando as pessoas mais “difíceis” e “inalcançáveis” que você conhece vêm até Jesus. Tais pessoas ainda não foram alcançadas, porque vêem em nós pouco de Deus e muito de homens. Tentamos lhes empurrar doutrinas goela abaixo. Já imprimimos tantos folhetos que dariam para forrar as paredes de nossas igrejas. Agradeço a Deus pelas pessoas alcançadas através de um folheto evangelístico, mas as pessoas não querem doutrinas, não querem folhetos, nem nossos frágeis argumentos: elas querem Deus!

Quando é que vamos aprender que as pessoas podem ser facilmente persuadidas, mas, com a mesma facilidade, podem também se desviar? As pessoas podem ser atraídas pela nossa música, mas só permanecerão enquanto gostarem da música. Não devemos concorrer com o mundo nas áreas em que ele é muito competente, ou até melhor que nós. Mas existe algo com que o mundo não é capaz de competir: a presença de Deus.

Agora, vou contar-lhe um segredo se você prometer que vai espalhar. Quer saber quando as pessoas começarão a entrar pelas portas de sua igreja? Tão logo saibam que a presença de Deus está ali. Já é tempo de experimentarmos este poder. Deus quer manifestar-se àqueles que estão famintos. E quando Ele vier, não teremos que colocar anúncios no jornal, rádio ou televisão. Tudo que precisamos é da presença de Deus e as pessoas virão de longe e de perto, de todos os lugares, a todo instante! Isto não é teoria ou ficção – já está acontecendo. E tudo começa com o clamor dos famintos:

Sei que existe mais…

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

SINCRONICIDADE

O conceito se refere aos fenômenos que definem acontecimentos não casuais com uma relação de significado que permite perceber inúmeros eventos aleatórios que se interconectam

Sincronicidade

O conceito junguiano de sincronicidade, amadurecido durante muitos anos pelo seu criador antes de ser publicado em 1954, descreve fenômenos que não podem ser explicados dentro de uma causalidade linear. Se as pessoas observarem abertamente, além da visão reducionista/linear de causa e efeito, será possível perceber um mundo de eventos aleatórios, que se interconectam de forma surpreendente. Carl Gustav Jung levou mais de 20 anos para escrever sobre esse conceito, tamanha sua complexidade. Jung, na tentativa de apresentar a sincronicidade como um conceito baseado em pressupostos científicos, valeu-se de estudos como teoria Quântica, teoria da Relatividade, leis da Termodinâmica e de estudos de Probabilidade. A teoria da Complexidade foi posterior aos escritos de Jung sobre o tema e é possível encontrar bases para pensar sobre o fenômeno da sincronicidade.

Jung agrupou os eventos sincronísticos em três categorias: coincidência de um estado psíquico do indivíduo com uma ocorrência externa simultânea, considerando o espaço-tempo não apresentar nenhuma evidência de conexão de causa e efeito; coincidência de um estado psíquico do indivíduo com um acontecimento exterior simultâneo, que ocorre fora do campo de percepção do observador; coincidência de um estado psíquico do indivíduo com fatos que ocorrem em um futuro próximo e que só podem ser verificados posteriormente.

Um dos aspectos básicos da teoria junguiana é o conceito dos arquétipos existentes no inconsciente coletivo do indivíduo. Os conteúdos arquetípicos e seus símbolos são acessados pelo indivíduo através dos sonhos, eventos de sincronicidade e insights. Jung coloca que o arquétipo ativado/constelado apresenta uma probabilidade psíquica para a manifestação do símbolo.

A sincronicidade não pode ser controlada, prevista ou evitada, já que se trata de uma ocorrência espontânea. O que faz a sincronicidade ter uma importância tão grande é sua ocorrência em todas as áreas da vida humana. Ela pode ser notada e foi descrita em grandes fatos históricos, científicos e religiosos.

 SENSIBILIDADE

É possível desenvolver no indivíduo maior sensibilidade para os eventos sincronísticos. Observar a sincronicidade, os símbolos subjacentes e os arquétipos envolvidos pode ser de enorme ajuda no progresso do processo psicoterapêutico. O aproveitamento dos símbolos que surgem para os indivíduos, quer seja através de sonhos, visualizações criativas ou eventos sincronísticos, deve ser devidamente considerado e explorado em seus significados para o indivíduo em análise.

A questão é que não se dá muita atenção aos fenômenos de sincronicidade que acontecem na vida, pelo simples fato de não ser possível explicá-los de forma racional. Alguns fenômenos podem estar relacionados com pessoas do convívio próximo, que também podem vivenciar junto a ocorrência de eventos sincrônicos e compartilhar seu significado . O fato de os fenômenos sincrônicos apresentarem uma significância simbólica própria ao indivíduo que o presencia faz dele quase um segredo. A grande questão é como o indivíduo vai compartilhar esse fenômeno, que possui um universo de significados próprios, com alguém ao qual ele não pertence? É tão particular que não faria sentido contar os eventos de sincronicidade a qualquer pessoa, pois são eventos únicos, irreproduzíveis e subjetivos. Seria como contar a alguém aquele sonho que se teve na infância, que foi tão marcante que ainda não se pode esquecê-lo. Isso faz a sincronicidade ser um fenômeno solitário, que pode ser compartilhado geralmente no setting terapêutico, onde existem ressonância e confiança para dividir o universo simbólico do paciente, tão rico e particular, para que ele possa ser desvendado e validado.

Sincronicidade. 2

SINCRONICIDADE

O conceito de sincronicidade poderia ser definido como eventos que se sucedem de uma forma acausal que apresentam alguma correlação e que tem um significado para o indivíduo. Como descreve Joseph Cambray: “Elementos díspares, sem conexão aparente são juntados ou justapostos de uma tal maneira que tendem a chocar ou surpreender a mente, abrindo-a a novas possibilidades por um alargamento da visão do mundo, permitindo entrever a fábrica interconectada do universo.

OUTROS OLHARES

PRECISAMOS FALAR SOBRE A MACONHA

A proposta aprovada pela Anvisa de legalizar o cultivo de Cannabis sativa para fins medicinais precisa estar embasada em uma ampla discussão sobre os efeitos reais da planta para a saúde

Precisamos falar sobre a maconha

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente duas propostas que podem legalizar o cultivo de Cannabis sativa para fins medicinais. Ainda haverá consultas públicas para a medida entrar ou não em vigor. Mas é urgente a discussão ampla sobre o assunto. Desde Hipócrates, os médicos juram primeiro não fazer mal (“Primumnon nocere”’). Após a tragédia da talidomida, nos anos 1960, órgãos reguladores (FDA, European Medicines Agency e seus congêneres, como a própria Anvisa) priorizam a proteção das populações contra os efeitos danosos dos medicamentos. É missão dos profissionais de saúde prevenir e tratar doenças, identificar riscos dos tratamentos e informar se podem reverter seus efeitos adversos. Cabe a eles saber se um novo tratamento tem eficácia igual ou superior à dos já existentes e se seus efeitos nocivos são toleráveis e reversíveis. No fim, o registro de novos medicamentos depende de decisões políticas, sujeitas a interesses diversos. Em vez de nos preocuparmos com a prevenção de danos, estamos expostos à mais ampla promoção do uso de substâncias psicoativas da história. O caso da Cannabis é exemplar: ao contrário do que se ouve, ela pode fazer mais mal do que o álcool ou o tabaco, embora de forma diferente. A identificação de alguns princípios ativos, como o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) , e a descoberta do “sistema endocanabinoide”, cujas funções são pouco conhecidas, despertaram o interesse médico-científico e provocaram uma corrida por grandes ganhos financeiros. A planta tem sido modificada e suas formas de administração não correspondem aos modos utilizados desde a Antiguidade. O consumo da “supermaconha” (o skunk, com alto teor de THC) na Europa, América do Norte, Oceania e Uruguai o uso do THC puro e de canabinoi­ dessintéticos por meio de dispositivos eletrônicos, vaporizadores e alimentos têm levado a uma toxicidade cada vez maior. Ainda sabemos pouco sobre os efeitos da Cannabis no neurodesenvolvimento. Pesquisa publicada em abril de 2018 no Translational Psychiatry indicou efeitos do THC em neurônios derivados de células-tronco, com a alteração de funções relacionadas à biologia do RNA (ácido ribonucleico, na sigla em inglês) e à regulação da cromatina, semelhantes aos encontrados no autismo e na esquizofrenia. Em relação ao intelecto, trabalho publicado em 2012 no Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que o uso de Cannabis resulta em redução de 8 pontos no Q.I. de usuários entreos18 e os38anos. Diversas outras pesquisas revelaram alterações cognitivas, com prejuízos para a memória e as funções executivas, e fica a dúvida se isso é reversível. Resta a esperança de que a pronta interrupção do uso impeça danos de longo prazo, mas há claros indícios de menor rendimento escolar e na carreira profissional dos usuários persistentes de Cannabis.

Mesmo depois da remissão de episódios agudos, algumas psicoses crônicas, como a esquizofrenia, são irreversíveis, pois deixam sequelas. Somente a Cannabis e a metanfetamina têm associação demonstrada com psicoses crônicas. Afirmar que elas ocorrem porque há pessoas com vulnerabilidade a psicoses e que a Cannabis não participa de forma relevante nesse processo esbarra no fato de que outras drogas, incluindo álcool, tabaco, LSD, heroína e crack, por exemplo, apesar de nocivas para a saúde, não parecem atuar como componentes causais para psicoses crônicas. Isso torna a Cannabis particularmente perigosa, desencadeando, antecipando o primeiro episódio, agravando, dificultando o tratamento e piorando o prognóstico das psicoses, conforme documentado nos últimos cinquenta anos. Além disso, a vulnerabilidade a psicoses é multifatorial e complexa, não sendo possível dizer, com segurança, quem pode usar Cannabis.

A relação entre o uso de Cannabis e doenças mentais foi objeto de estudo no acompanhamento de 50.000 suecos desde seu alistamento militar, em 1969. Catorze anos depois, os que haviam fumado maconha 52 vezes ou mais aos 18 anos tiveram um risco 2,3 vezes maior de internação psiquiátrica devido a um episódio psicótico. Reavaliações feitas depois de 27 e 35 anos confirmaram que aquele grupo apresentou risco 2,2 vezes maior para psicoses em geral e 3,7 vezes maior risco para esquizofrenia. Sete outros estudos de seguimento examinando a associação entre o uso de Cannabis e psicose em jovens da Austrália, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Israel e Nova Zelândia, publicados entre 2002 e 2010, relataram aumentos de até onze vezes no risco para usuários em relação a grupos de controle sem o uso de Cannabis. Em 2016, uma extensa investigação, que reuniu resultados de dez estudos, com mais de 66.000 indivíduos, calculou que o risco para psicoses crônicas é 3,9 vezes maior em usuários frequentes de Cannabis com alto teor de THC, o que confirmou que o efeito é “dose-dependente “e, portanto, compatível com relação causal.

Há poucos estudos de incidência de psicoses crônicas (quantos novos casos surgem em uma população em um dado intervalo de tempo). Aumentos significativos na incidência de doenças raras tendem a não ser percebidos, por seu pequeno acréscimo em termos absolutos. A incidência de esquizofrenia é, geralmente, estimada em torno de1% da população. No entanto, em 2003, artigo do British Journal of Psychiatry apontou aumento na ocorrência de casos de esquizofrenia em jovens de até 35 anos em Camberwell (Londres), entre 1965 e 1997, coincidindo com o aumento no uso de Cannabis de alta potência. Em março de 2019, estudo divulgado pelo Lancet Psychiatry, feito em dez cidades da Inglaterra, Holanda, França, Espanha, Itália e Brasil, com 901 pacientes em primeiro episódio de psicose entre maio de 2010 e abril de 2015, mostrou correlação significativa entre a incidência de psicose e as taxas de uso de Cannabis na população geral, sobretudo quando esse uso era diário. O risco foi diretamente relacionado a teores elevados de THC, mais uma vez indicando relação causal. Logo, o argumento de que, “se fosse verdade que a Cannabis causa psicose, o aumento no consumo nas últimas décadas teria resultado em aumento na incidência das psicoses, mas isso não ocorreu” não se sustenta. Ocorreu, sim.

Outros efeitos da Cannabis, muito mais frequentes, incluem a “síndrome amotivacional” (apatia, desinteresse, falta de motivação), quadros depressivos e ansiosos, alterações emocionais e nas relações interpessoais, “pseudocriatividade” e também o “transtorno esquizotípico da personalidade”.

Nesse contexto de risco de danos irreversíveis, seria adequada maior cautela no exame dos pleitos para a legalização do uso da Cannabis. Para fins medicinais, é melhor aguar­ dar respostas a questões fundamentais de segurança e eficácia da droga comparada a outros tratamentos. Para isso, não é preciso autorizar empresas ou usuários a plantar Cannabis, pois não poderão ser registrados medicamentos sem essas informações. Muito menos justificável, e até mesmo inaceitável, seria legalizar o “uso recreativo”.

O contrário dessa postura, com a liberação do consumo medicamentoso e recreativo, ainda que debaixo de severo controle legal, poderia parecer humanitário, mas configuraria apenas uma atitude irresponsável, principalmente com relação aos jovens e às futuras gerações.

GESTÃO E CARREIRA

VOE ALTO!

Desde a concepção da vida e em todas as suas fases superamos inúmeras barreiras, sendo necessário entender que contratempos e dificuldades sempre existirão

Voe alto!

Desde a Pré-história os seres humanos enfrentam problemas, superam obstáculos e lidam com as adversidades diariamente, mesmo que sejam de formas diversas. Porém, é possível notar que muitas pessoas não conseguem enfrentar essas situações de modo natural. Já outras tiram de letra.

Quase sempre as pessoas que têm mais resistência em atravessar situações difíceis estão presas apenas ao lado negativo do problema e não conseguem visualizar outros prismas de uma mesma questão, se diminuindo perante as adversidades, deixando aquele obstáculo ditar suas ações e, muitas vezes, sua própria vida. Nesse momento, elas se tornam vítimas desses problemas e assumem o compromisso de impotência perante os fatos. Mas observe a contradição: ao mesmo tempo em que elas esperam e pedem por uma solução, continuam olhando somente para um lado do problema, ou seja, para o lado oposto da solução desejada.

Se não soubermos lidar com as adversidades que aparecem em nosso caminho acabamos dando força aos sentimentos negativos e eles ficam sempre presentes na nossa vida. Mesmo que eles sejam deixados de lado, se não forem resolvidos voltarão com frequência no nosso dia a dia, muitas vezes com padrões repetitivos ou disfarçados com outras questões. Dessa forma, alimentamos a ansiedade, a raiva, a tristeza, a falta de confiança em nós, nos outros e na vida, a insatisfação, o estresse, a desmotivação, a baixa autoestima, a falta de controle da nossa própria vida, entre muitos outros sentimentos e crenças limitantes.

Quando refletimos sobre uma situação conflitante já vivenciada podemos perceber que dificilmente conseguimos olhar para as adversidades sob uma segunda óptica, mas focamos somente nos aspectos ruins, sem ao menos tentar enxergar o lado positivo delas. Por exemplo, ao receber uma advertência do líder por queda de resultados (situação adversa), você provavelmente irá buscar novas estratégias para alavancar os números, além de ficar mais atento ao atingimento de metas (lado bom). Quantas vezes, após algum problema ser resolvido, você já pensou: “Ainda bem que isso aconteceu, assim pude ter a oportunidade de conhecer tal coisa ou pessoa”, e por aí vai. Sempre haverá um lado bom, seja em circunstâncias mais simples ou complexas.

Os problemas estarão sempre presentes em nossa vida, porém a forma de perceber e lidar com eles poderá fazer toda a diferença. Parafraseando Fernando Pessoa, “ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É saber falar de si mesmo. É não ter medo dos próprios sentimentos”. O primeiro passo para se livrar de uma adversidade é aceitar e entender qual é a mensagem de mudança que ela nos passa.

Não podemos permitir que um obstáculo nos coloque como vítima ou que façamos autoquestionamentos do tipo “por que eu?”, “por que isso só acontece comi- go?”, entre muitos outros pensamentos que nos paralisam. Reconheça as oportunidades de crescimento, sabedoria e de evolução que existem em nossa trajetória. Experimente ter uma visão ampla, que abranja todo o contexto. Muitas vezes, achamos que para quem está de fora da situação é muito mais fácil achar uma solução, e estamos certos em relação a isso, pois o outro tem uma visão do todo, facilitando o seu entendimento. Portanto, permita-se contemplar por algum instante aquilo que o aflige, conheça e compreenda a mensagem que aquele problema lhe passa. Quando mudamos o ponto de vista, vemos o mesmo problema com outra perspectiva. Se mesmo assim sentir dificuldade em enxergar o lado positivo de tal questão, se coloque na posição de observador e imagine alguém que você admira muito no seu lugar e, assim, conseguirá visualizar qual é a ação que essa pessoa teria. Dessa forma, é possível obter uma visão mais clara e ajustar o foco para encontrar soluções criativas, que nos levarão ao sucesso desejado.

Cada desafio e cada dificuldade que se enfrenta na vida servem para fortalecer a força de vontade, confiança e capacidade de vencer os obstáculos futuros com êxito, assertividade, prosperidade e muita felicidade. Esses impedimentos que surgem no decorrer da estrada serão sempre sinônimos de superação, portanto fazem parte da trajetória e do crescimento pessoal e profissional.

Ter a coragem de olhar o mundo e a sua própria realidade de outros pontos de vista é maravilhoso e libertador.

Voe alto, enxergue novos horizontes! assim você perceberá que o mundo é um espaço de infinitas possibilidades e um cenário onde você mesmo pode criar o roteiro que quiser, com o final feliz que desejar!

ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 2 – NÃO HÁ PÃO NA CASA DO PÃO

 

MIGALHAS NO CHÃO E PRATELEIRAS VAZIAS

A presença de Deus tem deixado de ser prioridade na Igreja moderna. Estamos como padarias abertas, mas que não têm pão. Além disto, não estamos, realmente, interessados em vender pão. Apenas gostamos do bate-papo ao redor dos fornos frios e prateleiras vazias. Na verdade, fico imaginando, será que ao menos sabemos se o Senhor está aqui ou não. E se está, o que Ele está fazendo? Onde Ele está indo? Ou será que estamos preocupados demais em varrer as migalhas imaginárias das padarias sem pão?

SERÁ QUE SABEMOS, PELO MENOS, QUANDO ELE ESTÁ NA CIDADE?

No dia em que Jesus realizou o que chamamos de Entrada triunfal em Jerusalém, montado em um jumento, Seu trajeto através da cidade, provavelmente, o fez passar perto da porta do templo de Herodes. Acredito que o que deixou os fariseus indignados, na passagem registrada em João 12, foi a perturbação de seu culto religioso dentro do templo.

Posso ouvi-los reclamando: “O que está acontecendo? Vocês estão perturbando o sumo sacerdote! Não sabem o que estamos fazendo? Estamos tendo um importante culto de oração aqui dentro. Sabe por que estamos orando? Estamos orando pela vinda do Messias! E vocês têm a audácia de fazer este desfile barulhento e nos perturbar?! E quem é o responsável por todo esse tumulto?”

ESTÁ VENDO AQUELE MOÇO MONTADO NO JUMENTINHO?

Eles perderam a hora de sua visitação. O Messias já estava na cidade e eles não sabiam. O Messias passou em sua porta, enquanto estavam lá dentro orando para que Ele viesse. O problema era que Ele não veio da forma esperada. Eles não O reconheceram. Se Jesus estivesse em um cavalo branco, ou em uma carruagem real, com soldados à sua frente, os fariseus e os sacerdotes teriam dito:’ “Deve ser Ele.” Infelizmente eles estavam mais interessados em ver o Messias derrubar o jugo do Império Romano do que o jugo espiritual que se transformara em uma praga entre seu povo.

Deus está pronto para Se manifestar, mesmo que precise Se desviar de nossas igrejas para manifestar-Se em bares! Seríamos sábios em lembrar que Ele já fez isto antes, ao se desviar da elite religiosa para jantar com os pobres, os profanos e as prostitutas. A Igreja do Ocidente e a Igreja Americana, em particular, têm exportado seus programas sobre Deus para o mundo inteiro, mas é hora de aprender que tais programas não significam avanço espiritual. O que precisamos é da presença de Deus. Precisamos tê-la, não importa o que aconteça, de onde venha ou o quanto custe. E o Senhor quer vir, mas do Seu jeito, não do nosso. Até que Ele venha, a ausência de “maravilhas” vai assombrar a Igreja.

Podemos estar aqui dentro orando para que o Senhor venha enquanto Ele passa lá fora. Pior que isto, os que estão aqui O perdem enquanto os que estão do lado de fora marcham com Ele!

O PÃO É ESCASSO EM TEMPOS DE FOME.

“Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos.

Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali.

Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome duma Orfa e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.

Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.

Então, se dispôs ela com suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o Senhor se lembrara do seu povo, dando-lhe pão.”  (Rute 1.1-6.)

HÁ UMA RAZÃO PARA QUE AS PESSOAS DEIXEM A CASA DO PÃO

Noemi, seu marido e seus dois filhos saíram de casa e foram para Moabe, porque havia fome em Belém. O significado literal do nome hebraico de sua cidade natal, Belém, é “casa do pão”. A razão pela qual eles deixaram a casa do pão era que não havia pão na casa. É uma constatação muito simples: Por que as pessoas deixam as igrejas? Porque não há pão. O pão era parte das práticas do templo também, era prova da presença do Senhor: o pão da proposição, o pão da Presença. O pão era o que, historicamente, indicava a presença de Deus. No Antigo Testamento, o pão da proposição estava no Santo Lugar. Era chamado “o pão da Presença” (Números 4.7). A melhor tradução para pão da proposição seria “pão da manifestação”, ou, em termos hebraicos, “pão da revelação”. Era um símbolo celestial do próprio Deus.

Noemi e sua família têm alguma coisa em comum com as pessoas que deixam ou evitam nossas igrejas hoje – eles deixaram o lugar onde estavam e procuraram outro onde pudessem encontrar pão. Posso dizer-lhe porque as pessoas estão se dirigindo aos bares, clubes e aos médiuns caríssimos. Estão tentando se arranjar e sobreviver porque a Igreja as têm frustrado. Elas procuraram, seus pais e amigos procuraram e comunicaram que o armário espiritual está vazio. Não há nada na despensa, nada além de prateleiras vazias, gavetas cheias de receitas para pão, fornos frios e empoeirados.

Temos, falsamente, anunciado que há pão em nossa casa. Mas quando vem a fome, tudo que fazemos é sair em busca das poucas migalhas dos avivamentos passados. Falamos sobre o que Deus fez e onde Ele esteve, mas podemos dizer muito pouco sobre o que Ele está fazendo entre nós hoje. E a culpa não é de Deus, é nossa. Temos somente os vestígios do que já se foi – um resíduo da glória em extinção. E, infelizmente, conservamos o véu do sigilo sobre este fato, da mesma forma que Moisés manteve o véu sobre sua face depois que o brilho da glória se extinguiu. Camuflamos nosso vazio assim como fazia o clero nos dias de Jesus, mantendo o véu no lugar tradicional, mesmo não estando mais a arca da aliança por detrás dele.

Deus também precisa rasgar o véu de nossa carne para revelar nosso vazio interior. E uma questão de orgulho – apontamos orgulhosamente para onde Deus esteve (preservando a tradição do templo), ao mesmo tempo em que negamos a irrefutável e manifesta glória do Filho de Deus. Os religiosos do tempo de Jesus não queriam que o povo percebesse que não havia glória atrás de seu véu. A presença de Jesus representava problemas. Os religiosos pragmáticos se acham no dever de preservar o local onde Deus esteve, ainda que isto implique a sua privação do local onde, de fato, Deus está!

