A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

OS EFEITOS DA INFIDELIDADE

A traição conjugal se constitui como uma das experiências mais temidas e devastadoras de um relacionamento amoroso. Geralmente traz consequências ao casamento e ao equilíbrio emocional do casal.

Os efeitos da infidelidade

A infidelidade conjugal talvez seja um dos temas mais complexos no âmbito das relações afetivas.

Carregado de intensa reatividade emocional, sofrimento e forte apreciação negativa, tanto no aspecto moral quanto no aspecto religioso, a infidelidade é um comportamento que ocorre com frequência nos relacionamentos amorosos.

No consultório, a infidelidade aparece representada por um turbilhão de sentimentos intensos e desorganizadores. Raiva, tristeza, ciúmes, dor, desesperança, impotência, vergonha, culpa,  mágoa, ansiedade, confusão em relação aos próprios sentimentos e à vida que se construiu, dúvida em relação a si mesmo, sensação de perda de controle, medo de perda do cônjuge, desejo de morrer ou de desaparecer e desejo de vingança são emoções que se misturam.

Desejo de isolamento e de não querer ver o cônjuge alterna-se aos desejos de proximidade e de explicações minuciosas sobre o ocorrido, associado ao medo de perder o cônjuge e todos os projetos e construções que decorrem da união.

A infidelidade conjugal é vivenciada como um trauma sendo comum, na tentativa de nomear, de representar ou de buscar entendi­ mento para essa dor, a equiparação dessa vivência a acidentes e catástrofes ambientais como forma de demonstrar seu potencial destrutivo e desorganizador. Surgem falas como: “de repente, tudo desmoronou” eu vivi um tsunami. “me sinto devastada, parece que vivi um terremoto”.

A fase aguda dessa experiência é caracterizada pela revelação do comportamento de infidelidade e nesse momento tudo é vivenciado de forma intensa e ambivalente, num processo de grande sofrimento, estranhamento de si e do outro. A infidelidade pode ter efeitos negativos no casamento e se constitui como uma das experiências mais temidas e devastadoras de um relacionamento amoroso, podendo levar à ruptura do vínculo.

De acordo com Scheeren, Apellániz e Wagner, as razões para a infidelidade são as mais variadas, podendo-se notar um ponto em comum entre os estudos. A maioria das pesquisas aponta para fatores relacionados à insatisfação com o relacionamento conjugal e/ou com o cônjuge. Ressaltam, ainda, a busca de amor romântico; aspectos relacionados à sexualidade, como busca de novas experiências sexuais ou insatisfação sexual, busca de liberdade e quebra da rotina, infidelidade como uma resposta à traição sofrida e oportunidade ou um contexto próprio à traição.

Na pesquisa realizada por essas autoras, que teve como objetivo conhecer a vivência da infidelidade em homens e mulheres, foram entrevistados 237 sujeitos que referenciaram terem sido infiéis ao companheiro atual, sendo a amostra composta de 106 homens e 131 mulheres com idade entre 21 e 73 anos. Ficou evidenciada similaridade na proporção dos comportamentos de infidelidade entre homens e mulheres, o que demonstrou uma mudança se comparado com os estudos das décadas de 1980 e 1990, que demonstravam que a infidelidade era um comportamento que predominava nos homens. A pesquisa mostrou, ainda, que os homens justificam a infidelidade na busca de novas experiências em relação ao comportamento sexual. Já as mulheres alegam a procura por envolvimento emocional.

O levantamento demonstrou, também, que a motivação do comportamento de infidelidade tem como pano de fundo a insatisfação afetiva, seja com a relação, seja com o companheiro, corroborando com as pesquisas acerca do tema.

Os resultados do estudo apontaram para a necessidade da compreensão da infidelidade como um fenômeno relacional, emergindo daí também a necessidade de um enfoque relacional para o   tratamento dos casais que vivenciam essa experiência.

Entender a infidelidade conjugal e as circunstâncias ao qual ela emerge se torna um desafio para os profissionais que trabalham com casais e requer um olhar sistêmico.

Compreender a infidelidade conjugal, sob o enfoque da abordagem sistêmica, perpassa tanto pela compreensão dos contextos sociais e culturais e como tais contextos influenciam os valores, as crenças e os modelos relacionais vigentes, em cada época. E como requer a compreensão das histórias individuais e familiares de cada cônjuge na busca pela compreensão dos seus modelos afetivos e pela construção de um sentido ou significado para esse comportamento na história do casal. Nessa perspectiva, compreender a infidelidade requer olhar para três pontos de vista: do cônjuge traído, do cônjuge que traiu e para o ponto de vista da relação.

