ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 11 DE AGOSTO

OS ENGANOS DO SUBORNO

Pedra mágica é o suborno aos olhos de quem o dá, e para onde quer que se volte terá seu proveito (Provérbios 17.8).

Há indivíduos que ficam tão enganados e enfeitiçados com sua prática pecaminosa que acreditam que essas ações são uma força mágica que lhes abre todas as portas. É assim, por exemplo, com a prática do suborno. Uma pessoa corrompida pela ganância pensa que todo mundo tem um preço. Acredita que todas as pessoas se vendem e que ninguém ama mais a Deus do que ao dinheiro. A história brasileira está eivada de escândalos financeiros nos altos escalões do governo. Ministros de Estado chegam ao poder e despencam porque venderam seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Multiplicam-se os políticos inescrupulosos que gastam somas vultosas para se eleger e depois vendem a honra da nação a empresários desonestos. A impunidade estimula muitos ladrões de colarinho branco a se refestelarem com as riquezas iníquas, pois subornam, roubam o erário e escapam da justiça, enquanto aqueles que trabalham com honestidade são cada vez mais arrochados com impostos abusivos. Até parece que o crime compensa. Até parece que os desonestos é que levam vantagem. Porém, um dia a casa cai. Nesse dia, a máscara será arrancada, e aqueles que se lambuzaram no pecado sofrerão vexame público e estarão na mira do juízo divino.

POESIA CANTADA

QUE PENA

PENINHA

Aroldo Alves Sobrinho, mais conhecido como “PENINHA”, nascido em São Paulo (capital), em 17 de fevereiro de 1963, de pais cearenses, aquariano, é um cantor e compositor brasileiro onde sempre viveu de música.
“Peninha” gravou o primeiro compacto em 1972 pela antiga RCA, mas seu primeiro grande sucesso foi “Sonhos” (1977), incluído na trilha da telenovela “Sem Lenço, Sem Documento” e com milhares de cópias vendidas.
Músicas compostas por ele já foram gravadas por cantores como Fábio Júnior, Daniel, Alexandre Pires, Roberta Miranda, Paulinho Moska, Caetano Veloso, Tim Maia, Alejandro Sanz, Nelly Furtado, entre outros. A canção “Sonhos”, um grande sucesso, além de ter sido interpretada por Caetano Veloso, Paulinho Moska, Elymar Santos, entre outros, foi regravada também em outros idiomas, como por exemplo a Cantora Italiana “Mina”.
Através de Peninha, Caetano conseguiu outro sucesso em “Sozinho”, que ao se tornar tema da telenovela da TV Globo “Suave Veneno” Caetano Veloso teve uma vendagem superior à um milhão e quatrocentas mil cópias e foi primeiro lugar em 19 estados simultaneamente em 1999. A música já tinha sido gravada antes por Sandra Sá e Tim Maia, e Caetano registrou-a no disco “Prenda Minha” ganhando “Disco de Diamante”.
“Peninha” foi ganhador de três “Prêmios Sharp de Música” como Melhor Disco em 1991, Melhor Música “Alma Gêmea” gravado por Fabio Junior em 1995 e novamente Melhor Música “Sozinho” gravado por Sandra Sá em 1997.
Ganhador do “Prêmio Qualidade Brasil 1999” (International Exporter’s Service) na categoria “Compositor” e “Troféu Imprensa” na categoria Melhor Música “Sozinho” em 1999.

QUE PENA

COMPOSIÇÃO: PENINHA

Você entrou no meu mundo e pensou que era dona da situação e esqueceu que no amor ganha sempre quem fala com o coração
Você deixou o seu passado fechar um caminho que ia se abrir
Ai que pena
Você perdeu com o tempo, aquela maneira de me enganar
Trocou um velho carinho por coisas que eu não consigo cantar
Hoje eu tenho certeza que nós caminhamos pra lugar nenhum
Ai que pena, que pena

Pena de ver nosso mundo caindo
Pena de ver nosso sonho sumindo
Ai que pena
Pena de ver tanto amor fracassar
Pena da pena que você me dá
Éhhh meu amor que pena, que pena

OUTROS OLHARES

A VERDADEIRA TERCEIRA ONDA

Milhões de pessoas que tiveram Covid-19 continuam sofrendo com novos e velhos sintomas. São vítimas da chamada Covid longa, o próximo desafio a ser enfrentado no controle do vírus

