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ALIMENTO DIÁRIO

MATEUS 26: 47–56

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Cristo é traído por Judas.

O Servo do Sacerdote é Agredido por Pedro. Cristo E Abandonado pelos seus Discípulos

 Somos informados aqui de como o bendito Senhor Jesus foi apanhado e levado preso. Isto se seguiu imediatamente à sua agonia, enquanto Ele ainda falava; porque desde o início até o fim de sua paixão, Ele não teve a mínima interrupção ou pausa, mas a situação só se agravou. Sua dificuldade, até este ponto, havia sido em seu interior; mas agora o cenário está mudado, agora os filisteus estão sobre ti, bendito Sansão. “O respiro das nossas narinas, o Ungido do Senhor, foi preso nas suas covas” (Lamentações 4.20).

Agora, com respeito à prisão do Senhor Jesus, observe:

I – Quem eram as pessoas que foram empregadas nessa situação.

1. Aqui estava “Judas, um dos doze”, na frente de sua guarda infame; ele foi o guia para aqueles que prenderam Jesus (Atos 1.16); sem a sua ajuda, eles não poderiam tê-lo encontrado em seu retiro. Observe e se admire; o primeiro que aparece com os seus inimigos é um dos seus próprios discípulos, que, uma ou duas horas antes, estava comendo pão com ele!

2. Aqui estava, com Judas, uma grande multidão, para que a Escritura pudesse ser cumprida: “Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários!” (Salmos 3.1). Essa multidão era composta, em parte, por um destacamento dos guardas que foi colocado na torre de Antonia pelo governador romano; esses eram gentios, pecadores, como Cristo os chama (v. 45). Os demais eram servos e oficiais do sumo sacerdote, e eram judeus; aqueles que divergiam uns dos outros, puseram-se de acordo contra Cristo.

II – Como eles estavam armados para esta empreitada.

1. Com que armas eles estavam armados: eles vieram “com espadas e porretes”. Os soldados romanos, sem dúvida alguma, tinham espadas; os servos dos sacerdotes, aqueles que não possuíam espadas, levaram porretes e varas. Furor arma ministra Sua fúria fornecia as suas armas. Eles não eram tropas regulares, mas uma turba agitada. Mas para que todo esse trabalho? Se eles fossem dez vezes mais em quantidade, não poderiam tê-lo prendido se Ele não tivesse permitido; e, tendo chegado a sua hora de renunciar a si mesmo, toda essa força foi desnecessária. Quando um açougueiro entra no campo par a pegar um cordeiro para matar, ele levanta uma milícia e vem armado? Não, ele não precisa disso; no entanto, toda essa força foi usada para apanhar o Cordeiro de Deus.

2. Com que mandado eles estavam armados. “Eles vinham dos príncipes dos sacerdotes, e anciãos do povo”; essa multidão armada foi enviada por eles para essa missão. Ele foi preso por ordem do grande sinédrio, como uma pessoa que lhes era odiosa. Pilatos, o governador romano, não lhes deu nenhum mandato de busca, porque não tinha inveja de Jesus; mas os homens que fingiam agir em nome da religião, e presidiam os assuntos da sinagoga, é que estavam ativos nessa perseguição, e eram os inimigos mais vingativos que Cristo tinha. Esse era um sinal de que Ele era apoiado por um poder divino, porque Ele não só foi desertado por todos os poderes terrenos, mas foi atacado por eles. Pilatos lançou lhe isto em rosto: ”A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim” (João 18.35).

III – O modo como isso foi feito, e o que se passou nesse período.

1. Como Judas o traiu; ele fez esse acordo de forma eficiente, e a sua resolução nessa maldade pode envergonhar a todos nós que falhamos naquilo que é bom. Considere:

 

(1)  As instruções que ele deu aos soldados (v. 48): “Ele lhes deu um sinal”; como o comandante do grupo nessa ação, ele dá a palavra ou o sinal. Ele lhes deu um sinal, para que não prendessem por engano um dos discípulos em vez dele, tendo os discípulos recentemente dito, aos ouvidos de Judas, que estariam dispostos a morrer por Ele. Que abundância de cuidados, aqui, para não deixar de prendê-lo: “O que eu beijar é esse”; e quando eles o prenderam, para não deixá-lo fugir: “Prendei-o”; porque Ele algumas vezes tinha escapado daqueles que pensavam tê-lo segurado (Lucas 4.29,30). Embora os judeus que frequentavam o templo o conhecessem, os soldados romanos talvez nunca o tivessem visto, e o sinal tinha a finalidade de orientá-los. E Judas, através de seu beijo, tinha não só a intenção de identificá-lo, mas de detê-lo, enquanto eles viriam por trás, e colocariam as suas mãos sobre Ele.

(2)  A saudação hipócrita que ele fez ao seu Mestre. “Ele se aproximou de Jesus”. Se alguma vez o coração mau de Judas pensou em voltar atrás, isso certamente aconteceu naquele momento. Quando veio olhá-lo no rosto, ele deve ter ficado admirado com a sua majestade, ou encantado pela sua beleza. Judas ousa colocar-se diante de sua presença e traí-lo? Pedro negou a Cristo, mas quando o Senhor virou-se e fitou-o, ele vacilou imediatamente. Porém, Judas se coloca diante da face de seu Mestre, e o trai. Ele disse: “Eu te saúdo, Rabi”. E beijou-o. Parece que o nosso Senhor Jesus tinha por hábito permitir um certo grau de familiaridade consigo, dando-lhes a sua face para beijar depois de eles terem estado ausentes por algum tempo, o que Judas maldosamente usou para facilitar essa traição. Um beijo é um sinal de lealda­ de e amizade (Salmos 2.12). Mas Judas, quando violou todas as leis do amor e do dever, profanou esse sinal sagrado para servir ao seu propósito. Note que há muitos que traem a Cristo com um beijo, e o saúdam, dizendo Rabi. Sob o pretexto de honrá-lo, traem e desprezam os interesses de seu reino. Abraçar é uma coisa, amar é outra. O beijo de Joabe e o beijo de Judas foram muito parecidos.

(3)  Como o seu Mestre o recebeu (v. 50).

[1] Ele o chama de amigo. Se Jesus o tivesse chamado de canalha, traidor, maldito, louco, e filho do diabo, não teria dito nada errado; mas Ele nos ensinou, sob a maior provocação, a suportar a amargura e a calúnia, e a mostrar toda mansidão. ”Amigo”, porque Judas tinha sido um amigo, e deveria ter sido, e até parecia ser. Assim o Senhor Jesus o repreende, como Abraão, quando chamou de filho o homem rico que estava no inferno. Jesus o chama de amigo, porque Judas promoveu os seus sofrimentos, e assim agiu como seu amigo; ao passo que Jesus chamou a Pedro de Satanás, por tentar impedir os seus sofrimentos.

[2] Ele lhe pergunta: “‘A que vieste?’ É paz, Judas? Explica-te; se tu vens como um inimigo, o que significa este beijo? Se como um amigo, o que significam estas espadas e porretes? A que vieste? Que dano fiz a ti? Em que te desgastei? Qual é a razão da tua presença? Por que não tens tanta vergonha, quanto a manter-se fora da vista, o que poderias ter feito, mesmo comunicando ao oficial onde eu estava?” Este foi um exemplo de grande insolência, através do qual Judas se mostra atrevido e descarado nessa transação iníqua. Mas é habitual que os apóstatas da religião sejam os seus inimigos mais amargos. Juliano é prova disso. Portanto, Judas fez a sua parte.

2. Como os oficiais e os soldados o prenderam: ”Aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus e o prenderam”; eles o fizeram seu prisioneiro. Como não estavam com medo de estender as suas mãos contra o Ungido do Senhor? Podemos muito bem imaginar que mãos rudes e cruéis elas eram, as mãos que essa multidão bárbara colocou sobre Cristo; e como certamente o trataram de modo tosco, por terem tão frequentemente ficado desapontados quando procuraram colocar as suas mãos sobre Ele. Eles não poderiam tê-lo prendido, se Ele não tivesse se entregado, e sido entregue “pelo determinado conselho e presciência de Deus” (Atos 2.23). Aquele que disse a respeito de seus servos ungidos: “Não toqueis nos meus ungidos” (Salmos 105.14,15), não poupou a seu Filho ungido, mas o entregou por todos nós; e outra vez, “deu a sua força ao cativeiro, e a sua glória à mão do inimigo” (Salmos 78.61). Veja qual foi a queixa de Jó (cap. 16.11): “Entrega-me [ou entregou-me] Deus ao perverso”. Esta e outras passagens no livro de Jó tipificam a Cristo.

O nosso Senhor Jesus foi feito prisioneiro, porque Ele seria tratado, em todas as coisas, como um criminoso, punido pelo nosso crime; e como um penhor Ele seria confiscado pela nossa dívida. O jugo das nossas transgressões estava ligado pela mão do Pai ao pescoço do Senhor Jesus (Lamentações 1.14). O Senhor Jesus se tornou um prisioneiro, para que pudesse nos colocar em liberdade. Ele disse: “Se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes” (João 18.8); e aqueles que Ele liberta certamente estão livres.

3. Como Pedro lutou por Cristo, e sentiu as suas dores. Aqui ele é mencionado apenas como um dos que estavam com Jesus no jardim; mas em João 18.10, somos informados de que foi Pedro quem se distinguiu nessa ocasião. Observe:

(1)  A precipitação de Pedro (v. 51). Ele “puxou a espada”. Entre todos eles, só haviam duas espadas (Lucas 22.38), e parece que uma delas foi deixada com Pedro; e agora ele achou que seria a hora de puxá-la, e deu golpes impetuosos à sua volta como se tivesse feito algo muito importante; mas tudo o que ele fez foi cortar uma orelha de um servo do sumo sacerdote. Ê provável que Pedro desejasse arrancar-lhe a cabeça, pelo fato de tê-lo visto mais à frente do que os demais que colocavam as mãos em Cristo; mas ele deve ter errado o golpe, decepando então a orelha daquele homem. Porém, se Pedro estivesse lutando, em meu pensamento ele deveria ter antes mirado Judas, e tê-lo marcado como um trapaceiro. Pedro havia falado muito do que faria pelo seu Mestre, e disse que até mesmo sacrificaria a sua vida por Ele; sim, ele faria isso. E agora ele seria tão bom quanto a sua palavra, e arriscaria a sua vida para resgatar o seu Mestre. Até este ponto, ele era louvável por demonstrar um grande zelo por Cristo, por sua honra e segurança. Mas Pedro não agiu de acordo com o conhecimento, nem foi guiado pela discrição, porque:

[1] Ele fez isso sem autorização; alguns dos discípulos realmente perguntaram: “Senhor, feriremos à espada?” (Lucas 22.49). Mas Pedro golpeou antes que tivesse uma resposta. Devemos ver não só a nossa boa causa, mas o nosso chamado claro, antes de puxarmos a espada; devemos mostrar com que autoridade fazemos aquilo que fazemos, e quem nos deu esta autoridade.

[2] Ele indiscretamente expôs a si mesmo e aos seus companheiros discípulos à fúria da multidão. Porque, o que eles poderiam fazer com apenas duas espadas, contra um bando de homens?

(2)  A repreensão que o nosso Senhor Jesus lhe fez (v. 52): “Mete no seu lugar a tua espada”. O Senhor não ordenou aos oficiais e soldados que guardassem as suas espadas, que foram puxadas contra Ele; o Senhor os deixou a critério de Deus Pai, que julga aquele s que estão fora; mas Ele ordena a Pedro que guarde a sua espada, não o censurando, na verdade, pelo que fez, porque foi feito com boa intenção, mas interrompendo a sua ação, estabelecendo que não haja um precedente. A missão de Cristo no mundo é fazer a paz. Note que “as armas da nossa milícia não são carnais, mas espirituais”; e os ministros de Cristo, embora sejam seus soldados, não guerreiam com a carne (2 Coríntios 10.3,4). Isso não significa que a lei de Cristo derrube a lei da natureza ou a lei das nações, na medida que esses códigos se colo­ quem em defesa de seus direitos e liberdades civis, e de sua religião de uma forma legal; mas ela sustenta a preservação da paz e da ordem pública, proibindo que qualquer pessoa resista aos poderes estabelecidos. Não, temos um preceito geral para que não resistamos ao mal (cap. 5.39), nem Cristo mandará que os seus ministros propaguem a sua religião pela força das armas: A religião não pode ser forçada; e deve ser defendida, não matando, mas morrendo. Assim como Cristo proibiu os seus discípulos de tentarem dominar o mundo através da espada (cap. 20.25,26), aqui Ele proíbe a espada da guerra. Cristo ordenou que Pedro guardasse a sua espada, e nunca lhe ordenou que fizesse uso dela novamente.  No entanto, Pedro é culpado, aqui, de fazer isso intempestivamente; havia chegado a hora de Cristo sofrer e morrer. O Senhor sabia que Pedro conhecia isso, e a espada do Pai foi levantada contra Ele (Zacarias 13.7). Ao puxar a sua espada, Pedro estava dizendo: “Mestre, poupe a ti mesmo”.

Três razões que Cristo dá a Pedro para essa repreensão:

[1] Puxar a espada seria uma atitude perigosa tanto para Pedro como para os seus companheiros discípulos. “Todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”. Aqueles que usam a violência, cairão pela violência; e os homens apressam e aumentam os seus próprios problemas proferindo ameaças de métodos sangrentos de defesa pessoal. Aqueles que pegam a espada antes de lhes ser dadas, que a usam sem um mandato ou autorização, expõem a si mesmos à espada de guerra, ou à justiça pública. Se não tivesse sido pelo cuidado e providência especiais do Senhor Jesus, Pedro e o restante deles, pelo que sei, teriam sido feitos em pedaços imediatamente. Grotius dá um outro sentido provável à expressão do Senhor, como se os oficiais e os soldados que vêm com espadas para prender a Cristo é que fossem morrer pela espada, e não Pedro. “Pedro, você não precisa puxar a espada para puni-los. Deus Pai certamente, em breve, ajustará contas com eles de uma forma severa”. Eles pegaram a espada romana para prender a Cristo, e pela espada romana, não muito tempo depois, eles, o seu lugar, e a sua nação foram destruídos. Portanto, não devemos nos vingar, porque Deus Pai retribuirá (Romanos 12.19); portanto, devemos sofrer com fé e paciência, porque os perseguidores serão pagos com a sua própria moeda. Veja Apocalipse 13.10.

[2] Era desnecessário alguém puxar a sua espada em defesa de seu Mestre, pois Ele, agora, se quisesse, poderia convocar a seu serviço todas as hostes celestiais (v. 53). “‘Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?’ Pedro, se Eu fosse desviar estes sofrimentos, poderia fazê-lo facilmente, sem a tua ajuda e sem a tua espada”. Note que Deus não precisa de nós, dos nossos serviços, muito menos dos nossos pecados, para executar os seus propósitos; a nossa falta de confiança e a nossa falta de fé no poder de Cristo é evidenciada quando saímos do caminho da nossa obediência para servir aos seus interesses. Deus pode fazer a sua obra sem nós; se olharmos para os céus, e virmos como Ele é servido ali, poderemos facilmente inferir que, mesmo que sejamos justos, Ele não nos deve nada (Jó 35.5,7). Embora Cristo tenha sido crucificado em fraqueza, essa foi uma fraqueza voluntária. Ele se sujeitou à morte, não porque não pudesse lutar contra ela, mas porque não desejou fazê-lo. Isto remove a ofensa da cruz, e prova que o Cristo crucificado é o poder de Deus. Mesmo agora, na profundidade de seus sofrimentos, o Senhor Jesus poderia convocar a ajuda de legiões de anjos. “Agora”. “Embora a história já tenha passado, eu ainda poderia, com uma palavra, reverter todas as coisas”. Cristo aqui nos faz saber:

Em primeiro lugar, que grande interesse o Senhor Jesus demonstrou por seu Pai. Eu posso orar a meu Pai, e Ele enviará ajuda do santuário. Eu posso solicitar de meu Pai esses reforços. A oração de Cristo tem autoridade. Note que é uma grande consolação para o povo de Deus, quando está cercado de inimigos por todos os lados, ter um caminho aberto em direção ao céu. Se o povo de Deus não puder fazer mais nada, ele pode orar àquele que pode fazer todas as coisas. E aqueles que oram muito em outros momentos, têm uma grande consolação ao orar quando surgem os tempos turbulentos. Observe que Cristo disse não só que Deus poderia lhe enviar tal número de anjos, mas que, se Ele o pedis­ se, Deus o faria. Embora o Senhor tenha realizado a obra da nossa redenção, parece que se Ele tivesse desejado ser livre, o Pai não o teria impedido. Ele poderia ter se retirado, evitando tamanho sofrimento. Mas o Senhor Jesus amou a sua obra salvadora, e por essa razão Ele não se retiraria; assim, foi apenas com as cordas de seu próprio amor que Ele foi atado ao altar.

Em segundo lugar, que grande interesse Ele tinha pelas hostes celestiais. O Pai “lhe daria agora mais de doze legiões de anjos”, perfazendo mais de setenta e dois mil seres celestiais. Observe aqui:

1. Existe uma companhia inumerável de anjos (Hebreus 12.2). Um destaca­ mento de mais de doze legiões poderia ser cedido para o nosso serviço, e não haveria falta ao redor do trono. Veja Daniel 7.10. Eles são dispostos em ordem exata, como as legiões bem disciplinadas; não são uma multidão confusa, mas tropas regulares; todos conhecem o se u posto, e observam a palavra de comando.

2. Essa companhia inumerável de anjos está toda à disposição do nosso Pai celestial, e executa o seu beneplácito (Salmos 103.20,21).

3. Essas hostes angelicais estavam prontas para vir em auxílio do nosso Senhor Jesus em seus sofrimentos, se Ele tivesse precisado ou desejado isso. Veja Hebreus 1.6,14. Eles teriam estado com Ele como estiveram com Eliseu, em carros de fogo e cavalos de fogo, não só para protegê-lo, mas para consumir aqueles que procurassem atentar contra Ele.

4. O nosso Pai celestial deve ser visto e reconhecido em todos os ser viços das hostes celestiais: “Ele me daria”; portanto, não devemos orar aos anjos, mas ao Senhor dos anjos (Salmos 91.11).

5. É uma questão de conforto para todos os que desejam o bem do reino de Cristo, que haja um mundo de anjos sempre a serviço do Senhor Jesus, e que podem fazer maravilhas. Aquele que possui os exércitos do céu às suas ordens, pode fazer o que lhe agrada entre os habitantes da terra: “Ele me daria agora”. Veja como o Pai estava pronto a ouvir a oração do Senhor Jesus, e como os anjos estavam prontos a obedecer às suas ordens; eles são servos dispostos, mensageiros alados, eles voam rapidamente. Isto é muito animador para aqueles que desejam intimamente que Cristo seja honrado, e o bem-estar de sua igreja. Será que alguém pensa que tem mais cuidado e preocupação por Cristo e sua igreja, do que o próprio Deus e os seus santos anjos?

[3] Não era hora de fazer qualquer defesa, ou se oferecer para desviar o golpe: “Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” (v. 54). Foi escrito que Cristo deveria “ser levado como um cordeiro para o matadouro” (Isaias 53.7). Se o Senhor Jesus chamasse os anjos para lhe auxiliarem, Ele não seria de modo algum levado para o matadouro; se Ele permitisse que os seus discípulos lutassem, Ele não seria levado silenciosamente e sem resistência; portanto, Ele e os seus discípulos deveriam se submeter ao cumprimento das profecias. Note que, em todos os casos difíceis, a Palavra de Deus deve ser conclusiva contra os nossos próprios conselhos, e nada deve ser feito, nada tentado, contra o cumprimento das Escrituras. Se o alívio das nossas dores, a quebra das nossas amarras, a salvação das nossas vidas, não coincidirem com o cumprimento das Escrituras, devemos dizer: “Que seja feita a vontade de Deus, que a sua Palavra seja cumprida, que a sua lei seja louvada e respeitada, a despeito daquilo que nos aconteça”. Assim Cristo deteve a Pedro, quando este quis se colocar como seu defensor, e capitão salva-vidas.

4. Em seguida, somos informados sobre como Cristo resolveu o caso com aqueles que foram buscá-lo (v. 55). Embora não tenha resistido a eles, o Senhor argumentou com eles. Note que condiz com a paciência cristã debater calmamente com os nossos inimigos e perseguido­ res quando estamos sob os nossos sofrimentos, como aconteceu no caso de Davi e Saul (1 Samuel 24.14; 26.18). “Saístes”:

(1)  Com fúria e hostilidade, como contra um ladrão, como se Eu fosse um inimigo para a segurança pública, e como se sofresse isso merecidamente? Os ladrões atraem para si mesmos o ódio comum; todos ajudarão a deter um ladrão; e então eles caíram sobre Cristo como a escória de todas as coisas. Se Ele tivesse sido a praga de sua nação, não poderia ter sido perseguido com mais empenho e violência.

(2)  Com todo esse poder e força, como contra o pior dos ladrões, que desafia a lei e a justiça pública, e acrescenta a rebelião ao seu pecado? Saístes, como para prender um salteador, com espadas e porretes, como se houvesse perigo de resistência; considerando que “matastes o justo; “ele não vos resistiu” (Tiago 5.6). Se ele não estivesse disposto a sofrer, seria loucura sair com espadas e porretes, porque eles não poderiam vencê-lo; se Jesus desejasse resistir, teria considerado o ferro como palha, e as suas espadas e porretes teriam sido como a sarça diante do fogo consumidor; mas, estando disposto a sofrer, foi tolice irem assim armados, porque Ele não iria discutir com eles.

Ele posteriormente debate com eles, lembrando-os de como havia se comportado com eles até aquele momento, e eles em relação a Ele.

[1] De sua presença pública: “Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo”. E:

[2] Da conivência pública deles: “E não me prendestes”. Qual o motivo dessa mudança? Eles foram muito irracionais, ao agirem com Ele como o fizeram. Em primeiro lugar, Ele não lhes havia dado motivo para considerá-lo como um ladrão, pois havia ensinado no Templo. E o assunto e a maneira de seu ensino era tal, que o Senhor Jesus foi manifestado na consciência de todos os que o ouviram como sendo um homem bom. As palavras bondosas que saíram de sua boca não foram palavras de um ladrão, nem de alguém que tinha um demônio. Em segundo lugar, Ele não lhes havia dado motivos para que o considerassem como um foragido da lei e da justiça, para que viessem à noite para capturá-lo; se eles tivessem alguma coisa para lhe dizer, poderiam encontrá-lo todos os dias no Templo, pronto para responder a todos os desafios, a todas as acusações, e ali poderiam fazer o que bem entendessem com Ele; porque os príncipes dos sacerdotes tinham a custódia do Templo, e o comando dos guardas que estavam em torno do Templo. Mas vir até Ele assim, clandestinamente, no local de seu retiro, era uma atitude vil e covarde. Desse modo, o maior herói pode ser perversamente assassinado em uma esquina, por alguém que, em campo aberto, tremeria só por encará-lo.

Mas tudo isso aconteceu (vê-se em seguida, v. 56) para que as Escrituras dos profetas pudessem ser cumpridas. Ê difícil dizer se essas foram as palavras do sagrado historiador, como um comentário sobre essa história, e uma instrução ao leitor cristão, para compará-lo com as Escrituras do Antigo Testamento, que apontavam para esse fato. Ou ainda se foram as palavras do próprio Cristo, como se estivesse expressando o motivo de tudo aquilo estar ocorrendo. Mesmo assim, Ele não poderia deixar de se ressentir por esse tratamento tão vil. Ele precisou se sujeitar à situação para que as Escrituras dos profetas pudessem se cumprir. O Senhor Jesus havia acabado de fazer uma referência a essa necessidade (v. 54). Note que as Escrituras se cumprem todos os dias; e todas as Escrituras que falam do Messias tiveram o seu pleno cumprimento em nosso Senhor Jesus Cristo.

5. Como Ele foi, em meio a essa aflição, vergonhosa­ mente desertado pelos seus discípulos: “Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram” (v. 56).

(1)  Esse foi o pecado deles; e foi um grande pecado para aqueles que haviam deixado tudo para segui-lo, agora deixá-lo por algo que nem sabiam o que era. Houve crueldade nisso, considerando a relação que havia entre eles, os favores que eles haviam recebido da parte dele, e as circunstâncias melancólicas que agora se apresentavam. Houve infidelidade nisso, porque eles haviam prometido solenemente se unir a Ele, e nunca abandoná-lo. Ele havia reivindicado o salvo-conduto deles (João 18.8); no entanto, eles não puderam confiar nisso, e fugiram vergonhosamente. Que coisa insensata foi essa; por medo da morte, fugiram daquele a quem conheciam e haviam reconhecido como a Fonte da vida? (João 6.67,68). “Senhor, que é o homem”!

(2)  Foi parte do sofrimento de Cristo, e acrescentou aflição às suas cadeias, ser dessa maneira desertado, como aconteceu com Jó (cap.19.13): “Pôs longe de mim a meus irmãos”. E também com Davi (Salmos 38.11): “Os meus amigos e os meus propínquos [ou companheiros] afastam-se da minha chaga”. Eles deveriam ter permaneci­ do com o Senhor, para servi-lo e apoiá-lo; e, se fosse necessário, deveriam ser testemunhas favoráveis a Ele em seu julgamento no tribunal. Mas eles traiçoeiramente o desertaram. Algo parecido aconteceu com o apóstolo Paulo, pois, em sua primeira defesa, nenhum homem ficou do lado dele. Porém, havia um mistério nisso.

[1] Cristo, como um sacrifício pelos pecados, foi assim abandonado. O cervo que, pela flecha do seu dono, é marcado para ser caçado e abatido é imediatamente abandonado por todo o rebanho. Nisso, Ele foi feito uma maldição por nós, pois foi deixado como alguém que é separado para o mal.

[2] Cristo, como o Salvador de almas, ficou assim sozinho. Ele não precisava, e não teve a ajuda de nenhum outro ao operar a nossa salvação. Tudo Ele suportou, e fez tudo sozinho. Ele pisou o lagar sozinho, e como não havia ninguém que o apoiasse, então o seu próprio braço trouxe a salvação (Isaias 63.3,5). Assim o Senhor, sozinho, conduziu o seu Israel; eles só precisaram “contemplar esta grande salvação” (Deuteronômio 32.12).

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POR QUÊ CRIAR O BLOG? POR QUÊ O TÍTULO?

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Nos dias atuais gastamos mais tempo conectados  que o diálogo e a leitura de livros de papel tornaram-se absoletos.  Em contrapartida, a leitura visual através de mídias vem crescendo e ocupando o tempo das pessoas que, imperceptíveis aderem aos novos hábitos. Assim, faz-se necessário que nós, os que ainda prezam pelos bons e velhos hábitos ajustarmos às novas necessidades e assim, servir de leme aos que naufragam  ante a ignorância não somente de conhecimento mas até mesmo de conhecimento de verdades que consolidam suas opiniões.

A igreja é ainda o principal elo de ligação entre a sociedade e as necessidades do homem para a aproximação do Criador e sua criatura. Àqueles que entendem que precisam se preparar melhor e que não encontram tempo para a leitura e seminários cuja presença física se faz  necessária, ofereço a oportunidade de compartilhar conhecimento e aprendizado acumulados ao longo de mais de vinte anos de caminhada e serviço cristão como uma forma de auxiliar na capacitação para transformar pessoas comuns em líderes extraordinários.

Fazendo assim, não só cresceremos na graça e conhecimento como glorificaremos o nome do Senhor entre povos e nações.

 

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

QUANTAS VEZES É NORMAL FAZER XIXI?

Frequência saudável é de cinco a oito vezes por dia, a partir do consumo de 2 litros de água

Uma das consequências para quem tem o hábito de consumir a quantidade correta de água diariamente é o aumento das visitas ao banheiro. Mas quantos vezes ao dia é considerado normal fazer xixi? Para quem bebe cerca de 2 litros em 24 horas, é esperado urinar de cinco a oito vezes, sendo considerado normal acordar uma ou duas vezes para ir ao banheiro durante a noite. De acordo com o urologista André Berger, especialista em câncer urológico e professor-adjunto da Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA, uma frequência urinária maior que esta merece atenção.

“Com relação a homens e mulheres, se há aumento da frequência urinária e ardência, associados à micro hematúria (presença de sangue na urina), principalmente nos pacientes fumantes, é preciso se preocupar ainda mais, já que pode ser um sinal também de câncer de bexiga”, aponta o especialista.

Além disso, Berger faz a observação de que outros problemas de saúde podem levar ao aumento da micção. Os mais comuns são diabetes não controlado; tomar medicamentos ou substâncias diuréticas (que aumentam a excreção de urina), como álcool ou cafeína; nefrite intersticial (inflamação que afeta os túbulos renais e os tecidos que circundam os rins) ou lesão renal.

Quando as visitas ao banheiro se tornam frequentes para além do normal, pode ser um sinal de incontinência urinária, que é caracterizada pela perda involuntária de urina. Ela pode ser de urgência, considerada mais grave, ou de esforço, quando ocorre em momentos como atividade física, ao tossir ou dar gargalhadas.

“Se a pessoa, uma vez na vida, teve perda de xixi, por estar muito apertada, não há problema. Mas é preciso ter atenção se a situação é recorrente, mesmo que pouco. É muito comum ver que as pessoas normalizaram o es- cape de urina, mas é preciso investigar o problema, que pode estar associado a outras doenças. Às vezes, mudança nos hábitos já ajuda, mas há casos que necessitam de cirurgia (sling) para tratamento definitivo”, afirmou a médica urologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo, Lorella Auricchio, em comunicado sobre o aumento dos casos de incontinência urinária entre mulheres. Existem algumas causas para a maior prevalência do problema entre mulheres, entre elas o fato de a uretra – tubo que transporta a urina da bexiga para fora do corpo – ser mais curta, e a musculatura que contrai essa região ser mais frágil.

No entanto, poucas idas ao banheiro também pode ser um sinal de desidratação. Ou seja, indica que o consumo diário de água está baixo. Embora as principais recomendações digam para ingerir dois litros por dia, há estudos que sugerem que essa quantidade é excessiva para a maioria das pessoas. Neste caso, de 1,5 a 1,8 litro por dia já seria o suficiente.

OUTROS OLHARES

PARA PREVENIR RUGAS, JOVENS JÁ USAM BOTOX

Cada vez mais gente na faixa dos 20 e 30 anos busca tratamento conhecido como ‘botox preventivo’

Cynthia Huang Wang tinha 27 anos quando notou linhas tênues se formando em seu rosto. Ela decidiu experimentar algo que já tinha visto outros jovens recomendando nas redes sociais: botox. Depois do primeiro trata- mento, disse ela, sua pele pare- cia mais lisa. Agora, aos 29 anos, Huang Wang, que mora em São Francisco, nos EUA, ainda faz botox algumas vezes por ano. “É só uma coisa que faz me sentir bem comigo mesma”, diz ela.

Cada vez mais pessoas na faixa dos 20 e 30 anos, como Huang Wang, estão fazendo tratamento com botox, na esperança de acabar com as rugas. A prática é conhecida como botox preventivo. Mas será que funciona? A toxina botulínica é o princípio ativo de tratamentos de marcas como Botox, Dysport, Xeomin e Jeuveau. Embora tenha sido bem estudada para vários propósitos, não houve ensaios clínicos em larga escala sobre seu uso a longo prazo para prevenir rugas. As evidências são em grande parte anedóticas ou baseadas em estudos menores, muitas vezes financiados por empresas que vendem o produto. Mesmo assim, muitos dermatologistas e cirurgiões plásticos dizem que a toxina botulínica pode impedir temporariamente a formação de algumas rugas. Para entender por que a substância pode prevenir rugas, pense na pele jovem como um pedaço de papel imaculado, diz Ife J. Rodney, dermatologista em Fulton, Maryland.

“É muito mais fácil não amassar o papel do que alisá-lo até ficar perfeito, depois de já estar amassado”, disse Rodney.

O tratamento não é permanente e não funciona para todo tipo de ruga. O botox e medicamentos semelhantes também costumam ser caros, e os resultados duram somente uns poucos meses.

Embora todos os medicamentos apresentem alguns riscos e o botox às vezes possa resultar em efeitos colaterais indesejados, o tratamento geralmente é considerado seguro. De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, cerca de 127 mil pessoas na faixa dos 20 anos e de 1,6 milhão de pessoas na faixa dos 30 anos passaram pelo procedimento em 2022.

Então, como aplicar botox aos 20 ou 30 anos pode adiar as rugas? E quais são os riscos?

VEJA O QUE DIZEM DERMATOLOGISTAS, CIRURGIÕES PLÁSTICOS E OUTROS ESPECIALISTAS

COMO FUNCIONA O BOTOX PREVENTIVO?

O movimento repetitivo dos músculos do rosto pode criar rugas dinâmicas – do tipo visto nos pés de galinha, nas linhas da testa e entre as sobrancelhas. Quando somos jovens, essas rugas tendem a aparecer quando fazemos expressões faciais, como uma careta de nojo ou uma reação de surpresa.

À medida que envelhecemos, o corpo produz menos colágeno, proteína que serve como principal componente estrutural da pele, dando firmeza a ela. Também perdemos elastina, proteína que dá elasticidade à pele. Com menos colágeno e elastina, a pele fica mais fina e menos elástica – o que significa que as linhas de rugas podem se tornar mais aparentes, explica Smita Ramanadham, cirurgiã plástica em Montclair, New Jersey.

A toxina botulínica funciona bloqueando os sinais nervosos que mandam os músculos se moverem ou se contraírem. A injeção da neurotoxina nos músculos do rosto paralisa-os, temporariamente. Quando você evita a contração desses músculos faciais, também impede que a pele se dobre de maneiras que causem a formação ou o aprofundamento das rugas, observa Steven Williams, presidente da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.

Mas o tratamento não funciona para todo tipo de ruga. É ineficaz, por exemplo, contra as causadas pelos danos da luz solar. Também não ajuda com outros sinais de envelhecimento, como manchas de sol.

QUANTO TEMPO DURA O BOTOX?

A paralisia causada por uma injeção de botox geralmente dura de três a cinco meses antes que as pessoas precisem de mais uma aplicação, informa Williams.

Mas esse período de tempo pode variar e não existe uma dose-padrão recomendada para o botox preventivo, lembra Patrícia Wexler, dermatologista do Hospital Mount Sinai e professora- associada da Escola de Medicina Icahn no Mount Sinai. Algumas pessoas precisam de menos botox do que outras para ter o mesmo efeito, dependendo do histórico de injeções e da força dos músculos faciais.

Se a pessoa parar de aplicar botox, seus músculos vão voltar a se contrair, causando a lenta formação de rugas. No entanto, é provável que ela tenha menos rugas do que alguém da mesma idade que nunca fez botox, diz Rodney. “Se você começar aos 25 anos e parar aos 40, é como se tivesse parado o relógio por 15 anos”, comenta ela. “Você guarda a vantagem de todo o tempo de uso.”

O BOTOX PREVENTIVO É MESMO EFICAZ?

Evidências anedóticas de dermatologistas e cirurgiões plásticos indicam que o botox retarda o aparecimento de rugas.

Mas não existem ensaios clínicos de alta qualidade sobre o botox preventivo ou os efeitos do uso cosmético da neurotoxina. Os estudos disponíveis têm várias limitações, entre elas vínculos com a indústria. Um estudo de 2006 comparou duas irmãs gêmeas idênticas. Uma delas passou por aplicações de botox de duas a três vezes por ano ao longo de 13 anos, e a outra fez botox duas vezes no total. Em uma comparação lado a lado das gêmeas, que eram brancas e tinham 38 anos na época, o autor do estudo observou que as rugas da testa eram visíveis na gêmea com menos tratamentos, mas “não evidentes” na irmã que tinha passado por aplicações periódicas.

As gêmeas foram reavaliadas aos 44 anos, e os pesquisadores notaram que a irmã com menos tratamentos apresentava rugas quando seu rosto estava em repouso, mas a gêmea com mais aplicações, não.

William J. Binder, cirurgião plástico e reconstrutor facial em Beverly Hills, Califórnia, que trabalhou em ambos os estudos, conta que eles não foram capazes de controlar outros fatores que poderiam ter contribuído para a aparência da pele, como exposição solar, peso, dieta ou estilo de vida. Mas, em um estudo subsequente, ele observou que ambas as gêmeas relataram que usavam protetor solar todos os dias, tinham estilos de vida ativos, seguiam uma dieta relativamente saudável e não fumavam.

Nos esclarecimentos do estudo, Binder é listado como acionista e consultor da Allergan, uma empresa que fabrica botox. Ele disse que não tem nenhuma outra relação financeira com uso cosmético da toxina. Em um estudo de 2011, os pesquisadores acompanharam um grupo de 45 mulheres com idades entre 30 e 50 anos que receberam injeções de toxina botulínica em intervalos regulares durante 20 meses. Cerca de seis meses após o último tratamento, os pesquisadores avaliaram as mulheres e descobriram que elas tiveram reduções significativas nas rugas.

A Allergan financiou totalmente o estudo e ajudou na elaboração do relatório.

QUAIS SÃO OS RISCOS DO BOTOX PREVENTIVO?

Os relatos de complicações registrados são raros. Os pacientes podem apresentar hematomas ou inchaço no local da injeção. Outro risco possível são as sobrancelhas caídas, geralmente causadas pela propagação da neurotoxina nos músculos errados. Embora as estimativas variem, estudos sugerem que isso pode ocorrer em cerca de 1% a 5% dos casos. Esse efeito é quase sempre temporário. Entre outras complicações temporárias conhecidas estão visão dupla, olhos secos e pálpebras caídas. Para reduzir o risco, os especialistas aconselham o tratamento com um dermatologista ou cirurgião plástico credenciado.

“Há muitos músculos que se sobrepõem e, se você não entende a anatomia, é fácil injetar no músculo errado”, nota Ramanadham. Os pacientes também devem evitar fazer exercícios físicos, deitar-se sobre ou tocar a área tratada durante várias horas depois das injeções, orienta Wexler.

Outro possível efeito colateral do botox é que os músculos do rosto podem atrofiar – o que significa que ficam mais fracos e menores – como resultado da paralisia.

Embora uma certa fraqueza muscular seja o efeito pretendido do tratamento com botox, também pode haver atrofia muscular não intencional. Isso pode resultar em uma “aparência assimétrica e pouco atraente”, quando os músculos do rosto ficam mais magros, diz Wexler.

Vários dermatologistas e cirurgiões plásticos comentam que qualquer atrofia muscular resultante do botox é reversível. No entanto, alguns profissionais médicos disseram que não está claro até que ponto o efeito é reversível.

QUANDO DEVO INICIAR O BOTOX PREVENTIVO?

A idade em que alguém começa a ter rugas dinâmicas pode variar de acordo com o tom de pele, a genética e o estilo de vida. Em geral, as pessoas começam a perder colágeno e elastina entre 20 e 30 anos, diz Ramanadham. Este é o período em que qualquer pessoa que esteja pensando em botox preventivo deve procurar um dermatologista.

Anne Chapas, dermatologista em Manhattan, sugere que os pacientes esperem até começarem a ver pequenas rugas ou linhas quando o rosto está com uma expressão neutra. Caso contrário, há possibilidade de que possam desperdiçar dinheiro injetando botox em áreas onde não haveria formação de rugas.

“É difícil tratar uma coisa que você não consegue ver”, observa Chapas.

O QUE DEVO ESPERAR DURANTE UM TRATAMENTO COM BOTOX?

A duração de um procedi- mento de botox depende da quantidade de áreas-alvo, mas especialistas experientes conseguem tratar uma área em poucos minutos, diz Williams. Normalmente, parece uma picada de agulha.

Para ajudar a evitar que o botox se espalhe para uma área indesejada, os pacientes devem permanecer na posição vertical e evitar fazer exercícios físicos e tocar nos locais injetados por algumas horas após o tratamento.

Julia Huynh, de 23 anos, de San Jose, fez sua primeira série de injeções de botox em dezembro. Ela diz que ficou surpresa com a rapidez do procedimento e, embora tenha dito que sentiu o maxilar um pouco dolorido no dia seguinte, ficou feliz com a experiência. “Com certeza dá para sentir a diferença”, comenta ela. “Sinto que meu rosto está mais firme.”

Ela planeja voltar em alguns meses e reavaliar se precisa de mais injeções.

QUAIS SÃO AS ALTERNATIVAS AO BOTOX PREVENTIVO?

Os dermatologistas afirmam que existem outras formas de cuidar da pele, como usar protetor solar diariamente, fazer uma alimentação balanceada e dormir bem. A aplicação de retinoides – que são compostos derivados da vitamina A – também mostrou que pode reduzir rugas.

GESTÃO E CARREIRA

DESAFIOS DAS POLÍTICAS DE DIVERSIDADE E EQUIDADE DE GÊNERO

O crescimento do número de mulheres nas empresas indica que estamos caminhando para uma maior representatividade de gênero e equidade nas corporações. Você já notou essa diferença no lugar em que trabalha? É provável que não, pois ainda há muito a se fazer. Mas, se você vive isso na prática, considere-se alguém de sorte! Ao que tudo indica, as companhias que investem em diversidade e igualdade de gênero melhoram sua cultura organizacional, a transparência e a ética.

Quanto mais mulheres no mercado de trabalho, melhor para o país. O Banco Mundial divulgou há alguns meses que o PIB poderia aumentar em 20% se os governos diminuíssem leis e práticas discriminatórias que impedem as mulheres de trabalhar ou de abrir suas empresas. Isso significa que a sociedade tem muito trabalho pela frente. Agora, falar é mais fácil do que ver as mudanças na prática, né?

De acordo com o levantamento da PwC, de 1º de maio até 1º de novembro de 2023, o número de mulheres em Conselhos Administrativos foi de 16,9% para 20,2%. Em um país em que 51,48% da população são mulheres, ainda temos muito o que avançar. Apesar da representação quantitativa estar melhorando, ainda é insuficiente. Não vamos nos esquecer de que as barreiras que as mulheres encontram em cargos de liderança são diferentes das dos homens. Mesmo qualificadas e preparadas, elas encontram mais dificuldades para exercer influência e ganhar respeito dos colegas.

Há quem questione lideranças femininas por, supostamente, serem menos competitivas e demasiadamente sensíveis. Entretanto, isso é uma visão negativa de características positivas. Como provocação, vamos experimentar dizer que mulheres têm mais facilidade em promover ambientes de cooperação e falar abertamente de emoções. O que você acha? Na prática, são habilidades capazes de fortalecer os valores da empresa.

Um exemplo de empresa que investiu em diversidade e inclusão é o Mercado Livre. Dos seus funcionários, 50% são mulheres. E dos cargos de liderança, 40% são do sexo feminino. Isso só foi possível graças ao investimento em políticas de diversidade e equidade de gênero. Segundo a Harvard Business Review, o aumento de mulheres em cargos estratégicos melhora a pluralidade de ideias, impulsiona a inovação e aumenta os ganhos financeiros das companhias.

Em resumo, só temos a ganhar com mais presença feminina em cargos de liderança. Esse é um caminho em direção à equidade de gênero e à diversidade de pensamentos na empresa, um movimento capaz de fortalecer os valores institucionais, o respeito, a valorização, a representatividade, a colaboração, a transparência e a inovação. Afinal, a pluralidade de ideias beneficia nossas empresas e torna os ambientes corporativos mais saudáveis e sustentáveis em longo prazo.

DENISE DEBIASI – É CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.

EU ACHO …

VIUVEZ

A morte atinge toda uma vida.

Se morre quem foi sua ex-esposa ou ex-marido, você será também viúvo ou viúva, mesmo que não estivessem juntos há muito tempo.

A nomenclatura tradicional é só chamar de viúvo ou viúva o atual parceiro no momento da partida, o que não é justo.

O fim abole o corpo da cronologia, resgata o espírito das lembranças.

A viuvez não é exclusiva ao estado civil de uma fase da existência, mas envolve as fases e idades pregressas.

Não morre unicamente a versão final da pessoa, acontece a despedida de suas diferentes versões, do passado por completo.

Se houve cinco casamentos, haverá cinco viúvos ou viúvas. E nenhum é mais ou menos legitimo do que o outro. Nenhum é mais ou menos valioso do que o outro. As lágrimas não têm hierarquia.

Não importam a separação, as brigas, as desavenças, o papel do divórcio diante do bem inviolável da cumplicidade.

É um choque receber a notícia de adeus de um antigo amor.

Você desmoronará em segundos. Arcará com uma tremedeira das mãos, um baque, um desconforto, um desespero, como se tivesse dormido ao lado daquela companhia no dia. Como se tivesse tomado o café da manhã com ela. Como se tivesse recém tocado em seu rosto ausente.

Perderá o ar, o chão, as palavras.

Maior do que a intimidade da paixão que já existiu na convivência é a intimidade da dor que agora bate à sua porta. Para a dor, não existe ontem.

Demorará para a notícia soar convincente. Você não achará possível, acreditará que é uma mentira.

Vai doer o futuro abreviado, o que o ente querido não teve chance de viver.

Este é o mais decisivo ponto de virada emocional: você deixa de ser egoísta, de pensar em si. Não é um arrependimento pelo término da relação, mas um pesar generoso pelo término de uma vida.

Não significa que continua amando o ex, que reprimiu o seu querer por longo período, significa que reconhece o quanto ele se mostrou decisivo em sua evolução.

O sofrimento do luto será igual dentro ou fora do casamento. As memórias mais remotas voltarão à tona: as gargalhadas, as canções, as viagens, as festas, a amizade.

Tudo o que foi ruim desaparecerá, restando apenas a gratidão. Sentirá uma estranha e extraordinária comoção pela história em comum.

Você se perceberá como uma peça de um desafiador puzzle. E qualquer peça é importante. Até porque, na hora de montar o quebra-cabeça, aconselha-se começar pelas bordas.

Você é uma das pontas da imagem, fez parte de um sonho. Não se encontra no centro dos acontecimentos, na cabeceira do velório, segurando a alça do caixão, não se vê como protagonista da perda, mas está ali, presente no início difícil, nas primeiras descobertas da silhueta, na composição das cores e de padrões, possibilitando o encaixe do conjunto e a formação da saudade.

CARPINEJAR

carpinejar@terra.com.br

ESTAR BEM

EM QUAIS SUPLEMENTOS VALE INVESTIR?

Há uma infinidade deles no mercado, mas alguns só vão fazer você gastar dinheiro à toa

O interesse crescente por suplementos alimentares me faz lembrar uma pergunta de Jeff Bezos, fundador da Amazon, a Warren Buffet, investidor americano. Bezos questionou qual seria a razão de, apesar da simplicidade do método de investimentos dele, as pessoas não o seguirem. Ao que Warren Buffett respondeu: “Porque ninguém quer enriquecer lentamente”.

Essa ideia também se aplica à busca por melhorias na saúde ou estética. Quando falamos de suplementos na área esportiva, Ron Maughan, importante pesquisador, cita três regras:

(1) Se o suplemento funciona, ele provavelmente é proibido (pelas agências regulamentadoras);

(2) Se não é proibido, então provavelmente não funciona;

(3) Existem exceções.

Diante do interesse crescente, aqui vai um resumo do que a ciência mostra que pode ser exceção, para ajudá-los a não desperdiçar dinheiro produzindo uma urina mais cara – método que nosso corpo utiliza para eliminar compostos que não serão utilizados. Vale lembrar que cada suplemento tem uma indicação de uso específico e contraindicações.

SUPLEMENTOS QUE PODEM SER INTERESSANTES

CAFEÍNA

Um dos melhores suplementos pré-treino. Funciona tanto na forma de café quanto em suplementos, como cápsulas de cafeína pura, suplementos pré-treino com cafeína ou cafés turbinados e gourmetizados (são caros e têm diversos ingredientes, mas o que funciona mesmo ali é a cafeína). O benefício do formato cápsula é o controle da dose – o que é fundamental para aqueles com maior sensibilidade à substância. Dica: pouco adianta consumir doses altas de cafeína se alimentação e sono não estão bons!

CREATINA

Um dos suplementos mais interessantes, tanto pelas evidências científicas para o treinamento quanto pelos possíveis benefícios contra alterações cognitivas, como estresse crônico e depressão – mas, vale frisar, essas vantagens que vão além do treino precisam de mais investigação.

ÔMEGA-3

Como ocorre com outros nutrientes, mais do que pensar em suplementação, seu principal propósito é mais uma complementação, visto que a dieta-padrão do brasileiro tem poucos alimentos considerados fontes desse nutriente tão importante – principalmente peixes em geral e oleaginosas. A boa notícia é que, principalmente para idosos, há uma leve evidência de ganho de força e com o treinamento. Mas cuidado ao escolher o seu: há marcas com doses baixas e outras que podem conter metais pesados. Na dúvida, procure suplementos com o selo IFOS (um certificado internacional de qualidade).

WHEY PROTEIN E OUTRAS PROTEÍNAS EM PÓ

Quem mais se beneficia das proteínas em pó não são os jovens de academia, mas sim os mais velhos. Sabe aquele avô que tem o hábito de consumir leite com pão duas a três vezes por dia? Ele mesmo! Com o envelhecimento e as mudanças corporais, o consumo de alimentos fontes de proteínas vai diminuindo, mas a nossa necessidade, não – principalmente para os fisicamente ativos. Assim, a opção em pó pode ser uma excelente aliada, enriquecendo as refeições.

NÃO VALEM O SEU DINHEIRO

BCAA

Aminoácidos de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina). Guiado por um misto de desconhecimento científico e interesse de grandes empresas, esse já foi um dos suplementos mais consumidos. As promessas iam desde ação anticatabólica (diminuição da perda de massa magra) e melhor recuperação muscular até retardo da fadiga central. Para quem acompanha as pesquisas científicas, sempre foi muito claro que ele não funcionava. Se um profissional indicar o uso, ignore.

GLUTAMINA

Ganhou fama pela prerrogativa de dar um boost na imunidade e na saúde intestinal. Além de ser um suplemento caro, a substância é produzida naturalmente pelo nosso corpo. As evidências mostram ausência de benefício na suplementação, salvo para doenças intestinais graves.

MULTIVITAMÍNICOS E MULTIMINERAIS

Cada vitamina e mineral tem uma forma química que é mais bem aproveitada pelo corpo. Geralmente, esses suplementos “de A a Zinco” possuem formulações pouco absorvidas pelo corpo. E mesmo que a formulação fosse boa (o que é muito raro), muitas vitaminas e minerais competem entre si por mecanismos de absorção. O ideal é entender a deficiência específica de cada pessoa e usar o que é realmente necessário.

TERMOGÊNICOS OU ACELERADORES DE METABOLISMO

Nessa categoria se enquadram diferentes suplementos, dentre eles a cafeína citada acima, o chá verde, a laranja amarga entre outros. Mesmo que alguns estudos mostrem que certo suplemento é capaz de aumentar o gasto energético, esse efeito, além de muito pequeno, é transitório – ou seja, costuma sumir em algumas semanas. Vale lembrar que o processo de emagrecimento é crônico e requer persistência: o sucesso está relacionado à mudança de hábitos a longo prazo.

A busca por suplementos e efeitos mirabolantes exige o questionamento se a pessoa quer emagrecer ou “ser emagrecida”. Lembre-se de que a indústria de suplementos geralmente está à frente da ciência, e isso não é algo positivo: tratando-se de suplementos e da indústria fitness, quanto maior a promessa, mais você tem de duvidar.

Portanto, se estiver considerando incluir algum suplemento na sua rotina, tenha cautela e busque orientação de um profissional especializado.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

‘BOA E VELHA SACANAGEM AO PÉ DO OUVIDO’

‘Dirty talk’, que em tradução literal do inglês significa ‘conversa suja’, funciona como uma troca de palavreado chulo para esquentar a relação

A engenheira Larissa*, 31, lembra-se bem da primeira vez que praticou o “dirty talk” (“conversa suja”, traduzido do inglês).

Ela e o namorado, com quem se relaciona há seis anos, ligaram a TV do motel para conferir o conteúdo da transmissão. “Acreditem, não estava passando “Jornal Nacional”, brinca. A tela exibia um filme adulto, no qual o casal de personagens usava um vocabulário “bem ousado”, que deixou Larissa e o namorado excitados a ponto de quererem falar daquela maneira também. “Confesso que achei que ficaria tímida, mas, quando se está com alguém que ama e, principalmente, confia, as coisas fluem naturalmente”, relembra.

Desde aquele dia, o dirty talk entrou na relação do casal definitivamente. “Além de dar mais tesão, é uma forma de sair da rotina. É estimulante tanto para mim quanto para ele”, revela. A expressão é mais bem entendida por aqui com o uso de palavras chulas e expressões sensuais durante o sexo. Ou, como simplifica a sexóloga Allys Terayama: “É a boa e velha sacanagem ao pé do ouvido”.  A ideia de usar palavras chulas, xingamentos ou palavrões na hora da transa é provocar uma atmosfera excitante entre os parceiros de cama.

“Eu sempre falo: dentro de quatro paredes, pode tudo! Você se permite viver aquilo ali de maneira intensa, por meio da escuta e da fala. Na hora do sexo, você sempre diz o que está sentindo. Então, se tem muito tesão, você pode expressar isso, a depender da conexão do casal”, evidencia a sexóloga. O palavreado chulo ajuda a manter quentes, inclusive, relacionamentos longevos ou a distância. ”As sacanagens são um marco para casais que não se veem sempre. A troca de palavras, mesmo que no WhatsApp, por telefone ou por chamada de vídeo, realmente excita”, elabora a especialista.

Foi assim, inclusive, que a doutoranda Marina*, 28, começou a praticar o Dirty talk. “Comecei a testá-lo por meio do sexo online. Como virtualmente existe menos timidez, fui me soltando à medida que vi que isso multiplicava meu prazer. A partir daí, fui adotando a prática sempre que possível”, explica. ”No meu dia a dia, sou muito comunicativa. A fala é a minha forma de me expressar. No sexo, não teria como ser diferente. É dessa forma que expresso meu desejo e me sinto desejada”, diz.

VENCENDO A TIMIDEZ

Vivendo um relacionamento há dez anos, Marina conta que ela e o marido quase sempre utilizam palavras de baixo calão nos momentos mais íntimos, justamente porque gostam de “um sexo mais forte e agitado”. No entanto, nem sempre foi assim. “No início, ele era mais tímido, mas, à medida que fui falando e expressando para ele minha vontade de ouvir certas coisas, ele pegou pela prática. Sempre respeitei o tempo e os limites dele”, comenta.

Estimular o outro é, inclusive, um dos conselhos que a sexóloga Allys Terayama dá para quem nunca se expressou dessa maneira, por mais que sinta vontade. “Talvez um homem mais tímido tenha dificuldade para lidar da mulher que gosta, que se excita quando escuta certas palavras. Então. nesse caso, deve-se desenvolver um exercício para que ela também fomente a mentalidade do seu parceiro. Mas tudo depende do momento e da hora certa. A primeira vez pode até ser mais desconfortável, mas depois acaba surgindo uma combinação entre os dois”, indica a especialista em sexologia forense.

Primordial, no entanto, é manter o respeito de todas as partes e saber esclarecer certos limites. “Há pessoas que podem se ofender com determinados tipos de palavras, especialmente as pejorativas. Então, você pode simplesmente virar para o seu parceiro e dizer: ‘Não gostei da maneira que você me chamou’, e isso se torna um alerta para que, na próxima, não aconteça novamente”, pontua Allys.

POR ONDE COMEÇAR?

O dirty talk pode começar antes mesmo do ato sexual em si, como numa mensagem excitante enviada para o celular do parceiro logo no início do dia ou uma conversa mais íntima na hora do almoço. Na hora do “vamos ver”, a sexóloga Allys Terayama sugere que o casal invente narrativas entre si. “Comecem a formar histórias que podem dirigir todo o roteiro do sexo”, aconselha.

Larissa, por exemplo, gosta de elaborar um contexto para o sexo quando está na cama com o companheiro. “Tem uma fantasia gostosa que tivemos. Estávamos em uma festa junina no interior, eu estava vestida a caráter, e as coisas começaram a apimentar. Brincamos que eu era a mocinha do interior conhecendo o rapaz da cidade grande. Nessa hora, a imaginação voa. E com certeza as conversas chulas ajudam demais a criar o cenário ideal da fantasia”, relembra.

O mais importante para Larissa é se permitir, especialmente porque o tema ainda é um tabu para muitas mulheres.  “Às vezes, nos vemos reprimidas e julgadas por realizar fantasias e buscar algo que nos ajuda a alcançar nosso prazer. Mas, para nós, o prazer vem muito do psicológico, da nossa liberdade, da nossa confiança no parceiro na cama”, sugere a engenheira.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

NÃO SÃO SÓ ESPINHAS

Entenda como a acne pode prejudicar a saúde mental

Sabe aquela cena típica de filme de comédia romântica adolescente em que uma espinha nasce entre as sobrancelhas ou na ponta do nariz no dia de uma grande festa, causando uma série de emoções entre raiva e tristeza? Os pacientes com acne persistente da vida real estariam em vantagem se as espinhas só aparecessem dessa forma: poucas e em dias específicos. Eles na verdade lidam com um problema que muitas vezes resiste a tratamentos, afeta a autoconfiança, predispõe a quadros de tristeza e depressão, que podem culminar até no isolamento social.

“A acne é uma doença de pele inflamatória e infecciosa, que por vezes causa também desconforto e dor. Mas a verdade é que lutar constantemente contra a acne pode sim afetar a saúde mental e até bagunçar a autoestima. Por isso, sempre orientamos os pais que levem o filho ao médico para iniciar o tratamento o quanto antes”, explica o professor do Instituto Lapidare e da Faculdade Primum (Antigo Instituto BWS) de dermatologia, tricologia, transplante capilar (cirurgia capilar) e medicina estética, Danilo Siqueira Talarico.

As espinhas vermelhas e brilhantes não são apenas um problema dos adolescentes, mas, independentemente de quando – ou como – elas aparecem, o impacto não é apenas superficial. O médico explica como a acne pode afetar a saúde mental.

AUTOCONFIANÇA

Muitos pacientes sofrem não só com acne ativa persistente como com as cicatrizes que surgem na pele, mudando o relevo cutâneo. “Esse paciente tende a se sentir inseguro e envergonhado com a própria aparência. Isso pode ser tão intenso que muitos relatam evitar tirar fotos. Ou ainda não gostam de se ver no espelho”, diz. Danilo. Em 2011, o estudo Consequences of Psychological Distress in Adolescents with Acne, publicado no Journal of Investigative Dermatology, descobriu até que pessoas com acne moderada a grave eram menos propensas a buscar relacionamentos românticos. “Preocupar-se com a pele pode parecer algo superficial e essa é uma das razões pelas quais muitas pessoas se sentem envergonhadas de falar sobre isso. Mas a verdade é que isso afeta a qualidade de vida e, por esse motivo, deve ser levado a sério. Em casos como esse, o médico, além de realizar o tratamento combinado, com produtos tópicos e medicações orais, ainda pode encaminhar o paciente para o psicólogo, para evitar que a doença de pele traga danos à saúde mental”, explica Danilo

ISOLAMENTO

Ao abalar a autoestima, a acne ainda pode ter o “efeito colateral” do isolamento social. “Muitos pacientes sentem-se envergonhados por conta da acne inflamada ou então das cicatrizes. Também é importante destacar que ainda existe um estigma, muito errado, de que a acne tem relação com falta de higiene. Isso não é verdade. As peles são mais oleosas e com tendência à acne muito por conta da influência genética”, destaca Danilo. Segundo o médico, ficar em casa uma ou duas vezes não é necessariamente um sinal de alerta de que a acne está arruinando sua vida, mas se esse isolamento se tornar um hábito, quando o paciente foge das interações sociais com vergonha da própria pele, isso significa que essas espinhas teimosas estão afetando a saúde mental. “Esconder-se do mundo pode parecer uma forma inofensiva de proteger o seu bem-estar, mas pesquisas mostram que o apoio social pode melhorar a saúde mental e a autoestima. Nesse estágio, além do tratamento para a condição de pele, a terapia com psicólogo também pode ajudar”, explica o médico.

Quadros graves ou resistentes de acne também podem ser acompanhados de sinais de depressão. “Não estamos falando apenas de uma espinha surgindo antes de uma grande apresentação de trabalho e deixando você de péssimo humor. Às vezes, a acne pode fazer o paciente se sentir tão triste que ele fica clinicamente deprimido. Há muitas evidências de que pessoas com acne têm maior probabilidade de desenvolver depressão em comparação com aquelas sem a doença (alguns estudos relatam até duas a três vezes mais probabilidade). Essa conexão faz sentido, já que não querer ser visto ou odiar sua aparência é um fardo emocional pesado e pode dificultar até mesmo as tarefas mais simples (como sair da cama, tomar banho ou se arrastar para o trabalho)”.

Em casos extremos, algumas pessoas também podem ter pensamentos suicidas. “Muitos pacientes chegam e dizem que já tentaram de tudo – todos os produtos, todos os dermatologistas, todos os medicamentos prescritos. Portanto, pode haver esse sentimento de desesperança quando você sente que já tentou de tudo e nada está funcionando. Para esses pacientes, o tratamento com isotretinoína, que causa atrofia definitiva das glândulas sebáceas da pele impedindo novas lesões na pele, é indicado, mas devemos ter um cuidado maior com esse paciente e indicar o acompanhamento médico e psicológico. Esse medicamento tem efeitos colaterais que requerem um olhar mais atento do médico e do psicólogo”, esclarece Danilo.