No livro Amar e Trair, Carotenuto propõe refletir sobre tal comportamento usando a perspectiva etimológica e semântica do verbo “trair”.

Na forma reflexiva, o verbo tradere significa “abandonar-se a alguém”, “dedicar-se a uma atividade”. O substantivo correspondente, traditio, significa “entrega”, “ensinamento”, “narração”, “transmissão de narrações”, “tradição”. Note-se que o nomem agentis (nome do agente) traditor significa tanto “traidor” como “quem ensina”.

A reflexão aponta para o caráter ambíguo do significado da palavra e propõe pensar a infidelidade distanciada dos valores morais, religiosos e da conotação negativa que esses valores impregnam. Na perspectiva desse autor, o distanciamento das díades complementares “traidor­traído” e “culpado-vítima” pode apresentar ensinamentos a ambos os envolvidos e à própria relação.

No setting terapêutico, trabalhar a infidelidade conjugal se constitui uma tarefa complexa, dadas as apreciações morais e carregadas de preconceitos acerca desse comportamento, a polarização dos papéis que se estabelecem no triângulo amoroso, os padrões afetivos disfuncionais e, ainda, pelo fato de que o enfrentamento de uma experiência traumática requer um tempo maior de  processamento quando comparado a outras situações clínicas.

Os efeitos da nfidelidade. 2

ABORDAGEM TERAPÊUTICA

O enfrentamento de uma vivência de infidelidade ocorre de maneira gradual sendo considerados três estágios: assimilar o impacto da informação, elaborar a vivência e, por fim, a tomada de decisão ao que se refere manter ou romper com o relacionamento.

O primeiro estágio de enfrentamento está associado à fase aguda da vivência e impõe ao casal assimilar o impacto da descoberta e lidar com os sentimentos negativos que emergem.

Apoio emocional, acolhimento à dor e ao sofrimento e contenção das reações emocionais intempestivas e destrutivas são estratégias de intervenção fundamentais para assegurar o cuidado a todos os envolvidos e, assim, evitar que ocorram situações sem possibilidade de reparação e que venham fragilizar ainda mais o relacionamento.

Negação, instabilidade emocional, ansiedade, desesperança, sintomas, pensamentos somáticos, intrusivos do tipo flashbacks, pesadelos, medo, desmotivação, prejuízo do sono, comprometimento da capacidade funcional são reações naturais e esperadas nesse período de assimilação da informação.

Nessa fase, como o pensamento lógico e a capacidade de reflexão estão comprometidos, é importante que seja constituída uma rede de apoio ao cônjuge magoado como forma de favorecer o restabeleci­ mento do seu equilíbrio emocional e garantir seu autocuidado.

Passada a fase aguda, a elaboração da situação é imprescindível e se torna possível quando o casal apresenta disponibilidade emocional para identificar e compreender os aspectos da relação que culminaram para a existência de conflitos de lealdade.

Se essa tomada de consciência não acontece e a separação passa a ser a única solução para o conflito, é muito provável que, futuramente, essa história seja reeditada, porém com personagens diferentes.

A reedição pode ocorrer, ainda, quando o casal faz a opção pelo esquecimento. Uma característica do comportamento humano é a busca por minimizar eventos dolorosos e desagradáveis. A negação e o não enfrentamento da situação levam à constituição de segredos familiares.

Os segredos estão relacionados a eventos dolorosos de vida e que ocorrem fora das normas sociais e culturais.

Os efeitos da nfidelidade. 3

LEALDADE

A constituição de segredos familiares, frequentemente, ocorre por lealdade ou alianças entre os membros de uma família, com o intuito de assegurar proteção e perpetuação da família. Pode ter em sua base aspectos positivos, mas por outro lado abre precedentes para a repetição de padrões disfuncionais, uma vez que o que é negado permanece obscuro e sem possiblidade de resolução saudável.

A fase de elaboração preconiza a busca de um sentido para a experiência dolorosa, por meio da avaliação e compreensão dos fatores que contribuíram para a instalação do comportamento de infidelidade.

Nessa fase, o diálogo respeitoso e acolhedor, mediado por um terapeuta de casal, torna possível legitimar o sofrimento de ambos os cônjuges nessa vivência e dimensionar as consequências para a relação e para as pessoas envolvidas, considerando filhos, família, amigos, entre outras redes.

