OUTROS OLHARES

CORPO EM EVIDÊNCIA

Depois de dois anos dentro de moletons e pijamas, na clausura da pandemia, as mulheres começam a exibir as formas. Eis o recado dos recentes desfiles de alta-costura

A chegada da cantora Rihanna na manhã da terça-feira 1º de março à Paris Fashion Week – semana de moda mais badalada do mundo – deu a temperatura do que aconteceria dali a pouco, no desfile da coleção de inverno 2023 da Dior. Linda aos seis, sete meses de gestação (poucos sabem o tempo exato), a artista surgiu com as formas exuberantes à mostra, a bordo de um modelo criado para ela pela grife francesa. O que Rihanna vestia (ou revelava) é a essência de uma das marcas mais fortes da temporada. As transparências se tornaram onipresentes nas peças recentes das casas de alta-costura, aparecendo em detalhes vazados, rendas e tecidos fluidos. A ideia é dar à beleza do corpo a evidência que merece.

A tendência começou a ganhar força com os naked dresses, os vestidos transparentes que apareceram no ano passado em resposta aos moletons, pijamas e camisetas que as pessoas estavam usando havia mais de um ano, entre quatro paredes, por causa da pandemia. De lá para cá, o desejo de expor a pele se intensificou, refletindo no que se vê agora nas passarelas. ”As pessoas querem se mostrar, tomar vento, pegar sol”, diz a estilista e consultora de moda Manu Carvalho. “Foi muito tempo com o corpo escondido por roupas e pelo isolamento social.”

O anseio tem seu ápice agora, momento em que a distância entre o recato doméstico e a euforia social diminui. Pouco a pouco, a vida retoma seus trilhos graças à vacinação e à suspensão das medidas restritivas adotadas em vários países. Como depois da tempestade vem a bonança, a resposta brotou com estardalhaço e arrojo. Não à toa, portanto, os vestidos diáfanos foram um show à parte nas passarelas. ”Antes, as transparências apareciam de maneira básica”, diz Manu Carvalho. ”Agora, são ousadas e elaboradas”. Exemplos nítidos do que descreve a especialista foram apresentados pela Chanel na capital francesa, e com um gostinho especial de fetiche, mostrando o que antes era tabu mostrar.

Some-se ao grito de rebeldia – sim, a roupa é uma forma poderosa de expressão feminina e de autoestima – um interessante movimento de uso de tecidos que ajudam a ampliar a sensação de transparência. No desfile de Jean-Paul Gaultier, estampas em 3D emolduravam lindos e longos vestidos see-through (em tradução livre do inglês, ver através). Há quem diga que os excessos das semanas de moda delas não saem, de tão ousados. Não é verdade. As minissaias e corsets de Alexandre Vauthier, em Paris, e o repertório da Prada para o inverno de 2023, mostrado em Milão, comprovam que as peças translúcidas podem, sim, ser transportadas das passarelas para a vida real. Vesti-las talvez exija algum atrevimento. Se faltar, e houver dúvida em torno do que deixar visível no corpo, convém lembrar do que disse a estilista Coco Chanel (1883-1971): ”A moda é arquitetura: é uma questão de proporções”. Se a guerra na Europa não nos embrutecer, triste e melancolicamente, justo agora que começávamos a sair da Covid-19, é possível vislumbrar um 2022 translúcido, límpido como havia tempos não vivíamos.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 19 DE MARÇO

EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE

Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).

Quando os nossos recursos acabam na terra, precisamos saber que o nosso Senhor vive no céu. Quando as nossas forças se esgotam, precisamos saber que o nosso Deus é onipotente. Quando os nossos pés vacilam, precisamos saber que o nosso Deus nos carrega no colo. Quando Jó estava encurralado pela dor, curtindo suas perdas e sendo acusado por seus amigos, olhou para o céu e, num rasgo de fé, disse: eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. […] os meus olhos o verão (Jó 19.25,27). Nossa esperança está no Senhor. Nosso consolo é saber que o Senhor venceu a morte. Nossa esperança está no fato de que a morte não tem a última palavra. Nós triunfaremos sobre a doença. Nós venceremos o túmulo gelado. Nós veremos o Senhor. Nosso corpo de fraqueza será transformado num corpo de poder. Nosso corpo corruptível será transformado num corpo de glória. Nosso corpo mortal será revestido da imortalidade. A vitória do Senhor sobre a morte é o estandarte da nossa fé. Não nutrimos uma vaga esperança. Não nos alimentamos de um mito. Não estamos pisando em terreno movediço. Estamos firmados numa rocha inabalável. Teremos um corpo semelhante ao corpo da glória do Senhor. Veremos o Senhor face a face. Nós o serviremos e com ele reinaremos pelos séculos eternos. Isso não é sugestionamento barato; é uma verdade insofismável!