O homem que tem uma experiência nunca ficará à mercê daquele que só tem argumentos, “… uma cousa eu sei: Eu era cego, e agora vejo!” (João 9.25b). Se pudermos conduzir as pessoas à presença manifesta de Deus, todos os aparentes “edifícios” teológicos construídos de papelão vão se desmoronar.

Por que as pessoas dificilmente curvam suas cabeças quando vêm a nossas reuniões e lugares de adoração? “Para onde foi o temor de Deus?”, clamamos como o avivalista A.W. Tozer. As pessoas não sentem a presença de Deus em nossas reuniões, porque ela não está lá em nível suficiente para estimular os nossos “sensores espirituais”. E isto, por sua vez, cria outro problema. Quando as pessoas captam um pouco de Deus, misturado com muito daquilo que não é Deus, acabam se tornando resistentes ao que é verdadeiro. Então, quando dizemos: “Deus está, realmente, aqui”, elas dizem: “Não, eu estive aí, até comprei esta camiseta, e não O encontrei. Realmente, não funcionou para mim.” O problema é que Deus estava lá, mas não havia o suficiente d’Ele! Não havia a experiência da estrada de Damasco. Não havia o sentimento inegável e irresistível de Sua presença.

As pessoas têm vindo à Casa do Pão, frequentemente, apenas para descobrir que aqui existe muito de homens e pouco de Deus. O Todo-Poderoso quer restaurar a sensibilidade de Sua magnífica presença em nossas vidas e em nossas igrejas. Cada vez mais, falamos sobre a glória de Deus cobrindo a Terra, mas como ela vai fluir pelas ruas de nossas cidades, se não pode nem mesmo fluir pelos corredores de nossas igrejas? É preciso começar por algum lugar, e não será pelo lado de fora! É preciso começar aqui, “no templo”. Como Ezequiel escreveu: “Depois disto me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas debaixo do limiar do templo, para o oriente” (Ezequiel 47.1a).

Se a glória de Deus não pode fluir pelos corredores do templo, por causa da manipulação humana, Deus terá que se voltar para outro lugar, assim como fez no dia em que Jesus passou pela “Casa do Pão”, que era o templo em Jerusalém. Se não há pão na casa, eu não culpo os famintos por não irem até lá! Eu mesmo não iria!

UM RUMOR CHEGA ATÉ MOABE

Quando Belém, a Casa do Pão, ficou vazia, as pessoas se viram obrigadas a procurar o pão da vida em outro lugar. O dilema que elas enfrentaram é que as alternativas do mundo podem ser mortais. Como Noemi estava prestes a descobrir, Moabe é um lugar cruel. Moabe furtará seus filhos e os sepultará antes do tempo. Moabe separará você de seu cônjuge. Moabe roubará toda a vitalidade que há em você. Por fim, tudo que restara a Noemi eram as duas noras apenas. Com nada além de um futuro sombrio e desastroso fitando a sua face, ela disse: “Vocês não devem permanecer comigo também. Eu não tenho mais filhos para dar a vocês.” Mas, então, ela disse: “Ouvi um rumor…”.

Existe um murmúrio que percorre cada comunidade, aldeia e cidade do mundo. Desce pelas encostas, pelas montanhas e lugares onde os homens habitam. É o murmúrio dos famintos. Se somente um deles ouvisse um boato de que o Pão está de volta à Casa do Pão, a notícia logo se espalharia como uma onda de eletricidade, na velocidade da luz. As novidades sobre o Pão correriam de casa em casa, de um lugar para outro instantaneamente. E você não teria que se preocupar em anunciar na TV ou usar outros meios de comunicação. Os famintos simplesmente ouviriam a notícia:

“Não, não é uma farsa! É difícil de acreditar, mas desta vez não é uma propaganda enganosa. E não são migalhas no chão.

Realmente existe Pão na Casa do Pão! Deus está na Igreja!”

Quando isto acontecesse, seriam tantos os que viriam, que não conseguiríamos comportá-los todos em nossos templos, não importa quantos cultos tivéssemos a cada dia. Por quê? Como? Tudo o que se tem a fazer é trazer o Pão de volta!

SATISFEITOS COM MIGALHAS NO CHÃO

Podemos desfrutar da presença de Deus muito mais do que temos capacidade de imaginar, mas ficamos tão “satisfeitos” com o lugar onde estamos e com o que temos, que não reivindicamos o que há de melhor da parte de Deus. Sim, Ele está se movendo entre nós e trabalhando em nossas vidas, mas temos nos contentado em varrer o chão à procura de migalhas, ao invés de ter as abundantes fornadas de pão quente que Deus preparou para nós nos fornos dos céus! Ele preparou uma grande mesa cheia de Sua presença nestes dias, e está chamando a Igreja: “Venha e coma!”.

Ignoramos a chamada de Deus, enquanto, cuidadosamente, contamos nossas migalhas de pão dormido. Enquanto isso, milhares de pessoas, fora das quatro paredes de nossas igrejas, estão famintas por vida. Elas estão doentes e saturadas da exibição dos programas feitos por homens. Estão famintas de Deus, não de histórias sobre Deus. Elas querem comida, mas tudo que temos para lhes oferecer são migalhas que sobraram do banquete que um dia esteve nas mãos de famintos desesperados, protegidas em vitrines de vidro.

É por isso que vemos homens e mulheres bem-posicionados socialmente, usando cristais em seus pescoços na esperança de entrar em contato com algo que esteja além de si mesmos e de sua triste existência. Ricos e pobres se atropelando em filas para grandes seminários sobre iluminação espiritual e paz interior, engolindo, passivamente, todo o lixo que lhes está sendo passado como se fosse a última revelação do outro mundo.

Como pode ser? Isto deveria envergonhar a Igreja! Tantas pessoas machucadas e carentes voltando-se para médiuns, astrólogos e espíritas para obter orientação e esperança em suas vidas! As pessoas, de tão famintas que estão, chegam a gastar milhões de dólares na indústria do ocultismo que surge da noite para o dia, manipuladas por falsos adivinhos, que não passam de exploradores oportunistas – até mesmo os verdadeiros médiuns ou guias, que tradicionalmente exploram o mundo de espíritos satânicos, são raros neste grupo. O desespero é tanto que elas aceitam as orientações desses negociantes como se fossem uma visão espiritual. Ah, as profundezas da fome espiritual no mundo! Só existe uma razão para que as pessoas estejam tão ansiosas por um contato com algo misterioso, oculto, aceitando até falsificações: elas não sabem onde encontrar O que é verdadeiro. A culpa disto só pode recair sobre um lugar. Esta é a hora perfeita para que a Igreja do Senhor prevaleça.

Quero repetir uma das chocantes frases que continuo ouvindo Deus dizer em meu espírito:

Existe mais de Deus na maior parte dos bares do que na maior parte das igrejas.

Nem crentes nem incrédulos sentem necessidade de se prostrarem quando estão em um culto de adoração, e isto não é imaginação. Eles não sentem a presença de nada nem de ninguém digno de louvor em nosso meio.

Por outro lado, se a Igreja se transformasse naquilo que poderia e deveria ser, então teríamos dificuldades para atender à demanda de “pão” na casa. E quando as pessoas entrassem em nossas igrejas, ninguém teria que lhes dizer para “curvarem suas frontes em oração”. Elas se prostrariam perante Nosso Santo Deus, sem que qualquer palavra fosse dita. Mesmo os perdidos saberiam, instintivamente, que o próprio Deus havia entrado na casa (1 Coríntios 14:25).

Perguntaríamos uns aos outros: “Quem ficará responsável pelos telefones amanhã?” sabendo que as linhas estariam ocupadas com pessoas ligando para dizer: “Tenho que ouvir a respeito de Deus!” Por que digo isto? Porque, quando pagam quantias exorbitantes aos médiuns, as pessoas estão realmente tentando tocar em Deus e encontrar alívio para a dor em suas vidas. Elas só não sabem mais aonde ir. O Rei Saul nos deu o exemplo do errante desesperado que foi cortado da presença de Deus. Quando ele não pôde mais alcançar ou “pegar” Deus, ele disse: “Então, deixe-me achar uma bruxa. Qualquer pessoa! Tenho que ter uma palavra, mesmo que eu tenha que me disfarçar e penetrar sorrateiramente pela porta do fundo. Preciso ter acesso ao reino espiritual.” (1 Samuel 28:7).

Existe outro problema com o qual Deus está preocupado e Jesus o revelou quando repreendeu os líderes religiosos de seu tempo:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando.” (Mateus 23.13).

Já é terrível quando você mesmo se recusa a ir, mas Deus fica incomodado quando você para na porta e impede que outros entrem! Através de nossa ignorância espiritual e nossa falta de apetite, estamos parados na porta barrando os que estão realmente famintos e perdidos. Temos falado que há pão quando, na verdade, só existem migalhas de pão dormido. Isto tem deixado gerações famintas, desabrigadas e sem outra alternativa, a não ser partir para Moabe. E o preço cobrado em Moabe é muito caro: lá as pessoas pagam com seus casamentos, seus filhos, suas vidas.

Agora, existem rumores de que há pão novamente na Casa de Deus. Esta geração, assim como Rute (que retrata os perdidos), está prestes a acompanhar Noemi, (um retrato dos pródigos), dizendo: “Se você ouviu que realmente há pão lá, então irei com você. Onde quer que vá, eu irei. Seu povo será meu povo, e o seu Deus será o meu Deus” (Rute 1.16). Se… realmente existe pão. A reputação de Belém (a Casa do Pão) estava tão prejudicada que Orfa não foi. Quantos, como ela, “não vão” porque a propaganda da Igreja esgota suas energias?

Sabe quando é que as pessoas se integrarão rapidamente à Igreja local? No momento em que provarem o pão da presença de Deus. Quando Rute ouviu que o pão estava de volta em Belém, ela se levantou de sua tristeza para ir à Casa do Pão.

O QUE ACONTECEU COM O PÃO?

A placa ainda está lá. Ainda levamos as pessoas às nossas igrejas e mostramos a elas os fornos onde costumávamos assar o pão. Os fornos ainda estão no lugar e tudo mais, mas o que encontramos são migalhas da última visitação e da última grande onda de avivamento, sobre a qual os nossos antecessores nos contaram. Agora nos limitamos a ser meros pesquisadores daquilo que esperamos experimentar um dia. Estou, constantemente, lendo sobre avivamento. Um dia desses, Deus me assegurou: “Filho, você está lendo sobre isto porque não teve ainda uma experiência para escrever”.

Estou cansado de ler sobre as últimas visitações de Deus. Quero que Deus se manifeste em algum lugar da minha existência para que, no futuro, meus filhos possam dizer: “Estivemos lá. Nós sabemos: é verdade!” Deus não tem netos. Cada geração deve experimentar Sua presença. O conhecimento não deveria tomar o lugar da experiência.

OS EFEITOS DO PÃO DE VOLTA AO SEU LUGAR

Duas coisas acontecem quando o Pão da presença de Deus é restaurado na Igreja. Noemi foi a pródiga que deixou a Casa do Pão quando a mesa ficou vazia. Entretanto, quando ouviu que Deus havia restaurado o Pão em Belém, a Casa do Pão, rapidamente retornou. Os pródigos voltarão de Moabe, quando souberem que o Pão está de volta em casa e não virão sozinhos. Noemi voltou à Casa do Pão acompanhada de Rute, que nunca havia estado lá antes. Aqueles que nunca vieram, virão. Como resultado, Rute tornou-se integrante da linhagem messiânica de Jesus, quando ela se casou com Boaz e lhe deu um filho chamado Obed, que foi o pai de Jessé, o pai de Davi. A futura realeza conta com as nossas ações que serão desencadeadas por causa da fome de pão.

O avivamento, tal como o conhecemos agora, é simplesmente a “reciclagem” dos salvos para que permaneçam “acesos”. Mas a próxima onda de avivamento verdadeiro trará os perdidos para a Casa do Pão. Pessoas que nunca adentraram as portas de uma igreja na vida, quando ouvirem que realmente há Pão na casa, virão correndo atrás do cheiro de pão quente dos fornos dos Céus!

Estamos, frequentemente, tão saciados e satisfeitos com outras coisas, que insistimos em nos contentar com migalhas de pão dormido. Estamos felizes com nossa música do jeito que é. Estamos felizes com nossas reuniões de “restauração”. Já é hora de termos o que costumo chamar de “insatisfação divina”.

Não estou feliz. Será que posso dizer isto e não ser julgado? Quero dizer com isto que, embora tenha participado do que alguns chamariam de avivamento, ainda não estou feliz. Por quê? Porque sei o que mais pode acontecer. Posso pegar Deus. Sei que existe muito mais do que temos visto ou esperado e isto tem se transformado em uma santa obsessão para mim. Eu quero Deus. Eu quero mais d’Ele.

A SOLUÇÃO PARECE SER QUE HAJA MENOS DE MIM

O plano satânico consiste em nos manter tão cheios de lixo, que não tenhamos fome de Deus, e isto tem funcionado muito bem por séculos. O inimigo tem nos feito acostumar a sobreviver em uma prosperidade terrena, porém, em uma mendicância espiritual. Dessa forma, basta uma migalha da presença de Deus para que nos demos por satisfeitos. Mas existem aqueles que não se contentam mais com migalhas. Querem Deus e nada mais. Falsificações não lhes satisfazem ou interessam; querem o pão verdadeiro. A maior parte, entretanto, mantém suas vidas tão tomadas de “sobras” para a alma e banquetes para a carne, que não sabem o que é estar realmente faminto.

Você já viu pessoas famintas? Quero dizer, pessoas realmente famintas? Se pudesse vir comigo em uma viagem à Etiópia ou a outra localidade assolada pela fome, veria o que acontece quando sacos de arroz são colocados no meio de pessoas realmente famintas. Elas aparecem de todos os lugares em questão de segundos. Muitos de nós comemos antes de irmos para o culto, por isso, quando vemos o pão sobre o altar, não nos sentimos estimulados. Mas, quando Deus me disse, certa manhã, para pregar sobre o pão, Ele disse também: “Filho, se eles estivessem fisicamente famintos, não agiriam da mesma forma” (Curiosamente, naquela manhã, um intercessor sentiu-se constrangido a assar pão e o pastor foi divinamente compelido a colocá-lo sobre o altar!). Nasceu, naquele dia, uma fome pelo pão da presença de Deus, estimulada pelos céus. Este é o pão que tem operado cura, restauração e fome de avivamento por todo o mundo.

A Bíblia diz:

“Desde os tempos de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.” (Mateus 11.12)

Isso não soa, de alguma maneira, como uma descrição nossa? Tornamo-nos tão inertes na igreja, que temos nosso próprio manual de ações “politicamente corretas” e de regras de etiqueta. Porque não queremos nos parecer radicais demais, alinhamos as cadeiras em fileiras muito bem arranjadas e esperamos que nossos cultos sejam igualmente lineares e previsíveis. Precisamos ficar desesperadamente famintos por Deus e, literalmente, nos esquecermos das “boas maneiras”! A aparente diferença entre um louvor litúrgico e um louvor “carismático” é que o programa de um é impresso e o outro memorizado. Geralmente já sabem quando “Deus” vai falar!

Todas as pessoas do Novo Testamento que “esqueceram suas boas maneiras” receberam algo de Deus. Não estou falando da indelicadeza propriamente dita, mas da indelicadeza que brota do desespero! Você se lembra daquela mulher atormentada por uma hemorragia incurável, que, com dificuldade, abriu caminho em meio à multidão para tocar a orla das vestes do Senhor? (Mateus 9:20-22). E quanto à impertinente mulher cananeia que não parava de implorar que Jesus libertasse sua filha endemoninhada em Mateus 15.22-28? Embora Jesus a tenha humilhado, dizendo: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (Mateus 15.26b), ela persistiu. E foi tão indelicada, tão incômoda (ou simplesmente tão desesperadamente faminta por pão), que replicou:

“… Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos.” (Mateus 15.27).

Muitos de nós, por outro lado, vamos a nossos pastores e dizemos: “Oh, pastor, será que poderia, por favor, orar por mim e me abençoar?” Se nada, realmente, acontece, simplesmente damos de ombros e dizemos: “Bem, acho que vou comer ou então relaxar”, ou: “Vou para casa e aplacar a minha fome interior com comida carnal e entretenimento.”

Para ser honesto, espero que Deus incomode homens e mulheres em Sua Igreja e os torne tão obcecados com o pão da Sua presença, de forma que não parem mais. E, quando isto acontecer, não vão querer somente o “por favor, me abençoe”. Vão querer a manifestação da presença de Deus, não importa o que custe ou quão insólitos possam parecer. Poderão parecer rudes ou indelicados, mas não se importarão mais com a opinião de homens, somente com a vontade de Deus. Podemos dizer que a Igreja, de modo geral, não tem dado lugar a pessoas assim.

Um dos primeiros passos para o avivamento real é reconhecer que você está em estado de decadência. Esta não é uma tarefa fácil em face da nossa aparente prosperidade, mas precisamos dizer: “Estamos em decadência. Não estamos mais vivendo nossos melhores momentos.” Ironicamente, nos encontramos na clássica situação descrita no livro A Tale of Two Cities (Uma história de duas cidades), de Charles Dickens: “Foram os melhores momentos, foram os piores momentos”.

Em termos econômicos, talvez, sejam estes os melhores momentos, mas, como um todo, a Igreja não está se movendo sobre uma onda de prosperidade espiritual. Qual foi a última vez que sua sombra curou alguém? Qual foi a última vez que sua presença, em algum lugar, tenha levado as pessoas a dizerem: “Tenho que me reconciliar com Deus”? Onde estão os futuros Finneys e Wigglesworths, homens que incendiaram sua geração através do poder do Espírito Santo? Maravilhas provenientes de Deus faziam parte do cotidiano deles.

Conheço um pastor na Etiópia que certa feita estava ministrando um culto, quando homens do Governo Comunista o interromperam, dizendo: “Estamos aqui para acabar com esta igreja.” Eles já tinham tentado de tudo sem sucesso. Então, naquele dia, agarraram a filha de três anos do pastor e a arremessaram pela janela do templo à vista de todos que ali estavam presentes. Os comunistas pensaram que esta violência acabaria com aquela igreja, mas a esposa do pastor desceu, colocou seu bebê morto nos braços, retornou ao seu lugar na primeira fila, e a adoração continuou. Como conseqüência da fidelidade deste humilde pastor, quatrocentos mil crentes fiéis destemidamente compareceram em suas conferências bíblicas na Etiópia.

Certa vez, meu pai, líder nacional de uma denominação pentecostal nos Estados Unidos, estava conversando com este pastor. Meu pai sabia que ele morava em meio a uma horrível miséria na Etiópia e cometeu o erro de tentar mostrar um pouco do que ele pensava ser consideração. Ele disse ao pastor etíope: “Irmão, temos orado por vocês, por causa de sua pobreza.”

Este humilde homem voltou-se para meu pai e disse: “Não, você não compreende. Nós é que temos orado por vocês, por causa de sua prosperidade.” Meu pai ficou confuso, mas o pastor etíope explicou: “Nós oramos pelos americanos, porque é muito mais difícil para vocês estarem onde Deus quer, em meio à prosperidade, do que para nós em meio à pobreza.”

A maior artimanha que o inimigo tem usado para roubar a vitalidade da Igreja é acenar-lhe com a bandeirinha da prosperidade. Não sou contra a prosperidade. Seja tão próspero quanto você deseja, mas busque Deus ao invés de buscar a prosperidade. Veja bem, é muito fácil começar buscando a Deus e se desviar para outra coisa. Não seja assim! Seja um caçador de Deus e ponto final!

(Nota do autor: Ao utilizar a expressão “caçando Deus”, quero me referir à nossa busca por Deus como Senhor e razão principal da nossa existência – pós-salvação. Não quero dizer que somos salvos pelas nossas obras. A salvação é a graça obtida através do sacrifício de Jesus na cruz e Sua ressurreição. Embora possa parecer óbvio para alguns leitores, considerei importante incluir este esclarecimento. Para aqueles que queiram maior aprofundamento quanto ao assunto, recomendo o livro The Pursuit of God, (A busca de Deus) de A. W. Tozer).

E SE DEUS REALMENTE SE REVELASSE EM SUA IGREJA?

Se Deus realmente se revelasse em sua Igreja, posso assegurar que aqueles “rumores dos famintos”, em sua cidade ou região, espalhariam a notícia rapidamente! Antes que você pudesse abrir as portas no dia seguinte, os famintos já estariam em fila por pão fresco. Por que não vemos este tipo de reação agora? Os famintos têm sido frustrados. Tão logo a menor gota da presença de Deus flui em nossos cultos, dizemos ao mundo inteiro: “Há um rio da unção de Deus fluindo aqui”.

Infelizmente, sempre gritamos: “Deus está aqui! E os famintos vêm somente para descobrir que super-dimensionamos a realidade e que tudo não passou de propaganda enganosa. Temos falsamente apresentado as gotas da unção de Deus como se fossem um rio poderoso, mas o único rio que as pessoas encontram entre nós é um rio de palavras. Algumas vezes, até mesmo construímos maravilhosas pontes sobre leitos secos!

Não podemos esperar que os perdidos e feridos venham correndo para nosso “rio” apenas para descobrir que mal existe o suficiente para aliviar um pouco da sua sede, não chega a ser nem um gole da taça de Deus. Dizemos: “Deus está realmente aqui: há comida na mesa”, mas toda vez que acreditam, veem-se obrigados a procurar pelo chão meras migalhas do banquete prometido. Nosso passado fala mais alto que nosso presente.

NADA TENDES PORQUE…

Em comparação ao que Deus quer fazer, estamos catando farelos, enquanto Ele tem, para nós, um crocante pão quentinho, que acabou de sair dos fornos dos céus! Ele não é Deus de migalhas e de escassez. Ele está esperando que O busquemos para dispensar porções infinitas de Sua presença. Mas nosso problema foi descrito há muito tempo pelo apóstolo Tiago, “Nada tendes, porque não pedis” (Tiago 4.2c). Não obstante, o salmista Davi canta, através dos tempos, que “sua semente” nunca iria “mendigar o pão” (Salmos 37.25).

Precisamos compreender que o que nós temos, onde estamos e o que estamos fazendo é muito pequeno em comparação ao que Deus quer fazer entre nós e através de nós. O jovem Samuel foi profeta numa geração em transição como a nossa. A Bíblia nos diz que cedo, na vida de Samuel, “…a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram frequentes” (I Samuel 3.1b).

Certa noite, o sumo sacerdote Eli foi dormir, ele estava tão avançado em dias, que mal podia enxergar. Parte do problema na Igreja histórica é que nossa visão tem ficado embaçada e não podemos ver como deveríamos. Estamos satisfeitos em ver a Igreja prosseguindo da mesma forma como sempre foi. Enquanto isso, continuamos na nossa rotina, tateando de um lugar para outro, como se Deus estivesse ainda falando conosco. Mas, quando Ele realmente fala, pensamos que as pessoas estão sonhando. Quando Ele realmente aparece, os olhos embaçados não podem vê-Lo. Quando Ele realmente se move, relutamos em acreditar por medo de “esbarrarmos” em algo que não seja peculiar à penumbra em que vivemos. É frustrante quando o Senhor muda de lugar alguma mobília dentro de nós. Dizemos ao jovem Samuel entre nós: “Volte a dormir! Continue fazendo tudo da maneira que lhe ensinei, Samuel! Não há nada de errado. Tudo sempre foi assim.”

Não, nem sempre tudo foi desta forma! E eu não estou satisfeito com tudo deste jeito, quero mais! Não sei quanto a você, mas cada banco vazio que vejo na igreja parece clamar: “Eu poderia ser preenchido com alguns cidadãos de Moabe! Você não pode colocar alguém aqui?” Não sei quanto a você, mas isso alimenta minha santa frustração, minha insatisfação da parte de Deus.

“…e tendo-se deitado também Samuel, no templo do Senhor, em que estava a arca, antes que a lâmpada de Deus se apagasse, o Senhor chamou o menino: Samuel, Samuel. Este respondeu: Eis-me aqui.” (1 Samuel 3.3-4.)