O crescente aumento de casos de Covid-19 provocado pela variante Delta do coronavírus preocupa autoridades de saúde do mundo todo. A pergunta que se faz: depois do certo alívio proporcionado pelo avanço da imunização, estaríamos entrando em uma nova onda, desta vez causada por uma cepa do Sars-CoV-2 mais transmissível? Não há resposta à questão, até porque, como já se aprendeu ao longo de um ano e meio, a complexidade com que a pandemia se desenrola impede certezas no que diz respeito à sua evolução. Contudo, é possível afirmar que neste momento vive-se, sim, uma terceira onda, mas ela é de outra natureza. É formada por milhões de pacientes que passaram pela fase aguda da Covid-19, mas permanecem com sintomas que por vezes exigem tratamentos tão ou mais intensos do que os ministrados durante a manifestação clínica do vírus. Por essa razão, milhares perderam o emprego, interromperam os estudos, tornaram-se um fardo para a família. Para esse grupo, a vida realmente deixou de ser o que era antes. Ficou muito pior. Eles são vítimas do que está sendo chamado de Covid longa, condição que não pode, de forma alguma, ser desdenhada, apesar da esperança no horizonte.

Por se tratar de algo novo – mais um relacionado ao Sars-CoV-2 -, o fenômeno não tem nome oficial nem definição de características. Porém, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), só nos primeiros meses de 2021 o termo Covid longa gerou 1,5 milhão de menções nas redes sociais, o que dá a ideia de quanto o assunto despertou interesse. Diante da ausência de designação oficial, o quadro pode ser descrito como a persistência da manifestação ou piora de sintomas, surgimento de novos sinais ou a combinação entre ambos depois do quadro agudo. Não está estabelecido por quanto tempo. Na tentativa de padronizar definições e tratamentos, a OMS criou, em fevereiro, uma comissão de especialistas de diversas áreas e países e também de pacientes ou familiares. O médico intensivista brasileiro Regis Goulart Rosa integra o grupo. Nesta primeira etapa, o objetivo é uniformizar o padrão de pesquisa a ser aplicado na investigação científica para que os dados sejam obtidos por uma mesma metodologia, assegurando solidez. “O trabalho resultará em diretrizes para que governos e autoridades de saúde adotem ações que identifiquem e tratem a condição”, diz Regis, pesquisador do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

As sequelas da Covid-19, ressalte-se, deixaram de ser um problema individual e se tornaram uma bomba-relógio para os sistemas de saúde. De acordo com as pesquisas mais recentes, o quadro é preocupante, pelo número de pessoas atingidas, pela duração dos sintomas e pelo impacto social e econômico que pode causar. Tem-se, com esses três itens, o desenho de outro drama prestes a desafiar a todos. Sinais de que o cenário era preocupante começaram a surgir de investigações feitas com pequenos grupos de diferentes países. Sua gravidade e extensão, porém, ficaram claras com a divulgação, há duas semanas, do maior levantamento feito até hoje. Publicado na EClinical Medicine, do reputado grupo The Lancet, o estudo teve a participação de 3.762 pessoas, de 56 países. Todas haviam tido Covid-19 e apresentavam sintomas por mais de 28 dias depois da doença. O primeiro impacto: 91% dos indivíduos precisaram de mais de oito meses para se recuperar. Nada menos do que 203 sintomas foram elencados, 66 presentes por mais de sete meses. Eles estão associados a dez sistemas do organismo, significando que o estrago causado pela enfermidade pode ser sistêmico, atingindo não somente um ou outro órgão. Esse tipo de sequela foi registrado com maior frequência depois de seis meses. Após esse período, os sintomas mais comuns foram fadiga, mal-estar após esforço e sinais de fundo neurológico: disfunção cognitiva, dificuldades sensório-motoras e de memória. Além de outros problemas, como dor de cabeça e alucinações, depressão e diarreia.