SAÚDE MENTAL

Consultar-se com um médico é um ótimo lugar para começar. Existem tratamentos orais e tópicos, com uso de ácidos e até medicações. “O profissional também poderá dar orientações com relação a alimentos que podem servir como gatilho e a modular o estresse, que também ajuda a piorar a acne. Mas, mesmo que você tenha ingredientes apoiados por pesquisas e especialistas altamente qualificados ao seu lado, ainda pode levar meses – até anos – para descobrir o que funciona melhor para sua pele específica e obter os resultados que você procura. Em alguns casos, podemos indicar a isotretinoína, que tem efeito curativo”, diz o médico.

“Se a acne está atrapalhando seu funcionamento diário – ausência no trabalho ou sintomas de depressão, como desesperança ou irritabilidade – talvez seja hora de encontrar um terapeuta. Esses profissionais de saúde mental podem lhe ensinar ferramentas para controlar seu humor enquanto você aposta nos tratamentos médicos. E nunca, jamais, esprema uma espinha. Isso cria uma lesão profunda na pele que serve como porta de entrada para bactérias, que podem causar uma infecção localizada, que, se não tratada, pode se alastrar, atingindo nervos, e causando paralisia. Em casos graves, a infecção pode se tornar generalizada e causar sepse, reação inadequada do organismo à infecção que pode levar à morte. Além disso, pode deixar marcas, como manchas e cicatrizes. Procure sempre um médico para tratar a condição de maneira adequada.”

OUTROS OLHARES

CUIDADO GARANTIDO

Taxa de mortalidade de pacientes tratadas por médicas mulheres é menor

Um estudo que levantou dados de 700 mil idosos internados em hospitais dos Estados Unidos constatou que a probabilidade de morte de um paciente é ligeiramente maior quando ele é tratado por um médico homem do que se ele for tratado por uma mulher.

Essa disparidade é pequena (uma razão de 0,7%) quando são considerados pacientes homens no cômputo, mas se torna estatisticamente relevante (2,8%) se a paciente é do sexo feminino. O trabalho, envolveu pesquisadores de universidades prestigiadas dos EUA (Harvard e Universidade da Califórnia em San Francisco) e da Universidade de Tóquio.

Foi analisado também o risco de recaída com readmissão do paciente no hospital. Este outro marcador de êxito do atendimento médico deteve uma disparidade (razão de 3,2%) para as mulheres tratadas por homens, em comparação às tratadas por médicas do mesmo gênero.

De acordo com os pesquisadores, liderados pelo estatístico japonês Atsushi Miyawaki, apesar de as diferenças parecerem pequenas, elas são estatisticamente relevantes quando se consideram universos grandes. O estudo, publicado ontem na revista Annals of Internal Medicine, foi feito com base em registros do Medicare, o seguro de saúde federal voltado à população acima de 65 anos nos EUA, obtidos entre 2016 e 2019.

“Embora as diferenças de mortalidade e de readmissão comparando médicos do sexo feminino e masculino entre pacientes do sexo feminino fossem modestas, elas corresponderam a uma morte por 417 hospitalizações e uma readmissão por 208 hospitalizações do Medicare. Sem dúvida são diferenças clinicamente significativas, dadas as mais de 4 milhões de hospitalizações do Medicare por ano”, escreveu o cientista Miyawaki, acompanhado pelos seus colegas.

SEM VARIÁVEIS

Para constatar que as médicas mulheres estavam efetivamente levando os casos a um desfecho mais favorável (sem morte ou readmissão em um período de referência de 30 dias), os pesquisadores tiveram de controlar diversas outras variáveis possíveis. A ideia era certificar que as diferenças observadas tinham origem no gênero do médico, e não em outros possíveis fatores de confusão.

Como os registros do Medicare são detalhados, os pesquisadores ajustaram os dados para 27 tipos de problemas de saúde que cada paciente relatava ter ou não. Levou-se em conta a idade, o diagnóstico no momento da internação, o nível de renda e outras variáveis. Para classificar os médicos, além do gênero foi considerado o grau de formação e especialização, e o volume de pacientes sob os cuidados de cada um.

Nenhum desses parâmetros indicou que pudesse estar havendo alguma distorção na conclusão de que as médicas mulheres eram, em média, um pouco mais eficazes no atendimento de seus pacientes.

Até mesmo o desempenho médio dos hospitais foi levado em conta, para que os cientistas estivessem certos de que as mulheres da amostragem não estivessem sendo beneficiadas por estarem talvez em centros de atendimento com estrutura melhor.

Quando observadas as pacientes mulheres, a taxa de mortalidade ajustada para todos esses fatores, foi de 8,38% para aquelas cuidadas pormédicoshomense8,15% para aquelas cuidadas por mulheres (a divisão de um número pelo outro é que resulta no acréscimo de 2,8%). Segundo os autores, não há uma explicação direta sobre o melhor desempenho das mulheres no Medicare. Eles sugerem, porém, que homens podem estar subestimando a gravidade da doença de mulheres com mais frequência, porque existem registros na literatura médica de que esse viés existe. Outro possível fator de influência é que existe entre mulheres uma cultura mais estabelecida de boa comunicação na relação médico-paciente, que pode ser crucial para um bom atendimento.

“Já há estudos que encontraram diferenças de avaliação nos padrões relatados de dor, sintomas gastrointestinais e sintomas cardiovasculares, nos quais profissionais de saúde do sexo masculino apresentaram maior tendência a subestimar sintomas experimentados por mulheres”, escreveram os pesquisadores.

Um estudo canadense já havia apontado em 2019 que médicos homens são mais propensos que suas colegas mulheres a subestimar o risco de AVC em populações femininas.

Outro estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, mostrou que mulheres que tinham um ataque cardíaco eram menos propensas a serem internadas no hospital, recebiam avaliações menos completas e eram pedidos menos exames do que homens na mesma situação.

QUESTÃO HUMANA

O lado humano também pode ter um peso grande na diferença observada, sugerem os autores do trabalho.

“Quando uma paciente do sexo feminino é tratada por uma médica, isso pode estar associado a uma comunicação eficaz e centrada no paciente, conforme relataram estudos anteriores em cuidados primários e em ambientes de obstetrícia e ginecologia”, diz Miyawaki. “Além disso, o tratamento realizado por médicas pode ajudar a aliviar o constrangimento, o desconforto e os tabus socioculturais durante exames e conversas sensíveis envolvendo, por exemplo, partes privadas do corpo.”

O resultado da pesquisa, ao final, sugere que a investigação sobre essa diferença seja aprofundada, por exemplo, para que cientistas saibam se isso se reflete fora dos EUA ou em populações jovens, que não foram avaliadas neste trabalho, ou tratadas fora de ambiente hospitalar.

Outra limitação do estudo é que os dados do Medicare usam uma classificação binária de gênero e não permitem a identificação de pacientes transgêneros.

Contudo, tendo passado pelo crivo de uma publicação acadêmica rigorosa, ligada ao American College o Physicians, os cientistas se dizem confiantes de que seu resultado mostra uma diferença real, ainda que pequena, na média do desempenho entre homens e mulheres médicos.

“Este resultado realça a necessidade de esforços contínuos para melhorar a diversidade sexual no mercado de trabalho médico, especialmente para garantir que as pacientes do sexo feminino recebam cuidados de alta qualidade”, concluem Atsushi Miyawaki e seus colegas.

GESTÃO E CARREIRA

ALERTA SOBRE O ETARISMO NO MERCADO DE TRABALHO

O etarismo, uma forma de discriminação baseada na idade, continua a ser um desafio significativo no mercado de trabalho

A busca por talento e competência deveria ocorrer sem levar em conta a idade do profissional. No entanto, a realidade comprova que muitos trabalhadores mais velhos encontram-se marginalizados devido a estereótipos e práticas discriminatórias.

“A discriminação não apenas priva os indivíduos com mais idade de oportunidades de emprego e renda, mas também perpetua uma cultura prejudicial que desvaloriza a experiência e a sabedoria adquiridas ao longo dos anos de trabalho”, ressalta o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

Realizada pela EY Brasil e pela plataforma Maturi, a pesquisa “Por que pessoas 50+ não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”, mostrou que o preconceito contra os mais velhos é, de fato, real. Entre as 191 empresas, de 13 setores, que foram ouvidas, 78% delas acham que as organizações são, sim, etaristas e 33% não praticam nenhuma abordagem sobre o tema.

A falta de ações concretas se traduz em outro dado alarmante: 80% delas não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação por idade em seus processos seletivos. Em um país que está envelhecendo rapidamente, é surpreendente que os próprios líderes empresariais, muitos com mais de 50 ou 60 anos, não avancem na discussão do etarismo.

Para 42% das companhias, os temas: diversidade, equidade e inclusão não são prioridades na estratégia do negócio. E entre as que já adotaram práticas direcionadas a essa área, os principais temas que levam em conta são relativos a gênero e étnico/racial – ambos com 75% de citações. Apenas 45% delas se dedicam à questão etária/geracional.

O Defensor Público André Naves argumenta que, para combater o etarismo, é essencial que os governos, entidades, ONGs e outros representantes da sociedade apliquem uma abordagem multifacetada, que envolva tanto o debate e a conscientização dos brasileiros sobre o tema quanto a implementação de políticas e regulamentações que protejam, de fato, os direitos dos trabalhadores mais velhos.

Além disso, Naves destaca a importância da implementação de programas de capacitação e reciclagem profissional adaptados às necessidades desses trabalhadores, garantindo assim que possam continuar contribuindo de maneira significativa para a força de trabalho. “É fundamental, antes de tudo, reconhecer a contribuição dos trabalhadores mais velhos, inclusive junto aos profissionais mais novos, no ambiente de trabalho.

“Eles possuem uma riqueza de experiência, habilidades, visão de mundo e perspectivas que são inestimáveis para qualquer organização. Negar-lhes oportunidades com base na idade é não apenas injusto, mas também contraproducente para o sucesso das organizações e para o progresso social e econômico do país”, conclui o Defensor Público.

EU ACHO …

COFFEE BREAK

Era dia de manutenção das fornalhas, quando os demônios desligavam os equipamentos para limpeza, substituição de tridentes corroídos e recolhimento de ossos calcinados. Aproveitando-se desses raros intervalos, os condenados ao fogo eterno gostavam de se reunir em rodinhas de bate-papo, contando novidades, bebendo café ralo requentado e até queimando um fuminho para relaxar. Satã, sempre rigoroso, fazia vista grossa; fingia que não via.

Lampião foi o primeiro a aparecer com a velha roupa de couro chamuscada, cheia dos furos dos tiros que tomou e que fazia questão de usar em público – pura nostalgia. Não demorou até que outros habitantes das trevas se aproximassem, pisando cuidadosamente sobre as brasas. Colegas da mesma modalidade, chegaram as famosas Klara Mauerova, a tcheca que se alimentava da carne das crianças que matava e Elizabeth Báthory, a condessa que tomava banho no sangue das vítimas. Em seguida, o grupo dos pedófilos. O dos assassinos de aluguel. A turma dos espancadores de mulheres e crianças. Abortistas profissionais. Tiranos históricos. Motoristas que beberam, mataram e escaparam. Os cruéis com os animais. E o grupo mais discreto, sempre nas sombras, com suas togas negras: o dos juízes que venderam sentenças para narcotraficantes e bandidos execráveis.  Completando a roda, farda nazista em trapos, apareceu o velho Goebbels.

“Tudo bem, alemão?”, ironizou o cangaceiro.

“Tudo ótimo! Como eu dizia, uma mentira contada mil vezes torna-se verdade. Então, vamos repetindo “tudo ótimo”…

Espocaram gargalhadas soturnas, aterrorizantes.

“Tem notícias lá do alto?”, perguntou alguém.

Goebbels, reconhecido mestre da informação e da propaganda política, ergueu a mão descarnada:

“Tempos difíceis para gente como nós …”

O silêncio tomou conta do ambiente acalorado. Ao longe, ouviam-se apenas gritos dos recém-chegados às profundezas sendo “gratinados” – termo inventado pelos capetas idosos, só de gozação, quando os novatos encaravam as primeiras chamas.

“Conta pra gente, alemão.”

Goebbels suspirou. Coçou o que restava dos cabelos, visivelmente preocupado.

“Bem, nos velhos tempos era muito melhor. A gente fazia de tudo em segredo, tranquilamente, sem testemunhas, sem alarde, na calada da noite, nos porões…  Ninguém ficava sabendo, nada de notícia. Aliás, jornal, cinema e rádio eram poucos só saía o que a gente queria, bastava a censura ou uma grana todo mês… E assim sempre escapávamos de qualquer chateação, lembram-se?

“Sim, sim…”, repetiu o coro desafinado.

“Agora apareceu lá em cima um negócio chamado “internet”. E qualquer trapaça, tortura, assassinato, roubo, perseguição ou corrupção logo se espalha, todo mundo fica sabendo”.  Divulgação generalizada! Nenhum criminoso tem mais um minuto de paz…”

 “Ninguém pode mentir, despistar, manipular as notícias?”, perguntou uma alma penada indignada.

 “Não sei bem explicar”, confessou Goebbels, confuso. São aparelhos de tecnologia moderna, não entendo os detalhes…”.

Desânimo geral na roda de papo. Das caixas de som rompeu um funk obsceno em altíssimo volume, avisando o final da folga e retorno de cada um às grelhas escaldantes.  Mas Goebbels, fã de discursos inflamados, ainda teve tempo de berrar:

“Em vez de reclamarem e chorarem por aí, lamentando nossa sina, agradeçam!  Não se esqueçam do mais importante: a gente era feliz e não sabia!

FERNANDO FABBRINI

leitoresdofabbriní@gmail.com

ESTAR BEM

A MELATONINA É SUA ALIADA PARA DORMIR BEM; SAIBA COMO USÁ-LA

Produzida naturalmente pelo organismo e também encontrada como suplemento, ela é mais eficaz se evitarmos certas armadilhas

Muitos de nós pensamos na melatonina apenas como um remédio para dormir vendido sem prescrição médica, dado o seu uso generalizado. Mas a melatonina é um hormônio que já circula em nosso corpo, como a adrenalina ou o cortisol.

Como psicóloga do sono, quando menciono a melatonina aos pacientes, eles muitas vezes me interrompem para dizer: “Já tentei. Não funcionou”. Eles estão confundindo a melatonina “endógena”, que nosso corpo sintetiza naturalmente, com comprimidos, gomas ou outras formas “exógenas” de melatonina.

Tanto a melatonina endógena quanto a exógena podem nos ajudar a dormir melhor se entendermos como evitar as armadilhas e fazê-las trabalhar a nosso favor.

A INFLUÊNCIA DA LUZ

A melatonina, entre outras funções, informa ao corpo quando está na hora de dormir. E essa função é indicada pelos períodos de luz ou de escuridão. A escuridão estimula a melatonina e a luz a suprime. A extremidade azul do espectro (presente até mesmo na luz branca) é o supressor mais potente da melatonina – mas não é o único.

Ao longo dos milênios, criamos inconsistências nos períodos de luz ou de escuridão e, portanto, nos ritmos de melatonina e do sono.

Os humanos evoluíram perto da linha do Equador. O dia e a noite tinham duração aproximadamente igual e havia pouca variação sazonal nos padrões de luz e escuridão. À medida que migramos para outras latitudes e nos modernizamos, criamos variações sazonais, luzes artificiais, viagens entre fusos horários, horários de verão e telas à curta distância.

Felizmente, nosso corpo evoluiu para se ajustar a novos “fusos horários” – ou seja, novos padrões de luz e de escuridão. Essa adaptabilidade é tanto nossa força quanto nosso calcanhar de Aquiles, porque queremos ter a capacidade de nos adaptar caso nos mudemos do Canadá para a Califórnia, mas não queremos que nossos ritmos biológicos sejam alterados pela luz necessária para ler um conto e voltar a dormir no meio da noite.

A melatonina tem um papel importante nessa adaptabilidade. E, ao regular sua atividade, promovemos uma produção robusta do hormônio e mantemos nossos ritmos biológicos quando não queremos alterá-los.

Sob condições ideais, começamos a aumentar a produção de melatonina duas a três horas antes de dormir (nos tempos antigos, em sincronia com o pôr do sol). Os níveis ficam altos durante a noite toda, até que a luz da manhã os suprima e induza nosso corpo a voltar a secretá-la à noite.

Quando esse ciclo ancestral é interrompido pela luz artificial, inconsistente e supressora da melatonina, nossos ritmos são forçados a se recalibrar para novos fusos horários, muitas vezes de forma caótica – e o caos em si tende a diminuir a produção noturna de melatonina.

Felizmente, muita luz pela manhã, durante o dia todo e no início da noite atenua os efeitos indesejáveis de supressão da melatonina causados pela luz mais tarde da noite.

PRODUÇÃO NATURAL

Existem maneiras de usar a luz natural e a artificial para promover a produção de melatonina pelo nosso corpo e nos ajudar a dormir melhor. Uma delas é sair (idealmente) para receber a luz do dia por 15 minutos (sem olhar para o sol) 16 horas antes de dormir. Por exemplo, se você quiser dormir às 23h, saia para tomar sol às 7h. Tudo bem ter um pouco de luz interna por cerca de 30 minutos antes dessa hora, da mesma forma que a luz aumenta gradualmente com o nascer do sol.

Outra medida positiva é trabalhar perto de uma janela durante o dia, se possível. A luz interna levemente enriquecida com a luz azul seria uma segunda escolha.

Vale a pena ainda passar algum tempo ao ar livre no início da noite. No inverno, você pode aumentar a luz interna.

E o principal: diminua a luz e elimine a extremidade azul do espectro duas horas antes de dormir (às 21h, para dormir às 23h). Você pode conseguir um bloqueio melhor da luz azul com óculos especiais, filtros de tela e lâmpadas vermelhas, em vez de aplicativos. Limite as telas de curta distância.

Aliás, é recomendável bloquear a luz azul e diminuir toda e qualquer luz do meio da noite. A luz continua a surtir efeito mesmo depois de desligada, e breves exposições podem acumular esse efeito. Essas medidas não substituem cuidados de saúde individualizados, nem são para as pessoas que querem alterar significativamente o horário de sono.

SUPLEMENTO

Como suplemento, a melatonina pode servir como um auxílio para dormir na terceira idade, quando a produção do hormônio cai naturalmente. Ela também pode auxiliar no tratamento de distúrbios dos ritmos biológicos. Às vezes é recomendada para enxaquecas, síndrome do intestino irritável e outros problemas de saúde. Também pode ter efeitos positivos na inflamação e na imunidade.

Mas consulte um médico sobre o uso, a dosagem, o tempo de tratamento, os modos de liberação controlada ou imediata, as marcas seguras e a opção dos fármacos agonistas – que se ligam a um receptor comum e produzem um efeito semelhante – como a ramelteona.

Fazer com que sua própria melatonina funcione para você e usar suplementos com cuidado pode trazer grandes benefícios para o sono. Mas não hesite em procurar tratamento para insônia se precisar de mais ajuda.

O QUE CONSIDERAR AO USAR UM SUPLEMENTO DE MELATONINA

Algumas pessoas fazem uso indevido da melatonina. Confira o que não fazer:

COMO SONÍFERO

Embora existam exceções, a melatonina não é tão eficaz para o início e a manutenção do sono. Ela funciona melhor como um “cronobiótico” para gerenciar o ritmo biológico em casos como jet lag, atraso das fases do sono e comprometimento do sono em pessoas cegas.

COM DOSES PREOCUPANTEMENTE ALTAS

Produzimos melatonina em quantidades mínimas em resposta a instruções primorosamente orquestradas pelo hipotálamo. Os médicos geralmente recomendam entre 0,3 e 5 mg. Doses maiores ou iguais a 10 mg não são frequentemente associadas a eventos adversos graves, mas podem ter consequências indesejadas e exacerbar efeitos colaterais como dores de cabeça, tonturas, sonolência diurna e pesadelos. Doses elevadas também podem dessensibilizar o cérebro aos seus efeitos.

NA HORA ERRADA

As curvas de resposta de fase ajudam a orientar a que horas tomar melatonina para mudar ou manter o horário do sono. Tomar duas a três horas antes de dormir imita o pôr do sol. A melatonina não ajuda muito quando seus níveis naturais já estão altos, mas pode atrapalhar seu ritmo se estiver em seu sistema na hora errada (mais provavelmente em altas doses).

POR MUITO TEMPO

Não sabemos o suficiente sobre a segurança do uso a longo prazo – superior a seis meses.

DA FONTE ERRADA

Estudos expuseram doses inconsistentes e, às vezes, muito mais altas do que as indicadas nos rótulos. A pureza é outra preocupação. Procure produtos certificados pela Anvisa.

SEM A OPINIÃO DO MÉDICO

A melatonina não deve ser usada por quem tem problemas como doenças autoimunes) ou que tomam certos remédios (anticoagulantes, medicamentos para convulsões ou imunossupressores). Além disso, é preciso ponderar os riscos para idosos.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

A DOCE LIBERDADE DE ”SER INVISÍVEL”

Psicóloga fala sobre os benefícios da atitude de desprendimento em relação ao olhar do outro com base na constatação da nossa própria pequenez no mundo

A cena é simples. Mia Farrow, desolada, entra mais uma vez no cinema, hábito que adquiriu ao longo dos anos. Aos poucos, algo começa a apaziguar-se dentro dela, e, embora o mundo permaneça terrível do lado de fora, Cecilia, sua personagem, encontra consolo e até esboça um sorriso de alívio.

A sequência está em “A Rosa Púrpura do Cairo”, de 1986, um dos filmes que renderam o Globo de Ouro de melhor roteiro a Woody Allen, que também venceu o Oscar quatro vezes, além de incontáveis outros prêmios, incluindo Bafta, César e Cannes. Toda essa aclamação não impediu o cineasta de elaborar uma espirituosa e afiada reflexão no livro “Sem Plumas”, de 1975.

“Hoje vi um pôr do sol cheio de vermelhos e amarelos, e pensei: ‘Puxa, como sou insignificante!”. O interessante é que ontem pensei a mesma coisa, embora estivesse chovendo”‘, escreveu Allen, com seu humor característico. Para além do chiste, a reflexão é válida, como aponta a psicóloga Camila Fardin, defensora da “insignificância” como um valor a ser apreendido pela contemporaneidade.

“Aceitar a própria insignificância é fundamental para a gente viver melhor. Muitas vezes, estamos preocupados com o que o outro vai pensar e, com isso, deixamos de fazer coisas que gostaríamos. Quanto mais penso no outro, menos estou pensando em mim”, resume.

Na opinião da entrevistada, o que atrapalha o doce desapego da insignificância é, justamente, a percepção de um peso pretensamente atribuído às nossas atitudes pelo outro, impedindo “a insustentável leveza do ser”, como poetizou o romancista tcheco Milan Kundera (192-9 2023).

A origem dessa tensão estaria no próprio processo de aprendizado e formação do ser humano. “É muito difícil atingir a compreensão do nosso grau de insignificância porque, desde criança, somos ensinados e criados a partir do olhar do outro. Antes de nascer, já havia alguém que dizia qual era meu nome, meu quarto e as roupas que eu deveria usar”, explica Camila.

CRIANDO A PRÓPRIA IDENTIDADE

Como a psicóloga aponta, “existem um pai e uma mãe que depositam expectativas sobre aquele bebê”. “A nossa identidade é formada a partir do olhar do outro, isso é um fato”. No entanto, Camila esclarece que há um segundo momento, em que essa identidade sofrerá mutações a partir de uma perspectiva mais independente, proativa e autoral, inerente ao desenvolvimento da pessoa.

“Mais tarde eu preciso, em alguma medida, me desvencilhar do olhar do outro, porque, por mais que minha identidade tenha sido formada a partir desse olhar, eu adquiro uma identidade própria e passo a escolher como me vestir, portar, comunicar etc.”, afirma a especialista.

O desafio é, exatamente, transformar a teoria em prática, ou a mera aparência numa postura essencial, colocando o “como eu quero em detrimento do que o outro vai pensar de mim”. Chegar a esse “lugar libertador” teria, como pavimento, a constatação da insignificância defendida pela psicóloga, o que permitiria atitudes menos preocupadas, substituindo o medo do julgamento pelo sabor da experiência cotidiana.

“Podemos usufruir da liberdade de pensar e agir de acordo com nossas convicções, respeitando o limite do outro e lembrando que vivemos em uma sociedade civilizada. Mas não precisamos nos sentir obrigados a cumprir as expectativas alheias”, pondera.

Embora considere possível uma pessoa constatar, sozinha, a própria insignificância diante de possíveis cobranças externas e vivenciar uma vida mais plena e livre, Camila acredita que a psicanálise ainda oferece instrumentos que ajudarão a pessoa a percorrer esse caminho de maneira segura, até como contraponto à influência negativa das redes sociais, que, segundo Camila, “nesse sentido são muito cruéis”. 

A lógica dominante ali seria a da “aprovação do outro”. Nesse jogo de espelhamentos, todos parecem cobiçar “o olhar do outro sem, necessariamente, querer olhar para si”. Porém, quando a pessoa assimila a noção de insignificância, essa cortina desaparece. “O que faço não vai atingir o outro, assim como o que o outro faz não é para me atingir. Ele está vivendo a vida dele, e eu estou vivendo a minha. Quando a gente pensa assim, fica mais livre para viver de forma leve”, sustenta ela.

ACEITAR A PRÓPRIA INSIGNIFICÂNCIA NÃO É SE DESVALORIZAR

De acordo com a psicóloga Camila Pardin, a constatação da própria insignificância é, antes de tudo, uma atitude filosófica, que precisa ser equilibrada, sem descambar para a autodepreciação e desvalorização.

Ela resume a prosa numa frase aparentemente paradoxal, mas que guarda o sentido oculto e, ao mesmo tempo, profundo do desprendimento. “Aceitar a nossa insignificância é se valorizar, ao mesmo tempo em que não posso desvalorizar a existência do outro, no sentido estrito de que vivemos numa sociedade civilizada, e não posso ‘passar por cima’ dos direitos e desejos de ninguém”.

A receita estaria no significado de uma palavrinha mágica: “conviver”, ou seja, “viver com o outro”, sem impor para si aquilo que o outro pensa sobre a vida. Camila recorre a uma atitude que se tornou tão costumeira e natural que deixamos de considerá-la absurda.

“As pessoas andam na rua prestando atenção ao olhar do outro, imaginando o que o outro está pensando, conjecturando um possível julgamento. A pergunta que devemos fazer é: ‘Qual a significância da opinião de outra pessoa qualquer que está andando na rua para a minha individualidade?”, questiona.

Sem delongas, a própria psicóloga responde: ”Nenhuma”. “Assim como a minha opinião tem pouca significância para aquela pessoa. Dessa forma, consigo viver com mais liberdade do que nas amarras das expectativas e julgamentos dos outros, que são sempre muitíssimos fantasiosos, no sentido deque ninguém disse nada, mas eu interpreto o olhar do outro e isso vai podando a minha liberdade e individualidade”, conclui.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

POSTURA PARA MANTER O CORPO EM EQUILÍBRIO

Uso abusivo de telas e falta de exercícios físicos levam ao aumento de problemas relacionados à coluna, especialmente em crianças e adolescentes, e acendem alerta

Enquanto vivemos nosso dia a dia, é cada vezmais comum nos depararmos com pessoas que caminham olhando para baixo, mirando a tela do celular, fixadas no ambiente digital e praticamente alheias ao que acontece em volta. Muitas vezes, somos nós mesmos. Esse hábito contemporâneo tem gerado diversos problemas relacionados à coluna) como enfatiza a médica anestesiologista Meira Souza, especialista em tratamentos para dor, acupuntura, prática ortomolecular e medicina do exercício.

“Além de haver uma projeção do corpo para a frente, tem também o fato de as pessoas estarem muito sedentárias, porque a própria tela se transformou em um entretenimento que diverte, envolve, motiva.  Aspessoas passam horas ali, olhando para a tela, em vez de utilizarem esse tempo para outras atividades”, pontua a entrevistada. Segundo ela, antigamente a coluna lombar era a mais afetada, e, hoje, além de serem mais jovens, a maioria dos pacientes apresenta reclamações relacionadas à coluna cervical.

Meira alerta sobre uma preocupação especifica com as crianças e adolescentes. “Nesse caso, os problemas são ainda mais relevantes, porque não houve tempo de ocorrer uma formação adequada da própria estrutura da coluna”, sublinha. Condições como cifose torácica e lordose cervical, que eram comumente observadas em idosos, agora têm aparecido com uma frequência preocupante em crianças e adolescentes, o que, de acordo com a médica, “traduz esse uso excessivo de telas”.

PERIGOS

Ombros descaídos e cabeça projetada para a frente. A recorrência dessa condição a levou a ser de nominada de “pescoço de tartaruga”, o que “causa vários danos à coordenação e ao equilíbrio” de quem a desenvolve. “A cabeça precisa estar equilibrada sobre a coluna na mesma direção que a pelve, para que a pessoa mantenha seu eixo ergonômico. Quando projeta a cabeça à frente, o peso gravitacional da cabeça aumenta muito. Alguns livros falam em um aumento de até 14 kg”, afirma Meira. O resultado é que “a musculatura que precisa sustentar essa cabeça pesada vai ficar contraída, enrijecida, pelo esforço que está fazendo, o que gera dor”, complementa.

Essa oxigenação cerebral comprometida suscitaria uma alteração no tórax, “que perde a capacidade da sua expansão adequada, e, com isso, a abertura para a inspiração pulmonar

fica encurtada”. “Em vez de utilizar 100 % dessa estrutura pulmonar, a pessoa conta com uma amplitude menor, o que traz um prejuízo respiratório decorrente dessa postura inadequada, como defesa a uma cabeça anteriorizada que gera a cifose, mais conhecida como “corcunda”, e aprisiona esse pulmão”, elucida a especialista.

As consequências podem ser graves e interferir em todo o funcionamento do corpo. Hérnia de disco, artrose e compressões nervosas são apenas alguns dos perigos, no que tange a “problemas ortopédicos estruturais” sem esquecer questões de ordem interna, referentes às articulações da coluna, onde há também passagem arteriais e venosas. “Essa tortuosidade dos vasos pode, inclusive, impedir a chegada adequada do sangue ao cérebro, pelo obstáculo físico dessa coluna afetada”, analisa a médica.

DESEQUILÍBRIO

Do ponto de vista muscular, ocorrências como tendinite, ruptura de tendões e listese vertebral podem advir da má postura, causando muitas dores, e até evoluir para quadros mais profundos, com a alteração e comprometimento da motricidade, minando as força do corpo. Sem a devida coordenação e equilíbrio, a própria prática de atividades físicas ficaria em risco.

“A primeira forma de precaver esses problemas é evitar o uso abusivo de telas. Considero também fundamental colocar a prática da atividade física na nossa rotina, até como um contraponto”, sugere Meira. Ela garante que “uma musculatura bem condicionada” estará mais apta a “enfrentar esse mundo regado a telas.” Com uma sociedade acostumada a combater a dor, primordialmente, por meio de medicamentos, ela considera importante mudar essa lógica vigente.

“Dores nos ombros, nas costas, na cabeça, na nuca, na região dos olhos, tudo isso pode estar relacionado a uma postura inadequada. Antes de tomar o analgésico, o mais importante é entender o que está gerando as dores”, orienta a médica, que usa uma frase de efeito para explicitar seu raciocínio: “Tomar atitudes ao invés de tomar medicamentos”. Até porque ela esclarece que “a dor é um sinal” de que algo não vai bem no corpo. “O remédio pode impedir o corpo de exteriorizar essa situação. O uso abusivo de relaxantes musculares vai piorar a ergonomia e deixar a musculatura ainda mais fraca para sustentar o corpo adequadamente”, ressalta.

PESSOAS QUE JÁ TÊM ALTERAÇÃO NA COLUNA DEVEM REDOBRAR A ATENÇÃO

Pessoas com histórico de problemas na coluna, como lordose e escoliose, devem estar mais atentas ao uso excessivo de telas. A indicação é da médica anestesiologista Meira Souza, especialista em tratamentos para dor. “Quando pensamos nessas pessoas, estamos falando de uma coluna que, em algum momento, perdeu a qualificação muscular e está com essa cadeia estrutural desorganizada, o que predispõe a outras desorganizações”, informa Meira.

Nesses casos, buscar um condicionamento muscular e ter atenção redobrada com a postura corporal é essencial. “São pessoas mais vulneráveis, sim, mas, como toda regra tem exceção, muitas vezes elas são mais cuidadosas com o corpo e, assim, compensam a vulnerabilidade com cuidados”, afiança a entrevistada. Esse cuidado evita que o quadro afete visão, audição, articulação temporomandibular e resulte, por exemplo, em quadros de bruxismo. “Uma desorganização muscular não fica circunscrita à coluna cervical, pode atingir outras partes do corpo e gerar intensa dor, desqualificando bastante a qualidade de vida da pessoa”, encerra Meira.

OUTROS OLHARES

UM CASAMENTO SEM SEXO PODE SER UMA UNIÃO FELIZ?

Especialistas e casais estão desafiando a ideia geral de que a atividade sexual é essencial para os relacionamentos bem-sucedidos

As posturas culturais sobre o papel que o sexo desempenha no casamento mudaram bastante ao longo do tempo. Enquanto antes tratava-se principalmente de um meio de gerar filhos, nas últimas décadas a sabedoria popular indicava que a prática frequente era essencial para uma união feliz, tornando-se quase uma verdade absoluta.

Esse pensamento surgiu quando uma nova onda de positividade sexual nos anos 1990 coincidiu com a ascensão de diferentes for- mas de terapia, incluindo o aconselhamento de casais. Os especialistas orientavam os casais sobre como fortalecer os seus casamentos, muitas vezes confiando na crença de que relaciona- mentos saudáveis incluíam a prática de sexo frequente. Na década de 2010, agendar momentos de intimidade passou a ser visto como uma forma de manter a intimidade e evitar a separação.

Mais recentemente, no entanto, tanto os especialistas em relacionamentos como os próprios casais têm gradualmente desconstruído algumas dessas opiniões defendidas, trabalhando para desestigmatizar as abordagens não convencionais que alguns adotam para permanecerem juntos.

Sharon Hyman, que criou um grupo no Facebook para casais que optaram por morar separados, afirma que muitos membros acham que as suas vidas sexuais melhoram ao não passar todo tempo juntos.

“Meu objetivo é mostrar que existem opções saudáveis de relacionamento. Nenhum formato serve para todos”, ressalta Hyman.

Hoje, muitos casais estão menos dispostos a tolerar o que a psicoterapeuta Esther Perel chama de “tédio” no quarto. Segundo ela, a superexposição doméstica prejudica o erotismo, que comumente requer certo mistério. Isso não quer dizer que o amor e o desejo a longo prazo sejam impossíveis, mas, de acordo com Perel, manter vivo o interesse sexual exige criatividade.

Para Perel, como para muitos outros especialistas em relacionamentos, isso às vezes significa reexaminar o investimento em outra premissa fundamental do casamento: a monogamia. O colunista do NYT Dan Savage também argumenta que a monogamia não é inteiramente plausível ou prazerosa para todos e incentiva as pessoas casadas a serem honestas umas com as outras sobre como se sentem a respeito disso.

Enquanto alguns questionam o padrão do sexo monogâmico no casamento, explorando relacionamentos poliamorosos e abertos, outros estão resistindo à pressão para fazer sexo. Na verdade, os americanos em geral, por exemplo, fazem menos sexo do que antes.

Um estudo descobriu que os adultos americanos nascidos na década de 1990 transam menos do que as gerações mais velhas; eles têm menos parcerias estáveis e aqueles que têm parceria também fazem menos sexo. Outro estudo, publicado por pesquisadores da Universidade de Chicago em 2021, descobriu que cerca de 50% de todos os adultos entrevistados faziam sexo uma vez por mês ou menos, com metade dessas pessoas relatando que não faziam essa atividade há um ano. Os estudiosos têm especulado sobre as razões dessa baixa por meio de análises de comportamentos, que partem desde o isolamento causado pela tecnologia até conversas culturais sobre consentimento.

Muitas mulheres mais jovens, por exemplo, estão praticando abstinência intencional. Existem tendências no TikTok sobre ficar “sóbria de homens”, uma expressão cunhada pela comediante Hope Woodard, que diz que fazer uma pausa pode ser fortalecedor para mulheres que anteriormente alteraram seus desejos para acomodar os homens.

Um movimento feminista que teve origem na Coreia do Sul, mas que se espalhou globalmente através das redes sociais, também defende a rejeição da gravidez, bem como do namoro, do casamento e do sexo heterossexual. Enquanto isso, os “parceiros de vida platônicos”, amigos que se comprometem a possuir uma casa e até mesmo a criar os filhos juntos, insistem que o romance e a intimidade não são necessários para uniões duradouras.

A educadora e pesquisadora Emily Nagoski resiste diretamente à ideia de que o sexo frequente deve ser um componente principal de todo relacionamento sério. Nagoski não endossa o sexo obrigatório nem incentiva a busca por qualquer padrão em termos de regularidade ou comportamento.

PREVISIBILIDADE

A opção de uma vida a dois sem sexo é experimentada por casais como Will e Rose, que se conheceram há dez anos pela internet e estão juntos até hoje. O relacionamento deles sobreviveu a várias mudanças, incluindo cerca de um ano de namoro à distância, e aos desafios de encontrar tempo para fica- rem juntos enquanto moravam com os pais. Agora, sete anos depois de casados, eles têm seu próprio apartamento em Los Angeles. Will sai durante o dia e à noite eles ficam abraçados na cama e assistem televisão.

Por mais que Will seja um bom parceiro, Rose sente que a calma de seu relacionamento também desanima sexualmente. Eles falam abertamente sobre como, para ela, a previsibilidade do casamento — aspecto que ela adora —entorpece seu desejo. Ela sabe que isso pode ser confuso e até frustrante para Will, mas não gosta da ideia de se forçar a fazer sexo.

Para entrar no clima, ela depende de uma série de rituais para ajudar a criar expectativa, como fazer o cabelo e a maquiagem, depilar as pernas, tomar uma taça de vinho ou viajar para fugir da rotina. Will não precisa fazer nada para se sentir pronto, e Rose vê isso como outra forma de eles serem diferentes. Ao longo dos anos, eles aceitaram que essa será a vida deles, se quiserem permanecer juntos.

Durante a pandemia, o casal ficou mais de um ano sem fazer sexo, mas saboreou o tempo extra juntos. Presos em casa, eles passeavam pela vizinhança e conversavam constantemente. Will aprecia essas oportunidades pequenas de conexão. Às vezes eles tomam banho juntos e se abraçam nus, sem nenhuma expectativa. Embora ele continue esperançoso de que esses momentos levem a outra coisa, não insiste

A paternidade mudou irrevogavelmente as vidas sexuais de muitos casais. Camille sentiu que seu casamento foi o relacionamento mais sólido e afetuoso que ela já experimentou, mas confirma que se tornar mãe a distanciou de seu desejo sexual.

“Parece algo que não consigo tocar, uma outra parte de mim que não sei como acessar”. admite ela.

Outros casais, tal como Rose e Will, confessam se sentir sexualmente desalinhados com os seus parceiros à medida que os seus desejos seguiam direções diferentes. Jean, uma mãe de 38 anos afirma que o interesse do seu marido por sexo diminuiu gradualmente ao longo dos 13 anos de casamento. Ela, por outro lado, experimentou o que chamou de “puberdade secundária” à medida que seus filhos cresceram e se tornaram menos dependentes.

“Sinto que estou vivendo de cabeça para baixo a maior parte do tempo. Minhas amigas reclamam que seus maridos as agarram enquanto lavam a louça, e eu penso que adoraria me sentir desejada assim”, confessa ela.

COMPARAÇÕES

Apesar da insistência de que o sexo não é essencial no casamento, a maioria dos casais monitora a frequência com que fazem sexo. Eles também parecem assombrados pelo quanto se desviam dos padrões.

Os números, acredita Nagoski, podem ser uma métrica contraproducente. É impossível ouvir tais estatísticas e não julgar o relacionamento de alguém com base nelas.

“Você está se comparando, se julgando bom ou inadequado, em comparação a um monte de pessoas com quem você não está fazendo sexo”, aponta Nagoski.

Para os casais que se avaliam em relação ao que Nagoski chama de “ficções” do sexo, ou para aqueles que se preocupam com o fato de seu relacionamento estar em risco sempre que entram no quarto ou não encontram algum número mensal, pode haver muita pressão para que o sexo seja realizado. Segundo a especialista, no entanto, é mais importante que os casais estabeleçam que tipo de sexo vale a pena ter.

GESTÃO E CARREIRA

MODELO A DISTÂNCIA: HOME OFFICE IMPACTA A INOVAÇÃO?

De um lado, empresas com uma clara preferência ao trabalho presencial.

Do outro, as adeptas ao modelo a distância ou, ao menos, às rotinas híbridas. A guerra ao home office se mostra um tema cada vez mais discutido no mercado, com pontos positivos e negativos defendidos por ambas as partes.

Por mais que cada negócio deva avaliar este aspecto conforme sua cultura e demandas, algo é fato: adotar jornadas 100% presenciais, muitas vezes, pode ser um fator fortemente prejudicial à inovação. Apesar da pandemia ter sido um catalisador deste modelo a distância, diversos países já vinham adotando uma série de iniciativas voltadas ao home office muito tempo antes.

Com o isolamento social, a grande mudança foi o avanço das ferramentas favoráveis às operações de casa, tendo sido aperfeiçoadas e destinadas para viabilizar que os profissionais pudessem realizar suas atividades fora da sede empresarial sem prejuízos à sua produtividade. Os benefícios desta prática foram tantos que, em dados divulgados na 24ª edição do “Índice de Confiança Robert Half”, 76% dos trabalhadores passaram a considerar a modalidade híbrida como a ideal para se trabalhar.

Então, por que muitas empresas, mesmo diante desse cenário, começaram a fomentar a volta ao presencial? A razão disso é, principalmente, para que pudessem ter uma melhor gestão sobre suas operações, considerando o aumento dos casos de sobrecarga de muitos talentos com o isolamento social. Nós, seres humanos, somos biologicamente sociáveis. Sentimos uma falta natural de estarmos cercados por outras pessoas, conversarmos, e preservar as relações interpessoais.

Então, quando precisamos ficar em casa de- vido à pandemia, foi compreensível o crescente número de casos de burnout e pioras na saúde mental, especialmente, nas gerações mais jovens. Segundo uma pesquisa feita pela LHH do Grupo Adecco, empresa suíça de recursos humanos, 45% dos líderes identificaram uma piora nesse quadro em seus times durante esse período.

Isso fez com que, de acordo com outro estudo da International Stress Management Association (Isma) tenha revelado que, em 2023, o Brasil se tornou o segundo país com maior quantidade desses diagnósticos. É claro que a volta ao presencial permite aos gestores um maior controle e acompanhamento dos processos internos, assim como a promoção de um relacionamento mais próximo entre as equipes.

Porém, se analisarmos, mais especificamente, essa proposta em grandes cidades, o longo tempo gasto na locomoção é um fator extremamente prejudicial ao cansaço dos profissionais, o que gera um impacto direto para a inovação. Uma ideia inovadora pode surgir de diversas pontas, assim como pode ser aplicada de diferentes formas para trazer resultados melhores que alavanquem a marca em seu segmento.

Mas, para que isso aconteça, é importante que tempo de qualidade para a vinda dessas ideias, e não um desgaste excessivo com rotinas que apenas gere um maior cansaço.

Neste ponto, o home office permite que possamos conciliar melhor nossas responsabilidades profissionais a atividades de lazer como caminha- das, academia, ou outros hobbies que relaxem nossas mentes e destravem nossas ideias.

O próprio Albert Einstein, inclusive, já relatou que alguns de seus maiores papers surgiram enquanto caminhava. Contudo, não podemos nos esquecer de que, por sermos seres sociáveis, não podemos excluir totalmente a interação com outras pessoas, uma vez que também se pontua como um aspecto importante para a troca de visões e experiências para a implementação de ideias inovadoras.

A pandemia foi uma das poucas crises humanitárias que não foi sucedida por grandes inovações. O que mais presenciamos foi o crescimento de tendências que já vinham despontando no mercado, com as quais pudemos aperfeiçoar muitos métodos e processos do mercado. Se tratando do home office, não há como negar que é uma modalidade com suas vantagens e que também tenderá a permanecer em muitas empresas.

Mas, ele precisa ser equilibrado ao ser incorporado, mantendo uma conexão entre os times para que não se isolem e consigam fortalecer este relacionamento perante a vinda de insights valiosos para o crescimento do negócio.

É uma mera questão de equilíbrio entre o presencial e a distância, com o qual os profissionais permanecerão em contato com seus colegas, manterão uma boa flexibilidade para seu descanso e, com isso, conseguirão ser mais criativos e trazer ideias inovadoras de sucesso para alavancar a empresa em seu segmento.

ALEXANDRE PIERRO – É mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e sócio fundador da Palas

www.isodeinovacao.com.br.

EU ACHO …

O DESAFIO DE “SER PARA SI” EM UM MUNDO DE “OUTROS”

Quanto mais jovens, mais susceptíveis estamos às influências desse “olhar do outro”

Refletindo sobre o passado e sua influência em minha percepção atual, às vezes me ocorre rever fotografias de quando tinha uma ou duas décadas a menos e encontrar ali uma mulher maravilhosa e deslumbrante em cada detalhe: na roupa, no gesto, na delicadeza e na sensualidade. Mas o que mais me espanta é que quando eu vivia aquela época, naquele momento em que a foto foi tirada, não me sentia como me vejo na foto agora.

É comum a ideia de que, à medida que envelhecemos, começamos a nutrir uma admiração mais profunda por quem éramos em momentos anteriores de nossas vidas. Isso talvez explique, em parte, a razão pela qual vejo-me bonita nas fotos antigas. Contudo, acredito que há algo mais nessa beleza que vejo hoje: sinto que gostaria de abraçar aquela moça insegura, que tinha muito mais como objetivo satisfazer as expectativas alheias do que buscar sua própria satisfação.

A influência das expectativas alheias moldava profundamente minha autopercepção, de modo que a insegurança da juventude e a incapacidade de me enxergar em toda a minha potencialidade eram fruto do alto valor que dava ao “olhar do outro”. Quanto mais jovens, mais susceptíveis estamos às influências desse “olhar do outro” que, por meio da sociedade e da mídia, impõem padrões de beleza e sucesso que são inatingíveis para a maioria de nós, pessoas comuns.

Neste contexto, esse olhar do outro foi muito bem explorado por Jean-Paul Sartre. Segundo o autor, o “olhar do outro” pode moldar como formamos nossa autoimagem, muitas vezes nos fazendo adotar uma identidade mais alinhada às expectativas sociais “dos outros” do que à expressão de nossa autenticidade.

Quando vivemos pelo “olhar do outro”, nossa existência não é validada por meio de uma introspecção verdadeira sobre quem somos, mas sim fruto do julgamento externo, ou seja, daquilo que os outros esperam de nós. E não pode haver uma vida mais inautêntica do que esta, pois tentando alcançar padrões inalcançáveis estamos sempre insatisfeitos conosco mesmos, e isso faz com que nossas conquistas e beleza, evidente nas fotos, sejam obscurecidas.

À medida que amadurecemos, tendemos a questionar esses padrões e a nos libertar, permitindo aflorar em nós aquilo que Sartre chamou de “ser para si”– que é um estado em que deixamos de nos preocupar de modo excessivo com o que os outros esperam ou pensam de nós e nos voltamos para nossa essência, em busca daquilo que verdadeiramente nos faz bem.

É muito bom perceber que hoje, ao revisitar minhas fotografias, consigo reconhecer a beleza que antes me escapava. Compreendo também que há um processo laborioso para nos tornarmos mais autênticos e nos livrarmos, tanto quanto possível, do peso do “olhar do outro”. Aquela jovem que vivia para ser reconhecida, cuidada e amada a qualquer preço, cuja existência era moldada pelo “olhar do outro”, precisa aprender diariamente a ir cedendo espaço para a mulher que tenta olhar com coragem para dentro de si para compreender os próprios anseios, faltas e alegrias.

JURACIARA VIEIRA CARDOSO – Professora na UFLA, mestre em direito constitucional e doutora em filosofia do direito

ESTAR BEM

GUIA COMPLETO PARA O PRAZER

Especialistas apontam os principais fatores que influenciam o orgasmo

O orgasmo feminino ainda não acontece com a frequência que a maioria das mulheres gostaria. De acordo com um estudo feito com 1.370 mulheres pela Casa Prazerela (espaço que oferece múltiplas atividades focadas no prazer feminino, em São Paulo), apenas 36% têm orgasmos durante o sexo, 50% chegam lá eventualmente e 14% nunca gozaram durante uma relação sexual. Para se permitir explorar novos caminhos de prazer, confira a seguir um guia com as principais dicas para alcançar o clímax.

COMO DESPERTAR O DESEJO SEXUAL FEMININO?

Há dois tipos de desejo: o espontâneo e o responsivo. O primeiro surge na mulher independentemente do contato sexual: aquela que tem um pensamento erótico e se masturba, que quando um homem ou mulher interessante se aproxima pode ficar excitada ou que só de olhar para o parceiro ou parceira pode ter vontade de transar (mais frequente em relacionamentos recentes).

Já o segundo é a excitação que surge quando a mulher começa a ser estimulada para fazer sexo. “É importante compreender a natureza do estímulo para que as mulheres não se considerem disfuncionais se aquilo que deveria excitá-las não está fazendo efeito”, afirma a psicóloga, terapeuta sexual e autora do “Sexoterapia”, Ana Canosa. Segundo o médico Eduardo Siqueira Fernandes, da Comissão de Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, também é fundamental que as mulheres conheçam seu próprio corpo e saibam quais partes dele que, ao serem tocadas, dão mais prazer. “A genitália conta com o clitóris, uma região com múltiplas terminações nervosas que ao serem manipuladas podem elevar a sensação de prazer e fazer a mulher chegar até o orgasmo”, recomenda o ginecologista.

OS TIPOS DE ORGASMO FEMININO

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Charles em Praga, na República Tcheca, e do Centro de Saúde Genital e Educação identificou três tipos de orgasmo feminino: “onda”, “avalanche” e “vulcão”. Os cientistas caracterizaram como “onda” quando o assoalho pélvico — composto de músculos localizados entre o cóccix e a pelve – apresenta ondulações ou contrações sucessivas de tensão e liberação no orgasmo. Já a “avalanche” ocorre quando há uma tensão mais elevada dessa região com contrações que diminuem durante o orgasmo. Por fim, o “vulcão” é caracterizado pela permanência em uma tensão mais baixa antes de aumentar drasticamente no clímax.

Os resultados apontaram que a maioria das mulheres teve orgasmos de “onda”, enquanto as outra se dividiram em “avalanches” e “vulcões”.

De acordo com um estudo publicado no “Journal of Sexual Medicine” e realizado por especialistas da clínica de ginecologia New H Medical, em Nova York, a posição mais eficaz para alcançar o orgasmo feminino é a “papai e mamãe”, com um travesseiro colocado sob a pélvis da mulher para que a inclinação do corpo dela fique maior.

Após comparar o fluxo sanguíneo do clitóris antese depois do sexo em cada uma das cinco posições, foi descoberto que, devido à inclinação proporcionada pela postura “papai e mamãe”, a região da vagina fica mais relaxada e aberta, facilitando o ato. As genitálias dos parceiros também permanecem mais próximas e a penetração é mais profunda nessa posição.

DESMASCARANDO MITOS DA PORNOGRAFIA

Em uma espécie de mito ou lenda urbana, foi determinado que o máximo de prazer a ser alcançado no orgasmo feminino se materializaria por meio do squirt, considerado por muitos um equivalente à ejaculação masculina e visto como a prova definitiva de que a mulher gostou do ato sexual. Uma fantasia sexual tão grande foi criada em torno dessa prática que no portal Pornhub foram encontrados 200 mil vídeos com o título “squirting” ou “como conseguir um squirt”, segundo dados da empresa atualizados em 2021.

No entanto, a sexóloga Almudena M. Ferrer explica que muitas vezes o squirt é confundido com a ejaculação feminina, mas ela esclarece que são duas coisas diferentes, tanto pela composição quanto pelos mecanismos e órgãos que os produzem. A primeira é a expulsão de um líquido diluído das glândulas de Skene e contendo ureia, ácido úrico e creatinina, enquanto a ejaculação feminina é a liberação de um líquido esbranquiçado, espesso e escasso da chamada próstata feminina. Algo muito importante a destacar é que ambos podem ocorrer sem que seja necessário atingir o orgasmo. “Muitos fantasmas foram gerados em torno deste assunto quando se trata apenas de uma reação fisiológica do corpo”, pontua Norma Ageitos Urain, sexóloga, socióloga e membro do Conselho Diretor da Associação Estatal de Profissionais de Sexologia (AEPS) da Espanha.

AUMENTANDO A INTENSIDADE DO ORGASMO

Para difundir informações sobre esse assunto, a médica Teresa Irwin, especialista em saúde sexual atuante no Texas (EUA), posta vídeos nas redes sociais com dicas de exercícios que podem ajudar mulheres a ter orgasmos mais intensos. São eles: exercícios de Kegel, desenvolvidos para fortalecer o assoalho pélvico, eles são normalmente feitos contraindo e relaxando os músculos da região; dança do ventre e ioga: Irwin orienta a mulher a fazer essas contrações após executara dança, ou algum movimento da ioga. Isso pode ser uma boa alternativa para o fortalecimento do assoalho pélvico; respiração hipopressiva: esse exercício ajuda a aliviar a pressão no assoalho pélvico, já que visa a fortalecer o abdômen e a lombar, ajudando a suportar o peso dos órgãos localizados na barriga. Para realizar essa técnica, é preciso manter a respiração lenta e a coluna bem ereta.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

EMPURRANDO COM A BARRIGA…

Ato de procrastinar, que consiste em adiar tarefas, pode resultar em consequências desastrosas relacionadas tanto à saúde mental quanto a doenças físicas

O cardápio da sorveteria é de dar água na boca, enquanto o calor de lascar arrebenta a tarde lá fora. Mesmo ansiando o momento de refrescar o corpo, a escolha não ocorre. Há cerca de 50 sabores à disposição do cliente: morango, creme, chocolate, abacaxi, coco etc.

O psiquiatra Bruno Brandão atribui a dificuldade em tomar uma decisão diante de um cenário com diversas opções a um tipo de perfeccionismo que ele nomeia de “maximização decisional”, o que pode estar relacionado ao temível ato da procrastinação. “A pessoa quer ter certeza absoluta de estar tomando a melhor decisão e acaba não tomando decisão nenhuma, postergando para depois”, observa.

Brandão relembra outro caso emblemático, quando uma marca de desodorantes abarrotou as prateleiras com 15 fragrâncias diferentes de seu produto e viu as vendas despencarem. Logo recuou e passou a oferecer apenas três variedades. Novamente, o psiquiatra confirma sua tese: “O excesso de opções aumenta a tendência de procrastinação”.

Isso pode ser constatado com os catálogos das plataformas de streaming e o hábito, cada vez mais comum, de conferir as capas sem decidir por nenhum, gastando mais tempo nessa atividade do que assistindo ao filme em si. Ou mesmo ao passar o dedo por horas a fio nos aplicativos de relacionamento.

Marca da nossa época, as redes sociais também aumentam a tendência à comparação, especialmente para quem tem “padrões rígidos de autocobrança”, outro fator que “pode levar à paralisia diante das expectativas”. “Nesse sentido, a sociedade contemporânea atua para nos induzir a procrastinar. É importante aceitar a suficiência em vez da perfeição. Tomar o sorvete de creme e, se o de flocos for melhor, outro dia eu provo. Ou tomar o sorvete de morango por- que, para a proposta de conversar com a minha namorada nesta tarde, ele é suficiente”, exemplifica o psiquiatra, que define a procrastinação como “o adiamento de algo que consideramos benéfico a nós mesmos”.

CONFLITO

Em suma, Brandão compreende a procrastinação como “um conflito, em que queremos ou necessitamos realizar uma ou mais tarefas, mas adiamos, numa posição contrária aos nossos objetivos”. Além do perfeccionismo, ele divide o problema em três dimensões: expectativa negativa em relação ao futuro, grau de motivação e impulsividade.

No primeiro quadro, o psiquiatra diferencia pessoas com a chamada “mentalidade fixa” e “de crescimento”. O caso da “mentalidade fixa” tende a atribuir os problemas a causas externas, ao passo que o segundo traz para si a responsabilidade, interiorizando-a. “Se a pessoa tem expectativas negativas em relação ao futuro e acredita que as coisas não dependem dela, prefere não fazer nada, já que ‘vai dar errado’”, diz.

Como valor subjetivo e não racional, a motivação seria encontrar sentido naquilo que se realiza. “Há pessoas com maior propensão ao tédio, que precisam estar muito motivadas para cumprir suas tarefas e que vão depender do quão entusiasmadas es- tão. Quando ocorre a desmotivação, começa a procrastinação”, explica o especialista. Por fim, a impulsividade surge naqueles que “vivem o imediatismo na base da empolgação”.

“Essas pessoas têm dificuldade para dizer ‘não’ à tentação imediata e aceitar o que não é tão excitante, mas pode ser importante”, sublinha. Brandão dá como exemplo pessoas que “entram para a academia ou iniciam uma dieta, mas, passada a empolgação inicial, cedem ao controle remoto e ao pote de sorvete”, afirma.

Assim, “comer brócolis e levantar peso” funciona só nas primeiras semanas, e esses compromissos vão sendo procrastinados para cada vez mais adiante, a eterna e inatingível “próxima segunda-feira”. Em termos filosóficos, Brandão resume a procrastinação a “esse conflito constante entre razão e emoção”, traduzido na neurociência como as partes cognitiva e afetiva do cérebro.

As consequências negativas são, no dizer do psiquiatra, uma “verdadeira enxurrada”. “Ansiedade, estresse, sentimento de culpa, arrependimento e sensação de fracasso emergem dessa contradição entre o que se idealiza e o que propriamente se alcança. Com a saúde mental afetada, doenças físicas, de ordem gastrointestinal e vascular, podem aparecer.”

PROCRASTINAÇÃO PODE ESTAR LIGADA A QUADROS DE DEPRESSÃO

O psiquiatra Bruno Brandão avalia que o conflito inerente à procrastinação “aumenta o risco de desenvolver um quadro depressivo”. Mas essa ordem pode se inverter e o hábito de procrastinar estar relaciona- do a uma depressão ainda não devidamente diagnosticada.

“É preciso investigar. O cansaço é um sintoma inespecífico de uma série de doenças e pode ser causado por um problema físico, na tireoide, ou em razão de má alimentação, insônia e também ansiedade intensa, depressão e outros transtornos mentais”, salienta.

Ele sustenta que “não há benefícios em procrastinar uma atividade” – ao contrário de “abandonar determinados projetos”, numa decisão mais firme e definitiva que supera a letargia do que se mantém suspenso. Por conta disso, o psiquiatra repele a pretensa frase de autoajuda “não desista nunca”. “Se, no meio do caminho de um relacionamento, um trabalho, um concurso, você descobre que aquilo não é para você ou que está te fazendo mal, que você está sendo abusado, você deve desistir, sim, e buscar uma coisa melhor”, afiança.

Brandão também recorre ao conceito de “desamparo aprendido” para explicar a procrastinação, quando, após um número de tentativas, a pessoa se convence de que “não vale mais a pena tentar e passa a procrastinar”. “Observamos muito desse tipo de quadro em diagnósticos de depressão”.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

POR QUE AS CRIANÇAS NÃO DEVEM TOMAR CAFÉ?

Pediatra aponta os malefícios da bebida, especialmente para menores de 12 anos. Versão descafeinada pode ser consumida esporadicamente

Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em parceria com o Instituto Axxus, mostra a evolução do hábito de tomar café, entre 2019 e 2023. Pelos números, 29% dos consumidores ingerem mais de seis xícaras de 50 ml diariamente, enquanto 46% consomem entre três e cinco. Como os filhos se espelham nos pais, é mais do que normal que eles tenham a curiosidade de experimentar a bebida, ainda mais se existe esse consumo em casa. Mas será que o café é indicado para crianças?

A Academia Americana de Pediatria (AAP) orienta que o café não seja consumido por menores de 12 anos. De acordo com a diretora médica do Prontobaby Hospital da Criança, Aline Magnino, as doses de cafeína ingeridas podem ocasionar efeitos completamente diferentes em mesma dosagem que em adultos.

“Em 2022, ocorreu o National Conference & Exhibition, da AAP, quando o professor Mark R Corkins (professor da Pediatrics, University of Tennessee) e membro do comitê de nutrição da AAP assegurou que as crianças não são pequenos adultos. Por serem menores em tamanho corporal, é preciso uma quantidade menor de cafeína para prejudicar a homeostase corpórea. O excesso dessa substância pode causar aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, além de contribuir para o aparecimento do refluxo ácido, causar ansiedade e distúrbios do sono”, pontua a pediatra.

A cafeína em doses regulares traz uma série de efeitos negativos para a saúde até mesmo de adolescentes. Atualmente, pode-se evidenciar e comprovar cientificamente que a ingestão de bebidas com esse componente traz malefícios ao organismo. “Pode interferir no desenvolvimento neurocognitivo, influenciar o sistema cardiovascular, causar dependência e intoxicação”, comenta Aline.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a AAP, não é recomendada a ingestão de café ou outros produtos que contenham cafeína, como chá preto, chá branco, refrigerante do tipo cola, guaraná, bebidas esportivas isotônicas, entre outros, para crianças menores de 12 anos.