A lâmpada de Deus estava fraca e prestes a se apagar, mas isto não chamou a atenção de Eli: ele já vivia em um permanente estado de penumbra. O jovem Samuel, entretanto, disse: “Ouço algo.” Já é tempo de admitir que a lâmpada de Deus está se apagando. Sim, ainda está queimando, mas as coisas não estão como deveriam estar. Olhamos para esta pequena chama lançando uma luz fraca, aqui e ali, e dizemos: “Oh, é o avivamento!” Pode até ser, para alguns que conseguem chegar bem perto para ver, mas e quanto àqueles que estão distantes? E aqueles que estão perdidos e que nunca leram nossas revistas, assistiram a nossos programas de televisão ou ouviram as nossas fitas de estudo? Precisamos que a luz da glória de Deus brilhe o bastante para que possa ser vista à distância. Em outras palavras, é tempo de a glória de Deus, a luz de Deus, extrapolar os limites da Igreja e iluminar nossas cidades! (Veja Mateus 5:15).

Creio que o Senhor está prestes a manifestar “aquele que abrirá caminhos” (Miquéias 2.13) e que, literalmente, irá fender os céus, para que todos possam comer na mesa de Deus. Antes que isto aconteça, as fontes do grande abismo (Veja Gênesis 1:8; 7:11) devem ser rompidas. Já é tempo de alguma igreja, em algum lugar, parar de tentar ser “politicamente correta” e abrir os céus, para que o maná possa cair e alimentar a fome espiritual da cidade! Já é hora de fendermos os céus e aliviar a agonia dos que estão famintos, para que a glória de Deus comece a brilhar em nossa cidade. Mas a verdade é que não podemos ver nem mesmo uma simples gota fluir pelos corredores, muito menos a glória de Deus fluir pelas ruas, e isto porque não estamos realmente famintos. Estamos como os crentes da Igreja de Laodiceia (Apocalipse 3.17), satisfeitos e contentes.

Pai, eu oro para que o Espírito incomode nossos corações e nos transforme em guerreiros da adoração.

Oro para que não paremos até que vejamos uma rachadura nos céus e eles se abram. Nossas cidades e nações precisam do Senhor. Nós precisamos do Senhor. Estamos cansados de procurar migalhas no chão. Mande-nos pão quente dos céus, mande-nos o maná de Tua presença…

Não importa o que você precise ou o que falte em sua vida – o que você realmente precisa é de Deus. E para tê-Lo, precisa estar faminto. Oro para que Deus lhe faça sentir fome, para, assim, qualificar você à promessa de abastança. Jesus disse:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.”

(Mateus 5.6)

Se pudermos ficar famintos, então Ele poderá nos santificar. Ele colocará os pedaços de nossa vida no lugar. Mas a nossa fome é a chave de tudo.

Então quando você se encontrar procurando migalhas no chão da Casa do Pão, ore:

“Senhor, desperte em mim uma fome incontrolável!”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

MOMENTO DE DÚVIDAS E INCERTEZAS

Diversos fatores influenciam o funcionamento sexual durante a gravidez, como a falta de conhecimento das mudanças do corpo e os mitos e tabus que envolvem sexo e gestação

Momento de dúvidas e incertezas

No consultório, é comum ouvir relatos de pacientes que durante o período gestacional têm dificuldade em enfrentar as alterações hormonais, a insegurança da inexperiência, a vergonha, a resistência da parceria no relacionamento, entre outros fatores. Muitas são as variações hormonais durante a gravidez, descreveremos algumas delas. O primeiro hormônio que mencionaremos é a gonadotrofina coriônica humana, que pode ser detectada no sangue materno após alguns dias do início da gestação. Ela estimula a produção de progesterona e estrógenos. A progesterona é essencial durante toda a gestação, ela age no corpo da mulher, preparando-o para a gravidez e o aleitamento. Além deles, começa a ser produzido o hormônio relaxina, que, em conjunto com a progesterona, ajuda na implantação do feto na parede do útero, auxilia no crescimento da placenta, além de inibirem as contrações uterinas, evitando os partos prematuros. Outro hormônio relevante, que aumenta uniformemente durante a gravidez, é a prolactina – que influenciará na produção do leite pelas glândulas mamárias, assim como no aumento das mamas. Já o hormônio ocitocina, que aumenta bastante no final da gestação, possibilitará que as contrações uterinas sejam ritmadas, até o nascimento, além de reduzir o sangramento durante o parto. A ocitocina também é liberada durante a amamentação e faz com que o leite f lua com mais facilidade; assim como ela tem importância na ligação afetiva entre a mãe e o bebê.

Tendo em vista o mencionado, o corpo da mulher passará por diversas mudanças durante a gravidez. Vale lembrar que não há uma alteração específica – durante o período gestacional – que promova a perda do interesse sexual, e sim o resultado da interação dos aspectos biológicos com os emocionais e sociais. Por exemplo: a gravidez pode ser um dos momentos para o redimensionamento dos vínculos afetivos de um casal, que poderão influenciar na intimidade e na resposta sexual; outro aspecto que merece ser lembrado diz respeito às “crenças, mitos e tabus” que acompanham as alterações pelas quais o corpo das mulheres passará. Está relatado que mulheres com conhecimento das mu- danças físicas que seu corpo enfrentará terão uma relação mais saudável com diversos elementos de sua sexualidade; ainda mais quando a parceria estiver envolvida nesse processo. Para facilitar o entendimento e suas possíveis influências da gravidez no funcionamento sexual, dividiremos o período gestacional em três trimestres.

PRIMEIRO TRIMESTRE: Durante essa fase, questões como aceitação e/ou rejeição da gravidez poderão ser relevantes e causar angústia. Sentimentos ambíguos em relação a esse momento da vida poderão estar presentes, os quais, na grande maioria das vezes, irão repercutir na resposta sexual. Várias mulheres não notam diferença no desejo sexual no primeiro trimestre da gravidez, algumas referem, inclusive, melhora no desempenho sexual; entretanto, outras apresentam uma diminuição e/ou falta do interesse sexual. Não podemos esquecer que as alterações hormonais poderão causar sintomas como: náuseas, vômitos, sonolência e até mesmo depressão, que também refletirão de forma negativa no desempenho sexual.

SEGUNDO TRIMESTRE: Habitualmente, os temas relacionados à aceitação/rejeição deixaram de compor o cenário das gestantes (na sua maioria), é uma fase que várias mulheres referem melhora da autoestima, e, consequentemente, percebem-se mais felizes com sua aparência, o que influenciará positivamente no desempenho sexual. Associado ao fato de que sintomas como náuseas, vômitos e sonolência tendem a desaparecer, o que promove bem-estar. Por outro lado, para outras, pode ocorrer diminuição do desejo sexual, que frequentemente está relacionado a sentimentos de fragilidade, sejam eles motivados pelas dificuldades emocionais pertinentes à gestação e/ou problemas relacionais com a parceria, entre outros.

TERCEIRO TRIMESTRE: Nessa fase, o parto está próximo, e consequentemente a ansiedade aumenta, não é incomum a diminuição do interesse sexual ocasionado pelo estresse associado à iminência do parto; além disso, as mudanças físicas, mais acentuadas, podem acarretar dores físicas que, também, influenciarão negativamente na resposta sexual.

O acompanhamento médico é imprescindível durante toda a gestação. Quanto mais bem preparado esse profissional estiver em relação aos aspectos concernentes à sexualidade de suas gestantes, dúvidas poderão ser esclarecidas e dirimidas; assim como orientar para que a atividade sexual seja interrompida, em situações que possam comprometer a saúde da mãe e/ou do feto. Muitas vezes, um acompanhamento psicológico pode ser importante também.

Quando não há intercorrências, a atividade sexual pode ser mantida durante a gravidez, aliado ao fato de que a maior produção de hormônios durante o período gestacional promove incremento da lubrificação vaginal. Portanto, um bom caminho a ser seguido pelas futuras e/ou presentes gestantes é o conhecimento sobre as alterações que seu corpo e psiquismo enfrentarão nesse período. A instrução, aliada aos aconselhamentos por profissionais envolvidos, com a temática da sexualidade humana podem ser de grande valia para a promoção de uma qualidade de vida sexual satisfatória durante a gestação.

 

GIANCARLO SPIZZIRRI – é psiquiatra doutor pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP, médico do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do IPq e professor do curso de especialização em Sexualidade Humana da USP.

OUTROS OLHARES

BELEZA E TALENTO EM EVIDÊNCIA

Músico e compositor brilhante, Kurt Cobain não resistiu ao uso constante de drogas e à depressão severa que o acompanhou desde a adolescência.

Beleza e talento em evidência

Nascido em Aberdeen, Estados Unidos, em 1967, Kurt Donald Cobain é filho de um mecânico automotivo e uma garçonete. Tinham descendências irlandesa e escocesa, e isso tornava a casa barulhenta, alegre e com bebida farta. Ele era conhecido por ser uma criança feliz, sensível e carinhosa. Com pouca idade já mostrava habilidades artísticas: desenhava seus personagens favoritos e era incentivado pela avó, uma artista profissional. A família Cobain tinha um histórico musical: seu tio fazia parte de uma banda, a tia fazia performances pelo condado, e seu tio-avô teve uma carreira como tenor na Irlanda.

Seu interesse musical se manifestou e foi desenvolvido ainda na infância. Começou a cantar aos 2 anos; aos 4, escreveu uma música sobre uma viagem a um parque e começou a aprender piano. Mas essa tranquilidade mudou, seus pais se divorciaram quando ele tinha 9 anos, fato que marcou sua infância, deixando-o bastante ressentido e triste por anos. Sentiu-se traído pelos pais, e nunca mais conseguiu pertencer a nenhuma organização ou estrutura familiar (nem mesmo quando se casou). Parece que a confiança nas pessoas e em seus vínculos foram danosamente abalados. Foi morar com o pai e visitava a mãe e a irmã nos fins de semana. Seu pai casou-se novamente, e ele não gostava da nova família, principalmente da madrasta, e era recíproco. Um momento importante durante esse tempo de dificuldade emocional foi um presente que recebeu de um tio: uma guitarra. Apesar de bem desgastada, o inspirou a aprender a tocar e o ajudou nos seus momentos de infelicidade. Alienado, irritado e até agressivo em casa, acreditava que seu pai sempre preferiu o lado de sua madrasta e que favorecia os filhos dela e seu meio-irmão, nascido dessa união. Após adquirir guarda total de Kurt, o pai, cansado de seu comportamento rebelde, o colocou sob cuidados de familiares. Em outras palavras, o mandou embora. Ao sair de casa, ele morou com diversos parentes e amigos por vários meses. Nesse período tornou-se um cristão devoto ao viver com a família de um amigo, Jesse Reed. Posteriormente, renunciou ao cristianismo. Acabou, por falta de opção, indo morar com sua mãe, em Aberdeen. Matriculou-se na Aberdeen High School e, durante o ensino médio, impressionou diversos professores com seus dons artísticos; no entanto, semanas antes da graduação, abandonou a escola.

O relacionamento com a mãe não era dos melhores, e ela lhe deu uma escolha: arranjar um emprego ou sair de casa. Ele não levou a sério, continuou tocando sua guitarra e bebendo. Uma semana depois, encontrou todos seus pertences em caixas, fora da casa. A sensação de não ser amado, de ser rejeitado ocupa espaço maior no íntimo de Kurt e sua depressão passa a ser constante. Passou os anos de 1984 e 1985 morando em vários lugares, dormindo na casa de amigos quando podia e em halls e salas de espera de hospitais. Kurt dizia que durante seu tempo sem-teto morava embaixo da ponte do rio Wishkah.

Começou a tocar em lugares para ter algum dinheiro, mas tudo muito inconstante e precário. Ele sempre chamando a atenção pela beleza e talento. Estava continuamente tentando, sem êxito, montar sua banda. Em 1988, as ambições de Kurt começam a se tornar realidade. Ele se uniu a dois amigos e criou o Nirvana. Com o lançamento e o sucesso imediato do disco Nevermind, tornam-se muito conhecidos. Em pouco tempo Cobain era considerado um dos melhores compositores de sua geração. Com o rápido crescimento da banda, colocaram Kurt em uma nova situação de estresse e pressão. Ele, que já bebia e cheirava cocaína demasiadamente, começou a usar heroína.

 

Casou-se em 1992 com Courtney Love (uma pessoa egoísta, interessada no sucesso dele, nem um pouco afetiva e que o usava para se promover), e no mesmo ano nasceu sua filha. Ambos eram usuários de drogas e foram investigados pelo serviço social após Courtney mencionar o uso de heroína enquanto grávida em uma entrevista à Vanity Fair. A relação nociva do casal só confirma sua sensação de ser rejeitado e amplia sua depressão e seu isolamento. Em 1994, em uma manhã, foi encontrado por Love, após uma overdose de Rohypnol e champanhe. Ele permaneceu no hospital durante cinco dias. Em outro episódio, ela ligara para a polícia informando que ele era um suicida e estava trancado num quarto com uma arma. Ao chegar, a polícia confiscou várias armas e remédios de Cobain, que insistia em dizer que só estava fugindo da mulher. Após uma tentativa de intervenção realizada por ela, Kurt foi internado em um centro de recuperação, mas pulou o muro e ficou desaparecido por dias. Durante a maior parte de sua vida, ele sofreu de bronquite e dores estomacais provenientes de uma gastrite devido ao abuso de substâncias. Ele fazia uso regular de Cannabis, LSO, álcool e heroína. Também apresentava depressão severa. O seu fim ocorreu de forma solitária e trágica: suicidou se em sua casa aos 27 anos, com um tiro. Estranhamente o corpo foi encontrado somente dias depois, por um eletricista. A autópsia também revelou altíssima quantidade de heroína no sangue.

Beleza e talento em evidência.2

ANDERSOS ZENIDARCI – é mestre em Psicologia pela PUC-SP, supervisor e palestrante. Coordenador e professor do curso de especialização em Transtornos e Patologias Psíquicas pela Facis, professor de pós-graduação no curso de Psicologia de Saúde Hospitalar na PUC-SP. Atua há mais de 30 anos em atendimento clínico em diversos segmentos da Psicologia, com especial dedicação à psicossomática, transtornos e patologias psíquicas.

GESTÃO E CARREIRA

ASSÉDIO SEXUAL NO TRABALHO

Pesquisa exclusiva revela que um em cada cinco profissionais já sofreu esse tipo de abuso. O que empresas, vítimas e líderes devem fazer para combater esse crime, que, além de prejudicar a saúde mental e física dos funcionários, gera um prejuízo bilionário para as companhias

Assédio sexual no trabalho

Quando se formou em relações internacionais em 2012, Paula Alves, hoje com 30 anos, tinha um sonho: fazer com que seu trabalho gerasse algum tipo de impacto social. Por isso, ficou feliz quando conquistou uma vaga numa ONG em Salvador, sua cidade natal. Suas funções eram de alta responsabilidade e proporcionaria aprendizado, pois Paula seria a assessora do presidente da instituição, um homem influente engajado e inteligente. Tudo parecia ir bem. Mas, um dia, quando acumulava seis meses de casa, a soteropolitana se surpreendeu com algumas mensagens que o presidente começou a lhe enviar via Skype. “Você fica linda com essa cor de roupa”, dizia uma das primeiras, de teor mais pessoal. A profissional não levou aquilo tão a sério. Aos poucos, porém, as declarações saíram do mundo virtual -e o chefe aproveitava os momentos em que estavam sozinhos para tecer comentários pouco profissionais.

Um dos mais marcantes aconteceu numa viagem à Fortaleza em dezembro de 2015. “Ele disse que eu ‘merecia um homem mais velho’. Fiquei incomodada. No dia seguinte, no café da manhã, no hotel, eu falei que tinha me sentido desconfortável, que aquilo era inapropriado para nossa relação, que era de trabalho”, diz Paula. O chefe assentiu e ela acreditou que o recado havia sido compreendido. Só que as investidas não pararam. “Quando estávamos no carro, ele costumava encostar na minha coxa se queria chamar minha atenção. “O comportamento piorou durante uma viagem de cinco dias, entre março e abril de 2017, para Lima, no Peru. Alí o chefe extrapolou os limites. Uma das investidas aconteceu no banco traseiro de um táxi que os levava de volta ao hotel após um jantar de negócios. Os dois estavam conversando normalmente até que o executivo colocou a mão em cima da perna de Paula e a deixou parada. Incrédula, a subordinada tirou imediatamente a mão dele dali. “Ele deu risada. No fundo, aquela situação era divertida para ele, que gostava de ver o poder que tinha sobre mim” A conduta do chefe não melhorou. Numa noite, quando estavam analisando documento para uma reunião que aconteceria logo pela manhã, Paula sugeriu que continuassem o trabalho no dia seguinte bem cedo, pois já estava tarde. Também pediu que fosse dispensada de participar da apresentação. ”Ele disse que deveríamos continuar e que poderíamos tomar uns drinques. Também falou que pensaria respeito da dispensa – tudo dependeria de como eu me comportasse naquela noite. O tom dava a entender que eu estava ali para servi-lo.”

Com medo e envergonhada, Paula guardou a história para si. Além de retaliações e de uma possível demissão, ela temia o julgamento dos outros. Seu receio era que não acreditassem nela. “Eu amava meu trabalho, era boa no que fazia e aprendi muito com meu chefe. Mas paguei um preço alto. Ir até a sala dele se transformava num momento de tortura. “O sofrimento era tanto que Paula ficou fisicamente debilitada lutava, todos os dias, para se levantar da cama. Ela precisava dividir aquilo com alguém e, em junho de 2017, contou tudo a seus pais e começou a fazer terapia. No mesmo mês, Paula pediu demissão, não sem antes compartilhar sua história com as colegas de trabalho – seu objetivo era mostrar com quem elas estavam lidando. “Eu estava muito fragilizada, muito vulnerável. Não foi fácil, mas foi importante. Algumas pessoas ficaram chocadas, outras nem tanto. Houve as que não acreditaram e isso magoou. Na cabeça delas, era mais lógico que eu quisesse ter algo com ele do que o contrário”. Com a ajuda dos pais, Paula pôde ficar oito meses sem trabalhar para se reerguer e encontrar um novo emprego. Hoje é coordenadora de projetos em uma ONG na qual toda a diretoria é composta de mulheres. “Foram três anos assédio. Eu culpei meu jeito espontâneo, minha simpatia. Culpei tudo menos quem eu deveria”.

Assédio sexual no trabalho. 2

GLOSSÁRIO

ASSÉDIO SEXUAL – Constranger uma pessoa com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual. Se o assediador é um superior hierárquico, a justiça considera assédio sexual por chantagem. Se não há relação de poder a jurisprudência entende como assédio sexual por intimidação.

ASSÉDIO MORAL – Condutas que evidenciam violência psicológica contra o empregado.

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL – Quando alguém pratica atos libidinosos para se satisfazer sexualmente sem a autorização da outra pessoa.

 

PROBLEMA GLOBAL

Casos corno o de Paula, infelizmente, não são incomuns. Dados de uma pesquisa feita pela Talenses, consultoria de recrutamento executivo com 3.215 entrevistados com exclusividade, revelam que 3.496 das mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual no ambiente de trabalho. Entre os homens o número alcança 12.%. O índice mais baixo entre os profissionais do sexo masculino tem explicação psicológica. Para alguns deles, denunciar um caso de assédio pode demonstrar fraqueza – ainda mais se a assediadora for mulher. “Há uma tendência de eles racionalizarem esse tipo de situação. Grande parte não se verá como vítima nem se culpará. Vai pensar nas qualidades como homem, no que pode ter feito para despertar interesse”, diz Priscila Gunutzmann, professora de psicologia na Universidade Anhembi Morumbi e especialista em gestão de pessoas.

Acultura machista e m alguns ambientes de trabalho também pode contribuir para que as

funcionárias tenham de enfrentar mais essa questão. E esse é um problema global. De acordo com um levantamento da consultoria de recursos humanos Gartner, 40% das profissionais europeias disseram ter enfrentado essa situação. Nos Estados Unidos, o índice chega a 25%. O país é o berço do movimento #MeToo (“Eu também”, em português), que surgiu em 2007, fundado pela ativista pelos direitos das mulheres Tarana Burke, e ganhou força dez anos depois, quando atrizes, modelos e profissionais do cinema se uniram para falar sobre os abusos de um dos produtores mais poderosos do mundo: Harvey Weinstein Responsável por lançar filmes como O Senhor dos Anéis, Bastardos Inglórios e Gênio Indomável, Weinstein, que liderava a produtora Miramax e a The Weinstein Company, foi acusado de assédio – e estupro – por mais de 20 mulheres, entre elas Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Cara Delevingne.

Os relatos das vítimas mostram que o executivo seguia, há 30 anos, o mesmo comportamento: propor práticas sexuais a mulheres no começo de carreira dando a entender que, ao fazer sexo com ele, as profissionais teriam uma ascensão meteórica. Era comum que o executivo as convidasse para “reuniões” em quartos de hotel e as recebesse nu ou de roupão. O jornal americano The New York Times, que revelou o escândalo, descobriu que parte da equipe de Weinstein tinha a função de cuidar de todos os detalhes da vida de assediador do chefe. As tarefas do time iam de ministrar injeções penianas para tratar da disfunção erétil do produtor até garantir que as mulheres assediadas se calassem sobre os episódios. O argumento é que ele poderia prejudicá-las profissionalmente – como fez com as atrizes Mira Sorvino e Ashley Judd, que, por terem recusado qualquer envolvimento com ele, eram proibidas de atuar nos filmes que produzia, mesmo quando o diretor pedia, especificamente, para trabalhar com elas. Weinstein ainda está sendo julgado pelas acusações, mas foi demitido da própria produtora em outubro de 2017.

O episódio ganhou repercussão mundial e transformou o movimento #Me Too em um marco da luta contra o assédio sexual no ambiente de trabalho. Afinal, foi por meio dele que um figurão da indústria cinematográfica foi jogado às traças. Além disso, o #Me Too ajudou a estimular algo fundamental no combate a esse tipo de crime: a denúncia. “É difícil falar. Quando temos ações como o #MeToo, uma vítima passa a se identificar com a outra. Ela pensa: Eu não estou mais sozinha”, diz Antônio Carlos Henesey, diretor da ICTS Protiviti, empresa que presta serviços de auditoria de gestão de riscos e compliance responsável por administrar, por exemplo, linha de 0800 para que funcionários denunciem condutas incorretas em suas empregadoras.

Claro que tomar essa decisão não é simples. Há diversas travas – psicológicas e culturais – que deixam as vítimas com medo de abordar o assunto. Também é comum que algumas pessoas demorem a entender que a situação que enfrentam é de assédio sexual. “Isso é algo muito naturalizado, quase banal e esperado”, Daniela Frelin, diretora executiva do Instituto Avon, que apoia causas voltadas para as mulheres. “Quando você nomeia esse tipo de prática joga-se luz sobre o problema, e o primeiro efeito é o aumento do número de notificações. “E empresas começam a ter de lidar cada vez mais com a questão: um levantamento exclusivo da ICTS mostra que o número de denúncias desse tipo nas companhias para as quais presta serviço ao redor do mundo aumentou 140% de 2016 a 2018. E, em cerca de 73% dos casos, as vítimas dão seu nome ao denunciar

 RELAÇÃO DE PODER

Em território nacional a lei que criminaliza o assédio sexual é relativamente recente – entrou em vigor em 2001. “O movimento de nomear violência começou a se espalhar em legislação de vários países. No Brasil, a discussão começou a amadurecer na última década”, diz Gabriela Bíaz advogada voluntária da ONG Rede Feminista de Juristas (deFEMde). Juridicamente delito é definido como “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual prevalecendo-se de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. A pena é de um a dois anos de prisão. Quando a empresa é denunciada, primeiro é proposto um acordo – a companhia tem a chance de combater práticas de assédio sexual. Se isso não acontece, a companhia é condenada e a Justiça cobra uma multa cujo valor é destinado a benfeitorias sociais. “É feito um ressarcimento à sociedade. Pode ser construir anexos em hospitais equipar a Polícia Rodoviária ou favorecer entidades que possam trazer um benefício coletivo. O dano moral deve cumprir uma missão”, diz Valdirene Assis, procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em agosto do ano passa por exemplo, a rede de hipermercados Walmart foi condenada a pagar 1 milhão de reais no Rio Grande do Sul por casos de assédio sexual em lojas de pelo menos oito cidades. Além da multa a sentença determinava que a varejista criasse um programa interno de combate à prática, oferecendo mecanismos para as denúncias.

