COISAS DE MULHER
A preocupação com a emoção alheia e a intimidade nas relações tornam o comportamento social feminino mais sofisticado
Nos primeiros anos de vida, meninos e meninas já demonstram diferenças na capacidade de praticar a empatia – aquela sintonia espontânea e natural com as ideias e os sentimentos do outro. Não se trata apenas de reagir a um pequeno número de emoções, como dor ou tristeza; ter empatia significa sentir a atmosfera emocional que se instala em determinadas situações; colocar-se, sem grande esforço, no lugar do outro e administrar com sensibilidade uma interação de forma não invasiva. Nenhuma outra situação é melhor para observamos como as meninas são melhores que os meninos nas artes da empatia como quando estão brincando.
Garotos são mais “físicos” do que garotas quando querem alguma coisa. Exemplo: quando um grupo de crianças recebe um aparelho de projeção de filmes para brincar, os meninos passam mais tempo olhando através do visor, nem que para isso precisem empurrar as meninas. Quando o brinquedo é entregue a um grupo formado apenas por garotas elas em geral recorrem à habilidade verbal para garantir seu espaço. Em vez de forçar, negociam e convencem. Isso demonstra que, em geral, as meninas se preocupam mais com a divisão justa e, mesmo quando uma delas é movida por interesse próprio, usa a leitura mental para manipular o outro, para obter o que quer.
Outro exemplo: deixe as crianças brincarem à vontade com aqueles carrinhos grandes que elas mesmas podem guiar. Em pouco tempo os meninos começam a se chocar uns contra os outros. As garotas, quando têm a chance de participar, dirigem com muito mais cuidado, evitando ao máximo atingir alguém. A esse comportamento masculino a psicóloga americana Eleanor Maccoby chamou rough-bousing (bagunceiro, baderneiro, em tradução livre). Segundo ela, a arruaça dos meninos não quer dizer, porém, que eles sejam mais ativos. As garotas apresentam o mesmo nível de atividade em outros tipos de brincadeiras.
Maccoby também deixa claro que o rough-bousing não deve ser entendido como agressão, mas como experimentação lúdica da resistência do outro. O estilo masculino de brincar pode ser muito divertido quando o outro garoto também gosta. Porém, se a brincadeira machuca ou incomoda, apenas um garoto com pouca empatia insistiria em continuar. Já as meninas tendem a reagir de modo muito diferente. Se o inconveniente ocorrer uma vez, ela pode até não se importar, mas se houver repetição, ela acaba se desligando da atividade. É claro que lutas “de mentira” nem sempre são brincadeiras. Às vezes podem ser para valer, não com agressão explícita, mas com muita ameaça e conflito. Comparativamente, os meninos costumam praticar muito mais esse comportamento e, surpreendentemente, as diferenças entre os sexos podem ser observadas já a partir dos 2 anos de idade.
NAS FÉRIAS
Conhecer os estudos do antropólogo Ritch Savin-Williams, feitos num acampamento de férias para adolescentes, é uma ótima oportunidade para ver as diferenças entre os sexos sob uma potente lente de aumento. Ao chegar ao acampamento, os jovens foram separados em cabanas conforme sexo e idade. Como esperado, logo se estabeleceram hierarquias de dominação. Algumas das táticas empregadas eram similares em grupos masculinos e femininos: exposição ao ridículo, apelidos, comentários maliciosos, entre outras. Tal comportamento hostil tinha um papel social: os que alcançavam posições mais elevadas na hierarquia de dominação conseguiam mais controle sobre o grupo.
Assim, a conclusão realista e inquietante que podemos tirar daí é que a agressividade leva as pessoas a posições sociais mais altas e lhes dá mais poder e controle. Os adolescentes que se destacaram como líderes tinham mais influência sobre as atividades do grupo, eram os primeiros a escolher onde dormir e recebiam uma segunda porção de refeição antes de todos os outros. No que diz respeito, porém, às táticas usa das para ascender socialmente, as semelhanças entre os sexos acabam exatamente aí, onde começam as diferenças.