“Em adolescentes entre 12 e 18 anos, a ingestão deve ser limitada a menos de 100mg por dia. Podemos exemplificar que uma xícara de chá pode ter até 47 mg de cafeína, enquanto um refrigerante cola diet possui cerca de 46 mg”, explica.

MELHOR OPÇÃO?

Muitos pais recorrem a versões descafeinadas quando surge essa curiosidade por parte dos filhos. Mas será que essa é a melhor opção? O regulamento RDC nº 277 da Anvisa mostra que o café é considerado descafeinado quando o teor de cafeína é igual ou inferior a 0,1%, e 0,3% para produtos solúveis. Aline Magnino diz que é mais seguro que seja ingerido em pequenas doses, mas é preciso atentar ao fato de que não é isento de cafeína e que por isso não deve ser ingerido de forma regular.

“Sabe-se atualmente que a cafeína antagoniza os receptores de adenosina e potencializa a neurotransmissão dopaminérgica, comportando-se como estimulador do sistema nervoso central e periférico, e assim proporcionando a redução do sono e da fadiga. Entretanto, o seu uso em períodos vespertinos e noturnos altera o sono, além de poder alongar a latência e diminuir a eficácia e duração do mesmo”, aponta a médica.

OUTROS OLHARES

SETE DICAS PARA UMA CONVIVÊNCIA EQUILIBRADA COM O CELULAR

A versatilidade, conectividade constante à internet e ampla gama de aplicativos os transformaram em ferramentas essenciais na rotina da maioria das pessoas, influenciando profundamente a forma como nos comunicamos, trabalhamos e nos relacionamos com o mundo. Embora os smartphones sejam verdadeiros protagonistas da atualidade, é fundamental estabelecer limites, lançando mão de uma relação saudável com esses dispositivos, para preservar o equilíbrio em nossas vidas e nos relacionamentos.

Você sabe, por exemplo, quantas horas do seu dia passa em frente às telas conectado? Um estudo da Data Reportal revela que uma pessoa fica, em média, cerca de sete horas. Esse número pode ser ainda maior se o seu trabalho exigir o uso de um computador. A pesquisa também destaca que existem atualmente 4,95 bilhões de usuários de internet no mundo, sendo que 92% acessam à web por meio do celular.

Fato é que passar muito tempo conectado no mundo virtual pode causar prejuízos à saúde mental e física, incluindo problemas de sono, fadiga ocular, sedentarismo, isolamento social, ansiedade e impactos na concentração e produtividade. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos também pode contribuir para o desenvolvimento de vícios digitais.

Portanto, muito importante colocar em prática dicas para alcançar uma boa convivência com os smartphones, aproveitando o mundo online e offline de maneira saudável e equilibrada.

ESTABELEÇA UM TEMPO

Defina períodos específicos do dia para usar o celular. Evite o uso excessivo, especialmente antes de dormir. A luz azul emitida pelos dispositivos pode interferir no sono prejudicando a qualidade do descanso.

DESCONECTE-SE REGULARMENTE

Desativar notificações durante refeições, encontros sociais ou momentos de lazer c promove uma conexão mais genuína com as pessoas ao seu redor.

PRATIQUE O “DETOX DIGITAL”

Escolha um dia na semana para se distanciar ao máximo do uso de dispositivos eletrônicos. Use esse tempo para atividades ao ar livre, leitura ou outras formas de entretenimento offline.

UTILIZE APLICATIVOS PARA CONTROLE

Existem ferramentas projetadas para monitorar e limitar o tempo de uso do celular. Estabeleça metas diárias e semanais para garantir que não ultrapasse as metas pré-determinadas.

PROMOVA CONVERSAS PRESENCIAIS

Quando estiver com amigos ou familiares, e faça um esforço consciente para se envolver em conversas presenciais. O contato olho no olho fortalece os laços interpessoais, proporcionando uma experiência mais rica e significativa.

DEFINA ZONAS LIVRES DE CELULAR

Delimite áreas em casa onde o uso do celular não é permitido, como na mesa de jantar. Isso ajuda a criar espaços sagrados para a interação humana sem distrações digitais.

PRIORIZE A QUALIDADE SOBRE A QUANTIDADE

Ao usar o smartphone para se comunicar, concentre-se na qualidade das interações. Evite a tentação de ficar constantemente conectado, respondendo rapidamente a cada notificação. Reservar tempo de qualidade para respostas mais ponderadas pode fortalecer os relacionamentos.

Como se vê, incorporar hábitos equilibrados no dia a dia com o celular é essencial para o bem-estar mental e a qualidade das relações. Assim, é possível aproveitar o melhor da tecnologia sem comprometer a nossa saúde.

LETÍCIA BUFARAH – É gerente de marketing da Leapfone

leapfone@nbpress.com.br.

GESTÃO E CARREIRA

TRABALHADORES DA GERAÇÃO Z QUEREM FEEDBACK

Os nascidos entre 1997 e 2012 estão mudando as normas nos locais de trabalho, inclusive a forma como a avaliação de desempenho e a correção de erros são feitas

Seus colegas mais jovens podem ser os mais novos no local de trabalho, mas eles têm expectativas claras sobre como gostariam de receber feedback: ele deve ser oportuno, colaborativo, empático e equilibrado. Mas se você esperar semanas ou meses para resolver um problema, corrigir os erros deles sem uma conversa ou se concentrar apenas no que deu errado, eles poderão ir embora para encontrar um local de trabalho que se conecte melhor com eles.

A geração Z, ou seja, os nascidos entre 1997 e 2012, está mudando as normas do local de trabalho, inclusive a forma como o feedback crítico é fornecido. As culturas entram em conflito quando as gerações mais velhas, que podem ter passado sem muitas explicações ou cuidados no início de suas carreiras, criticam os trabalhadores mais jovens de forma não intencional, alienando-os ou desencorajando-os, afirmam os especialistas.

Progressivamente, a geração Z vai se tornar uma parte maior da força de trabalho – espera-se que ela compreenda mais de 32% até 2032, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics. E eles estão pedindo que os empregadores os ouçam. “Em vez de apenas dizer: ‘Ei, você fez isso errado’, diga: ‘Gostaria de conversar sobre como foi seu processo de pensamento e onde você errou’”, disse Yatri Patel, engenheira de software de 24 anos da Tennessee Valley Authority, a agência de energia onde ela está trabalhando em seu primeiro emprego em tempo integral. “Ajude-me a entender.”

Por ser a primeira geração que cresceu com a internet na ponta dos dedos desde a infância, a geração Z está acostumada a ter acesso instantâneo a informações, segundo especialistas. Portanto, quando não sabem como fazer ou entender alguma coisa, eles recorrem à internet para obter mais informações. Eles levam essas expectativas para o trabalho, onde informações sobre o local de trabalho podem ser mais difíceis de acessar, disse Megan Gerhardt, professora da Miami University.

“Por meio do Google, da Siri e da Alexa, eles obtiveram respostas para tudo o que queriam perguntar”, disse ela. “No local de trabalho, eles estão entrando em situações em que as informações gratuitas sobre o motivo pelo qual as coisas são feitas de determinada maneira são difíceis ou confusas.”

Joel Velez, um especialista em marketing digital de 24 anos da região de Milwaukee, disse que aprecia quando os gerentes adotam uma abordagem do tipo conselheiro e criam uma cultura de abertura e empatia. Até mesmo uma frase tão simples como “sinta-se à vontade para fazer perguntas” ajuda a acalmar a ansiedade, disse ele. “É um bom lembrete de que este é um ambiente de aprendizado.”

Como gerente da geração Z, Hannah Tooker aprendeu a adaptar o feedback às personalidades individuais e aos estilos de aprendizagem de seus jovens funcionários. A vice-presidente sênior da agência de marketing LaneTerralever, sediada em Phoenix, disse que, diferentemente de outras gerações, precisa equilibrar as necessidades emocionais e comerciais – e seus jovens funcionários não têm medo de pedir mudanças. “Tenho de entender como eles se comunicam e sobre o que querem falar”, disse Hannah, uma millennial. “Eles me mantêm alerta.”             

EU ACHO …

PARA SEMPRE VIRGENS

Já contei em entrevistas e talvez em alguma crônica, mas já que ninguém lembra de nada mesmo, vou contar outra vez. Tive um diário quando era adolescente, onde escrevi sobre meus 14, 15, 16 anos. Quando fiz 17, em uma determinada página daquela que já me parecia uma longa existência, registrei: “Tenho medo de nunca mais ser feliz como fui até agora”. Chego a me comover com tamanha inocência.

Aos 17, eu era virgem. Nunca tinha saído do Brasil. Ainda não trabalhava. Não sabia o que seria quando crescesse. Não havia tido nenhum namoro que durasse mais do que duas semanas. Não havia sofrido, a não ser as angústias de qualquer adolescente. O que eu havia vivido de tão fenomenal até ali? Uma infância tranquila, confidências com as amigas, danças em festas, fins de semana na praia, shows e cinema, beijocas e paixonites. Quando passei a acreditar que não viveria nada mais empolgante que isso, envelheci. Ao terminar de escrever aquela frase absurda, meus ombros encurvaram e duas pantufas acolheram meus pés.

Velhice é quando o que ficou para trás torna-se superior ao que está por vir. Talvez aconteça com quem está chegando perto dos 90 anos: a improbabilidade de novas estreias conduz a um estado natural de nostalgia. Talvez, eu disse. Pode nunca acontecer: há pessoas que, mesmo com muita idade, estão focadas nos 10 minutos seguintes, onde novas estreias as aguardam. Uma tatuagem no pulso. Passar o aniversário em outro país. Escrever poemas eróticos. Fazer amizade com alguém 20 anos mais moço e mais inquieto. Mudar radicalmente de opinião (não há prazo para aprender sobre aquilo que não dominamos tanto assim). Uma emoção represada que enfim desagua. É tudo vida em frente.

Olhar para trás aos 17 anos? Apego às idealizações, covardia, medo. Olhar para trás aos 50, também, mesmo reconhecendo que é cansativo fazer planos e estar sempre a postos para os imprevistos. Eu mesma não vejo a hora de dar minha missão como cumprida e me instalar numa rede com vista para o mar, onde ficarei lembrando de tudo o que vivi dos 17 até aqui, e não foi pouca coisa. Tenho um patrimônio respeitável de acontecimentos na minha biografia de cidadã comum, e não acharia ruim viver de recordações entre um gole e outro de vinho. Mas as pantufas estariam ao pé da rede, e uma bengala também, já que viver de lembrança não tonifica os músculos.

Então sigo me prontificando a incluir páginas extras no meu diário sem fim. Quando fico tentada a achar que o melhor da vida já passou, como estupidamente achei aos 17 anos (“ninguém é sério aos 17 anos”, escreveu Rimbaud), lembro que o dia de ontem é pré-história e listo as virgindades em mim que ainda aguardam serem rompidas. Amanhã mesmo posso vir a fazer algo que nunca fiz.

MARTHA MEDEIROSMarthamedeiros@terra.com.br

ESTAR BEM

BATALHA DOS CARBOIDRATOS

Pão francês retoma vantagem sobre tapioca para emagrecer

Na chapa, com manteiga, requeijão, com ovo, queijo quente e americano. Todas essas receitas típicas do Brasil têm em comum um astro: o pão. Mas não qualquer pão. Na maioria das vezes, o pão francês (que de francês não tem nada) reina. A depender da região do país, o nome é diferente. Pão de água e sal, cacetinho e pão de Jacó são algumas das variações do nome dado à receita que leva farinha de trigo, sal, fermento e água.

Mas, nos últimos anos, o item mais essencial das padarias brasileiras passou a ser considerado o vilão da alimentação e eliminado de dietas “saudáveis” ou da dieta de quem quer emagrecer. Pois prepare-se para seu retorno triunfal, com um crescente número de nutricionistas indicando o pão francês como pré-treino para academia ou em dietas de emagrecimento. Nas redes sociais, publicações do gênero feitas por especialistas se multiplicam.

“Há um tempo, algumas influenciadoras começaram a indicar a tapioca como a musa do emagrecimento, coisa que não é verdade. Ela é mais saudável do que o pão francês somente para pessoas que têm intolerância ao glúten. Mas para o público que não tem nenhuma doença, alergia ou intolerância, não tem problema nenhum comer o pão”, defende o nutricionista Thiago Monteiro, especialista em emagrecimento.

De fato, boa parte da má fama do pão francês deve-se ao fato de ele conter glúten, assim como massas e outros alimentos à base de farinha de trigo. Mas o glúten é uma proteína presente também em outros cereais, como o centeio, o malte e a cevada. Ele é composto por duas substâncias que ajudam as massas a crescerem e ficarem macias, o que explica sua onipresença.

Entretanto, na última década, o glúten foi associado a malefícios para a saúde, como contribuir para a inflamação do organismo e o desenvolvimento de doenças como diabetes, pressão alta e obesidade. O que não encontra respaldo em estudos científicos.

“Há uns dez anos começou um movimento de demonização do glúten e, consequentemente, do pão, com a publicação de diversos livros que colocavam o glúten como um agente inflamatório e causador da obesidade. Mas pesquisas mostraram que além de não fazer mal, o pão é uma excelente fonte de energia. Alguns trabalhos mostraram até mesmo que simplesmente tirar o glúten da alimentação, sem uma orientação nutricional adequada, propicia o ganho de peso”, diz a nutricionista Priscilla Primi, mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

De fato, existe um grupo de indivíduos para quem o consumo de glúten faz mal e é completamente contraindicado, que são pessoas com doença celíaca, patologia autoimune ocasionada pela intolerância a essa proteína. Ao consumir esses alimentos, o próprio sistema imunológico do paciente agride as células do organismo, causando inflamações intestinais.

SENSIBILIDADE

Há ainda pessoas com sensibilidade ao glúten que podem se beneficiar da retirada ou redução desse componente na dieta. Nesses casos, os sintomas não são tão graves quanto o de pessoas celíacas, mas ainda podem causar desconforto.

Enquanto os celíacos devem eliminar completamente o glúten da dieta, pessoas com sensibilidade à proteína podem consumir pães de fermentação natural ou longa fermentação, por exemplo, pois esse processo ajuda na digestão e gera menos desconforto.

Como para todo vilão há um herói, no caso do glúten, a tapioca foi eleita heroína. Por muitos anos, esse alimento derivado da mandioca foi aclamado como o substituto “saudável” do pão, além de ser um aliado do emagrecimento. Na prática, não é bem assim.

“A tapioca não é mais saudável do que o pão francês, a não ser para esse público que tem a doença celíaca. Se pegarmos a tabela nutricional da tapioca e comparar com a do pão francês, ela tem mais carboidrato e menos fibras, o que é muito importante no processo de emagrecimento, controle da glicose e do colesterol. Além disso, tem índice glicêmico alto, que é a velocidade que o corpo libera o carboidrato na corrente sanguínea”, explica Monteiro.

Isso não significa que a tapioca é um alimento ruim, mas é preciso saber que o alimento em si não vai ajudar a emagrecer ou a deixar a barriga chapada. Em termos nutricionais, os dois têm a função de fornecer energia e podem fazer parte de uma alimentação saudável. A escolha fica a critério do freguês, por assim dizer.

O pão de queijo é outra opção no lugar do pão francês. Por ser feito de polvilho, outro derivado da mandioca, tem a mesma função de fornecer energia. Só é preciso estar atento porque, como sua composição inclui ingredientes como queijo, óleo e, dependendo da receita, ovos, ele é mais calórico e tem mais gordura.

Não foi apenas a presença do glúten que desbancou o pão francês das dietas, mas também o aumento da popularidade de dietas “low carb”, que limitam o consumo de carboidratos, como grãos, vegetais ricos em amido e frutas e priorizam a ingestão de alimentos ricos em proteínas e gorduras.

Entretanto, justamente por reduzir drasticamente o consumo do grupo alimentar responsável por fornecer energia ao corpo, esse tipo de dieta é difícil de ser mantida no longo prazo e, em pouco tempo, o pão volta para a alimentação.

EMAGRECIMENTO

Mas, afinal, é possível quem quer emagrecer manter o pão na alimentação? Os especialistas são categóricos em dizer que sim.

“Quando a gente fala em uma alimentação saudável e emagrecimento, um ponto muito importante é levar em consideração os costumes das pessoas. Não retirar aquilo que as pessoas estão acostumadas a comer, só adaptar as quantidades, é muito importante no emagrecimento”, avalia Monteiro.

Para quem quer emagrecer, Primi recomenda comer metade ou um pão francês por dia, de preferência integral, que tem um valor nutricional melhor por ter mais fibras e nutrientes.

Circulam nas redes sociais publicações de nutricionistas recomendando comer o pão francês comum, não integral, como pré-treino. Segundo Monteiro, isso é indicado porque o objetivo dessa refeição é fornecer energia para o treino. Por outro lado, em outros momentos do dia, esse pico de energia pode gerar efeito rebote e causar mais fome.

Quando um carboidrato refinado é ingerido sozinho, como um pão com geleia ou uma tapioca recheada com leite condensado, isso causa um pico de glicose no sangue, seguido de uma queda abrupta. Esse processo gera fome porque um de seus sinalizadores é a quantidade de glicose circulante no sangue.

Para impedir que isso ocorra, a saída é ingerir o carboidrato – o pão francês – em conjunto com uma proteína. Nessa combinação com um ovo, patê de atum, queijo ou pasta de grão-de-bico, a digestão fica mais lenta, o que não gera o pico de glicose no sangue e mantém a saciedade por mais tempo.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O QUE FAZ O AMOR FAZER MAL?

Saiba quando for tóxico

Estranho pensarmos sobre isso, já que o amor deveria sempre fazer o bem, jamais o contrário. Mas nem sempre é assim, e vemos casais que sofrem um nas “garras do outro”, muitas vezes anos a fio ou até mesmo a vida toda. E embora pareça muito estranho, pessoas ficam ao lado de pessoas que as maltratam! Por quê? A psicologia oferece uma explicação complexa: muitas vezes, aqueles que sofrem abusos desenvolvem sentimentos por seus agressores. É o que conhecemos como Síndrome de Estocolmo. No entanto, há outros motivos igualmente intrincados, como a presença de filhos, a dependência financeira e, talvez o mais nocivo de todos, o hábito. O ditado infame “melhor com ele do que sem ele” é uma triste realidade que espero um dia seja superada, mas por agora, ainda não.

É quase incompreensível que alguém possa se manter em uma relação abusiva, mas isso é mais comum do que possamos acreditar. Será que é um amor tão profundo que suporta qualquer coisa? Se for, é importante compreender que esse amor irá se extinguir rapidamente. Não há paixão que resista a maus-tratos constantes. Talvez essa pessoa deseje continuar, na esperança de encontrar uma maneira de lidar melhor com a situação, de não desistir do relacionamento. A velha e imposta sensação de fracasso quando uma relação acaba.

Não existe uma fórmula mágica para aceitar o sofrimento. Em vez disso, é preciso diálogo, tentar fazer com que o parceiro compreenda que um tratamento ruim só gera mais sentimentos negativos, enquanto o verdadeiro amor vai na direção oposta.

ALICERCE SÓLIDO

É claro que há formas consentidas de sofrimento dentro de uma relação, como no jogo sadomasoquista, onde um inflige dor e o outro a aceita, mas isso é parte de um jogo amoroso, não da rotina de um relacionamento onde o lar se transforma em campo de batalha.

Deveria haver apenas um motivo para as pessoas permanecerem juntas: o amor. Quando esse sentimento genuíno existe, mesmo os conflitos podem ser superados, porque há um alicerce sólido que une o casal, algo que os mantém firmes mesmo quando enfrentam desafios.

É necessário coragem e discernimento para avaliar o estado de um relacionamento. Pode ser apenas uma fase difícil que será superada, mas se o desrespeito se tornou a norma, se ambos já não se amam e lutam apenas para manter suas próprias razões, então é hora de reconsiderar.

Talvez seja melhor para ambos sair desse ciclo vicioso e buscar a felicidade, seja junto ou separado.

O amoré uma jornada complexa, repleta de altos e baixos, mas deve ser sempre baseado no respeito mútuo e na compreensão. Não permita que um relacionamento tóxico prejudique sua felicidade e bem-estar. Todos merecem um amor saudável e enriquecedor, onde ambos possam crescer e se desenvolver como indivíduos.

CONFIRA DICAS

ATENÇÃO AOS SINAIS

Reconhecer os sinais de um relacionamento tóxico é o primeiro passo para lidar com ele. Isso inclui comportamentos como manipulação emocional, controle excessivo, críticas constantes, falta de respeito e violência verbal ou física. Se você se sentir constantemente deprimido, ansioso ou sem valor dentro do relacionamento, pode ser um sinal de que algo está errado.

ESTABELEÇA LIMITES SAUDÁVEIS

É importante definir limites claros dentro do relacionamento e comunicá-los ao seu parceiro. Isso inclui estabelecer o que você está disposto a tolerar e o que não está, e ser firme ao fazer valer esses limites.

BUSQUE APOIO

Não tente lidar com um relacionamento tóxico sozinho. Procure o apoio de amigos, familiares ou um profissional de saúde mental. Participar de grupos de apoio também pode ser útil para conectar-se com outras pessoas que passam por situações semelhantes.

PRIORIZE SUA SAÚDE E SEU BEM-ESTAR

Seja gentil consigo mesmo. Isso inclui cuidar de sua saúde física, emocional e mental. Reserve tempo para atividades que lhe tragam alegria e relaxamento, como hobbies, exercícios físicos e autocuidado.

CONSIDERE A POSSIBILIDADE DE TERMINAR O RELACIONAMENTO:

Se após refletir e tentar resolver os problemas, o relacionamento continuar sendo prejudicial para você, pode ser hora de considerar terminá-lo. Lembre-se de que terminar um relacionamento tóxico não é um sinal de fracasso, mas sim um ato de coragem e autocompaixão.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

5 PERGUNTAS QUE TODA MULHER DEVE FAZER AO GINECOLOGISTA

Seja na gravidez ou durante a menopausa, o ideal é consultar o médico ao menos uma vez por ano

Assim que entram na idade reprodutiva, todas as mulheres são incentivadas a iniciar a rotina de consultas anuais com um ginecologista para cuidar da saúde reprodutiva e prevenir alguns tipos de câncer – entre eles o de mama e o de colo de útero. Mas outro órgão deveria fazer parte dessa rotina de avaliação: o coração. As doenças cardiovasculares ainda são a principal causa de morte no mundo e, além disso, são uma das principais causas de morte relacionadas à gravidez. “No Brasil, culturalmente, o ginecologista atua como se fosse o clínico geral, o médico de família. É ele que acompanha a mulher durante toda a vida. Por isso, é essencial que essas consultas também incluam avaliação de risco cardiovascular, especialmente para a mulher que pretende engravidar”, diz a ginecologista Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, do Hospital Israelita Albert Einstein e responsável pela enfermaria de Gestação de Alto Risco no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Diante disso, a Associação Americana do Coração listou 5 perguntas básicas que toda mulher deveria fazer sobre seu coração durante a consulta com o ginecologista.

ANTICONCEPCIONAIS PODEM AFETAR O CORAÇÃO?

Segundo a ginecologista, o uso de contraceptivos hormonais combinados pode afetar o sistema cardiovascular, por meio da ação dos estrogênios (em especial o etinilestradiol, estrogênio sintético).

“Esse hormônio pode levar ao aumento da pressão, da coagulação sanguínea, com maior possibilidade de trombose, principalmente nas pacientes com outras condições como obesidade, dislipidemias (gordura no sangue), diabetes, idade avançada e tabagismo”, diz. Ela ressalta que a pílula anticoncepcional não exerce esse tipo de ação em todas as mulheres e, por esse motivo, é importante usá-las com indicação médica e acompanhamento periódico. É importante lembrar que os anticoncepcionais que têm somente progesterona não apresentam esse risco aumentado de trombose. “No máximo, podem alterar de forma leve o perfil metabólico da paciente. Esses são mais seguros para as mulheres hipertensas, com doenças cardíacas e aquelas com risco de trombose”.

COMO A GRAVIDEZ PODE AFETAR O CORAÇÃO? O QUE FAZER?

As mulheres deveriam estar em dia com a saúde antes de engravidar para evitar complicações para si e para o feto. Isso significa manter o peso, ser fisicamente ativa, ter uma dieta saudável, controlar a pressão e manter os níveis de glicose no sangue dentro do normal.

Ao longo da gestação, o volume de sangue no corpo da mulher aumenta em até 50%, o que sobrecarrega o trabalho do coração. Isso acontece porque o corpo precisa nutrir o útero, a placenta e o feto.

Segundo a médica, nas mulheres sem doenças cardíacas ou hipertensão prévias, essas alterações são bem toleradas pelo organismo. Mas naquelas com algum problema cardiovascular (uma cardiopatia congênita) ou adquirido (doenças das valvas cardíacas provocadas pela doença reumática, hipertensão arterial, arritmias), o aumento do volume sanguíneo e do trabalho cardíaco pode provocar deterioração clínica.

“Dependendo da gravidade do caso, existe até o risco de morte materna por descompensação cardíaca. Por isso, as pacientes que já sabem que têm doenças do coração e pressão alta devem consultar seus médicos sobre o desejo de gestar. Podem ser necessários ajustes da medicação, e até correções por cateterismo ou cirurgia para a redução de risco antes mesmo de planejar a gravidez”, explica Maria Rita. Em relação à via de parto, a ginecologista explica que não existe obrigatoriedade de seguir uma cesariana por causa da saúde cardiovascular da mãe. Cada caso deve ser avaliado individualmente e é possível um parto vaginal ou instrumental. Além disso, a médica ressalta que essas mulheres devem receber analgesia com peridural e/ou raquianestesia durante o trabalho de parto. “A cesárea só é obrigatória em poucos casos, principalmente quando existe risco de ruptura da aorta ou hipertensão nos vasos do pulmão, ou ainda quando a paciente está em insuficiência cardíaca descompensada”, diz.

QUE SINTOMAS DA GRAVIDEZ PODEM ESTAR RELACIONADOS AO CORAÇÃO?

Segundo a ginecologista, a sobrecarga de volume sanguíneo, do trabalho cardíaco, e as alterações da anatomia pelo útero que cresce interferem na respiração da mulher (que pode ficar mais ofegante) e podem provocar inchaços durante a gravidez. Por isso, mesmo as gestantes sem doenças cardiovasculares podem apresentar um aumento nos batimentos cardíacos e um pouco de falta de ar e inchaço, especialmente no final da gravidez.

Atenção: sempre que perceber esses sintomas, a gestante deve procurar assistência médica para diferenciar o que é normal e o que não é. A falta de ar intensa, por exemplo, pode passar despercebida se a mulher presumir que é apenas um cansaço por causa da gravidez, quando, na verdade, pode ser a manifestação de alguma doença cardíaca não conhecida. Em alguns casos mais raros, também pode ser um sinal de algo mais grave, como a miocardiopatia periparto, um tipo de insuficiência cardíaca que costuma se manifestar nos três últimos meses da gravidez ou até seis meses depois do parto – independentemente de a mulher ter histórico de problema cardiovascular (apesar de ser mais comum nas gestações gemelares ou em mulheres que já tiveram hipertensão em gravidezes anteriores).

“A gravidez sobrecarrega tanto o coração que aquela mulher desenvolve insuficiência cardíaca. Ele fica mais dilatado, contrai pouco, pode sofrer arritmias. Essa é uma complicação rara e grave. Antigamente, a mortalidade girava entre 30% e 40% dos casos. Hoje, o problema é diagnosticado e deve ser tratado como qualquer insuficiência cardíaca para a redução da mortalidade. Ainda assim, acredita-se que de 7% a 10% das mulheres podem precisar de um transplante cardíaco”, alerta.

COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ PODEM AFETAR O CORAÇÃO A LONGO PRAZO?

Entre as principais complicações estão: hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, desenvolvimento de diabetes gestacional e nascimento de bebês com baixo peso ou prematuros. A literatura científica aponta que mulheres que tiveram algum desses resultados adversos na gravidez correm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro do que as que não tiveram. Vale lembrar que a hipertensão prévia à gestação aumenta o risco de a mulher ter pré-eclâmpsia. Estima-se que de 2% a 5% das mulheres, dependendo da faixa etária, terão algum evento complicador na gestação. Se for uma mulher que já era hipertensa ou mais velha, o número aumenta para 10%.

A MENOPAUSA AFETA O CORAÇÃO?

Até a chegada da menopausa, mulheres têm menos doenças cardiovasculares em comparação com homens. Com a menopausa os índices se aproximam. Segundo Maria Rita, isso acontece tanto pelo fator idade quanto hormonal. O estradiol tem um efeito protetor na saúde cardiovascular da mulher. Quando seus níveis caem na menopausa, o risco de doenças cardiovasculares aumenta nas mulheres.

A menopausa também pode causar muitos sintomas – como ondas de calor (chamadas de fogachos), suores noturnos e distúrbios do sono –, que são tratáveis com terapia de reposição hormonal. Alguns estudos sugerem que essas terapias, quando feitas logo no início da menopausa e por via transdérmica (com adesivos ou gel aplicados na pele), podem proporcionar alguns benefícios cardiovasculares.

Entretanto, grandes estudos não comprovaram o benefício da terapia hormonal sobre o sistema cardiovascular. “Ainda não há evidências suficientes que apontem que esse tratamento oferece proteção cardiovascular a mulher. A reposição hormonal tem que ser feita para tratar os sintomas da menopausa. Se a mulher tiver fatores de risco, como histórico de doença cardíaca, AVC ou pressão alta, ela deve conversar com o ginecologista para a análise de risco e de potenciais benefícios”, diz.

OUTROS OLHARES

O QUE FUNCIONA, OU NÃO, NOS ‘MILAGRES’ DO VINAGRE DE MAÇÃ

Testes mostram que ele pode reduzir o açúcar no sangue e regular o intestino, mas é preciso ter cuidado com o consumo – na dúvida, fale com seu médico

No TikTok, um homem mistura uma colher de sopa de vinagre de maçã em um copo de água, bebe e come duas fatias de pizza. Depois, ele verifica seu açúcar no sangue. “Estes são os melhores resultados de todos”, ele diz, mostrando um pico muito menor do que quando ele comeu a pizza sem o vinagre.

Em outras postagens, usuários do TikTok exaltam a impressionante capacidade do vinagre de maçã em ajudá-los a perder peso, acalmar o estômago e – quando aplicado à pele – tratar acne e eczema.

O vinagre de maçã tem sido usado como um remédio caseiro para curar feridas, acalmar tosse e aliviar dores estomacais por milhares de anos, nota Carol Johnston, professora de nutrição na Universidade Estadual do Arizona. Mas, embora algumas das alegações sobre o vinagre de maçã tenham um pouco de ciência por trás, Johnston ressalta que muitas delas não foram estudadas a fundo.

Aqui está o que se sabe sobre o vinagre de maçã – e algumas precauções importantes a ter em mente, para quem se dispuser a usá-lo.

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO VINAGRE DE MAÇÃ PARA A SAÚDE?

O vinagre de maçã é obtido através da fermentação, na qual leveduras e bactérias convertem carboidratos primeiramente em álcool e, depois, em ácido acético, que dá ao vinagre seu sabor e odor pungentes e, potencialmente, sugere a pesquisa, seus benefícios à saúde, comenta Johnston.

Proponentes nas mídias sociais frequentemente recomendam o uso de versões não pasteurizadas e não filtradas, que contêm uma “névoa” de bactérias e carboidratos não digeridos chamada de “a mãe”, conta Chris Damman, professor associado de gastroenterologia na Escola de Medicina da Universidade de Washington. Mas não há evidências de que esses vinagres de maçã “crus” sejam mais saudáveis do que os regulares, afirma ele.

Vinagres feitos de maçãs e outras frutas também contêm compostos chamados polifenóis, que têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e podem contribuir para seus possíveis benefícios à saúde, comenta ele.

O VINAGRE AJUDA NO CONTROLE DE AÇÚCAR NO SANGUE?

No início dos anos 2000, Johnston, que estava estudando como certas dietas poderiam ajudar a gerenciar o diabetes tipo 2, deparou-se com um estudo de 1988 mostrando que o ácido acético poderia reduzir picos de açúcar no sangue em ratos depois de receberem uma solução de amido.

Ela ficou intrigada e decidiu testar a ideia em pessoas com diabetes tipo 2 e resistência à insulina. Desde então, Johnston e outros pesquisadores encontraram em pequenos estudos limitados que beber uma a duas colheres de sopa de vinagre de maçã ou de outros tipos de vinagre misturado com água antes das refeições ricas em carboidratos resultou em picos de açúcar no sangue menos drásticos do que refeições sem vinagre.

O VINAGRE PODE AUXILIAR NA PERDA DE PESO?

Vários pequenos estudos de curto prazo em adultos classificados como com sobrepeso ou obesos encontraram associações entre vinagre de maçã e perda de peso.

Em um estudo de 2009 com 155 adultos no Japão, por exemplo, os pesquisadores descobriram que aqueles que bebiam duas colheres de sopa de vinagre de maçã em água todos os dias por três meses perderam cerca de 2 kg. E em um ensaio de 2024 com 120 pessoas de 12 a 25 anos, no Líbano, os pesquisadores relataram que aqueles que tomaram uma colher de sopa de vinagre de maçã com água a cada manhã durante três meses perderam uma média de 7 kg.

Mas o único estudo que acompanhou os participantes depois de pararem de tomar vinagre de maçã constatou que, em média, eles recuperaram a maior parte do peso no prazo de um mês. E tantos estudos em grupos similares de pessoas não encontraram links para a perda de peso.

Dada a falta de números robustos e os curtos períodos de tempo dos estudos, Beth Czerwony, uma nutricionista na Clínica Cleveland, disse que ela não recomenda que seus pacientes usem vinagre de maçã para perda de peso. Se de fato o vinagre ajudar as pessoas a perder peso, pode ser por desacelerar a digestão, o que pode fazer você se sentir mais satisfeito por mais tempo, disse ela.

COMO O VINAGRE INTERFERE NA SAÚDE DO INTESTINO?

Tamara Duker Freuman, uma nutricionista em Nova York que se especializou em condições digestivas, disse que muitos de seus pacientes comentam que beber vinagre de maçã antes ou depois das refeições reduz seus sintomas de refluxo ácido. “Eu acredito neles”, ela diz. Mas ela notou que “centenas de outros pacientes com refluxo horrível” relataram que o vinagre piorou seus sintomas. Infelizmente, não há boas pesquisas sobre vinagre e saúde digestiva, informa Nitin K. Ahuja, um gastroenterologista na Penn Medicine.

As pessoas que usam vinagre para tratar o refluxo, que é comumente causado pelo ácido estomacal escapando para o esôfago, dizem que o ácido do vinagre faz com que o estômago produza menos ácido, comenta Ahuja. Mas ele acrescentou que não há dados de suporte, e “mecanicamente, não faz sentido” que adicionar ácido ao estômago de alguma forma ajude a controlá-lo.

QUAIS OS BENEFÍCIOS PARA A PELE?

Aplicar vinagre de maçã diluído na pele tem sido usado há muito tempo como um remédio caseiro para eczema, cita Lydia Luu, dermatologista na Escola de Medicina da Universidade da Virgínia. E depois que vários pacientes perguntaram sobre tal tratamento, ela e seus colegas enfim decidiram testá-lo.

Em seu estudo de 2019, os pesquisadores pediram a 22 participantes, metade dos quais tinha eczema, para mergulhar um braço em água da torneira e um braço em vinagre de maçã diluído por 10 minutos por dia durante duas semanas. Depois disso, não houve diferenças entre a pele dos participantes em termos de seu pH, micróbios ou sua capacidade de reter umidade – todos os quais geralmente são alterados no eczema.

Dezesseis dos participantes do estudo relataram sintomas como leve ardor ou coceira, principalmente no braço tratado com vinagre; um desenvolveu coceira severa, ardor moderado e uma pequena ferida; e outro desenvolveu uma erupção cutânea elevada. O vinagre de maçã “não é muito útil para eczema, infelizmente”, conclui Luu – e poderia piorar seus sintomas.

É SEGURO USAR?

Consumir vinagre de maçã, mesmo quando diluído, pode interagir com certos medicamentos, incluindo alguns que são para diabetes e o coração, bem como diuréticos. O vinagre de maçã também pode reduzir o potássio no sangue, o que pode ser um problema para aqueles que já têm níveis baixos, avisa Czerwony.

Portanto, é bom consultar o médico antes de tentar, ela disse. O mesmo conselho vale para usar vinagre de maçã na pele, comenta Luu. Um médico de cuidados primários ou dermatologista provavelmente pode recomendar tratamentos mais seguros e eficazes.

Se você quiser usar vinagre para controlar seu açúcar no sangue, Johnston sugere diluir uma ou duas colheres de sopa de qualquer tipo de vinagre em água e beber, mas sem exceder duas a quatro colheres de sopa por dia.

Mesmo quando diluído, o vinagre pode causar erosão no esmalte dos dentes. Então, ela recomenda beber o vinagre com um canudo. Se você o beber sem diluir, corre o risco de corroer também o revestimento do esôfago, diz Ahuja. “Apenas não beba direto”, acrescenta Johnston.

Uma abordagem mais segura e saborosa, sugere Damman, é usar vinagre de maçã na cozinha. Misture-o em um molho vinagrete ou arroz de sushi, combine com azeite de oliva como mergulho para o pão ou incorpore-o em uma bebida gasosa refrescante. Se houver algum benefício à saúde a ser obtido, ele disse, você provavelmente o obterá dessa maneira também.

GESTÃO E CARREIRA

DIFERENÇAS DE GÊNERO PRECISAM SER DISCUTIDAS

Ainda há disparidades de direitos na progressão da carreira

Diversos estudos e pesquisas evidenciam a existência de desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Embora muitas mudanças tenham ocorrido nos últimos 30 anos, ainda há disparidades relacionadas a direitos fundamentais como educação, remuneração, progressão na carreira e posições de liderança. O assunto foi um dos temas abordados pelo Instituto Human em palestra recente com os colaboradores e colaboradoras da Roost.

Desde o início do ano, o Instituto Human, organização não-governamental que atua em projetos voltados a vulnerabilidades sociais, auxilia a Roost na implementação de suas políticas de ESG. Recentemente, a Roost contratou psicólogas para orientar as lideranças e ampliar o suporte aos colaboradores. “Na minha experiência no terceiro setor pude constatar, de maneira vívida, como a desigualdade se manifesta devido à falta de oportunidades. É uma realidade que ecoa em diversas comunidades e que clama por soluções baseadas em informação e inclusão”, ressalta Patrícia Rizzardo dos Santos, diretora Institucional do Instituto Human”.

Patrícia destaca, ainda, a importância de discutir as questões de gênero em todos os espaços possíveis, para ampliar o alcance e engajar cada mais pessoas, transformando-as em aliadas na luta pela igualdade. “É inspirador contar com empresas parceiras como a Roost, que não apenas reconhecem a importância da igualdade de gênero, mas também se comprometem ativamente com a causa. Essas parcerias refletem a compreensão de que as empresas são feitas por pessoas, e são essas pessoas que têm o poder de impulsionar mudanças sociais significativas”.

A analista de Cultura e Engajamento na Roost, Sthefany da Silva Bernal, concorda e diz que bons aliados acabam desempenhando um papel importante ao emprestar o seu privilégio para garantir que as vozes femininas sejam ouvidas e respeitadas. “Ao reconhecerem suas ideias, eles fornecem crédito e contribuições preciosas às mulheres, fazendo com que elas ampliem o campo de possibilidades e possam se destacar em suas áreas de atuação”, detalha a executiva.

Durante a atividade, a gerente de Projetos do Instituto Human, Yara Azambuja, lembrou que a humanidade chegou até os dias de hoje graças à participação de mulheres e homens, mas o patriarcado, socialmente instituído, se estabeleceu e fez com que os homens ocupassem mais lugares e espaços do que as mulheres. “Até hoje, colhemos o fruto desse sistema que impõe a permanência da desigualdade de gênero. Este é um tema que afeta não só as mulheres, mas toda a sociedade. A igualdade de gênero é o único caminho para a construção de um futuro no qual todas e todos tenham os direitos protegidos e validados, com acesso à saúde, educação, moradia, equidade salarial, liberdade e segurança para existir e viver”, finaliza.

Dados do IBGE divulgados em março, apontam que, mesmo mais escolarizadas, as mulheres ganham 21% menos que os homens. Em cargos de liderança, ainda ganham 78% a menos em comparação ao salário dos homens. Além da disparidade salarial, são muitos os desafios para as mulheres no mercado de trabalho.

De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Think Eva, consultoria especialista em equidade e gênero no mercado corporativo, em parceria com o LinkedIn, 47,12% das mulheres já sofreram assédio sexual no ambiente corporativo. Nana Lima, diretora da Think Eva, aponta a necessidade de um olhar integrado e constante. “Um mercado de trabalho justo e seguro para as mulheres passa pela responsabilidade das empresas. Realizar ações apenas no Dia Internacional da Mulher não resolverá o problema: é necessário combater a violência e a desigualdade diariamente, com políticas institucionalizadas, programas afirmativos e ações constantes que gerem indicadores e tragam resultados palpáveis”, afirma.

QUATRO AÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA UM MERCADO DE TRABALHO MAIS JUSTO

CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE DESIGUALDADE

O Fórum Econômico Mundial estima mais de 135 anos para que homens e mulheres alcancem o mesmo patamar na economia, na política e na educação. Essa desigualdade prejudica não apenas as mulheres, mas toda a sociedade e o mercado corporativo, que perde em potencial, oportunidades e diversidade. Na prática, as empresas podem fazer oficinas, formações e letramento de forma geral sobre o tema.

PROMOVER AÇÕES QUE CUIDEM DA SAÚDE MENTAL FEMININA

Dados do relatório “Esgotadas” do Lab Think Olga, lançado em 2023, apontam que 45% das mulheres brasileiras relataram diagnóstico de ansiedade, depressão ou transtorno mental. É importante que o setor privado desenvolva ações para diminuir o impacto negativo e fortalecer a saúde mental feminina, compreendendo quais políticas, benefícios e caminhos institucionais podem ser adotados nessa jornada. “Mulheres seguras e fortes constroem empresas que respeitam, acolhem e incluem”, destaca Nana.

ESTIMULAR A AUTONOMIA DAS MULHERES

Garantir a autonomia feminina é essencial para promover segurança e crescimento para todas as mulheres. É importante estimular mulheres a se enxergar como agentes de mudança em prol da emancipação feminina e de uma sociedade mais justa e inclusiva para todos. Quanto ao papel prático das empresas, estão políticas que permitam maior autonomia, rotinas de trabalho mais flexíveis, licenças de parentalidade que contemplem a dos homens também, entre outros.

ENVOLVER OS HOMENS NA LUTA POR EQUIDADE

Uma sociedade e, consequentemente, um mercado de trabalho justo e igualitário, depende do envolvimento de todos, e os homens são fundamentais no processo. Apresentar dados, conceitos e barreiras impostas às mulheres no mercado de trabalho, de forma acessível e conciliadora, é uma ação valiosa para que os homens sejam aliados na prática e façam a diferença na vida de suas colegas. Ao criar iniciativas que tornem os homens parte ativa do processo de equidade, é importante considerar todos os estágios de hierarquia – dos funcionários em começo de carreira às altas lideranças.

EU ACHO …

O PS

Um amigo disse que, em tempos de comunicação digital, o PS perdeu a sua razão de ser.

PS, o post scriptum, aquela informaçãozinha que complementa uma carta, às vezes com objetividade, às vezes com graça, às vezes com poesia. Também pode ser com graça poética objetiva, depende de quem escreve.

Para o meu amigo, o PS fazia sentido quando, após escrever uma carta caprichosamente à mão, com caneta tinteiro ou Bic mesmo, o missivista percebia ter se esquecido de alguma coisa. Óbvio que, nessa situação, a pessoa jamais reescreveria tudo para acrescentar o que ficou para trás.

A missa da formatura começa às 19 h.

Tia Amélia está atacada do ciático. Adotamos um novo cãozinho, o Luizito.

A solução era o PS que, dependendo do tom, podia ser até mais interessante que a própria carta.

PS: Eu te amo.

PS: Tirei teu nome do meu testamento.

PS: Mamãe está tendo um caso com seu Odair, o vizinho do 602.

Uma professora do ensino primário, a Irmã Urbana, veio transferida para dar aulas em Porto Alegre. Ela tentou fazer com que eu, com uns 10 anos de idade, mantivesse correspondência com uma aluna dela do Pará. Podia ter sido uma boa experiência, mas tanto eu quanto a outra menina éramos pequenas demais para achar graça naquilo. Minha mãe sentava comigo para escrever e eu quase dormia, de tão chata que era a minha vida de criança de apartamento para contar. Quando chegava a resposta da menina, tão desinteressante quanto a minha, eu ia direto para o PS, que em geral dizia: um abraço para a Irmã Urbana.

O PS tinha essa função. Estando o assunto da carta enfadonho, ia-se direto para ele, para ver o que realmente importava daquelas páginas todas. O suco da carta.

Isso, claro, se as cartas não fossem de amor. Se fossem, até as maiores banalidades mereciam a mais atenta das leituras.

Com as cartas na máquina de escrever, mesma coisa. O Errorex era ótimo para consertos em textos de trabalho, mas ficava feio mandar uma carta toda remendada. Fora a desconfiança: uma linha inteira apagada, o que será que ela se arrependeu de escrever? O PS continuou não apenas útil, mas indispensável. Parecia uma instituição eterna, como a própria carta. E mais, a gente podia se valer de vários PSs, se necessário fosse. PS2, PS3, PS4. Hoje em dia, os desavisados ficariam boiando: que que tem o PlayStation a ver com isso?

Então veio o computador. O ponto do meu amigo é: ninguém precisa mais recorrer ao PS se basta voltar atrás e acrescentar o que faltou e onde der. Como se escrever fosse isso, achar um lugar qualquer e enfiar uma informação à moda Miguelão. Não é assim que funciona. Independentemente da tecnologia, vida longa ao PS. Que ele continue colorindo as nossas cartas.

PS: Um abraço para a Irmã Urbana.

CLAUDIA TAJESclaudiatajes@gmail.com

ESTAR BEM

OS MELHORES EXERCÍCIOS PARA FICAR EM FORMA APÓS OS 50 ANOS

Exercícios aeróbicos, de força, flexibilidade, equilíbrio e mobilidade são fundamentais para ter saúde nessa fase da vida

Silvia completou 50 anos em dezembro, tem dois filhos adolescentes e trabalha na área de contabilidade de uma empresa. Há alguns meses, para dar conta das horas que passa sentada em frente ao computador e decidida a buscar novos desafios, ela retomou uma atividade que fazia na juventude: correr em grupo. Ela frequenta treinos de corrida três vezes por semana durante uma hora e meia, mas além disso, por recomendação de seu treinador, se exercita em um circuito de atividades funcionais para fortalecer os músculos, melhorar a postura e evitar lesões.

“Desde que comecei essa dinâmica de treino, deixei de ter dores na cintura e ganhei maior resistência aeróbica. Também tenho melhor desempenho intelectual e consigo me concentrar mais durante o horário de trabalho”, afirma.

Com o passar dos anos, as mudanças físicas tornam-se evidentes: o envelhecimento é natural e inevitável.

“A partir dos 50 anos, às vezes um pouco antes, se as horas de inatividade permanecerem altas, começam a aparecer alterações fisiológicas em órgãos vitais, principalmente no coração, nos rins e no cérebro. Embora sejam imperceptíveis, suas funções começam a diminuir lentamente e a reprodução celular diminui”, alerta Juan Ignacio Ramírez, médico clínico especializado em medicina de estilo de vida do British Hospital, em Buenos Aires.

Nessa altura da vida, costuma surgir uma maior predisposição para sofrer dores no corpo, os músculos perdem massa, a densidade óssea diminui e as articulações enrijecem, comprometendo o equilíbrio, a coordenação e a força.

Esse cenário deveria ser o pontapé inicial para que as pessoas sedentárias iniciem a atividade física e aquelas que já têm o esporte incorporado ao seu dia a dia, não deixem de praticá-lo.

“É sempre bom fazer exercícios, mesmo que sejam 15 minutos por dia. A longo prazo, isso impacta na expectativa de vida”, esclarece Ramírez.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa. As orientações também sugerem praticar exercícios que aumentem a força e a resistência muscular duas vezes por semana.

Segundo Roberto Lowenstein, especialista em cinestesia do Hospital Universitário Fundação Favaloro e osteopata do Centro Kineos, ambos localizados em Buenos Aires, o objetivo após os 50 anos deve ser trabalhar grandes grupos musculares juntos.

As costas não devem ser negligenciadas. Os músculos dessa região atuam como alinhamento, eixo e suporte do esqueleto. Segundo um estudo da Mayo Clinic, a dor nas costas é uma das principais causas de incapacidade física em todo o mundo.

A flexibilidade, o equilíbrio e a mobilidade articular são também áreas fundamentais a trabalhar, especialmente nas pessoas mais velhas. Eles permitem que o corpo possa realizar com sucesso as atividades diárias sem precisar depender da ajuda de outra pessoa.

POR ONDE COMEÇAR

Pablo Pelegri, médico do esporte, aconselha adultos saudáveis com mais de 50 anos a apostarem no treino de corpo inteiro, pois é dinâmico, completo e eficaz. Esse tipo de rotina busca trabalhar o maior número possível de grupos musculares em uma sessão de 45 minutos a uma hora.

Para o treino de pernas, embora possa haver variações, o especialista sugere exercícios básicos, avanço e flexão. Também são indicados os agachamentos, porque trabalham a força de toda aperna e são simples de fazer. Para fortalecer as regiões lombar e pélvica, Pelegri aconselha a prática de pranchas isométricas. Outra opção é o exercício conhecido como “dead bug”, que consiste em contrair os músculos dessa região sem mexer o quadril ou arquear a lombar, envolvendo também o trabalho de pernas, braços e costas.

Em relação às extremidades, Pelegri recomenda flexões. A vantagem é que essas práticas podem ser adaptadas a diferentes níveis de habilidade.

Para as costas, o especialista sugere a realização de exercícios para a coluna que possuem múltiplas variantes e são realizados de bruços.

Lowenstein ressalta que é preciso começar aos poucos e aumentar a carga à medida que o corpo fica confortável. Ele aconselha realizar de 3 a 5 séries de 6 a 12 repetições. Os exercícios podem ser feitos na academia ou em casa, porém é preciso que sejam orientados e controlados por um profissional para evitar quedas e lesões.

Em relação às atividades aeróbicas, Lowenstein recomenda realizar aquelas de baixo impacto, como caminhar, subir escadas, pedalar ou nadar.

“Você também pode optar por esportes de coordenação mais complexos, como o tênis, que além de testar a habilidade física, proporciona uma parcela de interação social”, menciona o cinesiologista. Ele também destaca que a vantagem dos treinos em equipe é que eles são mais divertidos e motivadores.

Os especialistas recomendam uma avaliação para saber o estado de saúde em geral antes do início da prática de atividade física. Esses exames também avaliam possíveis alterações.

Além disso, antes de começar, o segredo é ter clareza sobre onde você está começando e para onde quer ir, diz Pelegri. Por isso, ele recomenda definir objetivos claros, fáceis de alcançar, coerentes e concretos a curto prazo.

Questionados se existe alguma atividade proibida a maiores de 50 anos, os especialistas concordam que não há nada que seja desaconselhável. Tudo vai depender do que cada pessoa quer e pode fazer.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

FREQUÊNCIA SEXUAL: QUAL É A SUA?

Estudo conclui que 35% dos casais têm, em média, entre uma e três relações por mês

Um estudo realizado pela Sociedade Internacional de Medicina Sexual e publicado no jornal espanhol “El País” concluiu que 35% dos casais têm, em média, entre uma e três relações por mês. Em casos extremos, cerca de 5% das pessoas com parceiro fixo não ultrapassavam um ou dois encontros sexuais por ano. Mas, o que acontece quando, por qualquer motivo, o casal deixa de se associar ao sexo? É possível continuar? É possível que tudo flua satisfatoriamente quando o sexo sai da equação?

“As relações de casal em que não há atividade sexual são mais comuns do que muitas pessoas pensam. Principalmente se entendermos por atividade sexual a penetração associada ao orgasmo”, disse ao jornal “El País” Laura Morán, psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar e de casal e autora do livro “Perfeitamente Imperfeitos”. “Para muitas pessoas, as relações sexuais podem ser consideradas importantes, mas não são urgentes. Se precisarmos riscar algo da lista, geralmente subtraímos horas de sono e de prazer. Devido ao nosso ritmo de vida frenético, renunciamos a coisas que são relevantes, mas não são vitais.

Segundo a sexóloga, sentir ou não vontade de ter relações sexuais geralmente é consequência da combinação de vários elementos individuais e do próprio relacionamento do casal.

“Um dos problemas pode ser o estresse, que, em geral, dificulta nossa capacidade de experimentar prazer. Quando você está alerta, fica preparado para sobreviver, não para desfrutar. Além disso, as relações sexuais são as primeiras prejudicadas quando há desentendimentos, conflitos ou atritos não resolvidos no relacionamento. Muitas vezes, embora o problema apareça na cama, ele se originou fora dela”, explicou Morán.

Ter filhos, com as mudanças de dinâmica que isso implica na vida de um casal, e sofrer algum problema físico ou de saúde mental são outros fatores que podem arruinar o regime sexual de um relacionamento longo.

“Não há uma única regra que determine quanto sexo é normal em um casal. A frequência sexual depende muito de cada relacionamento e das diferentes fases da vida. Além disso, é preciso assinalar que a falta de atividade sexual nem sempre significa que há um problema no relacionamento do casal”, afirmou a psicóloga e sexóloga Silvia Sanz, autora do livro “Sexamor”.

ATIVIDADE NA CAMA VAI ALÉM DO SEXO EM SI

De acordo com dados estatísticos dos Estados Unidos divulgados pela revista “Psychology today”, entre 14% e 15% dos casais fazem sexo com pouca frequência. No entanto, a mídia, os filmes e a publicidade nos vendem uma imagem muito diferente de tudo isso.

“Sentimos uma pressão social em relação ao que se espera de um casal e a frequência da atividade sexual, o que nos gera ainda mais ansiedade e estresse”, detalhou Sanz.

Para Morán, a atividade sexual vai além de nossos genitais. Ela afirma que carícias, beijos, abraços e o contato físico íntimo em um casal também deveriam contar como atividade sexual. Mas eles não são substitutos da experiência orgástica do sexo.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

DE QUE FORMA O CONSUMO DE ÁLCOOL INFLUENCIA A SAÚDE DO INTESTINO?

Micróbios felizes são essenciais para a digestão e para o sistema imunológico. Mas beber em exagero pode desequilibrar o sistema digestivo – e trazer consequências ruins

Um chope ou uma taça de vinho podem melhorar uma refeição e acalmar a mente. Mas o que o álcool faz com os trilhões de micróbios que vivem em seu intestino? Como acontece com grande parte da ciência do microbioma, “há muita coisa que não sabemos”, diz o dr. Lorenzo Leggio, médico que estuda o uso e a dependência do álcool no National Institutes of Health, nos Estados Unidos.

Dito isso, está claro que micróbios felizes são essenciais para a digestão adequada, a função imunológica e a saúde intestinal. E, à medida que os cientistas começam a explorar como o consumo de álcool pode influenciar seu intestino, eles estão aprendendo que o exagero pode ter algumas consequências infelizes.

A maioria das pesquisas disponíveis sobre o álcool e o microbioma concentrou-se em pessoas que bebem regularmente e em excesso, conta a dra. Cynthia Hsu, gastroenterologista da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Alguns estudos, por exemplo, descobriram que as pessoas com transtorno por uso de álcool (a incapacidade de controlar ou interromper o consumo problemático de álcool) geralmente têm um desequilíbrio de bactérias “boas” e “ruins” em seus intestinos. Isso é chamado de disbiose e geralmente está associado a maior inflamação e doença em comparação com um microbioma mais saudável, explica Hsu.

Pessoas que bebem muito e têm disbiose também podem ter um revestimento intestinal mais permeável, afirma Leggio. Um revestimento intestinal saudável funciona como uma barreira entre o interior do intestino – cheio de micróbios, alimentos e toxinas potencialmente prejudiciais – e o restante do corpo. Quando o revestimento intestinal se rompe, as bactérias e as toxinas podem escapar para a corrente sanguínea e fluir para o fígado, acrescenta Hsu – e ali podem causar inflamação e outros danos.

Pesquisas preliminares sugerem que um intestino pouco saudável pode até mesmo contribuir para o desejo de beber, diz o Dr. Jasmohan Bajaj, hepatologista da Virginia Commonwealth University e do Richmond VA Medical Center.

Em um estudo de 2023, por exemplo, os pesquisadores analisaram os microbiomas de 71 pessoas com idades entre 18 e 25 anos que não tinham transtorno por uso de álcool. Aqueles que relataram consumo excessivo de álcool mais frequente (definido como quatro ou mais drinques em cerca de duas horas para mulheres, ou cinco ou mais drinques para homens) tiveram alterações no microbioma que se correlacionaram com maior desejo de beber. Esse estudo também foi adicionado a pesquisas anteriores que descobriram que o consumo excessivo de álcool estava associado a maiores marcadores sanguíneos de inflamação.

No entanto, nenhum desses estudos comprovou que o álcool causa disbiose em humanos. A ligação é mais clara em estudos com animais, mas em estudos com humanos é mais difícil para os pesquisadores controlar fatores como dieta e outras condições de saúde.

MODERAÇÃO

As diretrizes federais americanas definem o consumo moderado de álcool como não mais do que dois drinques por dia para homens ou um drinque por dia para mulheres. Há poucas pesquisas sobre como essa quantidade afeta o microbioma intestinal, afirma Jennifer Barb, cientista de bioinformática clínica do National Institutes of Health.

Os cientistas descobriram que, em comparação com aqueles que não bebem nada, as pessoas que bebem em níveis baixos a moderados têm microbiomas intestinais mais diversificados – uma característica geralmente associada a um intestino saudável. Isso pode ser atribuído a outros fatores de dieta ou estilo de vida, ou pode ser que algo nas bebidas alcoólicas possa beneficiar o microbioma – embora provavelmente não seja o etanol, segundo Barb.

Em um estudo de 2020 com 916 mulheres na Grã-Bretanha que consumiam duas ou menos bebidas alcoólicas por dia, por exemplo, os pesquisadores descobriram que aquelas que bebiam vinho tinto – ou, em menor grau, vinho branco – tinham maior diversidade microbiana intestinal do que aquelas que não bebiam. Não foi encontrada essa relação com cerveja ou licor. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que os polifenóis, compostos encontrados na casca da uva e que estão em altas concentrações nos vinhos tintos, poderiam explicar seus resultados.

Mas não é necessário consumir álcool para encontrar polifenóis, garante John Cryan, neurocientista que estuda o microbioma na University College Cork, na Irlanda. Eles também estão presentes nas uvas e em boa parte de outras frutas e vegetais, além de ervas, café e chá. Em geral, o consumo de alimentos de origem vegetal e de fermentados, como iogurte, kombucha e kimchi, também pode melhorar a diversidade do microbioma.

RECUPERAÇÃO

Pesquisadores analisaram os microbiomas de pessoas que foram tratadas para o transtorno do uso de álcool e descobriram que, duas a três semanas depois de elas terem parado de beber, seus micróbios intestinais começaram a mostrar sinais de recuperação, explica Barb, e seus revestimentos intestinais se tornaram menos “permeáveis”. Mas as que fazem tratamento para o transtorno do uso de álcool geralmente começam a se alimentar de forma mais saudável e a dormir melhor, o que pode melhorar a saúde intestinal.

Não está claro como – ou mesmo se – parar de beber ou reduzir o consumo de álcool pode influenciar os microbiomas de bebedores moderados, diz Leggio. Mas sabemos que o álcool pode causar refluxo ácido, inflamação do revestimento do estômago e sangramento gastrointestinal, além de aumentar o risco de vários tipos de câncer, inclusive os de esôfago, cólon e reto. Portanto, “não há dúvida”, explica Leggio, de que beber menos é um esforço que vale a pena para sua saúde.

OUTROS OLHARES

A MODA DE MISTURAR AVEIA E LIMÃO É EFICAZ PARA A PERDA DE PESO?

Chamada de Oatzempic, tendência difundida no TikTok é pobre nutricionalmente e, embora possa trazer resultados imediatos, não é eficiente a longo prazo

No TikTok, uma mulher mistura meia xícara de aveia em flocos com uma xícara de água e suco de meio limão. Ela tenta abrir um sorriso e depois toma um gole hesitante. “Isso aqui”, ela diz com um gesto exagerado, “é horrível”.

A bebida não foi feita para ser saborosa. É só uma receita para perder peso.

Beba todos os dias, afirmam alguns influenciadores nas redes sociais, e você pode perder impressionantes 20 quilos em dois meses. O nome Oatzempic é um jogo com a palavra em inglês para “aveia” (oat) e o medicamento para diabete Ozempic, que faz parte de uma classe de fármacos que cresceu em popularidade por sua notável capacidade de ajudar as pessoas a perder peso. A moda das redes vem “na esteira” desses medicamentos, explica Colleen Tewksbury, professora- assistente de Ciência da Nutrição na Universidade da Pensilvânia.