Na letra fria da lei o assédio sexual demanda uma hierarquia entre a vítima e o assediador (seja entre chefe e subordinado, seja entre aluno e professor, por exemplo). O poder acaba dando ao assediador a sensação de que pode fazer tudo com seus comandados – não à toa, a pesquisa da Talenses aponta que 98% dos que cometeram o crime ocupam cargo hierarquicamente superior ao da vítima. E, quando o chefe é também o dono da empresa, a situação é ainda pior. Que o diga Juliana Marin, de 34 anos, técnica em biomedicina, que conviveu com o problema durante quatro anos. Em 2009, ela era bolsista de biomedicina em Mogi das Cruzes (SP) precisava de um emprego de meio período para bancar seus estudos. Por isso, aceitou um estágio numa empresa de cosméticos que lhe rendia meio salário mínimo – o suficiente para pagar a passagem para a faculdade.

O ambiente era masculino – além de Juliana apenas mais duas mulheres trabalhavam ali. E o dono da companhia se aproveitava de sua posição para importunar a estagiária. “Tudo começou com um bom-dia “meloso”, diz Juliana. Mas não parou por aí. Quando ela estava ao telefone, o chefe costumava apertar seus ombros. Também era comum que passasse as mãos em seus braços e costas. ”Eu tinha só 24 anos, notava que havia algo estranho, mas não questionava, só tentava me afastar.” Até que finalmente, ele a chamou para sair. Ela se negou, mas o convite se tornou constante. O chefe dizia que aquilo não era nada demais, que seria bom para ela e que Juliana não poderia se empolgar com a situação. “Senti muita raiva por ele acreditar que eu sairia com ele por dinheiro.” Em alto e bom tom, Juliana disse que ele era casado, que ela era sua funcionária e muito mais nova. Isso fez com que o chefe a deixasse em paz. “Aguentei em silêncio pelo medo de ser julgada, procurei outros empregos, mas sofri para achar algo de meio período. Senti nojo e agradeço pelo fato de o ‘não’ mais incisivo ter sido o suficiente para que ele parasse”, diz Juliana, que se demitiu da empresa em 2013 e hoje trabalha com recursos humanos.

 SÓ UMA BRINCADEIRA?

Segundo a Justiça, há outro tipo de assédio: o por intimidação. Este pode ocorrer entre colegas quando há, segundo o texto legal, provocações sexuais inoportunas no ambiente de trabalho que prejudiquem a atuação de uma pessoa ou criem uma situação ofensiva, de intimidação ou humilhação. Nesse caso, juridicamente, não há punição na Justiça do Trabalho. No âmbito civil, a vítima pode processar seu assediador e conseguir uma indenização, por exemplo.

Nos quatro anos em que trabalhou como assistente executiva em um escritório de advocacia no Rio de Janeiro, de 2014 a 2018, A. C. (ela pediu para não ser identificada por estar processando os antigos empregadores) enfrentou os dois tipos de assédio – com a liderança e com um colega. Ela aguentava calada as investidas até que, um dia, o gerente-geral fez uma proposta indecente. O executivo ofereceu 5.000 reais para fazer sexo com a subordinada. A.C. ficou chocada, disse que não queria e fez a única coisa que sentia poder fazer naquele momento: relatou o ocorrido à chefe das secretárias para denunciar a conduta. Mas a atitude não surtiu nenhum efeito. O conselho da líder foi que A.C., ela própria, enviasse uma cartilha sobre assédio sexual ao e-mail do gestor para que ele “aprendesse sobre o assunto – o que ela fez, no mesmo dia. Mas a cultura continuava na empresa. Um ano depois do primeiro episódio, A.C. voltou a enfrentar o problema, dessa vez com um de seus colegas, um secretário americano recém-chegado à firma. Logo nas primeiras investidas, A.C. deixou claro que não estava interessada em nenhum tipo de relacionamento pessoal e que, se um dia mudasse ideia, ela mesma o procuraria. “Falei que ele não precisava ficar atrás de mim”, diz. O rapaz pareceu ter entendido. Mas a calmaria não durou muito. Como eram pares, os dois resolviam muitas coisas juntos e se comunicavam por WhatsApp – e ele usou dessa plataforma para assediá-la. “Ele enviou um gif com uma cena de sexo oral. Fiquei muito chocada. Sem querer me aborrecer, apaguei fui até ele e disse que eu não havia gostado. E a coisa não parou por aí. Em uma noite que estavam apenas os dois no escritório, o secretário se despediu de A.C. e, logo depois enviou a ela outro gif pornográfico. A imagem animada mostrava, explicitamente, um homem e uma mulher transando. “Eu me senti agredida. Mostrei para o diretor de RH na mesma hora e ele disse que aquela situação era inconcebível e que avisaria a diretoria. O secretário foi chamado para conversar com os diretores, entre os quais estavam o gerente-geral que havia assediado A.C. no passado e a chefe das secretárias. O funcionário disse que aquilo era só uma brincadeira e que a colega era louca. A conclusão do comitê foi que, como o empregado não estava em horário de trabalho, aquilo não seria assédio – mesmo que A.C. ainda estivesse no escritório. “Pediram para eu ser profissional, não comentar e agir como se nada daqui tivesse acontecido”, diz. Ela não questionou – apenas pediu que a trocassem de lugar, o que não foi permitido. “Ele sentava na porta do banheiro e, toda vez que eu precisava ele me encarava como se estivesse me enfrentando. Eu evitava até beber água para não ir ao banheiro.” A.C. esperou seu chefe voltar de férias para falar com ele sobre a situação. “Quando ele voltou, contei o caso e ele disse que o secretário era americano e era normal que visse as brasileiras como puta. Segundo o chefe, o melhor a fazer era relevar a situação.  Ele falou que, mesmo sendo amigo de A.C., não poderia aconselhá-la. “Ele disse que também era sócio do escritório, que havia passado seis anos trabalhando noite e dia, inclusive nos fins de semana, e não queria ver a reputação de sua empresa envolvida em um caso de assédio sexual.”

Mesmo contrariada, A.C. deixou o assunto para lá e tirou seus 15 dias de férias, que estavam planejados. Em seu primeiro dia trabalho após o descanso, em 31 de julho ano passado, ela teve uma surpresa: outra secretária estava sentada em seu lugar. O diretor de RH a chamou para conversar e falou que ela estava sendo desligada, mas não explicou os motivos. “Eu era considerada a melhor assistente. As equipes me disputavam, dizia que eu só seria demitida quando o escritório fechasse”, diz. Ao contrário da maioria dos casos, A, C. decidiu processar o empregador. “Até agora estou esperando que pelo menos se retratem. No meio de tantas justificativas tortas, não ouvi sequer um pedido de desculpas. É um total absurdo que, em pleno século 21, qualquer ser humano ainda passe por isso”, diz a assistente executiva, que hoje trabalha em outro escritório no Rio de Janeiro.

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 DESGASTES NA CARREIRA

Além de prejudicar a autoestima e aumentar a insegurança, o assédio sexual tem impactos diretos na trajetória profissional. Isso acontece por diversos fatores. Um deles é que, em alguns casos, quando o empregado não tem uma rede de apoio corporativa para enfrentar o problema, pode ser tachado como aquele que sofreu o assédio” – o que é péssimo para a superação pessoal e, claro, para a reputação na carreira. ”Os traumas emocionais fazem com que a pessoa veja seu potencial limitado. Os outros não se lembram dela de outra forma”, diz Carine Ross, co-fundora do Elas, escola de liderança voltada para mulheres. No limite, desenvolvem-se problemas mais sérios de saúde, como síndrome do pânico, estresse traumático e depressão.

No dia a dia, a consequência imediata é a queda na performance desses profissionais. Afinal, quem está no meio de um turbilhão como esse não consegue se concentrar nas atividades do trabalho e acaba perdendo, também, a motivação para entregar as tarefas. “A autogestão de carreira está atrelada a vários pilares, como network, reputação, competitividade, saúde mental. Quando um deles fica desequilibrado, os outros também ficam”, diz Márcia Oliveira, consultora sênior de carreira da Produtive – empresa de recrutamento.

Outro problema é perder oportunidades interessantes ou ser forçado a mudar de rota por causa do assédio. Foi exatamente o que aconteceu com Patrícia Carvalho, de 32 anos, que hoje é líder da área de marketing da CargoX, startup de compartilhamento de cargas e caminhões. Talvez ela não estivesse nesse cargo nem morando em São Paulo se não fosse um caso de assédio em um antigo trabalho em Brasília (DF), onde nasceu. Patrícia trabalhava numa empresa que admirava e tinha a meta de migrar internamente para outro setor. Cerca de duas vezes por mês, costumava conversar com o diretor dessa área que se dividia entre a capital paulista e Brasília. Mas o comportamento do executivo a afastou de seu objetivo. “Uma vez, eu estava no escritório de São Paulo conversando com algumas mulheres da equipe. Ele chegou até mim, disse que parecia estressada e que faria uma massagem. Colocou a mão nas minhas costas e eu levantei”, diz Patrícia, que viu o diretor repetir esse gesto com outras funcionárias e ouviu de uma colega que não gostava da forma como ele a tratava.

Os toques em Patrícia não pararam. Durante um evento de marketing em Brasília, ela e o executivo estavam sentados, cada um em uma cadeira, numa sala cheia de gente. De repente o diretor avançou e apalpou as duas coxas de Patrícia. “Fiquei muito assustada, na hora e travei. Levantei em disparada e saí da sala”.  Nervosa, ela telefonou para uma colega que havia usado o canal de compliance para denunciar outro funcionário. “Foi muito difícil. Ligue para relatar o que aconteceu, fiquei nervosa me senti desrespeitada: “Meses depois, Patrícia denunciou seu assediador. Outra funcionária foi vítima do mesmo executivo e Patrícia foi citada por essa moça como testemunha. Foi quando finalmente, ela relatou o que havia acontecido. “Acho que ele foi notificado e que citaram o meu nome, pois dali para a frente ele passou a me ignorar. Antes, ele era uma pessoa que me acessava, que me colocava em reuniões. Depois da denúncia, nunca mais trabalhou comigo. Não sei se o orientaram a agir dessa maneira”, diz Patrícia. “Talvez hoje eu estivesse numa posição melhor. Mas o que mais me machuca é o fato de que eu não pude ter a opção”.  Ela resolveu sair da empresa, ainda que o assédio não tenha sido o principal motivo. Em sua procura por um novo trabalho, quando ainda estava no anterior, fazia questão de entender as políticas de combate ao assédio sexual das companhias pelas quais se interessava. “No processo seletivo para a CargoX perguntei como era a liderança do CEO, como ele conduzia as coisas. Disseram que ele era muito respeitador, que nenhuma mulher teve algum problema. Isso era importante, porque os valore dele iam ecoar no restante da empresa. Se a entrevistadora tivesse titubeado, eu declinaria.

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RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS

Se existe um dado alarmante quando se trata de assédio sexual no ambiente de trabalho o fato de que a maioria das denúncias (ainda) vira água. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela plataforma de carreira Vagas, que ouviu 4.900 profissionais e descobriu que, em 74% dos casos, nada acontece com os assediadores. Para transformar essa realidade, não há caminho fácil. E a primeira atitude passa necessariamente, pela liderança – que é que dá o exemplo no dia a dia e ajuda a construir a cultura da empresa. Caso contrário, nada muda e os comentários e as atitudes de caráter sexual continuam sendo tratados como brincadeira. “As políticas internas precisam ser claras, a partir do momento que alguém na alta gestão faz uma piada e os outros riem, as pessoas pensam: “Se o presidente fala, eu também posso falar”, diz Erika ZoeIler, especialista em diversidade e membro do Conselho Estadual de Condição Feminina (CECF) de São Paulo.

É fundamental construir práticas que serão seguidas do topo à base. E tudo começa pela educação e pelo convite à reflexão. ”O embate nunca é o melhor caminho. É preciso mostrar dados, explicar que um ambiente desse tipo é tóxico, com mais pessoas doentes e menos produtividade”, diz Erika. Nessa jornada pelo esclarecimento, é necessário tomar cuidado para que não se trave uma guerra dos sexos. “Não transformar a realidade organizacional em um contexto de segregação é muito importante. Senão, começa-se a criar a sensação de que qualquer relacionamento com o sexo oposto é, por natureza, problemático”, diz Anderson Sant’Anna, professor de recursos humanos da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV- Eaesp). O ponto é encontrar equilíbrio e entender que se o outro se mostra desconfortável com uma aproximação pessoal, a linha entre galanteio e assédio certamente estará sendo ultrapassada – e é preciso parar. Se as empresas não se convencem pelo aspecto humanitário da luta contra o problema pode-se apelar para o bolso: o levantamento da Gartner citado no início desta reportagem mostra que, só em 2016, casos de assédio sexual custaram cerca de 1,6 bilhão de dólares para as companhias nos Estados Unidos. “A melhor forma é a própria empresa assumir a incumbência e desenvolver internamente um trabalho para que não haja espaço para o assédio. Isso reduz danos para todos os trabalhadores e para a saúde financeira”, diz a procuradora Valdirene, do MPT.

Não à toa, entre as organizações que compõem o ranking das Melhores Empresas para Trabalhar de 2018, 9.996 possuem canais sigilosos para denúncias dos funcionários. Em 8.496 delas, as denúncias são encaminhadas à alta direção e, em 83%, há um comitê específico para tratar dos casos. Além disso, em 73% das Melhores existem ações formais de prevenção específicas para assédio sexual, número que cai para 2.996 entre as que não se classificam para a lista.

Seja por zelo à reputação, seja por lucro, fato é que as companhias que lutam contra o problema constroem ambientes de trabalho mais felizes – e, consequentemente, abertos para que possíveis vítimas se sintam acolhidas para falar sobre o assunto. É apenas conversando abertamente sobre os limites que precisam ser estabelecidos que vamos combater um problema grave que pode destruir a saúde e a carreira de muitos profissionais. Nenhuma empresa – ou chefe, ou colega – pode assistir a isso calada. Só assim é que a realidade será transformada.

 O QUE FAZER

Como a vítima, os colegas e as empresas devem agir para lutar contra o problema, de acordo com a cartilha do ministério público do trabalho, feita em conjunto com a organização internacional do trabalho

 A VÍTIMA

Dizer abertamente não, ao assediador

Evitar permanecer sozinho no mesmo local que o assediador

Anotar os detalhes de todas as abordagens de caráter sexual sofridas, como dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam os fatos, conteúdo das conversas e o que mais achar necessário

Procurar a ajuda dos pares, principalmente dos que presenciaram o fato ou que são ou foram vítimas

Reunir provas, como bilhetes, e-mails, mensagens em redes socais, presentes

Entender que a culpa não é sua, já que a irregularidade da conduta não depende do comportamento da vítima, e sim do agressor

Denunciar aos órgãos de proteção e defesa dos direitos das mulheres ou dos trabalhadores, inclusive o sindicato profissional

Comunicar aos superiores hierárquicos e informar por meio dos canais internos da empresa (ouvidoria, comitês de ética, etc.)

Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas

Relatar o fato à comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) e ao serviço especializado ou engenharia de segurança e em medicina do trabalho (SESMT)

 O EMPREGADOR

Criar canais de comunicação eficazes e com regras claras de funcionamento, apuração e sanção de atos de assédio que garantam o sigilo da identidade do denunciante

Inserir o assunto em treinamentos, palestras e cursos em geral, assim como conscientizar os trabalhadores a respeito da igualdade entre homens e mulheres

Capacitar os profissionais de recursos humanos e os líderes para enfrentar o problema

Incluir regras de conduta a respeito do assédio sexual nas normas internas da empresa, inclusive mostrando as formas de apuração e punição

Negociar com os sindicatos da categoria cláusula sociais em acordos coletivos de trabalho para prevenir o assédio sexual

 OS COLEGAS

Oferecer apoio à vítima, inclusive na coleta de provas

Disponibilizar-se como testemunha

Procurar o sindicato e relatar o acontecido

Apresentar a situação a outros trabalhadores e solicitar mobilização

Denunciar aos órgãos públicos competentes

Comunicar ao setor responsável ou ao superior hierárquico do assediador

 AO REDOR DO GLOBO

Levantamento da consultoria Gartner mostra como anda o problema em outros países

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 RAIO X

Levantamento feito pela Talenses com 3.215 pessoas mostra como a questão ocorre no ambiente de trabalho. Veja o perfil de quem respondeu à pesquisa

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  É, OU NÃO É?

Os exemplos mais comuns de assédio sexual de acordo com o Senado Federal

  • Piadas ou expressões de conteúdo sexual
  • Contato físico não desejado, solicitação de favores sexuais
  • Convites impertinentes
  • Pressão para participar de encontros e saídas
  • Insinuações ou ameaças, explícitas ou veladas
  • Gestos ou palavras sexuais escritas ou faladas
  • Promessas de tratamento diferenciado
  • Chantagem para permanência ou promoção no emprego
  • Ameaças, veladas ou explícitas, de represálias, como a de perder o emprego
  • Conversas indesejáveis sobre sexo
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ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

CAPITULO 1 – O DIA EM QUE QUASE O ALCANCEI

 

BUSCANDO A DEUS (SALMO 63.8)

Nós pensamos que sabemos onde Deus está. Nós pensamos que sabemos o que O agrada e estamos certos de que sabemos aquilo que O desagrada. Temos estudado tanto a Palavra de Deus e Suas cartas de amor para as igrejas, que alguns de nós alegam saber tudo sobre Deus. Mas, agora, pessoas como você e eu, em diferentes lugares do mundo, estão começando a ouvir uma voz persistente no silêncio da noite:

“Não estou perguntando o quanto você sabe a Meu respeito. Quero lhe perguntar: Você realmente Me conhece? Você realmente Me deseja?

Eu pensava que sim. Pensava que havia alcançado um nível considerável de sucesso no ministério. Afinal, eu havia pregado em algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos. Estava envolvido em obras de alcance internacional, com grandes homens de Deus. Fui à Rússia várias vezes e participei da fundação de muitas igrejas naquele país. Fiz muitas coisas para Deus pensando que era o que deveria fazer.

Mas, em um outono, durante uma manhã de domingo, aconteceu algo que mudou tudo isto e colocou em cheque todos os meus talentos, credenciais e realizações no ministério.

Um velho amigo meu que pastoreava em Houston, no Texas, pediu-me que pregasse em sua igreja. De alguma forma, senti o que o destino estava me preparando. Antes desta chamada, havia brotado em meu coração uma fome que parecia insaciável. Aquele vazio incômodo que perdurava dentro de mim, apesar de minhas realizações ministeriais, ficava cada vez maior. Estava com um frustrante pavor, uma deprimente premonição. Quando recebi aquele convite, senti que algo da parte de Deus me aguardava. Pouco a pouco, sentíamos que estávamos nos aproximando de um encontro com o Pai.

Faço parte da quarta geração de uma família atuante no ministério da Igreja. Mas, para ser honesto com você, eu já estava enfadado de igreja. Estava como a maior parte das pessoas que tentamos atrair aos nossos cultos semanalmente. Elas também estão cansadas da igreja e, por isso, não vêm. Por outro lado, mesmo que a maior parte daqueles que estão em nossas igrejas e em nossas reuniões também possa estar entediada, está, de igual modo, faminta de Deus.

NADA MENOS QUE PROPAGANDA

Você não pode me dizer que as pessoas, quando colocam cristais nos pescoços, gastam dinheiro diariamente para ouvir gurus e contratam médiuns caríssimos, não estejam famintas de Deus.

Elas estão famintas para ouvir algo que esteja além de si mesmas, algo que não estão ouvindo na Igreja hoje. A questão é: as pessoas estão enfadadas da Igreja porque ela tem se portado como mera difusora da Bíblia! As pessoas querem estar ligadas a um poder maior! Sua fome as leva a qualquer lugar, menos à igreja. Elas estão à procura de algo para saciar a fome que lhes corrói a alma.

Ironicamente, mesmo sendo um ministro do evangelho, eu estava sofrendo da mesma fome que aflige aqueles que nunca tiveram um encontro com Jesus! Não me contentava mais em apenas saber sobre Jesus.

Você pode saber tudo sobre presidentes, realezas e celebridades; pode conhecer seus hábitos alimentares, endereço, estado civil. Mas, saber sobre eles não significa ter intimidade com eles, não significa que você os conheça. Na Era da Comunicação, com boatos passados de boca em boca, de papel em papel, de pessoa a pessoa, é possível compartilhar informações sobre alguém sem conhecê-lo pessoalmente. Se você ouvir duas pessoas conversando sobre a última tragédia que se abateu sobre alguma celebridade, ou a última vitória que ela experimentou, pode até pensar que elas conheçam a pessoa de quem estão falando, quando, na verdade, tudo que sabem são fatos a respeito dela!

Por muito tempo a Igreja só tem conhecido fatos sobre Deus. Nós conhecemos “técnicas”, mas não falamos com Ele. Esta é a diferença entre conhecer alguém e saber a respeito dele. Presidentes, realezas e celebridades: posso ter muitas informações sobre eles, mas não conhecê-los, de fato. Se os encontrasse pessoalmente, teriam que ser apresentados a mim, porque o mero conhecimento a respeito de uma pessoa não é o mesmo que uma amizade íntima.

Saber a respeito de Deus não é o suficiente. Temos igrejas cheias de pessoas que podem ganhar qualquer concurso sobre temas bíblicos, mas que não O conhecem. Temo que alguns de nós fomos desviados ou embaraçados, tanto pela prosperidade, quanto pela pobreza. Receio que tenhamos nos tornado uma sociedade tão farisaica, que nossos desejos e vontades não correspondam aos do Espírito Santo.

Se não tomarmos cuidado, estaremos cultivando o “culto ao bem-estar”: satisfeitos com nosso pastor amável, nossa igreja confortável, nosso fiel círculo de amigos, nos esquecendo dos milhares de insatisfeitos, feridos e aflitos que passam por nosso confortável templo todos os dias! Não posso deixar de pensar que, se falhamos até mesmo em tentar alcançá-los com o evangelho de Jesus Cristo, muito sangue foi desperdiçado no Calvário. Isso, de fato, me incomoda.

Tinha que haver algo mais. Eu estava desesperado por um encontro com Deus (o mais íntimo possível).

Depois de pregar na igreja do meu amigo no Texas, voltei para casa. Na quarta-feira seguinte, estava na cozinha, quando o pastor me telefonou de novo e disse: “Tommy, somos amigos há anos e não me lembro de ter convidado alguém para pregar dois domingos consecutivos, mas será que você poderia voltar no próximo domingo?” Concordei. Poderíamos dizer que Deus estava prestes a fazer algo. Estaria o perseguidor agora sendo perseguido? Estaríamos prestes a ser apreendidos pelo que estávamos buscando? (Veja Filipenses 3:12).

O segundo domingo foi ainda mais abençoado. Ninguém queria deixar o prédio após o culto da noite.

“O que devemos fazer?”, meu amigo me perguntou.

“Deveríamos fazer uma reunião de oração na segunda à noite”, eu lhe disse, e acrescentei: “Passaremos todo o tempo orando intensamente. Vamos apurar até que ponto vai a fome das pessoas e ver o que está acontecendo.”

Quatrocentas pessoas se apresentaram na segunda-feira para a reunião de oração e tudo que fizemos foi buscar a face de Deus. Algo, realmente, estava acontecendo. Uma pequena rachadura aparecia no bronze dos céus de Houston. Uma fome coletiva estava clamando por uma visitação.