GESTÃO E CARREIRA

A NOVA HIERARQUIA

Com o crescimento do home office, o conceito de autogestão começa a ganhar mais força nas empresas. Entenda como aplicá-lo

Em 1936, Charles Chaplin levou às telas dos cinemas a síntese da modernidade no longa Tempos Modernos: um operário que madrugava para chegar ao trabalho, tinha seu tempo contado pelo sino da fábrica e, por 16 horas de seu dia, repetia o mesmo movimento de apertar parafusos que rodavam numa linha de produção. Em um dos momentos mais icônicos da história do cinema, Carlitos é engolido pela engrenagem, simbolizando a desumanização dos trabalhadores fabris.

Passados mais de 80 anos, teóricos discutem um novo tipo de relação de trabalho, que quebra os paradigmas da liderança autoritária e dá aos  profissionais mais liberdade para realizar suas tarefas – algo acelerado pela pandemia de covid-19, que tornou o home office fundamental para a saúde das pessoas e o funcionamento das companhias. “Estamos saindo de uma era industrial, que prega as filas e o bater de sino das fábricas, para um mundo exponencial”, afirma Fabrício Matias, líder de desenvolvimento de negócios na Macfor, agência de marketing digital.

Por isso, as empresas têm apostado em estruturas organizacionais que prezam menos pela lógica do controle e colocam no centro a autonomia. Assim ganha espaço um conceito que tem se espalhado pelo mundo corporativo: a autogestão, que basicamente combina práticas e estruturas com foco na autonomia e na distribuição de poder entre os membros de uma equipe.

OUTRA PIRÂMIDE

Ao contrário do que possa parecer, autogestão não é deixar o funcionário à deriva. Para funcionar, a política precisa seguir processos estruturados – é isso o que representa a nova hierarquia, que não está mais centrada nas pessoas, mas nas tarefas. “Deixamos de ter uma pirâmide hierárquica em que o poder está nas mãos dos chefes. Na autogestão, esse poder é do processo”, diz Kellie Crosara, consultora de design organizacional que ajuda a implementar a autogestão nas companhias. Por processo entende-se as regras e acordos criados dentro da organização, visando a distribuição de poder.

Além disso, os acordos firmados entre organização e funcionários, líderes e equipes e entre pares também têm um peso importantíssimo para regular as estruturas autogeridas. Os acordos vão desde o momento em que um empregado aceita trabalhar pelos valores e propósitos macro da companhia, passando pela compreensão de como o seu trabalho ajuda a engrenagem da empresa, chegando até a entrega das metas do dia a dia cumprindo os prazos estabelecidos e usando os preceitos comporta mentais e técnicos necessários para a realização daquela atividade. “A autogestão traz as responsabilidades de forma explícita”, diz Kellie. Ou seja, os profissionais precisam compreender o que devem fazer, até onde têm autonomia para executar suas atividades sozinhos e quando precisam de validações de outras áreas, colegas ou líderes.

Foi apostando nos processos e nos acordos que a Aché começou a trilhar seu caminho para a autogestão – e o impulso veio da crise da covid-19, que fez com que a companhia adotasse o home office formalmente. ”A pandemia acelerou tudo o que queríamos fazer, abrindo uma oportunidade para que pudéssemos acelerar e trabalhar uma cultura de autonomia, autogestão e transparência. O objetivo é fazer com que as pessoas entendam do que o negócio precisa e estimulá-las a participar das decisões”, diz Tatiana Sereno, diretora de pessoas, cultura e sustentabilidade da Aché.