Mas, embora a aveia com certeza seja nutritiva, ela “não tem nada de mágico” para a perda de peso, afirma Emily Haller, nutricionista do programa de medicina de estilo de vida da Trinity Health Ann Arbor, em Michigan.

OS BENEFÍCIOS DA AVEIA

A aveia é uma boa fonte de fibra solúvel, especialmente um tipo chamado betaglucano, que demonstrou reduzir os níveis de colesterol e os picos de açúcar no sangue após as refeições, diz Haller.

De maneira geral, consumir fibra suficiente (o que a maioria dos norte-americanos não faz) também pode reduzir o risco de desenvolver doenças cardíacas e certos tipos de câncer, além de propiciar um intestino saudável e hábitos intestinais regulares, acrescenta.

Meia xícara de aveia em flocos contém cerca de quatro gramas de fibra; as diretrizes nutricionais aconselham que os adultos consumam pelo menos de 21 a 38 gramas por dia.

Alimentos ricos em fibras também demoram mais para ser digeridos do que alimentos com baixo teor de fibras e podem retardar o movimento dos alimentos no intestino, o que, segundo Haller, ajuda você a sentir mais saciedade por mais tempo.

EMAGRECIMENTO

Mas uma bebida de aveia pode ajudar você a perder peso?

Algumas pesquisas sugerem que adicionar aveia à dieta pode estar associado a uma pequena perda de peso, talvez porque nos ajude a sentir saciedade. Mas nem todos os estudos chegaram a essa conclusão, afirma a dra. Tewksbury, acrescentando que ela não tinha conhecimento de nenhuma pesquisa testando especificamente aveia misturada com água. Também não há evidências de que o suco de limão possa ajudar na perda de peso.

Se as pessoas estão perdendo quantidades significativas de peso com o Oatzempic, provavelmente é porque o estão usando para substituir uma refeição com alto teor calórico, diz a dra. Melanie Jay, pesquisadora de obesidade da N.Y.U. Langone Health.

Meia xícara de aveia em flocos tem cerca de 150 calorias; se você consumir isso em vez de um café da manhã com mais calorias – um sanduíche de ovo e salsicha, por exemplo, pode ter mais de 500 calorias –, provavelmente vai perder peso, disse. Segundo ela, é como substituir uma refeição por shake, o que pode ser eficaz para a perda de peso, pelo menos no curto prazo.

Mas aveia misturada com água e suco de limão “não é uma refeição balanceada”, afirma Haller. Uma tigela de aveia, talvez servida com leite, castanhas, frutas e sementes, “seria um café da manhã mais equilibrado e substancial”, explica.

Consumir proteína suficiente é muito importante se você quer perder peso, explicou a dra. Jay, para evitar a perda excessiva de músculos. Meia xícara de aveia contém cerca de quatro gramas.

Usar o Oatzempic para perder peso também é insustentável, garantiu ela. “Se você voltar a comer o que comia antes, vai ganhar peso de volta”, afirma a doutora.

Muitos dos pacientes obesos da dra. Jay “perderam centenas de quilos ao longo da vida” por meio de dietas da moda e métodos semelhantes ao Oatzempic, diz ela. Mas o peso muitas vezes volta porque os corpos respondem com um metabolismo mais lento e mais fome, ensinou ela.

Os “altos e baixos, altos e baixos” que surgem quando tentamos os truques da moda para perder peso podem ser desanimadores, acrescenta ela.

OBSESSÃO

E, para algumas pessoas, as dietas da moda podem levar a uma “obsessão doentia” com perda de peso irrealista e uma relação negativa com a comida, segundo analisa Haller. “Aveia não é Ozempic”, avisa. “Nem de longe.”

Os medicamentos para perda de peso estão com “muita procura” porque são eficazes, orienta a dra. Tewksbury “É muita ingenuidade esperar o mesmo efeito da aveia.”

Os medicamentos funcionam em parte imitando um hormônio chamado GLP-1, que seu corpo libera depois que você come. O hormônio retarda o movimento dos alimentos pelo intestino e sinaliza saciedade ao cérebro. Mas, de acordo com a dra. Jay, a quantidade de GLP-1 que você libera depois de comer aveia ou qualquer outro alimento é muito menor e não dura tanto quanto a fornecida pelos medicamentos.

Em vários estudos, os pesquisadores mediram os níveis de GLP-1 no sangue depois que as pessoas consumiram aveia ou pão integral, ou um café da manhã com ou sem adição de aveia em pó, e descobriram que a aveia não aumentou os níveis de GLP-1 mais do que os outros alimentos.

A mania do Oatzempic é “só mais uma modinha”, ressalta Haller. “É exatamente o tipo de coisa que a internet faz.” E, completa ela, a popularidade da bebida provavelmente “vai ter vida muito curta”.

GESTÃO E CARREIRA

PROFISSÕES QUE ESTÃO EM ALTA E DEVEM PERMANECER EXISTINDO

Nos últimos anos, temos visto o mundo do trabalho mudar e ser impulsionado pela aceleração da digitalização, automação e inteligência artificial

Nesse contexto, algumas profissões emergem como protagonistas, enquanto outras se adaptam às demandas crescentes da sociedade e do mercado. Diante desse cenário dinâmico, é essencial refletir sobre as áreas que estão em ascensão e os motivos desse protagonismo.

Um dos campos que se destaca é a Tecnologia da Informação. Com a crescente demanda por soluções digitais e a evolução rápida do setor, profissionais de esferas como Ciências da Computação e Matemática estão em alta. Empresas líderes, como Google e Amazon, já vêm oferecendo remunerações atrativas para estagiários talentosos, evidenciando a valorização dessas habilidades.

Além disso, ramos como Mecatrônica e Engenharia estão ganhando destaque devido à integração de tecnologias avançadas em processos industriais e de auto- mação. O desenvolvimento de sistemas inteligentes e robótica impulsionam a demanda por profissionais qualificados nessas áreas.

No Brasil, o Programa MCTI Futuro, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), oferece 70 mil vagas de capacitação gratuita na área de tecnologia. Esses cursos abrangem tópicos como robótica, inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT) e simulação digital.

ESG

Inclusive, a oferta de emprego em vagas com habilidades verdes cresceu 22,4% em todo o mundo no ano passado, segundo dados do LinkedIn Economic Graph, apresentados no Green Skills Report 2023.

A busca por uma melhor qualidade de vida também impulsiona o crescimento de profissões relacionadas à saúde e bem-estar. A procura por personal trainers e nutricionistas nunca foi tão alta, refletindo uma mudança de paradigma em relação ao autocuidado e à prevenção de doenças. Da mesma forma, profissionais dedicados ao cuidado da terceira idade estão em crescente demanda, à medida que a população envelhece e busca serviços especializados.

Segundo um levantamento da Kantar, 91% dos brasileiros estão interessados em melhorar ou manter a saúde e o bem-estar. Destaca-se também o aumento da procura por cursos de Psicologia. Apenas na Fuvest, o vestibular mais concorrido do Brasil que seleciona candidatos para a USP, a carreira em Psicologia tornou-se a segunda mais disputada, perdendo apenas para Medicina. A concorrência para o curso de Psicologia no campus de São Paulo foi de 70,6 candidatos por vaga.

O curso de Psicologia passou a ocupar um es- paço de proeminência e adquiriu notoriedade que não tinha antes. O papel dos psicólogos é fundamental na compreensão das complexidades humanas e no desenvolvimento de estratégias de suporte e

intervenção, evidenciando uma maior conscientização sobre saúde mental e bem-estar emocional. Em suma, as profissões do futuro serão aquelas que combinam habilidades técnicas com um profundo entendimento das necessidades e cuidados com ser humano e com o meio ambiente.

A digitalização e a sustentabilidade moldarão o mercado de trabalho, exigindo uma adaptação contínua e um foco na inovação e na resolução de problemas. Portanto, aqueles que in- vestirem em educação e formação nessas áreas estarão bem posicionados para prosperar em um mundo em constante evolução.

JOÃO RONCATI – É diretor da People + Strategy, consultoria de estratégia, planejamento e desenvolvimento humano

https://www.peoplestrategy.com.br/.

EU ACHO …

NEM SEMPRE É AMOR

Nem sempre é amor. Às vezes, é obsessão. Você percebe que é obsessão por um traço específico: quando não consegue terminar o relacionamento.

Parece estranho concluir isso, até porque você nunca se envolve pensando em se separar.

Mas não é querer terminar, é poder terminar.

Na obsessão, você perde o livre-arbítrio, a escolha, o senso de medida, a condicional de permanecer numa convivência de acordo com a sua felicidade.

A outra pessoa mentiu, e você persiste na relação.

A outra pessoa quebrou sua confiança, pegou dinheiro emprestado, não devolveu, e você continua na relação.

A outra pessoa foi infiel, e você prossegue na relação.

Nunca se separa, nada faz você se separar, nenhum motivo é graúdo o suficiente – é obsessão.

Você se contenta com migalhas de atenção, suporta o com porta mento indiferente, desatento e grosseiro do seu par, e se fecha na imobilidade.

É uma teimosia que extrapola os limites do aceitável. É uma fantasia que não corresponde aos fatos.

Você se submete a uma dependência em torno de um único objetivo: manter-se junto.

Não importa o que aconteça, jamais prepara as malas.

Quando é amor, você não sente medo de terminar. Não aceita ser maltratado. Não aceita qualquer coisa. Não aceita uma partilha em que você tem o que não merece. Não aceita gritos, ordens, brigas, discussões, pressão, ataque gratuito de ciúme. Vai exigir o melhor. Dará adeus se o outro pisar na bola.

Se você é afetuoso, se você se faz presente, e não há contrapartida, não verá condições de seguir adiante. Fechará a conta, a porta.

Você não jogará seu tempo e sua juventude fora com quem está pela metade ou com quem se revela egoísta.

Quando existe uma obsessão, você exclusivamente se norteia pela idealização. Arrasta o romance. Não valoriza a qualidade da convivência. Não reage aos capítulos diários da troca.

Você não admite o término, bota na cabeça que aquele relacionamento é único e irrepetível, o mais importante de sua história. Não observa o que vem recebendo e acaba absolutamente bloqueado para o momento atual. Só envelhecendo na esperança, só mirando o futuro, só mirando uma promessa, só mirando a ideia fixa de um destino.

É uma obsessão, não amor, porque você é destratado, subestimado, posto de lado, excluído, e se devota a preservar uma aparência agradável de casal, uma fachada de harmonia, escondendo a explícita ausência de conteúdo.

Não mensurar o avanço do casamento, é sinal de que você se encontra obcecado. Acredita que achou a sua alma gêmea, e não identifica a precariedade em que se meteu. Não reconhece o pântano debaixo dos seus pés. Hipnotizado pelo sacrifício, abstraído pela crença da resiliência, apenas insiste em fazer o relacionamento durar.

Privilegia durar a dar certo, o que é muito diferente. Duração não significa que o relacionamento deu certo. Você pode partilhar o teto por 10, 15, 20 anos com alguém e ter sido infeliz. E ser com ele infeliz para sempre.

A duração não é sinônimo de felicidade. O que define a felicidade é o quanto você cresceu profissionalmente, o quanto fortaleceu os laços com a família, o quanto impulsionou a sua rede de afetos, o quanto passou a se mostrar mais sábio diante dos dilemas da existência.

O amor melhora você para todos, não somente para a parte interessada.

Preso na teia da obsessão, você adia o fim, não é capaz de encerrar o ciclo de perdas. Pelo receio de morrer sozinho, desperdiça a sua vida com as piores companhias.

CARPINEJAR

carpinejar@terra.com.br

ESTAR BEM

SILÊNCIO INTERIOR: A ARTE DE ESCUTAR A PRÓPRIA ESSÊNCIA

Quantas vezes você se viu recorrendo à TV, mesmo sem assistir, apenas para preencher o vazio do silêncio?

Em um mundo saturado de barulhos, o silêncio se torna um refúgio cada vez mais raro e precioso. No entanto, para muitos, ele também pode ser um terreno árido, desconfortável e até mesmo assustador.

Por que nos sentimos tão desconfortáveis com o silêncio? Uma das razões pode ser o medo do que ele pode revelar. O silêncio nos confronta com nossa própria solidão, com nossas inseguranças e com nossas emoções mais profundas. É no silêncio que nos deparamos com quem realmente somos, sem máscaras ou disfarces.

É importante reconhecer que o silêncio nem sempre é um espaço vazio ou pacífico. Embora pareça contraditório, o silêncio pode ser recheado de barulhos internos. Pensamentos intrusivos, medos, dúvidas e angústias podem ecoar em nossa mente quando nos encontramos em quietude. Esse “barulho do silêncio” pode ser intimidante e até assustador, levando-nos a buscar distrações para evitar enfrentar nossos próprios pensamentos e sentimentos.

Quantas vezes você se viu recorrendo à TV, mesmo sem assistir, apenas para preencher o vazio do silêncio? Ou pegando seu telefone e mergulhando nas redes sociais para escapar do desconforto de estar sozinho com seus pensamentos?

Essas são estratégias comuns para evitar o silêncio, mas elas nos privam da oportunidade de explorar quem realmente somos, que emoções estamos sentindo, de encontrar nossas respostas e do crescimento pessoal que pode surgir desse processo.

Convido você a abraçar o silêncio como uma ferramenta para a sua transformação pessoal. Permita-se mergulhar nesse espaço e descobrir as infinitas possibilidades que ele oferece:

CONSCIENTIZE-SE DO SEU RELACIONAMENTO COM O SILÊNCIO

Reserve um momento para refletir sobre como você se sente em relação ao silêncio. Você o evita ou o busca? O que isso revela sobre suas necessidades emocionais e mentais?

PRATIQUE A OBSERVAÇÃO SEM JULGAMENTO

Quando se encontrar no silêncio, permita-se simplesmente observar seus pensamentos e emoções sem tentar controlá-los ou julgá-los. Apenas observe e esteja presente com o que surgir.

CRIE MOMENTOS DE SILÊNCIO INTENCIONAL

Reserve tempo em sua rotina diária para estar em silêncio, seja através da meditação, caminhadas na natureza ou simplesmente sentando-se em quietude. Permita-se ficar confortável com o silêncio e descubra o que ele tem a lhe oferecer.

EXPLORE O QUE O SILÊNCIO REVELA

Pergunte a si mesmo: o que os pensamentos e emoções que surgem no silêncio estão tentando me dizer? Existe algum padrão ou tema recorrente que merece minha atenção?

PRATIQUE A AUTOCOMPAIXÃO

Se o silêncio desencadear emoções desconfortáveis, seja gentil consigo mesmo. Reconheça que é natural sentir-se desconfortável às vezes e que isso faz parte do processo de crescimento pessoal.

Ao abraçar o silêncio e enfrentar o “barulho” que ele pode conter, você pode descobrir uma fonte inestimável de clareza, insight e autoconhecimento.

Lembre-se de que a transformação pessoal muitas vezes começa no silêncio, no qual podemos encontrar a coragem e a sabedoria necessárias para crescer e evoluir como pessoa.

Então o que está esperando? Silencie-se hoje mesmo e escute o que o seu silêncio quer lhe dizer.

ALESSANDRA ARAGÃO – Comunicadora, trabalha com desenvolvimento humano, atuando em terapia sistêmica, mentoria positiva e coaching de vida e carreira

E-mail: alessandraaragaocoachsistemico@gmail.com

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

DESAFIO DOS CEM DIAS DE SEXO É BENÉFICO?

Prática foi defendida e incorporada como um hábito pela atriz Heloísa Périssé, assim como tomar banho e escovar os dentes

Em entrevista a Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso no podcast Surubaum, a atriz Heloísa Périssé revelou seu segredo para o casamento não cair na rotina. Casada há 22 anos com o diretor Mauro Farias, a humorista contou ter feito sexo com seu marido durante cem dias consecutivos. “O sexo é uma prática, e você coloca isso na sua vida como um hábito, como uma ginástica, como escovar os dentes. E uma vez a gente leu uma reportagem que propunha cem dias seguidos de transa”, refletiu.

Embora o relato tenha causado estranhamento entre os convidados – a apresentadora Gio Ewbank reagiu com um sonoro “Deus que me livre!” –, Heloísa garantiu que colocar a ideia em prática resultou em benefícios para o seu relacionamento. “Foi sensacional. Você deita, olha seu parceiro, é como se seu corpo ligasse. Um simples toque aciona coisas em você”, garantiu.

O depoimento, claro, também repercutiu nas redes sociais, dividindo opiniões e causando desconfiança se o “desafio” pode, de fato, favorecer a vida sexual. A resposta, na avaliação do sexólogo Rodrigo Torres, é um convicto “depende”. Para ele, essa visão do sexo defendida pela atriz, entendendo-o como uma prática diária, pode, sim, ser benéfica – mas isso vai variar muito de pessoa para pessoa.

“Acredito que, quando é uma coisa natural, quando o casal tem desejo sufi- ciente para isso, eu acho que tudo bem, não tem o menor problema”, considera, lembrando que o período escolhido para a experiência não precisa ser de cem dias. “Podem ser 30 dias, talvez 21”, diz.

PRECONCEITO

Curiosamente, nas redes, algumas pessoas até se mostraram inclinadas a encarar o “desafio”, mas sobretudo as mulheres apontaram um empecilho para tal: a menstruação. “Trata-se de um pensamento que denota uma visão muito higienista do sexo, que compreende esse sangue – e outros fluidos corporais – como sujo. Por isso, esse período é encarado como se fosse de recolhimento, como se a mulher não pudesse fazer sexo estando menstruada, quando, na verdade, muitas relatam até mais prazer nesse momento”, observa Rodrigo Torres.

“A grande questão, de fato, é que nem todo mundo vai ter esse desejo de maneira constante”, sinaliza, lembrando que, diferentemente do que sugere o senso comum, a libido (expressão da psicanálise para designar um instinto de viver, usado popularmente para falar sobre o desejo sexual) não é linear. “Portanto, a resposta é que essa ideia pode, sim, ser benéfica para algumas pessoas, mas, para outras, não será”, diz.

EFEITO COLATERAL

Rodrigo Torres alerta que, sem dúvida, encarar o sexo como uma obrigação ou como meta pode ter o efeito inverso, esfriando a relação. “No caso (do relato de Heloísa Périssé), o casal parece não encarar o sexo como uma obrigação, mas sim como um acordo, um combinado que ambos estão dispostos ou predispostos a cumprir”, contemporiza o especialista, que acrescenta:

“Mas é complicado, porque, como expliquei, o nosso desejo não é linear. Então, se pensamos que temos que fazer algo que é para sentir prazer só porque foi o combinado, mesmo sem sentir vontade, há o risco de minar o seu desejo para a próxima vez, porque você acaba não tendo o mecanismo de recompensa ativado. Na verdade, nessa experiência, o que teríamos seria um alívio em cumprir a obrigação”.

Didaticamente, o especialista compara a situação à obrigação de comer, todos os dias, a comida de que mais gostamos. “É provável que você deixe de gostar dessa comida e deixe de gostar de quem está te obrigando a fazer isso também”, reflete.

VISÃO EQUIVOCADA

Por fim, ao falar do tema usando expressões como “maratona de sexo”, como a prática sugerida por Heloísa Périssé foi classificada nas redes sociais, Rodrigo Torres salienta que não existe nada que comprove benefícios ou malefícios desse tipo de comportamento. “Não é necessariamente o uso de algumas expressões ou palavras que vão gerar o problema, mas a maneira como o casal interpreta essas expressões”, diz.

Feita a ponderação, contudo, o sexólogo reconhece que toda palavra esconde um significado e, de fato, quando dizemos “maratona”, podemos associar com as ideias de esporte, desgaste físico e competição, sugerindo também uma noção pouco saudável de se propor a ir até o limite, se exigindo excessivamente para alcançar uma “alto performance”. “O problema, neste caso, é comunicar e estimular comparações, é fomentar a busca de um padrão idealizado, que, no fundo, não é real”, reforça. “Temos que lembrar que a sexualidade é uma expressão humana biopsicossociocultural e também espiritual, que leva em consideração uma infinidade de fatores. Nossa biologia muda ao longo do tempo, nosso emocional responde aos estímulos que a gente vive. Então, os efeitos que essa prática pode ter não serão sempre positivos, como também não serão, pela prática em si, negativos, uma vez que precisamos considerar diversos outros aspectos e contextos”, complementa.

SAÚDE EM EQUILÍBRIO

VOCÊ SABE QUAL É O SEU IMC?

Estudo diz que índice entre 23 e 25kg protege contra morte por infarto, acidente vascular cerebral e doença renal crônica

Manter um peso saudável é crucial para reduzir o risco de doenças cardiovasculares, especialmente para pessoas com diabetes tipo 2 que estão mais predispostas a essas comorbidades. Porém, não está claro se a faixa ideal do índice de massa corporal (IMC) para pacientes do distúrbio metabólico varia conforme a idade. Um estudo apresentado recentemente no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Veneza, na Itália, sugere que sim.

A pesquisa. baseada em dados de 22.847 moradores do Reino Unido, descobriu que, até os 65 anos, um índice de massa corporal (IMC) entre 23-2Skg/m’ protege contra morte por infarto, acidente vascular cerebral e doença renal crônica. Porém, no caso dos mais velhos. estar levemente acima dessa faixa oferece maior proteção.

O estudo é observacional, ou seja, não estabelece uma relação de causa e efeito. Porém, os autores do artigo, publicado na revista The British Medical Journal, têm algumas hipóteses para explicar a vantagem do sobrepeso, no caso de adultos acima de 65 anos.

MECANISMOS

“Os possíveis mecanismos biológicos que explicam esse paradoxo nos idosos podem estar associados a uma menor taxa de perda de massa óssea, o que reduz os efeitos de quedas e episódios de trauma”, esclarece Shaoyong Xu, do Hospital Central de Xiangyang, na China, e principal autor do estudo.

O médico, no entanto, ressalta que o efeito de proteção foi observado apenas para idoso com IMC entre 26-28kg/m’, considerado ligeiramente acima do ideal. “Nossas descobertas sugerem que, para indivíduos mais velhos que estão moderadamente acima do peso, mas não obesos, manter, em vez de perder peso, pode ser uma forma mais prática de reduzir o risco de morrer de doença cardiovascular”, diz.

Para a pesquisa, a equipe do Hospital Central de Xiangyang investigou as diferenças etárias na associação entre o IMC e o risco de morte cardiovascular na base de dados de saúde UK Biobank, a maior do mundo. Os dados referem-se ao período de 2006 e 2010, e incluem pacientes com doenças cardíacas prévias.

A idade média de todos os participantes foi de 59 anos e cerca de 59% eram mulheres. A saúde cardiovascular foi monitorizada, por meio de registos de saúde interligados, durante quase 13 anos, durante os quais 891 participantes morreram de enfermidades do tipo. Os pesquisadores analisaram dados em duas faixas etárias – idosos (acima de 65 anos) e pessoas de meia-idade (65 anos ou menos) – e avaliaram a relação entre variáveis como IMC, circunferência da cintura, e relação cintura-altura e o risco de mortalidade.

CORTE

O ponto de corte ideal do IMC também foi calculado em diferentes faixas etárias. Os resultados foram ajustados para fatores de risco cardiometabólicos tradicionais e outros fatores associados a desfechos cardiovasculares adversos, incluindo idade, sexo, histórico de tabagismo, consumo de álcool e nível de exercício físico.

As análises descobriram que no grupo de meia-idade, ter um IMC na faixa de sobrepeso (25 kg/ m’ a 29.9 kg/ m’) estava associado a um risco 13% maior de morrer de doença cardiovascular. Porém, no caso dos idosos, estar ligeiramente acima do peso teve relação com uma probabilidade 18% menor, comparado àqueles com índice de massa corporal normal (menos de 25kg/m ‘).

Segundo os autores, o IMC ideal para proteger adultos de meia-idade da mortalidade por doenças cardiovasculares é 24kg/m’. Já entre os idosos. foi calculado em 27 kg/m ‘. “Consequentemente, planos de tratamento personalizados podem ser desenvolvidos em ambientes clínicos, adaptando recomendações para diferentes faixas etárias”, diz o artigo.

Os pesquisadores também encontraram uma relação entre a circunferência da cintura e o risco de morte cardiovascular. Quanto maior a medida, mais alta a probabilidade de óbito por condições como infarto e AVC. A tendência foi a mesma tanto entre os participantes de meia-idade quanto os idosos. “É importante ressaltar que demonstramos que o IMC ideal para pessoas com diabetes tipo 2 varia de acordo com a idade, independentemente dos fatores de risco cardiometabólicos tradicionais”, afirma Shaoyong Xu. Ele afirma que, no futuro, medidas de obesidade central, como a circunferência da cintura, devem ser utilizadas para reduzir, ainda mais, a mortalidade.

Substituir o açúcar por adoçantes artificiais e naturais nos alimentos não deixa as pessoas com mais fome, além de ajudar a reduzir os níveis de açúcar no sangue. É o que mostra um estudo publicado na revista The Lancet.

O ensaio controlado descobriu que o consumo de alimentos contendo adoçantes produziu uma redução semelhante ‘nas sensações de apetite e nas respostas hormonais relacionadas à fome, comparado aos alimentos açucarados. Os autores também encontraram benefícios, como a redução do açúcar no sangue, particularmente importante em pessoas em risco de desenvolver diabetes tipo 2.

O uso de adoçantes no lugar do açúcar nos alimentos pode ser controverso devido a relatos conflitantes sobre seu potencial para aumentar o apetite. Estudos anteriores foram realizados, mas não forneceram evidências robustas, sustentam os aurores da Universidade de Leeds, no Reino Unido. “A redução do consumo de açúcar tornou-se um alvo chave de saúde pública na luta para reduzir a carga crescente de doenças metabólicas relacionadas à obesidade, como o diabetes tipo 2”, comenta a autora principal, Catherine Gibbons, professora associada da Escola de Psicologia da Universidade de Leeds.

PERFIL NUTRICIONAL

Segundo Gibbons, a simples restrição do açúcar dos alimentos sem substituição pode impactar negativamente o seu sabor ou aumentar o desejo por doces, resultando em dificuldades em aderir a uma dieta com baixo teor de açúcar. “A substituição de açúcares por adoçantes e intensificadores de doçura em produtos alimentícios é uma das estratégias dietéticas e de fabricação de alimentos mais amplamente utilizadas para reduzir a ingestão de açúcar e melhorara perfil nutricional de alimentos e bebidas comerciais”, diz.

O estudo, que é o primeiro do gênero, analisou os efeitos do consumo de biscoitos açucarados ou dois tipos de adoçantes alimentares: o substituto natural Stevia ou o adoçante artificial Neotame em 53 homens e mulheres com excesso de peso ou obesidade. Não houve diferenças no apetite ou nas respostas endócrinas em comparação com o açúcar, mas os níveis de insulina medidos duas horas após a ingestão foram reduzidos nos voluntários do segundo grupo.

CLASSIFICAÇÃO

O parâmetro da Organização Mundial da Saúde para a obesidade é determinado pelo Indice de Massa Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado.

  Menor que 18,5 Abaixo do peso

Entre 18,5 e 24,9 Peso normal

                                        Entre 25 e 29,9 Sobrepeso (acima do peso desejado)

                                                       Igual ou acima de 30 Obesidade

OUTROS OLHARES

NOSSO HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

Você é matutino ou vespertino? Especialistas falam sobre o relógio biológico

Uns se sentem dispostos nas primeiras horas da manhã. Outros dizem “funcionar” apenas à tarde, depois de dormir até perto do meio-dia. Há quem se sinta desperto à noite. Não existe um padrão quanto ao horário de acordar, estar mais focado em atividades cotidianas ou ao momento de sentir sono.

Na linguagem científica, essa particularidade é chamada de cronotipo: cada pessoa tem um relógio biológico próprio, que controla a ação humana desde a produção de hormônios a comportamentos como dormir e acordar. É a cronobiologia a responsável por estudar esses fenômenos.

Ainda que haja diferenças entre os perfis, os seres humanos seguem um modelo geral chamado de ritmo circadiano – do latim circa diem, que significa “cerca de um dia”.

Ou seja, o organismo sincroniza as funções fisiológicas em um período de cerca de 24 horas – tempo em que a Terra demora para dar uma volta em torno do próprio eixo.

O ciclo circadiano é observado pela ciência em estudos experimentais em organismos que vão de seres unicelulares até mamíferos, segundo Giovana Dantas, bióloga e doutora em Neurociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Todos os seres vivos têm seu próprio ritmo biológico. A planta tem o seu momento para florescer, assim como certas culturas dão frutos no inverno e outras no verão. Isso está relacionado com a maneira como os organismos se adaptam em relação à quantidade de luz e temperatura. É uma questão de evolução”, explica Giovana.

A INFLUÊNCIA DO CLARO E DO ESCURO NO COMPORTAMENTO

O “relógio” do nosso corpo fica no cérebro, em uma região chamada de núcleo supraquiasmático. Esse ponto recebe a informação da retina sobre o ritmo claro ou escuro do ambiente. A partir desses dados, o núcleo atua para sincronizar os comportamentos conforme a fase do dia.

“A noite, ou seja, o escuro, é o sinal ambiental para que o nosso corpo libere a melatonina, que ajuda a promover o sono.

O início do dia encerra a produção desse hormônio e ocorre o pico de cortisol, o que sinaliza para nosso organismo que é o momento de despertar”, acrescenta a especialista.

Um exemplo da influência do claro e do escuro no comportamento humano é quando a pessoa faz uma viagem longa na qual há uma diferença relevante de fuso horário. Giovana observa:

“Podemos estar despertos, atentos, quando chegamos ao nosso destino, mas é possível não estarmos com vontade de dormir à noite, porque nosso organismo demora para reconhecer os períodos diurno e noturno do lugar em que chegamos.

PERFIS E HÁBITOS DIFERENTES

A ciência separa em três os perfis de cronotipo, definidos pelos genes do relógio biológico – ou genes clock, na expressão científica. Não há, porém, um marcador exato do horário que se para um grupo do outro.

Os matutinos são aqueles com preferência por acordar logo no início do dia e realizar atividades durante a manhã e à tarde, pois tem maior disposição para realizar tarefas e melhor concentração nesses períodos do dia.

Os vespertinos preferem acordar mais tarde e manter uma rotina de compromissos depois do meio-dia até o turno da noite, inclusive de madrugada.

Há os intermediários – a maioria da população, segundo estudiosos – que ficam entre os dois primeiros grupos.

“Os matutinos tendem a ter mais disposição para fazer atividades mais cedo do que os vespertinos. Além do horário de despertar, os cronotipos apresentam diferenças em horários de melhor desempenho mental, sono e pico de temperatura corporal”, resume Letícia Ramalho, nutricionista e doutora em Cronobiologia.

EFEITO NA DISPOSIÇÃO, NO FOCO, NA ALIMENTAÇÃO

A separação de perfis também não é clara quanto ao momento no qual a pessoa fica mais disposta ou focada em atividades cotidianas, pois isso pode variar conforme os processos de cada organismo.

Um vespertino, por exemplo, pode acordar às 11h e estar sem nenhum sinal de cansaço uma hora depois; outro do mesmo cronotipo é capaz de se sentir melhor às 15h. O horário do sono também segue o padrão: matutinos dormem mais cedo e vespertinos preferem descansar mais tarde.

Engana-se quem pensa que pode mudar por vontade própria esse tipo de comportamento.

“Cronotipo é a preferência individual geneticamente estabelecida para o horário de dormir e acordar. Por isso, não há como escolher ser uma pessoa matutina ou vespertina”, afirma Letícia.

O pico da secreção de hormônios é influenciado pelo cronotipo. Mesmo geneticamente determinado, o perfil pode apresentar mudanças em certos períodos, acrescenta a doutora em Cronobiologia:

“Considerando a epigenética, os horários de sono e maior atividade podem variar durante a vida. Crianças em idade escolar tendem a ser mais matutinas. Depois, na adolescência, elas são mais vespertinas. Na idade adulta é quando se estabelece o cronotipo da pessoa”.

O tipo de perfil é também responsável por influenciar na alimentação, conforme a nutricionista. Os que acordam mais cedo tendem a não ter fome no início do dia. Os vespertinos podem ter apetite apenas no almoço e, por isso, deixar de se alimentar pela manhã. Não há certo ou errado com essas particularidades, conforme Leticia:

“É importante a pessoa entender o próprio ritmo e não forçar uma alimentação. Não há problema almoçar ou jantar mais tarde. Existe toda essa cultura de que comer à noite engorda. Não é assim que funciona: em uma alimentação saudável, o que conta é tudo o que você come ao longo do dia, mesmo que você coma tarde.

VIVER EM MEIO A MUDANÇAS

É comum que mudanças no cronotipo durante a vida causem conflitos com os compromissos. Pode, por exemplo, ser custoso para um matutino – quem acorda cedo – estudar ou trabalhar à noite, período em que o organismo “desacelera” e se prepara para dormir. O relógio biológico de vespertino, aqueles que despertam mais tarde, poderá deixá-lo sonolento no início da tarde, durante uma aula.

“A sociedade é mais ou menos desenhada para o padrão intermediário, de quem acorda às 7h ou 8h e dorme antes da meia-noite. Tem uma hora em que as atividades começam e a pausa para o almoço; no fim da tarde, é o momento de encerrar os compromissos, jantar, descansar e dormir. Quem fica fora desse eixo não se adapta completamente”, pontua Eduardo Garcia, pneumologista e integrante do Laboratório do Sono da Santa Casa de Porto Alegre.

Segundo Garcia, a estimativa é que metade dos brasileiros faça parte dos intermediários, o que força vespertinos e matutinos a terem de se adaptar. Por ser algo genético, não há como mudar o cronotipo, nem com a adoção de rotinas de exercícios em determinados momentos do dia ou a troca da alimentação, segundo o especialista.

RECOMENDAÇÕES PARA DEPOIS DAS 18h

    É possível, no entanto, adotar práticas para melhorar a qualidade do sono para qualquer tipo de perfil, em especial o caso de quem dorme mais tarde e precisa acordar cedo. É importante, ainda, respeitar a quantidade de sono recomendada para cada fase da vida.

    “O vespertino pode, depois das 18h, tentar concluir as atividades mais cedo, reduzir a luz, evitar café e estimulantes à noite, chimarrão, além de evitar fumar e consumir álcool. O matutino não tem grandes problemas se trabalha de manhã e tarde, mas pode ser prejudicial se tiver atividades à noite. Infelizmente, por conta dos compromissos, as pessoas acabam se “adaptando” a um ritmo que não é o delas”, diz Garcia.

    O especialista argumenta que pode haver prejuízo para quem adota uma rotina distinta da maioria: trabalhar durante a noite e madrugada e deixar o dia para descanso.

    A prática aumenta em 10% o risco de morte na comparação com quem tem hábitos diurnos, conforme um estudo da Northwesterns Feinberg School of Medicine, dos Estados Unidos. Esse grupo também se torna mais vulnerável a desenvolver problemas psicológicos, neurológicos, gastrointestinais, respiratórios e diabetes.

    “O ideal é a pessoa adotar uma rotina adequada ao seu cronotipo. Eventualmente, pode-se usar algum medicamento para melhorar o sono, mas isso será uma saída artificial e contra a natureza dela”, comenta o médico da Santa Casa.

    GESTÃO E CARREIRA

    LIDERANÇA DEVE PRIORIZAR OS COLABORADORES

    Ter uma boa gestão não acontece da noite para o dia ou de uma hora para outra, muito pelo contrário, trata-se de um processo árduo, que demanda bastante dedicação. Afinal, você está lidando com a vida profissional de dezenas, centenas ou milhares de pessoas que trabalham ao seu lado, o que requer uma responsabilidade enorme.

    Antes de tudo, é importante lembrar que estar na posição de gestor representa ser o líder de um time e para que vocês consigam, juntos, entregarem a melhor performance possível, precisam aprender a trabalhar em equipe, passando a entender um ao outro, para que exista uma sinergia entre todos.

    É claro que isso não é fácil, pois em um grupo, é normal e até desejado, em certa medida, que existam pessoas diferentes e com personalidades que podem não ter ‘match’. No entanto, é fundamental que o gestor tenha jogo de cintura para lidar com perfis distintos, não sendo parcial ou demonstrando preferências. O essencial deve ser a priorização desse grupo.

    Um bom gestor tem que trabalhar para os seus colaboradores, para que estes se sintam valorizados, motivados e engajados. Essa conduta, além de contribuir para o bem estar de todos, permite criar um ambiente mais saudável e seguro, onde existe liberdade de expressão e opinião, e conversas mais sinceras.

    Dados de uma pesquisa da consultoria Robert Half apontam que 89% das companhias reconhecem que bons resultados possuem uma ligação com a motivação e a felicidade dos colaboradores. Além disso, o estudo também mostra que 94% dos profissionais que foram entrevistados acreditam que satisfação no trabalho é influenciada pela atuação dos líderes.

    É papel da liderança ter cuidado com a forma que a equipe está sendo tratada, pois esse comportamento influencia diretamente no desempenho geral da empresa. O foco precisa estar nos resultados, mas sem a priorização da qualidade de vida dos funcionários dentro da organização não existem maneiras reais de atingir objetivos e cumprir metas.

    Por essa razão, o gestor deve estar muito atento ao que acontece com o seu time, conhecer as dores, saber o que agrada e desagrada, e quais são as possibilidades de melhorias, para conseguir propor medidas cabíveis e que funcionem de forma efetiva para todos, com o objetivo de transformar positivamente o cenário.

    Uma das formas de trazer união e abrir espaço para que os colaboradores entreguem o seu melhor é deixar muito clara a direção para onde time e a organização estão indo, ter metas objetivas a serem alcançadas e trazer essas pessoas para o processo de priorização dos problemas que precisam ser atacados de maneira que a contribuição do time seja a mais eficaz possível para o resultado da organização.

    Não são metas fáceis, geralmente, e por isso o time precisa estar junto – em todos os sentidos, acompanhando com frequência e se comprometendo uns com os outros em darem o seu melhor sempre. Colocando estes conceitos em prática, teremos colaboradores mais felizes entregando melhores resultados!

    PEDRO SIGNORELLI – É especialistas em gestão, com ênfase em OKRs

    http://www.gestaopragmatica.com.br/

    EU ACHO …

    MEDO: O VILÃO DA HISTÓRIA OU O HERÓI INESPERADO?

    A vida é como um dial de rádio: somos energia, temos que cuidar da nossa frequência

    São os nossos medos, com todos seus complexos significados, que nos convidam a uma profunda reflexão sobre a natureza humana.

    A palavra “medo” tem origem no latim “metus”, que significa “receio”, “apreensão” ou “temor”. Desde os primórdios da existência humana, o medo tem desempenhado um papel crucial na sobrevivência da espécie, alertando os indivíduos para possíveis ameaças e incentivando a busca por segurança e proteção.

    No entanto, essa emoção humana tão complexa e avassaladora, tece seus labirintos em nossas mentes, aprisionando-nos em teias de insegurança e limitando nosso potencial.

    Segundo o escritor Kaka Werá, nossos quatro principais medos ancestrais são:

    MEDO DO FRACASSO:

    A sombra do “e se não der certo?” paira sobre nossas decisões, impedindo-nos de correr riscos e perseguir nossos sonhos. Mas será que o fracasso é o fim do mundo, ou apenas um trampolim para a aprendizagem e o crescimento?

    MEDO DA MORTE:

    A finitude da vida assombra a humanidade desde os primórdios. Mas será que esse medo nos impede de viver o presente com mais intensidade e alegria? Ou podemos transformá-lo em um lembrete para aproveitarmos cada momento ao máximo?

    MEDO DO FUTURO:

    O desconhecido, com suas incertezas e mistérios, pode ser fonte de grande ansiedade. Mas será que essa insegurança nos impede de explorar novas possibilidades e vivermos experiências enriquecedoras? Ou podemos encará-la como um convite para a aventura e o crescimento?

    MEDO DA DOR (DOENÇA):

    A aversão natural ao sofrimento físico e a conscientização da própria vulnerabilidade à enfermidade estão enraizadas nesse medo. Mas ao invés de nos entregarmos a ele, podemos cuidar de nossa saúde, buscando por cuidados preventivos e praticando o autocuidado.

    Além dos quatro medos primordiais relatados pelo Kaka, destaco outros cinco medos entre os inúmeros que nos rodeiam, que podem afetar profundamente nossas vidas, como:

    MEDO DA SOLIDÃO:

    A necessidade de conexão e pertencimento é inerente ao ser humano. Mas será que o medo da solidão nos impede de construir relacionamentos saudáveis e autênticos?

    MEDO DA MUDANÇA:

    A zona de conforto, por mais acolhedora que pareça, pode se tornar uma prisão emocional. Mas será que o medo da mudança nos impede de evoluir e alcançar nosso verdadeiro potencial?

    MEDO DO SUCESSO:

    O receio de alcançar o sucesso, de lidar com as responsabilidades e cobranças que o acompanham, pode ser paradoxal. É importante lembrar que o sucesso não é um destino final, mas sim uma jornada continua de aprendizado e crescimento.

    MEDO DO JULGAMENTO:

    A preocupação excessiva com a opinião dos outros, com o julgamento externo, pode nos silenciar e nos impedir de expressar nossa verdadeira essência. É importante ter em mente que cada indivíduo éúnico e possui suas próprias perspectivas. A busca pela aprovação ele todos é um caminho árduo e infrutífero.

    MEDO DA PERDA:

    O receio de perder algo ou alguém querido, de sofrer a dor do luto, é um sentimento natural e humano. É importante aprender a lidar com as perdas, reconhecendo que elas fazem parte da vida.

    São os nossos medos, com todos seus complexos significados, que nos convidam a uma profunda reflexão sobre a natureza humana. Eles não precisam ser um obstáculo, mas sim um impulsionador para o nosso crescimento pessoal e social. Enfrentá-los com coragem e resiliência nos permite superar desafios, construir relações mais saudáveis e conquistar nossos sonhos.

    Ao compreendermos a natureza dos nossos medos, podemos enfrentá-los com mais clareza e racionalidade. Reconhecer que os medos não definem quem somos nos permite desafiá-los, buscar ajuda quando necessário e construir uma vida mais plena, autêntica e significativa.

    Lembre-se: você não está sozinho. Todos nós experimentamos medos em algum momento da vida. O importante é não deixar que eles nos dominem, mas sim usá-los como ferramentas para o nosso crescimento e desenvolvimento pessoal.

    Finalizo lembrando um trecho do poema de Marianne Williamson:

    “Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.

    Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. E nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.

    Nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?” Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?”

    ALESSANDRA ARAGÃO – É comunicadora, trabalha com desenvolvimento humano, atuando em terapia sistêmica, mentoria positiva e coaching de vida e carreira

    E-mail: alessandraaragaocoachsistemico@gmail.com  

    ESTAR BEM

    EXERCÍCIO MODERADO ELEVA IMUNIDADE

    Pesquisadores constataram aumento no nível de células NK de defesa em voluntários apenas 15 minutos depois do início da atividade física na bicicleta. Efeito tem potencial para prevenir e combater o câncer

    Pesquisadores da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, descobriram que basta fazer 15 minutos de atividade física com intensidade moderada para aumentar a imunidade. O trabalho foi apresentado neste mês durante o encontro anual da Sociedade Americana de Fisiologia, que aconteceu em Long Beach, Califórnia, nos EUA.

    De forma mais específica, o curto tempo de exercícios foi suficiente para elevar o número de células NK (natural killer), que integram a primeira linha de defesa do sistema imunológico e ajudam a identificar agentes invasores, como vírus e bactérias.

    “Mobilizar mais dessas células pode levar à proteção do corpo contra infecções, reduz a probabilidade de desenvolver certas doenças e ajuda a melhorar os desfechos de alguns diagnósticos por meio do controle das infecções de forma mais eficaz”, explica Rebekah Hunt, pesquisadora da Universidade de Houston e primeira autora do estudo, em comunicado.

    Os responsáveis explicam que pesquisas anteriores já haviam mostrado que o exercício aumenta o número de células NK na corrente sanguínea, mas o novo trabalho revelou como pouco tempo, na intensidade moderada, já consegue levar a esse efeito.

    SUADEIRA

    Para chegar aos resultados, os cientistas recrutaram dez voluntários, com idades entre 18 e 40 anos, que se exercitaram numa bicicleta ergométrica por 30 minutos. O sangue dos participantes foi coletado antes da sessão e, novamente, nas marcas de 15 e de 30 minutos.

    A análise das amostras revelou que já na primeira observação, somente 15 minutos depois de os voluntários terem começado a pedalar de forma intensa, o nível das células NK já havia subido. No entanto, não continuou a aumentar na marca de 30 minutos.

    “Nossos resultados não apontam para uma vantagem clara em termos de aumento das células NK na corrente sanguínea ao se exercitar por mais de 15 minutos em uma intensidade moderada”, diz Hunt.

    Os cientistas envolvidos com o trabalho acreditam que esse efeito positivo pode ser particularmente importante para pacientes oncológicos, já que as NK são conhecidas por matar células cancerígenas. Uma série de estudos já mostraram como manter uma rotina ativa de atividade física pode não apenas ajudar a prevenir tumores, como levar a melhores desfechos durante o tratamento.

    Em 2022, um trabalho publicado na revista científica Cancer Research, por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, analisou dados de 2.734 indivíduos acompanhados durante um período de 20 anos e constatou 72% menos casos de câncer metastático (que se espalha para outros órgãos) entre aqueles que praticavam regularmente atividade aeróbica de alta intensidade.

    Para os cientistas do novo estudo, a observação de que somente 15 minutos já ativam as células NK pode encorajar aqueles que têm pouco tempo na rotina para inserir a atividade física.

    A intensidade do exercício pode ser medida por meio do esforço cardiovascular e respiratório necessário. Quando é possível conversar com outra pessoa durante a prática normalmente, por exemplo, considera-se que a atividade é leve. Já a de intensidade moderada a alta, mais importantes para alcançar o efeito observado no novo estudo, deixa o indivíduo mais ofegante, sem conseguir manter uma conversa por muito tempo.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    BULLYING – RAZÕES E SOLUÇÕES

    Especialistas sugerem prestar atenção em sintomas como falta de empatia, arrogância, mas também solidão e dificuldade para fazer amizades

    Bullying vem do termo bully, que significa “valentão” em inglês.

    Trata-se de uma prática caracterizada por intimidações ou agressões repetitivas provocadas por um grupo ou um indivíduo contra uma ou mais pessoas, normalmente crianças e adolescentes.

    De acordo com o IBGE, quase um quarto dos estudantes brasileiros diz já ter sofrido esse tipo de violência, que costuma ser psicológica, mas também pode ser física e até patrimonial. Vale destacar ainda que o bullying também pode ser praticado em ambientes virtuais – nesse caso, passa a ser chamado de cyberbullying.

    Por ser uma prática frequente, as consequências do bullying costumam ser mais graves do que as de uma agressão pontual. Além disso, elas podem acompanhar a vítima por toda a sua vida.

    Segundo a psicóloga Rita Calegari, do Hospital Nove de Julho, de São Paulo, a prática faz com que a pessoa se sinta indesejada e humilhada simplesmente por ser quem é. “Além de afetar o aprendizado, o bullying pode levar a problemas de autoestima, transtornos de ansiedade, depressão e até a pensamentos suicidas”, alerta.

    Para a especialista, contudo, também é preciso olhar para o agressor nesse contexto. Trata- se do “valentão”, ou seja, aquele que pratica a intimidação contra outras crianças ou adolescentes – 12%dos estudantes brasileiros fazem parte desse grupo, segundo o IBGE. “O agressor usa da sua força física, das suas palavras ou status social para se sobrepor a outros de uma forma humilhante e pejorativa”, descreve.

    De fora, é difícil compreender por que uma criança ou adolescente faria isso com a outra. Segundo Rita, isso acontece principalmente a partir da repetição daquilo que o jovem vê em casa, ou seja, pela perpetuação de um ciclo de violência. “Em casa, muitas vezes a criança é a vítima ou espectadora de humilhações e violências. Aí, na escola, ela reproduz esse cenário no papel do agressor”, pontua.

    Mas nem sempre é assim. Há casos em que a criança ou o adolescente praticante do bullying vem de famílias amorosas e gentis, segundo a especialista. “Trata-se de um desvio comportamental em que o jovem sente prazer em ver o sofrimento do outro, e nos quais é necessário acompanhamento psicológico”, analisa.

    Professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em psicologia escolar, Luciene Tognetta alerta para a necessidade de identificar os agressores. A literatura especializada, segundo ela, já aponta características comuns de praticantes de bullying, como baixa empatia ao sofrimento alheio e aos sofrimentos sociais; atitudes egoístas; valorização de relações baseadas em poder, fama e dinheiro; dão pouca importância para valores como unidade, generosidade e respeito; demonstram sinais de arrogância e prepotência.

    “É como se lhe faltasse empatia aos sentimentos do outro. Também dão sinais de arrogância”, enumera Luciene. Alguns, continua ela, agem até por medo de se tornarem as próximas vítimas.

    Outra característica é que autores de bullying se desengajam moralmente de modo mais rápido. Culpam a vítima e se desresponsabilizam das ações sociais. Estudo da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) analisou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, de 2015, e identificou que entre as características mais frequentes relatadas pelos autores de bullying estão solidão, insônia e não ter amigos. E a prática era mais comum entre aqueles que faltam à aula sem comunicar a família ou apanham de parentes.

    O que fazer então ao descobrir que o seu filho é quem pratica o bullying? Conversamos com especialistas e destacamos quatro dicas.

    AVALIE O CONTEXTO FAMILIAR

    Ao descobrir que o filho está tendo condutas violentas, é importante que os pais reflitam sobre o ambiente em que a criança ou o adolescente está inserido em busca de identificar o que pode estar gerando essas condutas.

    Vale destacar que, segundo a especialista, esses gatilhos não se restringem a violências físicas, mas podem ser também emocionais. “Ao estimular muito a competitividade da criança, por exemplo, os pais podem acabar potencializando condutas violentas dos filhos”, comenta Rita.

    ESTIMULE A EMPATIA

    Para evitar que o seu filho siga sendo violento na vida adulta, é importante investir em uma educação solidária, que valorize o coletivo e não só o individual, segundo Rita. “Isso pode ser feito através de condutas simples, como pedir para ele cuidar das plantas ou dos animais de estimação”, exemplifica.

    NÃO REAGIR COM VIOLÊNCIA

    Ao descobrir que seu filho está praticando bullying, a tendência de alguns pais é castigá-lo com agressões, mas isso tende a piorar ainda mais a situação, alerta a psicóloga. “Uma reação agressiva só vai aumentar o repertório de violências que o jovem vai reproduzir fora de casa”, justifica.

    Nesse sentido, a atitude aconselhada é buscar o diálogo, ou seja, conversar com o jovem para tentar entender o que está acontecendo e ouvir o seu lado. Caso seja constatado que ele realmente está sendo violento com o colega, exponha sua reprovação, segundo Rita.

    NÃO NEGAR A REALIDADE

    De acordo com Benjamim Horta, criador do Programa Escola Sem Bullying, muitos pais preferem fechar os olhos em relação ao fato de que seu filho é violento e acabam usando desculpas para justificar o seu comportamento.

    “Dessa forma, a violência continuará acontecendo. Para impedi-la, o primeiro passo deve ser aceitar que ela existe, para, em conjunto com a escola (quando o bullying acontecer lá), traçar estratégias para melhorar a situação”, descreve.

    Para o pediatra Abelardo Bastos Pinto Jr., presidente do Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a escola tem o papel de tentar auxiliar tanto a vítima quanto o praticante do bullying, seja por meio de conversas ou através do encaminhamento para um psicoterapeuta.

    COMO IDENTIFICAR – E O QUE FAZER – SE A CRIANÇA FOR A VÍTIMA

    Ser vítima de bullying traz consequências não apenas no rendimento da vida escolar, mas também nas relações pessoais e pode se seguir até a vida adulta. Segundo a psicóloga Rita Calegari, do Hospital Nove de Julho, de São Paulo, a prática faz com que a pessoa se sinta indesejada e humilhada simplesmente por ser quem é. “Além de afetar o aprendizado, o bullying pode levar a problemas de autoestima, trans- tornos de ansiedade, depressão e até a pensamentos suicidas”, alerta.

    Para evitar que isso aconteça, é fundamental que os cuidadores ou responsáveis auxiliem da melhor forma possível a criança ou o adolescente. De olho nisso, levantamos cinco atitudes primordiais nesse sentido.

    NÃO AGIR DE CABEÇA QUENTE

    Ao identificar que o bullying está acontecendo, muitos responsáveis tendem a tomar atitudes precipitadas, como brigar com os pais da outra criança. Isso, contudo, só vai piorar a situação, afirma Rita.

    Nesses casos, o que deve ser feito é buscar um mediador – idealmente, na própria escola. “Dessa forma, será possível compreender melhor a situação e formular estratégias em conjunto para resolvê-la”, diz.

    No caso do cyberbullying, contudo, a orientação é outra. “Se não for algo que envolve os colegas da escola, caso em que se deve falar com a instituição, o recomendado é tirar o jovem do grupo virtual no qual ele está sendo intimidado”, diz.

    FIQUE ATENTO AOS SINAIS

    De acordo com Rita, o primeiro passo é os pais conhecerem a personalidade e as características da criança ou do adolescente. Assim, será possível identificar mudanças de comportamento significativas que possam indicar algum problema. “Se ela sempre chega sorridente da escola e isso muda de repente, pode ser um sinal de alerta”, exemplifica.

    Isso não quer dizer, contudo, que os pais devam ficar excessivamente preocupados com as alterações de comportamento dos filhos, segundo a psicóloga. “As mudanças devem ser observadas e acompanhadas, mas não indicam necessariamente que algo mais grave está acontecendo.”

    Uma queixa comum de gerações mais velhas é de que a popularização do bullying impede brincadeiras entre amigos. Professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em psicologia escolar, Luciene Tognetta reconhece que a linha que separa uma relação amistosa do bullying é tênue, mas aponta um norte para identificar a prática: a reciprocidade.

    “Uma vítima nessa situação pública normalmente não rebate”, afirma a especialista. “É diferente de um conflito ou uma brincadeira em que se você fala do meu nariz, eu falo do teu olho; se fala do meu cabelo, eu falo da tua perna”, resume.

    NÃO CULPAR A VÍTIMA

    Ao descobrir que a criança ou o adolescente está sofrendo bullying, muitos cuidadores podem, até por desconhecimento, menosprezar a situação e agir de forma agressiva, culpando a própria vítima pela violência que ela está sofrendo. “Trata-se de uma conduta extremamente negativa que pode agravar ainda mais a situação”, informa a psiquiatra Milena Sabino Fonseca, do Hospital São Luiz Anália Franco, da Rede D’Or.

    A especialista aconselha os responsáveis a cultivarem um olhar mais empático e tomarem cuidado com a forma como vão falar com o jovem sobre os seus problemas.

    DIALOGAR, NÃO PALESTRAR

    Para auxiliar as crianças e os adolescentes da melhor forma é preciso dialogar com eles. No entanto, segundo Rita, muitos cuidadores não sabem ao certo como fazer isso. “O diálogo deve ter a participação de duas pessoas, e não só de uma, como costuma acontecer. Você pode ensinar e orientar o seu filho, mas dê espaço e oportunidade para ele também se expressar.”

    BUSCAR A AJUDA DE UM PROFISSIONAL

    Como o bullying pode gerar consequências graves para a saúde mental, é importante os responsáveis buscarem acompanhamento psicológico para a criança ou o adolescente. “Ao oferecer um ambiente de conversa acolhedor, a terapia pode fortalecer a autoestima do paciente, por exemplo”, diz a psicóloga.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    HIPERTENSÃO: NÃO É SOMENTE CORTAR O SAL

    Confira alguns dos produtos “mais salgados”

    26 de abril marca o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Hipertensão é o nome que se dá à uma condição clínica de origem multifatorial, caracterizada pela elevação sustentada dos níveis pressóricos 140 e/ou 90 mmHg. Pode ter influência de fatores genéticos e epigenéticos, tendo extensa relação com hábitos de vida, alimentação, consumo de água, bebidas alcoólicas e tabaco, atividade física, sono e estresse.

    As doenças crônicas predisponentes para hipertensão arterial são: doença renal, diabetes mellitus, hipercolesterolemia familiar, doenças cardiovasculares e obesidade. Em relação à alimentação, os principais fatores de risco são o consumo excessivo de sal, dieta rica em gordura saturada e gorduras trans e o baixo consumo de frutas e vegetais.

    De acordo com a nutricionista clínica e mentora de vida saudável, Jhenevieve Cruvinel, é importante entender que o sal está presente na maior parte dos produtos ultraprocessados, tanto doces quanto salgados. Além de descrito como sódio, pode estar no rótulo com outros nomes: caseinato, glutamato, sacarina, ciclamato, citrato, propionato e outros.

    “A base da alimentação na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial são as verduras, vegetais e frutas, principalmente porque são riquíssimas em diversas vitaminas e minerais como a vitamina C, magnésio, potássio, cálcio e substâncias antioxidantes como os polifenóis e o selênio, que ajudam no controle da pressão arterial”, comenta.

    “O consumo moderado das oleaginosas sem sal como a castanha-do-pará, nozes, amêndoas e pis- tache, assim como o azeite de oliva são potentes em nutrientes e antioxidantes e são uma excelente fonte de gordura para uma dieta equilibrada”, comenta a nutricionista.

    DICAS

    Segundo Jhenevieve, nas preparações culinárias uma dica é utilizar temperos naturais para substituir o sal e realçar o sabor dos alimentos e ter também outros benefícios para a saúde, como melhora da saúde digestiva e intestinal, e o fortalecimento da imunidade. São antifúngicos, antibactericidas e vermífugos e possuem também nutrientes e fotoquímicos importantes.

    Alguns suplementos podem auxiliar no tratamento da hipertensão, como a coenzima Q10, ômega-3, vitamina E, vitamina D e quercetina – é recomendado consultar um profissional nutricionista para prescrição individualizada.

    Mudar os hábitos de vida, regulando o estresse, estabelecendo uma rotina com horários para alimentação, sono e atividade física, é outra dica simples. “Levantar-se a cada uma hora e caminhar por alguns minutos, alongar-se, respirar conscientemente, ter um hobbie, reduzir o tempo de tela, beber mais água durante o dia e encontrar momentos de paz e contemplação. Todo desequilíbrio na saúde é um recado no corpo para que algo seja olhado e transformado”, indica.

    FIQUE ATENTO

    Alguns dos produtos que mais contêm sal:

    • Bebidas, sucos e refrigerantes
    • Salgadinhos e bolachas, inclusive as recheadas
    • Macarrão instantâneo
    • Temperos prontos ultraprocessados: shoyu, caldo de carne, galinha e legumes, entre outros
    • Congelados: lasanha, pizza, nuggets, hambúrgueres
    • Embutidos: presunto, salame, peito de peru

    OUTROS OLHARES

    QUER UM FEEDBACK?

    O vocabulário empresarial em nossas vidas

    Em vez de uma opinião ou conselho, pedir ou oferecer um “feedback”. No lugar de sugerir ou informar um prazo, dar o seu “deadline”. E, se ficar alguma dúvida, vale fazer uma ligação, ou melhor, uma “call’’.

    Não é segredo para ninguém que, nas últimas décadas, vários estrangeirismos foram sendo incorporados ao vocabulário profissional de muitas categorias e setores, constituindo quase um dialeto particular muito associado à cultura empreendedora e empresarial. A novidade é que essas expressões já se tornaram tão habituais que já aparecem também, sem causar estranhamento, em conversas entre amigos e familiares. Não é difícil imaginar, por exemplo, a situação em que uma pessoa, no contexto de uma relação de amizade, marque uma ”call” com alguém de sua confiança para pedir um “feedback” sobre um tema que não tem nada a ver com o universo do trabalho.

    Curiosamente, mais do que denotar uma mudança na maneira de se comunicar, o uso desses neologismos costuma ser acompanhado de outras modas, que funcionam bem no ambiente profissional e, agora, aparecem também nos nossos lares. Caso do hábito de criar “checklists” para tudo, ordenando e até cronometrando as atividades do dia a dia, que aparecem listadas e etiquetadas em tabelas, planilhas, agendas.

    Na avaliação da psicóloga e psicanalista Camila Fardin, estamos falando de um fenômeno que não é sem efeitos. “Esse vocabulário denuncia um modo de pensar segundo o qual nossa vida deixa de ser vivida para ser gerida”, crava, assinalando que a invasão do vocabulário e comportamento empresarial nas nossas vidas é efeito de uma cultura mais abrangente, sendo sintoma e consequência  do que teóricos chamam hoje de “sociedade do desempenho”, pautada por um ‘sentido de positividade’ que diz: ‘yes, we can’, ou seja, ‘sim, nós podemos’, sugerindo que podemos qualquer coisa, basta que a gente queira,  basta que a gente tente, se empenhe, se dedique e tenha foco”.

    “Por essa lógica, tudo é sobre o poder da motivação e a necessidade de estar o tempo todo motivado”, avalia. “Tanto é assim que basta passar alguns minutos nas redes sociais para esbarrar em várias publicações recheadas de informações motivacionais”, lembra. “É como se tudo pudesse ser resumido à ideia de que, se eu quero, eu posso e consigo, bastando que eu me motive para tal – o que, na verdade, é terrível do ponto de vista psicológico”, critica a especialista.