Voltei para casa. Na quarta-feira, o pastor estava novamente ao telefone me dizendo: “Tommy, você pode voltar no domingo?” Ouvi suas palavras e seu coração. Ele, verdadeiramente, não estava interessado em “minha” volta. O que eu e ele queríamos era que Deus viesse. Ele é um dos nossos, é um caçador de Deus, e estávamos em uma ardente busca. Sua igreja havia estimulado a fome que havia em mim. Eles também tinham sido preparados para esta busca. Havia uma premonição de que estávamos prestes a “pegá-Lo”.

Uma expressão interessante, não é? Pegá-Lo. Realmente é uma expressão impossível. Podemos pegá-Lo assim como o Leste pode pegar o Oeste, eles estão muito longe um do outro.

É como brincar de pega-pega com minha filha. Quando ela chega em casa, após um dia de aula, nós brincamos como tantos outros pais e filhos mundo afora. Ao tentar me pegar, apesar do meu corpo grande e desajeitado, ela não consegue nem mesmo me tocar, porque uma criança de seis anos não pode pegar um adulto. Mas não é este o propósito da brincadeira, porque, alguns minutos depois, ela diz sorridente: “Ah, papai!”.

É neste momento que ela captura não só minha presença, mas, também, meu coração. Então, me volto e não é mais minha filha que está me buscando, agora eu é que corro atrás dela, a alcanço e caímos na grama entre abraços e beijos. O perseguidor torna-se perseguido. Será que podemos pegá-Lo? Literalmente, não, mas podemos pegar Seu coração. Davi fez isso. Se podemos pegar Seu coração, então, Ele se volta e nos busca. Esta é a beleza de ser um caçador de Deus. Você busca o impossível, sabendo que é possível.

Aqueles crentes, em Houston, tinham dois cultos agendados aos domingos. O primeiro culto da manhã começava às 8h30, o segundo, seguido a este, às 11 horas.

Quando voltei, no terceiro fim de semana, senti uma forte unção enquanto estava no hotel, um toque do Espírito, chorei e tremi.

MAL PODÍAMOS RESPIRAR

Na manhã seguinte, entramos no prédio às 8h30 para o culto dominical esperando ver aquela multidão sonolenta com sua adoração desinteressada. Enquanto me encaminhava para sentar na primeira fileira, a presença de Deus já estava naquele lugar de uma forma tão intensa que o ar estava “denso”: mal podíamos respirar.

A equipe de louvor, visivelmente, se esforçava para continuar ministrando. Lágrimas jorravam. Estava cada vez mais difícil tocar. Finalmente, a presença de Deus pairava tão fortemente, que eles não mais conseguiam tocar ou cantar. O dirigente do louvor rompeu em soluços atrás do teclado.

Se houve alguma boa decisão que já tomei na vida, foi a daquele dia. Eu nunca tinha estado tão perto de “pegar” Deus e não iria parar. Então, falei para minha esposa, Jeannie: “Continue a nos conduzir a Ele.” Jeannie sabe como levar as pessoas à presença de Deus através da intercessão e do louvor. Calmamente, colocou-se à frente e continuou a facilitar a adoração e ministração ao Senhor. Não era nada sofisticado, era algo singelo, era a retribuição mais apropriada àquele momento.

A atmosfera me lembrava a passagem de Isaías, capítulo 6, algo que li e até mesmo ousei sonhar que poderia experimentar um dia. Nesta passagem a glória do Senhor encheu o templo. Nunca entendi o que significava a glória do Senhor encher um lugar. Já havia sentido Deus muito próximo, mas daquela vez, em Houston, quando pensava que Deus já estava presente, mais e mais Sua presença enchia o santuário. É como a cauda de um vestido de noiva que, mesmo depois da entrada da noiva na igreja, continua a entrar após ela.

Deus estava lá, não havia dúvidas quanto a isto. Porém, cada vez mais d’Ele continuava entrando no lugar até que, como em Isaías, literalmente, encheu o templo. Algumas vezes o ar ficava tão rarefeito, que se tornava muito difícil respirar. Parecia que o oxigênio vinha em pequenas porções. Soluços abafados percorriam a sala. Em meio a tudo isto, o pastor veio a mim e perguntou: “Tommy, você está pronto para assumir o púlpito?”

“Pastor, estou receoso de subir até lá, porque sinto que Deus está prestes a fazer algo.”

Lágrimas estavam correndo pelo meu rosto quando disse isto. Não temia que Deus me abatesse, ou que algo ruim acontecesse. Simplesmente não queria interferir e afligir a preciosa presença que estava preenchendo aquele lugar! Por muito tempo, nós humanos, permitimos o mover do Espírito Santo até certo ponto. Mas, quando perdemos o controle, logo puxamos as rédeas (a Bíblia chama isto de “apagar o Espírito” em 1 Tessalonicenses 5.19). Por muitas vezes, paramos no véu do tabernáculo.

“Sinto que devo ler 2 Crônicas 7.14, tenho uma palavra do Senhor”, disse meu amigo. Entre muitas lágrimas, balancei a cabeça e disse: “Vá, vá!”

Meu amigo não é um homem dado a expressar seus sentimentos, é essencialmente um homem equilibrado. Mas, quando começou a andar pela plataforma, mostrava-se visivelmente abalado. Naquele momento, tive tanta certeza de que alguma coisa estava prestes a acontecer, que fui em direção à cabine de som no fundo da sala. Sabia que Deus iria se manifestar, só não sabia onde.

Eu estava na primeira fileira, e sentia que algo poderia acontecer atrás de mim ou do meu lado. E eu estava tão desesperado para pegá-Lo, que caminhei para o fundo da sala, enquanto o pastor se encaminhava para o púlpito, dessa forma eu poderia perceber todo o ambiente. Não estava certo do que aconteceria na plataforma, mas sabia que algo iria acontecer. “Deus, eu quero ser capaz de ver o que quer que o Senhor esteja prestes a fazer.”

Meu amigo subiu para o púlpito no centro da plataforma, abriu a Bíblia e, calmamente, leu a arrebatadora passagem de 2 Crônicas 7.14:

“… se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a Minha face, e deixar seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”

Então, ele fechou sua Bíblia, agarrou as bordas do púlpito com as mãos trêmulas e disse: “A palavra do Senhor para nós, hoje, é que paremos de buscar Seus benefícios e busquemos a Ele. Não vamos mais buscar Suas mãos, mas sim a Sua face”.

Naquele instante, ouvi o que parecia ser o eco de um trovão, e o pastor foi, literalmente, tomado e lançado a uma distância aproximada de três metros do púlpito. Quando ele foi arremessado para trás, o púlpito caiu para frente. O belo arranjo de flores, que estava em frente, caiu no chão. Porém, antes que o púlpito batesse no chão, ele já estava partido em dois pedaços. Havia sido partido em dois, como se um raio o tivesse atingido! Naquele instante, o terror tangível da presença de Deus encheu aquela sala. (Nota: O púlpito era feito de um plástico acrílico de alta tecnologia. Este material, segundo os engenheiros, é capaz de suportar milhares de quilos de pressão por metro quadrado).

AS PESSOAS COMEÇARAM A CHORAR E SE LAMENTAR

Rapidamente fui ao microfone do fundo da sala e disse: “Caso você não esteja ciente do que está acontecendo, Deus acaba de se mover neste lugar. O pastor está bem [passaram-se duas horas e meia para que ele pudesse ao menos se levantar, ainda assim com o auxílio dos introdutores. Somente sua mão tremia dando sinal de vida]. Ele vai ficar bem.”

Enquanto tudo acontecia, os introdutores correram para verificar se o pastor estava bem e pegar os pedaços do púlpito. Ninguém, realmente, prestou muita atenção no púlpito partido, pois estávamos muito ocupados com os céus fendidos. A presença de Deus atingira aquele lugar como se fosse uma bomba. As pessoas começaram a chorar e a se lamentar. Eu disse: “Se você não está onde precisa estar, esta é uma boa hora para se reconciliar com Deus.” Eu nunca vira tamanho apelo.

Um tumulto se fez. Pessoas se empurravam. Não esperavam os corredores se esvaziarem. Pulavam os bancos da igreja, homens de negócio arrancavam suas gravatas e estavam, literalmente, amontoados uns sobre os outros, no mais terrível e harmonioso som de arrependimento que eu já tinha ouvido. A simples lembrança disso ainda me causa arrepios. Quando fiz o apelo do culto das 8h30, não tinha ideia de que aquele seria o primeiro dos sete apelos daquele dia.

Quando já era hora de começar o culto das 11 horas, ninguém havia deixado o prédio. As pessoas ainda se encontravam prostradas e, embora não houvesse nenhuma música sendo tocada, a adoração era calorosa e espontânea. Homens maduros dançavam como bailarinos, crianças choravam em manifestação de arrependimento. As pessoas estavam com rosto em terra, ajoelhadas, absortas pela presença do Senhor. Havia tanto da presença e do poder de Deus ali, que as pessoas começaram a sentir uma necessidade urgente de serem batizadas.

Eu assistia às pessoas adentrarem os átrios do arrependimento, e, uma após outra, experimentarem a glória e a presença de Deus enquanto Ele estava ali por perto. Elas queriam ser batizadas e eu estava em dúvida sobre o que fazer. O pastor ainda permanecia no chão. Pessoas vinham até mim e declaravam: “Preciso ser batizado. Alguém me diga o que fazer.” Havia uma quantidade imensa de perdidos que foram salvos, e tudo provocado puramente pelo encontro com a presença de Deus. Não houve sermão nem canções naquele dia – somente o Espírito de Deus.

Duas horas e meia se passaram, e, já que pastor só havia conseguido gesticular um dedo para chamar os anciães até ele naquele instante, os introdutores tiveram que carregá-lo para seu gabinete. Enquanto isso, todas aquelas pessoas me perguntavam (ou a qualquer outro que encontravam) se poderiam ser batizadas. Como um ministro visitante naquela igreja, eu não queria assumir a autoridade de dizer a alguém para batizá-las, então enviei pessoas ao escritório do pastor para verificar se ele autorizaria o batismo.

Eu fazia um apelo após outro e centenas de pessoas vinham à frente. Como, a cada vez, mais pessoas vinham me perguntar a respeito do batismo, percebi, então, que nenhum daqueles que foram ao escritório do pastor retornaram. Finalmente, enviei um pastor assistente já aposentado, dizendo-lhe: “Por favor, descubra o que o pastor quer fazer acerca do batismo, pois ninguém que enviei retornou para me dar uma resposta.” O homem entreabriu a porta e inclinou a cabeça para dentro do escritório. Para sua surpresa, viu o pastor ainda deitado diante do Senhor e todos os que eu havia lhe enviado estirados pelo chão também, chorando e se arrependendo diante de Deus. Então, voltou depressa para me relatar o que tinha visto, e acrescentou: “Vou perguntar-lhe o que pediu, mas, se eu entrar naquele gabinete, pode ser que não volte também”.

BATIZAMOS PESSOAS POR HORAS

Balancei a cabeça concordando com aquele pastor assistente: “Acho que não há problema se os batizarmos.” Então começamos a passar as pessoas pelas águas como um sinal físico de seu arrependimento diante do Senhor. E, por muito tempo, batizamos as pessoas. Mais e mais pessoas continuavam se derramando perante Deus. Como os participantes do primeiro culto ainda estavam lá, havia carros estacionados por todos os lados fora da igreja.

Em um grande terreno vago próximo ao prédio, as pessoas sentiam a presença de Deus tão fortemente, que começavam a chorar sem controle. E, simplesmente, se dirigiam ao estacionamento sem saber o que estava acontecendo. Algumas, ao saírem de seus carros, mal conseguiam andar pelo estacionamento. Outras entraram no prédio somente para cair no chão. Com muito esforço, os introdutores arrastavam aquelas pessoas da porta e as colocavam ao longo do corredor para liberar a entrada. Algumas pessoas conseguiam avançar um pouco para dentro do prédio e outras entravam na sala antes de caírem prostradas em arrependimento.

Alguns, na verdade, se prostravam dentro do santuário, mas, a maior parte não se importava em não achar assentos. Eles se prostravam diante do altar. Não importava, pois não demorava muito para que começassem a chorar e se arrepender. Como eu disse, não houve nenhuma pregação. Nem mesmo música houve na maior parte do tempo. Mas basicamente uma coisa aconteceu naquele dia: A presença de Deus se revelou. Quando isto acontece, a primeira coisa que se faz é o mesmo que Isaías fez ao ver o Senhor no alto e sublime trono. Ele clamou das profundezas de sua alma:

“Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6.5)

Veja bem: no momento em que Isaías, o profeta, servo escolhido de Deus, viu o Rei da glória, o que ele pensava estar puro e santo parecia trapos imundos. Ele estava pensando: Eu achava que conhecia Deus, mas não conhecia nem um pouco d’Ele! Naquele domingo, parecia termos chegado tão perto, quase O pegamos. Agora sei que é possível.

ELES VOLTAVAM BUSCANDO MAIS

As pessoas continuaram enchendo o auditório. Tudo começou com o extraordinário culto das 8h30 naquela manhã. Finalmente, por volta das 16 horas, consegui comer alguma coisa. Então, voltei para a igreja. Muitos nem saíram. Aquele culto matinal de domingo só terminou 1 hora da madrugada de segunda. Nem precisávamos anunciar nossa programação para segunda-feira à noite. Todos já sabiam. Haveria uma reunião, quer anunciássemos ou não. As pessoas voltavam para casa simplesmente para dormir um pouco ou fazer algo, e retornavam buscando mais – nada que viesse de homens ou de suas programações, porém algo que brotasse de Deus e Sua presença.

Noite após noite, o pastor e eu diríamos: “O que vamos fazer?” Na maioria das vezes nossa resposta era previsível: “O que você quer fazer?” O que queríamos dizer era: “Não sei o que fazer. O que Deus quer fazer?” Algumas vezes, tentávamos ter um culto, mas a fome das pessoas rapidamente nos conduzia à presença de Deus e, de repente, ela é que nos tinha\

Escute, meu amigo: Deus não se importa com sua música, suas torres, seus prédios admiráveis. O carpete de sua igreja não O impressiona – Ele é quem forrou os campos. Deus, realmente, não se preocupa com nada do que você possa fazer para Ele. Ele somente se preocupa com sua resposta a uma pergunta: “Você Me quer?”.

CAIA POR TERRA TUDO QUE NÃO PROVENHA DO SENHOR DEUS!

Programamos nossos cultos de uma forma tão rígida e tão pouco profética, que ficamos nervosos se Deus tenta fazer algo que não planejamos. Não podemos suportar a livre presença de Deus em nossas programações por muito tempo, porque Ele poderia “arruinar” tudo. Esta tem sido minha oração: “Faça com que nossos esquemas se desmoronem, Deus, e que caia por terra tudo que não provenha do Senhor!”.

Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: Quando foi que você esteve na igreja e disse: “Vamos esperar no Senhor”? Acho que temos medo de esperar n’Ele, porque não acreditamos que Ele vá se revelar. Tenho uma promessa para você: “… os que esperam no Senhor renovam as suas forças” (Isaías 40.31a). Quer saber por que vivemos fracos como cristãos e não temos tido tudo o que Deus tem para nós? Quer saber por que temos vivido atados aos nossos confortáveis privilégios e não temos tido força para superar nossa própria carnalidade? Talvez, porque não tenhamos esperado n’Ele, para que nos fortaleça. Talvez tenhamos tentado realizar as coisas confiados em nosso próprio poder.

DEUS FEZ DESMORONAR TUDO QUE NÃO PROVINHA D’ELE EM HOUSTON

Não estou tentando fazer com que você se sinta mal. Sei que muitos cristãos e muitos de nossos líderes verdadeiramente se esforçam, mas existe muito mais. Você pode pegar Deus. Pergunte a Jacó! Você verá ruir os esquemas que limitaram o seu caminhar até agora! Você pode pegá-Lo. Nós temos falado, pregado e ensinado sobre avivamento a ponto de saturar a Igreja. É o que tenho feito toda minha vida: preguei o avivamento, ou, pelo menos, penso tê-lo feito.

Deus quebrou nossos esquemas e fez com que tudo ruísse quando Se revelou a nós. Sete noites por semana, por quatro ou cinco semanas seguidas, centenas de pessoas, em cada culto, se enfileiravam em frente ao altar para declarar seu arrependimento e aceitar a Cristo. Elas O cultuavam, esperavam n’Ele e Lhe dirigiam Suas orações. O que aconteceu nos dias dos primeiros cristãos e nos avivamentos mais recentes, estava acontecendo novamente. Então comecei a entender: “Deus, o Senhor quer fazer o mesmo em todos os lugares.” Durante meses a presença de Deus pairou ali.

DEUS ESTÁ VOLTANDO PARA RECUPERAR A IGREJA

Até onde posso dizer, só existe uma coisa que O detém: o Senhor não vai derramar Seu Espírito onde não há fome d’Ele. Ele procura pelos famintos. Ter fome significa não estar satisfeito com a “mesmice”, porque ela nos obriga a viver sem o Senhor em Sua plenitude. Ele só vem quando você está disposto a se voltar totalmente para Ele. Deus está voltando para recuperar Sua Igreja, mas você tem que estar faminto.

Ele quer Se revelar entre nós. Ele quer vir cada vez mais forte, mais forte e mais forte, até que sua carne não seja mais capaz de suportar. A beleza disto é que nem mesmo os perdidos ao nosso redor serão capazes de resistir. Está começando a acontecer. Vejo o dia em que os pecadores mudarão seu rumo nas ruas, estacionarão com olhares confusos e vão bater à nossa porta, dizendo: “Por favor, existe algo aqui, como posso ter isto?”.

O QUE FAZEMOS?

Você não está cansado de tentar distribuir folhetos, bater nas portas e fazer tudo acontecer? Por muito tempo, temos tentado fazer com que as coisas aconteçam. Agora, Deus quer fazer acontecer! Por que você não descobre o que Ele está fazendo e junta-se a Ele? Era isto que Jesus fazia. Ele dizia: “Pai, o que o Senhor está fazendo? É isto que farei”. (Veja João 5:19-20).

Deus quer Se mover com Sua Igreja. Quando foi que você se sentiu tão faminto por Deus, que sua fome o consumiu a ponto de você não mais se importar com o que as pessoas pensassem de você? Eu o desafio a esquecer cada perturbação, cada opinião e pense: O que está sentindo, agora, enquanto lê sobre como Deus tomou estas igrejas? Você está passando por cima disto? O que está embaraçando seu coração? Você não sente o despertar daquela fome que pensou estar esquecida? Quando foi que você sentiu o que está sentindo agora? Levante-se e busque a presença de Deus. Seja um caçador de Deus.

Não estou falando daquela animação típica do louvor e da adoração. Sabemos muito bem como conduzir a música de forma que tudo esteja maravilhoso, o acompanhamento esteja espetacular e tudo pareça perfeito. Mas não é disto que estou falando e não é isso que está causando esta fome em você agora. Estou falando da fome pela presença de Deus. Eu disse “uma fome pela presença de Deus”.

Sem muita cerimônia gostaria de dizer que, na verdade, a Igreja tem vivido por tanto tempo em uma presunção e uma justiça própria que cheira mal diante de Deus. Ele não pode nem olhar para nós em nosso estado presente. Da mesma forma que você ou eu nos sentimos embaraçados em um restaurante ou em um supermercado, quando vemos os filhos de alguém “pintando o sete”, Deus sente o mesmo sobre a nossa justiça própria. Ele está incomodado com nosso farisaísmo. Não estamos “tão juntos” quanto pensamos estar.

O que pode nos mover para o centro do plano de Deus? O arrependimento.

“Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Pois este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” (Mateus 3.1-3.)

O arrependimento prepara o caminho e endireita as estradas do nosso coração. O arrependimento eleva os lugares baixos e rebaixa todos os lugares altos de nossas vidas e das famílias cristãs. O arrependimento nos prepara para a presença de Deus. Na verdade, você não pode viver na presença do Pai sem arrependimento. O arrependimento nos permite buscar Sua presença. O arrependimento constrói a estrada para que você alcance a Deus (ou para que Deus alcance você!). Pergunte a João Batista. Quando ele construiu a estrada, Jesus veio andando.

Este é o ponto fundamental do que tenho para dizer: Quando foi que você disse: “Estou indo para Deus”? Quando foi que você deixou tudo de lado, todas as suas ocupações e correu na estrada do arrependimento para buscar a Deus?

NÃO É UMA QUESTÃO DE ORGULHO, MAS DE FOME.

Eu costumava procurar por grandes multidões e bons sermões para pregar, tentava fazer grandes obras para Deus. Meus esquemas ainda não haviam se desmoronado. Agora, eu sou um caçador de Deus. Nada mais importa. Digo a você, como seu irmão em Cristo, que o amo, mas amo mais a Deus. Não me preocupo com o que outras pessoas ou ministros pensam sobre mim. Estou indo atrás de Deus. Não é uma questão de orgulho, mas de fome. Quando você buscar a Deus com todo seu coração, alma e corpo, Ele se voltará para encontrá-lo e você sairá desta experiência desmoronado aos olhos do mundo.

Aquilo que é bom tem sido inimigo do que é melhor. Eu o desafio agora, enquanto lê estas palavras, a deixar seu coração ser quebrado pelo Espírito Santo. É hora de você santificar sua vida. Pare de assistir ao que você costuma assistir; pare de ler o que você costuma ler, se isto tem lhe tomado mais tempo do que a leitura da Palavra de Deus. Ele deve ser sua maior fome e mais urgente.

Se você está contente e satisfeito, então eu o deixarei, e você pode, seguramente, largar este livro de lado, agora, e nunca mais o incomodarei. Mas se você está faminto, tenho uma promessa do Senhor para você. Ele disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5.6).

NUNCA ESTIVEMOS FAMINTOS

Nosso problema é que nunca estivemos realmente famintos. Temos permitido que as coisas deste mundo preencham nossas vidas e “saciem” nossa fome. Temos ido a Deus semana após semana, ano após ano, simplesmente para que Ele preencha pequenos espaços vazios. Eu digo a você que Deus está cansado de estar em segundo lugar em nossas vidas. Ele está cansado até mesmo de ser o segundo na programação e na vida da igreja!

Tudo de bom, incluindo as coisas que sua igreja local faz – desde alimentar os pobres, resgatar órfãos, até o ensino na Escola Bíblica Dominical – deveria fluir na presença de Deus. Nossa motivação básica deveria ser: “Fazemos isso por causa de Deus, porque isto está em Seu coração.” Se não tomarmos cuidado, podemos ser achados tão envolvidos em atividades para Deus, que acabamos nos esquecendo d’Ele.

Você pode estar sendo tão “religioso”, que nunca será espiritual. Não importa o quanto ore. Perdoe-me por dizer isto, mas você pode estar perdido, sem mesmo conhecer Deus, apesar de manter uma vida de oração. Não me importa o quanto você conheça a Bíblia, ou o que você sabe sobre Deus. Estou perguntando: “Você O conhece!”

Um marido e uma esposa podem fazer coisas um para o outro sem que, realmente, se amem. Eles podem participar do pré-natal juntos, ter filhos, dividir a hipoteca, mas nunca aproveitar o alto nível de intimidade que Deus ordenou e designou que houvesse em um casamento (e não me refiro apenas ao relacionamento sexual). Geralmente, vivemos em um plano abaixo daquele que Deus pensou para nós. Então, quando Ele, inesperadamente, aparece em Seu poder, ficamos chocados. Muitos de nós, simplesmente, não estamos preparados para ver “Sua glória encher o templo”.

O Espírito Santo pode já estar falando com você. Se você mal pode conter as lágrimas, deixe-as correr. Minha oração é que o Senhor desperte, agora, aquela antiga fome que você quase esqueceu. Talvez, tempos atrás, você normalmente se sentia dessa maneira, mas permitiu que outras coisas o preenchessem e tomassem o lugar do seu desejo pela presença de Deus. Em nome de Jesus, liberte-se da religião morta e corra para a fome espiritual neste momento. Eu oro para que você fique tão faminto de Deus, que não se importe com mais nada.