Há uma contribuição brasileira relevante na busca por mais informações. Está em andamento um estudo da Coalizão Covid-19 Brasil (aliança formada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva) destacando a evolução de 1.532 pacientes que estiveram internados por nove dias, em média. Os resultados preliminares, obtidos com base na avaliação de 1.006 participantes, revelam que a mortalidade geral pós-alta em seis meses foi de 7%, enquanto nos indivíduos que necessitaram de ventilação mecânica o índice chegou a 24%. Sintomas psiquiátricos também foram registrados: 22% tinham ansiedade, 19% depressão, e stress pós-traumático, 11%.

Até agora, não há perfis que indiquem quem terá Covid longa. Caso tenha, também não se sabe por quanto tempo e que gênero de sintomas apresentará. Passando pela condição estão pacientes jovens e idosos hospitalizados em estado grave ou moderado e jovens e idosos que nem sequer necessitaram de internação. “Temos visto pessoas entre 18 e 30 anos com sintomas importantes seis meses depois da doença”, afirma o neurologista Eli Faria, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. A probabilidade de ter Covid longa também nada tem a ver com as condições clínicas do indivíduo anteriores à Covid-19. Quando manifestou a doença, no fim de fevereiro, o engenheiro Walter Iorio, de 65 anos, apresentava bom condicionamento físico graças à prática de exercícios. Da Covid-19, nem sintomas sentia. No entanto, ao levar a mulher, Aurea, também infectada, ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, acabou ele internado. Quando soube que Iorio testara positivo, o médico resolveu submetê-lo a exames só para verificar se estava tudo bem. Não estava. Seus pulmões encontravam-se comprometidos. Ao final, ficou quarenta dias hospitalizado, catorze na UTI. Hoje, o engenheiro vai religiosamente três vezes por semana ao hospital para fazer reabilitação. Ele ainda precisa de oxigênio para dar conta do exercício na esteira.

A realidade atual continua desafiadora. Nos Estados Unidos, sobra vacina e falta gente querendo se imunizar. Na Inglaterra, o fim das restrições foi comemorado como se não houvesse amanhã. Enquanto isso, a variante Delta se espalha e faz aumentar de novo os casos nos dois países. Ao mesmo tempo, uma multidão de pessoas sofre com as sequelas e a ausência de cuidados. Para elas, o caminho para a volta às atividades é a reabilitação. “Em média, doze a vinte sessões são suficientes para o paciente se recuperar”, explica Milene Ferreira, gerente médica do Centro de Reabilitação do Einstein. Trata-se de um recurso que precisa estar disponível a todos. Afinal, como diz o médico Regis, de Porto Alegre, não se trata apenas de sobreviver, “mas sobreviver com qualidade de vida”. É desafio que a moderna medicina enfrentará com empenho, para que então a página da Covid-19 possa ser virada.

GESTÃO E CARREIRA

O QUE O EMPRESÁRIO DEVE CONSIDERAR AO ABRIR UMA EMPRESA

Alinhamento da gestão, foco e engajamento dos colaboradores são fatores cruciais para a administração de uma empresa, de qualquer porte, e também para quem se aventura num negócio próprio por necessidade

Em tempos de desemprego, muitos ingressam no mundo dos negócios não por opção ou vocação, mas por enxergarem nessa possibilidade o único caminho.

Relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2019, resultado da parceria entre o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade e o Sebrae, mostra que 88,4% dos empreendedores iniciais afirmaram que abriram uma empresa para ganhar a vida porque os empregos são escassos, ou seja, esse não era um projeto de vida e a consequência disso pode ser ainda pior, sem emprego e sem empresa.

Gerir um negócio próprio não é a mesma coisa que ser empregado, tipo CLT, aliás, é bem diferente. Neste último caso, o colaborador é normalmente demandado a fazer coisas e tem sua renda garantida ao final do mês, enquanto que quem abre seu próprio negócio tem que “ir caçar o leão”, não pode esperar de braços cruzados alguém vir comprar seu produto ou contratar seus serviços.

Uma ferramenta que ajuda e muito na gestão do negócio, são os OKR – Objectives and Key Results -, que nasceram na Intel na década de 1970, uma empresa grande, já estabelecida, mas também foi ferramenta fundamental para tornar o Google a empresa que é hoje. Os OKRs foram apresentados para o Google no final dos anos 1990 quando ele tinha cerca de 30 ou 40 pessoas, ou seja, quando poderia ser considerada uma pequena empresa.