    CONSTANTE PRESSÃO

    “Essa sociedade do desempenho força o indivíduo a, sozinho, explorar a si mesmo. Então, não é mais o emprego que explora o indivíduo, mas, ele próprio que, sozinho, explora a si mesmo, fazendo que tudo gire em torno da sua própria motivação, na tentativa de ser cada vez mais produtivo”, comenta Camila Fardin, ponderando que a situação é problemática na medida em que, ao contrário do que sugere um pensamento mágico, podemos simplesmente querer algo e não conseguir. Mas, por estarmos habituados a pensar que aquela conquista dependia exclusivamente do nosso esforço pessoal, mais do que uma frustração momentânea, essa situação pode produzir em nós um sufocante sentimento de fracasso sobretudo perante uma sociedade que ostenta tanto sucesso.

    O resultado, avalia, é que passamos a conviver com uma sociedade de deprimidos e ansiosos, entre outros efeitos. “Na rotina do consultório do tratamento da saúde mental, vemos uma série de adultos em busca de diagnósticos tardios de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou de autismo, pensando que o problema de não se sentirem focados o suficiente estaria neles, ignorando o fato de vivermos em um mundo repleto de estímulos, em que é difícil focar uma atividade só – inclusive porque é esperado de nós o desempenho de múltiplas tarefas em multiplataformas”, reflete, ponderando que, evidentemente, a busca de um diagnóstico precisa ser feita, individualmente, perante o histórico de cada sujeito.

    A psicóloga e psicanalista lembra ainda que essas crenças levam muitas pessoas também à busca excessiva de medicação.

    “Se, de repente, sentimos que não temos foco suficiente, se não nos sentimos tão dispostos naquele momento, simplesmente buscamos remédios para ‘corrigir’ essas “falhas”, comenta a especialista.

    REFLEXÕES COMPARTILHADAS PELA FILOSOFIA

    As considerações de Camila Fardin estão alinhadas com reflexões propostas por pensadores contemporâneos, como o sul­ coreano Byung ChulHan, que critica o fato de, no mundo contemporâneo, termos nos tornado sujeitos de desempenho e produção ou, nas palavras dele, “empresários de si mesmos.” Segundo o autor de livros como “Sociedade do Cansaço” (2015, Vozes), uma série de problemas se origina dessa lógica. Ele sugere, por exemplo, que a crença de que o sucesso depende exclusivamente do nosso esforço, desconsiderando fatores externos, pode causar frustração e adoecimento mental, assim como a tentativa de se manter produtivo em tempo integral, tendo como um dos efeitos mais evidentes a síndrome de burnout.

    Para evitar a armadilha de seguir essa cartilha de maneira impensada, mas sem deixar de usar ferramentas que podem ser úteis para nós no dia a dia, Camila Fardin sugere justamente a leitura de publicações de pensadores como Byung-Chul Han. “A principal ferramenta e a mais importante para não cair nessa lógica do utilitarismo, do desempenho, é o conhecimento. É poder ler filósofos como ele, que tratam desse tema e, com base nessa leitura, partir para a nossa vida, refletindo sobre como tudo vira utilitarismo e como isso é ruim, nos fazendo deixar de saborear a nossa própria vida”, assinala.

    Para escapar dos ditames da sociedade do desempenho, portanto, Camila lembra que nem tudo o que fazemos precisa ter uma utilidade e contribuir para um aumento da nossa produtividade.

    GESTÃO E CARREIRA

    O QUE FAZER DEPOIS DO ‘NÃO’ EM SELEÇÃO DE EMPREGO

    Especialistas explicam como tirar proveito da rejeição por empresas em processos seletivos

    O que fazer após ser rejeitado por uma empresa em um processo seletivo? Tem um jeito certo de lidar com a situação? Para começar: é importante entender que há dois tipos diferentes de rejeição, como explica Lilian Cidreira, especialista em carreiras.

    NO INÍCIO DO PROCESSO SELETIVO

    Essa rejeição acontece quando você envia o currículo ou se candidata para uma vaga em uma plataforma e, logo, recebe a devolutiva de que não vai avançar no processo.

    NO FINAL DO PROCESSO SELETIVO

    Nesse caso, você avança para outras etapas, como provas, dinâmicas e entrevistas, e não é escolhido depois de passar por elas.

    POR QUE IMPORTA

    As duas devem ter pesos diferentes para os candidatos, diz Cidreira. A rejeição no início do processo não deve gerar tanta preocupação nem ser vista como um sinal de que você está fazendo algo errado.

    Isso porque a análise de currículos é um cruzamento de informações, feito geralmente por ferramentas de inteligência artificial que analisam se o que está escrito é compatível com a descrição da vaga;

    “O RH nem sequer soube que essa pessoa se candidatou para a vaga. Na verdade, foi um algoritmo, baseado em palavra-chave, que te descartou do processo”, explica Cidreira.

    E ISSO É MAIS SIMPLES DE RESOLVER

    Nas próximas inscrições, busque adequar seu currículo ao que a vaga pede. Escolha palavras que estão presentes nos requisitos divulgados pela empresa – claro, sem mentir ou adicionar informações que não condizem com sua trajetória.

    FUI REJEITADO DEPOIS, E AGORA?

    Se você passou por outras etapas, como a temida entrevista de emprego, e recebeu um não, trago algumas dicas do que fazer.

    PEÇA FEEDBACKS

    “Depois da negativa, o que podemos fazer é ter uma oportunidade de autoconhecimento. Ressignificar esse momento, aproveitar essa situação pra tentar aprender e fazer diferente numa próxima entrevista”, explica Paula Esteves, co-CEO da Cia de Talentos.

    COMO FAZER ISSO

    Em um e-mail, agradeça pela oportunidade e diga que gostaria de um feedback para entender os motivos pelos quais você não foi escolhido.

    “Os RHs costumam responder a esse e-mail e explicar quais foram os critérios. “Na pior das hipóteses, você fica sem resposta. Na melhor; você tem informações para trabalhar em cima”, complementa Cidreira.

    APRIMORE SEU DISCURSO

    Retome a entrevista anterior para se preparar para as próximas. Você responderia algo diferente? Confirme se suas respostas mostraram que você era capaz de executar aquela função específica.

    “Normalmente, os erros na entrevista estão muito atrelados ao fato de a pessoa responder com muito detalhamento informações que não eram necessárias para aquela empresa”, explica Cidreira.

    MANTENHA CONTATO COM A EMPRESA

    Após pedir um feedback, sinalize que você está disponível para outras vagas, orienta Esteves. Assim, o recrutador pode adicionar seu currículo em um banco de talentos ou até lembrar de você caso uma nova oportunidade surja.

    “Use o LinkedIn, por exemplo, como forma de manter essas pessoas em sua rede de contatos.

    NETWORKING

    Falando em contatos, continue sua busca por vagas ativando sua rede de relacionamento.

    “Fique próximo, tanto por redes sociais como por grupos que tenham conteúdos interessantes sobre a sua área, em eventos do seu segmento”, diz a co-CEO da Cia de Talentos.

    UMA DICA FINAL

    Tenha paciência. Não crie a expectativa de que conseguir emprego é um processo rápido, diz Esteves. São, em média, seis meses para conseguir conquistar uma contratação, então é importante não deixar a frustração atrapalhar a jornada.

    O QUE NÃO FAZER DE JEITO ALGUM?

    MENTIR OU INFLAR SEU CURRÍCULO COMO RESPOSTA À REJEIÇÃO

    É praticamente impossível sustentar a mentira, diz Lilian Cidreira. Se o recrutador não perceber, seu gestor vai. Confiança é um valor para quase 100% das organizações, segundo Esteves

    SAIR FALANDO MAL DA EMPRESA POR AÍ

    NEM ONLINE…

    Muitos candidatos usam as redes sociais para detonar o processo seletivo, relata Cidreira. Ao fazer isso, você mostra às empresas como lida com adversidades – e passa a impressão de que agiria assim em outras situações caso fosse contratado

    NEM OFFLINE…

    Não reclame do processo para pessoas que não são tão próximas. “Fica claro e nítido o quanto a pessoa não está se responsabilizando e o quanto ela entende que a culpa é sempre do outro”, complementa Cidreira.

    EU ACHO …

    O TEMPO E O CÉREBRO

    Navegar pelos vídeos do TikTok é uma lição sobre o mundo contemporâneo

    O TikTok surgiu em 2016. Na China, começou como uma mídia social para trechos curtos de música. De 500 milhões de usuários em 2018, dobrou para um bilhão no ano seguinte. O senegalês naturalizado italiano Khaby Lame (nascido em 2000) é um exemplo do sucesso. Sem falar nada, mostra o espanto diante das complicações do mundo e como tudo poderia ser mais fácil. Carismático, tem mais de 160 milhões de seguidores e contratos com várias empresas. Enriqueceu-se.

    Existe uma tendência contínua. No passado, a poesia épica foi cedendo primazia ao romance, mais curto. A velocidade e a diluição do foco contemporâneo indicam que o mais sintético alcança mais gente. Vistos no trânsito ou no elevador, os vídeos de poucos segundos podem proporcionar uma experiência de início e fim mais palatável do que um filme longo. O TikTok também retalha cenas de séries antigas. A experiência deve caber em uma curta viagem no Uber. O acesso é aleatório, rápido e deve preencher a sede de novidades, suprir o vício cerebral de dopamina e combater o tédio. Os hormônios da felicidade funcionam com doses de humor e criatividade, mas que durem alguns minutos, no máximo.

    Navegar pelos vídeos do TikTok é uma lição sobre o mundo contemporâneo. Alguns conteúdos são piadas simples; outros navegam na onda da polarização política; existem informações curiosas e até certas iniciativas culturais mais elaboradas. Se, no começo, vídeos de dança dominavam, isso não é a tônica hodierna. Atende usuários ansiosos, capazes de passar adiante a qualquer queda de velocidade ou de interesse. Tudo deve ser muito rápido. Se você é professor ou pai, recomendo que veja vídeos ali. O problema é que o algoritmo vai indicar conteúdos do seu gosto, em poucos minutos, mas não o que seu filho ou aluno vê. Toda mostra será um pouco viciada. Seria bom pedir ao jovem que revelasse, no celular dele, o que aparece como vídeo. Isso será um exemplo sólido do que aumenta a pupila daquela pessoa.

    Vou dar um exemplo. Num dia, em algum aeroporto do planeta, vi um vídeo no TikTok com a seguinte estrutura: uma conversa de WhatsApp com uma cena de atrito. Eram uma sogra e uma nora discutindo quem iria no banco da frente ao lado do marido/filho. Um clássico choque da dupla que já animava Molière: a mãe do marido e a esposa. Fiquei interessado: parecia um novo tipo de novela, narrado no WhatsApp, com recursos simples e uma moral tradicional. Tratava-se de uma forma curtíssima de drama televisivo reduzido a dois minutos. Achei muito interessante. Pareciam narrativas falsas, produzidas para criar ódio de sogra, já que há mais usuárias de TikTok que sejam noras. Sogras (mais velhas) estariam no Facebook, onde provavelmente são heroínas.

    Meu celular entendeu a mensagem e passei a ser inundado de “conversas de WhatsApp” pelo TikTok. Surgiram versões em vídeo com atores, inclusive. Moral básica: o que é meu é meu (não invada minha piscina, sítio ou use minha roupa); minha família é minha mulher/marido e meus filhos (sem cunhadas); vizinhos folgados são abomináveis; mulher deve cuidar da sua casa; homens devem ser fiéis, etc. Um folhetim com traços de conservadorismo e provocadores de raiva no leitor/visualizador. Curtos excertos morais, com tragédias pequeno-burguesas, ao melhor estilo de teatro de Vaudeville: entretenimento rápido, com confusões familiares, muito humor e música.

    Veja como funciona a chamada circularidade cultural. No teatro de Vaudeville, que fazia sucesso no início do século 20, nos EUA, despontou um comediante bastante expressivo: Buster Keaton (1895-1966). O nome-apelido “buster” era de bom apelo (com significado de cara, espertinho ou até otário). Dos palcos populares, ele passou ao cinema mudo como um grande ator e diretor. O filme A General (1926) tornou-se um clássico do humor no cinema. Orson Welles considerava um dos maiores filmes já feitos na história. O cinema incorporou o teatro popular. Da mesma forma, existe um diálogo entre o improviso rápido do stand-up com o TikTok. Os artistas de maior sucesso em comédias de improviso, com piadas rápidas, celebram seus êxitos na rede. Fazer sucesso nos teatros com humor nasce e abastece o TikTok.

    Vi, em fevereiro de 2024, um Macbeth de quase três horas em São Paulo, sem intervalo. Ah, o tempo e o cérebro… Quando Shakespeare encenava suas peças, a inclusão de certas “vulgaridades” (como a cena do porteiro na obra citada) fazia algumas pessoas torcerem o nariz. O tom “popular” shakespeariano causou críticas pesadas até no Iluminismo, por Voltaire, por exemplo. Em todos os momentos, alguém lamenta o momento terrível da arte atual e compara com as boas produções de outros tempos. Não estou comparando Shakespeare e TikTok. Penso na mudança do tempo e do prazer cerebral. Emergem as velhas questões de sempre: um “haicai” japonês tem dezessete sílabas poéticas. A Divina Comédia, de Dante, tem 14.233 versos. Somos a geração que ainda pode comparar essas diversas formas. Qual é a sua esperança de futuro?

    LEANDRO KARNAL – É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de ‘A Coragem da Esperança’, entre outros

    ESTAR BEM

    A PREGUIÇA TAMBÉM TEM O SEU LUGAR

    Recuperar as energias com o devido descanso da mente e do corpo é essencial para uma vida plena e produtiva, aponta especialista

    O escritor belo-horizontino Fernando Sabino (1923-2004), numa célebre crônica com sabor de ensaio, pleiteava que a “preguiça” deixasse o rol dos pecados capitais e convocava todos os preguiçosos do mundo a segui-lo, se a preguiça deixasse. Ele não estava sozinho. O também mineiro Rubem Alves (1933-2014), natural de Boa Esperança, advogava que “a preguiça deveria ser incluída entre as virtudes intelectuais”. “É nos momentos de preguiça que as revelações acontecem. Quem trabalha duro fica tão ocupado com suas próprias ideias que não tem espaço vazio na cabeça para ideias vindas não se sabe de onde”, escreveu.

    O neurocientista e hipnoterapeuta Thiago Porto adiciona uma camada cientifica ao discurso dos literatos. “A criatividade, o raciocínio elaborado, a imaginação, a visualização e a motivação são competências ehabilidades mentais que dependem de uma disponibilidade e organização do sistema nervoso central para se manifestar. A pessoa com fadiga, cansada, tende a não ser criativa, a ter pouca imaginação”, observa.

    Ele explica o fenômeno com fatores biológicos, relacionados à baixa da glicose e do oxigênio no sangue, o que deixaria uma pessoa “sem energia no corpo”, entrando no estado de estafa, responsável pela perda das capacidades descritas. “Descansar, o chamado ‘ócio criativo’, é fundamental para recuperar tais características”, diz, prestando tributo à preguiça, que, todavia, às vezes é confundida.

    LIMITES

    Espreguiçar-se com prazer, curtir o repouso, aproveitar a folga para não fazer absolutamente nada, recuperar as energias é, na opinião do especialista, diferente da temida e conhecida “procrastinação”. Porto define a passagem da preguiça para a atitude de adiamento infindável das atividades do dia como “uma pegadinha”, à qual é prudente ficar atento.

    “A preguiça, muitas vezes, é mal interpretada, ela é um sinal de que o corpo atingiu seu ponto de estafa e precisa descansar. O que deveria ser combatido é a procrastinação, que é diferente, pois é quando o corpo entra num modo de desligamento, mesmo tendo energia, ou seja, começa a economizar sem ter necessidade”, avalia o neurocientista. Ele utiliza um exemplo para demonstrar a importância da preguiça – e seus efeitos numa sociedade que demanda produtividade.

    “É fundamental valorizar a preguiça e, para perceber o seu potencial, basta a gente fazer uma analogia com o carro que precisa parar para abastecer. Se o combustível está acabando, não podemos continuar acelerando. É justamente o ato de reabastecer que vaiproporcionar o aumento da criatividade, da motivação, da imaginação e, consequentemente, da nossa produtividade”, afiança.

    Segundo Porto, “na vida adulta, a performance física e mental, seja na fase de estudos ou do trabalho”, exige que os nossos corpos “estejam cada vez mais descansados”, prontos para responder ativamente aos desafios da contemporaneidade, que estão longe de serem simples. Na década de 1970, um poema de Paulo Leminski já prenunciava esse estado de coisas, cujos versos concluíam, com uma antítese: “entre a pressa e a preguiça”.

    EXCESSO PODE INDICAR PROBLEMA DE SAÚDE, ALERTA ESPECIALISTA

    Na música “Cada Tempo em Seu Lugar”, de 1989, Gilberto Gil resgata ditos populares, como “a pressa é inimiga da perfeição”, e reverencia Dorival Caymmi (1914-2008), de quem teria recebido um sábio conselho ao brincar com a ambiguidade sonora contida na palavra “divagar”, sinônimo de entregar-se aos pensamentos sem uma perspectiva pragmática, apreciando a delícia do instante.

    A mansidão de Caymmi rendeu uma aura folclórica ao compositor, famoso pela demora em terminar suas canções. A mais repetida conta que ele estava deitado numa rede quando, um ano depois do primeiro verso de “Maracangalha”, encontrou o arremate: “Se Anália não quiser ir, eu vou só…”.

    Segundo a lenda, a música, lançada em 1956, teria se originado na década de 1940. O neurocientista Thiago Porto alerta sobre o fato de que a preguiça é causada, sobretudo, “pelas atividades que nos impõem alto consumo de atenção e raciocínio”. “Há, também, os motivos fisiológicos, como aquela preguiça depois do almoço, própria do estado digestivo, em que o fluxo sanguíneo é desviado do cérebro para o estômago e o intestino, e tendemos a ficar com sono”, aponta.

    Ele afirma que os “sinais orgânicos de preguiça são bem-vindos”, mas que é preciso atentar-se à “constância da preguiça”, que pode indicar “uma patologia instalada”, como, por exemplo a depressão, quando ocorre “baixa hormonal e nos neurotransmissores”. “Aí, é o caso de investigar”, finaliza.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    A INFLUÊNCIA DOS ARQUÉTIPOS NA CONEXÃO AMOROSA

    Essa integração pode ajudar a superar barreiras internas que limitam a expressão da própria sexualidade e desejos

    A complexidade da sexualidade humana pode ser enigmática e mesclada, mas um olhar sob a ótica de Carl Jung e seus arquétipos de Anima e Animus oferece uma lente esclarecedora sobre como experienciamos e expressamos nosso amor e desejo. Jung, um dos pioneiros da psicologia, introduziu a ideia de que dentro de cada indivíduo existem aspectos masculinos e femininos universais, independentemente do seu gênero biológico. Esses aspectos são conhecidos como Anima e Animus e são essenciais para que possamos entender a dinâmica de nossas vidas amorosas.

    Anima é o arquétipo que representa os aspectos femininos presentes no inconsciente dos homens. Ela é a fonte da sensibilidade, intuição e a capacidade de relacionar-se emocionalmente. Em contrapartida, Animus representa os aspectos masculinos dentro do inconsciente das mulheres, manifestando-se a partir da assertividade, racionalidade e capacidade de ação. Jung acreditava que esses arquétipos são fundamentais para o desenvolvimento psicológico completo de qualquer indivíduo.

    A influência desses arquétipos na sexualidade é intensa. Eles não apenas moldam o tipo de parceiro que nos atrai, mas também influenciam como nos comportamos em relacionamentos românticos. Por exemplo, um homem com uma Anima bem integrada pode ser mais aberto e emocionalmente disponível, enquanto uma mulher com um Animus bem desenvolvido pode ser mais decisiva e assertiva.

    EQUILÍBRIO DOS ARQUÉTIPOS

    Nossos relacionamentos amorosos podem ser vistos como uma dança entre o Anima e o Animus. Quando esses arquétipos estão em harmonia, os relacionamentos tendem a ser mais equilibrados e satisfatórios. Por outro lado, desequilíbrios ou conflitos, entre esses arquétipos podem levar a dificuldades de relacionamento. Por exemplo, um homem cuja Anima é reprimida ou não integrada pode ter dificuldades em expressar emoções ou em entender as necessidades emocionais das pessoas em sua volta. Da mesma forma, uma mulher que não tem um Animus integrado pode lutar contra a tomada de decisões ou a afirmação de si mesma em um relacionamento.

    A integração desses arquétipos é um processo que Jung chamou de “individuação”, essencial para o desenvolvimento de um senso de si mesmo completo e balanceado.

    O processo de individuação, especialmente no que se refere à integração dos arquétipos Anima e Animus, é um tema central em muitos dos trabalhos de Carl Jung. Contudo, o livro que melhor detalha e explora esse conceito é “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”. Jung oferece uma visão abrangente sobre como os arquétipos operam no inconsciente e como eles são importantes para o processo de individuação.

    Nesse livro, o psicanalista discute a natureza dos arquétipos e como eles influenciam a psique individual, moldando personalidade, comportamentos e, em última instância, o desenvolvimento do self. O processo de individuação, segundo Jung, é um caminho de autoconhecimento e integração psíquica em que a pessoa reconhece e incorpora elementos inconscientes, incluindo os arquétipos do gênero oposto, Anima e Animus, para alcançar um senso de completude e equilíbrio de si mesmo.

    Esse processo envolve reconhecer e incorporar as qualidades do gênero oposto dentro de nós mesmos. Para muitos, isso pode significar aprender a aceitar e expressar emoções (integração da Anima) ou desenvolver maior assertividade e capacidade de liderança (integração do Animus).

    A consciência e integração do Anima e do Animus também podem ter um impacto transformador na sexualidade. Elas permitem que uma pessoa se sinta completa em si mesma, o que pode levar a escolhas mais conscientes e saudáveis em parceiros amorosos. Mais importante ainda, essa integração pode ajudar a superar barreiras internas que limitam a expressão da própria sexualidade e desejos.

    Portanto, enquanto homens e mulheres não aprofundarem na jornada de autoconhecimento e entenderem a importância do equilíbrio desses arquétipos, poderão viver uma desarmonia da comunicação nos relacionamentos.

    KATIUSCIA LEÃO – Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES – Homens Emocionalmente Sanados

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    OS SINAIS DE INTOLERÂNCIA AO CAFÉ

    Efeitos colaterais podem indicar que é preciso reduzir ou até suspender o consumo da bebida

    O ritual de beber uma xícara de café pela manhã — e algumas vezes ao longo do dia – se repete quase como um ato involuntário para diversas pessoas. Muitos relatam depender dessa bebida para começar o dia bem ou até para serem produtivos no trabalho. No entanto, quem tem intolerância ou sensibilidade à cafeína pode apresentar uma ampla gama de sintomas horas após o consumo, revela reportagem do jornal argentino “La Nacion”, o que indica que talvez seja necessário reduzir ou suspender de vez o consumo.

    Alguns dos efeitos colaterais mais comuns são aqueles relacionados à indigestão ou à dor de estômago. Mas existem outros como dor de cabeça, sensação de cansaço, mal-estar geral, prisão de ventre, dores nas articulações e erupções cutâneas. De acordo com um estudo produzido pelo Departamento de Saúde da Universidade da Califórnia (EUA), a cafeína é rápida e completamente absorvida pelo corpo, por isso há desconfortos que podem aparecer logo após a ingestão.

    DEPENDE DA IDADE

    Segundo o levantamento, cerca de 45 minutos depois de beber uma xícara de café, 99% da cafeína que a bebida contém já foram absorvidos pelo organismo, passando do trato digestivo para a corrente sanguínea, onde pode atingir níveis máximos nos 15 minutos seguintes ao seu consumo. Depois de algumas horas, os especialistas explicam, certas enzimas presentes no fígado começam a metabolizar ou decompor gradualmente a cafeína através de uma série de etapas.

    Em um jovem adulto saudável, o fígado leva cerca de seis horas para reduzir pela metade a quantidade de cafeína circulante. À medida que as pessoas envelhecem, as enzimas envolvidas no metabolismo da cafeína tornam-se menos eficientes, o que leva a uma taxa de eliminação mais lenta – fatores como gravidez, tabagismo e a ação de certos medicamentos também podem interferir na velocidade da metabolização da cafeína.

    PRESSÃO ARTERIAL ALTA

    Pesquisadores da Clínica Mayo, uma organização sem fins lucrativos responsável pela prestação de assistência médica nos Estados Unidos, afirmam que a cafeína pode ser contraproducente em pessoas com problemas de pressão alta. Uma das hipóteses cogitadas é que a substância pode bloquear um hormônio que ajuda a manter as artérias dilatadas.

    Outra teoria é que a cafeína faz com que as glândulas suprarrenais liberem mais adrenalina, o que aumenta a pressão arterial. Eles indicam evitar o consumo de cafeína minutos antes de realizar atividades que aumentem naturalmente a pressão arterial, como exercícios e levantamento de peso. Liliana Papalia, especialista em Nutrição e Obesidade pela Universidade Favaloro, em Buenos Aires, esclarece que, em termos gerais, recomenda-se o consumo de café em quantidades moderadas, porque a bebida em excesso será sempre um fator de desequilíbrio para o bem-estar geral.

    Ela ressalta que, a menos que se tenha alguma patologia gástrica como úlcera, hérnia de hiato ou algum tipo de afecção na cavidade oral, região mais irritada pelo café, não há contraindicações para consumir cafeína.

    RESPOSTAS DO ORGANISMO À CAFEÍNA

    O estudo “Resposta metabólica do cérebro humano à cafeína e os efeitos da tolerância”, publicado no periódico médico “The American Journal of Psychiatry”, relata que pessoas intolerantes à substância experimentam sofrimento psicológico e fisiológico substancial em resposta à ingestão de cafeína.

    Além disso, são expressos como possíveis sinais de intolerância/sensibilidade à cafeína: dor de cabeça, insônia, nervosismo, irritabilidade, incapacidade de controlar a vontade de urinar, batimento cardíaco acelerado e tremores musculares.

    Alguns efeitos secundários do consumo exagerado ou da intolerância à cafeína podem estar mais ligados ao processamento do grão de café.

    “Os ingredientes adicionados ao café quando ele é embalado influenciam nos sintomas, portanto, podem produzir efeitos indesejados mais pelos outros componentes do que pela própria substância natural”, esclarece Liliana Papalia ao La Nacion.

    OUTROS OLHARES

    USUÁRIAS DE REMÉDIO DE EMAGRECER RELATAM GANHOS EM FERTILIDADE

    Segundo especialistas, perda de peso até pode interferir no equilíbrio hormonal e aumentar as chances de gravidez, mas faltam estudos

    Nas redes sociais, mulheres que usaram Ozempic ou medicamentos semelhantes para diabete ou perda de peso estão relatando um efeito colateral inesperado: uma gravidez-surpresa. O grupo do Facebook “Eu engravidei usando Ozempic” tem mais de 500 membros. Numerosas postagens no Reddit e TikTok discutem gestações não planejadas enquanto tomavam Ozempic e drogas semelhantes que podem acarretar uma perda de peso significativa ao reduzir o apetite e desacelerar o processo digestivo. As drogas são conhecidas como “peptídeo-1 semelhante ao glucagon”, ou drogas GLP-1.

    Os relatos de um boom de bebês Ozempic são anedóticos, e não se sabe quão difundido é o fenômeno. Especialistas dizem que a perda de peso significativa pode afetar a fertilidade. Outros especulam que as drogas GLP-1 podem interferir na absorção de contraceptivos orais, causando falhas no controle de natalidade.

    “Engravidei com um GLP- 1”, postou Deb Oliviara, de 32 anos, em sua conta no TikTok, que tem 36 mil seguidores. Ela tinha contado em outro vídeo que sofrera dois abortos espontâneos e um natimorto. Moradora de Michigan (EUA), disse, em uma mensagem direta, que estava usando Ozempic há três meses antes de engravidar. “Eu estava grávida de três semanas quando descobri”, disse. “Agora estou grávida de 3 meses e o bebê está incrível.”

    “Meu pequeno ‘bebê Mounjaro’ (outro remédio para emagrecer) está quase com 6 meses depois de tentar por mais de 10 anos com PCOS!”, comentou outra mulher na postagem, referindo-se à síndrome do ovário policístico, condição de saúde que é uma das principais causas de infertilidade.

    Paige Burnham, de 29 anos, que mora em Louisville, tinha perdido cerca de 36 kg enquanto usava Ozempic, também conhecido como semaglutida, para diabete tipo 2, quando começou a sentir náuseas em uma viagem para Disney World. Ela assumiu que o sintoma era pela droga. “Meu efeito colateral mais típico do Ozempic era náusea”, disse. Mas ela descobriu que o sintoma era, na verdade, enjoo matinal por gravidez – uma surpresa, uma vez que ela e seu parceiro tinham tentado conceber durante quatro anos. Ela parou de tomar Ozempic e deu à luz um menino saudável, Creed, em março de 2023.

    PESQUISAS

    Pouco se sabe sobre os efeitos de Ozempic e drogas semelhantes em mulheres que querem engravidar ou que engravidam enquanto tomam as drogas, pois elas foram especificamente excluídas dos ensaios clínicos iniciais do medicamento. Um porta-voz da Novo Nordisk, que fabrica Ozempic e Wegovy, disse que a empresa está coletando dados para avaliar a segurança de engravidar enquanto se usa Wegovy, a versão da semaglutida aprovada para perda de peso. “Gravidez ou intenção de engravidar foram critérios de exclusão em nossos testes com semaglutida, tanto para obesidade quanto para diabete tipo 2,” disse a empresa em um comunicado. A Eli Lilly, fabricante das drogas GLP-1 Mounjaro e Zepbound, não respondeu aos pedidos de comentário.

    RISCO

    A maior preocupação entre mulheres que engravidam usando um GLP-1 é se a droga representa um risco para o feto. Embora mulheres como Burnham e Oliviara tenham postado histórias tranquilizadoras de bebês saudáveis, os médicos dizem que é importante usar um controle peso corporal materno. Controlar diabete é importante para uma gravidez saudável, e especialistas dizem que pacientes tomando Ozempic para isso devem discutir os riscos e benefícios com seu médico.

    RETORNO

    Após Paige Burnham parar de amamentar, ela retomou o uso do Ozempic. Por causa de suas lutas passadas com infertilidade, ela não quer tomar anticoncepcionais, embora tenha dito estar preocupada em engravidar muito cedo. “Eu não estou pronta ainda.”

    HÁ EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA?

    Embora não esteja claro se mulheres tomando um GLP-1 têm uma probabilidade maior de gestações não planejadas, médicos dizem que existem algumas explicações. A perda de peso pode ter um efeito sobre a ovulação e fecundidade, disse Lora Shahine, uma endocrinologista reprodutiva com uma clínica de fertilidade em Seattle e Bellevue, Washington. Stephanie Fein, uma médica interna em Los Angeles que é especializada em ajudar mulheres a perder peso para sua fertilidade, também observa que emagrecer apenas de 5 a 10% do peso corporal pode ajudar alguém a conceber. “Ninguém sabe exatamente o motivo”, disse. “A gordura é hormonalmente ativa. Sabemos que tem efeitos no estrogênio, e isso afetará a ovulação e, possivelmente, o desenvolvimento dos óvulos.”

    ANTICONCEPCIONAL EM RISCO

    Pode ser que as drogas GLP-1 também afetem a absorção dos contraceptivos orais, especula William Dietz, médico e presidente da STOP Obesity Alliance na Escola de Saúde Pública Milken Institute da Universidade George Washington. “Isso pode significar que os medicamentos para controle de natalidade são metabolizados ou ineficazes”, afirma. Dietz ressalta que a maioria dos especialistas recomenda interromper os medicamentos GLP-1 quando a gravidez é detectada. “Eu não acho que sabemos o impacto dessas drogas no desenvolvimento fetal.” Lora recomenda que mulheres usando contraceptivos orais e GLP-1 adotem uma segunda forma de controle de natalidade.

    GESTÃO E CARREIRA

    CO- LIDERANÇA

    A Nova tendência do compartilhamento de poder nas empresas

    Nos últimos anos, uma abordagem revolucionária vem ganhando destaque nas estruturas corporativas: a co-liderança. Esse modelo desafia a tradicional hierarquia empresarial ao permitir que duas ou mais pessoas compartilhem, igualmente, o seu poder e a influência dentro das empresas.

    E ter um par não se limita apenas aos cargos de CEO, mas também se estende a outras posições, promovendo uma cultura de colaboração e diversidade de perspectiva. Na prática, ao adotar a co-liderança, as organizações tem uma série de vantagens surpreendentes.

    Para Luiz Guardieiro, Diretor de Receita da Portão 3, uma plataforma de gestão de despesas e viagens corporativas, essa prática permite aproveitar ao máximo o talento e a expertise de cada gestor, resultando em decisões mais robustas e alinhadas aos objetivos da companhia, além de contribuir para a redução da rotatividade de pessoal, fortalecendo o senso de pertencimento e engajamento dos colaboradores.

    “A co-liderança oferece diversas vantagens para as empresas, incluindo uma distribuição mais equitativa de responsabilidades, maior diversidade de pensamento e uma cultura organizacional mais colaborativa. Esse modelo também aumenta a resiliência da organização ao fornecer uma estrutura flexível e adaptável para lidar com mudanças e desafios no mercado”, diz.

    Apesar de suas vantagens, implementar esse modelo pode ser desafiador, uma vez que requer uma comunicação aberta e transparente entre os líderes, bem como uma clara definição de papéis e responsabilidades. É essencial que os líderes compartilhados desenvolvam uma relação de confiança e respeito mútuo, garantindo uma colaboração eficaz e decisões alinhadas com os objetivos da empresa, independente de seu tamanho.

    A co-liderança não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma abordagem inovadora que promete transformar a forma como as organizações são lidera- das e gerenciadas. “Em um cenário empresarial cada vez mais complexo e dinâmico, novas formas de liderar chegam como uma poderosa ferramenta para impulsionar a inovação e a sustentabilidade organizacional.

    Por meio do compartilhamento de poder e responsabilidades, as empresas podem se adaptar com maior agilidade às mudanças do mercado e alcançar novos patamares de sucesso”, finaliza.

    Fonte e mais informações:  https://ww.portao3.com.br/.

    EU ACHO …

    ESPÍRITO DE PORCO

    Estava perambulando pelas redes, quando encontrei uma postagem no Instagram, a exemplo de tantas outras, mostrando uma seleção de fotos de diversas mulheres 60+ que continuam charmosas, interessantes e seguras com sua aparência. Resolvi dar uma olhada nos comentários. Muitos emojis de aplausos, carinhas com corações no lugar dos olhos e os invariáveis “Musas!”, “Divas!”, etc., etc., até que alguém largou esta: “O que o bisturi e o dinheiro não conseguem, não é mesmo?”.

    Outra postagem: a foto de uma rua arborizada e florida, que estava sendo homenageada por seus moradores num sábado de sol. Eles estavam orgulhosos por ajudar a preservar árvores muito antigas. Entre vários comentários incentivadores, destacava-se este primor de elegância: “Aqui no meu bairro tem uma dúzia de ruas mais bonitas que esta”.

    Não é a reação típica de um hater. Não há ódio explícito no comentário, nem ofensa direta. Aliás, ninguém contesta: o dinheiro compra mesmo procedimentos estéticos, cremes, maquiagem, matrículas na academia. Assim como é verdade, também, que há milhares de ruas exuberantes pelo país. As reações, portanto, não vinham de um mentiroso, nem de uma pessoa bruta. Vinham de um ressentido. Um estraga-prazer. É o que se chama “espírito de porco”, uma expressão idiomática que se aproveita da má fama que o porco tem em relação à limpeza.

    A pessoa com espírito de porco quer apenas tumultuar a diversão alheia, quebrar a boa atmosfera, dar uma achincalhada, afim de abalar a higienização do assunto. Em sua defesa, ele dirá que está em combate contra a alienação.

    De certa forma, dá para entender. A vida não está fácil para quase ninguém. As redes sociais estão lotadas de oba-oba, na contramão das dificuldades que tanta gente passa. Ao fim de um dia difícil, muitos precisam extravasar sua raiva e cansaço, e soltar uma maledicência direcionada aos “felizes” não parece grave, é até um favor para a humanidade, um antagonismo brando se comparado à vontade de estrangular dois ou três.

    Apresentados os atenuantes, não há como não absolver o espírito de porco. No entanto, o mundo seria um lugar melhor se, em vez de abusar de sua acidez e inconveniência, ele usasse armas mais eficazes contra a alienação. Na mesma tropa de combatentes, há quem incentive a leitura, compartilhe conteúdo de qualidade, denuncie fake News e injustiças, debata ideias— tudo dentro da mesma intenção: acordar quem está em sono induzido.

    Ser desagradável não desperta ninguém. Serve para coisa nenhuma. É só uma poça de lama da qual a gente desvia. O máximo que o espírito de porco consegue é um olhar compassivo e uma interjeição: “coitado”.

    MARTHA MEDEIROS

    marthamedeiros@terra.com.br

    ESTAR BEM

    EM VEZ DE SER MULTITAREFA, TENTE FOCAR UMA ATIVIDADE SÓ

    Na verdade, não podemos fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, dizem os especialistas; mas há táticas para ajudar nessa missão

    Não tem jeito: hoje em dia vivemos em modo multitarefa. Quantas vezes você manda mensagem enquanto está no trânsito (sem estar dirigindo, por favor!), perde o fio da meada de um podcast porque está fazendo tarefas domésticas ou fica mudando de tela entre o site de notícias e a sua caixa de entrada? “Ficamos presos nessa armadilha da multitarefa mesmo sem perceber”, diz Nicole Byers, neuropsicóloga em Calgary, Canadá, especializada no tratamento de pessoas com burnout.

    Esse nosso hábito coletivo tem algumas razões, explica ela. A maioria das pessoas evita o tédio sempre que possível, conta Byers, e a multitarefa é uma maneira de fazê-lo.

    E também há muita pressão externa. “Quantas vezes vemos um anúncio de emprego que diz: ‘Precisa ser excelente em multitarefa’?”, questiona. “Nosso mundo moderno – onde passamos a maior parte do dia diante das telas – força nosso cérebro a ficar no modo multitarefa.”

    O fato é que não somos bons em multitarefa – e ela não é boa para nós. Mas existem maneiras de a encararmos com mais inteligência.

    MODO AUTOMÁTICO

    Em primeiro lugar, “multitarefa” geralmente não é o termo mais correto. De acordo com especialistas, não é possível fazer duas coisas ao mesmo tempo – a menos que consigamos fazer uma delas sem pensar muito (como dar um passeio enquanto conversamos com um amigo).

    “Normalmente, quando as pessoas acham que estão no modo multitarefa, na verdade estão alternando a atenção entre duas tarefas diferentes”, conta Gloria Mark, professora de informática na Universidade da Califórnia, Irvine, e autora de Attention Span: A Ground- breaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity (algo como Capacidade de atenção: uma maneira inovadora de recuperar o equilíbrio, a felicidade e a produtividade).

    Vejamos o que acontece quando você se dedica a uma única tarefa, como preparar o jantar. A partir do momento em que você decide o que fazer, diferentes regiões de seu cérebro, chamadas de rede de controle cognitivo, colaboram para que isso aconteça, ressalta Anthony Wagner, professor de psicologia em Stanford e vice-diretor do Instituto Wu Tsai de Neurociências da universidade.

    Essa rede abrange áreas do cérebro envolvidas nas funções executivas ou na capacidade de planejar e executar comportamentos. Juntas, elas criam um modelo mental da tarefa em questão e do que você precisa para realizá-la. Seu cérebro consegue fazer isso, conta Wagner, recorrendo a informações externas e internas, como os ingredientes na geladeira ou a memória da receita.

    Mark comparou esse processo a desenhar em uma “lousa mental”. Se sua amiga ligar para reclamar do dia dela, o quadro vai se apagar. “Cada vez que você volta sua atenção para uma nova tarefa, seu cérebro precisa se reorientar”, afirma. Se você conhece o prato como a palma da sua mão ou se seu bate-papo é agradável e alegre, essa alternância pode ser simples. Mas quanto mais esforço cada tarefa exige, mais seu cérebro terá de lidar com informações concorrentes e objetivos diferentes.

    DESVANTAGENS

    Como seria de se esperar, o dano potencial varia de acordo com a atividade e com seu nível de habilidade em realizá-la. Mas, geralmente, “quando alternamos tarefas, pagamos o que foi chamado de ‘custo da troca’”, adianta Wagner. “Ficamos mais lentos e menos precisos do que seríamos se continuássemos com uma tarefa só.”

    Mas velocidade e precisão não são os únicos riscos. A multitarefa é mais exigente do ponto de vista cognitivo, mesmo quando fazemos coisas que achamos fáceis ou agradáveis. Quando ficamos no modo multitarefa, podemos sobrecarregar nossa memória de trabalho ou nossa capacidade de reter e processar informações em nossa mente, avalia Byers. “Quanto mais sobrecarregamos esse sistema, mais fadiga mental”, narra ela.

    Outros estudos descobriram que a multitarefa pode acelerar o coração, aumentar a pressão arterial, desencadear ansiedade, piorar o humor e criar um impacto negativo sobre a percepção do trabalho que temos a fazer.

    UMA COISA DE CADA VEZ

    Mark sugere que você comece observando seu comportamento ao longo do dia, notando quando e como você muda de tarefa sem perceber. A partir daí, você precisa praticar o modo monotarefa: fazer uma coisa de cada vez, para treinar seu foco e aumentar sua tolerância.

    Muitas vezes é mais fácil tentar a monotarefa nos momentos em que você tem melhor desempenho mental, lembra Mark. Isso difere de pessoa para pessoa, mas em um estudo em locais de trabalho ela e seus colegas descobriram que a maioria das pessoas atingiu o pico da capacidade para trabalhos desafiantes entre o meio da manhã e o meio da tarde. Se achar difícil, comece aos poucos. Você consegue ficar no modo monotarefa por cinco minutos? Que tal dez? “Quando se trata do nosso cérebro, devagar e sempre é uma boa estratégia”, completou Byers.

    QUANDO FICAR NO MODO MULTITAREFA

    Sua vida provavelmente vai exigir um certo nível de alternância de tarefas, mas há maneiras de encarar isso com mais eficiência.

    ATENHA-SE AOS SEUS PONTOS FORTES

    Certas atividades “sobrecarregam nossos sistemas e esgotam nossa capacidade cerebral mais do que outras”, diz Byers. Portanto, se uma tarefa for estressante ou exigir muito esforço mental, você certamente não vai se dar bem entrando no modo multitarefa. Por exemplo: você pode fazer crochê assistindo à TV sem dificuldades, mas uma pessoa iniciante vai precisar de concentração total para não pular pontos.

    PESE OS RISCOS

    Algumas tarefas podem parecer quase instintivas, mas ainda há momentos em que você precisa se ligar. “Mesmo que nos sintamos capazes de fazer algo sem prestar muita atenção, não podemos prever a natureza imprevisível do mundo”, analisa Wagner. “Nem os motoristas mais qualificados conseguem prever quando um carro vai entrar na faixa deles.” A multitarefa às vezes é má ideia mesmo quando não há risco de morte: ela pode deixar a porta aberta para erros graves no trabalho ou impedir você de estar tão presente quanto gostaria em casa.

    ENCONTRE PONTOS DE INTERRUPÇÃO

    Também é importante entender quando e como trocarmos de tarefas. Mark sugere trocar naquilo que ela chamou de “pontos de interrupção”, momentos do fluxo de trabalho em que será “fácil retomar sem ter que refazer aquilo que já foi feito”. Lendo este artigo, você pode tentar chegar ao fim antes de verificar suas notificações. Se isso não for possível, você pode tentar pelo menos chegar ao final deste parágrafo.

    USE A MULTITAREFA QUANDO ELA REALMENTE AJUDAR

    Amontoar hábitos, especialmente atividades de que você gosta, com outras de que não gosta, pode dar ao cérebro mais reforço positivo do que a monotarefa. Se, por exemplo, é mais provável que você lave a louça com a TV ligada, vale a pena dividir um pouco da atenção entre as duas coisas. “Nosso cérebro nem sempre gosta de mudanças”, disse Byers. “Mas ele gosta muito de recompensas.”

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ

    Como a ausência do pai biológico afeta os filhos e como agir diante do problema, já que, no Brasil, por dia, cerca de 470 crianças são registradas sem o nome do genitor na certidão de nascimento

    No dia de seu aniversário de 14 anos, Lucas se surpreendeu com uma ligação do próprio pai. “Achei que ele ia esquecer”, reconhece, sem muita cerimônia, como se não fizesse muita questão de ser lembrado pelo genitor. O aparente desinteresse, contudo, é desmentido por um conjunto de sintomas que apareceram mais tarde, quando o adolescente teve uma crisede ansiedade, sentindo um mal-estar físico que incluiu desconforto abdominal, febre e insônia. Não é a primeira vez que Lucas sofre com episódios semelhantes, que surgem após um contato inesperado do seu pai, com quem se encontra ou conversa em raras oportunidades – geralmente, apenas em datas muito específicas, como o Dia dos Pais, o Natal e as celebrações de aniversário. E, mesmo nessas ocasiões, os dois raramente passam um dia inteiro juntos.

    O relato trata de uma experiência individual, mas, ao mesmo tempo, funciona como um retrato de uma situação muito comum no Brasil: a ausência do pai biológico na vida de seus filhos.

    Para teruma ideia, por dia, no país, cerca de 470 crianças são registradas sem o nome do genitor na certidão de nascimento. Em 2023, dos 2,5 milhões nascidos no Brasil, 172,2 mil deles têm pai ausente até nos registros oficiais – representando um aumento de 5% na comparação com o que foi registrado em 2022, conforme dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil).

    A estatística, embora impactante, representa apenas a face mais visível de um distúrbio social que é ainda mais amplo e de difícil medição. A exemplo da história de Lucas, muitas são as crianças e adolescentes que têm o nome do pai inscrito em seus documentos oficiais, mas, no dia a dia, para além das letras frias da burocracia, também lidam com sua ausência.

    SINTOMAS E CONSEQUÊNCJAS

    “Na rotina do consultório, essas queixas de crianças e adolescentes que possuem pai ausente surgem de diversas maneiras, seja no caso daqueles que não conheceram seus genitores, dos que têm pais divorciados ou mesmo no relato de filhos cujo pai está em casa, mas não exerce o papel, apesar da presença física”, expõe a psicóloga clínica Simone Alípio (@simoneallpiopsicoga).”Agora mesmo, atendi um pré-adolescente que chorava falando que o pai mora em outra cidade e não é presente, mas que sente sua falta e até vergonha por ele não comparecer a eventos na sua escola, deixando de participar de sua vida”, conta.

    Simone Alípio, especialista em saúde mental, salienta que a sensação de abandono tem efeitos diversos na vida das crianças. “No campo do humano, não há uma receita, de forma que é impossível cravar quais serão os impactos disso para todos os sujeitos”, explica, indicando, por exemplo, que alguns podem ficar mais retraídos, e outros mais agressivos. “É recorrente, também, a ocorrência de sentimentos de rejeição e inadequação, que podem persistir ao longo da vida, afetando relacionamentos futuros e a saúde mental”, cita.

    Um possível reflexo dessa ausência pode se dar no apego excessivo à mãe. “Neste caso, a criança teme voltar a viver uma situação de abandono, teme passar pela mesma frustração e perder essa figura presente, transferindo para ela toda a sua carência – o que é complicado”, examina.

    O QUE FAZER

    Idealmente, Simone Alípio destaca ser importante que os pais, separados ou não, nutram uma boa relação e entendam que a parentalidade é um dever de ambos. Não por outro motivo, o abandono afetivo do genitor representa um descumprimento dos deveres do poder familiar previstos na legislação brasileira, citados no artigo 229 da Constituição Brasileira e no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

    Mas, se não há comprometimento do pai e a família lida com a sua ausência, a sugestão da psicóloga e psicopedagoga Roneida Gontijo Couto, em entrevista, é que todas as perguntas e inquietações dos filhos sejam respondidas. “E é importante que as respostas sejam adequadas à idade e ao nível de maturidade da criança”, recomenda. “Também é fundamental que possíveis frustrações da mãe em relação ao parceiro ou ex-parceiro não sejam transmitidas à prole”, diz.

    PAPÉIS PARENTAIS SÃO DINÂMICOS

    O psicanalista e doutorando em psicologia Hugo Bento, por sua vez, lembra que as funções de pai não estão condicionadas exclusivamente à figura do genitor. “Do ponto de vista da psicanálise, a paternidade e a maternidade são funções que podem ser desenvolvidas por outras pessoas que tenham ligação com a criança – e é importante que haja o vínculo, porque essa função não pode ser desempenhada sem que a própria criança reconheça a autoridade parental”, descreve.

    “Eu acredito que, sim, do ponto de vista subjetivo, precisamos de um ser humano que se encarregue dos cuidados e da subsistência – que na psicanálise estão imbuídos na função materna – e de um ser humano que se encarregue da transmissão de valores culturais e de marcadores sociais – ligados ao paterno”, pontua Hugo Bento. ”Mas, se essas funções serão exercidas por uma só pessoa ou por mais de uma, se serão desempenhadas pelo genitor, pela genitora ou por outra pessoa, pouco importa”, pondera, indicando que os pais, mesmo vivendo e convivendo com seus filhos, podem se abster da paternidade. “Pode acontecer, por exemplo, de essa função, que transmite ordem e concede à criança parâmetros para a construção da identidade, ser desenvolvida pelo avô, pela avó ou até por um amigo da família”, comenta.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    MAIS MANCHAS E ACNES

    A pele negra tende a sofrer a ação da melanina e, por isso, ser mais hiperpigmentada

    No universo da beleza, as peles de fotótipos mais altos, como a negra, foram por muito tempo negligenciadas, sendo difícil encontrar certos tons de maquiagem e informações adequadas sobre cuidados com esse tom de pele. Mas pouco a pouco esse cenário tem mudado, o que já não é sem tempo, afinal, no Brasil, mais de 50% da população se declara como preta ou parda, segundo dados do Censo de 2022 do IBGE. E essa mudança é mais do que necessária, pois as peles de fotótipos mais altos precisam sim de cuidados específicos, já que tem características distintas das peles de fotótipos mais baixos.

    “A grande diferença entre a pele negra e a pele branca é a quantidade de melanina, pigmento que dá cor à pele, que é maior na pele negra. Por esse motivo, tem maior risco de hiperpigmentação, ou seja, pode manchar mais facilmente após traumas ou espinhas, por exemplo”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Além disso, a pele negra também apresenta glândulas sebáceas maiores e, consequentemente, produz mais sebo. Por isso, tende a ser mais oleosa e mais propensa a espinhas que a pele branca”, diz.

    Mas nem tudo são desvantagens, pois a pele negra tem um fator natural de proteção solar mais alto do que os outros tons de pele. “A melanina é um protetor natural da pele, tanto contra o sol quanto contra a poluição, que são fatores que agem como agravantes do processo de envelhecimento cutâneo. Então, por ter essa proteção natural maior, a pele negra envelhece mais tardiamente”, explica a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Isso não quer dizer, porém, que pessoas de pele negra podem abandonar o uso de protetor solar e outras medidas de fotoproteção. “De forma alguma essa maior proteção natural proporcionada pela melanina autoriza as pessoas com pele negra a se exporem ao sol inadvertidamente e sem uso de fotoprotetor. O que podemos dizer é que esses indivíduos podem usar um fator de proteção menor que as pessoas de pele mais clara, além de conseguirem ficar expostos ao sol por mais tempo”, acrescenta a especialista.

    Além do protetor solar, a rotina de cuidados com a pele negra deve, segundo Paola, ser composta por produtos em veículos mais leves e menos oleosos, como sérum, gel e gel- creme, justamente por ser uma pele com maior tendência à oleosidade. “Fora isso, a rotina skincare pode ser a mesma dos outros tons de pele, com sabonete específico para o tipo de pele, uso de vitamina C pela manhã antes do protetor solar e um cosmético antienvelhecimento à noite, que pode ser intercalado com um ácido”, diz e faz uma ressalva quanto ao uso dos ácidos: “Se o ácido irritar a pele negra, pode ocorrer processo inflamatório com hiperpigmentação. Portanto, o ideal é usar ácidos mais suaves e suspender o uso ao notar qualquer sinal de irritação”.

    PROCEDIMENTOS

    Além dos cuidados específicos com o skincare, pessoas de pele negra também devem redobrar a atenção na hora de buscar certos tipos de procedimentos estéticos, como o uso de laser para rejuvenescimento. “Pessoas com fotótipos de pele mais alto possuem maior predisposição a sofrer com hiperpigmentação pós-inflamatória devido a agressão causada pelos lasers, o que resulta no surgimento de manchas”, explica a dermatologista Valéria Campos, professora convidada do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e Pós- Graduada em Laser e Dermatologia pela Harvard Medical School.

    Mas existem estratégias para contornar o problema, como aa suplementação de fosfolipídeos do caviar antes e depois da sessão com laser. “Em um estudo recente, pacientes com fotótipos altos que suplementaram 15 dias antes e 45 dias após a sessão com laser não apresentaram nenhuma ocorrência da complicação. Em contrapartida, a incidência de hiperpigmentação pós-inflamatória foi de 30% no grupo de controle”, destaca a Valéria, uma das autoras do trabalho. A dermatologista explica que o componente atua como um modulador inflamatório, aumentando o status antioxidante do organismo e reduzindo a inflamação, o que ajuda a prevenir a ocorrência de hiperpigmentações pós-inflamatórias. “E, ao diminuir o risco de complicações, a suplementação permite o uso de parâmetros mais agressivos em peles de fotótipos mais altos sem afetar a segurança. Isso se traduz em melhores resultados após o procedimento”, acrescenta.

    A realização de peelings em fotótipos mais altos também exige uma atenção redobrada, segundo a dermatologista Claudia Marçal, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD). “Os peelings médios e profundos muitas vezes são contraindicados em peles mais escuras para evitar complicações como manchas e hipercromias pós-inflamatórias. Já os peelings mais superficiais podem ser realizados nesses pacientes, pois atuam apenas na epiderme e promovem uma descamação mais superficial com menor tempo de recuperação, então apresentam menor risco de complicações”, recomenda. “Além disso, podemos recorrer às fórmulas domiciliares à base de vitamina A e seus derivados, alfa ou beta-hidroxiácidos, ácido azelaico, sempre combinadas com o uso de fotoprotetor com índices de FPS acima de 30”, pontua Cláudia.

    OUTROS OLHARES

    O TAMANHO MÉDIO EM CADA PAÍS

    Pesquisa tenta confirmar relação do comprimento do órgão sexual com a altura e o peso do homem

    Um estudo feito por pesquisadores da Alemanha mapeou a média de tamanho dos órgãos sexuais masculinos em vários países para tentar traçar um paralelo entre este dado e o peso e a altura dos homens. De acordo com o levantamento, encontrar uma conexão com a altura foi o ponto de maior dificuldade, mas a equipe descobriu que nos países com taxas mais altas de obesidade os moradores tendem a ter pênis menores.

    Os pesquisadores vasculharam mais de 40 estudos recentes envolvendo milhares de homens. A equipe extraiu dados sobre o tamanho médio do pênis de 90 países, com as medidas verificadas de forma independente. Todos foram calculados para cada país e depois convertidos em polegadas para unificar a unidade de medida utilizada e permitir a comparação entre as nações.

    Segundo o estudo, os homens que vivem no Equador e em Camarões têm os maiores membros, medindo cerca de 17 centímetros quando eretos. O Brasil ficou na 23ª posição, com média de 15 centímetros. O país ficou à frente dos Estados Unidos e Reino Unido que nem chegaram ao top 50, por exemplo. O EUA ficou na 60ª posição, com os homens tendo um tamanho médio de 13,5 cm e o Reino Unido em 68º lugar, com cerca de 13,1 cm. Já em termos de preferência pelo tamanho, pesquisas afirmam que as mulheres preferem homens com órgãos maiores para encontros sexuais únicos. Porém, para um parceiro sexual em uma relação de longo prazo, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, apontaram que as mulheres geralmente preferem os parceiros com pênis menores.

    GESTÃO E CARREIRA

    ÓCIO CRIATIVO

    Atividades de bem-estar estimulam ideias inovadoras no trabalho

    Pesquisas científicas indicam que o descanso pode ajudar a ter sucesso no trabalho, além de promover a sensação de bem-estar. Um exemplo, é o estudo The broaden-and-build theory of positive emotions, que indica que a prática de atividades que provocam emoções positivas promovem ações, ideias e laços criativos e variando de recursos físicos e intelectuais a recursos sociais e psicológicos.

    “Em um cenário de conectividade constante, a prática de atividades fora das telas se torna um catalisador do processo criativo. É por meio da vivência de experiências offline que abrimos as portas para novas perspectivas e inspirações. Esses momentos não são apenas pausas, mas elementos fundamentais na nossa capa- cidade de criar, pensar de forma crítica e manter um equilíbrio saudável entre o trabalho e vida pessoal, entre a conexão e a desconexão”, declara Mônica Araújo, gerente de Marketing e Operações da Jüssi, agência de marketing digital.

    Na década de 90, o sociólogo italiano Domenico De Masi reforçou essa ideia ao criar o conceito do ócio criativo, que consiste na dedicação de um tempo a atividades que proporcionem alegria e satisfação, para um estilo de vida equilibrado, e os resultados podem ser notados no aumento da produtividade, no estímulo à criatividade e nas relações interpessoais.

    Em uma rápida pesquisa interna, a Jüssi constatou que muitas mulheres que integram o time de colaboradores são adeptas de atividades fora do ambiente de trabalho, mas que contribuem para a criação de soluções e experiências.

    Conheça o que as profissionais da agência fazem para manter a mente em equilíbrio e aguçar a criatividade fora da mesa de trabalho:

    Para Bruna Garcia, Diretora de Operações Criativas, o alívio da rotina corporativa está no esporte. “Eu luto jiu-jitsu há 19 anos e esse esporte me deu muito controle emocional, disciplina e o espírito de competitividade necessários para aliviar a rotina de trabalho e do dia a dia. Como o tatame, o trabalho também demanda muita inteligência emocional para encontrarmos soluções e ideias no meio do caos”.

    Já Fernanda Grams, Diretora de Planejamento e Conteúdo, enfrenta um ritmo diferente. “Com a chegada da maternidade e a rotina de trabalho mais intensa, hoje eu consigo dedicar a energia que sobra à prática do mountain bike. Amo essa modalidade porque ela exige concentração, resistência e ao mesmo tempo é lúdica e desafiadora. Assim como um atleta precisa de descanso, o profissional de agência também precisa relaxar a cabeça para ser produtivo e criativo. O Mountain Bike leva minha cabeça para passear nas trilhas e me coloca em ‘estado de flow’, me deixando numa imersão total no presente e colocando as preocupações de lado”.

    E há também quem aproveita o tempo livre para transformar os sonhos em realidade. A Larissa Angeli, Analista de Mídia, sempre sonhou em tocar bateria e há três anos começou a estudar o instrumento, notando uma relação surpreendente da atividade com o trabalho em equipe. “Uma experiência bem didática foi perceber a analogia que dá para fazer entre a bateria e o trabalho de mídia. Uma banda é um verdadeiro trabalho em equipe, em que todos devem estar em harmonia. No trabalho é a mesma lógica, se um time não estiver bem entrosado, o resultado não sairá bem feito. Tocar bateria me ajuda a desenvolver habilidades como trabalhar em equipe, orientar, ensinar, guiar e confiar. Se todos estiverem na mesma página, ou na mesma batida, o resultado será o esperado”.

    Todas essas atividades são realizadas durante o período de lazer, e ao mesmo tempo que proporcionam relaxamento, estimulam o desenvolvimento de habilidades importantes para o ambiente de trabalho. “Em uma época em que a alta performance é cada vez mais valorizada, o ócio criativo promove mais qualidade nas entregas, deixando a quantidade de lado. O sucesso profissional não se resume apenas à eficiência operacional, mas sim à capacidade de inovar, adaptar-se e oferecer soluções distintas em um ambiente dinâmico e desafiador”, finaliza Mônica.

    EU ACHO …

    CUSPINDO FOGO

    Não importa o tempo de convivência, jamais deixo a porta do banheiro aberta.

    Indiscrição destrói a intimidade. Na falta de papel higiênico, grito desesperadamente e peço que a esposa me alcance o rolo por uma fresta. Nada de me espiar sentado no vaso com a calça arriada. É uma cena de ruína viril que bloqueia as fantasias.

    Não se trata de romantização, mas de preservação da própria imagem. O descaso nos leva ao desleixo, que nos conduz para a grosseria. De degrau a degrau, abandonamos o cuidado. É uma escadinha infalível para o abismo e para gestos inconsequentes. Depois disso, arrotos e flatulências públicas se tornam constantes.

    Também não sou adepto de espremer as espinhas alheias. Que cada um cuide de sua adolescência. Que cada um se virecom as suas acnes.

    Igualmente evito cortar as unhas dos pés na cama ou na sala, com arremesso de lascas para longe. Já brinquei o suficiente de estilingue na infância. Eu aparo devidamente e secretamente em cima da privada. A descarga leva embora as provas do crime.

    Já em termos de costumes alimentares, não tem muito o que lutar contra a evolução do matrimônio. Faço parte da regra, do movimento da manada.

