EU ACHO …

O AMOR NOS TEMPOS DE C0VID·19

Resgatemos as cartas, como em “O Amor nos Tempos do Cólera”

Depois de dois meses de distanciamento social, a situação não está fácil para ninguém. Não sou de dourar a pílula, mas hoje me proponho a olhar o que estamos passando de uma perspectiva menos pesada, mais esperançosa. A reclusão a que somos obrigados a obser­var tem estressado a vida de muitas famílias, é verdade. Há notícias de casais se estranhando. Outros registram abalos em seu relacionamento. As circunstâncias, no entanto, não definem os desfechos das histórias, principalmente quando se trata de histórias de amor.

A pandemia me trouxe à lembrança O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez. Não pelo surto em si, mas pelo elogio lírico e irresistível que o escritor faz a um amor improvável, que desabrocha quando nada mais se espera da vida. Cartas e bilhetes permeiam uma relação platônica durante décadas. Pois o amor nos tempos do coronavírus também pode ser surpreendente. Cartas, por exemplo, mesmo que enviadas por meio eletrônico, ajudam a nos aproximar de quem amamos. Ao contrário de um telefonema, são atos de carinho que duram para sempre. Ao contrário de uma mensagem digitada impensadamente, exigem concentração e criatividade.

Se a vida a dois tem lá suas dificuldades em tempos normais, imagine quando o convívio é diuturno. O dia a dia é cheio de armadilhas, e é preciso arte e engenho para desarmá-las. García Márquez escreve que é mais fácil contornar as grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia. Ele tem razão. No livro, conta o caso de uma crise deflagrada por um fato tão irrelevante quanto a reposição de um sabonete.

O amor precisa de cuidados especiais, sobretudo nestes tempos difíceis. É um jardim delicado que deve ser cultivado a cada dia. É um sentimento que deve ser verbalizado. O amor deve até ser bem dosado, para que se evitem a carência e a saturação. O amor não tem receita. Vale a intenção. Às vezes não é preciso muito. Com duas simples velas se faz um jantar inesquecível. Uma roupa adequada — nem chique, nem desleixada — fará seu parceiro se lembrar dos primeiros encontros. E não descuide da trilha sonora. Rod Stewart — o crooner apaixonado, não o roqueiro — não deixa ninguém na mão. As limitações derivadas da pandemia não tiram as escolhas dos casais naquilo que há de essencial. Não podemos ir ao cinema, mas podemos assistir de mãos dadas a uma série na TV, e pouco interessa se a série é boa ou não — o melhor é sempre a companhia. Não podemos visitar amigos queridos, mas podemos dar abraços virtuais e erguer brindes em grupos. E, sim, podemos lhes escrever.

Se o coronavírus nos deu um limão, você já sabe o que deve fazer — e não se esqueça servir a limonada com um toque de classe, talvez naquela jarra que, de tão estimada, nunca foi usada. A pandemia nos coloca ao lado de quem mais amamos e nos faz sentir sob o Céu de Santo Amaro: “Olho para o céu / Tantas estrelas dizendo da imensidão / Do universo em nós / A força desse amor nos invadiu / Com ela veio a paz, toda beleza de sentir / Que para sempre uma estrela vai dizer / Simplesmente amo você”. Cuide-se, leitor!

**LUCÍLIA DINIZ

OUTROS OLHARES

A BUSCA PELO PACIENTE ZERO

A ciência começa a desvendar o início das infecções por coronavírus pelo mundo ao revelar as histórias dos primeiros doentes – Informação crucial para o controle da pandemia