Acho que já vejo uma chama… Deus irá inflamá-la.

Senhor, queremos somente a Sua presença. Estamos tão famintos.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O PROCESSO PSICOSSOMÁTICO DO CÂNCER

Transtornos como estresse, depressão, perda do sentido da vida, individualismo e consumismo ganham um papel mais frequente na sociedade moderna e todos esses fatores levam à desarmonia e desencadeiam a doença

O processo psicossomático do câncer

Ao entrar na realidade da doença do câncer, muitas perguntas surgem, tais como: como o conteúdo do câncer se manifesta? Qual seria a sua origem? Hoje, essa doença tem ocupado e preocupado grande parte da população. Desde pesquisadores da área, médicos a leigos e pessoas com o devido sintoma. O que se percebe é o número crescente de casos. Apesar dos avanços na área, ainda não se conseguiu uma cura definitiva dessa realidade assustadora.

A humanidade na atualidade está passando por vários transtornos. Estresse, depressão, a perda do sentido da vida, individualismo, consumismo e o descartável. Todas essas realidades levam à desarmonia do humano, desencadeando a doença.

O artigo pretende levantar a discussão de uma verdade tão atual e silenciosa como é o câncer. Diante de sua natureza destrutiva, o humano encontra-se sem saída, no vazio de sua existência. Esse sintoma tem uma linguagem e um conteúdo manifesto que necessita ser decifrado e entendido.

A Psicanálise busca um novo entendimento para essa realidade. Olha para a doença para buscar aquilo que está escondido e latente. Ao investigar a sua história, se defronta com o fato de que esse sintoma necessita de um impulso para se manifestar sobre o organismo humano. A atitude analítica surge como ponto de partida frente a essa verdade.

O processo psicossomático do câncer. 2

CONTEÚDO MANIFESTO

A doença psicossomática do câncer tem seu simbolismo e sua linguagem, os quais se manifestam de maneira autodestrutiva no organismo humano. O sintoma do câncer, muitas vezes, nasce de uma realidade de sofrimento, dor, ódio, os quais a pessoa inconscientemente introduziu em sua vida. Como um sinal de que algo não está bem, como afirma Rüdiger Dahlke, “o sintoma é um sinal que atrai a atenção, o interesse e a energia, pondo simultaneamente em risco o fluxo natural dos processos”.

A medicina tem estudado e pesquisado muito diante dessa realidade. No entanto, não se tem chegado à raiz do problema. O que realmente acontece para que o câncer possa se manifestar? Ou, ainda, o que torna essa doença tão fatal? Partindo dessa verdade, Dahlke diz que “a doença é um estado do ser humano que indica que, na sua consciência, ela não está mais em ordem, ou seja, sua consciência registra desarmonia”.

Ao faltar a consciência, o sintoma do câncer começa a se manifestar. A pessoa, na realidade, dá vida e existência para ele. Para o psicanalista Salézio Plácido Pereira, “toda doença, indiretamente, tem uma função simbólica para representar um desejo inconsciente, o corpo é a expressão das sequelas e cicatrizes adquiridas durante a sua existência”.

Nesse caso, o câncer, que em sua essência necessitou da falta de algo para se manifestar. Esse algo foi introduzido pela própria pessoa que a criou, quando lhe faltou a consciência. Assim, podemos entender que ele se manifesta no organismo humano quando a consciência está em falta. Nessa falta, o que se concretiza são as raízes autodestrutivas do câncer. Esse sintoma psicossomático desencadeia uma reação no organismo aniquilando com tudo o que gera a vida.

Não tendo consciência disso, a pessoa vai se apagando, se autodestruindo. No entanto, quando se toma consciência deste, se abre a possibilidade de se livrar dessa realidade de doença e morte.

 ORIGEM DO CÂNCER

Freud, ao estudar os primórdios da Psicanálise, descobriu que os sintomas se manifestam no conteúdo latente. Isto é, aquilo que está guardado e escondido, que ainda não chegou à consciência. O sintoma expressa uma linguagem própria e única, aquilo que está faltando. Ao mergulhar no conteúdo do câncer, depara-se sobre a realidade da sua origem. De que modo e como este se manifesta?

A medicina realiza um diagnóstico sob a etiologia naquilo que já se manifestou, esquecendo-se de entrar no conteúdo emocional de sua origem. A Psicanálise, porém, procura olhar para essa realidade escondida e latente. Quando alimenta-se uma vida de estresse, raiva, depressão, desamor e solidão, o caminho poderá ser a criação de um câncer. Para Bolzan, “tanto a saúde quanto o amor são pilares muito fortes na sustentação do instinto de vida, enquanto que a doença e o ódio são fundações consolidadas no instinto de morte”. Todos esses processos vão introduzir-se no organismo humano, causando alguma alteração em algum órgão.

Quando existem as emoções de raiva e ódio, todo o organismo vai receber essa informação; assim, cada órgão vai sofrer com esse impacto. Não existindo consciência, o sintoma do câncer começa a se manifestar.

Jung usou o termo sombra para designar todos os termos rejeitados, isto é, aquilo que se rejeita tende a se transformar em sombra. “A sombra é o maior perigo para as pessoas, pois elas a têm sem conhecê-la e sem saber que existe”.

A sombra se manifesta mediante a uma realidade que foi rejeitada pela pessoa. O que faz adoecer é a sombra, ir ao encontro da mesma é o processo da cura. Quando se tem consciência daquilo que foi rejeitado, o sintoma começa a perder força sobre o organismo.

 EMOÇÕES E PULSÃO

A Psicanálise procura fazer uma interpretação diante da realidade do câncer. Ao mergulhar no sintoma, busca aquilo que está latente e escondido, para fazer com que se traga à consciência. Os sintomas são recursos que o inconsciente utiliza para manifestar o seu desejo, isto é, denuncia aquilo que a pessoa rejeitou. Para Pereira, “a Psicanálise que estuda a dimensão inconsciente da expressão das emoções e pulsões, o sintoma é a manifestação de uma energia recalcada ou reprimida”.

Ao interpretar esses sintomas, leva a pessoa a entender e compreender o que realmente aconteceu para que o câncer pudesse se manifestar. Para curar uma ferida emocional, é necessário que se tome consciência da realidade dela. Assim, acontece o mesmo com o sintoma do câncer. Ao tomar consciência deste, ao levar a busca do desejo de vida e não de morte, se cria a possibilidade da cura. Uma cura que acontece de maneira gradual, na qual, em análise, o paciente vai ouvindo e entendendo as suas dores.

Na verdade, aquilo que não se consegue expressar por palavras aparece como sintoma. Quanto mais se guardam mágoas, ódio e raiva… são essas emoções que poderão desencadear o sintoma do câncer. Por isso que toda manifestação dele não é fruto do acaso, mas sim de um método que se criou para a sua origem. Quanto mais olharmos para a realidade, nas quais o amor, o afeto e a alegria são o motor imóvel da existência, mais o humano terá uma visão diferente de si próprio.

 O ENFOQUE DA PSICANÁLISE

É no corpo físico que se manifestam os desajustes daquilo que não está bem. Por isso, ao entrar na realidade do câncer, se percebem esse desequilíbrio e desarmonia, que se introjetam sobre o organismo. É no corpo humano que se manifestam as emoções autodestrutivas, ódio, raiva, medo e angústia, que desenvolvem um processo destrutivo, causando, nesse caso, o câncer.

Ao desejar a vida, estão se desejando a biofilia, o amor, a felicidade e a saúde. Ao desejar a morte, se desejam a necrofilia, raiva, inveja, revolta, ódio e a doença. Estes desencadeiam uma reação negativa em cada órgão do corpo. Para Chris Griscom, “não somos apenas um organismo físico concreto. Somos uma tapeçaria viva e dinâmica de diversos corpos entrelaçados para facilitar uma integração de realidades experienciais, sensoriais e dedutivas muito complexas. São os corpos físicos, mental, espiritual e emocional”.

A somatização das doenças no corpo, especialmente o câncer, está condicionada a diversos fatores, tais como modo de vida, estresse, solidão, raiva, ódio, inveja e depressão; são realidades que poderão condicionar o sintoma do câncer. Por isso que “a doença se manifesta nessa circunstância, porque não está havendo o equilíbrio e harmonia no eixo energético do pensar, sentir e agir”.

Como a Psicanálise poderá tratar a doença do câncer? Quando o paciente na clínica vem com esse sintoma, o primeiro passo é buscar a sua origem. O que se quer firmar é que, para desencadear a doença, necessitaram-se de um impulso e um método, este criado inconscientemente pela pessoa. Assim, ao mergulhar nessa realidade, na qual ela se predispuser a fazer um trabalho profundo e buscar no seu inconsciente os motivos que a levaram a criar essa doença, com certeza vai realizar o processo de harmonia e equilíbrio de sua energia psíquica.

Partindo dessa verdade, Maria Margarida M. J. de Carvalho afirma que, “segundo Hunghes (1987), o câncer provavelmente não tem uma única causa, mas uma etiologia multifatorial, isto é, vários fatores precisam operar juntos na mesma pessoa para produzir a doença”.

Assim, é possível entender que o sintoma do câncer necessita de muitos fatores para que possa se manifestar. Como um processo psicossomático, introduz um desejo autodestrutivo sobre o organismo, causando, com isso, o desequilíbrio.

O processo psicossomático do câncer. 3

DESARMONIA

A doença se manifesta quando o humano perde a harmonia. Mas que harmonia? Essa desarmonia seria quando não se tem consciência de si e de sua própria realidade. Quando a consciência está em falta, o sintoma começa a se manifestar. O que equivale é a sua realidade, na qual se elabora um método para criar uma doença. Segundo Dahlke, “essa doença se manifesta no corpo como um sintoma. Então, o que se tem é a comprovação de que algo nos falta. Falta consciência, e, portanto, tem-se o sintoma”.

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DEPRESSÃO

A depressão, muitas vezes, é confundida com uma tristeza profunda. No entanto, quando o sentimento de tristeza se torna intenso, dura períodos longos e interfere decisivamente na vida cotidiana da pessoa, este é o sinal para a procura de ajuda profissional. A depressão já é o mais comum dos transtornos mentais, embora seja tratável. A Organização Mundial da Saúde calcula que, em vinte anos, a depressão ocupará o segundo lugar no ranking dos males que mais matam.

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O CAMINHO DA CURA INTRAPSÍQUICA

Conhecer a veracidade do sintoma do câncer é trilhar um caminho na busca da cura intrapsíquica, isto é, quando o paciente escuta a própria dor, entende e conhece o sintoma. Para que o mesmo possa se manifestar, necessita de um método que a própria pessoa inconscientemente assimilou na essência de cada emoção e pulsão: O que se quer afirmar é que o câncer é um impulso autodestrutivo que nasceu mediante uma emoção que não foi elaborada. Ao conhecer a sua história, o câncer se torna menos agressivo; assim, quando existe a resistência, provoca uma pressão maior levando à proliferação dele. O câncer é um processo que necessita de um trauma emocional para se manifestar. Nesses últimos anos o mundo vem mudando rapidamente. A ciência, a tecnologia, a web e o mundo virtual vêm ganhando cada vez mais espaço. Nessa conjuntura de transformações abruptas e repentinas o humano permanece desorientado. Nesse horizonte de possibilidades, a Psicanálise surge como uma voz e um alerta para a reflexão profunda sobre a doença do câncer, que cresce de maneira apavorante. Não obstante, o desenvolvimento e o cultivo integral do humano partem, antes de tudo, da busca da saúde psíquica-física-emocional, que seja a chave para o contato consigo mesmo e com o Outro.

OUTROS OLHARES

SERVIÇO HARMONIZADO

Nos melhores restaurantes do mundo, uma nova etapa se anuncia: a próxima revolução da comida será no salão, com atendimento, objetos e entrosamento diferenciados

Serviço harmonizado

Está na enciclopédia Larousse Gastronomique: o restaurante, tal qual o conhecemos, com salão, cardápio e garçons, foi inventado em Paris, em 1782, por Antoine Beauvilliers, cozinheiro do futuro rei Luís XVIII. De lá para cá, a arte de cozinhar profissionalizou-se e a nouvelle cuisine francesa e a gastronomia molecular espanhola mudaram o conteúdo e o visual das receitas. Fora da cozinha, porém, tudo continuou relativamente igual desde aquele início da belle époque. “Mesmo na alta gastronomia, o serviço ainda é menos valorizado”, disse Josep Roca, sócio, junto com os irmãos Joan e Jordi, do restaurante espanhol El Celler de Can Roca, o segundo melhor no renomado ranking da revista inglesa The Restaurant. Mas isso está mudando, avisa Roca, com conhecimento de causa – maitre e sommelier, ele é o responsável pela vida fora do fogão na sua casa. “A revolução gastronômica seguinte vai acontecer dentro do salão”, sentenciou o espanhol durante o Nam, no Chile, um dos maiores congressos internacionais da área.

As medidas já em andamento envolvem a forma de servir, com pratos, talheres e copos sob medida para o cardápio, a adoção de práticas sustentáveis e a valorização dos palpites “de fora” na formulação das receitas. “Garçons e maitres são os funcionários mais próximos dos clientes”, observa Roca, que os vê “tão importantes quanto o chef ou mais”. No El Celler, os funcionários têm sessões semanais com um psicólogo, para amenizar a pressão do trabalho. Trata-se de um luxo para poucos, claro, mas o conceito se espalha pelo mundo. No Rio de Janeiro, o Org Bistrô oferece ioga e meditação aos funcionários toda terça-feira, entre o turno do almoço e o do jantar. “É nosso momento de paz no dia a dia corrido. A equipe fica mais unida e preza mais o bem-estar da clientela”, diz a chef Tati Lund.

Designers dedicam-se a criar plataformas inusitadas para servir as receitas. “Além de boa comida e bebida, as pessoas buscam experiências gratificantes”, ensina Roca. No El Celler, um carrinho que lembra um robô da Nasa roda pelo salão servindo sobremesas. A criação foi inspirada na obra do artista cinético holandês Theo Jansen, e em breve um segundo garçom cibernético lhe fará companhia, com a função de oferecer café e chá.

Louças e talheres estão se adequando às criações de cada chef. Na Casa do Porco, em São Paulo, cujo menu degustação custa 125 reais (o do Celler de Can Roca sai por 865 reais), os utensílios usados para servir as nove etapas combinam com os pratos. O torresmo de pancetta com goiabada picante, versão do chef Jefferson Rueda para o clássico torresminho, vem disposto dentro de uma cabeça de porco feita em impressoras 3D. Os próprios garçons, bem treinados e envolvi­ dos no processo, estão mudando de atitude – para melhor.

“A postura servil é coisa do passado. O amplo acesso à informação reduziu muito a diferença cultural entre quem serve e quem come”, diz Gastón Acurio, o principal nome da gastronomia peruana, que também falou sobre a revolução no atendimento. Serviço simpático e bem informado – esse futuro promete, no mais harmonioso dos movimentos da arte de bem comer.

GESTÃO E CARREIRA

O CLUBE DOS UNICÓRNIOS

Com a entrada da Loggi nesse grupo, o Brasil já tem oito startups avaliadas em ao menos 1bilhão de dólares. Elas estão fazendo a revolução não só na tecnologia, mas na maneira de trabalhar

O clube dos unicórnios

No fim do expediente de quarta-feira 5 de junho, petiscos e bebidas foram servidos no andar térreo do prédio na região da Avenida Paulista onde está sediada a startup Loggi, uma plataforma que conecta 25.000 motociclistas para entregas em 36 cidades brasileiras. Enquanto um DJ tocava músicas pop, profissionais garantiam suas selfies dentro de uma piscina de bolinhas em meio a dezenas de balões coloridos. A data havia sido um marco na companhia: fundada em 2013, a Loggi anunciou que, após uma injeção de recursos de investidores liderados pelo japonês SoftBank, se tornara um unicórnio – como é chamada a startup (jovem empresa independente de tecnologia) que atinge valor de mercado de ao menos 1 bilhão de dólares. Para celebrar, a imagem da criatura mitológica se repetia por todo lado, em bonecos infláveis ou em tiaras com chifre usadas pelos funcionários.

Desde que o Instagram deixou o mundo de queixo caído ao ser vendido por exato 1 bilhão de dólares ao Facebook, em 2012, as empresas de tecnologia que atingem essa cifra mítica são comparadas aos cavalos encantados por terem se tornado lendas na selva de empreendedores. Até janeiro de 2018, quando a 99 foi arrematada pela chinesa Didi Chuxing, o Brasil não tinha ouvido falar de representante nesse seleto clube. Hoje, o momento é de efervescência – das mais de 300 representantes de startups bilionárias de que se tem notícia no mundo, oito pintaram aqui desde então. E centenas são candidatas a repetir tal cavalgada. Apenas no ano passado, o país atraiu 1,3 bilhão de dólares em investimentos, distribuídos entre 259 startups, 55% mais que no ano anterior.

Mas e a crise? Bem, para essas organizações, ela por vezes mais ajuda que atrapalha, ao usarem tecnologia para a redução de custos e assim se diferenciarem da concorrência. A cearense Arco Educação, a única não paulista no grupo, é bom exemplo. Criada a partir de um conjunto de escolas de Fortaleza, a empresa oferece hoje um sistema educacional presente em 1.400 escolas brasileiras com fortes componentes de ensino a distância, como videoaulas e livros digitais. O material didático digital sai até 40% mais barato que o físico. Quanto maior o número de alunos que assistem às lições, mais a vantagem aumenta. O grande impulso para a expansão tecnológica foi a entrada, em 2014, do fundo americano General Atlantic, que detém hoje um quinto do negócio. Em setembro, a Arco captou 780 milhões de reais na bolsa eletrônica Nasdaq, pela venda de 25% de suas ações. Com o bolso cheio, comprou em maio o Sistema Positivo por 1,65 bilhão de reais.

Não à toa, a euforia é o que se respira dentro dos escritórios. A estética animada e lúdica (às vezes infantilizada, para os olhares de alguns) é a regra. Geladeiras com cervejas de graça e salas de “descompressão” com tapetes de ioga repetem-se em vários deles, mas existem particularidades. Na Loggi, há um urso de pelúcia de 1,50 metro de altura (apelidado de Loggão) e um boneco sparring no qual os mais estressados podem desferir golpes de boxe. Uma vez por semana, o CEO Fabien Mendez liga seu notebook em uma área comum e os empregados são bem-vindos para falar sobre qualquer tema.

Na sede do iFood, em Osasco, funcionários locomovem-se de patinete de um canto a outro (não é só modinha hipster; o prédio, todo térreo, tem 13.000 metros quadrados) e há vídeos no circuito interno (às vezes, ao vivo) para dividir com todos as novidades. “Tentamos fazer com que a comunicação flua como se ainda estivéssemos em uma garagem”, diz o CEO Carlos Moyses, cofundador de uma das empresas que originaram o iFood. Ex­ entregador de pizza na Austrália, ele passa dez dias por ano na China para se conectar com as inovações.

Para além da originalidade no visual, é na ação que esses negócios buscam transformar o ambiente de trabalho. Tome-se como exemplo a desenvolvedora de aplicativos Movile. Se em companhias tradicionais é incomum que uma mulher seja contratada durante a gravidez, ali sete gestantes ganharam seu crachá nos últimos doze meses. Quando voltam da licença-maternidade, elas são recebidas com foto de seu bebê em porta-retratos e um resumo das decisões importantes tomadas em sua ausência. No Nubank não existem alas específicas dentro do escritório – um engenheiro de software pode sentar­ se ao lado de alguém de recursos humanos; cada um posiciona seu notebook onde quiser. Além disso, é possível levar o cachorro para o expediente e trabalhar na varanda para deixar o pet à vontade (vez ou outra algum bichinho se perde nos nove andares e a turma sai em seu resgate).

Há alguns clichês inescapáveis no discurso dessas empresas: dizer que precisam identificar as “dores” da sociedade (problemas a ser resolvidos) e anunciar uma ”missão” mais charmosa que o simples lucro. A “missão” da Gympass, criadora de um passe que permite frequentar milhares de academias, é “combater o sedentarismo”. Isso é levado a cabo dentro do prédio na Vila Olímpia, e acontecem reuniões que começam com todos suando a camisa de forma literal, em um treino. As reuniões mensais mostram um ranking de empregados que usam com mais frequência o próprio serviço – o CEO da operação brasileira, Leandro Caldeira, costuma aparecer entre os primeiros. Ele acorda diariamente antes das 6 horas e já testou de ciclismo a escalada indoor. Dica de ouro para o participante dos processos seletivos da firma, presente em catorze países (dos Estados Unidos a San Marino): se ganhar um passe livre de um mês do RH, não deixe o brinde de lado (os recrutadores poderão monitorar o uso). Uma regra curiosa da alta gerência é não falar do trabalho de um terceiro se ele não estiver presente.

Estar em uma firma diferentona, claro, não é para todo mundo. “O discurso cheio de propósito, as coisinhas gostosas na geladeira, tudo é usado para fazer com que as pessoas tenham longas jornadas, muitas vezes no fim de semana”, diz um ex-funcionário da 99, que descreve um ambiente (excitante ou extenuante, você decide) de constantes mudanças. Conta ter tido meia dúzia de chefes em um ano. ”No ambiente em que se arrisca mais e se corrige o erro rápido, é necessário preparar­ se para alterar as metas do dia para a noite”. A reportagem ouviu relatos parecidos de trabalhadores dos outros unicórnios. Um engenheiro demitido da Stone por não bater as metas ainda assim recomenda o lugar, pelo acesso fácil à chefia para dar ideias.

De acordo com a consultoria Michael Page, os salários em startups são até 20% maiores que a média de mercado. Interessado? A headhunter Juliana Fiuza, especialista em inovação na Follow Recruitment, indica o caminho: “Essas empresas buscam o perfil criativo, flexível e intraempreendedor”. O último termo designa funcionários que vão além das suas obrigações e agem com cabeça de dono, criando oportunidades.

Os rostos jovens vistos ao redor do escritório não são uma impressão. Na 99, apenas 6% dos trabalhadores têm mais de 40 anos. Nas outras companhias, não é muito diferente. “Isso está relacionado ao uso de tecnologias recentes e de redes sociais, mas há espaço para pessoas mais velhas, especialmente no nível de gerência”, diz Cristina Junqueira, do Nubank, a única mulher entre os fundadores do clube do bilhão (40% de seu time é do sexo feminino; 30% do total é LGBT).

A Movile é uma das mais admiradas pelo dinamismo. Seus oito negócios principais são chamados ali dentro de transatlânticos, maiores e complexos, enquanto os projetos iniciais recebem o apelido de jet skis. “Se o profissional tem uma ideia, vai lá, implanta e apresenta os dados. O jet ski pode tombar quando vem uma onda, depois a pessoa se levanta e corrige a rota”, explica o cofundador Eduardo Henrique Lins, que hoje comanda de Miami a Wavy, braço do grupo de inteligência artificial para a comunicação das empresas com seus clientes. O aplicativo PlayKids, de vídeos e jogos para crianças, presente em 187 países, é um desses barquinhos que cresceram. Nasceu após o naufrágio de vinte tentativas para emplacar uma plataforma segmentada de vídeos, de música sertaneja a comédia stand-up.

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No Brasil, existem cerca de 12.800 startups. Mas, para entrar na elite dos unicórnios, o empreendedor tem de chamar a atenção de investidores em diversas etapas — as contrapartidas vão de sociedade a participação no conselho. Num universo em que mesmo empresas bem estabelecidas podem valer uma fortuna sem dar lucro o potencial é que aguça os apostadores. Lembra-se do exemplo do Instagram, vendido por 1 bilhão de dólares? Seis anos depois, a rede social valia 100 vezes essa cifra. “Olho mais para o sonho e o compromisso do fundador do que para o negócio”, diz Hernan Kazah, que fundou o Mercado Livre em 1999 e hoje investe em novas ideias. “Há muitas replicações com mérito do que é feito no exterior, mas estamos de olho em cases de inovação de abrangência mundial, como foram a Embraer e a Natura”, diz Bruno Rondani, da aceleradora 100 Open Startups.