    No início da relação com Beatriz, eu me preocupava com o hálito. Era o amor do Halls preto. Estava a toda hora escovando os dentes, ou mascando chiclete, ou chupando bala. Vivia fugindo para o banheiro e carregando pastilhas nos bolsos. Soprava o meu bafo nas mãos, de modo infantil, para me certificar do perfume.

    Com dois anos de casados, já começamos a fazer concessões. Aceitávamos o beijo de torresmo. Aceitávamos o beijo de mocotó. Aceitávamos o beijo de moqueca. A pimenta foi incorporada no dia a dia do romance. Já não temíamos os esguichos de fogo próprios do dragão. Não nos queimávamos pela boca. Com quatro anos de casados, passamos a admitir a imperiosa feijoada, com rabo de porco e linguiça. Ants do selinho, ela me avisava que havia um grão no meu dente ou um resto de couve. Não bastando a advertência, ela tomava a dianteira e limpava com a ponta do dedo.

    A intimidade se mostrava consolidada, sem segredos, sem espelhos.

    Com cinco anos de casados, nós nos sentimos maduros para enfrentar o bife acebolado, numa comunhão parcial de bens e de danos. Em comum acordo, tolerávamos a ardência e as lágrimas das cebolas. Partíamos do princípio de que, se comêssemos juntos, nenhum dos dois iria perceber. O que é uma mentira, sempre existe no relacionamento aquele que tem refluxo e demora a se recuperar do trauma – a fragrância fica como herança para a semana seguinte. Isso sem contar que o cheiro, muito além dos lábios, sai pelos poros: você literalmente sua o odor.

    Com sete anos de casados, não há mais pudor. Acabaram as preliminares do medo. Você nem pergunta se o outro vai acompanhá-lo na truculência gastronômica. É capaz de devorar sozinho uma pizza alho e óleo e ainda querer dormir de conchinha.

    CARPINEJAR

    carpinejar@terra.com.br

    ESTAR BEM

    ADEUS, SEDENTARISMO

    Como superar os bloqueios mentais que nos impedem de começar a fazer exercícios? Especialistas sugerem soluções práticas que vão ajudá-lo a manter seus objetivos

    Todo mundo já passou por isso. Você estabeleceu a meta de fazer exercícios regularmente, mas, quando chega o momento de se mexer, sua cabeça libera uma torrente de desculpas: o dia foi exaustivo. Está frio lá fora. Não quero gastar dinheiro com uma aula.

    Esses bloqueios mentais explicam por que às vezes é tão difícil manter uma resolução de ano-novo por mais de quatro meses. Então, como superá-los? A primeira etapa, dizem os especialistas, é parar de pensar nesses bloqueios como “desculpas”.

    Usar essa palavra pode sugerir que você fracassou e deve culpar sua força de vontade. Pesquisas mostraram que a autocrítica e a vergonha na verdade podem impedir você de atingir seus objetivos, diz Katy Milkman, cientista comportamental da Universidade da Pensilvânia e autora de How to Change (Como Mudar, em tradução livre).

    Em vez disso, pense nos motivos pelos quais você não está se exercitando como obstáculos genuínos e elabore um plano para superá-los, aconselha. “A maioria das pessoas não precisa só de uma meta”, conta ela, mas sim de etapas e estratégias específicas a seguir.

    Pedi a especialistas em psicologia e ciência do exercício que compartilhassem seus melhores conselhos para superar os motivos comuns pelos quais as pessoas têm dificuldades para desenvolver o hábito de praticar exercícios. Aqui estão suas soluções com eficácia comprovada.

    NÃO TENHO TEMPO

    Se você tem uma agenda lotada, tente começar aos poucos, recomenda Kate Baird, fisiologista do exercício do Hospital de Cirurgias Especiais de Nova York. Em vez de dedicar 30 a 60 minutos várias vezes por semana, planeje vários movimentos curtos ao longo do dia. “Se você não consegue fazer muito, fazer qualquer coisa já vai ajudar, de muitas maneiras”, diz.

    Por exemplo, dê algumas voltas no quarteirão no horário de almoço, ou faça uma série de agachamentos entre as reuniões. Idealmente, esses momentos precisariam totalizar a recomendação dos especialistas: 150 minutos de atividade aeróbica moderada e 30 a 60 minutos de treinamento de força de corpo inteiro por semana.

    Ou você pode fazer várias tarefas ao mesmo tempo: tente caminhar ou usar uma faixa elástica enquanto faz uma ligação ou assiste à TV. (Vários especialistas com quem conversei estavam caminhando durante a entrevista.)

    Se quiser ter uma janela mais focada no treino, Baird recomenda olhar a agenda e se perguntar: tem alguma coisa que pode ser cancelada ou algo que você possa trocar por exercícios? Dá para adiantar o despertador em 30 minutos?

    ESTÁ MUITO FRIO OU MUITO QUENTE

    Uma mudança na temperatura não precisa ser uma coisa ruim. Pense como uma oportunidade para tentar algo novo ou trazer variedade à sua rotina, diz o dr. Edward Phillips, professor associado de medicina física e reabilitação na Harvard Medical School. “O inverno talvez seja um bom momento para reforçar seu treino de força e trabalhar seu core, ou fazer Pilates ou ioga.” No verão, tente trocar a corrida por natação.

    Dito isso, desde que seja seguro fazer exercícios ao ar livre e você se vista de acordo com o clima, treinar em temperaturas fora do ideal pode cultivar sua força mental e emocional, observa Grayson Wickham, fisioterapeuta em Nova York. “Você enfrenta outros desafios mentais além do treino, e isso vai preparar você para qualquer coisa que fizer na vida.”

    ESTOU COM DOR

    Pode parecer contraintuitivo, diz Phillips, mas a atividade física geralmente ajuda quem sofre com formas crônicas de desconforto muscular ou articular – como dor lombar, dor no pescoço ou dor causada por osteoartrite e artrite reumatoide.

    “A dor crônica é terrível, mas, para muitas pessoas, a inatividade só aumenta essa dor”, explica. Embora o exercício possa não aliviar toda a dor, muitas vezes ajuda as pessoas a realizar as atividades diárias com mais facilidade – e expandir o que conseguem fazer confortavelmente, como caminhar até a caixa de correio, dar um passeio na praia ou brincar com as crianças. “Se você fizer um pouco mais, poderá fazer ainda mais”, garante. “Não é cura, é uma gestão de problemas.”

    Se você convive com qualquer tipo de dor crônica e quer ficar mais ativo, converse com um médico ou especialista que possa dar orientações sobre os movimentos mais seguros e eficazes para seu problema.

    EU APENAS NÃO GOSTO

    Se você ainda não encontrou uma forma de movimento de que goste, continue procurando. “Exercício” não significa necessariamente ir à academia – pode ser tão simples quanto dançar na sala, jogar peteca ou correr atrás dos filhos e netos, diz Kelly McGonigal, psicóloga da saúde e professora da Universidade Stanford.

    Pesquisas descobriram que, quando priorizamos a diversão no movimento, é mais provável que continuemos nos exercitando ao longo do tempo. Mas se você precisar de um incentivo para se mexer, tente um truque que Katy Milkman criou, chamado “agrupamento de tentações”, no qual você guarda um audiolivro, podcast ou programa de TV para desfrutar quando se exercita – e só quando se exercita. Sua pesquisa sugere que isso pode fazer com que você sempre volte para mais.

    ESTOU EXAUSTO O TEMPO TODO

    Quando até a palavra “exercício” faz você se sentir cansado, os especialistas recomendam ser mais gentil com seu corpo – de diferentes maneiras.

    “Acho que a primeira maneira prática de enfrentar isso é se perguntar: você está se exercitando no melhor horário do dia ou da semana para sua energia?”, questiona Baird. Se você sabe que tem mais energia logo pela manhã e geralmente fica exausto no final da tarde, tente malhar no início do dia.

    Se começar parece um obstáculo, Kelly McGonigal recomenda começar com um minitreino desenvolvido para melhorar seu estado de espírito. Segundo ela, praticar exercícios pelo tempo de “uma música é ótimo, porque a música muda seu humor”. “Faça algo que lembre você de que é gostoso se movimentar”, aconselha.

    Lembre-se de que o exercício não precisa ser intenso para “valer”, dizem os especialistas. Alongamento, ioga, Pilates, caminhada e corrida moderada são ótimas opções. E, por fim, faça o que puder para garantir que você durma o suficiente.

    EU FICO CONSTRANGIDO

    Se a ideia de treinar na frente de outras pessoas faz você querer se enfiar num buraco, saiba que você tem opções, garante Kelly Roberts, treinadora de corrida e influenciadora de condicionamento físico positivo em Nova York. “A academia de fato é um espaço intimidante”, mesmo para praticantes experientes”, analisa ela.

    Para algumas pessoas, a solução é fazer exercícios em casa. Mas, para outras, Roberts recomenda algumas medidas para combater a sensação de constrangimento.

    Primeiro, lembre-se do motivo de estar ali, seja para se sentir mais forte ou para treinar para uma corrida. Reconectar-se com seu objetivo pode dar um apoio extra, afirma. Em segundo lugar, escolha um amigo ou parente para quem você possa enviar mensagens de texto nesses momentos, alguém que possa apoiar você na hora da vulnerabilidade.

    Terceiro, experimente uma academia, aula ou grupo diferente. Se um espaço faz você se sentir desconfortável, tudo bem ir embora, disse Roberts. “Alguns espaços são mais acolhedores do que outros.”

    Nos últimos anos, vimos uma explosão de ofertas de fitness para pessoas que historicamente se sentiam indesejáveis nas academias por causa de seu gênero ou identidade racial, tamanho corporal ou capacidade atlética, tais como clubes de corrida inclusivos e academias voltadas para comunidades LGBT+.

    NÃO QUERO GASTAR DINHEIRO

    Você não precisa de uma academia sofisticada para ficar em forma, garante Grayson Wickham, fisioterapeuta em Nova York. “Tem muita coisa que você pode fazer só com o peso corporal”, explica. “É incrível.”

    Pranchas, flexões, agachamentos e afundos aumentam a força, e os alongamentos dão mais flexibilidade.

    No caso dos exercícios aeróbicos, você pode fazer polichinelos ou gastar um pouco de dinheiro em uma corda de pular. Se você tiver acesso a um espaço externo seguro, pode caminhar, correr ou treinar força ao ar livre, diz Wickham – e ainda ter o benefício adicional de passar tempo na natureza. Para contar com orientação especializada, baixe um aplicativo de treino gratuito.

    NÃO TENHO ESPAÇO

    Se você tiver espaço para um tapete de ioga, terá espaço suficiente para fazer um ótimo treino, afirma Phillips. “Você pode ficar mais forte e mais flexível com uns poucos metros quadra- dos”, desde que consiga mover braços e pernas confortavelmente, sem esbarrar em paredes ou móveis.

    Além de fazer ioga, você pode pular corda, fazer exercícios com peso corporal, levantar halteres ou kettlebells, alongar ou usar faixas de resistência.

    Se treinar em ambientes fechados parecer muito claustrofóbico, procure um espaço ao ar livre que você possa transformar em sua academia, recomenda ele.

    TENHO MEDO DE ME MACHUCAR

    Os exercícios trazem alguns riscos, mas lembre-se de que os benefícios da atividade física os superam, diz Phillips. Por outro lado, “se continuar no sedentarismo, o risco de efeitos deletérios à saúde será de 100%”.

    Se você começou agora nos exercícios, está se recuperando de uma lesão ou não pratica atividade física há muito tempo, comece de- vagar, aconselha a dra. Tamanna Singh, codiretora do Centro de Cardiologia Esportiva da Cleveland Clinic. A melhor maneira de evitar lesões é progredir gradual- mente e não pegar pesado logo de cara. “Crie confiança e use essa confiança como motivador para continuar praticando exercícios a longo prazo”, recomenda.

    Para maior tranquilidade, consulte um especialista em medicina esportiva, que poderá aconselhar sobre a abordagem mais segura e eficaz para seu corpo.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    A SENSUALIDADE DE AMAR A SI MESMA

    Originado de termo em francês, ensaio boudoir privilegia autoestima e segurança das mulheres e propicia reconexão com a sua própria libido e intimidade

    Solicitada a realizar um ensaio, a fotógrafa Karen Ramos resistiu à ideia proposta. Aos poucos, ela convenceu a modelo que a procurou de que era mais interessante presentear a si mesma do que ao marido. “Ela estava tão apaixonada por si e focada em seu bem-estar, que nem se lembrou mais de compartilhar as fotos com ele. Aquele se tornou o segredinho dela, para sua própria libido”, conta Karen, que ressalta outro fator importante.

    “Quando você faz as fotos já pensando em mostrar para alguém ou postar nas redes sociais, ao olhar para si nas imagens você acaba projetando a expectativa do outro sobre seu corpo. As mulheres descobriram que não precisam realizar um ensaio apenas para presentear uma terceira pessoa, e agora o fazem para si mesmas, como um processo de reconexão com seus corpos”, completa.

    Essa é a essência do chamado ensaio “boudoir”, termo de origem francesa, que, no século XVIII, designava um espaço de intimidade da casa rescrito às mulheres, onde elas se trocavam após o banho, recebiam visitas para conversas particulares, ou, simplesmente, ficavam sozinhas. A partir de 1920, a expressão foi importada para a fotografia pelo norte-americano Albert Arthur Allen (1886-1962), que passou a reproduzir as características de um boudoir no estúdio, a fim de “retratar mulheres geralmente usando lingerie, camisolas, acessórios e joias, em poses sensuais ou de nu artístico”, pontua Karen.

    Ali, no entanto, ainda imperava a perspectiva do olhar masculino por trás das lentes. “Trazendo para um tempo mais recente, o termo ‘ensaio boudoir’ continuou sendo utilizado para se referir aos ensaios sensuais, principalmente aqueles realizados pelas noivas antes do casamento, com o objetivo de presentear em seus futuros maridos na lua de mel”, observa a entrevistada. Agora, porém, o cenário é outro, e mesmo a referência caiu em desuso. “O termo ‘ensaio boudoir’ não é tão utilizado, tendo sido substituído pelo termo mais generalista ‘ensaio sensual’, que foi ampliado para atender ao estilo e à personalidade de cada mulher que busca por uma experiência fotográfica com o intuito de se reconectar com a sua beleza e sensualidade”, afiança Karen.

    DO MEDO AO AMOR PRÓPRIO

    Na opinião de Karen, ”em uma sociedade que bombardeia as mulheres com padrões de beleza inalcançáveis, elas buscam no ensaio sensual uma oportunidade de enxergarem beleza e sensual idade em si mesmas”. “A indústria da beleza é cruel com as mulheres, fazendo com que elas sintam que precisam sempre mudar uma coisinha aqui ou ali para serem bonitas, adequadas, aceitas e, consequentemente, amadas”, afirma. Nesse processo, ela considera fundamental compreender o peso que a sociedade imprime sobre possíveis valores e escolhas.

    “Quando as mulheres percebem que a insatisfação que sentem com seus corpos vem de uma socialização estrutural, descobrem que é impossível alcançar os padrões impostos, até mesmo porque eles mudam frequentemente. É neste momento que elas passam a buscar formas de se sentirem bem na própria pele, de olhar para seus corpos com mais aceitação. amor, e a celebrar suas jornadas”, sustenta.

    Então, a dedicação para tentar alcançar padrões impossíveis passa a ser direcionada “para outras áreas da vida, que são muito mais gratificantes”, avalia a fotógrafa.

    Testemunhando “as experiências positivas de mulheres que se descobriam lindas e sensuais em suas individualidades, sem precisarem reproduzir o que a sociedade prega como belo e sensual”, Karen tomou coragem para pedir exoneração do serviço público, onde era concursada há 12 anos, e trabalhar exclusivamente com ensaios fotográficos femininos. “Foi libertador para mim também”.

    UNA NOVA SENSUALIDADE

    Desde que decidiu entregar de corpo e alma ao ofício, Karen retratou “mulheres que foram abusadas, que lutavam contra o câncer, que estavam sobrecarregadas sendo as únicas cuidadoras de suas famílias e não conseguiam tempo para cuidar de si mesmas, mulheres que tiveram a autoestima minada por um relacionamento abusivo”, elenca a profissional.

    “O mais fascinante da minha profissão é ver como elas desabrocham após o ensaio. Sempre as acompanho nas redes sociais e percebo o quanto ficam mais seguras de si, passam a tirar e postar mais selfies, tomam coragem para sair de um trabalho ou de um relacionamento em que não estão satisfeitas, conseguem colocar no mundo um projeto pessoal que estava engavetado há muito tempo”, enumera Karen.

    ‘UMA MULHER SENSUAL É UMA MULHER SEGURA DE SI’

    Um espaço seguro, de conforto, respeito e acolhimento. A fotógrafa Karen Ramos sustenta que essas características são indispensáveis para o ensaio sensual. “Uma mulher sensual é uma mulher segura de si, que ocupa os espaços que deseja com confiança. Nas fotos, essa confiança é evidente pela postura que elas assumem ao se sentirem confortáveis e acolhidas em sua naturalidade”, detecta a entrevistada.

    Karen enfatiza que um ensaio baseado em apenas reproduzir poses historicamente vistas como sensuais “pode gerar um efeito contrário, e encaixotar ainda mais as mulheres, ao invés de libertá-las”. Nesse sentido, o fato de haver outra mulher segurando a câmera faz toda a diferença, pois Karen compartilha com elas as mesmas angústias e descobrimentos. “Já realizei ensaios com mulheres com 60 anos ou mais, e estavam no auge da autoconfiança e liberdade. Apesar da maturidade que as levava a não se importarem com a opinião alheia, o que tende a ser mais comum entre as mulheres mais jovens, elas traziam inseguranças muito específicas da fase que vivem”.

    Lidando com desafios como a mudança hormonal, os sinais do tempo na pele, o etarismo e a sobrecarga de, muitas vezes, serem as únicas cuidadoras de seus pais, filhos, netos e companheiros, essas mulheres mais velhas celebravam a vida através do ensaio sensual, “por entenderem que envelhecer com saúde é um grande privilégio”. “Ou como ritual de passagem de um momento difícil, como um divórcio, ou para se reconectarem consigo mesmas após meses cuidando de um parente doente. E, após as fotos, elas se sentem nutridas para seguir em frente”, finaliza Karen.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    DIABETES TEM VÁRIOS SINAIS

    Tratamento milagroso não existe

    Considerado uma doença crônica, ou seja, que exige tratamento e acompanhamento contínuos, o diabetes atinge cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo e deve chegar a 643 milhões até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil são 16,8 milhões de adultos, 10,2% da população, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023).

    Conforme a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o diabetes mellitus é caracterizado pela elevação da glicose no sangue, sendo que a maioria dos casos diagnosticados está dividida em diabetes tipo 1 (DM1), quando o corpo não produz insulina, e geralmente identificado na infância; e diabetes tipo 2 (DM2), caracterizado pela resistência à insulina ou produção insuficiente – representa cerca de 90% dos casos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

    Os sintomas que indicam um descontrole dos níveis de açúcar no sangue em ambos os tipos variam entre fome e sede constantes, diurese frequente, fraqueza, perda de peso, fadiga, náusea, formigamento nos pés e mãos, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas. Estar atento aos primeiros indícios e contar com acompanhamento médico adequado é fundamental para tratar essa condição, que pode ser silenciosa e, quando os sintomas surgirem, a doença já pode estar avançada.

    Embora seja uma enfermidade amplamente conhecida, os pacientes com diabetes ainda enfrentam estigmas sociais devido à equivocada associação da doença a uma dieta pouco saudável ou a um estilo de vida ocioso, entre tantos outros mal-entendidos espalhados, principalmente, nas redes sociais. Para a gerente médica de diabetes da Novo Nordisk, Mônica Palmanhani, a disseminação de informações falsas e a propagação de preconceitos fazem com que os pacientes se afastem do tratamento adequado, colocando em risco a própria saúde. “Na internet, nem todos os profissionais que falam sobre o assunto são especialistas. Buscar fontes confiáveis e a opinião médica é fundamental antes de seguir qualquer dica ou tratamento milagroso”, afirma.

    Pensando nisso, a especialista listou os principais mitos e verdades sobre a doença com o objetivo de propagar o conhecimento, prevenir complicações e salvar vidas. Confira abaixo:

    SÓ TEM DIABETES QUEM COME DOCE.

    MITO.

    Pacientes diagnosticados tendem a se assustar e questionar o resultado justificando que não consomem muito doce, porém, o excesso de açúcar não é a única condição para a manifestação da doença. Pessoas com diabetes tipo 1, por exemplo, já nascem com a doença, sem qualquer relação com a ingestão de doces. Já o mais comum, tipo 2, tem relação com vários fatores de risco que favorecem o surgimento da doença, como idade, sobrepeso, herança genética, obesidade, sedentarismo e até mesmo síndrome de ovários policísticos. É fato que a má alimentação influencia e contribui para o aparecimento de doenças, mas, em se tratando de diabetes, o consumo de doces não é o único fator determinante para o diagnóstico. Todas as pessoas devem evitar o excesso de açúcar e manter uma dieta balanceada para a preservação de sua saúde.

    ESTRESSE DESCONTROLA A GLICEMIA

    VERDADE.

    Embora não seja responsável por ocasionar o diabetes, o estresse, seja ele causado pelo cansaço, ansiedade, frustração ou qualquer outra razão, é capaz de descompensar a glicemia, e deve ser um ponto de atenção aos pacientes. Por isso, possuir uma rede de apoio auxilia muito o tratamento. Estar rodeado de pessoas queridas proporciona confiança, momentos de descontração, alívio de preocupações e suporte afetivo, o que contribui na manutenção da saúde mental e torna a jornada do paciente mais leve.

    O DIABETES ESTÁ CONTROLADO SE UMA FERIDA CICATRIZA

    MITO.

    Relacionar o diabetes apenas à cicatrização acarreta um risco muito grande ao paciente. A falta de cicatrização de uma ferida e o perigo de amputação são os últimos e mais alarmantes sinais de que o diabetes está completamente descontrolado há muito tempo. Antes da dificuldade de cicatrização, é imprescindível estar atento aos primeiros sinais, como o aumento da frequência de urina, perda de peso, dormência nos pés e visão embaçada, entre outros. Pequenos indícios já são indicativos de diabetes descontrolado e demandam o acompanhamento profissional adequado. A prudência faz parte de todo tratamento, e aguardar a situação chegar nesse ponto para iniciar mudanças efetivas é colocar a vida em risco.

    PESSOAS COM DIABETES NÃO PODEM DOAR SANGUE

    VERDADE.

    Mas quando nos referimos a pessoas com diabetes tipo 1, dependentes de insulina, esses pacientes podem ter alterações do sistema cardiovascular e, em decorrência disso, podem apresentar problemas durante ou logo após a doação. Porém, para a maior parte das pessoas diagnosticadas com o tipo 2, essa afirmação é um grande mito. Para os pacientes com DM2, que não utilizam insulina no tratamento, que mantêm os níveis de glicemia controlados e não apresentam alterações vasculares, a doação pode ser realizada sem impedimentos. Aprendi, ao longo da vida, só usar o açúcar apropriado para a doença, que cumpre seu papel praticamente com o açúcar comum.

    OUTROS OLHARES

    O PÓS-TINDER

    Como funcionam os aplicativos que, em vez de amor, fazem você descobrir novas amizades

    “Eu sou tímida. Não gosto de falar com estranhos e demoro para me sentir à vontade em ambientes desconhecidos. Mas depois de sair da minha zona de conforto e tentar conhecer pessoas usando aplicativos e sites de relacionamento, posso garantir: há amizade real no mundo virtual.

    São cada vez mais comuns plataformas que oferecem conexões entre pessoas que buscam novos círculos sociais, sem foco em relações amorosas. As opções vão de ferramentas que marcam jantares ou corridas com desconhecidos a plataformas tradicionalmente usadas para a paquera, como Tinder e Bumble, onde o match se transforma em um novo grupo para a balada.

    Minha primeira experiência foi no site Meet Up, que divulga eventos voltados para atividades sociais ou profissionais, presenciais ou remotos. Escolhi me aventurar na festa Mundo Lingo, de intercâmbio linguístico, em um bar de Botafogo, na Zona Sul do Rio. Na entrada, o participante recebe adesivos de bandeiras de países que indicam sua nacionalidade e os idiomas que fala. Cerca de 80 pessoas conversavam.

    A primeira pessoa com quem falei foi a pesquisadora Maarit Ahava, de 33 anos. Ela, que é finlandesa, veio para o Brasil acompanhada apenas do marido para trabalhar na Fiocruz. Como o plano é ficar dois anos, foi ao evento para aprender português e aumentar sua rede de apoio no país. Também fiz amizade com dois casais enquanto misturava frases em inglês e português. Primeiro com a professora brasileira Anabela Paes, de 22 anos, e o fotógrafo inglês Jacob Devir, de 27, que se conheceram há dois anos no evento Mundo Lingo. Ficaram amigos, mas logo se apaixonaram e agora se prepararam para morar juntos na Inglaterra. Estavam com as mães, que foram conferir o local onde os filhos se viram pela primeira vez.

    Depois conversei com a desenvolvedora de software Mirella Áspera, de 25 anos, e o analista de dados Thallys Batista, de 26, que me contaram suas aventuras nos últimos seis meses, quando passaram a trabalhar de forma remota, viajando pelo Brasil. Já estiveram em Minas Gerais, Santa Catarina e agora no Rio. Como a dupla da Bahia não tem prazo para a estadia e vai se mudar para um bairro ao lado do meu, trocamos contatos para marcarmos um samba.

    Além da conversação em diferentes idiomas, achei no Meet Up reuniões de grupos de corrida, clubes de livros, de jogadores de badminton e de praticantes de ioga.

    No Tinder, escondido entre as milhares de pessoas à procura de um relacionamento, o perfil Topzeiros me chamou a atenção. “Temos rolés por todo o Rio”, dizia a descrição. Dei o like, e assim que fui correspondida, a conversa foi para o WhatsApp, onde entrei em um grupo com 250 pessoas festeiras. Os integrantes trocam mais de 5 mil mensagens por dia, a maioria marcando passeios. Hoje, vão promover um piquenique no Parque Madureira, Zona Norte do Rio.

    SURPRESA ARREBATADORA

    Conversei com a criadora do perfil para saber o que a fez me escolher para o match. Simone Toledo, de 38 anos, contou que, como sua intenção é reunir amigos, analisa com cuidado as fotos antes de aceitar um integrante. Se a pessoa estiver seminua, ostentando drogas ou armas, passa para o próximo.

    O Bumble, outro aplicativo conhecido por conexões amorosas, também pode ser usado para amizade, caso o usuário ative o modo BFF, uma referência à gíria americana best friends forever, que define melhores amigos. Em menos de uma semana, fiz mais de dez conexões com pessoas dispostas a serem minhas companhias em bares, cafés e festas.

    Na noite de quarta-feira, após deixar o segundo andar do restaurante Casa do Sardo, na Zona Norte do Rio, voltei para casa arrebatada pela experiência que tinha acabado de viver. A proposta era um jantar com seis desconhecidos, definidos pelo aplicativo Timeleft, que cobra uma taxa de R$59 e pede que o usuário responda um longo questionário sobre gostos pessoais para a seleção. Tudo na experiência tem um ar de mistério, até mesmo o local do evento, que só fiquei sabendo qual seria horas antes.

    Fui a primeira a chegar e vi lugares reservados para outros três grupos. O evento é para todos os sexos, mas na minha noite só compareceram mulheres. A cada nova participante, a divisão de mesas perdia a importância. Acabamos sentando todas juntas.

    Contabilizadas as baixas de quem faltou por contratempos ou desistiu, fechamos o grupo em oito, com idades dos 29 até os 46 anos, e vivências diferentes. Em comum, o fato de sermos solteiras e estarmos abertas a conhecer gente nova.

    Esperava pessoas tímidas ou com dificuldade de socialização, mas fui surpreendida com mulheres extrovertidas, independentes e que gostavam de conversar. Foram quase quatro horas de bate-papo, com assuntos que transpassaram nossas vidas profissionais, experiências amorosas, projetos de viagens, contextos familiares e que culminaram na criação de um grupo de WhatsApp e na promessa de novos encontros.

    No dia seguinte, mandei uma mensagem para a empreendedora e motorista de aplicativo Camila Siqueira, de 39 anos, que estava sentada ao meu lado, para saber se ela também tinha curtido a experiência. O veredito foi confirmado, ela relatou ter aprendido um pouco com cada uma das participantes. Disse ainda que tinha feito a inscrição por não ter amigos que a acompanhassem em passeios gastronômicos e estava ansiosa para marcamos uma próxima saída.

    O Timeleft, que abrange países como Portugal, França, Reino Unido e Estados Unidos, chegou no Brasil em março e por enquanto só está disponível no Rio e em São Paulo. Os encontros ocorrem nas quartas-feiras, às 20h. Depois, há a possibilidade de o usuário ir para um after em um bar e encontrar os demais participantes dos jantares daquela semana. No meu dia, o aplicativo não disponibilizou o encontro coletivo, gerando frustração em mim e nas minhas novas amigas.

    MÃOZINHA PARA O DESTINO

    Procurei Lucas Tugas, fundador do Confra, primeiro aplicativo de jantares com desconhecidos criada no Brasil, que atribuiu o sucesso da experiência ao fato de não ser voltada para relacionamento amoroso e sim para a conexão de pessoas que não se relacionariam em outro ambiente.

    Falei ainda como professor da Universidade da Virgínia, David Nemer, que estuda redes sociais, para saber se havia risco nas plataformas. Ele pontuou que elas podem ser positivas para a socialização, se usadas com atenção. As dicas são marcar encontros em lugares públicos e deixar informações com familiares e amigos, para que saibam onde foi o encontro e com quem.

    Eu, que iniciei essa matéria com receio de não conseguir de fato estabelecer conexões genuínas, compartilho hoje minha experiência com a certeza de que há muita gente por aí disposta e disponível para novas amizades, é saber onde procurar e se abrir para o novo. Todos os meus perfis nos aplicativos continuarão ativos, porque de agora em diante, solidão nunca mais.”

    FERNANDA ALVES

    fernanda.lima@oglobo.com.br

    GESTÃO E CARREIRA

    O QUE FAZ DO GESTOR UM BOM LÍDER

    O mercado de trabalho 4.0 exige líderes que se adaptem ao novo momento, substituindo o controle total por mais autonomia da equipe, entendendo as novas relações de trabalho, entre outras características importantes. Neste contexto, a capacidade de liderança torna-se um diferencial estratégico para qualquer gestor

    Essa tarefa, quando realizada de maneira eficaz, pode impulsionar a performance de uma equipe e, consequentemente, os resultados de uma empresa. De acordo com Rica Mello, gestor de pessoas, palestrante e empreendedor, a liderança reside na capacidade de ver além dos números e alcançar as pessoas, conectando-se com suas aspirações e motivando-as a superar seus limites.

    “Líderes eficazes são aqueles que, além de definir o rumo a seguir, são capazes de caminhar lado a lado com sua equipe, enfrentando de- safios e celebrando conquistas”, diz. Para ele, o sucesso de uma empresa começa com a construção de uma base sólida de gestão que inspira confiança e promove um ambiente de trabalho onde todos se sentem valo- rizados e parte integral do processo. Essa perspectiva destaca a importância de uma abordagem mais empática e inspiradora.

    Outras dicas incluem o desenvolvimento de uma comunicação clara e eficaz, a importância de ser um exemplo de integridade e ética, a capacidade de tomar decisões assertivas e justas e o investimento em autoconhecimento e na compreensão das dinâmicas de equipe. “É importante ainda que os líderes estabeleçam metas desafiadoras – porém alcançáveis – que estimulem a equipe a superar expectativas e contribuir para o crescimento da empresa”, acrescenta o especialista.

    Essas práticas elevam a motivação dos times e promovem um ambiente de trabalho mais produtivo e inovador. Hoje, um líder é visto como um agente de transformação, alguém capaz de influenciar tanto sua própria vida quanto a dos outros, por meio do protagonismo e da execução eficaz. “Ser líder envolve um profundo autoconhecimento, a clareza dos objetivos pessoais e profissionais e a habilidade de traçar estratégias para alcançá-los”, pontua Rica.

    Ele ressalta que desenvolver essas habilidades significa cultivar uma mentalidade proativa  e responsável, caracterizada pelo “locus de controle interno”, ou seja, reconhecer que os resultados da vida estão ligados aos próprios esforços e competências, a partir de uma interação consciente com o meio. “Fortalecer esse locus interno de controle é fundamental para assumir essa capacidade de execução, elemento essencial de um líder eficaz”, completa.

    A implementação de um plano de ação detalhado, que inclui desde a concepção até a execução das metas, é um método prático para atingir objetivos ambiciosos. Além disso, o processo contínuo de aprendizado e adaptação é crucial para o crescimento na liderança, permitindo o desenvolvimento de competências chave e a habilidade de motivar e inspirar equipes em direção ao sucesso compartilhado.

    Fonte e mais informações: https://ricamello.com.br/

    EU ACHO …

    DA RAÇA DE DEUS

    Uma das tradições cristãs mais belas é a da teologia oriental ou ortodoxa

    Uma das literaturas mais ricas na teologia cristã são as narrativas de teor místico – a experiencia direta de Deus. Dois reparos: o cristianismo não detém o monopólio das narrativas místicas. Elas existem tanto no judaísmo quanto no islamismo. Seguramente nas religiões do extremo oriente – que desconheço – também existem.

    Evidentemente, que contextos culturais e linguísticos impactam essas narrativas de modo profundo e não podia ser diferente, uma vez que religiões são continentes culturais. Um segundo reparo, este epistemológico: as abordagens dessas narrativas se diferenciam segundo seus aspectos sociais, políticos, de gênero, linguísticos, históricos e teológicos, para citar algumas dessas abordagens distintas. Uma das tradições cristãs mais belas é a da teologia ortodoxa, cujas igrejas mais significativas são a grega e a russa.

    Os ortodoxos entendem que o contato direto com as chamadas energias incriadas de Deus causa uma transformação ontológica no místico.

    Por ser ontológica, portanto, profunda, essa transformação impacta a psicologia, a cognição, a volição – vontade – e o intelecto.

    O místico passa a ser, como diz o escritor grego de Creta Nikos Kazantzaki (1883-1957) no seu “Relatório a EI Greco” – numa tradução direta da edição grega -, da “raça de Deus”.

    A transformação do intelecto se chama “metanoia”. “Nous” em grego é intelecto. Portanto, a cognição será atravessada pela presença de Deus no modo de pensar e enxergar o mundo. O mundo tem outra luz e outra cor. O místico em metanoia pensa diferente e entende as coisas de forma estranha ao mundo natural e comum.

    A visita de Deus, como se costuma dizer na ortodoxia, “taboriza” a pessoa – referência a transfiguração do Cristo no monte Tabor; passagem do evangelho. O indivíduo “taborizado” emana uma luz estranha que tem por efeito desarticular as misérias do mundo à sua volta. Pessoas “taborizadas” rompem com os falsos acordos do mundo e trazem para eles a doçura de Deus.

    Dois personagens na obra de Dostoiévski (1821-1881) apresentam esses traços. Sonia, a prostituta santa de “Crime e Castigo”; e o príncipe Minchkin do “Idiota”. Ela desarticula o leitor que diante da vida que tem não apresenta rancor ou medo algum, mas apenas ama sem esperar nada em troca. Ele, absolutamente desinteressado no seu próprio “eu”; sente o sofrimento do outro antes mesmo deste ter consciência de que sofre. O “idiota de Deus” é um personagem da tradição russa religiosa que parece um idiota, mas, na verdade, transcende o caráter “defendido” no homem. A metanoia o faz parecer um idiota. Como no romance citado, Minchkin dizem certo momento: “Eu sei que pareço um idiota, mas isso se deve à minha doença”. Ele era epiléptico como o próprio Dostoiévski. Epilépticos seriam figuras atravessadas pela violência divina, para muitos no passado.

    A personalidade mística é descentrada de si mesma – quase diria que no século 21 seria impossível uma tal personalidade existir em meio ao narcisismo boçal dos identitarismos e do marketing existencial que assolam o mundo. Esse descentramento pode vir acompanhado da quase total falta de consciência acerca do processo de “taborização” em si. Os outros, como no caso do príncipe Minchkin, percebem a transformação sem que ele tenha a mínima consciência dela.

    Voltando a Kazanrzaki. O autor grego se vê diante de seu conterrâneo de Creta – mas que viveu em Toledo, na Espanha -, o pintor EI Greco (1571-1614), como alguém da “sua raça ”. O livro descreve a biografia espiritual de Kazanrzaki, sua ascese e travessia do deserto, travessia presente em qualquer experiência espiritual que merece assim ser chamada.

    Aliás, as experiências espirituais de consumo hoje em dia são um lixo, entre outras razões, porque são narcísicas.

    As pinturas de EI Greco consomem seus personagens no fogo. Assim Kazantzaki vê a experiência mística: o místico é consumido pela chama de Deus. Nenhum corpo permanece igual diante do fogo. Nenhuma alma permanece igual diante de Deus: ela vira chama como ele. Do caos à luz, “o método de Deus”.

    LUIZ FELIPE PONDÉ – É escritor e ensaísta, autor de ‘Notas sobre a Esperança e o Desespero’ e ‘Era do Niilismo’. É doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo

    ESTAR BEM

    UM ANTIGO EXERCÍCIO QUE É PURO PRAZER

    Como o pompoarismo ajuda a melhorar relações sexuais e previne problemas de saúde

    A técnica oriental chamada de pompoarismo voltou a chamar atenção após a atriz Deborah Secco afirmar, durante sua participação no talk-show “Surubaum” desta semana, que é adepta desses exercícios e que os pratica com facilidade depois de ter feito aulas durante anos.

    “Eu fiz aula de pompoarismo muito tempo, consigo gozar sem encostar em mim. Arremesso bolinhas de pingue-pongue, fumo cigarro (com a vagina)”, disse Deborah no programa de entrevistas de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso no Youtube.

    O pompoarismo se baseia em uma série de exercícios de contração e relaxamento para fortalecer a musculatura vaginal. A prática tem o objetivo de ajudar a mulher a se conhecer e a ter um maior domínio sobre o seu corpo, além de melhorar a qualidade das relações sexuais e facilitar a ocorrência do orgasmo.

    No pompoarismo com acessórios, como as bolinhas tailandesas (ou as de pingue-pongue, como Deborah menciona), a prática deve ser realizada por mulheres que já fazem os exercícios básicos e precisam melhorar ainda mais o controle e a força dos músculos da região pélvica. O principal objetivo da prática é fortalecer o assoalho pélvico. Por isso, esses exercícios são bastante úteis para a prevenção e o tratamento de disfunções, como a incontinência urinária. Além disso, eles conseguem promover uma melhora na lubrificação da vagina e no tônus muscular da região vaginal, favorecendo relações sexuais com penetração.

    Se a mulher estiver com alguma infecção ou se tiver feito cirurgia há pouco tempo, é recomendável consultar um ginecologista ou obstetra antes de fazer os exercícios. O mesmo vale para quem estiver no princípio de uma gravidez.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    INTIMIDADE APÓS A CHEGADA DOS FILHOS

    A adaptação à nova identidade como pais pode levara uma perda temporária do senso de si mesmo como parceiro romântico

    A chegada de um filho é um marco trans- formador na vida de qualquer casal, trazendo alegrias imensuráveis e, sem dúvida, uma nova dinâmica ao relacionamento. Entre noites maldormidas, rotinas de alimentação e trocas intermináveis de fraldas, muitos casais buscam manter acesa a chama da intimidade física. A chegada de um filho exige mudanças, mas, com compreensão, comunicação e um pouco de criatividade, é possível reacender essa conexão vital na vida do casal.

    A paternidade é uma viagem compartilhada e mesmo desafiadora, e oferece também inúmeras oportunidades para o crescimento do relacionamento. A comunicação franca desempenha um papel crucial nessa jornada e atua como ponte, conectando os desejos e as necessidades de ambos os parceiros. Ao investir tempo e esforço para melhorar a comunicação, os casais podem encontrar novas formas de se conectar e manter viva a chama da intimidade física, reafirmando seu compro- misso e amor um pelo outro em cada passo dessa nova fase da vida.

    RECONHECER O DESAFIO

    O primeiro passo para superar qualquer desafio é reconhecê-lo. A paternidade é gratificante, mas também é exaustiva. O cansaço físico e emocional pode afastar a intimidade do casal. Além disso, a adaptação à nova identidade como pais pode levar a uma perda temporária do senso de si mesmo como parceiro romântico.

    A base para reconstruir a intimidade física começa com uma comunicação aberta e honesta. E para isso é fundamental que os parceiros compartilhem seus sentimentos, frustrações e desejos sem acusações ou pressões. Comunicar efetivamente vai além das palavras, refere-se também à troca, onde ambos se sentem compreendidos e valorizados.

    Escrevo aqui algumas estratégias para potencializar a comunicação do casal

    FALE SOBRE DESEJOS E FANTASIAS

    Parte da comunicação em um relacionamento envolve compartilhar desejos e fantasias sexuais. Isso pode parecer desafiador, especialmente após a chegada dos filhos, mas abrir esses canais de comunicação pode revitalizar a intimidade física.

    CRIE OPORTUNIDADES

    Ajustar expectativas e encontrar momentos para estarem juntos, mesmo que breves, pode significar a diferença entre manter a conexão viva ou deixá-la esfriar. Aqui, a criatividade e a flexibilidade são essenciais. Organizar um tempo a sós, seja para um jantar romântico em casa após as crianças dormirem, pode fazer uma grande diferença na vida do casal. A ideia aqui é priorizar a relação, mesmo que em pequenas doses.

    BUSQUE APOIO

    Às vezes, o desafio de manter a intimidade física pode parecer maior do que um casal consegue gerenciar sozinho. Nesses casos, buscar o apoio de um terapeuta de casais é um caminho sábio. A terapia oferece estratégias personalizadas, além de proporcionar um espaço seguro para discussão e cura.

    REDEFINA A INTIMIDADE

    A intimidade não precisa ser sinônimo de relações sexuais. Abraços, beijos, carícias ou simplesmente o toque das mãos podem fortalecer a conexão emocional e física. Esses gestos servem como prelúdios para a intimidade sexual ou, por si só, como poderosos atos de amor, afeto e carinho.

    A pesquisa “Sexualidade e amamentação: dilemas da mulher/mãe”, de Danielle Moreira Marques e Adriana Lemos, revela que, para as mulheres entrevistadas, a sexualidade está além do sexo – envolve também os papéis e orientações sexuais, erotismo, prazer e envolvimento emocional. Segundo as pesquisadoras, o que predominou nos depoimentos (55%) foi a presença de uma visão mais abrangente de sexualidade, já que, além de “carinho”, as mulheres atribuíram outros aspectos emocionais como “amor”, “atenção” e “sentimento”. Elas consideraram a sexualidade como importante e, até mesmo, essencial para a vida conjugal.

    Portanto, nessa fase da vida é importante o diálogo para que os casais busquem novas formas de prazer e intimidade, respeitando o tempo da mulher e todas as mudanças que chegam junto com os filhos.

    E você? Está disposto a se reconectar com a intimidade do seu casamento?

    KATIUSCIA LEÃO – Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES- Homens Emocionalmente Sanados

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    ALIMENTAÇÃO COMO ALIADA NO COMBATE AO CÂNCER

    Especialista alerta para tripé desnutrição, intoxicação e desequilíbrio emocional como fatores que contribuem para a doença

    De acordo com um estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), haverá um aumento de 77% no número de casos até 2050. A má alimentação e a obesidade estão entre as principais causas para essa elevação. Para Silas Soares, especialista em saúde preventiva, uma dieta equilibrada e saudável é um dos fatores fundamentais para manter o sistema imunológico forte e aumentar a prevenção contra a doença.

    “Precisamos entender que o câncer está pautado no tripé desnutrição, intoxicação e fator emocional. Muitos dos pacientes diagnosticados com a doença estão desnutridos, por conta de má alimentação, que provoca a deficiência de vitaminas e de minerais. Já a intoxicação ocorre pelos agrotóxicos, por metais tóxicos presentes em panelas, em embalagens, e até mesmo em medicamentos. Por fim, o emocional é um fator-chave, já que estamos em um cenário no qual as pessoas estão cada vez mais ansiosas, frustradas e com uma alta tensão por diversos motivos”, explica o especialista que atua em saúde funcional e integrativa.

    Para Silas, o processo é simples: a sobrecarga física e mental gera mais estresse. Uma pessoa estressada “desconta” na alimentação, consumindo mais ultraprocessados, seja pela falta de tempo ou pela necessidade de açúcares e carboidratos. Com uma dieta totalmente desequilibrada, esse indivíduo terá uma qualidade de vida inferior e, consequentemente, um sistema imunológico fragilizado, aumentando assim as chances de diversas doenças, como o câncer.

    O especialista explica que a escolha de uma alimentação mais rápida e prática, além dos produtos industrializados e o alto consumo de fast food são alguns dos principais motivos para a obesidade, o que pode influenciar no surgimento do câncer. “Um hambúrguer, uma batata frita, uma pizza não oferecem qualquer tipo de nutrientes para quem consome. O corpo precisa de vitaminas e de minerais para construir uma barreira de defesa em seu organismo. Esses nutrientes só são fornecidos por alimentos saudáveis, por meio de uma dieta equilibrada com proteínas, fibras e carboidratos na medida correta”, recomenda.

    O QUE DEVE SER EVITADO

    Silas também pontua que é comum muitos especialistas recomendarem alimentos benéficos à saúde, mas, para ele, é fundamental explicar quais são os que prejudicam o organismo, já que muitos desses alimentos estão presentes na rotina e podem ser até considerados como inofensivos por diversas pessoas. “O brasileiro gosta de comer um bolinho de tarde ou um pão quentinho com café, por exemplo. A refeição que é tão comum no dia a dia é recheada de glúten e lactose: são dois componentes inflamatórios, que contribuem para a diminuição da imunidade do paciente. É recomendado diminuir o consumo do leite, de bolo, pão e biscoitos, podendo substituí-los por frutas ou omelete. O leite tradicional também deve ser trocado pelo leite de aveia ou de amêndoa”. indica.

    PREVENÇÃO

    Já entre os principais alimentos que ajudam na prevenção do câncer estão: alho, cúrcuma, chá verde e gengibre, já que são responsáveis por fortalecer o sistema imunológico, além de inibir a formação de células tumorais no corpo. isso porque contém compostos antioxidantes. “Vale lembrar que a prevenção do câncer vai além da dieta balanceada. É preciso que o paciente pratique exercícios físicos, esteja com os hormônios regulados, durma bem, entre outros fatores que também influenciam no sistema imunológico. O estresse, o sedentarismo e a privação do sono fazem o corpo ficar mais indefeso e frágil, o que influencia na qualidade de vida e também no surgimento do câncer, além de outras patologias”, explica.

    OUTROS OLHARES

    CÂNCER DE PÊNIS CAUSA 600 AMPUTAÇÕES AO ANO

    Parte considerável dos casos pode ser evitada com higiene e vacinação, segundo a Sociedade brasileira de urologia

    O câncer de pênis é uma doença rara, mas que nos últimos dez anos provocou cerca de 6,5 mil amputações genitais no Brasil. De 2012 a 2022 foram registrados 21 mil casos do tumor e mais de 4 mil pessoas morreram devido à doença em período similar, segundo dados do Ministério da Saúde.

    O Brasil está entre os países com maior incidência desse tipo de câncer no mundo, de acordo coma SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

    “Se a gente for ver em outros países, é uma doença que praticamente não existe. Seria o equivalente ao câncer de colo de útero na mulher, que é prevalente no Brasil, mas praticamente não existe em países onde a vacinação contra o HPV ocorre em massa”, afirma Maurício Dener Cordeiro, coordenador do departamento de uro-oncologia da entidade.

    Segundo o especialista, o principal fator de risco para a doença é a infecção pelo HPV. A vacina quadrivalente contra o vírus está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) para a população de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos até os 45 anos.

    Porém, parte considerável dos casos está associada à falta de higiene da região íntima, o que torna o câncer de pênis altamente prevenível. Médicos recomendam lavagem do pênis com água e sabão todos os dias e após relações sexuais.

    “Quando você não expõe a glande e não lava direito o prepúcio, a região produz uma secreção que fica acumulada. Este se torna um ambiente totalmente favorável a infecções por bactérias”, explica o Cordeiro. “Se isso acontece de forma repetida é um fator de risco para o carcinoma epidermóide”, acrescenta o médico.

    Por esse motivo, o uso de preservativos ajuda a prevenir a doença, assim como cirurgia para retirada do prepúcio em casos de fimose (estreitamento da pele que recobre o pênis). Tabagismo e idade acima dos 50 anos também são fatores de risco. A doença é caracterizada por uma úlcera que não cicatriza e por secreções com odor forte no pênis. “Esse tipo de lesão é a principal suspeita, e o paciente deve rapidamente buscar um urologista para fazer uma biópsia e iniciar tratamento”, alerta Cordeiro, da SBU.

    Quando descoberta em estágio inicial, a doença tem alta chance de cura. O tratamento consiste na retirada da lesão com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do caso.

    Se a lesão for mais invasiva, pode haver necessidade de amputação parcial ou total do pênis e até de outros órgãos genitais próximos, como testículos.

    Segundo Cordeiro, os casos metastáticos costumam se manifestar por lesões grandes e verrucosas a presença de ínguas na região da virilha.

    Os casos de câncer no mundo devem aumentar 77% até 2050, de acordo com um relatório publicado no periódico científico CA:A Cancer Journal for Clinicians. A principal causa associada ao aumento de tumores é o envelhecimento da população, conforme o texto.

    Os novos casos de tumores da próstata também devem ser puxados por essa alta: é esperado que os novos diagnósticos da doença saltem de 1,4 milhão, em 2020, para 2,9 milhões, até 2040.

    Muitos dos novos tumores podem estar associados a fatores de risco para câncer, como obesidade, tabagismo, diabetes e doenças metabólicas. Esses fatores, entretanto, podem ser modificados por meio de mudanças no hábito de vida.

    Dentre outras medidas que ajudam a reduzir a mortalidade e a pressão do câncer nos sistemas de saúde estão a detecção precoce, além dos programas de educação para atenuar os impactos da doença.

    GESTÃO E CARREIRA

    COMO PREVER UMA DEMISSÃO

    O Brasil registrou, ao longo de 2023, mais de 23 milhões de admissões e 21 milhões de desligamentos de funcionários em cargos formais com carteira assinada no país. Os dados são do Caged. A relação entre patrão e empregado nem sempre costuma ser mil maravilhas. Mas, dá para saber quando um funcionário está prestes a pedir demissão, ou quando o chefe está pensando em desligar um colaborador?

    Segundo o especialista em gestão de carreira e professor de Gestão de Pessoas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Marcelo Treff, antes da demissão, é possível “prever” alguns sinais. Confira:

    SINAIS DE QUE O COLABORADOR VAI PEDIR DEMISSÃO AO CHEFE:

    *** Queda de produtividade proposital;

    *** Faltas e atrasos frequentes;

    *** Reclamações indevidas com colegas e com a chefia;

    *** Comportamentos agressivos, imorais ou ofensivos no ambiente de trabalho.

    Entre os motivos mais comuns para que funcionários peçam demissão de uma empresa, estão: salários baixos, falta de reconhecimento e pouca perspectiva de plano de carreira; pouca flexibilidade das chefias para com os liderados; má gestão e liderança fraca, com pouco apoio aos liderados; problemas com a saúde mental, como estresse e burnout; falta de autorrealização e baixa motivação para exercer aquela função; clima de trabalho tóxico, entre outros.

    SINAIS DE QUE O CHEFE VAI DEMITIR O COLABORADOR:

    *** Afastamento do superior, seguido de falta de feedbacks;

    *** Aumento de cobranças injustas;

    *** Não convocação para reuniões;

    *** Diminuição na distribuição de trabalhos;

    *** Reestruturação Organizacional, com muitas mudanças.

    Já entre os motivos mais comuns que geram demissões por parte das chefias, estão: falta de aderência à cultura e clima da empresa; dificuldade de trabalhar em equipe; mau relacionamento interpessoal do colaborador para com seus líderes e colegas; atrasos, reclamações e comportamentos não colaborativos com a equipe, entre outros.

    Ainda, antes da demissão, é possível que ambas as partes cheguem a um consenso de expectativas que evite o desligamento, mas isso depende muito da cultura da empresa, do momento da negociação, e da relação construída entre as partes.

    “Se a relação já estiver muito desgastada, é mais difícil. No entanto, é possível negociar em busca de consenso antes da situação ficar desgastada. Empresas e trabalhadores precisam agir com transparência e buscar um acordo. No caso de empregados regidos pela CLT, o grande entrave é a multa do FGTS, pois o trabalhador não quer renunciar aos 40% e as empresas não querem arcar com esse valor, mais os 10% do governo”, acrescenta Treff.

    EU ACHO …

    AS CATARATAS DO TEMPO

    O rio corre incessante nos cansaços do corpo, dos olhos, da mente. É preciso saber adaptar-se

    A morte nunca me causou angústia. Testei o princípio em meio a desastres. Sou estoico: ela encerrará qualquer dor. Mas… “E se você ficar em uma cadeira de rodas, depois de uma doença ou acidente?” Bem, seria uma limitação, contudo eu continuaria lendo, escrevendo e até viajando. Quando se trata do risco nos olhos, eu fico mais apavorado. Cegueira é meu temor secreto.

    A vida flui. Os olhos perdem acuidade. Passei a usar óculos tardiamente, com mais de 48 anos. Presbiopia, ou seja, “vista cansada”, foi o diagnóstico. Óculos com grau 0,75 é um pequeno passo para um homem. Depois, vamos crescendo a cada ano. Uso, hoje, 3,0. O problema? Já levei em viagem um único par de óculos, todavia ele quebrou, no coração da Ásia. Ficamos dependentes da ferramenta. Compro muitos e espalho-os pela casa. Quando o grau muda, é um investimento amplo.

    Vejo mal de perto. Leituras sem lentes são impossíveis. Os dramas crescem: comecei a ter problemas com objetos mais distantes. Não me adaptei a bifocais (e tentei muito). A estrada da presbiopia é contínua, entretanto passa a ser uma realidade com que aprendemos a conviver.

    A rosácea do meu rosto parece comunicar-se com a pálpebra. Tive crises de blefarite. O inchaço é confundido com terçol. Minha avó Maria acreditava curar o mal com aliança quente ou pétalas de rosas brancas. Dr. Marcelo Cunha recomendava luz pulsada e higiene regular. O olho claudicava; sua persiana, a pálpebra, dava sinais de exaustão de material. Fim de novela? Quem me dera…

    No ano passado, senti dois sintomas muito específicos no olho esquerdo. Havia luzes como flashes de fotos atrás de mim. Aumentavam as “moscas volantes”, os sinais escuros da visão. Corri à Clínica Cunha novamente. Encaminharam-me ao dr. André Maia. Era o temido “descolamento de retina”. A cirurgia deveria ser imediata. Mesmo assim, palestrei em Goiânia e, depois, fui resolver. Optei pelo método com óleo, porque o gás implicava não viajar em avião por algum tempo. Três meses depois, o ônus do óleo: nova cirurgia para retirar o “suporte”. Retina no lugar. Saudade da blefarite e da presbiopia! A saúde funciona como a política: o novo faz o velho parecer algo aceitável.

    Exames de rotina, colírios em profusão, dilatações infinitas da pupila: meu novo dia a dia. Um olho permaneceu com grau dois; o outro, o operado, saltou para grau cinco. Porém, tudo foi se ajeitando.

    Tudo certo, pensei… Nada! Surgiu uma catarata ligada ao processo. Nova cirurgia, agora com a doutora Laura Cunha, filha do meu inesquecível amigo; outros aconselhamentos com a sábia doutora Rosana Cunha e… vamos lá! A cirurgia foi menos complexa e com recuperação mais rápida. Se presbiopia fazia eu me sentir velho, catarata me fez pensar que eu já estava caquético.

    Uma sensação da idade é perceber-se como um carro antigo: conserta uma coisa hoje; na semana seguinte, outra parte quebra. Temos de substituir peças, dar uma demão de tinta, para passarmos a contemplar a vida útil que se aproxima do fim. Claro, você pode alegrar-se com a chance de ter contatos, tempo e recursos para a lanternagem constante. Sim, o problema de saúde é sempre desagradável, mas fica atenuado pelo acesso a centros de excelência.

    Meus olhos não possuem nenhuma relevância histórica ou social para merecerem uma crônica. Escrevi esta para advertir os leitores: muito cuidado ao esfregar os olhos, tanto pelo risco mecânico como de contaminação. Na medida do possível, marquem exames regulares para verificar a pressão do olho e outras questões importantes. Sentindo sintomas, como as luzes laterais rápidas (fotopsia), aumento das “moscas volantes” e perda da visão periférica, corram para um profissional. O tempo determina uma parte do sucesso. Nunca contemplem sem muitos cuidados um eclipse. Mais uma vez: não esfreguem os olhos!

    Agradeço sempre ao meu querido amigo Marcelo Cunha. Recebeu do pai e do avô uma prática científico-humana e ampliou a herança. Casou-se com Rosana e gerou mais duas médicas: Laura e Ana. Conheço e admiro os Cunha. Também tive contato com outros profissionais da clínica e com todo o pessoal do atendimento. Um obrigado especial à doutora Luciana Peixoto e ao doutor Francisco Canto. Agradeço, também, ao dr. André Maia, o mestre das retinas. Nos consultórios, convivi com as imagens de Santa Luzia e do Arcanjo Rafael.

    As cataratas marcam o fluxo do tempo. O rio corre incessante nos cansaços do corpo, dos olhos e da mente. É sábio adaptar-se aos novos ritmos. As luzes do outono e do inverno alto possuem matizes novos que o clarão juvenil da primavera esconde.

    Um objetivo desta crônica é registrar agradecimento aos meus excelentes oftalmologistas ou, como diria a mesma Vó Maria, oculistas. O outro é advertir sobre cuidados e sintomas do descolamento de retina. Lavem bem as mãos e nunca esfreguem com força os olhos. Sim, a morte é inevitável, mas tenho esperança de ver tudo até o fim.

    LEANDRO KARNAL – É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de ‘A Coragem da Esperança’, entre outros

    ESTAR BEM

    TIREOIDE: COMO MANTÊ-LA SAUDÁVEL

    Má alimentação pode causar danos à glândula e trazer vários problemas de saúde

    “Você é o que você come”. Quem não conhece esta frase? A verdade é que as escolhas alimentares podem desempenhar um papel importante na saúde como um todo, principalmente na tireoide. Essa glândula em forma de borboleta localizada na parte frontal do pescoço é responsável pela produção de hormônios que regulam o metabolismo, o crescimento e a função de vários órgãos do corpo.

    Segundo Ullyanov Toscano, médico-cirurgião de cabeça e pescoço da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), escolhas alimentares inteligentes ajudam a beneficiar a boa saúde da tireoide.

    “Elas são consideradas benéficas para a saúde da tireoide devido ao conteúdo de nutrientes específicos ou às propriedades anti-inflamatórias que apresentam. No entanto, é importante observar que uma dieta equilibrada e variada, rica em frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, é fundamental para a manutenção da saúde na totalidade”, explica o especialista.

    CONFIRA OS ALIMENTOS INDICADOS PELO ESPECIALISTA

    PEIXES RICOS EM ÔMEGA-3

    São benéficos por suas propriedades anti-inflamatórias e por seu papel no suporte da função hormonal. Salmão, atum, sardinha, truta e bacalhau são alguns exemplos.

    IODO

    A tireoide utiliza o iodo para produzir hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), liberados na corrente sanguínea, que afetam praticamente todos os órgãos do corpo. Sua dieta deve incluir peixes e algas marinhas, produtos lácteos e ovos. Os suplementos de iodo também podem ser prescritos por um médico.

    SELÊNIO

    Trata-se de um antioxidante que ajuda a proteger a tireoide contra danos causados por radicais livres. Boas fontes de selênio incluem castanhas do Brasil, sementes de girassol, atum, carne de porco e frango.

    ALIMENTOS ANTIOXIDANTES

    As vitaminas A, C e E ajudam a proteger as células da tireoide contra danos causados por radicais livres. Destaque para frutas e legumes coloridos, como espinafre, cenoura, batata-doce, pimentão, mirtilo e morango.

    FIBRAS

    A constipação pode ser um sinal de que algo não vai bem. Frutas, legumes, grãos integrais e sementes podem ajudar a prevenir o problema.

    EVITE ALIMENTOS GOITROGÊNICOS

    Eles contêm substâncias que dificultam a absorção do iodo. Repolho, brócolis, couve-flor e couve de Bruxelas podem interferir na função da tireoide se consumidos em grandes quantidades. Pessoas com hipotireoidismo devem comer esses alimentos com moderação.

    LIMITE O CONSUMO DE AÇÚCAR E ALIMENTOS PROCESSADOS

    Eles podem causar inflamação no corpo, o que afeta a função da glândula. É importante diminuir o consumo e optar por opções mais saudáveis, como frutas frescas, vegetais e grãos integrais.