Primeiro, vamos dar uma olhada na cabana dos garotos. Em alguns grupos, certos rapazes faziam a primeira investida pela dominação social nas primeiras horas depois da chegada. Ridicularizavam e atormentavam fisicamente suas ”vítimas” na frente dos outros. Imagine um deles desfazendo a mochila, já com certa saudade de casa, lendo um cartão carinhoso deixado pela mãe. De repente, surge um outro que lhe dá um empurrão e o insulta. Pela perspectiva do intimidador, foi enviada uma mensagem clara a toda a cabana: ele é o chefe. Pela nossa perspectiva de observadores, seria razoável pensar que aquela intimidação significa empatia reduzida.
Agora é hora de espiar através das cortinas para ver o que acontece num a cabana feminina. Elas esperaram pelo menos uma semana para começar a estabelecer suas táticas de dominação. Ser “legal” e criar amizades eram prioridades nos primeiros dias de convivência. Mesmo quando algumas começavam a sinalizar que estavam no controle, faziam isso, na maioria das vezes, por meio de estratégias sutis – uma eventual ironia ou desatenção. Exemplo: a garota dominante simplesmente ignora os comentários e sugestões de outra de status inferior. A desatenção e a exclusão social são meios poderosos de controle. Quem recebe pouca ou nenhuma atenção se sente sem importância, invisível.
O modo como as garotas estabeleciam verbalmente a dominação era, em geral, indireto. Em certa ocasião, uma sugeriu a outra que “pegasse o guardanapo e limpasse o rosto, que estava sujo de comida”. A atitude aparentemente cuidadosa na verdade chamou atenção para a falta de jeito da colega. Se fosse um rapaz, simplesmente chamaria o outro de “babão” e incentivaria os companheiros a ridicularizar a vítima. Embora as duas táticas tenham o mesmo efeito, a das garotas é mais sofisticada.
Tudo acontece tão depressa, que fica difícil acompanhar o processo que leva uma garota a se tornar uma líder. As meninas utilizam com mais frequência a tática de dizer “Não sou mais sua amiga” ou de espalhar boatos maliciosos. Costumam usar a persuasão verbal geralmente baseada em informações falsas. Os garotos, ao contrário, preferem a agressão direta: gritam, brigam e xingam. Há quem diga que o método masculino corresponde a usar um martelo enorme para quebrar uma noz. O mais provável é que um garoto na mesma situação tente alcançar o objetivo imediatamente, sabendo que o efeito final será favorável (sua posição no grupo sobe, enquanto a do outro desce), ainda que ganhe um inimigo. Quando a garota decide “diminuir” uma outra, procura fazer isso de modo quase invisível, para não correr o risco de adquirir a fama de opressora. Se questionada, ela sempre pode dizer que não teve a intenção de ofender ou de desmerecer a outra. Assim, preserva a reputação de ser uma pessoa “legal”.
AMIGAS ÍNTIMAS
Diversos estudos mostram que as garotas valorizam a intimidade. Assim, a estratégia feminina atinge um objetivo: alcançar status social sem colocar em risco a intimidade de seus relacionamentos. Quem quer ser íntimo de alguém com fama de desagradável? Então, o comportamento perturbador tem de ser disfarçado, rápido e difícil de ser flagrado. No caso dos garotos, a intenção é óbvia. A força física é um sinal claro e a mensagem transmitida é de que o agressor pouco se importa com o fato de a vítima se sentir ferida ou ofendida, muito menos com a possibilidade de a intimidade de outros relacionamentos ser prejudicada. Os objetivos principais são controle, poder e acesso aos recursos que vêm através deles – outra vez, empatia reduzida.
O estudo no acampamento de férias revelou que os garotos da cabana que tinham menos status se uniam para reforçar o “tratamento” dado à vítima, estabelecendo assim sua própria dominação sobre ela. Isso nos lembra que as hierarquias de dominação são dinâmicas, e que os garotos tendem a ficar à espreita de oportunidades de ascensão social. A empatia com a vítima já não interessa. Faz mais sentido chutar o sujeito caído. Isso vale para todos os membros do grupo social, em todos os níveis da hierarquia.