Mudar radicalmente os hábitos de uma população e desenvolver um tratamento eficaz em tempo recorde — o que implica lançar-se à busca inclemente pela vacina — estão entre os grandes desafios na contenção de toda nova pandemia. Há uma terceira ferramenta, contudo, pouco alardeada, mas que mobiliza cientistas globalmente: rastrear o início da transmissão pelo chamado “paciente zero”, termo usado para descrever o primeiro humano infectado por determinada doença viral ou bacteriana. Identificá-lo é atalho para a compreensão de como e quando o contágio aconteceu. “Chegar à origem exata da disseminação nos permite conhecer a real força de um vírus”, diz o epidemiologista Bruno Scarpellini, pesquisador da PUC do Rio de Janeiro. As atenções, hoje, estão voltadas para Wuhan, cidade da província de Hubei, na China, o suposto epicentro do novo coronavírus, logo depois do Natal de 2019. Mais especificamente, olha-se para o bagunçado mercado de animais vivos, hoje fechado por agentes de vigilância sanitária — de onde teria vindo o vírus, passado de um hospedeiro natural, o morcego, para um pangolim, mamífero que vive em zonas tropicais da Ásia e África, até pousar em um humano.

SOLIDÃO

Mary Mallon (1869-1938): a cozinheira irlandesa que ficou conhecida como “Mary Tifoide” foi condenada pela sociedade por ter transmitido a doença para cinquenta pessoas, mesmo sem sintomas. Ela morreria 23 anos depois de ser posta em quarentena, ainda totalmente apartada do cotidiano

Essa é a tese mais aceita, embora Donald Trump, ridiculamente avesso à ciência, espalhe uma informação torta: de que o microrganismo teria sido criado nas bancadas de laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan. O governo de Xi Jinping, em guerra particular com os Estados Unidos, retruca: o Sars-CoV-2 pode ter desembarcado no Oriente levado por soldados americanos durante os Jogos Militares, que a cidade recebeu em outubro de 2019. É briga que vai longe, e que só atrapalha o rastreamento do começo da história. No resto do mundo, há velocidade. Na última semana, a Alemanha, país com mais de 8 000 mortes em decorrência da Covid-19, mas com ampla estrutura de saúde hospitalar e testes em profusão, apresentou os primeiros — e fascinantes — resultados da investigação sobre o momento inaugural do surto no país. A paciente zero trabalha para uma empresa de peças automotivas em Xangai, na China. Ela viajou de Xangai para Munique em 19 de janeiro. Ao chegar à Alemanha, sentiu dores no peito e na coluna e tomou um paracetamol. Teve fadiga durante a estada no país e febre quando voltou para Xangai. No dia 26, já na China, testou positivo. Todos — todos! — que conviveram com ela até então foram monitorados na Alemanha, dos colegas de profissão aos funcionários do hotel onde se hospedou e os taxistas que a transportaram. Ela infectou dezesseis pessoas no país. Algumas delas durante reuniões de trabalho, outra por terem dividido o mesmo computador e outra ainda por ter compartilhado o saleiro, na cantina da empresa.

No Brasil, a história oficial da pandemia começou em 25 de fevereiro, quando um homem de 61 anos se tornou o primeiro a receber o diagnóstico positivo para Covid -19, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele havia chegado, cinco dias antes, de uma viagem de negócios à região da Lombardia, no norte da Itália. Ao deixar o aeroporto, passou no escritório e foi para casa, no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul. No sábado 22, participou de um almoço na residência de um dos filhos com cerca de trinta pessoas, entre amigos e parentes. A família, de descendentes de italianos, se abraçou e se beijou fartamente. Os primeiros sintomas da doença surgiram no dia 23 — dor de garganta, febre baixa, dores musculares, tosse seca e coriza. A persistência dos sinais fez com que desconfiasse que poderia estar infectado com a doença que assolava a Itália. No dia 24 à noite, ele foi ao pronto-socorro, acompanhado da mulher. Os sintomas e o histórico de viagem ao exterior fizeram a equipe médica suspeitar rapidamente de que pudesse estar diante do primeiro caso da nova infecção. O Einstein até então havia feito cerca de trinta exames para Covid-19 em pessoas com situação semelhante, todos negativos. O resultado só seria confirmado no dia seguinte, mas o futuro paciente zero foi encaminhado para casa com a recomendação de isolamento total, com máscaras cirúrgicas e instruções de segurança para evitar contágios no trajeto e dentro de sua residência. O homem levou consigo uma minuciosa apostila com orientações de cautela e proteção.