Para isso, a farmacêutica de 5.000 funcionários passou a selar acordos entre os funcionários – algo que não existia e que foi implementado em 2020. Semanalmente as equipes discutem as atividades da quinzena com os líderes, e cada um tem autonomia para realizar o trabalho da forma como preferir, tendo sempre em mente o objetivo alinhado e o propósito por trás dele. O acompanhamento é feito por meio de checkpoints, momentos rápidos de feedback e follow up que buscam ajudar nos desafios das entregas. “É uma evolução enorme na companhia. Damos ferramentas para o desenvolvimento dos profissionais e queremos que eles venham mesmo a ser protagonistas”, diz Tatiana.

O protagonismo, aliás, é o que embasa esse estilo de gestão e algo que deve ser bem trabalhado por empresas que queiram migrar para esse modelo. A Hotmart, companhia     de produtos digitais com 1.000 empregados, pode inspirar, pois é assim desde a fundação, em 2011. “Dentro da responsabilidade inerente à posição, as pessoas têm total autonomia para tomar as decisões sobre o tema, definir como querem executar o trabalho no dia a dia, resolver os problemas e implementar as ideias. Mas ninguém trabalha sozinho”, diz César Barboza, diretor de talentos da organização, salientando que a autonomia não pode significar, em nenhuma hipótese, distanciamento do objetivo comum.

O QUE FAZEM OS LÍDERES

Embora a autogestão reinterprete a hierarquia corporativa, isso não significa que os líderes se tornam desnecessários. Cabe aos gestores uma tarefa importantíssima: manter o alinhamento constante e disseminar o propósito, que se desdobra em vários níveis, desde o macro (o valor da empresa) até o micro (o que o funcionário deve fazer e por quê). A questão é que, em empresas maduramente autogeridas, os cargos passam a ter cada vez menos importância, e a responsabilidade de liderar é compartilhada  por todos.

Rodrigo Bastos, sócio da Target Teal, consultoria de desenvolvimento organizacional, traz uma imagem que exemplifica bem o conceito: “A autogestão acontece quando a pessoa mais bem paga de uma reunião propõe algo, um participante se opõe trazendo uma objeção importante e impede que o acordo seja aprovado”. Isso mostra um novo papel da liderança, mais baseado em construção conjunta e orientação do que em puro comando.

Na Macfor, que tem 60 funcionários, os gestores são orientados a manter, sempre, o alinhamento com os times – algo crucial para um dos pilar es da empresa, o da liberdade. Por lá, as equipes têm autonomia para realizar as tarefas. “Liberdade exige muita responsabilidade e, para que funcione, é preciso haver um alinhamento bem conciso e acessível entre o líder e o liderado sobre aonde se quer chegar”, afirma Fabrício Macias, líder de desenvolvimento de negócios na Macfor. Para isso, os gesto res são orientados a explicar detalhadamente qual é o papel de cada profissional – algo essencial para esse estilo de trabalho.

SEM PINICO

Quando chega a hora de implementar a autogestão nas companhias, o temor é um dos fatores que mais paralisam as organizações. “O maior desafio é o medo. Medo de mudar, de perder o controle, de não conseguir executar”, diz Heloísa Capelas, CEO do Centro Hoffman, empresa de treinamento e coaching.

Mas é possível superar esse obstáculo. Urna maneira é aplicar a autogestão em um projeto piloto em um time específico. Escolhida a equipe, vale seguir as orientações da consultora Kellie Crosara.

Primeiro, é preciso mapear os papéis de cada profissional, escrevendo as responsabilidades de todos e deixando os cargos de lado. Depois, verificar se há responsabilidades que caminham juntas, mas que estão sendo atribuídas separadamente, para agrupá-las em um papel único que possa ser executado por apenas uma pessoa. Então, notar se há atividades importantes que não estão unidas e que podem ser usadas para criar um novo papel. Com essa revisão dos papéis, as funções deixam de ser apenas um nome, a estrutura ganha transparência e os funcionários se tornam  protagonistas de suas responsabilidades.