No Vale do Silício brasileiro, quem quer ser patrão deve ficar de olho em Brasília. Anunciada em 1º de maio pelo presidente Jair Bolsonaro, a medida provisória da liberdade econômica, apelidada de “MP das startups”, prevê incentivos a jovens empresas, como dispensa de alvará na fase inicial. A proposta do governo precisa ser aprovada pelo Congresso até o fim de agosto para virar lei. Para Caio Ramalho, coordenador do MBA de private equity e venture capital da Fundação Getúlio Vargas, os incentivos são bem-­vindos, mas a prioridade deve ser facilitar o fechamento caso a empreitada não dê certo. “Um ambiente saudável de startups existe onde empresas possam nascer e morrer, pois a falha em um negócio pode ser uma lição para o que vem.” Enquanto o oceano burocrático seguir atrapalhando o ciclo de nascimento e morte dos pôneis brasileiros, o país terá menos unicórnios.

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ALIMENTO DIÁRIO

OS CAÇADORES DE DEUS

Os Caçadores de Deus - Tommy Tenney

INTRODUÇÃO

AQUELES QUE BUSCAM A DEUS SEMPRE EXISTIRAM

Desde que Deus existe, existem os que O buscam. A História está cheia de exemplos. O meu é somente um a mais. Histórias desse tipo são como mapas que conduzem ao Santo dos Santos ou a lugares celestiais.

Os caçadores de Deus não se limitam a tempo e cultura. Eles vêm dos mais variados lugares e contextos históricos: desde Abraão, o pastor errante, a Moisés, o gago adotivo, incluindo Davi, o jovem pastor de ovelhas. E, assim, no decorrer dos tempos, os nomes continuam aparecendo, desde Madame Jeanne Guyon, Evan Roberts, William Seymour do célebre avivamento de Azusa Street, até os nossos dias. (Nota do tradutor: O avivamento de Azusa Street aconteceu na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, durante o ano de 1906. Estudiosos relatam que este avivamento foi o mais importante da história do movimento pentecostal americano. O avivamento de Azusa Street foi liderado pelo americano de origem africana, William Seymor, e recebeu este nome porque eclodiu numa velha igreja localizada na Rua Azusa.)

Somente a História pode nos dizer os nomes de todos os caçadores de Deus. Você é um deles? Deus está esperando ser alcançado por alguém cuja fome exceda seu autocontrole.

Os caçadores de Deus têm muita coisa em comum. Primeiramente, eles não estão interessados em se acamparem ao redor de verdades conhecidas por todos, ao contrário: estão sempre atrás da doce presença do Todo-Poderoso. Sua busca pode causar espanto à Igreja, mas, geralmente, os transporta de lugares áridos até o lugar que o Senhor está. Se você é um caçador de Deus, não se contentará em, simplesmente, seguir as trilhas de Deus. Você as seguirá até que apreenda Sua presença.

A diferença entre a verdade de Deus e a revelação de Deus é muito simples. A verdade é onde Deus esteve. A revelação é onde Deus está. A verdade são as trilhas de Deus, Seu rastro, Sua trajetória, mas nos leva aonde? Conduz-nos a Ele. Talvez muitas pessoas fiquem satisfeitas se souberem onde Deus esteve, mas os verdadeiros caçadores de Deus não se contentam em somente estudar Seu rastro ou Suas verdades: eles querem conhecê-Lo, saber onde Ele está e o que Ele está fazendo agora.

Infelizmente, a maior parte da Igreja está como um detetive à procura do lugar onde Deus esteve. Um caçador, por exemplo, pode chegar a muitas conclusões estudando as trilhas de um animal. Ele pode determinar a direção em que está indo, há quanto tempo esteve ali, qual seu peso, se é macho ou fêmea e assim por diante.

A Igreja, hoje, gasta incontáveis horas e muita energia debatendo sobre onde Deus esteve, quão poderosamente Ele agiu quando estava lá e a natureza de Sua operação. Para os verdadeiros caçadores de Deus todas estas coisas são irrelevantes. Eles querem percorrer a trilha da verdade até chegarem ao ponto da revelação, o ponto onde Deus está.

Um caçador de Deus pode ser estimulado por algumas verdades e ficar emocionado em determinar o peso da glória que passou por aquele caminho, ou há quanto tempo foi. Mas é, justamente, este o problema: há quanto tempo foi? Um verdadeiro caçador de Deus não se satisfaz com a verdade passada, ele anseia pela verdade presente. O caçador de Deus não quer apenas estudar o que Deus fez, porém está ansioso para ver o que Deus está fazendo.

Existe uma grande diferença entre a verdade presente e a passada (Veja 2 Pedro 1:12). Temo que muito do que a Igreja tenha estudado seja a verdade passada, e muito pouco do que sabemos seja a verdade presente.

Se você quer reconhecer um verdadeiro caçador de Deus, imagine um cão de caça prestes a encontrar o que procura. Deixe que o caçador de Deus sinta o cheiro da proximidade de Deus e veja o que acontece. Como a Bíblia diz, o cheiro das águas faz com que muitas coisas aconteçam (Veja Jó 14:9). Como cães de caça em uma trilha, os caçadores de Deus ficarão ainda mais agitados quando alcançarem sua presa. E, neste caso, a presa é a presença do Pai.

Tudo que posso dizer é que sou um caçador de Deus. E também o são todos aqueles que têm experimentado encontros com Deus. Por que você não vem se juntar àqueles que buscam a Deus? O que queremos é somente estar com Ele.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O MEDO DO TÉDIO

A impaciência é uma característica da atualidade comprovada em uma pesquisa que revela que estamos perdendo a capacidade de nos entretermos com os próprios pensamentos

O medo do tpedio

Durante toda a minha infância, as férias começavam e terminavam com uma viagem de dez horas. No trajeto até a casa da minha avó, geralmente feito de carro (de ônibus demorava ainda mais), eu me ocupava com os próprios pensamentos, ilustrados pela monótona paisagem que via da janela do banco de trás. Era só o começo de um longo período longe de amigos e de estudos, em que o tempo era lento e permitia o exercício da contemplação, da leitura e de infindáveis conversas interiores. Ficar sem ter o que fazer nunca era um problema.

Hoje nem consideramos fazer uma viagem com crianças sem levar um tablet ou outro eletrônico que as mantenham entretidas por um tempo razoável. Se a viagem for longa, nos precavemos da inquietação dos filhos fazendo download de seus filmes e jogos preferidos – de preferência vários, para não correrem o risco de enjoarem dos recursos. Ganhamos tantas formas de combater e de proteger os filhos contra o tédio que ele se tornou um desconhecido, temido e evitado a qualquer custo.

Desconfiados de que estamos perdendo a capacidade de nos entretermos com os próprios pensamentos, pesquisadores da Universidade de Virgínia fizeram uma série de onze experimentos em que participantes precisavam ficar entre seis e quinze minutos sem acesso a nenhuma distração. Em todos eles, a maioria das pessoas relatou uma dificuldade grande em cumprir a tarefa. Nos experimentos feitos em casa, 32% admitiram ter trapaceado e consultado o telefone ou outro aparelho no período em que deveriam estar sem distrações.

Um dos estudos da série revelou um resultado ainda mais surpreendente e desconcertante. Nele, foi dada aos participantes a opção de apertar um botão enquanto estivessem sozinhos. O resultado desse ato seria um dolorido eletrochoque, que todos precisaram experimentar antes de vivenciar os minutos de tédio. Para surpresa dos pesquisadores, mesmo entre aqueles que, antes do experimento, disseram que pagariam para não sentir novamente o choque, um quarto das mulheres e dois terços dos homens acabaram apertando o botão – alguns inúmeras vezes – para escapar da opção aparentemente mais insuportável de não ter nada para fazer.

O estudo é um exemplo extremo de uma dificuldade que, ao que tudo indica, está se acentuando. O fator que imediatamente associamos a isso é a tecnologia e suas constantes notificações, que nos colocam em alerta e nos oferecem pequenas e contínuas gratificações. Não há dúvida de que os smartphones contribuem para tornar o tédio mais dolorido que um eletrochoque. Mas não são os causa- dores dessa ânsia por estímulos – apenas alimentam esse traço da natureza humana, privando adultos e crianças do exercício muitas vezes desconfortável da introspecção.

O distanciamento das pessoas dos momentos que exigem reflexão e controle sobre os próprios pensamentos e das atividades que demandam um tempo prolongado de atenção concentrada é um fenômeno inegável. Estudos indicam que o tempo de atenção dedicado a informações disponíveis na rede está caindo: entre 2000 e 2015 passou de 12 segundos

para 8.25 segundos, de acordo com Statistics Brain. Atualmente, apenas 4% das visualizações em páginas da internet duram mais de 10 minutos – o tempo razoável para que um texto que se aprofunde um pouco em um determinado assunto seja lido até o fim. Essa impaciência provoca inevitáveis prejuízos na aprendizagem e na produtividade: o mesmo levantamento mostra que, enquanto trabalham em seus escritórios, profissionais checam seus e-mails nada menos que 30 vezes por hora, em média.

Hoje, segundo o neurocientista Daniel Levitin, autor de A Mente Organizada (Editora Objetiva, 2016), absorvemos por dia uma quantidade cinco vezes maior de informações que há trinta anos. Sem a capacidade de selecionar os fatos de acordo com sua relevância e aplicabilidade, de analisá-los, refletir e fazer associações pertinentes, eles se mantêm no campo raso das ideias que não se transformam em conhecimento e que logo são apagadas. Para que tenham destino mais nobre e ajudem a construir sabedoria, as informações necessitam de recursos que a busca frenética por novidades e estímulos está tornando escassos: tempo e atenção.

Sem a prática desconfortável e muitas vezes entediante da reflexão, até mesmo um bom livro pode resultar em um ensinamento superficial e impermanente. Estar sozinho e desligar os aparelhos, meditar, contemplar a natureza ou ficar sem fazer nada são formas de exercitar o domínio sobre os próprios pensamentos e atenção. Mais que preparar a mente para o sucesso na aprendizagem, na realização de tarefas que demandam tempo maior de concentração e na compreensão dos eventos externos, essas práticas nos colocam em contato com o mundo interior. A introspecção pode despertar a dor da melancolia e nos colocar frente a frente com nossas fraquezas e inseguranças, mas sem ela jamais alcançaremos o autoconhecimento – caminho único para a realização pessoal e para o sucesso em qualquer relacionamento.

 

MICHELE MÜLLER – é jornalista, pesquisadora, especialista em Neurociências, Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica estratégias para o desenvolvimento da linguagem. Seus projetos e textos estão reunidos no site www.michelemuller.com.br

OUTROS OLHARES

O MUNDO DAS MARIAS CHUTEIRAS

Figuras folclóricas do imaginário brasileiro, as mulheres que se interessam e se relacionam majoritariamente com jogadores de futebol remetem a histórias curiosas e que podem até inspirar reflexões

O mundo das marias chuteiras

Conquistar um grande craque é o sonho de muitas jovens que vivem atrás dos jogadores de futebol. A sedução muitas vezes é pelo status e pelas regalias que um relacionamento desses pode proporcionar, além de uma fama passageira — mesmo que nas colunas de fofoca. Para os jogadores, cercar-se dessas mulheres que se vestem com roupas curtas e ousadas é um símbolo de prestígio e poder. Em português, o termo constantemente utilizado para se referir a elas é “maria chuteira”, mulheres, em geral jovens, que buscam a todo custo encontros furtivos ou as famosas “escapadas” com os boleiros. Normalmente, saltam de um jogador para outro e não perdem a oportunidade de aparecer aos holofotes com declarações polêmicas ou situações constrangedoras. Todas, sem exceção, querem alcançar a fama às custas de namoricos com celebridades da bola.

A modelo Dani Sperle não esconde que já correu atrás de jogadores de futebol — ela não tem problemas em admitir que já ficou com Adriano ex-Flamengo e Neymar — mas acha que a nomeação de maria chuteira é excessivamente genérica. Ela argumenta que existem também as que se relacionam com músicos ou empresários de sucesso, e que nem por isso possuem um termo específico para designá-las. “Não ligo para profissão, pode ser jogador, empresário ou mecânico. O importante é me identificar com a pessoa”, jura ela.

Existem outras que admitem abertamente que procuram jogadores — inclusive os mais badalados. Andressa Urach já foi uma delas, a ex-concorrente à “Miss Bumbum” foi procurada pelo astro Cristiano Ronaldo, em 2013 quando ele jogava no Real Madrid. O jogador viu algumas fotos dela, e se interessou. Ela viajou para lá com tudo pago, mas a relação foi longe de uma boa experiência, como conta em seu livro “Morri para viver”, publicado em 2015. O encontro entre os dois durou menos de uma hora, no hotel em que o craque estava hospedado. Ela chegou a pedir uma foto com ele após o encontro, mas foi esnobada e ficou trancada no quarto de hotel enquanto esperava por ele. Cristiano era casado com a modelo russa Irina Shayk na época, o que causou um belo rebuliço quando Andressa revelou o encontro para a mídia internacional — que até hoje ele nega que tenha acontecido.

A psicóloga L.Y, que trabalha no meio esportivo há mais de dez anos, conta que os jogadores que saem com muitas “parceiras” podem ter que lidar com um pouco mais de estresse emocional — por causa da repercussão de eventuais namoros midiáticos. “Quando meus atletas falam que estão namorando, eu sempre dou a dica de conhecer melhor a menina, se gosta de verdade e se é alguém que vai te apoiar quando a fase dentro de campo não for boa. É como qualquer pessoa”. Entre as atribuições de uma profissional de psicologia no futebol, está trabalhar a cabeça de um jovem que vai de um salário mínimo para vencimentos na casa dos milhares de dólares quase instantaneamente. “Já tive caso de jogador que vai de um salário de R$ 800 para R$ 25 mil em menos de um mês, qualquer um que não for orientado se perde”, avalia. Esse conceito também vale para as aspirantes a namoradas desses atletas, visto que de uma hora para outra se pode usufruir de um estilo de vida que seria muito mais difícil conseguir por meios de trabalhos convencionais.

O termo maria chuteira carrega consigo alguns julgamentos pré-determinados, como se uma mulher só se interessasse por causa da fama e fortuna que um relacionamento bem sucedido com um jogador de futebol pode proporcionar. Atletas desse esporte muitas vezes vêm de contextos socioeconômicos precários, o que deprecia esses esportistas — “como alguém poderia se apaixonar por um pobretão desses?” — além de transformar as mulheres em meros adornos dos jogadores.

Apesar disso, as boleiras existem e podem ser encontradas em bares e boates frequentados pelos jogadores. Elas mapeiam estrategicamente os points da moda dos atletas e saem literalmente à caça, em busca de minutos de fama e dinheiro. Ao lado de um craque famoso, encontram o caminho mais curto para ensaios sensuais e promoção de carreiras de modelo.

Não se trata de um fenômeno nacional. As marias chuteiras rompem fronteiras. Quando era atleta, o ex-jogador da seleção brasileira Vampeta confidenciou ter levado seis mulheres para a Europa quando jogava na França. Todas bancadas integralmente por ele. “Vou ser sincero. Já levei mulheres para Paris, Milão e Holanda”, disse. Claro que não foram movidas por amor nem por paixão. Os objetivos eram bem pragmáticos: dinheiro, mordomia e fama. Muitos jogadores entram nesse jogo sabendo bem qual partida estão jogando. “É normal atletas que jogam na Europa levarem meninas do Brasil para lá. Anormal é sair um escândalo de estupro”, afirmou o baiano Vampeta

SINAL DE SUCESSO

“Não basta ter um sucesso esportivo, tem que acumular mulheres como sinal de sucesso” avalia Gustavo Andrada, pesquisador do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele conduz pesquisas relacionadas ao esporte “Elas são usadas para medir o talento de um jogador. São como um troféu”, afirma.

Para as mulheres que, ao fim e ao cabo, acabam casando com jogadores de futebol, chamadas de wags, uma mistura de wifes e girlfriends, expressão em inglês para designar quem namora e sobe ao altar com os craques, “maria chuteira” não passa de um rótulo que rebaixa a imagem da mulher e acaba sendo explorado quase sempre por uma ótica machista. Para Gustavo Andrada, o aumento da participação feminina no futebol pode ser um antídoto. Jogando, elas deixam de ser personagens dos bastidores do futebol e passam a ser protagonistas no esporte. A Copa do Mundo Feminina da França, que terá ampla cobertura de canais de TV aberta no mês de junho e julho, vai ajudar nessa transição. “A divulgação maior da Copa feminina, tende a trazer algum questionamento. Não sei se muita coisa, mas alguma coisinha certamente fará”, projeta.

O mundo das marias chuteiras. 2

O CASO ELIZA SAMUDIO

Quando se fala em maria chuteira, é comum lembrar do trágico caso entre o goleiro Bruno (ex-Flamengo) e a modelo Eliza Samudio. Motivado por uma gravidez indesejada, o goleiro ordenou o sequestro dela e do filho em junho de 2010. A investigação concluiu que Eliza foi morta por estrangulamento no sítio do jogador em Ribeirão das Neves. Seu corpo foi esquartejado e nunca encontrado pelos policiais. Bruno foi condenado por júri popular a 22 anos e sete meses de prisão por homicídio, ocultação, sequestro e cárcere privado. Em 2017, o goleiro conseguiu uma liminar para um habeas corpus, assinou contrato com o Boa Esporte Clube, de Varginha e chegou a disputar cinco partidas com o clube. Um mês depois, Bruno teve o direito à liberdade revogado e voltou à cadeia. Em 2019, ele estava exercendo trabalho em regime fechado numa associação de assistência aos condenados em Varginha, e tentaria progressão para o semiaberto, mas foi flagrado com duas mulheres em um bar durante o horário em que deveria estar trabalhando. Assim, ele só poderá pedir a progressão de pena em 2023

GESTÃO E CARREIRA

SUPERMERCADO SEM SAIR DO SOFÁ

Supermercado sem sair do sofá

Como fazer compras nos supermercados é um martírio para uma grande parcela da população, os jovens empresários Bruna Vaz Negrão, de 25 anos, e Fábio Blanco, 26 estão conseguindo multiplicar seus negócios – e atrair investidores – como gente grande. No comando do site Shopper.com.br, que permite ao usuário recompor a despensa sem sair do sofá, eles estão com tudo pronto para expandir as entregas para novas praças, como Campinas (SP) e ABC Paulista. Atualmente, a plataforma atende cerca de 500 bairros da cidade de São Paulo, com preços de 10% e 15%, em média, mais baratos do que os praticados pelas grandes redes supermercadistas, segundo eles. “O problema não está apenas no valor dos produtos, mas na prática comum do varejo de remarcar preços de 200 a 300 itens diariamente, o que torna mais difícil a vida do cliente que busca promoções”, afirma Blanco. Recentemente, a empresa recebeu um aporte de R$ 4.5 milhões de dois grandes fundos. “Estamos negociando diretamente com a indústria para oferecer ainda mais promoções e vantagens para os clientes”, diz Bruna. Apenas para lembrar, a inspiração do casal para criar a Shopper veio de Jorge Paulo Lemann, enquanto eles ainda eram estudantes do lnsper. Em uma reunião com potenciais empreendedores, o bilionário brasileiro sugeriu que todos analisassem com atenção as estratégias das grandes companhias do Vale do Silício. Foi aí que, replicando o modelo de negócio da Amazon, nasceu a empresa.

ALIMENTO DIÁRIO

SEGREDOS DO LUGAR SECRETO

Alimento diário - livro

CAPÍTULO 52 – O SEGREDO DA UNIÃO COM DEUS

 

Há um profundo clamor, no âmago do coração de todo homem, por uma conexão com Deus. Fomos criados para permanecermos em Cristo! É esse clamor por intimidade com Deus que fez com que você lesse este livro. É o mesmo clamor por uma conexão com Deus que encheu o coração da mulher samaritana em João 4, embora ela nem mesmo soubesse como expressar seus anseios. Ela procurou amor nos lugares errados, mas o Mestre viu seu coração e sabia como atraí-lo.

Quando Jesus falou com essa mulher junto ao poço de Jacó e ela percebeu que Jesus era um profeta, imediatamente fez sua primeira pergunta: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” João 4.20). Sua pergunta foi: “Qual é a forma certa de se conectar a Deus – aqui neste monte ou em Jerusalém?”.

Acima de tudo isso, o anseio do coração dela era de ter uma conexão significativa com o coração de Deus. A pergunta sobre o “local” era feita com tanta frequência naquele tempo que ela acabou perdendo a esperança de algum dia se conectar a Deus e sucumbiu a um estilo de vida de flagrante pecado. Mas, apesar de seu estilo de vida pecaminoso e a sensação de impotência de algum dia encontrá-lo, seu coração ainda doía de desejo de se conectar a Deus!

A resposta de Jesus deve tê-la surpreendido. Ela aprendeu que mesmo que estivesse buscando se conectar a Deus, Ele estava, de forma ainda mais ativa, interessado em buscar aqueles que desejavam se conectar a Ele em Espírito e em verdade João 4.23). Jesus a procurou para lhe revelar que o Pai desejava encontrar adoradores como ela!

Deus tem se mostrado muito diferente do que nós pensamos. Ele anseia por nós, em ser um conosco, em ter um mesmo pulsar de coração conosco. Os antigos tinham um termo para descrever essas dimensões superiores de intimidade espiritual, que chamavam de “união com Deus”. Essa é a conexão com Deus pela qual o coração do homem anseia.

Jesus veio para nos tornar um com Deus João 17.21-23). É na união com Deus que encontramos a maior satisfação e, também, a mais gloriosa motivação para explorarmos as profundezas do seu coração ardente.

Deus soprou na alma humana um profundo desejo de união com Ele. Então, nos equipou com o vocabulário para conversar sobre isso quando nos deu o modelo do casamento. Ele disse: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Genesis 2.4). A união do casamento ocorreu para servir de exemplo e nos dar um modelo mental para compreendermos a união espiritual.

Agora, por que um homem e uma mulher jovens decidem se casar?

É por puro romance? Bem, um casal pode ter um romance enquanto namora sem precisar se casar. Eles podem ter amor, intimidade, amizade, companheirismo, comunicação, comunhão – todas essas coisas – e ainda não se casar. Mas estou me referindo ao namoro em sua pureza e inocência. Então por que se casar? Porque embora as pessoas possam usufruir de todos os benefícios mencionados acima concernentes ao namoro puro e íntegro, sem ter necessidade se casarem, há uma coisa que elas não têm. Os casais se casam, essencialmente, para se unirem.

Deus nos deu um grande desejo de união – com o nosso cônjuge e ainda mais com Ele. Sabemos que um dia virá em que todos nos uniremos a Cristo na ceia do casamento do Cordeiro, mas as Escrituras mostram claramente que há dimensões de união com Cristo que estão disponíveis para nós aqui e agora. A plenitude virá depois, mas o que está disponível para nós agora merece nossa busca diligente.

Há um versículo, acima de todos os outros, que me levou a buscar a união com Deus. Ele é tão pouco mencionado e destacado que já o tinha lido várias vezes sem perceber seu real valor. Mas um dia o versículo cresceu para mim em grande proporção: “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele” (1Coríntios 6.17). Segundo o contexto, Paulo está falando da união que acontece através do relacionamento sexual. Sua conclusão é que a união sexual está, de alguma forma, apontando para um tipo de união espiritual que temos com Cristo e que ultrapassa em muito o plano físico/sexual.