O MÉDICO NÚMERO 1

Fernando Gatti, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo: o médico agiu rápido ao identificar os sintomas de Covid-19 no primeiro paciente a receber diagnóstico positivo para a doença no Brasil. Ele acompanhou a angústia do infectado com mensagens pelo smartphone

O comunicado positivo para a enfermidade foi feito pelo infectologista Fernando Gatti, por telefone. Ao longo de duas semanas, Gatti trocou mensagens remotamente com o doente ao menos quatro vezes por dia. “Ele teve uma postura tão ou mais relevante que a do hospital porque podia simplesmente não ter procurado um diagnóstico da doença já que os sintomas eram leves”, diz Gatti. Ao menos três pessoas do almoço em família foram infectadas, mas o rastreamento não seguiu muito além. O paciente zero sofreu pressões psicológicas. “Ele ficou mal ao ouvir diversas notícias em que era acusado de ser o responsável pela disseminação da doença”, conta Gatti. O medo da exposição fez com que o empresário evitasse ser identificado publicamente, com receio do rótulo que lhe seria colado. Ressalve-se que, com olhar retroativo, pode não ter sido ele o ponto de partida. Trabalho feito pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, mostrou que o novo coronavírus já circulava no Brasil na primeira semana de fevereiro, vinte dias antes do primeiro caso diagnosticado. A hipótese foi levantada com base no aumento de mortes de pessoas hospitalizadas com graves sintomas respiratórios, hoje associados à infecção.

O receio de mostrar a cara é compreensível. Embora sobejamente celebrada como ferramenta de saúde pública, a identificação do infectado pioneiro arrasta uma imensa indagação ética — por que a corrida pela origem, se ela pode ser sinônimo de estigma? O suposto paciente zero da epidemia de aids nos Estados Unidos, um comissário de bordo canadense, Gaëtan Dugas (1953-1984), perdeu essa dura condição há alguns anos, quando se descobriu que, a rigor, não fora ele o deflagrador de nada — era vítima, e não vetor do vírus. A exoneração de Dugas de sua triste posição histórica, do ponto de vista da medicina, foi anunciada, pelos jornalistas, por parte da liderança homossexual americana e até mesmo pela comunidade científica, como uma “absolvição”. Ele deixou, enfim, de ser “culpado”, na indevida postura de pôr a culpa no doente, e não na doença. O sequenciamento genético de amostras de sangue armazenadas desde a década de 70 revelou que a cepa que infectou Dugas havia circulado entre gays em Nova York por vários anos antes de ele desembarcar nos EUA em 1974. Portanto, embora tivesse tido centenas de parceiros sexuais em várias cidades, Dugas não apresentou o HIV para a América do Norte.

ESTIGMA

Gaëtan Dugas (1953-1984): o suposto paciente zero da epidemia de aids nos Estados Unidos, um comissário de bordo canadense, perdeu essa condição em 2016, quando um estudo mostrou que ele não fora o deflagrador pioneiro do HIV na América do Norte, mas apenas uma das vítimas do vírus

Pôs-se o canadense na ribalta porque, nos primeiros anos da aids, no início da década de 80, houve uma caça às bruxas, hoje inaceitável. Os americanos, assustados, especialmente os preconceituosos, queriam alguém para quem apontar o dedo. Um livro citou Dugas, virou best-seller, e o naco sensacionalista da imprensa não teve dúvida em manchetar, com avidez: “Ele nos deu a aids”. A desmontagem do mito de Dugas ilumina uma questão moral: é correto localizar o primeiro caso de um surto, o paciente zero? Ele deveria ser publicamente nomeado — e difamado — como Mary Mallon (1869-1938), a cozinheira irlandesa que ficou conhecida como “Mary Tifoide” e morreu 23 anos depois de ser posta em quarentena, isolada e acusada de crime? Ou então como o médico Craig Spencer, que pegou ebola por heroísmo, na África, não infectou ninguém e ainda assim foi acusado de pôr em risco Nova York? Não, não deveriam ser expostos, é o que defendem as pessoas corretamente apegadas ao respeito pela dignidade humana. Os epidemiologistas, contudo, precisam identificar o início das epidemias e têm boa dose de razão — chegar ao zero é escudo para deter a disseminação, buscar remédios e desenvolver vacinas. Nada de estigmas. É apenas a ciência trabalhando.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE CONSOLOM PARA A ALMA

DIA 02 DE JUNHO

MEDO DA MORTE

Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).