    BEBER ÁGUA

    A desidratação pode afetar diretamente a função da tireoide. Não se esqueça de ingerir, pelo menos, dois litros de água por dia.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    SE ARREPENDIMENTO MATASSE…

    Especialistas analisam que cometer erros e aprender com eles é normal, mas excesso ou ausência completa desse sentimento podem configurar um problema grave

    A perenidade do sentimento pode ser confirmada pelo número de regravações. Depois de ser lançada, em 1935, na voz do cantor Silvio Caldas (1908·1998), que a compôs em parceria com Cristóvão de Alencar, a música “Arrependimento” ganhou versões de Marília Medalha, Elizeth Cardoso, Carlos Galhardo, Lana Bitencourt, Zé Renato, Os Originais do Samba, dentre outros. “O arrependimento quando chega/ Faz chorar, faz chorar/ Os olhos ficam logo rasos d’água/ E o coração parece até que vai parar”, dizem os primeiros versos do samba.

    Em 1960, Édith Piaf (1915·1963) apresentou ao mundo o poder catártico de “Non, Je Ne Regrette Rien”, de Michel Vaucaire e Charles Dumont, que durante muito tempo foi entendida como “não me arrependo de nada”, mas, recentemente, teve sua tradução atualizada para “não sinto falta de nada”. De toda forma, a letra em contato com a melodia explicita a força de uma emoção incontrolável. Em 2006, Caetano Veloso lançou a pungente ”Não Me Arrependo”, que se tornou trilha da novela “Amor de Mãe” em 2020. “Nada irá neste mundo/ Apagar o desenho que temos aqui/ Nem o maior dos seus erros/ Meus erros, remorsos/ O farão sumir”, canta o baiano, reforçando que não tem arrependimentos.

    “Não vamos acertar sempre. O arrependimento vem para nos mostrar que, às vezes, podemos tomar atitudes que não são corretas. O arrependimento é uma mudança de atitude em relação a uma situação em que não se obteve êxito. A importância do arrependimento na vida das pessoas é que ele nos mostra que podemos cometer erros”, analisa o psicólogo Wellington Amaral. Colega de psicologia, Viviane Rogêdo concorda. “Arrependimento significa aprendizado e chance de compreender se nossas escolhas estão conectadas com nossos propósitos”, pontua Viviane.

    Amaral considera importante traçar uma diferença entre arrependimento e lamentação, que, no cotidiano, podem acabar confundidos. “Nem sempre uma pessoa que se lamenta se arrepende. O lamento é uma expressão e, muitas vezes, pode vir carregado de emoção, mas pode acontecer de não haver arrependimento, que seria uma mudança total de atitude em relação à situação passada”, afirma. Na opinião do especialista, a alta incidência de arrependimento em nossa sociedade está intimamente ligada a uma formação cultural.

    “Cerca de 81% da população se diz cristã. E uma das questões fundamentais do cristianismo é uma mudança de vida, um arrependimento, e não podemos negar que isso está no nosso inconsciente. Carregamos as marcas de nossa cultura cristã”, aponta. Por conta disso, ele sublinha que “o arrependimento é, antes de tudo, um fator cultural”. “Enquanto cristãos, tendemos a nos arrepender dos nossos pecados. A própria oração do pai-nosso ensina: ‘Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido'”.

    ANSIEDADE E COMPULSÃO

    Para a psicóloga Viviane Rogêdo, comportamentos ansiosos, compulsivos e impulsivos tendem a causar mais arrependimentos. “A pessoa entra naquilo que chamo de ‘looping existencial’. Podem ser pequenos arrependimentos do dia a dia ou situações graves, que envolvam questões financeiras e afetivas, como a dificuldade de se livrar de um relacionamento abusivo”, detecta. Segundo ela, ao não medir as consequências de uma atitude, a pessoa fica exposta física e emocionalmente, o que acarreta arrependimento e frustração. “Pessoas que não sabem dizer ‘não’ e que têm dificuldade de colocar limites para si também se arrependem com frequência”, complementa.

    A situação inversa denota outro tipo de problema. “Normalmente, pessoas que não se arrependem têm pouca abertura para a reflexão e a autocrítica”, avalia Viviane. O psicólogo Wellington Amaral segue na mesma linha. “É comum conversar com pessoas que sempre acreditam estar certas. Essas pessoas não aceitam opiniões de outras e, muitas vezes, nem sequer escutam as pessoas ao seu redor”, destaca. Ele, no entanto, realiza um recorte essencial nessa seara, incluindo a perspectiva psicanalítica, ao discorrer sobre as chamadas “estruturas clínicas”.

    “A maioria das pessoas apresenta, segundo a psicanálise, a estrutura neurótica, que é marcada pela culpa e pela angústia. A psicose é uma estrutura marcada pela alteração da realidade, com a presença de delírios e alucinações. E o perverso é aquele que pode apresentar ausência de angústia e culpa. Na verdade, o perverso pode se angustiar de outras maneiras, quando seus planos não dão certo. Não é comum uma pessoa que se enquadre em uma estrutura perversa se arrepender, elas acreditam que estão sempre certas e seguem suas próprias leis”, compara.

    Amaral, contudo, sublinha que o cenário é complexo, de difícil definição. “Não podemos deixar de considerar que existem sujeitos neuróticos que apresentam um alto grau de narcisismo, com dificuldade de se arrepender, por questões relacionadas ao seu próprio ego, como se fosse uma blindagem. Ou, no caso da psicose, o sujeito cria a sua realidade e se fixa nela, o que também o impediria de se arrepender”, pondera.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    QUANDO DORMIR É UM DESAFIO

    Como lidar com os principais distúrbios do sono

    Durante a noite, o corpo realiza as principais funções reparadoras, tornando o horário de repouso essencial para a saúde física e mental. Mas muitas pessoas sofrem para dormir.

    Os distúrbios do sono mais comuns são a apneia, a insônia, a síndrome das pernas inquietas, o sono insuficiente e o atraso de fase de sono. Todas essas doenças podem causar cansaço do corpo e da mente, irritabilidade e dificuldade de concentração, por exemplo.

    Saiba mais:

    APNEIA OBSTRUTIVADO SONO

    A apneia obstrutiva do sono, doença caracterizada pela obstrução da via aérea na região da garganta durante o sono, é considerada preocupante. A condição leva a uma parada da respiração que dura alguns segundos. Responsável por causar o ronco, a apneia pode acontecer várias vezes durante a mesma noite.

    Entre cinco e 15 apneias por hora, é considerado um quadro leve. Entre 15 e 30, é moderado. E, acima de 30 apneias por hora, represento uma situação mais acentuada. Idosos e pessoas com sobrepeso costumam ter essa condição com frequência. Nos casos leves, perder peso já pode ajudar a resolver – pontua o médico Denis Martinez, da Clínica do Sono.

    Além da idade e do peso, o sexo também influencia. Segundo Martinez, a apneia é mais comum em homens, mas nos últimos anos, mais mulheres têm procurado ajuda para solucionar o problema. Quanto mais grave o quadro, mais o paciente acha que dorme bem – acrescenta.

    Martinez conta que os pacientes costumam aparecer no consultório por causa dos cônjuges, que, por dividirem a mesma cama, acabam tendo o seu sono perturbado pelos roncos.

    Além da perda de peso, as opções de tratamento podem incluir exercícios com fonoaudiólogo, medicações para casos leves, utilização de dispositivos que aumentam o calibre da via aérea e, até mesmo, cirurgias. O CPAP, aparelho que envia fluxo de ar para as vias respiratórias e impedem que elas fechem, é uma das alternativas frequentemente recomendadas para pacientes com quadros mais graves.

    INSÔNIA

    O paciente com insônia costuma ter três tipos de queixa: dificuldade para começar a dormir, para manter o sono ou o despertar mais cedo do que o planejado. Se esses sintomas aparecerem ao menos três vezes por semana por três meses ou mais, se caracteriza um quadro de transtorno de insônia crônico. A doença causa dificuldades ao longo do dia, que vão desde humor mais ansioso e irritadiço até pouca vontade de interação social, diminuição do rendimento no trabalho e nos estudos, por exemplo.

    “Uma das hipóteses para explicar a insônia é a conhecida como 3 Ps. Predisponente, ou seja, fatores que favorecem o desenvolvimento da insônia. Mulheres e pessoas entre 20 e 40 anos com história familiar de insônia estão incluídos neste grupo (costumam ter mais esse quadro). Precipitante, que é um evento dramático na vida da pessoa que pode engatilhar a doença, como ficar desempregado ou a condição de saúde de algum parente próximo. E perpetuante, com crenças e hábitos pouco saudáveis para o sono, que é o que pode tornar a doença crônica”, afirma o neurologista Fernando Stelzer, coordenador do Laboratório do Sono da Santa Casa de Porto Alegre.

    A falta de higiene do sono pode fazer com que a insônia deixe de ser um sintoma pontual e vire uma doença crônica. Isso significa que se deitar sem estar com sono, assistir à televisão ou mexer no celular antes de dormir e usar a cama para outros fins que não descansar podem impactar diretamente na qualidade do sono e, consequentemente, na gravidade da situação.

    “O principal tratamento é o suporte psicológico mesmo. A primeira escolha é a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCCI), mas a psicóloga que não é especialista nisso também pode tratar a insônia. Pode-se fazer uso de remédios, mas eles vão apenas tratar o sintoma, e não a causa”, defende Stelzer.

    SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS

    Na síndrome das pernas inquietas, o paciente costuma se queixar de sentir uma aflição entre o joelho e o tornozelo que só melhora ao mexer a perna. Essa sensação geralmente ocorre de tarde ou à noite, quando a pessoa está em repouso, sentada ou deitada. Os sintomas melhoram com o movimento, como caminhar, alongamento, ou mesmo com massagem. Segundo o especialista, a condição costuma ser confundida com outras condições, como ansiedade e, até mesmo, neuropatia do diabetes, que pode causar sensação de formigamento nos membros inferiores.

    “A síndrome das pernas inquietas é a doença mais comum da qual ninguém nunca ouviu falar. Apesar do nome não ser conhecido, ela é bem comum, com estudos mostrando frequência de cerca de 6,5% entre os brasileiros. Nessa situação, em que a sensação só melhora ao mexer a perna, a pessoa tem dificuldade de pegar no sono e, em alguns casos, se movimenta muito durante a noite e, com isso, o sono fica picotado”, explica Stelzer.

    A doença melhora com a prática de exercícios físicos e com melhoria em alguns hábitos de vida, como a diminuição no consumo de cigarro e bebida alcóolica. Em casos em que os sintomas são mais frequentes ou intensos, é necessário tratamento com medicações, que pode incluir reposição de ferro ou uso de medicações psicoativas.

    SONO INSUFICIENTE

    O sono insuficiente, um dos distúrbios do sono considerados comuns pelo Ministério da Saúde, não é considerado uma doença grave. Segundo o neurologista Stelzer, essa condição pode ser considerada uma epidemia da sociedade moderna.

    Pacientes com essa condição costumam não dormir o suficiente. Ou seja, a quantidade de horas de sono é inferior ao recomendado para a idade. Assim, a pessoa fica cronicamente privada de sono. A causa pode estar associada ao estresse, ansiedade, aos hábitos alimentares e à rotina, por exemplo.

    Stelzer afirma, ainda, que a lógica do banco de horas não funciona para o sono. Portanto, não é passível dormir horas a mais ou tirar cochilos durante a tarde com o objetivo de compensar o sono insuficiente.

    ATRASO DE FASE DE SONO

    A condição é caracterizada por quando o paciente demora a dormir, atrasando o início da fase de sono. Stelzer pontua que algumas pessoas costumam dormir e acordar mais cedo, enquanto há aquelas que preferem dormir e acordar mais tarde. O paciente com atraso de fase de sono costuma ter dificuldade para começar a dormir e, consequentemente, acaba acordando mais tarde.

    O neurologista explica que o transtorno é mais comum em adolescentes, fase da vida em que os horários do sono nem sempre estão alinhados com os desejos sociais. Mas a condição pode aparecer em todas as idades, a depender da rotina e dos hábitos de cada paciente.

    OUTROS OLHARES

    MAIS ALTAS E MAIS OBESAS

    Pesquisa mostra que houve aumento de 1 centímetro na estatura média das crianças brasileiras entre 2001 e 2014. Também foi constatado excesso de peso entre os dados analisados

    As crianças no Brasil estão ficando mais altas e mais obesas. É o que mostra um estudo de pesquisadores do Cidacs (Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde) da Fiocruz Bahia (Fundação Oswaldo Cruz), em colaboração com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a University College London.

    A pesquisa foi publicada no periódico científico The Lancet Regional Health – Americas e observou as medidas de mais de cinco milhões de crianças brasileiras, de 3 a 10 anos. Ela mostra que, entre 2001 e 2014, houve um aumento de 1 centímetro na trajetória de altura infantil.

    Entre os dados analisados, as prevalências de excesso de peso e obesidade também aumentaram consideravelmente. “Esses resultados indicam que o Brasil, assim como todos os países do mundo, está longe de atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de deter o aumento da prevalência da obesidade até 2030”, disse Vieira.

    Nas análises do estudo, foram levadas em conta as diferenças entre sexos, estimando uma trajetória média de IMC (índice de massa corporal) e altura para meninas, e outra para meninos. Foi analisado que houve um aumento de 0.06kg/ m2 entre meninos e 0.04 kg/m2 entre meninas.

    A população do estudo foi dividida em dois grupos: os nascidos de 2001 a 2007, e os nascidos de 2008 a 2014. Na faixa etária de 5 a 10 anos, a prevalência de excesso de peso aumentou 3.2% entre meninos e 2.7% entre meninas. No caso da obesidade, o aumento da prevalência passou de 11.1% para 13.8% entre os meninos e de 9.1% para 11,2% entre as meninas (um aumento de 2.7% e 2.1%, respectivamente).

    Enquanto o aumento da altura é animador, do de peso preocupa. Dietas com ultraprocessados e o aumento do comportamento sedentário e falta de atividade física contribuem para esse cenário, embora a obesidade seja uma doença complexa e multifatorial, na avaliação da pesquisadora. Além disso, uma maior prevalência de obesidade traz o risco do aumento de doenças crônicas não transmissíveis.

    Na faixa etária de 3 e 4 anos. houve um aumento do excesso de peso em 0.9% entre os meninos e 0.8% entre as meninas.  Já para a obesidade houve um aumento de 4 % para 4.5% nos meninos e de 3.6% para 3.9% nas meninas – um crescimento de 0.5% e 0.3%, respectivamente.

    “Vale destacar que esse impacto será ainda maior na população de crianças mais pobres, onde a prevalência da obesidade vem aumentando mais. As políticas de prevenção devem ser direcionadas de forma mais específicas para esse grupo social”, disse Vieira.

    GESTÃO E CARREIRA

    ERROS DE GESTÃO QUE BOICOTAM O CRESCIMENTO DA SUA EMPRESA

    Iniciar um negócio é uma jornada desafiadora. A falta de experiência, as incertezas do mercado e a gestão de pessoas são apenas alguns dos desafios que os empreendedores enfrentam ao buscar o sucesso do negócio. Segundo um estudo realizado pelo Monitor Global de Empreendedorismo, que é feito há 23 anos pelo Sebrae, 60% dos brasileiros sonhavam em ter o próprio negócio em 2022 – quando o índice do desejo de empreender bateu recorde.

    Mas um sonho, apenas, não é o suficiente para manter um negócio. Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, 6,6 milhões de empresas brasileiras terminaram 2023 com as contas no vermelho. O número mostra estabilidade na comparação com 2022, quando 6,4 milhões delas encerraram o ano inadimplentes. Muitos brasileiros sonham em ter um negócio próprio, porém, existem diversos fatores que podem custar o sucesso da empresa e levá-la à falência.

    Abaixo, confira sete dicas de como lidar com os principais erros de gestão que boicotam o sucesso de um negócio:

    MÁ GESTÃO DE PESSOAS

    Um dos grandes problemas de não fazer um negócio dar certo está ligado à falta de gestão de pessoas. Um bom gerenciamento cuida do bem-estar e desenvolvimento dos colaboradores, sendo essencial para o crescimento sustentável de qualquer negócio. A primeira etapa é contar com profissionais capazes de impulsionar o crescimento do negócio.

    Quando não há um gerenciamento eficaz, ou seja, quando não se desenvolvem adequadamente as habilidades necessárias para a entrega do produto ou a execução do serviço, isso impacta a experiência do cliente. Mesmo que o produto/serviço seja excelente, a falta de treinamento e capacitação dos colaboradores pode comprometer a entrega final.

    DELEGAR E NÃO ACOMPANHAR

    Delegar tarefas sem acompanhar de perto o colaborador pode levar a uma série de problemas, desde a falta de accountability (responsabilidade ou prestação de contas) até a perda de oportunidades de negócio. É importante encontrar um equilíbrio entre delegar responsabilidades e oferecer o suporte e a orientação necessários.

    Quando um líder delega uma atividade a um liderado, é responsabilidade dele supervisionar o processo. Isso inclui fornecer o treinamento necessário e assumir a responsabilidade pela supervisão. O papel principal do líder não é fazer no lugar do colaborador, mas capacitá-lo e habilitá-lo para que a tarefa seja realizada de forma autônoma. Quando uma falha é identificada, o líder não deve simplesmente intervir e fazer a tarefa ele mesmo, mas aproveitar a oportunidade para orientar e capacitar o colaborador.

    NÃO OUVIR O CLIENTE

    Ao incorporar o feedback dos clientes em todas as etapas do processo, a empresa pode aprimorar seus produtos, serviços e relacionamentos. O resultado é uma maior

    satisfação do cliente e crescimento sustentável. A falta de uma escuta generosa e de uma avaliação precisa das dores, dúvidas e desejos do cliente é o que leva muitos negócios a oferecerem produtos ou serviços que não têm relevância para o mercado.

    É importante ter consciência de que as pessoas estão dispostas a pagar pelos serviços ou produtos porque eles de fato resolvem seus problemas, sendo essa validação a base de um negócio bem-sucedido.

    PULAR O PLANEJAMENTO

    O planejamento oferece uma estrutura sólida para orientar as atividades da empresa, reduzir riscos, otimizar recursos e tomar decisões embasadas. Ao investir tempo e esforço no planejamento, a empresa se posiciona melhor para alcançar objetivos e prosperar.

    A qualidade do planejamento vem da capacidade de interagir com os clientes. Ao recebermos feedback sobre produto, serviço ou mesmo sobre a jornada de compra, podemos fazer aprimoramentos. Portanto, a interação com o cliente e a coleta desses feedbacks são essenciais para a melhoria contínua do negócio em si.

    NÃO MONITORAR O DESEMPENHO

    A falta de monitoramento do desempenho pode resultar em uma série de consequências negativas, como decisões inadequadas, perda de oportunidades, ineficiências operacionais e insatisfação dos clientes. É importante implementar sistemas de monitoramento e análise para garantir boas informações ao negócio para, dessa forma, atender proativamente a desafios e oportunidades.

    O monitoramento proporciona uma visão clara, se a empresa está alcançando os objetivos ou não. O primeiro passo é ter um planejamento e definir objetivos, pois a falta deles é um dos maiores erros cometidos pelos negócios. Sem a orientação dos objetivos, não é possível ter os indicadores que mostram se o negócio está no caminho certo para alcançá-los. Uma simples planilha de Excel pode resolver esse problema.

    NÃO DAR VALOR ÀS PARCERIAS

    As parcerias permitem que as empresas acessem recursos, conhecimentos e oportunidades que, de outra forma, não estariam disponíveis. Ao colaborar com outros negócios, as empresas podem fortalecer sua competitividade. As parcerias não se limitam apenas às pessoas que trabalham diretamente no negócio, mas às que trabalham de forma indireta, como os fornecedores.

    Uma parceria próxima com os fornecedores pode trazer inovações, novidades e até mesmo condições para um bom desempenho financeiro e atendimento de qualidade para o cliente, o que é fundamental para o sucesso do negócio.

    FALTA DE ADAPTAÇÃO

    A resistência a mudanças ou adaptações pode prejudicar a relevância das empresas, impedindo que aproveitem oportunidades, resolvam problemas, melhorem a eficiência, engajem funcionários. É essencial que as empresas desenvolvam uma cultura organizacional que promova a flexibilidade, a inovação e a prontidão para se adaptar a um ambiente de negócios em constante mudança.

    Os empreendedores devem ficar atentos às mudanças e oportunidades do mercado. Existe até um termo que descreve essa habilidade: adaptagilidade, que significa ter agilidade para se adaptar. Muitos empreendedores ficam presos à sua forma de fazer as coisas, quando deveriam se apegar ao valor e ao problema que resolvem para o cliente.

    Se for necessário fazer transformações para melhorar a resolução desse problema, devem fazê-lo, pois o foco precisa estar em resolver os problemas dos clientes da melhor forma possível.

    RICARDO ROCHA – Especialista em negócios, empreendedor, investidor, mentor, palestrante e escritor, ex- Head de Plataforma Seller da Magalu https://ricardorocha.com.br/

    EU ACHO …

    CORAGEM DE DIZER

    Grandes verdades em pequenas frases

    Desde que o garoto da fábula apontou para a bunda do soberano que desfilava pomposo e gritou aquilo que todos viam, mas temiam dizer – “o rei está nu!”-, sabe-se que certos ditos afamados têm a coragem como ingrediente principal. Aristóteles já tinha alertado aos quatro cantos que “a coragem é a primeira das qualidades humanas porque é a virtude que garante todas as outras”.

    Às vezes, basta uma pequena frase para sustentar uma verdade irrefutável em meio a um turbilhão de mentiras. O astrônomo, físico e engenheiro Galileu Galilei era perseguido pela inquisição por causa das pesquisas na área da astronomia. Suas constatações inovadoras incomodaram tanto os sábios oficiais e juristas da época que acabaram levando-o a um tribunal.

    No banco dos réus, Galileu foi obrigado a renegar completamente o preceito de que o Sol fica parado no centro do universo e a Terra se move. E também “proibido de sustentar, ensinar ou defender tal ideia de qualquer maneira, seja oralmente ou por escrito”. Sem escolha e sob risco de ir pra fogueira, Galileu concordou e repetiu o que os togados arrogantes exigiam. Porém, ao sair, disse baixinho a célebre frase: “Eppur si muove”, significando “mesmo assim, se move”, referindo-se aos movimentos de rotação e translação da Terra em torno do Sol. Bravo, bravíssimo!

    Séculos depois, o francês Voltaire, mestre das críticas ferinas e bem-humoradas, tevea coragem de colocar a liberdade acima dos antagonismos, coisa rara hoje em dia. E mandou ver sua notável sentença, frequente em discursos, debates políticos e aulas de direito: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”.

    O conceito de democracia já inspirou estadistas, filósofos e pensadores que tentavam defini-la, defendê-la ou questioná-la em poucas palavras. “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”, disse Churchill. Porém, cuidado: substantivos como “democracia” ou “fascismo” também podem ser usados para iludir. Depois da Segunda Guerra, os comunistas se apossaram do Leste Europeu, incluindo metade da Alemanha, que recebeu o nome de República Democrática Alemã. Tão “democrática”, que a economia era totalmente controlada pelo Estado; os cidadãos não tinham direito a voto ou passaporte; as liberdades de expressão e de ir e vir eram negadas e punidas com prisão, tortura e execução a cargo da Stasi, a truculenta polícia política. Todos viviam subjugados, caladinhos e morrendo de medo nessa “democracia”. E – pasmem! – o Muro de Berlim era chamado pelo regime comunista de “Antifaschistischer Schutzwall” – “Muro de Proteção Antifascista”, traduzido do alemão.

    “Quando a liberdade de expressão nos é tirada, logo poderemos ser levados, como ovelhas silenciosas, para o a bate”, lembrou George Washington. Já um gaiato menos ilustre soltou esta: “Existe liberdade de expressão, mas nem sempre é garantida a liberdade após a expressão”. Pois é: ao longo da história, aprendemos que a censura quase nunca é usada para impedir a proliferação de mentiras. Pelo contrário: ela gosta mesmo é de sufocar verdades.

    Elon Musk – aquele cara que até faz foguete pousar de ré – reforçou que “a liberdade de expressão só é relevante quando pessoas que você não gosta dizem coisas que você não gosta”.

    Musk está em pauta fazendo denúncias corajosas e incômodas sobre a liberdade de expressão no país. O ministro Barroso respondeu que “qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição”. Pergunta: o mesmo critério se aplica às decisões da Justiça, ministro? Está valendo o artigo 220 do 2° parágrafo da Constituição: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”?

    FERNANDO FABBRINI

    leitoresdofabbrini@gmail.com

    ESTAR BEM

    A REGRA É: EQUILÍBRIO CORPORAL

    Ignorado por grande parte das mulheres, o treino para músculos superiores pode ajudar no desenvolvimento de massa magra e no alinhamento postural

    Na musculação, as áreas dos braços, das costas e do peitoral costumam ser as mais negligenciadas pelas mulheres. Há quem desgoste de treiná-las por acreditar que as pernas merecem mais atenção ou por ter medo de desenvolver excessivamente a musculatura dos membros superiores.

    Conforme explica a educadora física Franciely Kunzler, deixar de exercitar essas regiões prejudica a qualidade de vida e o equilíbrio corporal e estético. O treino de superiores traz força e resistência ao corpo, o que auxilia no alinhamento postural adequado e, consequentemente, no afastamento de dores e lesões.

    “O treinamento traz a força necessária para as atividades do dia a dia. Ajuda a desenvolver massa muscular, parte importante para envelhecer conseguindo caminhar, segurar objetos e levantar-se sozinho. Além disso, auxilia na proteção para qualquer problema nas articulações e dores posturais comuns pelas condições da idade e pelas rotinas atuais em que as pessoas passam um grande período sentadas trabalhando no computador ou no celular”, cita a profissional.

    O treinamento é útil também para a execução de outras tarefas cotidianas, como carregar compras do supermercado, passar horas dirigindo e levantar objetos pesados. Sem contar que o fortalecimento das regiões superiores do corpo auxilia na execução e na evolução dentro da prática de exercícios voltados para os membros inferiores, como pernas e glúteos.

    MEDOS

    Em relação ao medo do ganho excessivo de volume na região de braços, costas e peitoral, Franciely Kunz ler afirma que não há motivo para preocupação. Por si só, a hipertrofia é uma tarefa difícil e demora para acontecer. Para construir músculos de maneira significativa, é necessário um treinamento intenso, uma dieta específica e, em muitos casos, uma suplementação adequada. O simples fato de levantar peso não irá resultar em aumentos expressivos.

    Além disso, há a questão hormonal. Os homens apresentam mais facilidade de ganhar músculos em relação às mulheres, já que têm níveis mais altos de testosterona.

    “O medo que mulheres têm de treinar braços e “crescer” vem da falta de conhecimento. O perfil hormonal da mulher não contribui para o ganho de massa muscular de forma expressiva. Além do mais, para ficarem fortes e “grandes” elas precisariam treinar muito e muito forte, além de se alimentar com superávit calórico focado em ganho de massa magra”, explica Franciely.

    Para a especialista, cabe ao educador físico se responsabilizar pelo treinamento adequado e mostrar os motivos pelos quais ninguém deve deixar de treinar em nenhuma região.

    “Em regra, não existe uma parte do corpo que precisa ser mais trabalhada do que outra. Existe a busca pelo equilíbrio corporal, força, resistência e funcionalidade no dia a dia. Àsvezes, durante a busca por esse equilíbrio, pode ser que tenha que se trabalhar com mais ênfase em algumas partes, mas nunca deixar de treinar”, frisa.

    COMO FAZER

    O treino de superiores pode ser feito com pesos livres, como halteres e anilhas, com aparelhos de musculação e até mesmo com o peso do próprio corpo, de acordo com orientação profissional.

    Todo treinamento físico deve ser realizado com acompanhamento de um educador físico para que seja possível alinhar as expectativas e seja oferecida uma atenção individualizada às necessidades de cada um.

    “A frequência semanal de treino depende da individualidade. Se você não tem tempo, uma forma de começar é fazer um dia a parte inferior do corpo e, em outro, a superior”, indica.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    SOLTOS NA VIDA

    Conheça a agamia, novo modelo de relações que considera amor e casamento restrições da liberdade

    Tradicionalmente, o casamento era visto quase como uma obrigação para pessoas de sexos opostos, seguido da necessidade de constituir um lar e uma família. No entanto, esse costume tem sofrido uma queda de adesão entre as novas gerações. Uma pesquisa apresentada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) exibe um raio-X das relações e dos matrimônios em todo o território nacional, a partir dos dados da última Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil, referente ao ano de 2022. Ao todo, foram registrados 970.041 casamentos, um número apenas 4% maior que no ano anterior.

    Esse cenário confirma uma retomada pós-pandemia, mas ainda mantém o número abaixo da média de 1.076.280 matrimônios, registrada entre 2015e 2019. De acordo com um censo demográfico também publicado pelo IBGE, no ano passado, o número de pessoas solteiras no Brasil, 81 milhões, é maior que a quantidade de pessoas casadas, que são 63 milhões.

    A tendência não é observada exclusivamente no Brasil. Segundo o Boletim de Estatísticas de Gênero, produzido pelo Ministério de Desenvolvimento Social da Argentina em conjunto com o Instituto Nacional da Mulher, há um crescimento na proporção de solteiros no país vizinho, onde 52,1% são homens e 45,7% são mulheres.

    Os dados refletem tendências crescentes de relacionamento que estão tomando conta da sociedade e que, essencialmente, estão se afastando cada vez mais dos relacionamentos românticos tradicionais “com rótulos”. Poliamor, relacionamentos platônicos ou abertos representam novas formas de vivenciar o amor. Hoje em dia, esses novos tipos de vínculos afetivos parecem a priorizar a liberdade individual. Nesse contexto, surge o conceito de agamia, uma proposta disruptiva que desafia as convenções tradicionais e abre caminho para uma nova forma de relacionamento que se caracteriza pela ausência da união entre duas pessoas pelo laço do casamento.

    O novo comportamento representa uma crítica à ideologia amorosa/romântica e questiona o sentimento da paixão, sugerindo que esse estado emocional não permite que as pessoas ajam racionalmente e as empurra a ter expectativas irrealistas. Alguns dos devotos da agamia chegam mesmo a argumentar que o amor, longe de ser um sentimento, é uma ideologia que dita como devem ser as relações e, portanto, limita a liberdade de escolher com quem alguém deseja estabelecer laços afetivos.

    “Agamia” vem do grego, “a” (“não” ou “sem”) e “gamos” (“união íntima” ou “casamento”). Ou seja, exprime a falta de interesse de um indivíduo em firmar um relacionamento romântico com outra pessoa. Muitos adeptos não querem filhos também.

    “São pessoas que questionam a noção de que só é possível se relacionar através do amor romântico e do parceiro. Para eles, o casamento é visto como uma limitação da liberdade individual e o não reconhecimento da diversidade de relacionamentos”, detalha a sexóloga graduada em psicologia Sandra López.

    A especialista caracteriza essa nova tendência como um modelo que se opõe ao sistema monogâmico, ao considerar o casal uma estrutura desnecessária.

    PATRIARCADO

    A comunicadora espanhola Nerea Pérez de las Heras, apresentadora do podcast feminista “Seremos melhores”, relata em seu programa que a agamia é uma forma de microfeminismo.

    “É a substituição da hierarquia de afetos que vem sendo imposta a nós pelo patriarcado e que coloca o casal heterossexual acima de tudo. Pelo contrário, coloco os meus amigos como o centro do meu núcleo de apoio e comunicação”, conta.

    A psicanalista Laura Messina concorda que certos movimentos sociais, como o feminismo, expandiram questões que anulam o “conto de fadas”, difundido para as crianças desde cedo.

    “A crença no príncipe encantado ou na cara-metade foi tão quebrada que até o ideal de casar e ter filhos se tornou obsoleto em favor da liberdade de se desenvolver como pessoa”, explica.

    Dessa maneira, a agamia permite que quem a implementa não precise do outro para alcançar a completude e ajuda a adquirir a capacidade de estar sozinho e de se conhecer em profundidade. Porém, Messina alerta:

    “Não ter companheiro como condição para ser feliz revela algum tipo de problema de relacionamento, pois ter como premissa não se envolver romanticamente ou evitar conhecer alguém é uma forma de rejeição que pode ser baseada em experiências passadas.

    Ter sido traído, não querer ser magoado novamente ou ter medo do comprometimento emocional podem ser algumas das experiências que antecedem a decisão de optar pela agamia. Quem não resolve essas questões costuma seguir o caminho mais fácil e tomar medidas radicais.

    “É muito mais difícil para qualquer um estar num relacionamento do que ficar sozinho”, adverte.

    A profissional considera fundamental saber que amar envolve aceitar o outro com seus defeitos e evitar que ele perca a identidade por capricho individual.

    “Esses vínculos modernos mostram que quando aparece algo de que não gostamos na outra pessoa, tudo é cortado pela raiz. O fracasso do outro não existe ou é tolerado e, por consequência, as pessoas preferem encerrar o relacionamento a fazer o trabalho de dialogar e seguir em frente”, acrescenta.

    DIFERENÇAS

    Normalmente, uma pessoa solteira procura encontrar um indivíduo com quem possa estabelecer um relacionamento amoroso e, por isso, entende a sua solteirice como um período de transição. Já adeptos do poliamor defendem a ideia de ter dois ou mais parceiros sem ter a exclusividade da monogamia, explica Messina.

    Os agâmicos partem da premissa de que ter um companheiro e/ou estar em busca de um condiciona a expressão vital da pessoa, limitando seus comportamentos em outros contextos e com outras pessoas. Em oposição às práticas anteriores, adeptos da agamia priorizam o desenvolvimento da sexualidade individual, proporcionando assim mais espaço e relevância ao autoconhecimento e ao prazer sexual. Eles não pretendem aniquilar completamente os laços, mas sim explorar os tipos de uniões pessoais que se encontram, mas de forma livre.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    JÁ PENSOU EM DOAR SUA MEDULA? CONHEÇA O PASSO A PASSO

    Qualquer pessoa de 18 a 35 anos pode se candidatar a ser um doador; procedimento é simples, não deixa sequelas e pode salvar vidas

    A empresária e influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, filha do empresário Roberto Justus, recebeu uma doação de medula óssea 100% compatível de um doador anônimo. A notícia foi compartilhada nas redes sociais da influenciadora. Em janeiro, Fabiana foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda e realizou tratamento de quimioterapia durante um mês.

    No seu Instagram, ela destacou a importância da doação e agradeceu ao doador anônimo pelo gesto. Mas quem pode doar medula óssea? Veja abaixo respostas para as principais dúvidas sobre o tema.

    QUEM PRECISA DA DOAÇÃO?

    A medula óssea é a região do corpo que produz as células sanguíneas, como as hemácias (que transportam oxigênio) e os leucócitos (que protegem o organismo de infecções). Ela está localizada no interior dos ossos e as suas células que produzem as células sanguíneas são chamadas de células-tronco hematopoiéticas. É importante destacar que se trata de uma estrutura diferente da medula espinhal, composta por células nervosas e localizada na coluna vertebral.

    O transplante é indicado para pessoas com doenças que comprometem a produção das células sanguíneas. É o caso de alguns pacientes com leucemia, síndromes de imunodeficiência congênita ou aplasia de medula óssea.

    Trata-se de um comprometimento bastante grave, que deixa a pessoa vulnerável a infecções, anemia e sangramentos, de acordo com o hematologista Fernando Barroso Duarte, presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (SBTMO).

    QUEM PODE DOAR?

    É possível doar medula óssea para um parente (pelo fato de aumentar a chance de compatibilidade) ou para desconhecidos, por meio do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Para esse formato, o Ministério da Saúde estabelece alguns critérios para a doação de medula óssea: ter entre 18 e 35 anos; estar em bom estado de saúde; não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue, como HIV ou hepatite; não ter histórico de câncer, doenças autoimunes ou hematológicas.

    O hematologista Jayr Schmidt Filho, líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A. C. Camargo Cancer Center, explica que o limite de 35 anos é para cadastro no Redome.

    Mas após o cadastro, o doador permanece no banco de dados e pode doar até os 60 anos. “Para doadores que são parentes, como irmãos, não há esse limite de idade, a avaliação é feita caso a caso”, informa o especialista.

    COMO É FEITA A DOAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA?

    Para quem deseja se inscrever no Redome, o primeiro passo é buscar um banco de sangue próximo para fazer o cadastro, pontua Duarte. “Em seguida, será coletada uma amostra do seu sangue para testar a compatibilidade possível com outras medulas ósseas, num teste chamado HLA”, pontua.

    Vale destacar que esses dados continuam registrados no Redome e, caso identifiquem a compatibilidade entre um doador e um receptor no cadastro, o banco de sangue entrará em contato.

    Quando o doador é encontrado e existe compatibilidade, é hora de fazer a coleta das células-tronco localizadas na medula. Isso pode acontecer de duas formas. A primeira é a partir de punções das células do osso do quadril do doador e demanda internação cirúrgica de pelo menos 24 horas. O doador recebe anestesia para passar pelo procedimento.

    A segunda é por meio de coleta de células-tronco periféricas, ou seja, não diretamente na medula óssea. Nesta modalidade, o doador recebe um medicamento que estimula a produção de células-tronco e, cinco dias depois, as células são coletadas pela corrente sanguínea. O procedimento pode ser realizado em centros de transplante ou de doação de sangue.

    Trata-se, de acordo com Duarte, de um procedimento seguro e relativamente simples. “A coleta de medula óssea é feita há quase 50 anos no Brasil”, destaca.

    COMO SABER SE A MEDULA É COMPATÍVEL?

    A compatibilidade para doação de medula óssea é diferente da de doação de sangue. Trata-se de uma análise mais complexa, feita pelo teste HLA. De maneira geral, segundo o presidente da SBTMO, é necessário que a compatibilidade seja de ao menos 50%, mas a chance de encontrar uma medula óssea compatível é de 1 em 100 mil. “Por isso, é fundamental que mais pessoas doem, para que quem precisa tenha mais chances de achar uma medula compatível”, pontua.

    Além disso, a compatibilidade tende a ser maior entre pessoas da mesma família. Segundo o Ministério da Saúde, entre irmãos, a probabilidade de compatibilidade é de 30%. “O mais prático é buscar na família primeiro. Se não houver ninguém na família, verifica-se o Redome”, diz Schmidt Filho.

    QUAIS OS RISCOS? O PROCEDIMENTO É DOLORIDO?

    O primeiro ponto destacado pelos especialistas é que o organismo produz naturalmente células-tronco produtoras de sangue. Por isso, a doação de medula óssea, diferentemente da doação de órgãos, como de rim, por exemplo, não é irreversível. Nesse sentido, ela se assemelha mais à doação de sangue – de acordo com o Ministério da Saúde, em duas semanas o doador produz as células necessárias para “recuperar” o que foi doado.

    Apesar disso, em especial quando a coleta é feita diretamente na medula, o doador pode apresentar dor no local por alguns dias. Nesses casos, a maioria retoma as suas atividades normais após uma semana.

    Na doação feita pela coleta de sangue, é possível que o doador tenha um quadro gripal durante o uso de medicamento para aumentar a produção de células-tronco hematopoiéticas ou apresente dor nos ossos por causa da medicação. Nessa modalidade, contudo, a volta para as atividades de rotina é mais rápida e pode acontecer no dia seguinte ao da doação.

    Duarte destaca que a doação de medula óssea foi uma virada de chave na ciência. “É um procedimento que salva muitas vidas e em que o doador está vivo e não terá sequela nenhuma”, observa.

    COMO A MEDULA É TRANSFERIDA PARA O NOVO RECEPTOR?

    Para receber a medula óssea, o paciente já deve ter destruído a sua própria com quimioterapia ou radioterapia, de acordo com o Ministério da Saúde. O procedimento de transferência é feito por transfusão de sangue e, em três semanas, ela provavelmente já estará funcionando.

    OUTROS OLHARES

    INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ‘INVADE’ O SEXO

    Enquanto usuários podem buscar uma companhia pelo uso de aplicativos como o Replika, IAs também são utilizadas para gerar conteúdos sexuais falsos ou narrar abusos

    Imagine a possibilidade de se relacionar com um amigo, um parceiro romântico ou com um mentor que seadéque milimetricamente a todos os seus gostos e expectativas. A situação, que parece impossível quando falamos de seres humanos, tem se tornado cada vez mais real com o uso da Inteligência Artificial (IA). Um dos exemplos disso é o aplicativo Replika, que acumula mais de 10 milhões de usuários pelo mundo. Dados apontam que, no Brasil, são cerca de 100 mil usuários – mesmo com um conteúdo em português ainda não disponível.

    Segundo explicação dada pela própria empresa, o aplicativo é a “inteligência artificial para quem quer um amigo sem julgamento, drama ou ansiedade social envolvida”. Ainda conforme o texto publicado no site do Replika, o aplicativo permite a criação de uma conexão emocional real com o que eles chamam de “alma gêmea IA”. Relatos sobre o funcionamento do aplicativo mostram que a experiência do usuário vai bem além e inclui até mesmo relacionamentos sexuais, com trocas de mensagens picantes, sexting e até mesmo fotos sugestivas. Também é possível ouvir a voz do seu companheiro de IA e “compartilhar momentos preciosos” por meio da realidade aumentada. Tudo isso junto de uma criação totalmente definida pelo usuário – que escolhe desde detalhes como altura, tatuagens e características físicas até personalidade e profissão.

    Embora o site oficial da aplicação reúna depoimentos que exaltam a capacidade da ferramenta de ser uma boa companhia e até mesmo ajudar as pessoas a se sentirem menos solitárias, relacionar-se com a inteligência artificial ainda é uma situação que envolve uma série de questionamentos. Um deles se refere à capacidade que essas ferramentas têm de suprir as necessidades de socialização de uma pessoa. Em entrevista, o sexólogo Rodrigo Torres falou sobre o assunto e pontuou que uma realidade que envolva o relacionamento entre humanos e máquinas pode desembocar em um mundo mais solitário. “Isso vai significar um adoecimento da população. A gente sabe, a própria Organização Mundial da Saúde também aponta, que um dos pilares da saúde do ser humano são os relacionamentos, a interação social e os afetos”.

    Por outro lado, é possível enxergar outros aspectos nesse tipo de relação. É isso o que aponta a psicóloga Leni de Oliveira. “Um elemento importante nessas tecnologias é dar vida ao componente de fantasia”, observa. Para ela, inclusive, as tecnologias talvez possam ajudar a diminuir a sensação de solidão que tem aumentado ao redor do mundo. Ela pondera, porém, que ainda não é possível saber se uma companhia artificial poderá suprir as necessidades sexuais humanas. “Não temos estudos que comprovem isso. Apenas o tempo dirá”.

    Leni de Oliveira acrescenta ainda que esses tipos de ferramentas podem acabar sendo úteis, tanto para uso individual quanto em conjunto. “Ao contrário dos medos que as pessoas têm das IAs, penso que principalmente pessoas com limitações físicas podem ser beneficiadas. Na terapia sexual, por exemplo, seria interessante desenvolver ferramentas que ajudassem no tratamento dos transtornos”, acredita.

    OPEN AI PROÍBE NAMORO COM CHATGPT

    Na contramão do que parece ser uma evolução natural para as infinitas possibilidades de uso das inteligências artificiais, a OpenAI, empresa que criou o ChatGPT, é contra relacionamentos entre humanos e chatbots. Tanto que uma das regras da política de uso da OpenAI éa proibição de criar GPTs de dicados a “promover companheirismo romântico”. A empresa também não permite que chatbots que tenham conteúdo sexual explícito ou sugestivo sejam criados – o que não inclui, porém, conteúdos criados com objetivos educacionais ou científicos. As regras de uso da empresa visam garantir, principalmente, que o conteúdo seja adequado para todas as idades.

    Embora a preocupação da OpenAI busque evitar que menores de idade tenham contato com conteúdos sexuais, outras questões sobre esse uso das inteligências artificiais, principalmente as capazes de gerar imagens e vídeos, têm surgido. A principal delas tem relação com um impulsionamento da divulgação de conteúdos de exploração e de abuso sexual na internet. Segundo uma pesquisa publicada no início de fevereiro pela organização não governamental SaferNet, a inteligência artificial tem sido uma das ferramentas mais utilizadas para esse propósito.

    Em entrevista à Agência Brasil, Thiago Tavares, fundador e diretor-presidente da SaferNet Brasil, explicou que, com o uso das IAs generativas, um criminoso consegue utilizar um vídeo ou imagem disponível na internet e transformá-lo em conteúdo sexual. “A proliferação de aplicativos de IA generativa permite que se pegue a foto de uma pessoa vestida e se tire a roupa daquela pessoa”, explicou. “Isso pode ser manipulado, gerar uma mídia sintética e representar aquela pessoa em uma imagem ultrarrealista de nudez”, contou.

    Diante desses riscos, foi aprovada no ano passado pela Câmara dos Depurados a criminalização de quem criar e divulgar imagens (foto e vídeo) de nudez e conteúdo sexual de uma pessoa utilizando inteligência artificial no Brasil. Pelo texto, a pena para esse tipo de crime será de um a quatro anos de prisão, além de multa. A proposta está em análise no Senado.

    Outras questões preocupantes também se inserem na utilização mais sexual das inteligências artificiais. No ano passado, o jornal norte-americano “The Washington Post” revelou que o LlaMa, modelo de linguagem da Meta, empresa por trás do Facebook, Instagram e WhatsApp, estava sendo adotado por internautas para a criação de sexbots gráficos.

    Uma delas é Allie, narrada como uma jovem de 18 anos que possui “toneladas de experiência sexual”. Por isso, ela compartilha de graça detalhes de suas aventuras com qualquer pessoa. A questão é que, entre essas aventuras, ela realiza narrações de estupros explícitos e fantasias de abuso.

    GESTÃO E CARREIRA

    QUAL O PAPEL DO RH PARA A ESTABILIZAÇÃO DO CORPORATIVO?

    As empresas funcionam como um lego: precisam ser, constantemente, desmontadas e remontadas conforme o cenário mercadológico no qual se encontram

    O ano de 2023 foi bastante desafiador para muitas, ainda em resposta, principalmente, aos a impactos sentidos durante o isolamento social, o qual exigiu mudanças estruturais importantes em prol da otimização do negócio.

    Agora, em 2024, entramos em um período de reorganização do corporativo, onde a realização de um diagnóstico constante sobre as operações será fundamental para a tão importante estabilização do negócio em seu segmento. Os efeitos gerados com a pandemia levaram muitos empreendimentos a aplicar mudanças necessárias para evitarem impactos bruscos em suas operações.

    Isso fez com que o ano de 2023 fosse fortemente dedicado a esse olhar para dentro, reajustando desde a gestão interna, até o relacionamento e parcerias com stakeholders. Foi um momento de tomada de decisões rápidas e, ao mesmo tempo, de forma muito planejada, simplificando o que fosse possível para que e pudessem sedimentar suas estratégias em 2024.

    Uma das novidades mais nítidas sentidas em nível global foi a intensificação da adoção do modelo híbrido, junto a medidas que garantissem a produtividade e interação dos times a distância. Agora, entramos em um momento crucial para a consistência empresarial que, para que possa ser conquistada, dependerá da maleabilidade da agenda corporativa em prol de um aprendizado contínuo.

    Construir e desconstruir, revisitando tudo e a todo o momento, mantendo disciplina na execução das ações determinadas e reajustando o que for preciso para a conquista dos resultados desejados. As dificuldades impostas nos últimos anos deixaram claro que manter um compromisso rígido não é algo estratégico para nenhuma operação.

    Ao invés disso, as empresas precisam ter humildade em compreender a importância dos ajustes de rota constantemente, de forma que consigam se reorganizar diante dos imprevistos que podem acometer o mercado a todo o momento.

    Aqui, o papel do RH se mostrará extremamente importante, atuando como um parceiro de negócio do ponto de vista de pessoas, e apoiando as empresas nessas mudanças precisas – seja através da capacitação das equipes, estratégias de retenção de talentos, e demais pensamentos críticos que permitam a adoção de um prisma de apoio aos líderes nas melhores decisões sobre as equipes.

    Nisso, a abertura à aprendizagem e competência se mostram peças indispensáveis, incorporando as tendências inovadoras do mercado que possam contribuir com isso, como ocorre nas tecnologias avançadas como a inteligência artificial.

    A disciplina de planejamento aliada à humanização dos processos, leitura de cenário, visão abrangente do negócio, criatividade e autoconhecimento, serão as bases precisas para uma condução flexível das operações, mantendo um diagnóstico constante das operações perante as mudanças exigidas.

    Afinal, muito além de um CNPJ, as empresas são formadas por um conjunto de CPFs, que precisam estar engajados no mesmo objetivo para que tenham o combustível necessário e consigam traçar as melhores rotas para a conquista de resultados cada vez melhores.

    THIAGO XAVIER – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção

    https://wide.works/.

    EU ACHO …

    HOMEM DE UMA ÚNICA MULHER

    A vaidade masculina é o trampolim da infidelidade. Para causar traumatismos amorosos numa piscina seca, vazia.

     A aventura leva embora o caráter.

    Poucos homens resistem ao ego sendo massageado, ao elogio artificial, à bajulação.

    Seu desconfiômetro costuma dar bug. O homem pretende ser visto como único, gostoso, bonito, insubstituível e é capaz de pôr a perder um casamento sólido, cúmplice e amigo por um momento fugaz.

    Uma das camadas mais perigosas que recebi na minha vida foi assim:

    – Você não é homem para ser de uma única mulher, isso é uma injustiça.

    Juro que balancei, tonteei, pensei bobagem, pois era um flerte que acendia um holofote da tentação, deixava-me poderoso, incentivava-me a ter um harém.

    Tratava-se de alguém que não somente aceitava dividir a cama com a minha esposa, mas também garantia que isso deveria ser uma regra, com a obrigação de estender o benefício para outras mulheres. Representava um cúmulo de tolerância, de submissão.

    A adrenalina de um futuro caso durou pouco. Logo me lembrei do olhar de admiração que a minha esposa lança para mim.  Aquele olhar que ninguém mais me oferece. Aquele olhar raro, fixo e úmido de quem confia plenamente em mim. Aquele olhar devoto e castanho que me tem como exemplo. Nunca iria conseguir aquele olhar de novo, um olhar que é resultado de tudo o que superamos juntos.

    Oque são palavras de sedução perto da perenidade daquele olhar cativante e exclusivo?

    Eu comecei a gargalhar, desandei a gargalhar, de nervoso, de besta, de idiota, de energúmeno por valorizar aquele flerte que comprometia a minha união de quase uma década.

    Ela me questionou:

    – Por que está rindo? Estou falando a verdade. É um desperdício você ser de uma única mulher.

    Então eu respondi, já com a sobriedade do amor, porque o amor é sereno, jamais embriagado, jamais carente, jamais megalomaníaco, jamais arrogante, jamais egoísta.

    – Você não tem ideia do que está falando. Pergunte para a minha esposa quem eu sou, quais os meus defeitos e minhas limitações, ela me conhece bem. E eu tenho que me esforçar diariamente para merecer a companhia dela. Sou homem de uma única mulher e preciso confessar: nem assim dou conta do recado. Toda mulher é uma multidão, toda mulher são várias dentro de si. Estar com ela é estar com suas inúmeras versões. Nunca fico entediado. Apressei o passo para longe da soberba, não permaneci para acabar de ouvir os desaforos questionando a minha masculinidade.

    Estava maispreocupado em como contar para a esposa o que aconteceu. Certamente ela me perguntaria quem era a lambisgoia.

    CARPINEJAR

    carpinejar@terra.com.br

    ESTAR BEM

    ELAS TAMBÉM FAZEM TRANSPLANTE CAPILAR

    Tratamento está em ascensão entre as mulheres, sendo indicado para aquelas com testa alta ou alopecia androgenética

    diferentes técnicas de transplante capilar disponíveis, adaptadas às necessidades e preferências individuais das pacientes. “Uma abordagem comum é a técnica que permite a extração dos folículos capilares da parte de trás da cabeça sem a necessidade de raspar a área receptora na frente. Isso permite uma recuperação mais discreta”, destaca Martins.

    É importante ressaltar que a escolha da técnica adequada deve ser feita após uma consulta médica detalhada, levando em consideração o tipo de alopecia, as características do cabelo e as preferências da paciente. A cirurgia em si é considerada minimamente invasiva, utilizando microscópios e técnicas de incisão precisas para garantir resultados consistentes e naturais.

    FOLÍCULOS

    A influencer digital Adriana Muller compartilhou sua experiência positiva com o transplante capilar, destacando os resultados promissores após o procedimento, feito na Turquia. “Fiz uma cirurgia que durou oito horas. Ela é bem longa, foi tirado um palmo de cabelo da parte de trás. Eles retiram os folículos com um aparelho, um total de três mil fios de cabelo para serem implantados na parte da frente. O pós-operatório foi dolorido, senti um pouco de dor na cabeça. Porém, o resultado tem sido promissor. Já está nascendo cabelo e tenho muitos nos novos – preenchendo totalmente o buraco da parte da frente que eu tinha”, comenta.

    Ela explica que o cabelo vai começar a parecer maior em torno de seis a oito meses. Mas em quatro semanas ela já percebeu o aparecimento dos fios. “É um bom procedimento. inclusive até para quem quer reduzir a testa. É melhor do que fazer a cirurgia de redução de testa, porque o implante capilar permite com que você adicione cabelo onde não há, onde não vai crescer, então é incrível, foi um sucesso”.

    Relatos como o de Adriana ressaltam os benefícios que os avanços na tecnologia e na técnica cirúrgica trazem não só na restauração capilar, mas como uma nova forma de melhorar a autoestima e a harmonia facial das mulheres. A técnica promete se tornar cada vez mais uma opção viável e mais popular para quem deseja recuperara plenitude capilar.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    ‘DELULU’: UM MUNDO DE ILUSÃO?

    Nova moda no TikTok aposta em fuga da realidade e crença de que as coisas sempre darão certo

    “Basicamente você vai criar uma realidade paralela na sua cabeça, vai acreditar que tudo aquilo ali é verdade e vai agir como se fosse verdade. Você vai entrar em um universo paralelo e vai viver e agir para esse universo, acreditando que aquilo tudo é real e que você vai conseguir tudo o que você quer”. É assim que Crystal Moon, usuária do TikTok, descreve o comportamento de uma “delulu”, termo que é derivado da palavra “delusional” (“delirante”, em português) e que tem dado nome a uma nova linha de pensamento popular na rede social.

    Segundo Karen Vogel, psicóloga e professora na The School of Life, organização global de referência no desenvolvimento e na aplicação do autoconhecimento, essa tendência funciona como uma espécie de lei da atração, que diz que pensar positivamente atrai coisas boas. “É como se fosse um treinamento da mente em que a pessoa produz determinado tipo de pensamento e não permite que ideias aleatórias invadam sua consciência”, explica Karen Vogel.

    O interesse por essa abordagem tem crescido tanto que dados do Google Trends mostram que o interesse pelo termo “delulu” tem crescido nos últimos 12 meses. Em 2023, as pesquisas por esse assunto cresceram 20 vezes em relação a 2022.

    A aplicação desse jeito “delulu” de ser também tem ganhado adeptos. E é justamente em redes sociais como o TikTok, em que o tema tem viralizado, que podemos conhecer algumas histórias sobre o seu uso. Uma delas éa da gerente de vendas e criadora de conteúdo Jasmine Cowell, 30. “A partir do momento em que você é tão desiludida a ponto de acreditar que nada vai abalar sua vida e que você vai, sim, alcançar qualquer coisa que você imagina, qualquer barulho externo que vá contra essa ideia, você simplesmente não escuta”, diz ela que se considera “delulu das ideias”.

    Em um vídeo publicado na plataforma, Jasmine também conta que usa esse tipo de mentalidade no trabalho, inclusive nos momentos em que precisa conversar sobre orçamentos. “Coloco o valor de acordo com o mercado. mas antes existia aquela voz na cabeça dizendo: ‘Ninguém vai te pagar esse valor’. Pensando “delulu”, eu falo, eu consigo”, diz a gerente de vendas,

    Para ela, a ideia de ser “delulu” é não colocar nenhuma limitação em relação à sua vida. “Se não está no meu controle ou se não acontecer, está tudo bem. Eu não vou ficar remoendo aquilo que não deu certo”, diz.

    NOVA MENTALIDADE

    A estudante de história Dulce Barcelos, 22, também faz parte desse momento. “Eu fui fazer uma entrevista de emprego e não passei. Não consegui porque vai acontecer algo melhor ou porque, se eu insistisse nisso, a minha vida ia levar outro rumo. É essa a forma de reagir às coisas de um modo positivo. Imaginando que coisas melhores estão por vir”, diz Duke ao explicar como aplica a mentalidade “delulu” na sua rotina.

    A jovem afirma que sofria muito quando as coisas não saíam como planejado, mas observou que, após um tempo, algo muito melhor acontecia. Para ela, isso só ocorria porque aquela primeira coisa tinha dado errado. “Foi quando tive certeza de que às vezes não éa melhor opção sofrer quando as coisas saem do nosso controle”, reflete Dulce.

    A romantização da própria vida, que também é algo pregado pelo movimento “delulu”, é aplicada na vida da jovem – e ela garante que isso tem ajudado. “Envolve se fazer presente no momento. Então vou tomar meu café com calma, vou arrumar meu prato bonito, tirar uma foto, vivenciar aquele momento”, detalha Dulce.

    Apesar disso, Dulce afirma tomar cuidado para não cair na armadilha da positividade tóxica, em que acaba reprimindo sentimentos considerados ruins, como tristeza ou raiva, eafirma que há realidades que não podem ser romantizadas. “Eu me lembro de um comentário no meu vídeo que me marcou muito. A moça disse: “Como posso romantizar minha vida se acordo às cinco da manhã, sou mãe solteira, tenho dois filhos e trabalho o dia inteiro? Precisamos pensar sobre isso também”, pondera.

    CUIDADOS

    A psicóloga Mariângela Savoia alerta que é preciso tomar cuidado ao adotar o pensamento “delulu”, já que é perigoso fingir que está tudo bem e não aceitar que podemos ter sentimentos ruins.  “Faz parte da vida sentir coisas negativas, e é preciso aprender a regular as emoções, em vez de negá-las”, recomenda.

    Para Karen Vogel, aprender com as frustrações é o que nos ajuda a lidar melhor com determinadas situações. “Se estou criando uma realidade paralela onde isso não existe, estou criando uma irrealidade e, vendo um conto de fadas”, analisa a psicóloga.

    Neurocientista e mentor emocional e de relacionamentos, Thiago Porto pontua que é importante entender o que faz com que as pessoas adotem essa mentalidade, principalmente quando existe um foco em uma realidade que não existe. “A linha do pensamento positivo. da lei da atração e várias outras que exploram o pensamento positivo costumam ter seus lados bons mais destacados, mas o lado perigoso não costuma aparecer muito, e ele existe. Esse tipo de pensamento explora uma isenção de responsabilidade e até certo vício, porque essa neutralização das dores em troca de uma recompensa momentânea pode ser viciante”, enfatiza.

    Já Mariângela Savoia ressalta a importância da ação diante de problemas. “Quando as coisas dão certo, você pode pensar que foi por conta da força do seu pensamento. Não foi, foram suas ações que o levaram até lá. O pensamento por si só não o leva a lugar nenhum. São apenas suas ações que o fazem alcançar determinados objetivos”‘, destaca.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    SUTIÃ PODE MONITORAR O CÂNCER DE MAMA

    Pesquisadores esperam que inovação ajude a salvar a vida de pacientes

    O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil. Em 2023 foram registrados 73,6 mil novos casos, o que representa 30,1% de todos os tumores malignos diagnosticados em pacientes do sexo feminino no país. Além disso, ele é o responsável pelo maior número de mortes em decorrência do câncer: 18,1 mil no ano passado.

    Mas uma nova esperança no combate à doença pode estar nascendo na Inglaterra. Pesquisadores do Centro de Inovação em Tecnologias Médicas da Universidade Nottingham Trent estão desenvolvendo um sutiã que consegue, de forma não invasiva, monitorar o câncer de mama em tempo real e identificar rapidamente o crescimento do tumor para acelerar ou não o tratamento. A tecnologia funciona por meio de uma corrente elétrica que escaneia a mama e detecta pequenas alterações nos fluidos dentro e fora das células. Os cientistas explicam que, como o tecido tumoral é mais denso do que o saudável, já que contém menos água, essas mudanças sugerem a evolução do câncer, que pode ser percebida mesmo com um pequeno aumento de2 milímetros.

    A ideia é que essa ferramenta, que pode tanto ser incorporada no novo sutiã como ser desenvolvida no formato de um acessório para inserir em outras peças, seja usada em conjunto com o tratamento e outros exames regulares, como a mamografia. Os dados coletados pela tecnologia serão registrados e repassados ao paciente e ao médico, permitindo uma inédita avaliação contínua. Com isso, a expectativa dos pesquisadores é que a necessidade de outros exames seja reduzida, o que, além de facilitar o tratamento, gera uma economia financeira.

    “Estamos abrindo a porta para a investigação de uma alternativa de detecção do câncer de mama que poderia ser feita no conforto da casa da paciente, conservando recursos hospitalares essenciais e oferecendo uma solução viável para detectar sinais precoces de câncer”, diz, em comunicado, Yang Wei, pesquisador do Centro de Inovação em Tecnologias Médicas.

