QUEM VÊ LIKE NÃO VÊ CORAÇÃO

Desde o dia 17 de julho de 2019, não é mais possível ver o número das curtidas das pessoas e marcas que o usuário segue dentro do Instagram. Ainda é possível acompanhar o número das curtidas pelo dono da conta ou pelo desktop, por qualquer um.
Tal decisão foi tomada após revelação, em estudo da Royal Society for Public Health, sobre a influência das redes sociais na saúde mental dos jovens, principal público e usuários das mesmas. Cerca de 1.500 jovens, entre 14 e 24 anos foram entrevistados, com o objetivo de identificar o impacto causado por algumas plataformas de mídia social em relação à saúde e bem-estar. De longe, o Instagram foi o mais citado como tóxico nesse sentido, se destacando como causador de problemas como ansiedade, baixa autoestima, perda de identidade e imagem corporal. Com o impacto maior entre as mulheres mais jovens, a comparação entre as “celebridades”, com fotos super produzidas, filtros e retocadas ao extremo, identificou-se o disparo de gatilhos para ansiedade e depressão nesse público. Outro motivo alegado foi de que estaria incentivando o bullying, já que a competição de número de curtidas entre os mais jovens estaria dando origem a variadas situações do tipo dentro da rede social. Alguns alegam que o objetivo é estimular o impulsionamento dos posts comprando a mídia do próprio Instagram, ao invés de “fazenda” de likes e seguidores, comercializadas dentro da própria plataforma.
Enfim, independente dos motivos, após iniciar os testes no Canadá, expandiram para o Brasil e mais seis países, não sendo, ainda, uma decisão definitiva da rede de imagens e vídeos do Mark Zuckerberg. Para o mercado de influenciadores e vaidades em geral, houve um certo protesto, inclusive com postagens de prints e imagens de alguns desses influenciadores com os números de curtidas em suas postagens. De modo geral, muitos receberam bem a decisão do Instagram, pois alegaram que já vinham não utilizando apenas as métricas de curtidas como sucesso dos posts, destacando que, finalmente, o conteúdo seria o foco, não as curtidas.
MAS COMO ISSO AFETA O VAREJO?
Como empresa que contrata influenciadores para fazer divulgação da marca ou produto, utilizando como métrica as curtidas, vai ser bem impactado. Mas, adianto que está fazendo algo bem errado, já que acredito que ações desse tipo “queimam” recursos e, às vezes, a própria marca. Agora, quanto à utilizar os influenciadores e métricas de engajamento, que garantam conversões, leads e com relatórios detalhados das ações, muitas vezes com agências profissionais, departamentos de marketing engajados e acompanhando toda a ação, a mudança não vai impactar em absolutamente quase nada. Pelo contrário, irá estimular ainda mais o conteúdo de qualidade. Redes sociais, como diz o nome, são voltadas para o relacionamento e, mesmo sendo uma marca, é necessário e praticamente imperativo se relacionar com os seguidores. Se as postagens eram voltadas para as curtidas, há uma relação de uma via só, e não adianta ter milhões de seguidores, milhões de curtidas e zero de engajamento. Basta lembrar o caso de uma famosa influencer, que possuía quase três milhões de seguidores, fez um contrato com uma marca e, condicionada a vender um número ínfimo de produtos com sua campanha, não conseguiu atingir a meta, e acabou não tendo seu contrato renovado. E teve que explicar como não conseguiu vender dezenas de produtos, já que tinha milhões de fãs e curtidas. Aparentemente, o caminho a seguir é o de se mostrar interessante aos seus seguidores e estimulá-los a interagir. Fazendo esse trabalho, as vendas, leads e aumento de seguidores virão, inclusive com mais curtidas, mas sem mostrar ao mundo.
No fim, verá a satisfação de que o bom trabalho está sendo feito.
MARCOS BONILHA – é especialista em e-commerce, marketplace e elaboração de conteúdo, possui a carreira focada na comunicação e marketing digital. É pós-graduado em Gestão de Negócios na ESPM, com atuação em empresas como Polishop, Porto Seguro e Totvs.
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