O apóstolo Paulo estava no corredor da morte, na antessala do martírio, preso numa masmorra romana. Convencido de que a hora do seu martírio havia chegado, em vez de ficar desesperado, escreve para Timóteo com singular lucidez: … estou sendo oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado (2Timóteo 4.6b). No entendimento de Paulo, não era Roma que iria matá-lo; era ele mesmo quem iria se oferecer a Deus em sacrifício. Isso porque, em seu entendimento, a morte tinha três importantes significados, de acordo com o sentido da palavra “partida” em grego:

1) REMOVER O FARDO DAS COSTAS DE UMA PESSOA: para o cristão, morrer é descansar de suas fadigas;

2) DESATAR UM BOTE, SINGRAR AS ÁGUAS DO RIO E NAVEGAR PARA A OUTRA MARGEM: para o cristão, morrer é fazer a última viagem da vida, rumo ao porto divinal;

3) AFROUXAR AS ESTACAS DE UMA BARRACA, LEVANTAR ACAMPAMENTO E IR PARA SUA CASA PERMANENTE: para o cristão, morrer é mudar de endereço, é ir para a Casa do Pai. Paulo não tinha medo de morrer, porque sabia em quem havia crido e para onde estava indo. Não precisamos, de igual modo, temer a morte. Ela já foi vencida. Jesus já tirou o aguilhão da morte. Jesus já matou a morte por sua própria morte e ressurreição. Agora, a morte, o último inimigo a ser vencido, o rei dos terrores, não tem mais poder sobre nós. A morte não tem mais a última palavra.

Tragada foi a morte pela vitória!

GESTÃO E CARREIRA

FIM DE EXPEDIENTE

Reflexo da pandemia, a redução de postos de trabalho começa a preocupar o governo, que busca medidas para convencer as empresas a não demitir mais funcionários

Com os números de casos — e de mortes — decorrentes da pandemia de coronavírus em plena expansão, causa apreensão a perspectiva de uma segunda onda de problemas e instabilidade acometer o país. E tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, não escondem sua preocupação com esse novo cataclismo — não de ordem sanitária, mas sim econômica. Antes mesmo da solução dos distúrbios provocados diretamente pelo vírus na saúde pública, já aparecem os sinais de que o próximo solavanco será tão inevitável quanto foi o desembarque do vírus no país, em fevereiro. Logo que a epidemia engolfou o Brasil, uma série de políticas públicas foi desenhada para mitigar o impacto na economia e principalmente no emprego da população — é o caso das medidas provisórias 927, 936 e 944, que autorizam suspensão de contratos, redução de jornada, remanejamento de férias e até mesmo financiamento da folha de pagamento. Ainda assim, mais de 1,1 milhão de postos de trabalho formais desapareceu em 2020, a imensa maioria no período da pandemia. “O desemprego obviamente deve aumentar, o que é até previsível no momento de crise que vivemos. Mas é importante ressaltar que as medidas provisórias estão em vigor, e as empresas que ainda não as utilizaram podem fazê-­lo”, afirma José Pastore, professor de relações do trabalho da USP.

O impacto da Covid-19 no mercado formal do país ganhou contornos concretos na semana passada, com números referentes ao mês de abril. Os dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), que não eram divulgados havia cinco meses, mostram que as admissões foram 56,5% menores no quarto mês deste ano quando comparadas às de 2019. As demissões, por sua vez, cresceram 17,2% na mesma base de comparação. Ainda integrarão essas cifras, por exemplo, a demissão em massa realizada na companhia Stone, voltada para os meios de pagamento eletrônico e com ações listadas na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York, que dispensou em maio cerca de 1.300 funcionários. É o equivalente a um quinto do total de empregados da empresa, em um reflexo da devastadora queda nas vendas do varejo. Em outro setor também severamente atingido pela crise, o de restaurantes, a rede de churrascarias Fogo de Chão, com cinquenta unidades espalhadas pelo Brasil, Estados Unidos, México e Emirados Árabes, demitiu 436 de sua operação por aqui. Segundo processo do Ministério Público do Trabalho, as demissões chegaram a quase 700. O sumiço das vagas do mercado formal, somado aos 3,7 milhões de brasileiros que atuavam como trabalhadores informais e foram dispensados durante a crise, fez a taxa de desocupação do país acelerar para 12,6%, segundo os cálculos do IBGE.