As garotas também estavam sempre dispostas a galgar algumas posições, mas, novamente, as táticas eram diferentes. Elas preferiam reconhecer explicitamente a liderança alheia, inclusive com bajulação, encanto, apreço e respeito. Por exemplo: a menina com baixo status pedia conselhos e apoio à dominante ou se oferecia para penteá-la. Outra diferença está no fato de a hierarquia de dominação masculina ter durado todo o período no acampamento, enquanto a das garotas se alterou muito antes do término. O resultado disso é que elas passavam muito mais tempo conversando em grupos de duas ou três, em atmosfera de menor rivalidade, ou se relacionando com a “melhor amiga”. Os garotos, por sua vez, participavam mais de atividades de competição, sob o comando do líder.
Dediquei muita atenção a essa experiência em acampamentos de férias por causa dos paralelos que podemos traçar em relação a muitas situações sociais: a sala de aula, o parquinho, o trabalho. Em todas elas desenvolve-se uma liderança, e os líderes frequentemente precisam de uma “vítima” para manter a posição. Quando observamos a frequência com que as garotas praticam a leitura mental, a limitada empatia dos garotos e o papel desses aspectos na determinação da escalada social, percebemos, embora com certo desencanto, que temos muito a aprender.
A outra conclusão que se tira daí é que os rapazes são muito menos benevolentes quando se trata de fazer alguém se sentir menos capaz do que eles. Eles não perdem o sono por causa do pobre garoto que foi prejudicado. Eles gostam do status e estão mais dispostos, inclusive, a ferir física ou emocionalmente.
DISCURSO CORTÊS
Garotas expressam raiva de forma menos direta, propõem acordos com maior frequência e parecem mais inclinadas a esclarecer os sentimentos e intenções dos outros. Além disso, fazem reivindicações com mais delicadeza e têm um discurso mais cortês, evitando gritar. Com os meninos, claro, é diferente. A partir da segunda infância e durante a adolescência eles fazem mais provocações, uma forma direta de afirmação de seu poder. Quando há desentendimentos, os rapazes argumentam menos, preferindo simplesmente reafirmar sua opinião.
Os imperativos (“Faça assim” ou “Me dê aquilo”) e as proibições (“Pare com isso” ou ” Não faça aquilo”) são mais comuns no discurso masculino. Esses exemplos de “trocas autoritárias” não raro acabam em conflito. Alguém com grande empatia evitaria esse tipo de expressão para que o outro não se sentisse inferior e desvalorizado. As garotas preferem dizer, “Você se importa de não fazer isso?”, levando em consideração os sentimentos do outro.
Os garotos também costumam fazer o que a psicóloga Eleanor Maccoby chama grand standing, isto é, uma descrição das próprias ações. Para tanto ignoram o interlocutor e assumem o “discurso de uma só voz”. Vários estudos têm sugerido que o estilo feminino de fala tende para o “discurso em duas vozes”. A ideia é que, embora as garotinhas persigam seus objetivos, passam mais tempo negociando e tentando levar em consideração os desejos da outra pessoa e isso revela claramente a empatia em ação na conversa. Essas diferenças no estilo de conversação são percebidas mais nitidamente na segunda infância e na adolescência.
Os homens usam por mais tempo um tipo de linguagem que demonstra seus conhecimentos, habilidades e status. São propensos a se exibir ou tentar impressionar. Assim, interrompem muitas vezes o outro para dar opinião e demonstram menos interesse nos pontos de vista alheios. Para as mulheres, a linguagem serve para desenvolver e manter relacionamentos íntimos e recíprocos, em especial com outras mulheres.
NO TRABALHO
A conversa feminina frequentemente dá segurança a outra pessoa, pois expressa sentimentos positivos; os homens em geral se furtam de falar da importância que um tem para o outro. Elas gostam de incluir nos diálogos referências pessoais e elogios à aparência das outras. Por que os homens fazem isso tão raramente? Uma das possíveis respostas está no fato de a mulher ser mais hábil para sinalizar seus sentimentos.