Implantar a autogestão sem tocar na cultura é impossível. E esse pode ser outro ponto desafiador na caminhada de mudança organizacional. Isso porque, embora o RH tenha a função de ser o guardião e estimular a nova cultura, as transformações são lentas e acontecem no dia a dia, com exemplos das lideranças e símbolos transmitidos pela companhia. “Não podemos atribuir uma mudança a uma área apenas”, diz Mário Custódio, diretor na empresa de recrutamento Robert Half. O consultor Rodrigo Bastos complementa: “Um erro fatal é achar que fazer um treinamento é estar pronto. O comportamento do gestor vai mudar quando várias coisas mudarem ao redor dele. Não simplesmente porque ele passou por um treinamento”.

COMPETÊNCIA DO FUTURO

Pensando do ponto de vista do profissional, a autogestão é urna grande competência a ser desenvolvida para o futuro do trabalho. Afinal, atuar nesse estilo de gestão demanda habilidades em alta para os próximos anos, como inteligência emocional (para selar acordos e deixar o ego dos cargos de lado) e autoconhecimento (um recurso poderoso para refletir sobre a responsabilidade, tão necessária nesse modelo). “Entender que toda luz tem uma sombra e que toda sombra tem uma luz vai facilitar nossa autogestão”, diz Heloísa Capelas.

Outro ponto que vem à tona na autogestão é o conceito de accountability, que muitas empresas estão buscando estimular em seus times. “Que possamos assumir a responsabilidade por nossas escolhas. Se eu propus algo e o resultado não foi o esperado, que eu assuma em vez de ficar buscando culpados”, afirma Kellie Crosara.

Se a autogestão será a mudança definitiva de paradigma do futuro do trabalho é difícil afirmar, mas o modelo traz uma discussão importante: a necessidade de colocar a humanização no centro das companhias, e não mais, como no filme de Carlitos, os humanos dentro das máquinas.

OS MANDAMENTOS DA AUTOGESTÃO

Conheça cinco pontos cruciais para implementar esse estilo de trabalho

1 – DESENHAR PAPÉIS

Mais do que cargos, a autogestão pede um olhar atento para as posições de uma companhia e uma descrição sincera das tarefas e do poder de atuação de cada um dos funcionários. Na pratica, os papéis fazem as vezes dos cargos.

2 – ENCONTRAR PROPÓSITOS

Quando se desenha um papel, também é importante definir um propósito maior que norteará as ações. Além disso, deve-se criar propósitos para os diferentes papéis, o que deixa as expectativas quanto ao trabalho mais claras.

3 – MANTER O COMBINADO

Na autogestão , não pode haver microgerenciamento. Por isso, vale a pena estruturar uma lista de combinados que serão executados por cada funcionário e checar o andamento do trabalho periodicamente para ver se está tudo bem ou se alguém precisa de ajuda.

4 – DISTRIBUIR O PODER

O poder, na autogestão, não fica restrito à liderança: é distribuído em todos os níveis. Para isso funcionar, cada profissional precisa se sentir confortável em propor e barrar ideias.

5 – LIBERTAR

A liberdade é um dos pontos mais importantes. Para conquistá-la, a empresa tem que criar um ambiente em que funcionários tenham autonomia para executar, usar a criatividade e trilhar um caminho próprio para a resolução dos problemas.

EU ACHO …

LEMBRANÇAS MAL LEMBRADAS

A maioria dos nossos tormentos não vêm de fora, estão alojados na nossa mente, cravados na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. “As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer.” Frase do psicanalista Adam Phillips, publicada no livro O flerte.

Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta ao passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí, sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos.

Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas.

Você fez cinco anos, sonhava em ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, e percebe- se que ela prefere disparado sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece – passaram-se anos e você, droga, não esquece.

Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem sabemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável.

O menino de cinco anos superdimensionou uma ausência que foi emergencial, não proposital.

Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela).

Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor.

E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, se recusa a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou a sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o dessa fatura.

São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria – pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito.

*** MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

POR QUE NÃO SE DEVE PRATICAR EXERCÍCIOS PERTO DO TRÂNSITO

Ritmo acelerado da respiração durante a atividade física facilita a absorção de toxinas, impactando até no declínio mental

Fazer exercícios físicos em lugares poluídos pode resultar na perda de alguns dos benefícios que essa atividade proporciona, de acordo com dois novos estudos sobre exercício, qualidade do ar e saúde do cérebro.

As pesquisas descobriram que, na maioria das vezes, as pessoas que correm e pedalam vigorosamente têm volumes cerebrais maiores e menores riscos de demência do que seus colegas menos ativos. Mas se as pessoas se exercitavam em áreas com níveis moderados de poluição, as melhorias esperadas quase desapareciam.

Um grande conjunto de evidências demonstra que, em geral, o exercício deixa nosso cérebro mais forte. Nos estudos, pessoas ativas geralmente exibem mais massa cinzenta, composta pelos neurônios essenciais e funcionais do cérebro, do que pessoas sedentárias. Pessoas em boa forma também tendem a ter mais saudável a matéria branca – as células que suportam e conectam os neurônios. A substância branca geralmente se desgasta com a idade, encolhendo e desenvolvendo lesões semelhantes aos buracos encontrados no queijo suíço, mesmo em adultos saudáveis. Mas pessoas ativas têm lesões cada vez menores.

Como consequência dessas alterações cerebrais, o exercício está fortemente associado a menores riscos de demência e outros problemas de memória quando uma pessoa envelhece.

Mas a poluição do ar tem efeito oposto no cérebro. Um estudo de 2013 revela que americanos mais velhos que vivem em áreas com altos níveis de poluição mostraram distúrbios na massa branca e tendiam a desenvolver taxas mais altas de declínio mental.

Poucos estudos, no entanto, exploraram como o exercício e a poluição do ar podem interagir, e se fazer exercícios em um ar poluído protegeria nossos cérebros de gases nocivos ou prejudicaria o bem que ganhamos.

Assim, no primeiro dos novos estudos, publicado em janeiro pela revista científica Neurology, usaram registros de 8,6 mil adultos de meia-idade britânicos cujos dados constam do UK Biobank (um grande repositório de informações sobre saúde e estilo de vida). Os pesquisadores concentraram sua atenção nas pessoas que se exercitavam vigorosamente com frequência. Quanto mais pesada a respiração, mais poluentes uma pessoa aspira. Os pesquisadores também incluíram, para comparação, dados de algumas pessoas que nunca se exercitavam vigorosamente.

Em seguida estimaram os níveis de poluição nos lugares em que as pessoas viviam, e por fim compararam as tomografias cerebrais de todos os envolvidos. As associações positivas praticamente desaparecem nas pessoas que se exercitam com frequência, mas viviam em áreas poluídas, ainda que moderadamente.

A massa cinzenta delas era menor e as lesões na massa branca mais numerosas do que as das pessoas que vivem e se exercitam longe da poluição, mesmo que praticassem a mesma quantidade de exercício.

Agora, um estudo publicado este mês pela revista científica Sports & Exercise reforça essas constatações, ao analisar 35.562 participantes mais velhos. Os dados demonstraram que quanto mais as pessoas se exercitassem, menor a probabilidade de que desenvolvessem demência – desde que o ar dos locais em que vivem seja limpo. Em lugares onde o ar era moderadamente poluído, no entanto, existia risco ampliado de demência em longo prazo, quer a pessoa se exercitasse, quer não.

“A constatação de que a poluição do ar nega os benefícios bem estabelecidos do exercício físico para a saúde cerebral é alarmante e torna mais urgente o desenvolvimento de políticas regulatórias mais efetivas”, disse Pamela Lein, professora da Universidade da Califórnia. Diversas medidas podem ajudar a fortificar os benefícios do exercício físico para o cérebro, segundo David Raichlen, um dos autores do estudo. Ele recomenda, se possível, se manter afastado de vias de tráfego pesado. Também é importante checar a qualidade do ar (lembrando que ela muda ao longo do dia). Fazer exercícios em ambientes fechados não traz vantagens, mas o uso de máscaras – cirúrgicas ou PFF2 – filtram alguns particulados insalubres, como fuligem e outros materiais.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

QUANTA PRESSÃO VOCÊ AGUENTA?