    VELOCIDADE DE CRESCIMENTO

    Os responsáveis pela nova tecnologia acreditam que ela dará mais tranquilidade à paciente por conseguir detectar alterações de forma quase imediata, sem precisar esperar o período entre os exames. “A tecnologia medirá as alterações no tecido mamário e ajudará a aumentar a chance de sobrevivência da paciente. O câncer de mama cresce tão rapidamente que pode ter 1 mm em seis meses ou 2 mm em seis semanas. Essa seria uma medida adicional para verificar a velocidade de crescimento do tumor”, defende Wei.

    O próximo passo é validar a tecnologia em experimentos menores para, depois, levá-la aos testes clínicos – estudos com pacientes para verificar a segurança e a eficácia da tecnologia. Só com essa comprovação é possível pedir o aval de agências reguladoras para o uso clínico.

    OUTROS OLHARES

    ‘JOVENS SENHORAS’ ABREM MÃO DE ROLÊS QUE NÃO TÊM LUGAR PARA SE SENTAR

    Mulheres também dão preferência a passeios diurnos e hobbies manuais como crochê e aproveitam tempo de qualidade em casa

    Cada geração tem sua particularidade, mas há certos comportamentos que podem se interseccionar. O fenômeno das jovens senhoras atinge millennials e geração Z. São as mulheres que deixam baladas de lado e preferem atividades caseiras ou bares que tenham sempre onde sentar. A expressão “jovem senhora” nasceu na internet e agora é uma forma de descrição para quem escolheu um estilo de vida que seria considerado o de uma pessoa mais velha, em outra época. Esse movimento valoriza também a saúde e o bem-estar, considerando aspectos físicos, emocionais, mentais e ambientais, e atividades manuais, como bordar, fazer crochê e cozinhar.

    A editora Isabela Borrelli, 30, conta que se considerava uma jovem senhora antes mesmo de o termo se popularizar. “Eu sempre tive alguns interesses que são mais asso- ciados a essa ideia de senhora ou de avó”, conta.

    “Há alguns anos, comecei a fazer trabalhos manuais, aprendi crochê no YouTube e adorei. Também sempre fui uma pessoa muito cansada, desde a adolescência. Nunca gostei muito de vida noturna. Gosto muito de dormir cedo e acordar umas 6h. Posso ver o sol raiar, passar o café, fazer um crochê enquanto assisto a alguma coisa ou leio um livro.” De acordo com Vitor Coelho, especialista em tendências na WGSN América Latina, empresa líder em tendências de comportamento e consumo, 35% da geração Z dos EUA e do Reino Unido relatam interesse em cozinhar, acima dos 21% registrados em 2019. “Essa geração presta cada vez mais atenção ao que come e ao que bebe”, afirma.

    E acrescenta: “Em termos práticos, vemos o decresci- mento da ingestão de álcool, uma redefinição da alimentação caseira, o crescimento dos snacks e o consumo consciente, tanto de produtos com selos sustentáveis quanto aqueles para dietas restritivas”.

    “Eu me considero uma jovem senhora porque não costumo praticar as mesmas atividades ou frequentar os mesmos lugares que as pessoas da minha idade. Não vou a bares, baladas e não bebo”, conta Mariane Silva, 31, designer gráfica.

    O grupo das jovens senhoras aumentou em número de adeptas após a pandemia, quando houve uma mudança social e comportamental, apontam as especialistas Vanessa Amorim, psicóloga com foco em terapia cognitiva-comportamental, e Simone Jorge, doutora em ciências sociais e professora universitária.

    Tais transformações são também influenciadas por dificuldades econômicas — parte da geração com mais de 30 anos vive na casa dos pais, onde podem juntar dinheiro e ter uma vida confortável.

    “Esse movimento começou em 2008 com a crise econômica. A gente vive uma crise geracional em que os nossos pais, os nossos avós, tinham mais facilidade de comprar um imóvel, de pagar sua própria universidade, e isso foi ficando cada vez mais difícil”, afirma a psicóloga Vanessa Amorim.

    “Eu prefiro rolês que não sejam de virar a noite, principalmente porque tem que pegar transporte público. Eu canso rápido das coisas e das interações sociais, então prefiro que dê para ir embora logo”, conta Luísa Marcelino, 23, designer editorial. Ela destaca também a importância de ter lugar para sentar e o que comer nos lugares que frequenta.

    Mariane assina embaixo— conta que prefere ira lugares mais intimistas e que tenham sempre onde sentar. Ela diz que o conceito de jovem senhora também está ligado aos seus hobbies.

    “Gosto de praticar atividades manuais, tipo bordado, aproveitar a paz do lar para poder assistir a filmes, séries, aproveitar esse aconchego de lar”, afirma.

    Isabela Borrelli diz ser a pessoa que vai rejeitar qualquer rolê em que precise ficar horas em pé. Só abre exceções para alguns shows, mas conta que leva sempre um remédio para dores na bolsa. “Se não tiver um lugar onde sentar, eu vou ficar com dor na lombar, é muito desagradável, não gosto”, diz a editora. O mesmo vale para bebida alcoólica, algo que Borrelli nunca apreciou muito. O álcool, ela diz, interfere na sua rotina e estilo de vida, que prioriza atividades tranquilas e saudáveis e prática regular de exercícios físicos.

    Ao analisar o fenômeno, a psicóloga Vanessa Amorim lembra que a pandemia trouxe fobia social, sedentarismo e dificuldades de relaciona- mento devido ao isolamento e à dependência da tecnologia. E que esses comportamentos refletem mudanças significativas na forma como os jovens encaram a vida, buscando alternativas mais conscientes.

    GESTÃO E CARREIRA

    A CADA DEZ GESTORES, OITO ACEITAM AVALIAR MUDANÇAS DE CARREIRA

    Se em 2023, vivemos um tempo de correção da economia, 2024 pode ser o ano da virada

    De cada dez profissionais que receberão bônus este ano, oito estão abertos a escutar novas propostas e, quem sabe, mudar o próprio caminho profissional. Os melhores mercados para contratações devem ser Infraestrutura, Consumo, Serviços e Tecnologia, seguindo as tendências dos últimos anos.

    No ano passado, o Brasil foi o país que mais se beneficiou dos investimentos externos, com 41% do total de valores estrangeiros que vieram para a América Latina, seguido por México, Colômbia e Chile. Estamos mais interessantes que a China e a Rússia, competindo com mercados mais jovens, como o próprio México e a Índia. Mesmo ante um mercado apreensivo, com cenários de conflitos mundiais, crescemos 2,9% no PIB.

    Foi um ano que, apesar dos pesares de um novo governo e de incertezas que a mudança no direcionamento da gestão causou, tivemos boas contra- tações, vivemos uma certa dança das cadeiras causada pela busca de flexibilidade e, por isso, pelo aumento de contratações por projeto. Outra herança da pandemia e do home-office: temos profissionais mais ocupados, hoje, com o seu bem estar profissional e pessoal no longo prazo.

    Com a volta dos IPOs – a bolsa, segundo os estudiosos, tem tudo para atingir sua máxima histórica em 2024 – e um foco maior dos investimentos estrangeiros, o Brasil deve viver um período de ainda mais crescimento. Vale a pena enfatizar que muitas dessas mudanças são cíclicas.

    Se em 2021 ainda estávamos nos recuperando da pandemia e entendendo novos modelos de negócios e, em 2022, tivemos que dar alguns passos para trás, aguardando o que o novo governo nos traria, no ano passado, o trabalho foi de organizar o background e entender as mudanças que vieram. Agora, com o dever de casa feito, o momento pode ser o melhor para crescer. E podem, por isso mesmo, ser o grande ano da virada na carreira.

    Historicamente, anos de eleição são um tempo de es- pera. Os mercados estão mais apreensivos, especialmente quando um novo governo entra no poder e precisamos entender qual será a lógica da economia. A partir daí, temos, na sequência, um ano de organização seguido de um ano de crescimento, para então entrarmos em uma nova retraída, aguardando outras eleições.

    Estamos, hoje, vivendo esse terceiro momento, e já podemos traçar um perfil do mercado.

    Além de uma maior confiança no sistema e um otimismo, ainda que reservado, causado pelos novos perfis de investi- mento, a partir de 2024, te- remos, muito provavelmente, uma seniaridade no perfil das contratações. Isso significa que a busca por profissionais mais experientes e, portanto, ainda mais capacitados, deve aumentar.

    Com a promessa de crescimento, vem a necessidade de mais estratégia e de um posicionamento mais agressivo. Nesse cenário, a experiência fala mais alto, com a necessidade de uma tomada de decisão mais rápida e, ao mesmo tempo, mais arrojada – o cavalo vai passar encilhado e as organizações precisam de profissionais que estejam aptos a agarrar as oportunidades.

    Se esse é o seu perfil profissional, essa é a hora de você se mostrar. Se você precisa de um profissional assim na sua organização, pode ser o momento de procurar. Os matchs certos trarão bons frutos, sabemos disso. E, talvez, tudo que você precisa é estar no lugar certo e na hora certa.

    MARCELO ARONE – É headhunter e especialista em processos de transformação e profissionalização de companhias  https://optme.com.br.

    EU ACHO …

    O SÉCULO 21 É UMA HUMILHAÇÃO

    Imagino que nossos descendentes, se existirem, vão nos considerar ridículos

    É comum se lamentar que es- tamos polarizados. Estamos, sim, e não deveremos superar essa fratura neste século. Pelo contrário, deve piorar. No Brasil e no mundo, aqueles que falam em nome da democracia são os mesmos que alimentam a polarização desde o início.

    A política, quando militante, é sempre febril. Sempre foi. As redes só ampliaram a capilaridade desse ódio político e o tornaram visível como a luz do Sol. Na democracia, a soberania é popular, e o povo gosta de desentendimentos militantes quando faz política. A intenção é aniquilar o inimigo. A condição da política é como um espetáculo circense em que se usa armas de verdade. Política sempre foi um circo, hoje a palhaçada está aniquilando a fé pública nas instituições.

    Comparado à direita, hoje, o PT é anacrônico na sua operação. A direita atual detém o monopólio do fazer político pós-moderno. A direita é populista, a esquerda é histérica A tendência da política é se radicalizar cada vez mais, e, por isso mesmo, o ódio crescerá entre aqueles que se julgam a favor ou contra a história. A democracia hoje tende à violência entre populismo e histeria. A direita cospe quando fala, esquerda é uma farsa moral.

    É engraçado quando alguém usa argumentos do tipo “estou do lado certo da história”. Este argumento foi usado tanto por nazistas quanto comunistas no século 20.A história não tem lado certo porque ela não tem sentido algum. Esse argumento é pura retórica fajuta para deslegitimar quem está do outro lado que não o seu.

    A direita hoje detém o anseio das populações que se sentem prejudicadas pelo discurso elitista da esquerda gourmet —a única que sobrou. Grande parte da população está de saco cheio, na Europa e nos Estados Unidos, dos riquinhos que querem imigração ilegal para pagarem babás e empregadas baratas. Nos Estados Unidos, a classe média alta, graças à turma que atravessa a fronteira vindo do México quase morrendo —e para a qual os inteligentinhos aqui derramam lágrimas de crocodilo—, pode usufruir de serviçais mais baratos. Quem disser o contrário é mentiroso ou não sabe nada da realidade americana. Daí os riquinhos votarem nos democratas, hoje partido da elite americana. Já os americanos pobres, que poderiam ser esses serviçais, ou aceitam salários menores —que em comparação com o Brasil são verdadeiros salários maravilhosos— como os ilegais, ou ficam sem emprego. Quando votam em Donald Trump, os inteligentinhos os xingam. Mas a opção deles é racional com ou sem xingamentos da elite.

    Já no Brasil, o povo está de saco cheio de se ferrar na mão de bandidos e usuários de drogas defendidos pela moçada riquinha dos direitos humanos, de ver suas concepções de vida serem humilhadas pelos que acham que ou você aceita a “revolução de gênero” e similares ou você é um lixo cultural, enfim, cansados de se- rem considerados o esgoto da inteligência política. E isso não deve mudar. Uma vez tendo aprendido a rota da militância por meio do uso das redes, o povo de direita não vai recuar, por isso, é fundamental regular as redes, certo?

    Veja duas pautas na moda. Uma é o baseado do bem. Imagine que fumo um de vez em quando e que, obviamente, compro do narcotráfico. Não seria lógico supor que, mesmo que meu baseado seja legal, continuo a alimentar o narcotráfico? Não seria mais lógico legalizar as drogas e pronto? Por que não? Já sei: quem sabe o narcotráfico e seus representantes nos poderes da República não queiram perder seus lucros infinitos. Pagar impostos sempre foi para os fracos. Os iluminados da elite intelectual não toleram a imbecilidade obscurantista da imensa maioria do povo brasileiro que é contra o aborto. Disfarçam sua condescendência arrogante para com esses ignorantes falando em “educação”. Por que? Porque supõem que quem não concorda com o princípio liberal da escolha individual —por trás dos que são a favor da escolha individual pelo aborto— é gente estúpida. Imagino que nossos descendentes —se existirem— vão nos considerar ridículos com nossas “afetações ideológicas”. O século 21 ainda vai nos humilhar muito.

    LUIZ FELIPE PONDÉ – É escritor e ensaísta, autor de ‘Notas sobre a Esperança e o Desespero’ e ‘Era do Niilismo’. É doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo

    ESTAR BEM

    REMEDIAR OU NÃO, EIS A QUESTÃO …

    Corrente de pessoas que se recusam a tomar remédio se contrapõe ao uso desenfreado de medicamentos impulsionado pela indústria farmacêutica

    Os cartazes coloridos anunciam em letras garrafais a palavra que faz tremer as bases e provoca cócegas na palma da mão de muita gente, impaciente para sacar logo a melhor forma de pagamento e aproveitar a oferta. Como o psiquiatra Bruno Brandão ressalta, não é incomum ser acossado pelos mais variados tipos de “promoções” de medicamentos nos dias atuais, e isso nem vem de hoje.

    “Essa é uma pergunta polêmica, e imagino que você já saiba a resposta”, inicia, antes de se mostrar incomodado com o fato de que a mesma estratégia para comercializar bombons e sabonetes sirva para vários remédios.

    “É inegável que existe uma pressão da indústria farmacêutica para que as pessoas consumam mais medicamentos. Nós, médicos, precisamos tomar cuidado com essa questão, assim como o paciente que, indiretamente, é levado a isso por meio da publicidade”, sustenta.

    Em março, dados da consultoria Redirection lnternational mostraram que a indústria farmacêutica movimentou cerca de R$ 190 bilhões em 2023, mantendo-se no topo das que mais investem globalmente, seguida pela indústria da tecnologia, ao financiar pesquisas para o desenvolvimento de remédios. “Obviamente, ela vai querer um retorno de todo esse investimento bilionário”, observa o psiquiatra, que atribui o “consumo desenfreado” também ao “excesso de informações distorcidas’’.

    Talvez como uma reação a essa mercantilização da saúde, muitas pessoas passaram a rejeitar rigorosamente o uso de medicamentos, o que gerou um movimento para a outra extremidade. Nesse caso, Brandão verifica uma repetição da polarização política que tem se espalhado pelo mundo. “Ter a máxima cautela na hora de tomar um medicamento é bacana, mas isso é diferente de condenar, ser contra. É preciso buscar o caminho do meio. Tem gente que, ao menor desconforto, com uma leve dor de cabeça, já se refugia nos remédios. Mas, se você tem uma recomendação, que foi feita por meio de um diagnóstico, não só pode como deve tomar o remédio”, diz.

    Brandão alerta sobre o fato de que “qualquer excesso édeletério para a saúde”. “Se você tem uma doença e está seprivando do tratamento, está colocando a sua saúde em risco da mesma forma que seestivesse tomando um remédio sem necessidade. “Nesse ponto, o psiquiatra apresenta uma explicação bastante didática. “Todo medicamento tem efeito colateral e contraindicação. Vale a pena tomar remédio quando os benefícios superam os riscos. Se você está tomando remédio sem necessidade, não vai ter nenhum benefício e vai ficar apenas com os riscos dos efeitos colaterais”, pontua. A prática de um estilo de vida saudável é, ainda, o melhor remédio.

    Alimentação balanceada, atividade física para sair do sedentarismo, dar vazão a tudo que auxilia eevitar tudo que prejudica o sono formam, basicamente, o tripé que o especialista define como “estilo de vida saudável”. “Para muitas pessoas, esses comportamentos serão suficientes para regularizar a saúde, e elas conseguirão viver sem medicamentos; mas, para outro grupo, ainda assim serão insuficientes”. No entanto, só o fato de inserir no dia a dia essa “filosofia” tende a diminuir a necessidade de recorrer às medidas farmacológicas. “Na prática, as pessoas usam remédios para corrigir um estilo de vida disfuncional, ou acreditam que apenas um estilo de vida saudável será suficiente. É preciso buscar o equilíbrio”, orienta.

    BALANÇA

    Conhecer os efeitos colaterais, os prováveis benefícios e as contra indicações dos medicamentos, que podem estar relacionadas a doenças cardíacas, respiratórias e até a perigosas reações alérgicas, éde “fundamental importância”, assim como o chamado “perfil de interação”. Essas avaliações são concernentes aos profissionais da área, o que leva ao forte desaconselhamento da propalada automedicação. “Se a pessoa já faz uso de um anti-hipertensivo, por exemplo, pode diminuir a eficácia ou potencializar o efeito de um antidepressivo. O médico se atenta para tudo isso antes de prescrever uma medicação, mas a pessoa que se automedica, muitas vezes, não”, reforça. Brandão acredita que essa balança ainda está pendendo para o lado das pessoas que se medicam sem o devido critério. ”Tem muita gente resistente, que precisava estar medicada e não está, mas, de um modo geral, as pessoas estão se medicando mais, não sei se da forma correta”, pondera.

    ESTIGMA SOBRE SAÚDE MENTAL INFLUENCIA NA RESISTÊNCIA A REMÉDIOS

    Um paciente que vai ao oftalmologista e recebe uma receita para usar óculos dificilmente vai alegar que prefere enxergar mal. Um cardiopata ou alguém com uma infecção também tem menos chances de escolher a morte ou o agravamento da doença em detrimento do uso de antibióticos. Esses exemplos são utilizados pelo psiquiatra Bruno Brandão para afirmar que “a resistência a medicamentos acontece, principalmente, na área de saúde mental”, o que ele atribui a um preconceito sociocultural arraigado”. Esse estigma que recai sobre a saúde mental, como se fosse uma fraqueza de caráter, e não uma doença”, é um tabu a ser superado, urna vez que influencia na resistência a remédios. Brandão aponta que a diabetes, por exemplo, é diagnosticada dimensionalmente, ou seja, por meio de uma espécie de média analítica. “Você avalia a glicemia do paciente e faz uma estimativa. Mas todo mundo, em algum momento da vida, pode ter uma glicemia mais alta ou mais baixa, porque ela oscila”, destaca. O mesmo procedimento vale para a saúde mental. ”Precisamos recolher e observar um conjunto de sintomas que acompanham a pessoa ao longo de um período, gerando prejuízos funcionais e sociais que levam ao sofrimento'”, sublinha. A dificuldade estaria no fato de que “todo mundo experimenta esses sintomas ao longo da vida”, o que exige um rigoroso estudo médico.

    Brandão considera primordial diferenciar sentimento de transtorno. “Antidepressivo não trata tristeza, isso é a vida acontecendo, não somos uma árvore, temos emoções. O que tratamos é transtorno”, ratifica.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    O DESEJO AO LONGO DA VIDA: UMA PERSPECTIVA FREUDIANA

    Segundo Freud, desejos sexuais passam por várias fases de desenvolvimento desde a infância

    Sigmund Freud, pioneiro da psicanálise, transformou profundamente nosso entendimento sobre o desenvolvimento humano, enfatizando a evolução dos desejos e interesses sexuais da infância à vida adulta. Seu trabalho nos permite compreender como a transformação de nossos desejos influencia nossa identidade e comportamento ao longo do tempo.

    Freud desafiou as concepções tradicionais de sexualidade, introduzindo a ideia de que esta não surge apenas na puberdade, mas é uma dimensão central da experiência humana, presente desde o nascimento. Essa nova visão propõe que os desejos sexuais passam por várias fases de desenvolvimento desde a infância.

    FASES PSICOSSEXUAIS

    Freud identificou várias fases psicossexuais na infância: oral, anal, fálica, período de latência e genital – cada uma associada ao prazer em diferentes partes do corpo. Por exemplo, na fase oral, prazeres são encontrados em atividades como chupar e morder.

    Ele propôs que conflitos não resolvidos nessas fases podem influenciar a personalidade e os desejos sexuais na vida adulta, ou seja, uma fixação na fase oral pode resultar em traços de dependência ou gula.

    COMPLEXO DE ÉDIPO

    Um aspecto fundamental na teoria freudiana é o complexo de Édipo, vivenciado na fase fálica, no qual sugere-se que os meninos desenvolvem desejos incestuosos pela mãe e rivalidade com o pai, e as meninas, sentimentos semelhantes pelo pai. A resolução adequada deste complexo é vista como crucial para o desenvolvimento de uma identidade e sexualidade saudáveis.

    Com o início da puberdade, entra-se na fase genital, direcionando a sexualidade para o prazer sexual em relações heterossexuais. Para Freud, a capacidade de estabelecer relações amorosas e expressar a sexualidade de forma madura indica um desenvolvimento psicológico saudável.

    VIDA ADULTA

    Nessa fase, o desejo e sua expressão passam por transformações significativas, refletindo a maturação psicológica e as complexidades das experiências vividas. A fase genital, estendendo-se pela vida adulta, marca o ápice do desenvolvimento psicossexual, onde os desejos se voltam para relações íntimas e produtivas. Entretanto, os desafios da vida adulta nos levam a novas descobertas sobre desejo, intimidade e identidade.

    Freud destacou que a maturidade sexual envolve não apenas a busca por prazer genital, mas também a habilidade de sublimar esses desejos em atividades socialmente produtivas e criativas. A sublimação, um mecanismo de defesa, permite a canalização de energia psíquica de desejos não realizáveis ou socialmente inaceitáveis para realizações em campos artísticos, científicos e intelectuais, enriquecendo assim nossa experiência humana.

    A vida adulta traz consigo o desafio de conciliar desejos profundos com as exigências da realidade e dos padrões morais estabelecidos pela sociedade. Freud identificou o superego – a parte da nossa psique que internaliza valores morais e sociais – como um moderador dos nossos desejos, frequentemente em conflito com o id, a fonte dos nossos impulsos mais primitivos, incluindo os desejos sexuais. Esse embate Interno entre o superego e o id pode manifestar-se sob a forma de neuroses e ansiedades, evidenciando a constante luta para equilibrar nossos instintos mais básicos com as restrições morais.

    KATIUSCIA LEÃO – Mestra em Sexologia Clinica pela ISEP-MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES-Homens Emocionalmente Sarados

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    O TIPO MAIS COMUM DE CÂNCER DE PELE

    Carcinoma basocelular exige atenção por ser facilmente confundido com outra doença

    O carcinoma basocelular é a forma mais comum de câncer de pele. Mas é preciso estar atento porque ele é facilmente confundindo com outros problemas dermatológicos. Os médicos muitas vezes descobrem a existência da doença durante um exame cutâneo de rotina, segundo Melissa Piliang, chefe do departamento de dermatologia da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, em entrevista ao jornal “The New York Times”.

    Em uma postagem no Facebook esta semana, Richard Simmons, comediante e personalidade de saúde e bem-estar americano, anunciou que havia recebido tratamento para a doença, após notar um “caroço de aparência estranha” no rosto, sob um dos olhos. O carcinoma basocelular geralmente aparece após exposição à radiação UV através da luz solar, câmaras de bronzeamento artificial ou lâmpadas solares.

    A doença, que é mais comum em adultos com mais de 40 anos, é resultado de exposição crônica e cumulativa, de acordo com Karen Connolly, dermatologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York. A doença ocorre nas células basais, encontradas na epiderme, a camada externa da pele, e são comuns em áreas do corpo mais expostas ao sol: normalmente cabeça, rosto, pescoço e braços, explica Paras Vakharia, professor assistente de dermatologia na Northwestern Medicine, em Chicago, nos EUA. Na maioria das vezes, as lesões são rosadas e peroladas, e parecem um pouco brilhantes. Às vezes, podem ser marrons, azuis ou cinza. As lesões também podem sangrar facilmente, até mesmo quando o paciente simplesmente lava o rosto. O carcinoma basocelular costuma ser confundido com cicatrizes de espinha, pequenas lesões cutâneas, manchas, verrugas ou sardas. Ele é mais comum, porém muito menos mortal do que outra forma de câncer de pele, o melanoma, que cresce nas células da pele chamadas melanócitos, que ficam na camada interna da pele.

    MELANOMA É MAIS PERIGOSO

    O melanoma é mais perigoso porque cresce rápido e se espalha para outras partes do corpo se não for tratado. Geralmente, ele parece mais escuro ou mais marrom do que o carcinoma basocelular.

    Os carcinomas basocelulares raramente são fatais e são facilmente curáveis, mas é importante diagnosticar a doença o mais rapidamente possível. Um dos tratamentos é a cirurgia de Mohs, na qual os médicos removem finas camadas de pele, uma de cada vez, para eliminar lesões cancerígenas. Em outros casos, é realizado o procedimento chamado de “eletrodessicação e curetagem” ou “queimadura e raspagem” dos crescimentos da pele.

    Segundo Paras Vakharia, há evidências crescentes que ligam o bronzeamento artificial a um risco aumentado de melanoma. Quem teve muita ao sol ao longo da vida e sofreu queimaduras solares tão intensas que causaram bolhas ou tem histórico familiar de câncer de pele deve consultar um dermatologista para um exame básico de pele. Em geral, as pessoas deveriam reservar um tempo para examinar a pele, como sugere Karen Connolly, para “garantir que não há nada novo crescendo e mudando rapidamente”.

    OUTROS OLHARES

    DOSE TARDIA

    Uso abusivo de álcool aumenta entre idosos, no Brasil e nos EUA

    Um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool. Além disso, 6,7% (aproximadamente 2 milhões de idosos) relatam ingerir diversas doses em sequência, formando um padrão de consumo abusivo e extremamente prejudicial conhecido como binge drinking. E 3,8% (mais de 1 milhão) costumam beber, em uma semana típica, entre sete a 14 doses por semana, quantidades que podem colocar em risco a saúde.

    As informações são de um estudo conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado nas revistas científicas Substance Use & Misuse e BMJ Open. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), os números mostram que o consumo de bebidas pelos idosos no Brasil pode ser considerado um problema de saúde pública. E esse cenário não é exclusivo do país.

    Nos Estados Unidos, as autoridades de saúde pública também estão cada vez mais alarmadas com o consumo de álcool dos idosos. O número anual de mortes relacionadas como álcool de 2020 a 2021 ultrapassou 178 mil, segundo dados divulgados recentemente pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Isso representa mais mortes do que todas as overdoses por drogas somadas.

    Uma análise do Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo mostra que as pessoas com mais de 65 anos representavam 38% desse total. De 1999 a 2020, o aumento de 237% nas mortes relacionadas com o álcool entre aqueles com mais de 55 anos foi superior ao de qualquer grupo etário, exceto entre aqueles com 25 a 34 anos. Para George Koob, diretor do instituto que conduziu o estudo, os americanos não conseguem reconhecer os perigos do álcool.

    “O álcool é um lubrificante social quando usado dentro das diretrizes, mas não creio que eles percebam que, à medida que a dose aumenta, ele se torna uma toxina. E é ainda menos provável que a população mais velha reconheça isso”, afirma. O crescimento no número de idosos é responsável por grande parte do aumento nas mortes, diz Koob. O envelhecimento da população aponta para uma alta contínua que preocupa prestadores de serviços de saúde, mesmo que o hábito de beber desse grupo não mude.

    Mas o fato é que ele parece estar mudando. A fatia de pessoas com mais de 65 anos que declara ter consumido álcool no último ano (cerca de 56%) e no último mês (cerca de 43%) fica abaixo dos outros grupos de adultos. Porém, bebedores mais velhos são muito mais propensos a beber com frequência (20 dias ou mais por mês) do que os jovens.

    Além disso, uma análise feita em 2018 concluiu que o consumo excessivo de álcool (definido como quatro ou mais bebidas em uma única ocasião para as mulheres, cinco ou mais para os homens) aumentou quase 40% entre os americanos mais velhos nos últimos 10 a 15 anos.

    EFEITO COVID

    A pandemia claramente desempenhou um papel importante no aumento de casos de abuso de álcool. Segundo estatísticas do CDC, houve crescimento no número de mortes atribuídas diretamente ao consumo de álcool, de atendimentos de emergência associados ao hábito e das vendas de bebida alcoólica per capita entre 2019 e 2020, à medida que a Covid-19 se espalhava.

    “Muitos fatores de estresse nos impactaram bastante, principalmente o isolamento e as preocupações de adoecer. Os dados indicam a tendência de beber mais para lidar com esse estresse”, constata Koob.

    Os pesquisadores também citam um fenômeno chamado efeito de coorte, isto é, variações nos resultados do estudo em grupos específicos. Segundo Keith Humphreys, psicólogo e pesquisador de dependência em Stanford, os boomers (pessoas nascidas entre as décadas de 1940 e 1960) são uma geração que “usa mais substâncias”, em comparação com aqueles que vieram antes e depois deles, e parecem não abandonar seu comportamento juvenil.

    Estudos mostram também uma redução da diferença de gênero, uma vez que as mulheres têm sido as impulsionadoras da mudança nessa faixa etária.

    De 1997 a 2014, o consumo de álcool aumentou em média 0,7% ao ano entre os homens com mais de 60 anos, enquanto o uso abusivo ficou estável. Entre as mulheres mais velhas, a ingestão cresceu 1,6% anualmente, e o abuso avançou 3,7%.

    “Ao contrário dos estereótipos, as pessoas instruídas da classe média alta têm taxas mais elevadas de consumo de álcool. Nas últimas décadas, à medida que as mulheres foram ficando mais instruídas, elas ingressaram em locais de trabalho onde beber era normativo, e também tinham mais renda disponível. Quando se aposentam, elas agora têm maior probabilidade de beber do que as suas mães e avós”, explica o psicólogo.

    No entanto, o consumo de álcool representa um impacto ainda maior para os idosos, especialmente para as mulheres, que ficam intoxicadas mais rapidamente do que os homens porque são menores e têm menos enzimas intestinais que metabolizam a substância.

    Os idosos podem argumentar que estão apenas bebendo como sempre fizeram, mas as quantidades equivalentes de álcool têm consequências muito mais desastrosas para os mais velhos, cujos corpos não conseguem processá-lo tão rapidamente, alerta David Oslin, psiquiatra da Universidade da Pensilvânia.

    “O excesso causa redução do tempo de resposta do pensamento e da capacidade cognitiva à medida que o paciente envelhece”, esclarece.

    Já muito associado a doenças hepáticas, o álcool também agrava doenças cardiovasculares e renais, se você bebe há muitos anos, além de causar um aumento na incidência de certos tipos de câncer, adverte Humphreys. Segundo ele, beber contribui para quedas, uma das principais causas de lesões em idosos, e perturba o sono.

    Os idosos também tomam muitos medicamentos prescritos e o álcool interage com vários deles. Essas interações são comuns com analgésicos e soníferos, como os benzodiazepínicos, às vezes causando sedação excessiva. Em outros casos, a bebida pode reduzir a eficácia de um remédio.

    Para combater o uso indevido de álcool entre os idosos, uma das propostas em discussão nos EUA é aumentar o imposto federal sobreo álcool, pela primeira vez nas últimas décadas.

    FERRAMENTAS

    Os tratamentos para o uso excessivo de álcool, incluindo psicoterapia e medicamentos, não são menos eficazes para pacientes mais velhos, esclarece Oslin.

    “Na verdade, a idade pode garantir uma resposta positiva. Além disso, o tratamento não significa necessariamente ter que se abster. Trabalhamos para moderar o consumo”, argumenta.

    Dean Nordman, um engenheiro elétrico aposentado e viúvo, que morava sozinho e desenvolvia sintomas de demência, bebia meio litro de uísque por dia quando foi hospitalizado aos 77 anos, depois de perder a consciência, em 2011. Seu filho, Doug, só descobriu o alcoolismo do pai ao atender uma ligação do pronto-socorro.

    Doug, a quem seu pai apresentou a cerveja aos 13 anos, bebia muito e chegava ao ponto do desmaio quando era estudante universitário. Depois dessa fase, passou a beber socialmente.

    Mas ao ver seu pai recusar ajuda, “percebi que isso era ridículo”, relembra. O álcool poderia agravar a progressão do declínio cognitivo e ele tinha histórico familiar. Doug continua sóbrio desde aquele telefonema, há 13 anos.

    GESTÃO E CARREIRA

    CINCO TENDÊNCIAS GLOBAIS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

    Nos últimos anos, com a chegada da pandemia e a mudança obrigatória no comportamento da população, o mercado de trabalho global presenciou uma transformação extremamente acelerada – nunca antes vista de forma tão perceptível em qualquer outro momento da história

    Essas alterações, que já eram pensadas e até praticadas por países desenvolvidos, se tornaram a única maneira da sociedade emergente se manter erguida, como foi o caso do Brasil. Hoje, no mundo do recrutamento e seleção, algumas tendências originadas na Europa e Estados Unidos já fazem parte do dia a dia dos brasileiros.

    No entanto, Ana Paula Prado, CEO da HR Tech Infojobs e porta-voz do Pandapé, software de RH, explica que ainda há um longo caminho pela frente para nos igualarmos a esses cenários: “O aspecto cultural é o que mais pesa para a total transformação dos processos. Além disso, características tecnológicas e legais ainda precisam ser desenvolvidas”.

    Para discorrer sobre o assunto, a especialista lista cinco tendências globais de recrutamento e seleção que moldam a forma como as empresas atraem e contratam profissionais qualificados. Confira:

    DIVERSIDADE E INCLUSÃO

    Enquanto a diversidade e a inclusão no local de trabalho é uma prioridade para muitas organizações de países desenvolvidos, no Brasil, segundo um estudo do Infojobs, 50.6% dos profissionais acreditam que o assunto fica apenas nos discursos de marketing das empresas. Muitas nações europeias, por exemplo, têm leis rigorosas contra discriminação e incentivam a igualdade de gênero e diversidade em suas práticas de recrutamento.

    RECRUTAMENTO REMOTO

    A livre circulação de trabalhadores dentro da União Europeia resultou em uma mobilidade significativa de mão de obra, com profissionais de diferentes países competindo por vagas de emprego. No Brasil, com a pandemia, muitas empresas também descobriram a possibilidade de encontrar talentos em qualquer lugar do mundo, aproveitando as tecnologias de vídeo chamada e ferramentas de colaboração online.

    ÊNFASE EM COMPETÊNCIAS E REALIZAÇÕES, NÃO EM INDICAÇÕES

    O Brasil é conhecido por dar grande importância às relações pessoais no processo de recrutamento. Indicações e referências são frequentemente utilizadas, e a confiança mútua desempenha um papel significativo na contratação. Nos Estados Unidos, o foco está nas competências e realizações dos candidatos. As empresas costumam usar sistemas de rastreamento de candidatos (Applicant Tracking Systems) para filtrar as possibilidades com base em palavras-chave.

    INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E MACHINE LEARNING EM ASCENSÃO

    Os Estados Unidos estão na vanguarda da inovação em recrutamento com IA e Machine Learning. Muitas empresas americanas utilizam algoritmos de forma abrangente para triagem, análise de currículos e até mesmo para realizar entrevistas iniciais por meio de chatbots. Por aqui, essas tecnologias ainda são novidades e são utilizadas principalmente por grandes companhias.

    LEIS MENOS RÍGIDAS

    O Brasil tem regulamentações trabalhistas complexas, o que afeta o processo de recrutamento. A legislação rígida em relação à contratação, demissão e benefícios requer que as empresas estejam cientes de suas obrigações legais. Nos Estados Unidos, por exemplo, as leis são geralmente mais flexíveis, com menos proteção ao emprego e um maior foco na negociação individual de contratos.

    Fonte e outras informações: (https://www.infojobs.com.br

    EU ACHO …

    CANTADA DO ADEUS

    Os recursos de charme e de carisma que você usou na hora de conquistar alguém terão que ser adotados em dobro para se separar.

    A separação é sedução. Talvez seja o momento de maior paciência, calma e entrega da sua vida.

    Se você conversou longamente para namorar, com sucessivos encontros românticos, disposto a firmar intimidade, precisará recuperar o fôlego para a empreitada espinhosa que é cortar os laços.

    Sair sozinho pela porta cansa mais do que merecer entrar a dois no quarto.

    Serão jantares sem fome, serão bares sem drinques, serão pausas tensas e tediosas. Terá que se justificar gradualmente, para a outra parte não se sentir ofendida, magoada, descartada.

    Terá que pensar demoradamente cada palavra, cada expressão facial, para não pôr tudo a perder com antigas discussões e desentendimentos. É um hercúleo desafio de agradar e não faltar com a verdade, de confortar e ser sincero.

    Cabe a ambos se ampararem diante do fim dos sonhos.

    Quem pede a ruptura e quem se vê obrigado a acatá-la se encontram no mesmo patamar de frustração.

    É o que chamo de cantada do adeus, para conservar pelo menos a amizade depois de muito tempo lado a lado.

    Ninguém se divorcia num passe de mágica, com desprezo ou com indiferença. É uma construção da destruição.

    Quem já desmanchou uma casa para aproveitar um terreno sabe que dá tanto trabalho quanto levantar uma residência.

    Exige um período de remoção dos alicerces, de retirada das vigas, de preservação das lembranças felizes, de aceitação da distância, de transformação dos projetos coletivos em propósitos individuais.

    Requer que se desfaça a simbiose da cama, do sofá, da mesa, dos passeios, das viagens, já que o outro era a extensão e o complemento dos seus dias. Requer que se demonstre gratidão pelos ombros e colos nos pesares e turbulências.

    É necessário se desligar pouco a pouco. Explicar aquilo que foi modificado nos sentimentos e nas emoções e que não permite seguir junto.

    Na maior parte das vezes, a dissolução de um casamento não advém do fato de não gostar mais do seu par, e sim de não gostar mais de si naquela convivência. Novas demandas levam o amor embora.

    Se o relacionamento não foi abusivo e tóxico, não adianta virar as costas, enfiar as roupas na mala. Deve existir o respeito de se despedir olhando nos olhos, e se desculpar sucessivamente por algo que não se tem culpa.

    Não podemos nos culpar por desamar de repente, mas sempre podemos garantir um epílogo digno ejusto.

    ESTAR BEM

    O QUE ESTÁ ATRAPALHANDO O SONO DAS MUI.HERES?

    Durante a transição para a menopausa, elas enfrentam uma série de alterações na hora de dormir

    Uma pesquisa apresentada em Davos 2024 pelo McKinsey Health Institute e pelo Fórum Econômico Mundial mostrou que as lacunas de saúde entre mulheres e homens poderiam reduzir o tempo que as mulheres passam com problemas de saúde em quase dois terços.

    Um dos exemplos citados pelo estudo é o caso da endometriose, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que cerca de 190 milhões de mulheres em idade reprodutiva no mundo tenham o diagnóstico, o que demonstra um potencial para tratamentos na ordem de USS 250 bilhões ao ano até 2040. Esse impacto financeiro está apoiado, sobretudo, na perda de produtividade e de rendimento resultante da doença.

    Por isso, o ecossistema organizacional vem desenvolvendo produtos e serviços voltados às necessidades femininas, principalmente nas áreas de saúde e bem-estar. A estimativa é que essas inovações voltadas para a qualidade de vida feminina transformem a vida de aproximadamente quatro bilhões de mulheres em todo o mundo e adicionem uma média de sete dias de vida saudável às suas vidas a cada ano. Ao longo da vida, isso pode equivaler a mais de 500 dias cheios de vitalidade e bem-estar.

    Endometriose, cólica, enxaqueca – todos podem ser associados à saúde da mulher. Incluindo a menopausa. Quase 40% das mulheres experimentam a menopausa/ perimenopausa e, para elas, os sintomas que a acompanham estão atrapalhando o sono de qualidade, destaca a Pesquisa Global do Sono da ResMed, de 2024, que entrevistou 18.389 mulheres.

    A apneia do sono, uma condição respiratória crônica que interrompe a respiração durante o sono, foi relatada por 25% das mulheres na perimenopausa no estudo. Isso foi particularmente prevalente em mulheres da índia (39%), China Continental (36%) e ERA de Hong Kong (32%).

    “Durante a transição para a menopausa, muitas mulheres enfrentam uma série de alterações no padrão de sono que podem impactar sua qualidade de vida de forma significativa. Na fase pré-menopausa é comum surgirem problemas como fragmentação do sono, aumento dos despertares noturnos e uma sensação geral de piora na qualidade do sono. Estes sintomas podem ser agravados pela frequente ocorrência das típicas ondas de calor e suores noturnos, que são sinais clássicos da menopausa, explica Sofia Furlan, especialista em fisioterapia respiratória e fisioterapia do sono da ResMed.

    HORMÔNIOS

    Além disso, é importante considerar que a diminuição dos níveis de progesterona, um hormônio crucial que estimula a musculatura respiratória, pode contribuir para o aumento da probabilidade de desenvolvimento de apneia obstrutiva do sono nesse período da vida. Outras mudanças hormonais, como a redução do estrogênio durante a menopausa, também podem afetar o ritmo circadiano, o sistema que regula os padrões de sono e vigília ao longo do dia. Isso pode resultar em dificuldades para adormecer, insônia e uma sensação de sonolência diurna. Todos esses fatores batem de frente com a necessidade de aumentar a produtividade, rendimento e atenção no mercado de trabalho e no dia-a-dia da mulher.

    Vale ressaltar que essas alterações no sono podem ter um impacto significativo na saúde física e mental das mulheres na menopausa, aumentando o risco de problemas como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios de humor, como ansiedade e depressão. “Com o sono sendo o terceiro pilar da saúde, ao lado da dieta e dos exercícios, priorizar o sono é uma das maneiras mais eficazes de melhorar sua saúde geral”, diz Carlos M. Nunez, diretor médico da ResMed.

    Por fim, o estudo global levantou que 50% dos entrevistados (36 mil) aumentaram a concentração ao dormirem bem, 51% observou uma melhoria na produtividade e 44% sentiram uma diferença positiva na saúde mental.

    DICAS PRECIOSAS

    Sofia Furlan lista algumas estratégias e mudanças de hábitos que podem contribuir na busca de um sono melhor da mulher durante a menopausa. Confira abaixo:

    ESTABELEÇA UMA ROTINA DE SONO REGULAR

    Tente ir para a cama e acordar todos os dias no mesmo horário, mesmo nos fins de semana. Isso ajuda a regular o relógio biológico e a melhorar a qualidade do sono.

    CRIE UM AMBIENTE PROPICIO PARA O SONO

    Mantenha o quarto fresco, escuro e silencioso. Considere o uso de cortinas blackout e tampões de ouvido.

    GERENCIE AS ONDAS DE CALOR

    Use roupas leves e opte por lençóis e cobertores respiráveis. Um ventilador ou ar condicionado também pode ajudar a aliviar os sintomas das ondas de calor.

    PRATIQUE TÉCNICAS DE RELAXAMENTO

    Antes de dormir, experimente técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação ou alongamento suave. Isso pode ajudar a reduzir o estresse e facilitar o sono.

    EVITE ESTIMULANTES À NOITE

    Limite o consumo de cafeína e evite alimentos pesados, picantes ou gordurosos antes de dormir, pois podem causar desconforto digestivo e dificultar o sono.

    PRATIQUE ATIVIDADE FÍSICA REGULARMENTE

    O exercício regular pode ajudar a melhorar a qualidade do sono. No entanto, evite atividades intensas perto da hora de dormir, pois isso pode interferir no sono.

    QUANDO INDICADO, CONSIDERE A REPOSIÇÃO HORMONAL

    Se os sintomas da menopausa estiverem afetando significativamente o sono e a qualidade de vida, converse com o seu (sua) ginecologista sobre a possibilidade de terapia de reposição hormonal. Isso pode ajudar a equilibrar os níveis hormonais e aliviar os sintomas.

    CONSULTE UM ESPECIALISTA EM SONO

    Se os problemas de sono persistirem, consulte um especialista em sono. Eles podem realizar uma avaliação abrangente e recomendar estratégias personalizadas para melhorar o sono durante a menopausa.

    A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

    MUDAR DE IDEIA: UM MOMENTO PARA CRESCER

    Cérebro humano tende a permanecer no que é familiar e seguro, mas há estratégias para “driblar a mente”

    “Modinha para Gabriela” ou “Metamorfose Ambulante”? A primeira música, escrita por Dorival Caymmi, fala de uma pessoa com a ideia imutável sobre si mesma (Eu nasci assim/ Eu cresci assim/ Eu sou mesmo assim/ Vou ser sempre assim). Já a segunda canção, de Raul Seixas, conta a história de alguém que prefere estar em constante mudanças, “do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Quando o assunto é mudar de ideia, você se identifica maiscom qual das músicas?

    Seja qual for a sua resposta, ela pode dizer muito sobre a sua personalidade – mas não há nada de errado nisso. Existem vantagens tanto em ter ideias consolidadas sobre algo, pois isso pode fortalecer seus ideais e valores, quanto em ter a disposição para mudá-las sempre que necessário, uma vez que demonstra capacidade de abertura para crescimento pessoal, conforme a psicóloga e mentora de carreira Viviane Rogêdo.”Estar rígido em relação a opiniões e pensamentos nos deixa engessado se pode nos impedir de ver novos caminhos, possibilidades e oportunidades de desenvolvimento e crescimento”, aponta.

    O melhor caminho a ser trilhado passa, fundamentalmente, pelo equilíbrio de ambas as circunstâncias. Na visão de Viviane, quando uma pessoa segue uma “firmeza saudável de convicções”, ela terá “coragem para flexibilizar e dizer ‘não’ nos momentos mais adequados e casados com os objetivos dela”, pontua. Ainda assim, a psicóloga chama a atenção para momentos em que a resistência a transformações pode impactar diretamente no bem-estar mental das pessoas, especialmente quando uma mudança é inevitável. E o local onde ela mais percebe essa relação é em seu consultório.

    “Muitas pessoas sofrem ao perceber que existem caminhos diferentes daqueles que elas sempre trilharam. Normalmente, são pessoas que vivenciam as mesmas coisas em situações diferentes, o chamado ‘looping existencial’. São pessoas que terminam um relacionamento, trocam de emprego, afastam de familiares e amigos, quitam dívidas e, em pouco tempo, se percebem voltando a viver as mesmas coisas. Isso gera frustração e afeta a saúde emocional delas”, avalia.

    NEUROCIÊNCIA EXPLICA

    Mudar de ideia sobre determinado assunto ou posicionamento, no entanto, nem sempre é fácil. A neurociência explica: o nosso cérebro tem uma tendência natural para a familiaridade e imutabilidade. Dessa forma, quando encontramos resistência diante de uma situação que exige mudança, é o nosso principal órgão do sistema nervosoentrando em ação para voltar à segurança.

    “O nosso cérebro assimila aprendizados ao longo de nossa história, e, por isso, existe a dificuldade de mudar. Isso significa medo da mudança, insegurança de qual caminho seguir e um convite do nosso cérebro para voltar ao estado anterior, que é mais cômodo. As pessoas se sentem incomodadas com a mudança também porque desorganiza todo o sistema delas”, avalia Viviane. Mas nem tudo precisa ficar do jeito que já está. A psicóloga aponta estratégias para ajudar alguém a reconsiderar suas posições e mudar de ideia. O primeiro passo é conseguir identificar qual looping existencial está sendo vivido. “Depois, é necessário ter clareza e consciência das perdas por não sair desse ciclo. Em terceiro lugar, é preciso entender o motivo pelo qual quer sair desse looping (o que vai ganhar), pois isso fará com que a pessoa seesforce na mudança de ideias”, evidencia.

    Afinal, manter-se sempre nas mesmas ideias pode levar a uma série de prejuízos, como “perda de oportunidades de crescimento e desenvolvimento no campo pessoal e profissional, de pessoas importantes e de oportunidades de assimilar novos aprendizados”, reitera a especialista. Além disso, a falta de flexibilidade pode levar a sentimentos de “angústia, paralisação, sofrimento mental, depressão e ansiedade”, segundo Viviane.

    SAÚDE EM EQUILÍBRIO

    ARROTAR É PRECISO

    Caso a pessoa não arrote, ela pode sofrer uma disfunção cricofaríngea retrógrada, doença que impacta significativamente a qualidade de vida

    Embora proibitivo para as regras de etiqueta, o ato (natural) de eliminar gases do estômago pela boca – ou seja, arrotar – é um indicativo de saúde estável. Afinal. trata-se de uma demanda fisiológica que, quando atendida por nós, só denota algo comum e necessário para o funcionamento do aparelho digestivo (em que pesem as ressalvas em relação aos “bons modos” sempre tão recomendáveis).

    O problema é justamente quando ocorre o contrário. Não arrotar ou mesmo arrotar pouco pode ser sintoma de Disfunção Cricofaríngea Retrógrada, uma patologia que impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Isso porque ela compromete a liberação dos gases que acumulamos no corpo, causando flatulência. dor e distensão abdominal e, até mesmo, dificuldade ou incapacidade de vomitar.

    Além de todo esse mal-estar físico, estudos também associam essa anomalia a quadros de alteração de humor, irritabilidade, ansiedade e inibição social.

    ORIGEM

    De acordo com a otorrinolaringologista Luciana Costa, do Hospital Paulista – referência em saúde de ouvido, nariz e garganta -, a origem do problema está em um músculo que fica na região do pescoço, entre a faringe e o esôfago.

    ‘Trata-se do músculo cricofaríngeo, principal responsável pelo componente contrátil que permite que o alimento siga da faringe para o esôfago. Ele relaxa quando ingerimos algo e mantém certa pressão em momentos de repouso, fechando-se para proteger as vias aéreas de um possível refluxo e da ingestão de ar durante a respiração “, explica a médica.

    Segundo ela, durante o reflexo de arrotar, esse músculo precisa relaxar para permitir o fluxo retrógrado de ar do estômago para a boca. Quando isso não acontece, os pacientes não conseguem arrotar, e o ar permanece preso no esôfago. “Isso provoca uma série de desconfortos físicos e também psicológicos que são efeitos atribuídos à Disfunção Cricofaríngea Retrógrada”, reitera.

    IMPACTOS

    Da parte psicológica em específico, Luciana destaca que avaliações de qualidade de vida associam o problema a pacientes com maiores taxas de ansiedade, isolamento social e diminuição da produtividade (dias de ausência no trabalho e/ou escola).

    “Em busca ele alívio, eles acabam fazendo modificações no estilo de vida, alteram seu regime de exercícios, limitam ou modificam sua dieta e evitam situações sociais. Essa situação, segundo relatos de pacientes, costuma ter início na adolescência e tende a piorar na idade adulta.”

    O diagnóstico, contudo, não é tão simples. Requer uma série de avaliações e não há um exame específico para tal – conforme explica a especialista. “O diagnóstico da disfunção cricofaríngea retrógrada é, atualmente, considerado um diagnóstico de exclusão e depende principalmente da história clínica. Ainda não existe um exame complementar que confirme a disfunção, embora haja diversas pesquisas sendo desenvolvidas nesse sentido.”

    Quanto aos tratamentos, a médica esclarece que o mais comum é por meio da aplicação de toxina botulínica, para enfraquecer o esfíncter esofágico superior (estrutura composta pelo músculo cricofaríngeo).

    Esse procedimento. quando indicado. é feito pelo otorrinolaringologista, no consultório por meio de eletromiografia ou no centro cirúrgico sob anestesia geral, usando uma técnica minimamente invasiva pela boca. O efeito ocorre imediatamente após a aplicação, com duração prolongada.

    OUTROS OLHARES

    1 EM 5 USUÁRIOS DE CANETAS EMAGRECEDORAS RECUPERA PESO

    Estudo monitorou efeitos da interrupção de tratamento contra obesidade com semaglutida e liraglutida após um ano

    Um ano após interromper o tratamento com os medicamentos de nova geração para perda de peso, cerca de 1 a cada 5 pessoas recupera 100% dos quilos perdidos. É o que mostra um novo levantamento conduzido por pesquisadores da Epic Research, nos Estados Unidos, com base nos dados clínicos de quase 40 mil americanos disponíveis na base Epic Cosmos.

    Ainda assim, os responsáveis destacaram que uma parcela considerável, cerca de 35%, continuou a emagrecer mesmo sem a droga. É o que apontou a pesquisadora Kersten Bartelt, da Epic Research, uma das responsáveis pela análise.

    “Isso sugere que esses medicamentos podem ter um impacto duradouro no controle do peso, mesmo após a cessação”, disse, ao portal especializado Healio, e acrescentou: “Pesquisas futuras poderiam se concentrar na compreensão das razões para a recuperação do peso após a descontinuação desses medicamentos e explorar os efeitos a longo prazo que eles têm no controle de peso e outros efeitos colaterais.

    O levantamento não foi publicado numa revista científica, portanto não foi revi- sado por pares. Mas traz um olhar sobre um amplo número de pessoas que fizeram uso da semaglutida (20.274 pacientes), vendida com o nome comercial de Ozempic e Wevovy, e da liraglutida (17.733 pacientes), vendida como Saxenda, para perder peso.

    Os responsáveis selecionaram do banco de dados indivíduos para os quais os remédios foram prescritos entre janeiro de 2017 e janeiro de 2023. Além disso, eles precisavam ter utilizado o medicamento por ao menos 90 dias (três meses), ter perdido ao menos 2,3 kg e não ter voltado a usá-lo no ano seguinte ao fim da terapia.

    Os resultados da análise indicaram que 17,7% dos pacientes que utilizaram a semaglutida, e 18,7% do grupo da liraglutida, recuperaram 100% do peso ou mais depois de 12 meses do uso. Outros 26%, em ambas as medicações, recuperaram de 25% a 100% do peso. Ao todo, aproximadamente 44% tiveram algum ganho com o fim do tratamento.

    No entanto, o levantamento também revelou que cerca de 35% continuaram a emagrecer. Destes, 19% chegaram a perder mais de 100% do que haviam perdido anteriormente. Outros 17%, no caso da semaglutida, e 16%, no da liraglutida, perderam entre 26% e 100% mesmo com o fim do uso dos medicamentos.

    Outros 20% oscilaram entre um ganho de até 24% ou uma perda de até 25% dos quilos eliminados no tratamento, o que os pesquisadores consideraram um cenário de manutenção do peso.

    OUTROS ESTUDOS

    As análises sobre as mudanças do peso após o fim do tratamento com os remédios como Ozempic, Saxenda e Wegovy têm sido frequentes, enquanto se busca entender se os medicamentos precisam ser administrados continuamente, já que a obesidade é uma doença crônica.

    Um estudo, publicado na revista científica Diabetes, Obesity and Metabolism, em 2022, avaliou 1.961 adultos que participaram dos testes clínicos da semaglutida. Após o período de 68 semanas (pouco mais de um ano) das injeções cutâneas semanais, eles perderam em média 17,3% do peso inicial.

    Em seguida, 327 voluntários foram acompanhados por mais um ano. No período sem a medicação eles recuperaram, em média, dois terços do peso perdido, o que levou a mudança final em relação ao peso inicial a ser de apenas 5,6%, em vez dos 17,3% do primeiro ano.

    “Os achados confirmam a cronicidade da obesidade e destacam a importância da manutenção do tratamento farmacológico a longo prazo”, escreveram os cientistas. O mesmo foi observado recentemente com a tirzepatida, substância do Mounjaro também indicada para emagrecimento de pacientes com obesidade. Em trabalho publicado na JAMA, 783 voluntários foram acompanhados por um período de aproximadamente nove meses. Nesse tempo, todos receberam o medicamento e perderam cerca de 20,9% do peso. Emseguida,670foramdivididos em dois grupos e avaliados por mais 52 semanas. O primeiro continuou a receber a droga, enquanto o segundo passou a receber placebo. No final desta segunda etapa, aqueles que permaneceram no remédio tiveram uma redução adicional de 5,5% do peso. Já os que interromperam o tratamento recuperaram, em média, 14% do peso.

    GESTÃO E CARREIRA

    REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO, É POSSÍVEL NO BRASIL

    A redução da jornada de trabalho é um assunto polêmico e que retorna ao debate no Brasil.

    A discussão não é nova, já que em 1995 foi apresentado o primeiro projeto de lei sobre o tema, mas recentemente o assunto ganhou força e passou a ser visto como uma aprovação possível no congresso.

    Praticado, estudado e testado em alguns países pelo mundo, o objetivo é promover o bem-estar e melhorar a qualidade de vida dos funcionários, com o consequente aumento da produtividade. O debate é válido, mas no Brasil temos algumas dificuldades adicionais que precisam ser consideradas.

    Uma medida como essa, acentua ainda mais a improdutiva dicotomia entre empregados e empregadores. Não era para ser assim, pois o objetivo deveria ser comum, buscar o desenvolvimento, no qual todos se beneficiam. Não existe emprego sem empresa e não existem empresas sem os trabalhadores.

    No entanto, o ponto crucial é a questão da baixa produtividade. Países com altos níveis de produtividade tendem a oferecer melhores salários, melhores condições de vida e maior desenvolvimento social, que no Brasil é muito baixo, se comparado a outros países. Para se ter uma ideia, o trabalhador brasileiro consome

    Isso não ocorre só por- que o brasileiro é menos preparado. Tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas, baixo investimento, infraestrutura, alta burocracia e o complexo sistema tributário, também contribuem. Também é importante que se dê uma atenção especial às micro e pequenas empresas, que possuem uma capacidade menor de investimento e não é justo que aumentem seu custo com pessoal por perderem horas de trabalho numa “canetada”.

    O debate sobre o tema está sendo através do projeto de lei 1.105/2023, aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado em dezembro. O projeto inclui na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a possibilidade de redução da jornada de trabalho, diária ou semanal, sem redução da remuneração, desde que feita mediante acordo ou convenção coletiva. A proposta seguirá para a Câmara dos Deputados, exceto se no mínimo nove senadores apresentarem recurso para análise em Plenário.

    É fundamental aprofundar esse debate, pois o Brasil precisa evoluir muito na relação de trabalho. Apesar da reforma trabalhista, sancionada em 2017, a legislação ainda precisa ser modernizada. Mas não há como falar em redução de jornada de uma maneira isolada, sem tratarmos do controle e acompanhamento da produtividade e no tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas.

    DIOGO FERRI CHAMUN – É Diretor de Políticas Estratégicas e Legislativas.

    EU ACHO …

    A VIRADA DE CHAVE PARA AMAR

    Você precisa entender o que o outro entende como amor. Pois ele não tem a mesma percepção que a sua.

    Ao lhe preparar uma surpresa, você jura que é para o bem dele, mas talvez esteja pensando unicamente em sua própria felicidade.

    Quando você vira essa chave, entra em qualquer porta, em qualquer coração.

    Antes eu oferecia o que me agradava, o que correspondia aos meus anseios, o que me satisfazia. Eu dava o que eu queria receber.

    No último Natal, por exemplo, preparei a ceia para a minha mãe: vários pratos e assados, farofas e molhos, com direito a duas tortas de sobremesa.

    Até esse ponto, ainda estava contemplando as minhas expectativas, não as

    dela.

    Eu me dei conta de que nada adiantaria, por mais que a refeição fosse deliciosa, por mais que os insumos fossem de primeira, por mais que o vinho fosse o ideal, se eu não deixasse a sua cozinha limpa.

    Minha mãe não fica feliz especificamente com o jantar, e sim com o conjunto da obra.

    É o jantar, mais a louça, mais o lixo recolhido, mais o pano no fogão, mais o piso varrido, mais as sobras acondicionadas com plástico–filme na geladeira.

    Para arrancar o sorriso da minha mãe, eu devo ocupar o seu espaço e também desocupar. Devo saber chegar e também saber sair.

    Tudo precisa estar lavado, com a missão de manter a cozinha do jeito cristalino e límpido que eu a herdei.

    O que significa servir, lavar, secar, guardar.

    A abolição de uma dessas etapas já conspurca a credibilidade da minha visita.

    O perfeccionismo materno tem a sua razão. Afinal, presente que dá trabalho não pode ser chamado de presente.

    Não há sentido em cozinhar para alguém se a pia vira um lodaçal, um pântano, com panelas sujas, louça empilhada e um exército de copos para ensaboar:

    Se você apenas abastou a mesa, abandonou o seu posto no meio. As duas ou três horas sobre o vapor e a fumaça das suas misturas e temperos não equivalem à faxina que legou para a sua companhia na manhã seguinte.

    Jamais será um bom trato “eu cozinho, você lava”. É uma troca injusta.

    Cozinhar é igualmente sumir com os vestígios da sua presença.

    Não cabe, de modo nenhum, denunciar os seus truques, a sua mágica, mostrar o

    que usou e como fez expondo os resquícios das frigideiras.

    A verdadeira proeza é ninguém conseguir entender as etapas da sua receita. A ideia é até supor; diante da ordem, que a comida foi encomendada.

    O cuidado envolve o precioso alimento espiritual de não transferir tarefas.

    No fim da ceia, minha mãe apareceu para espiar o estado de sua cozinha. Quando ela viu cada objeto em seu respectivo lugar, suspirou de alívio e, só nesse instante, reconheceu-se pronta para me agradecer com um longo abraço.

    Eu lhe adverti:

    Mas, mãe, estou todo suado.

    Ela buscava mesmo celebrar o meu suor. :Suor e amor mais do que o riso, mais do que as lágrimas.

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