A linguista americana Deborah Tannen, da Universidade Georgetown, documentou as diferenças no modo como homens e mulheres falam uns com os outros no ambiente de trabalho. Sua principal descoberta foi encontrar, entre elas, muito mais assuntos não profissionais, o que reforça os laços sociais e mantém abertos os canais de comunicação, fazendo com que as tensões que venham a surgir sejam mais facilmente solucionadas.
Outra observação interessante de Tannen foi a de que os homens falam mais entre si sobre “sistemas”: tecnologia (a mais nova ferramenta, o mais moderno computador, os melhores aparelhos de som), carros (diferenças entre um e outro modelo) e esportes (a classificação no campeonato de futebol, o jogo da noite anterior). As mulheres abordam mais os temas sociais: roupas, penteados, festas, relacionamentos, questões domésticas e filhos. Os temas de conversas, assim como as revistas que escolhem na banca de jornais, refletem os diferentes interesses de homens e mulheres. Não é de admirar que a maioria das pessoas julgue mais fácil fazer amizade com alguém do mesmo sexo, já que também é mais fácil estabelecer um tópico informal de interesse mútuo. Outro fator que pode contribuir é a diferença de humor, pelo menos no trabalho: o humor masculino tem mais a ver com implicância e uma certa dose de falsa hostilidade, enquanto no feminino, a mulher zomba de si mesma.
Tudo isso também afeta as atividades de gerenciamento. As gerentes, quando fazem críticas, tendem a agir com tato e suavizar o golpe; já os homens na mesma função não se importam em criticar diretamente, sem “dourar a pílula”. O estilo feminino de gerenciamento é mais voltado para a consulta e a inclusão, de modo que ninguém se sinta deixado de lado; o estilo masculino é mais direto, orientado a tarefas. Parece razoável concluir que a principal diferença de comportamento entre homens e mulheres está na forma como eles se consideram a si próprios e aos outros, o que nos acaba levando, novamente, para a questão da empatia.
Quando se trata de empatia, as mulheres são claramente melhores que os homens. E talvez sejam melhores não somente em comunicação, mas em todos os aspectos da linguagem. As mulheres produzem, em média, mais palavras num determinado período, cometem menos erros e se saem melhor quando se trata de discriminar fonemas. Suas frases geralmente são mais longas; suas falas costumam obedecer a um padrão de estrutura gramatical e são mais bem pronunciadas. Elas também têm mais facilidade de articular as palavras. A maioria dos homens abusa das pausas. E em termos clínicos, eles são pelo menos duas vezes mais propensos a distúrbios de linguagem, como a gagueira.
Além de tudo isso, as meninas começam a falar, em média, um mês antes dos meninos, e seu vocabulário é mais extenso. Uma análise minuciosa das diferenças nas competências de linguagem nos mostra que o cérebro feminino não tem apenas maior aptidão para a empatia, ele é também superior em termos de comunicação verbal. Interessante notar, porém, que se a primeira ideia nunca foi questionada pela ciência, a segunda, no entanto, é alvo de controvérsias e de reflexão.
Em primeiro lugar, é possível que a superioridade feminina para se comunicar por meio das palavras seja parte integrante do desenvolvimento de sua empatia. Habilidades de linguagem, como memória verbal, são essenciais para uma boa conversa, tornando a interação agradável, fluente e voltada para a socialização e intimidade. Longas pausas nos diálogos não contribuem para que os parceiros se sintam conectados ou em sintonia.
Em segundo lugar, algumas medidas de avaliação da linguagem, como compreensão de leitura, podem realmente refletir a capacidade de empatia. As meninas, por exemplo, costumam se sair melhor em testes de leitura, mas isso se deve ao fato de elas terem mais facilidade para entender histórias com temas sociais.
Por fim, é improvável que a maior sensibilidade emocional observada no sexo feminino seja apenas um subproduto de suas habilidades de linguagem superiores, já que todos conhecemos gente muito hábil em matéria de linguagem, mas com pouca sensibilidade social e vice-versa. Da mesma forma, todo mundo conhece alguém verbalmente fluente que, no entanto, não consegue parar de falar, negando ao interlocutor a oportunidade de dizer alguma coisa; sinal de pouca capacidade de ceder a vez e de agir com empatia. E aquelas pessoas que são ouvintes pacientes e sensíveis, que respondem com afeto e empatia aos problemas alheios, mas não são dadas a muitas palavras. Habilidades de linguagem, portanto, não têm nada a ver com habilidades de comunicação ou empatia.