E o que você deve considerar quando ingressa na aventura do mundo empresarial? Primeiro, seguindo o que determina o OKR, vem o objetivo. Avalie suas prioridades, trace cada objetivo e planeje detalhadamente as ações necessárias para alcançá-los. Não perca o foco. Mantenha em sua mente o propósito que deseja alcançar.

Ajustes são sempre necessários e as OKRs, não só permitem que eles sejam feitos, como entende que eles devam ocorrer periodicamente. Isso é um pressuposto da ferramenta. Por fim, e não menos importante, mantenha o engajamento dos colaboradores, ainda que seja a distância. Como ocorre na atualidade, é preciso que todos estejam alinhados com a estratégia da empresa e saibam exatamente o que precisam fazer para contribuir com os resultados do negócio.

A gestão por OKR é cada vez mais uma opção acertada no gerenciamento dos negócios nos tempos atuais, seja pela natural rapidez com que as coisas mudam; pelas novas tecnologias, que abrem novas possibilidades constantemente e em todos os segmentos e, não tem como não citar, pela pandemia, que impõe ajustes constantes nos planos de negócios.

PEDRO SIGNORELLI – É especialista “insider” na implementação de OKR em empresas de diversos tamanhos e segmentos, além de ministra palestras e workshops de implementação de OKR.

EU ACHO …

NAS ASAS DA LIBERDADE

As pessoas nasceram com a essência de serem livres, para agir segundo seu livre arbítrio.

Também para se movimentar, se expressar e fazer suas escolhas de forma autônoma e espontânea, desde que respeitadas as leis e as outras pessoas. Inúmeros são os fatores que podem direcionar ou mesmo cercear essa liberdade, desde econômicos, políticos, sociais ou de saúde.

E este último pode ser especialmente grave, superando todo e qualquer cálculo de risco ou projeção, como vimos nesta pandemia, problema que afetou os países globalmente, restringiu a liberdade de ir e vir, de se relacionar e de agir.

Passado mais de um ano desde que a Covid-19 se instaurou no país, a sociedade buscou formas de se adaptar e de retomar suas atividades, embora, infelizmente, nem sempre dentro dos padrões de segurança necessários, no momento que todos anseiam por retomar sua plena liberdade. O descompasso entre o estágio de controle da pandemia no Brasil, comparativamente a países como os Estados Unidos, mostra que a liberdade de ir e vir não depende mais apenas de nós e das condições de cada indivíduo ou nação – ela envolve o ecossistema global, na medida em que a falta de segurança de um lado do mundo interfere no outro.

Mas há obstáculos que as criações tecnológicas têm ajudado a vencer. E a aviação executiva e seus maravilhosos equipamentos têm se mostrado como importante alternativa para a locomoção segura das pessoas e empresas que têm acesso a ela, acesso este que tem sido muito facilitado pelo modelo de propriedade compartilhada, devido à redução no custo de aquisição e de manutenção.

No mercado norte-americano, há filas de espera para comprar aeronaves usadas, com muitas pessoas e empresas que nunca antes haviam pensado na possibilidade de ter uma aeronave própria, pensando agora em adquirir uma. Há uma diferença expressiva em termos do nível de riqueza existente nos EUA e aquele do Brasil. Lá, neste momento, há um excedente de recursos que se busca direcionar a investimentos nesta área, sem a preocupação se eles serão os mais eficientes e racionais.

A preocupação é apenas ter a liberdade de se locomover livremente, em condições seguras, sem a necessidade de fazê-lo por um meio de transporte aéreo coletivo. No Brasil, onde as condições de controle da pandemia são ainda críticas, ganha ainda mais valor a segurança da aviação executiva, não só para os deslocamentos dentro de um mesmo estado, região ou do país, mas também para quem precisa ou deseja se deslocar com frequência para outros países, contando aí com aeronaves de maior porte.

Esta é uma possibilidade que nos estimula a sensação de liberdade e, efetivamente, nos dá condições de exercê-la com segurança. Na propriedade compartilhada, vamos muito além disso, exercendo essa escolha de forma inteligente, sem o desperdício ocasionado pela ociosidade usual das aeronaves adquiridas no modelo de uso exclusivo, sem ter de alocar recursos desnecessários para ter acesso aos benefícios da aviação executiva, mas fazendo isso de forma inteligente e racional.