Desde o início da pandemia até este momento, a equipe econômica tem se empenhado em estancar a sangria causada pela Covid-19. A avaliação interna do ministério é que as ações têm sido bem-sucedidas. Segundo auxiliares do ministro Guedes, mesmo com as dispensas registradas até agora, as MPs, em especial a 936, que autorizou a redução de jornada, ajudaram a poupar 8,2 milhões de postos de trabalho — 21,5% de todas as carteiras assinadas no Brasil. A manutenção de uma renda mínima com o auxílio emergencial — criado originalmente para trabalhadores informais —, por sua vez, beneficiou mais de 50 milhões de brasileiros. O entendimento, contudo, é que o cobertor é curto e não é possível manter tal apoio por tempo indeterminado. Assim, soluções de médio a longo prazo se fazem prementes. Economistas defendem a ideia de que, a fim de evitar uma demissão sem precedentes no mercado formal, é preciso que o governo comece a se movimentar e divulgar o que planeja para os próximos meses. “Há empresas que simplesmente não querem ter um comprometimento financeiro maior do que já têm para pagar aos funcionários”, explica Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas. “Por isso, o processo de dispensa já começou.”

Disposto a dar a volta por cima, Guedes tem sido pressionado por líderes de segmentos importantes da economia. Na Câmara dos Deputados, a frente parlamentar do setor de serviços cobrou planos de ação e recebeu em troca uma explicação ainda vaga sobre como o governo fará para impulsionar a geração de empregos nos próximos meses. Aos parlamentares, o ministro anunciou que será enviada à Câmara uma proposta de reestruturação dos impostos PIS e Cofins, até o fim de junho, e que retomará as discussões da reforma tributária. Ele também prometeu reeditar a medida provisória do emprego verde-amarelo, a qual desonerava a folha de pagamento para a contratação de jovens e idosos, mas que caducou no Congresso. Se de fato as propostas progredirem, será um bom começo. “São temas em que estávamos avançando muito bem, mas que foram adiados por causa da pandemia. A prioridade, a partir deste momento, deve ser retomar o emprego e manter as empresas”, diz o deputado Laercio Oliveira (PP-SE), líder da frente parlamentar.

Antes mesmo da chegada da Covid-19, a questão do emprego e do trabalho já era foco da atenção do governo, que sempre se mostrou disposto a flexibilizar as regras que engessam a criação de vagas no país. Com a pandemia, tal necessidade se mostra ainda mais urgente. Se o sistema de contratações continuar a ser oneroso como hoje, fatalmente, a retomada econômica do Brasil se centrará na informalidade e no subemprego. Como consequência, haverá redução do potencial de crescimento e maior vulnerabilidade da população, que ficará ainda mais dependente de medidas assistenciais a cada intempérie que atingir o país.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

PAPO VAI, PAPO VEM

Pessoas solitárias continuam a buscar parceiros nos aplicativos de paquera e namoro, como o Tinder, não para encontros, hoje impossíveis, mas para longas conversas

Criticadas por aprisionar usuários em suas redes (literalmente) e se tornar um empecilho para as interações frente a frente entre as pessoas, as ferramentas eletrônicas em tempos de pandemia acabaram sendo o instrumento que, ao contrário, aproxima os indivíduos. A constatação se estende inclusive aos sites e aplicativos de relacionamento, e não — ou não só — pelos motivos óbvios. Sem poderem avançar do contato virtual para o encontro ao vivo, como era de praxe, os usuários de Tinder e companhia estão se entendendo nas conversas como nunca antes, trocando impressões não apenas sobre si mesmos, mas sobre a solidão do isolamento, o tédio de não ter o que fazer, a saudade da família — enfim, temas que, no longínquo 2019, dariam unmatch na certa.