Em um mundo assombrado por uma guerra e uma pandemia, a resiliência torna-se a habilidade emocional indispensável para impedir que corpo e mente desmoronem

Em determinado trecho de Guerra e Paz, o clássico do escritor russo Liev Tolstói, Pierre Bezúkhov – o personagem principal da monumental história passada em meio à invasão da Rússia em 1812 pelas tropas francesas de Napoleão – faz uma reflexão pungente. Bezúkhov, filho ilegítimo de um conde e apresentado como um jovem idealista imerso numa jornada em busca da essência do espírito, é obrigado a amadurecer em meio à realidade bruta da guerra e das relações humanas descritas magistralmente por Tolstói. Depois de ter sido preso pelos franceses e testemunhado as atrocidades cometidas pelas tropas napoleônicas, o personagem resume o que leva da experiência. “Eles dizem: sofrimentos são infortúnios. Mas se neste minuto eu fosse perguntado se eu permaneceria como era antes de ter sido pego como prisioneiro, ou se passaria por tudo novamente, eu diria, pelo amor de Deus, deixem-me ser um prisioneiro e comer carne de cavalo novamente. Nós imaginamos que assim que somos arrancados de nosso caminho habitual tudo acaba, mas é apenas o começo de algo novo e bom. Enquanto houver vida, haverá felicidade. Há muito, muito diante de nós.”

O ensinamento que Tolstói transmite por meio das palavras de Bezúkhov é extraordinário. Ele resume de que forma o ser humano é capaz de manter intacta sua estrutura emocional mesmo quando o mundo desaba ao seu redor. Pode ser em razão de uma guerra, como a que afligiu o personagem Bezúkhov, ou a que agora reduz ao sofrimento milhões de pessoas na Ucrânia atacadas pelas tropas de Putin. Ou de uma pandemia, como na Gripe Espanhola, entre 1918 e 1920, durante a qual, estima-se, 50 milhões de pessoas tenham morrido, ou a de Covid-19, doença que nos últimos dois anos tirou a vida de 6 milhões de indivíduos. Ou, então, o desmoronamento provocado pelas pequenas tragédias pessoais, aquelas sobre as quais não há holofotes, mas que seguem alimentando as dificuldades humanas e das quais praticamente ninguém escapa.

Não importa a origem do sofrimento. O segredo para sobreviver emocionalmente às adversidades da vida está no grau de resiliência de cada um. A palavra é emprestada da física e significa a capacidade que determinado material tem de aguentar pressões e voltar à forma original passado o estresse. Traduzindo para o universo humano, o conceito diz respeito à habilidade de se adaptar a diferentes circunstâncias e manter-se são. “Resiliência é a combinação entre ser apto a se levantar se for preciso e ter treinamento necessário para ser flexível em um mundo incerto como o de hoje, onde não sabemos o que pode acontecer”, define Dorie Clark, da Universidade Duke, nos Estados Unidos. De fato, a capacidade tornou-se a diferença entre quem passa por tudo sem ruir e aqueles que podem nunca mais se erguer diante de mazelas tão desafiadoras quanto as atuais. É preciso ser resiliente em relação às aflições universais, às exigências profissionais, às transformações sociais e às demandas afetivas de uma sociedade em permanente ebulição.

Por se tratar de tema tão decisivo, e tão intimamente ligado à realidade, a resiliência ganhou espaço na ciência comportamental nas últimas quatro décadas. Descobriu-se que a dificuldade de lidar com a complexidade do mundo pode adoecer corpo e mente. Os estudos tomaram fôlego ao mesmo tempo que floresciam as investigações sobre a depressão e a ansiedade, enfermidades psiquiátricas cujas raízes também têm a ver com o jeito de responder a circunstâncias hostis. Desde o início, a pergunta a ser respondida era a seguinte: por que as pessoas reagem de maneira diferente diante de uma mesma situação desfavorável? A explicação possibilitaria identificar de que material são feitos uns e não outros, os que sobrevivem às pressões e os que sofrem.