Afinal, a própria concepção atual de mundo passa, cada vez mais, pelo uso inteligente dos recursos, pelo compartilhamento de ativos. Inclusive para viajar para os Estados Unidos ou para o Caribe, em um final de semana, com a certeza de que este é um luxo inteligente ao qual vale a pena e é possível ter acesso.

*** MARCUS MATTA – é CEO da Prime You

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

GENTE DE CARNE E OSSO

A Olimpíada de Tóquio foi a primeira a escancarar as desordens mentais que afetam atletas. Eles continuam a ser tão extraordinários quanto antes, mas não escondem mais as suas fraquezas

No livro O Herói das Mil Faces, o escritor americano Joseph Campbell descreve um esquema comum a quase todos os grandes mitos da humanidade. Para se tornar um herói, a personagem recebe um chamado, tenta rejeitá-lo, é obrigada finalmente a aceitar a missão, passa por alguma provação, vence o obstáculo inicial e, com isso, encontra o caminho da redenção. Os atletas são os heróis de nosso tempo. Pense em seu campeão favorito e compare o enredo dele com o roteiro de Campbell. É quase sempre assim. Rebeca Andrade, medalha de prata na individual geral em Tóquio e a primeira brasileira a subir ao pódio na ginástica, deu ao longo da carreira diversos sinais de depressão pelo excesso de treinos e contusões. Se não fosse a mãe, empregada doméstica de uma comunidade pobre de Guarulhos (SP), teria largado tudo, como inúmeras vezes quis fazer. Rebeca passou por uma série de provações antes de se tornar uma gigante do esporte brasileiro. Ela cumpriu a jornada do herói de Campbell, mas jamais escondeu as fragilidades inerentes à condição humana.

A Olimpíada de Tóquio ficará marcada para sempre por ter despido os atletas da roupagem de super-heróis. À medida que colecionava títulos e apresentações memoráveis, a também ginasta Simone Biles consolidou a imagem de mito indestrutível e indiferente às fraquezas mundanas. O evento no Japão, contudo, provou que não pode ser assim. Maior nome da Olimpíada, ela desistiu das disputas ao sucumbir a um quadro depressivo. O gesto traz uma lição: ninguém, nem mesmo os deuses olímpicos, está imune às angústias mentais.

A desistência de Biles escancara o valor da saúde mental em qualquer atividade. Sem ela, um atleta não sobe ao pódio, um profissional não realiza bem o seu trabalho, pais não educam, filhos não aprendem, relacionamentos não seguem adiante. Em suma: a vida fica mais difícil. “Estou lidando com os demônios em minha cabeça”, argumentou Biles. “Preciso me concentrar no meu bem-estar. Há vida além da ginástica.” O que ela disse é, de fato, extraordinário. A americana, idolatrada e fonte de inspiração para milhões de pessoas, não teve pudores de admitir em público que, sim, sofre com desordens mentais como qualquer um de nós. Ao fazer isso, revelou toda a sua dimensão humana. ”Ao longo da história muitos dos excluídos foram aqueles que tiveram problemas de saúde mental”, diz Victor Bigelli, psiquiatra da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Eles sofriam calados. Hoje, ao menos, há mais abertura para falar.”

Após a conquista em Tóquio, Rebeca disse que tem acompanhamento psicológico desde os 13 anos. A brasileira, que ainda disputou mais duas medalhas na competição por aparelhos (ganhou ainda uma de ouro e ficou em 5º na outra prova), pôs luz nos debates acerca da saúde mental. “As pessoas têm de entender que o atleta é um humano, não um robô”, respondeu ao ser indagada sobre o abandono da americana Simone Biles. “Desde o ano passado, aprendi a manter o controle, não ficar nervosa. Na pandemia, eu me conectei comigo mesma, e agora vejo o resultado.”

Por que alguns atletas são mais suscetíveis às questões emocionais? A maranhense Rayssa Leal, de 13 anos, faturou a medalha de prata no skate street, a competidora mais jovem a subir ao pódio olímpico em 185 anos. Nesse caso, a juventude talvez seja a sua principal aliada. Rayssa disse que estava nos Jogos apenas para se divertir e que todo o resto não lhe interessava. Tão nova, Rayssa não tem o peso do mundo sobre seus ombros. A judoca Mayra Aguiar, bronze em Tóquio e a segunda brasileira a conquistar três medalhas – a outra é a jogadora de vôlei Fofão -, citou a força mental como um dos fatores que a fizeram superar lesões.