A publicitária Carolina Chehade, de 22 anos, relata que, desde março, a cada dez conversas suas no Tinder sete contêm desabafos sobre pessoas que, por exemplo, perderam o emprego ou têm familiares doentes. “Quando me vi sozinha no meu quarto, mesmo com a família em casa e os amigos ao alcance de uma chamada de vídeo, notei que estava precisando do afeto de pessoas que eu não conhecia”, explica. Com uma dessas pessoas, está passando para o segundo estágio possível: a troca de mensagens pelo WhatsApp. O marco da disparada da aproximação social no Tinder se deu no dia 29 de março, menos de três semanas depois de a pandemia ter sido oficialmente confirmada, quando o aplicativo registrou um recorde de mais de 3 bilhões de swipes no mundo. Para os menos familiarizados: swipe é o gesto que o usuário faz na foto de outra pessoa na tela do celular, arrastando-a para a direita quando agradou e para a esquerda quando não. Nunca, nos oito anos de existência da ferramenta, tantos dedos determinaram tantos destinos ao mesmo tempo.

O concorrente Bumble também teve aumento de trânsito (entre 13 de março e 1º de maio, o número de mensagens trocadas semanalmente cresceu 16%), e o motor de todos eles é a solidão que se abate sobre parte da humanidade. “O uso desses aplicativos se tornou uma compensação para a impossibilidade de encontrar pessoas espontaneamente, ao sair na rua”, explica a psicóloga Camila Figueiredo. Quanto mais rapidamente caminha a curva de contágio e maior é o grau de distanciamento social, mais frequentes são as interações. Na Espanha, país especialmente castigado pelo novo coronavírus, uma pesquisa mostrou que o uso do Tinder elevou-se em até 94% entre menores de 35 anos ao longo do primeiro mês da quarentena. Entre 20 de fevereiro e 26 de março, as trocas de mensagens no mundo todo ficaram, na média, 25% mais prolongadas. Usuária do Tinder desde que estava no ensino médio, a estudante de engenharia Thainá Mendonça, de 22 anos, resume a mudança de parâmetros: “Eu não me privo de conhecer pessoas para outros fins, mas hoje, se virar só amizade, não acho ruim”.

Nesse contexto, não apenas a troca de mensagens é agora mais constante e comprida, como também as conversas por vídeo têm se popularizado. Um levantamento realizado em abril pelo site de relacionamento Match.com mostrou que 69% de seus clientes estavam abertos a chamadas de vídeo e mais de 30% tinham a intenção de realizá-las — muito acima dos 6% que usavam essa opção antes da pandemia. No Bumble, onde o video chatting existe desde o ano passado, o número dessas chamadas por semana cresceu 38% entre 13 de março e 1º de maio. O Tinder planeja disponibilizar o vídeo até o fim de junho. A estudante de jornalismo Paula Emanuelle, que já está na fase Whats­App com uma garota que conheceu no Tinder, confirma que a impossibilidade de as duas se encontrarem as obrigou a “ter mais calma e paciência para criar laços”. Ela atesta também a utilidade das chamadas de vídeo no namoro a distância. “Dá até para a gente cozinhar e jantar juntas”, diz.

No mundo das pessoas que vivem separadas de quase todas as outras, as tecnologias de comunicação vêm desempenhando papel fundamental. “Conversar com alguém, não importa onde esteja, ajuda os dois a se sentir um pouco menos sozinhos”, diz Elie Seidman, diretor executivo do Tinder. A plataforma liberou gratuitamente durante o mês de abril o “passaporte”, recurso pago que permite contatar pessoas em toda a parte do globo. O Bumble, por sua vez, abriu o acesso a perfis em qualquer lugar do país do usuário, em vez do raio de 160 quilômetros. “Essas tecnologias têm se mostrado bastante efetivas em estabelecer diálogo entre os indivíduos que se sentiam isolados”, ressalta a historiadora Mirtes de Moraes. Ela levanta, inclusive, uma curiosa questão: “Será que as conversas entre pessoas que dividem o mesmo teto têm sido tão longas quanto os bate-­papos virtuais?”. É de pensar.

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