Uma visão darwiniana diria que a empatia não é resultado de habilidades de linguagem excepcionais, pelo contrário. As mulheres podem ter desenvolvido melhor seus sistemas linguísticos porque sua sobrevivência dependia do uso mais empático, rápido e estratégico da linguagem. Neste ponto, porém, a conclusão mais segura é a de que elas são melhores tanto em empatia como em muitos aspectos do uso da linguagem. Pode-se concluir ainda que a relação entre essas duas habilidades seja provavelmente complexa e recíproca tanto do ponto de vista filogenético (evolutivo) como ontogenético (desenvolvimento): a linguagem bem desenvolvida promoveria empatia, já que o impulso de se comunicar levaria à socialização. Por outro lado, a empatia ajudaria a desenvolver a linguagem, pois a sensibilidade social tornaria mais fácil enfrentar o pragmatismo da comunicação.
CONVERSA AO PÉ DO OUVIDO
Mulheres também conversam muito mais sobre sentimentos e relacionamentos, ao passo que os bate-papos deles geralmente giram em torno de coisas mais concretas, como esportes, carros, estradas e novas aquisições.
1. tendência parece se manifestar já na infância. Estudos mostram que, aos 2 anos, histórias centradas em pessoas são muito mais comuns em meninas do que em meninos. Outra diferença bem evidente no discurso refere-se a confidências e intimidade. Embora homens e mulheres sejam igualmente dispostos a fazer revelações a(o) parceira(o), eles usam linguagem muito mais íntima quando conversam com outro homem. Isso pode refletir também a pressão sofrida pelos homens para se mostrar no controle. É de seu interesse, mesmo quando em conversa íntima com uma mulher, não comunicar muito apoio. A mulher, por outro lado, prefere responder com palavras que demonstrem compreensão e simpatia.
NA PONTA DA LÍNGUA
As conversas são uma fonte valiosa de indícios da capacidade de empatia. O discurso feminino tem sido descrito como mais rico em termos de cooperação e reciprocidade. Na prática, isso se reflete também na capacidade que elas têm de manter trocas por mais tempo, o que não significa conversas de longa duração, ao contrário, quando se trata de meninas elas costumam ser muito fragmentadas. Em geral, as garotas utilizam mais certos tipos de artifícios de linguagem. Empregam, por exemplo, “prolongamentos” (“Ah, você quer dizer que x”) e “variações pertinentes” (“Ah, que interessante…”), que servem para reforçar o que o interlocutor acabou de dizer. Elas costumam prolongar o diálogo expressando sua concordância com as sugestões do outro. E quando discordam, tendem a suavizar o golpe respondendo em forma de pergunta, não de afirmativa. Assim, evitam dominar, confrontar ou humilhar. “Talvez você esteja certo, mas também não poderia ter acontecido de…?” ou “Acho que você está certa, mas eu vejo de um modo um pouco diferente.” Nesses exemplos, o falante deixa espaço para o ponto de vista do outro, deixando-o mais tranquilo por saber que as diferenças de opinião são respeitadas.
É mais provável que o estilo masculino siga esta linha: “Desculpe, mas você está errado”; não há respeito pela opinião alheia. Às vezes eles podem ser ainda mais abruptos: “Você está errado”. Na verdade, o que pode ser visto em uma conversa feminina como diferença de opinião quase sempre é interpretado pelos homens como uma questão de fato, em que só pode haver uma resposta correta – a dele mesmo. Se o outro faz uma sugestão, os meninos tendem a rejeitá-la imediatamente, como uma “bobagem”, ou, de forma mais rude, como uma “burrice”. É como se fizesse parte do estilo masculino presumir que existe um panorama objetivo da realidade, que suas convicções são incontestáveis e que a verdade tem uma única interpretação. A abordagem feminina parece admitir desde o início que existe subjetividade no mundo. Assim, elas deixam es paço para interpretações múltiplas.