Para alguns críticos, a escolha de Biles pode soar como fraqueza. Atletas, afinal, são forjados para driblar as adversidades e suportar as dores e sofrimentos que aparecerem pelo caminho. É fácil se contrapor a esse argumento. Em nenhuma outra modalidade a desconexão entre corpo e mente é tão perigosa quanto na ginástica. Para realizar as manobras, as atletas confiam no que os especialistas chamam de memória corporal. Repetem os exercícios tantas vezes que os executam quase sem pensar, como se fossem ações naturais – não são. Em certas ocasiões, panes mentais fazem com que a ginasta se veja perdida em pleno salto. De repente, ela está de cabeça para baixo e o cérebro parece desligado do corpo. Em um de seus voos em Tóquio, Biles entrou no aterrorizante mundo da incerteza. Ela planejou um salto de duas voltas e meia, mas sua mente preferiu parar depois de apenas uma e meia. “Eu não tinha ideia de onde estava no ar”, disse Biles. “Poderia ter me machucado.” É como se, ao pular de paraquedas, o cérebro não distinguisse o céu da terra. Ou se, numa rodovia, a motorista desaprendesse a dirigir.

Biles teria desistido se fossem outros tempos? Talvez não. O mundo está mudado. Cada vez menos as pessoas escondem o que realmente são – uma opção sexual, uma opinião política – e aquilo que sentem, inclusive seus temores mais profundos. Até pouco tempo atrás, não era assim.

Na Olimpíada de Londres, em 2012, um dos acontecimentos olímpicos mais comentados pelos brasileiros foi a desistência da saltadora com varas Fabiana Murer, que se recusou a pular sob o argumento de que ventava muito, situação considerada perigosa por ela. “Fui chamada de fraca”, disse Fabiana. “Disseram que eu deveria ter me machucado em vez de não saltar.” Os brasileiros até escolheram uma palavra para traduzir maus resultados esportivos: amarelão. Fabiana entrou nessa lista, assim como muitos outros. Também em Londres, o ginasta Diego Hypólito era favorito no salto, mas errou em sua apresentação. Hypólito redimiu-se na Rio -2016, faturando a prata.

A questão que se coloca agora é se a retirada dos grandes eventos será uma tendência. Em maio, a tenista japonesa Naomi Osaka, a mesma que acendeu a pira olímpica, citou a depressão para abandonar o torneio de Roland Garros. Em Tóquio, Osaka foi eliminada na terceira rodada da competição. Depressão não é novidade entre atletas. Michael Phelps, o maior nadador de todos os tempos, reconheceu que teve pensamentos suicidas. O tenista André Agassi tomava metanfetamina para aliviar o stress das disputas. O que é recente é o fato de atletas desistirem no meio das competições, como fizeram Biles e Osaka.É preciso considerar que as novas gerações estão expostas a um peso adicional: as redes sociais. “A pressão por desempenho piorou”, diz o psiquiatra Victor Bigelli. “As mídias digitais impõem o que chamamos de positividade tóxica: a pessoa precisa sempre estar bem.” Os surfistas Ítalo Ferreira, ouro em Tóquio, e Gabriel Medina, quarto colocado, são o retrato de comportamentos opostos nas redes. Ítalo, embora com milhões de seguidores, foi discreto durante as disputas nos Jogos. Medina viu sua mulher, a modelo Yasmin Brunet, xingar juízes, e não se opôs às diatribes da companheira. Ítalo entrou para a história. Medina saiu sem medalha.

O gesto de Biles, enfim, talvez a grande marca da Olimpíada de Tóquio, foi o mais poderoso já realizado por um atleta para se contrapor ao ideal impossível da perfeição. “Cedo ou tarde na vida cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável”, escreveu o escritor italiano Primo Levi, sobrevivente de um campo de extermínio nazista. Biles, Rebeca, Rayssa, Ítalo e tantos outros continuam a ser tão extraordinários quanto sempre foram. A diferença é que, agora, se sabe que eles são, acima de tudo, humanos.

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