O espaço de escuta proposto pela psicoterapia favorece a acomodação dos sentimentos e a reorganização da vivência, agora com a perspectiva do cônjuge que traiu. Isso abre possibilidades para a compreensão, para o perdão e para a reparação de elementos da relação que foram deteriorados, como a confiança e o respeito.

Avaliar o relacionamento, como fazer uma espécie de “radiografia do casamento”, no momento em que se instalou o comportamento de infidelidade, é uma estratégia importante dessa fase de enfrentamento para entender o contexto que conduziu ao relacionamento extra­ conjugal.

Nessa avaliação devem ser considerados elementos estruturantes da dinâmica relacional  do  casal, como: comunicação, respeito e admiração,  amizade, companheirismo, intimidade, qualidade do carinho e do sexo, saúde emocional e humor, existência de afinidades de valores e crenças, capacidade de apoio, habilidades para resolução de conflitos, organização dos papéis e das funções na família, divisão de tarefas, entre outros aspectos considerados importantes pelo casal. A proposta desse exercício pode trazer esclarecimentos dos fatores que motivaram o distanciamento emocional e a deterioração da relação.

Analisar os aspectos não propõe estabelecer uma comunicação acusatória para nomear culpados. Ao contrário, auxilia o casal a identificar comportamentos abusivos, negligências, situações de desrespeito e desligamento emocional para que, assim, possa repensar seus padrões de vinculação e interação, bem como as crenças relacionadas ao amor que alimentam padrões disfuncionais na relação.

A avaliação exige de cada cônjuge a necessidade de reconhecer a sua contribuição nas dificuldades do relacionamento e na configuração do conflito.

Outra estratégia de intervenção importante nessa fase é propiciar o conhecimento do funcionamento emocional de cada cônjuge, auxiliando-os a examinar suas histórias pregressas de relacionamento afetivo e os modelos de relacionamentos vivenciados na família de origem para identificar repetições ou, ainda, a existência de tentativas inconscientes de reparar alguma situação vincular mal resolvida.

Analisar a fase do ciclo vital que o casal se encontra também pode trazer elucidações importantes para entender fatores negativos que influenciaram o comportamento de infidelidade. A presença de eventos imprevisíveis no curso de vida da família, como perda do emprego por um dos cônjuges, uma morte prematura, existência de dúvidas na relação e conflitos de lealdade ou o diagnóstico de uma doença física ou emocional, traz desafios e, por vezes, mobiliza ou acentua conflitos na relação conjugal. As próprias crises normativas do desenvolvimento da família, como a chegada de um filho, também impõem desafios e mudanças adaptativas desencadeando estresse e desajustes na relação do casal.

Fatores externos relacionados a hábitos sociais ou hobbies com frequência significativa de eventos sociais, que estabelecem distância física do cônjuge, uso de bebida alcoólica ou de outras substâncias são fatores que geram oportunidades e, portanto, favorecedores para o comportamento de infidelidade.

Atribuir um significado para a vivência dolorosa, seja simbólico ou concreto, marca o fechamento da fase de elaboração.

Os efeitos da nfidelidade. 4

APRENDIZADO

O processo de autoconhecimento, o entendimento da dinâmica relacional, as possibilidades de aprendizado e as transformações trazidas por meio da infidelidade abrem caminho para seguir adiante com essa vivência ou apesar dela e se configuram como o último estágio de enfrentamento.

Pensar nas repercussões e nos desdobramentos concretos da infidelidade para o relacionamento faz parte dessa fase, que tem como fechamento a tomada de decisão ao que se refere manter o casamento ou optar pela separação.

Toda crise pressupõe mudança e se constitui como ameaça e/ou oportunidade. A crise provocada por uma relação extraconjugal segue essa perspectiva.

A literatura apresenta posiciona­ mentos distintos entre teóricos do tema, quando falamos das repercussões de uma relação extraconjugal.

Pittman, em seu livro Mentiras Privadas, defende a visão de que a infidelidade é contra o casamento e enfatiza as suas consequências disruptivas à relação. As autoras Nabarro e Ivanir reconhecem o caráter devastador e caótico trazido pela infidelidade, mas reconhecem também, nessa situação, um potencial de desenvolvimento para a relação.

Para elas, a ampliação da consciência do casal, para reconhecer partes suas que tenham sido renunciadas ou negligenciadas na relação, abre espaço para que ambos passem a considerar e satisfazer suas próprias necessidades.