Veja o que me chamou a atenção nesse versículo. Ele diz que o Senhor e eu somos um espírito. Quando imaginava uma comunhão espiritual com o Senhor, sempre imaginava dois espíritos separados, como se o espírito dele e o meu estivessem “se beijando”. Mas essa passagem revela que quando estamos unidos a Cristo, deixamos de ser dois espíritos e nos tornamos um. Um espírito com Deus! A ideia é tão fantástica que chega a parecer ilógica ou absurda. Quando me entrego a Cristo, nós dois nos tornamos um.

Cristo em mim, a esperança da glória! Os mais altos céus e a terra não podem conter Deus (Atos 7.49-50), mas de alguma forma Deus criou a alma humana com a capacidade de ser sua habitação. Há algo dentro de nós que é mais capaz de conter Deus do que o Universo. Essa é a forma maravilhosa que Deus nos fez. Posso “ser cheio de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3.19), com a plenitude “daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância” (Efésios 1.23). Os mais altos céus não podem conter Deus, mas o espírito humano pode. Nossa!

Deixe-me ilustrar isso com uma pergunta. Se colocássemos um copo de água pura no oceano, você diria que o oceano está diluído? Não, você diria que o copo de água pura foi totalmente absorvido e perdido na vastidão do oceano. Isso é o que acontece na união com Cristo. Quando me uno a Ele, perco minha identidade no oceano de sua grandeza, e então posso dizer: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Galatas 2.20). Sou um com Ele e minha identidade foi gloriosamente perdida na imensidão de sua majestade e esplendor.

Não estou querendo dizer que nos tornamos Deus. Longe disso. Seremos eternamente os seres criados e Deus será eternamente o Criador. O abismo entre Criador e criatura permanecerá para sempre. Contudo, de alguma forma gloriosa, a criatura se torna um espírito com o Criador, e eles passam a ser unidos com afeições eternas de amor e devoção.

Se este pensamento lhe parece espantoso, saiba que os anjos ficam completamente perplexos com isso. Desde a eternidade passada, existe uma fornalha ardente de amor que foi limitada a três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles têm desfrutado de uma afeição de proporções astronômicas que é tão ardente em sua intensidade e escopo que nenhuma outra criatura ousaria entrar nessa fornalha.

Oh, o amor que atrai o Pai ao coração do Filho e o Espírito Santo ao coração do Pai, e o Filho ao coração do Espírito Santo! E, agora, à medida que os anjos contemplam esse fogo ardente, eles veem a forma de uma quarta criatura andando em meio ao fogo. E essa quarta criatura tem a aparência da noiva de Cristo! A raça humana caída foi elevada à unidade com a Divindade! As ramificações estão além da compreensão até mesmo dos seres mais brilhantes que contemplam diante do trono de Deus.

Somos um espírito com Deus! E tudo o que é necessário é que nos “unamos a Cristo”. Mas o que significa estarmos unidos a Cristo?

A palavra do Antigo Testamento para “unido” tem uma variedade de nuanças em seu significado. Um sentido fascinante da palavra é encontrado em Salmos 63.8: “A minha alma apega-se a ti; a tua mão direita me sustém”. Portanto, a ideia da palavra literalmente é “buscar com a intenção de pegá-lo”. Davi está dizendo: “Senhor, estou buscando-o muito de perto e estou determinado a pegá-lo. E quando eu fizer isso, o agarrarei e nunca o deixarei ir! Ficaremos unidos para sempre!”.

Então, para se unir a Cristo é necessário buscá-lo com intensidade e com a intenção de agarrá-lo. Essa é a busca santa para a qual fomos convidados e é a magnífica obsessão do lugar santo.

Quando penso em estar unido a Cristo e como eu poderia ilustrar esta verdade para você, me remeto ao exemplo de Maria Madalena. Ela representa a noiva de Cristo dos últimos dias que está buscando-o com o desejo de unir-se a Ele. Jesus tinha expulsado sete demônios dela, e porque ela foi perdoada, muito foi amada.

Esse amor ficou evidenciado pela forma como ela chorou na tumba de Jesus e foi a primeira a buscá-lo na manhã da ressurreição. Maria dedicou-se à busca santa, então, quando Jesus se revelou a ela, instantaneamente abraçou os seus pés. Seu coração ansiava por essa união com Deus.

Como Maria, a noiva de Cristo permanece hoje, nos últimos dias, ansiando pela aparição do seu Senhor. “Pai celestial, para onde você o levou? Traga-o para mim e partirei com Ele, pois anseio estar com Ele”. E, da mesma forma que Maria na tumba, estamos procurando, chorando, ansiando, observando. Certamente Ele está voltando para se revelar primeiramente a sua noiva que anseia tanto por Ele! E quando vier pela segunda vez, teremos encontrado Aquele por quem nossa alma anela. Nossa busca estará terminada, pois pegaremos nosso Amado, o agarraremos e nunca mais o deixaremos ir.

Naquele momento, Ele “transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Filipenses 3.21). Essa noiva e esse noivo celestes andarão no corredor da glória juntos e se unirão no matrimônio santo que será celebrado pelo Pai das luzes. Nada jamais nos separará novamente. Não haverá mais choro, nem dor, nem lágrima. O desejo das nações será realizado. E, dessa forma, estaremos para sempre com o Senhor!

Mas até esse dia chegar, me retirarei para o lugar secreto, como a noiva com o coração doente e apaixonada que anseia contemplar o noivo. Eu o buscarei com a intenção de pegá-lo. E exultarei em nosso secreto silêncio – o lugar do mais alto grau de intimidade – pois aqui estou unido a Ele e somos um espírito.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

PRECONCEITO GERA SOFRIMENTO PSÍQUICO

Apesar de ser considerada crime, a manifestação de discriminação, seja geográfica, religiosa, de etnia, aparência ou orientação sexual, ainda é frequente e pode provocar danos graves à saúde

Preconceito gera sofrimento psiquico

Você já imaginou a seguinte cena: uma criança ser chamada de feia, gorda, baixa, magrela, idiota, burra, colorida, chocolate, ferrugem ou gigante? Será que alguém gosta quando recebe uma crítica ferrenha? Certamente que não. E com um adulto é diferente? Também não.

O preconceito é algo danoso à vida humana. Inclusive tido como ato ilegal, um crime. É preciso mudar isso rápido, pois essa situação está tornando o ser humano segregado e infeliz a cada dia que passa.

Em princípio todo ser humano é bom. Não importam cor, aparência, intelecto, religião ou país de origem. E onde fica o amor? Pois é exatamente o amor que nutre a natureza das pessoas. O amor pode curar tudo. A empatia é mãe das emoções positivas. Colocar-se no lugar do outro, sentir o que ele sente é fundamental. Até mesmo no trânsito é possível observar isso. Quem já não deu uma fechada em alguém ou fez alguma “barbeiragem”? Via de regra, se alguém faz isso, já é rotulado de ignorante, ou então surge a indagação: “não vê por onde anda”? Será que não foi só um momento de vacilo, um descuido, um cansaço? E saímos ofendendo um ser humano bom.

Todo mundo nasce amoroso e tem em seus princípios naturais a tendência a se relacionar, fazer amizades e cuidar do outro com carinho, como deseja ser cuidado. Mas o que está acontecendo nesse mundo? Preconceito, disputas, rivalidades, mau humor, brigas, guerras. Por quê?

Porque parece que todo mundo quer o “seu mundo” como prioridade. Escolhe sua religião como a melhor, seu partido político como o melhor, sua cor, seu negócio etc. O ser humano necessita de mais amor e mais alegria. A vida é reabastecida por essa energia maravilhosa. Gentilezas e generosidade podem refazer a energia das pessoas.

O Butão, um país tão pequenino lá no Oriente, preza pelo nível de felicidade interna de sua população, o FIB – Felicidade Interna Bruta. Não pelo Produto Interno Bruto (PIB), como nos outros países, para ver seu desenvolvimento.

A vida de hoje coloca as pessoas numa corrida desenfreada pelo consumo. Todos querem ter algo mais e melhor. Por isso, trabalham mais horas e se dedicam a TER. Deveriam se dedicar mais a SER, como no Butão. A vida seria mais prazerosa e educaríamos as crianças do futuro com mais amor.

Será que ninguém vê que se estão criando crianças para um mal maior, cada vez mais com preconceitos, diferenças, agressividade, falta de amor e guerras? As crianças que se desenvolvem num meio amoroso e que recebem elogios verdadeiros de seus pais e educadores são mais fortes e resilientes às dificuldades do futuro.

A autoestima se baseia no amor próprio. Num primeiro momento ela vem de fora. Vem dos pais que abençoam com seu amor e carinho, que dizem que amam seu filho, que o tratam bem. A criança deve crescer recebendo elogios em suas habilidades, em suas conquistas. Desde a mais básica, como conseguir balbuciar as primeiras palavras, bater palmas, entender o significado das coisas. Isso ainda em seu primeiro ano de vida.

E segue assim. Recebendo elogio porque andou sozinha, comeu com as próprias mãos, tomou banho sozinha, deu o laço no sapato, andou de bicicleta com rodinha, sem rodinha, aprendeu a escrever seu nome etc. Uma criança que recebe elogios e carinho se abastece de autoestima primária. Enxerga a si mesma através do amor e cuidados dos pais. Ela se vê como especial e quer mais elogios. Pois como se abastece dos mesmos, os elogios se tornam o alimento que faz a autoestima crescer.

 AMOR

Quem quiser que seu filho tenha uma vida com mais condições de lutar pelas oportunidades, em meio aos obstáculos, deve cuidar bem dele. Dar amor! O cuidado básico e o elogio verdadeiro criam na criança uma autoconfiança. Ela se vê uma pessoa bacana. Para isso bastam atitudes simples: colocar no colo, falar “eu te amo” sempre, fazer carinho, elogiar as pequenas habilidades conquistadas, mostrar os talentos natos que a criança pequena tenha. O caminho das pedras se baseia no amor e no apreciar.

Uma criança que foi elogiada quando pequena enfrenta muito melhor qualquer adversidade. Ela é mais segura. Ela sabe que pode dar conta das coisas. Em contrapartida, o contrário é significativo. No mundo de hoje, com tantas dificuldades, pais que não têm tempo de cuidar bem de seus filhos, que sofrem de ansiedade, depressão ou coisa pior como poderão abastecer seus pequenos de amor?

Uma mãe deprimida não elogia, não investe em seu filho. Pais muito atarefados podem chegar em casa exaustos e não elogiarem ou até mesmo brigarem com seus filhos pequenos.

Muitas dessas crianças estão expostas a serem cuidadas de forma negligente por pessoas desalmadas, que podem começar a tratá-las mal desde cedo. Ofender, desaprovar e até espancar. Assim, vemos crianças que já crescem ser ter autoestima. Sem estímulo amoroso, sem confiança e na condição sub-humana da falta de cuidados. E, muitas vezes, passam fome, frio, medo, raiva e estão caladas por não encontrarem um meio de se livrarem desse que é, no momento, “o seu protetor”.

Essas crianças ainda não têm defesa, não sabem se libertar dos males que sofrem pelos seus próprios cuidadores. Acabam aprendendo que quem cuida é do mal. E evitam contato, amor e relacionamentos. Aprenderam que cuidador faz mal. Agora, imaginem que essa criança despreparada e sem amor-próprio segue para a escola e é exposta ao preconceito malvado das outras crianças, ou dos professores, de alguém na rua. Como ela vai se defender? O preconceito vira um grande sofrimento psíquico!

Se a vida começa assim, como ficará essa pessoa no futuro? Ela se tornará um agressor, imitando os que um dia a agrediram ou tiveram preconceito, segregando pessoas, formando facções, tomando raiva radical de grupos contrários. Ou se tornará um sofredor, talvez até mesmo sofrer de algum mal psíquico maior, como a depressão ou transtorno de personalidade dissociativo, sofrido por aqueles que foram abusados, agredidos quando pequenos.

É possível observar isso com frequência entre as crianças pobres e abandonadas. Elas se tornam pequenos infratores, vendem drogas, assaltam e não sentem que estão fazendo mal a ninguém. No entanto, acham que estão fazendo justiça contra uma sociedade malvada. Outros se tornarão radicais de grupos extremistas, segregarão pessoas de grupos contrários. Participarão de grupos de opinião muito extremistas, porque aprenderam a ser preconceituosos.

Preconceito gera sofrimento psiquico. 2

DESTRUIÇÃO

As coisas só pioram com a evolução da humanidade. Contudo, sabe-se que essa parte preconceituosa vem desde que o homem existe. Mas, infelizmente, será ela a destruir a espécie humana em breve (daqui a alguns milhares de anos ou agora?!).

Se em contrapartida o amor constrói, o mal destrói. Ter preconceito ajuda muito a aumentar o sofrimento psíquico e o mal-estar da humanidade. Devemos cuidar dos nossos e espalhar a luz do amor. A nova onda é seguir aqueles que ajudam, libertam, trazem paz e amor. Dalai Lama uma vez disse: “Basta uma vela acesa para acender mil outras velas”. Que tal entendermos que o mundo precisa de mais amor e tolerância? Praticar o bem sem saber a quem, isso sim traz muita paz e alegria. Se cada um parasse e refletisse sobre o seu próprio preconceito? O que você discrimina? Quem você trata diferente e mal?

Como você poderia fazer diferente? Aplicando a empatia! Colocando-se no lugar do outro, vendo com outros olhos, estendendo a mão àquele que precisa, sem distinguir preconceitos, apenas lembrando que ele é um ser humano também. Simples, faça o bem!

O sofrimento das pessoas que são perseguidas vem do tempo bíblico, com os judeus perseguidos e fugidos da escravidão do Egito, buscando sua Terra Prometida. Ou em séculos atrás, os negros africanos que foram escravizados por sua cor. E, hoje, os gordos, os homossexuais…

Mas todo mundo é gente! Tem sentimentos e dor. E por que discriminamos tanto? Será uma forma de auto- afirmação de que “sou melhor do que você?” Que pena! Ninguém é melhor do que ninguém, ninguém é pior do que ninguém, nem tampouco ninguém é igual a ninguém. Cada um é único, fagulha divina, filho de Deus, ser iluminado. Mas único e diferente do outro. Somos todos diferentes, mas iguais. Somos seres humanos!

Como se pode ajudar a quem sofre preconceitos? Ensinando as qualidades que essa pessoa tem. Mostrando que cada um tem um dom, talento especial, que pode usar esse dom e levar ao mundo coisas boas. Todo mundo pode seguir sua vida com um propósito maior. Traz sentido à vida, faz o coração saltar de alegria. Muda a energia e faz vibrar.

De certa forma, essa maneira de agir, seguir seus propósitos dando sentido à vida pessoal, com prazer e seguindo seus talentos, torna a pessoa muito mais feliz. A alegria de estar alinhado com algo que o indivíduo pode espalhar ao mundo ilumina o caminho e traz de volta aquela autoestima que um dia foi apagada da vida. Mesmo que nunca tenha existido, à medida que a pessoa consegue realizar tarefas que fazem dar sentido à vida, e o faz com prazer, todos serão mais felizes.

Preconceito gera sofrimento psiquico. 3

NEUROCIÊNCIA

E para finalizar, é importante acrescentar que a Neurociência vem estudando que somos os únicos seres na face da Terra capazes de mudar nossa biologia celular pelo que sentimos e pensamos. As células estão constantemente sendo modificadas pelos sentimentos. Já é sabido que uma grave crise depressiva pode arrasar o sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode trazer mais energia e fortificar as defesas. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e mais longevos.

Para se ter uma ideia, apenas um minuto de raiva ativa o cortisol e baixa o sistema imunológico, e se levam, em média, até seis horas para reequilibrar. Os hormônios do estresse são altamente destruidores e podem acusar, além do mal psíquico, danos irreversíveis ao corpo, como doenças graves e malignas.

O ciclo do sono é interrompido, dorme-se menos e isso será prejudicial à saúde mental e física. Uma pessoa pode deprimir, ter pânico e outras doenças mais pelo estresse. Portanto, é possível imaginar o quanto sofrem aqueles que passam por preconceito diariamente? Qual é a tendência deles de adoecerem?

Para se conseguir uma vida melhor no planeta, é preciso melhorar o amor e a empatia. Que todos possam ter uma vida plena, que o preconceito seja mesmo combatido e que se possa viver com amor e alegria. E Shakespeare, uma vez, disse: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. Por isso, seja mais um a fazer a diferença certa. Quer saber como você estará amanhã? Veja como se sente hoje. O mesmo se aplica ao que fará ao outro. Cuide bem do próximo como a ti mesmo.

OUTROS OLHARES

O SEGREDO DA RESSUSCITAÇÃO

A reversão da morte é um dos grandes desafios da medicina, mas a prática recente mostra que a melhor forma de salvar uma vítima de parada cardíaca é com medidas simples e rápidas

O segredo da ressuscitação

Desde tempos imemoriais são feitas tentativas de reverter a morte. Tentar salvar o próximo é um impulso universal e altruísta do ser humano. Na Bíblia, há uma passagem que narra os esforços do profeta Eliseu para ressuscitar o filho de sua mulher, Sunamita, usando respiração boca a boca. O médico e alquimista Paracelso foi pioneiro, no século 16, na utilização de foles de lareira para introduzir ar nos pulmões de pessoas aparentemente mortas com o objetivo de trazê-las à vida. Hoje em dia, a fórmula de reversão da morte passa por técnicas de compressão pulmonar e por um aparelho chamado desfibrilador externo automático (AED). Se no passado a morte súbita era reconhecida em casos de afogamento, asfixia ou trauma, no mundo contemporâneo sua principal causa é uma parada cardíaca fulminante. “O mais importante na ressuscitação é fazer os procedimentos com simplicidade e prontidão”, diz o cardiologista Sérgio Timerman, diretor do Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (Incor). “É imprescindível dar diagnóstico e atendimento rápidos”.

Hoje, os males que mais provocam paradas cardiorrespiratórias são doenças cardiovasculares, coronarianas, cerebrovasculares e a embolia pulmonar. Diagnosticar a causa da parada aumenta as possibilidades de ressuscitação. Depois que o coração para, as chances da pessoa morrer aumentam 10% a cada minuto que passa. A partir do terceiro minuto, a probabilidade de ficar com alguma sequela é muito grande. “Tempo é vida”, diz Timerman. “Quanto mais a gente complica para fazer a ressuscitação, pior é”. Antigamente, por exemplo, media-se o pulso e agora não se faz mais isso num primeiro atendimento de emergência. Só se buscam dois sinais simples: se a vítima está respirando e se está consciente. Medir o pulso não é função de quem não é médico e a respiração boca a boca tampouco deve ser aplicada por leigos. O importante é reconhecer a parada e iniciar as compressões até que chegue o socorro. “A gente vê pessoas que resistem a uma parada cardíaca por 30, 40 minutos, quando bem atendidas, e ainda conseguem voltar à vida. Mas isso é incomum”, afirma.

CHOQUE ELÉTRICO

Os desfibriladores emitem um choque elétrico que reativa o coração. Embora sejam indispensáveis, eles não são eficientes em todos os casos. Há três situações que levam a um acidente cardiovascular. A mais comum, que representa 60% dos casos, é a fibrilação ventricular, quando o coração passa a bater de maneira caótica e deixa de funcionar como uma bomba. Nesse caso, para reverter o ritmo desordenado, a única maneira é usar um desfibrilador. Outras situações são a assistolia, em que o órgão para de bater e fica sem nenhuma contração, e a atividade elétrica sem pulso, que deixa o coração com os batimentos dissociados. Tanto na assistolia como na atividade elétrica sem pulso, o desfibrilador não tem eficácia. Daí a necessidade de um diagnóstico rápido antes do uso do equipamento.

Segundo Timerman as principais novidades nos processos de reversão da morte estão, na verdade, na pós-ressuscitação e nos procedimentos realizados no hospital. Depois que o paciente se salva, há recursos que devem ser usados para garantir a sobrevivência. O primeiro é a oxigenação por membrana extracorpórea, feita com um aparelho que promove a oxigenação continua do sangue do paciente. Outro tratamento é a hipotermia ou resfriamento da temperatura do corpo, cujo objetivo é preservar as células nervosas.

No Brasil, Timerman estima que haja 280 mil tentativas de ressuscitação por ano e os índices de reversão são baixos. Se um cidadão tiver uma parada cardíaca no meio da rua longe do ambiente hospitalar e sem qualquer apoio técnico, suas chances de sobreviver são de 1%. Mas se o acidente acontecer num hospital ou em um lugar com gente capacitada para lidar com emergências, como o metrô de São Paulo, por exemplo, essa probabilidade pode subir para 30% ou 40%. Em São Paulo existe uma lei desde 2005 que determina a obrigatoriedade de manutenção de um aparelho desfibrilador em locais que tenham concentração ou circulação média diária de pelo menos 1.500 pessoas, mas a adesão à lei deixa muito a desejar. De qualquer forma, o conhecimento sobre a ressuscitação está se disseminando e reverter uma morte que parece certa não é mais um milagre.

O segredo da ressuscitação. 2

GESTÃO E CARREIRA

TER AMIGOS NO TRABALHO PODE AJUDAR SUA CARREIRA

Conheça os prós e contras de fazer amizades no ambiente corporativo e dicas para administrar esses relacionamentos

Ter amigos no trabalho pode ajudar sua carreira

Ter amigos no trabalho ou manter a política da boa vizinhança, sem aprofundar nenhum relacionamento? Essa é uma pergunta que ainda divide opiniões. Uma pesquisa recente liderada pela Comparably mostrou que, de mais de 33 mil trabalhadores em toda a indústria de tecnologia, mais da metade relatam ter grandes amigos na empresa em que trabalham. 

Para a especialista em desenvolvimento humano Susanne Andrade, ter amigos no trabalho pode ser uma experiência vantajosa e positiva, inclusive para o aspecto profissional. “No momento em que a pessoa sabe que tem vínculos no ambiente de trabalho, colegas com quem ela pode criar elos e conexões, ela se sente mais feliz naquele lugar, se entregando mais por gostar dos profissionais que estão ali, e construindo um ambiente de confiança”, explica ela.

Susanne lista alguns prós e contras da amizade no trabalho:

PERTENCER A UM GRUPO

Pesquisas mostram que, depois de contar com comida e abrigo, pertencer a um grupo é uma necessidade humana fundamental. “Considerando que passamos entre 8 e 9 horas diárias no trabalho (sem incluir o tempo de deslocamento), temos muito menos tempo para atender às nossas necessidades sociais fora do trabalho. Quando não estamos trabalhando, estamos lidando com familiares, questões pessoais ou tentando descansar quando podemos”, pontua Susanne.

Nesse sentido, é mais fácil achar amigos no próprio trabalho do que em outras situações e ambientes da vida cotidiana. Mas, segundo a especialista, é preciso ter cautela, pois você pode conhecer o seu “melhor amigo” no trabalho, como também pode fazer uma amizade que possa se tornar prejudicial. “É preciso ter maturidade para separar o que é profissional e o que é pessoal”, comenta.

DIVERGÊNCIAS X AMIZADE

Quando ocorre uma discussão por conta do trabalho, entre amigos, isso pode ocasionar um rompimento daquela amizade. “O certo seria sair do escritório e não misturar a discussão profissional com a vida pessoal, continuar como se nada tivesse acontecido. Mas, aqui no Brasil, é muito comum que as pessoas não saibam separar isso, o que pode causar problemas”, avalia a autora.

CHEFE X AMIGO

Outro ponto importante que Susanne ressalta é que gestores devem deixar a amizade de lado quando tiverem informações que não podem passar para seus funcionários, mesmo que sejam amigos fora do trabalho. “Quando a pessoa não tem maturidade suficiente para separar as coisas, a amizade pode atrapalhar”.

Se existe uma amizade muito grande entre o líder e um colaborador de uma equipe, por exemplo, e surge uma oportunidade de promoção, o líder terá que escolher quem será promovido avaliando o trabalho e não a amizade “É preciso ter um equilíbrio, pois não se pode promover alguém por amizade, e sim pelo merecimento do funcionário. Nesses casos, o foco tem que ser na meritocracia”.

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