Na perspectiva sistêmica, cada situação de infidelidade é única, particular e cumpre funções e efeitos distintos, podendo, em alguns casos, colaborar para a aproximação do casal e, em outros, gerar ansiedade, distanciamento, mudanças não suportadas e ruptura do vínculo.

Para alguns casais, a iminência de ruptura e de dissolução permite refletir as vicissitudes do vínculo e cria a possibilidade de reformulação, produzindo novas maneiras de vivenciar a sexualidade, a atração, a ternura, a confiança e estabeleci­ mento de acordos de fidelidade.

A literatura referência que a marca da infidelidade na história de um casal ativa, em momentos de fragilidade do vínculo, conteúdos imaginários que se conectam com a experiência vivida no passado e cria um estado confusional no cônjuge que foi traído.

Esse fator aponta para a necessidade de precaução e cuidado do vínculo, sendo necessário, por par­ te do casal, buscar estratégias para o fortalecimento do vínculo.

Na perspectiva terapêutica, o elemento essencial para o fechamento do processo de enfrentamento é a construção de um significado para a vivência. Entender a função desse comportamento para a relação confere a ambos os cônjuges conhecer o seu padrão de vinculação e ampliar seu repertório emocional.

Os efeitos da nfidelidade. 5

COMPREENSÃO SOCIOCULTURAL

Da Antiguidade à Idade Média, o casamento, logo, as relações de proximidade e intimidade entre o homem e a mulher, não representava um relacionamento amoroso.

O casamento era restrito à classe social dominante e concebido como um arranjo decorrente das expectativas dos pais dos noivos. Essas alianças familiares tinham como objetivo assegurar a transmissão de patrimônio e poder por herança e a procriação de filhos legítimos.

Nesse cenário, apesar da família e da Igreja exercerem grande interferência na intimidade dos casais, restringindo a vida sexual, tanto dos casados quanto dos solteiros, ao casamento com objetivo exclusivo da procriação, as relações extraconjugais surgiram como forma de dar vazão ou espaço ao desejo, à atração sexual e ao afeto na relação.

Observa-se que, originalmente, no casamento aspectos importantes da relação afetiva, como amor, atração, afeto, paixão, sexualidade e intimidade, não podiam ser vivenciados de forma integrada, necessitando ser destinados a pessoas diferentes.

O sexo, permeado de preconceito, vivenciado como tabu e de forma reprimida, favorecia uma espécie de distinção entre as mulheres na sociedade. De um lado, tínhamos as mulheres que pertenciam à classe dominante e que lhes cabia o papel de “esposa ideal”, às quais estavam destinados os afazeres domésticos, a educação dos filhos e a prática religiosa. De outro lado, tínhamos as “prostitutas” ou a “boa amante”, às quais era permitido o contato sexual mais íntimo, sendo vista como um mero objeto de prazer.

Na década de 1930, a Revolução Industrial colocou o mundo urbano no centro, surgindo assim o fenômeno da migração da massa de trabalhadores para os grandes centros urbanos, em busca de melhores oportunidades e condições de vida. Esse fenômeno abriu espaço para duas novas classes sociais, os em­ pregadores e os empregados. As relações de poder, que na antiga aristocracia se estabeleciam por meio da herança, na sociedade burguesa industrial passam a ser conquistadas, e é a profissão que confere status e espaço social.

Os efeitos da nfidelidade. 6

EXIGÊNCIAS

Essa mudança faz novas exigências às pessoas em relação ao estudo e ao trabalho e, consequentemente, no âmbito das relações afetivas.

Nessa nova organização social, o distanciamento entre o campo e o local de trabalho favoreceu uma fragilidade nos laços com as famílias e comunidades de origem, emergindo novas formas de aproximação entre as pessoas.

O casamento abandona o caráter funcional, pragmático e rígido e passa a ser direcionado pela afinidade entre as pessoas, pelos sentimentos e pelas emoções.

A emergência do capitalismo e da sociedade burguesa favoreceu, também, a descentralização do poder da Igreja e, com isso, diminuiu o alcance e o controle sobre a vida das pessoas, conferindo-lhes maior autonomia e liberdade de escolhas.

Um novo modelo social e relacional é instaurado, e no âmbito das relações afetivas o amor conjugal ganha novos contornos pelo direito de escolha do cônjuge e do consentimento mútuo.

É apenas na Modernidade, embasado pelas influências da ideologia burguesa, que o casamento assume a dimensão afetiva integrando amor, escolha pessoal e sexo na relação conjugal.

Esse modelo de relacionamento trouxe aos casais muitas expectativas acerca do amor e da felicidade conjugal e familiar.

Baseado no amor romântico, esse modelo tinha como premissas: o amor à primeira vista, o amor eterno, a noção de par complementar, a busca de validação de si no outro, a fidelidade, a monogamia e a distinção dos papéis e funções baseados em gênero. Nesse espaço, homem e mulher assumiam o papel de pai e mãe, marido e esposa e masculino e feminino.

Apesar de todas as transformações na conjugalidade, o vivenciar da sexualidade e do prazer, por meio do sexo, era algo, basicamente, dirigido ao homem, dada a sua posição social lhe conceber poder, maior liberdade e trânsito social. À mulher era restrito o ambiente doméstico e religioso, o que dificultava o seu acesso à sociedade.

Logo, esse modelo de amor e sua idealização conduziram homens e mulheres a decepções decorrentes da quebra de expectativas, trazendo um elemento importante a ser considerado e que, mais tarde, se tornaria balizador das relações amorosas: a satisfação.

Ao longo do século XX, diversas transformações foram determinantes para as mudanças nos papéis de gênero e, logo, para as transformações nos padrões relacionais.

Nas décadas de 1970 e 1980, a inserção e a participação da mulher na sociedade ganharam expressão, destacando-se a conquista da autonomia e da independência financeira.

Esses fatores contribuíram para alterar a hierarquização dos papéis de gênero, no qual as relações assumiram uma condição mais igualitária, tanto no espaço social quanto no espaço privado das relações.

METÁFORA

O filme Shirley Valentine representa uma metáfora que traduz a mulher e seus anseios, na década de 1980, em um cenário de repressão sexual, de aprisionamento ao ambiente doméstico e solidão, na busca por transformações e vislumbrando ressignificar seu papel e sua forma de se relacionar afetivamente.

No filme, Shirley, representada por Pauline Collins, é uma dona de casa aprisionada ao papel de esposa, mãe e dona de casa exemplar e submissa ao marido. Joe, representado por Barnard Hill, é um homem rígido e pouco afetivo. O casamento vivido por eles é caracterizado pela falta de atenção, de companheirismo e de carinho por parte do marido.

Solidão e vazio marcam a vida dessa mulher de meia-idade, até que o convite de uma amiga para uma viagem à Grécia leva Shirley a encontrar novos significados para a vida e para sua existência.

No filme, a relação com o amante grego possibilita que Shirley vivencie não somente a satisfação sexual, mas proporciona o contato com seu feminino, esmaecido no papel de dona de casa perfeita, e possibilita repensar suas decisões e escolhas na vida.

Nesse contexto, a relação extraconjugal permanece cumprindo um papel integrador à medida que possibilita que partes renunciadas sejam, agora, consideradas, na forma de se relacionar consigo mesma e com o marido. Em uma de suas reflexões, Shirley expressa: “Eu não me apaixonei por ele. Eu estou me apaixonando pela ideia de viver”.

Na proposta de Carotenuto, Shirley se deu a chance de ser fiel a si mesma e de resgatar partes suas renunciadas pela dedicação ao outro.

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

Deixe um comentário

Tafur

Property Maintenance

Guariento Portal

Seja Bem Vindo ao melhor do Mundo dos Filmes e dos Games.

iamtamanjeet

Writing to Inspire, Motivate, and to help finding Hopes

MyView_Point

Right <> correct of the center

Anthony’s Crazy Love and Life Lessons in Empathy

Loves, lamentation, and life through prose, stories, passions, and essays.

imaginecontinua

Pretextul acestui blog este mica mea colecție de fotografii vechi. În timp s-a transformat în pasiune. O pasiune care ne trimite, pe noi, cei de azi, în lumea de altădată, prin intermediul unor fotografii de epocă.

Antonella Lallo

Lucania la mia ragione di vita

Anaklarah's alive words

Onde as palavras ganham vida própria!

Alex in Wanderland

A travel blog for wanderlust whilst wondering

Site Ovat inspiration message

ovat inspiration message

Yelling Rosa

Words, Sounds and Pictures

EQUIPES ALINHADAS À CULTURA ORGANIZACIONAL

ESTUDO DE CAMPO NO SISTEMA FIEC

Трезвый образ жизни

Трезвый- значит сильный

PIGGY BANK

語学や資格試験に関する記事や、日本や外国を英語で紹介する!