As respostas começam agora a surgir. A questão central que emerge das informações levantadas é a importância da percepção que cada indivíduo tem dos problemas. O psicólogo americano George Bonanno, coordenador do Laboratório de Perdas, Traumas e Emoções da Universidade Columbia, em Nova York, pesquisa o assunto há 25 anos e, segundo ele, a força da resiliência pode variar de acordo com a classificação dada pela pessoa a determinado acontecimento. É o indivíduo que vai considerar se o evento foi traumático ou, ao contrário, se representou uma oportunidade de aprender e de crescer. “O que aconteceu só será um trauma se o vivenciarmos e nos lembrarmos dele como tal”, diz Bonanno.

É dificílimo fazer o que ele e outros estudiosos do tema sugerem. Contudo, é exatamente assim que agem os mais resilientes. Basta ver os jovens que se casaram em plena pandemia ou em plena guerra na Ucrânia. Também são vários os exemplos de pais e mães que perdem filhos para doenças ou violência e transformam a dor em combustível para promover iniciativas que ajudam comunidades de vítimas de tragédias semelhantes. E o fazem independentemente das condições da própria vida. Ricos ou pobres, esses indivíduos dão ao infortúnio o significado de oportunidade em vez de marcá-lo com o símbolo da amargura.

Mas eles não nascem assim. Descobriu-se, felizmente, que a resiliência não é inata. É possível construí-la ao longo dos anos ou aprendê-la rapidamente, se preciso. “Qualquer pessoa é capaz de usar recursos para enfrentar os problemas”, diz o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo. O primeiro movimento é prestar atenção nos fatores que influenciam quanto cada um será resiliente. O essencial é criar mecanismos que mudem as reações cognitivas e comportamentais diante de um obstáculo. Há ferramentas psicoterapêuticas eficazes para isso, usadas para ensinar os indivíduos a reclassificar pensamentos negativos, a reagir racionalmente, a dar aos fatos a dimensão correta e a compreender que os contextos mudam. O sofrimento não vai durar para sempre. “As pessoas precisam aprender, ainda, que a maioria dos problemas não foi criada por elas”, diz Emerson Santos, diretor-geral da Escola da Inteligência, organização que atua em 1.000 escolas do país dando aulas de resiliência e inteligência emocional, com mais de 300.000 alunos impactados.

O outro aspecto a ser trabalhado é o social. É possível ensinar desde cedo uma criança a lidar mais adequadamente com situações hostis oferecendo a ela a possibilidade de enxergar algo positivo onde parece haver só escuridão. Um caminho é proporcionar um ambiente familiar afetuoso e seguro, estimulando a capacidade de adaptação a novas circunstâncias. Para os adultos, a resiliência pode ser alimentada em situações que ofereçam a convivência com pessoas acolhedoras, acessíveis e prontas para ajudar e por meio da sensação de pertencimento. “Toda pessoa que se vê pertencente a um grupo sente-se amparada na luta contra um desafio”, diz o psiquiatra Oliveira Neto.

Ser resiliente é atributo vital para a sobrevivência humana. Se não fosse assim, o mundo estaria ainda pior em questões que exigem a força emocional de todos, como o enfrentamento da Covid-19. No entanto, é graças à resiliência demonstrada em dois anos de pandemia que o brasileiro hoje pode comemorar a suspensão total ou parcial do uso de máscaras em várias cidades do país, feita na hora certa e com o aval da ciência. É coisa para se orgulhar. A resiliência nos fez chegar a um bom porto, e com algum louvor, apesar das perdas. A crise sanitária, a mais dura em um século, é prova de que a sociedade consegue lidar com obstáculos. Tomando por empréstimo as palavras de Pierre Bezúkhov, o personagem de Tolstói, muita gente pensou que, ao sermos arrancados do caminho habitual, tudo acabaria. Mas a resiliência, insista-se, nos faz agora vislumbrar o começo de algo novo e, quem sabe, bom, apesar das guerras.

Tafur

Property Maintenance

Guariento Portal

Seja Bem Vindo ao melhor do Mundo dos Filmes e dos Games.

iamtamanjeet

Writing to Inspire, Motivate, and to help finding Hopes

MyView_Point

Right <> correct of the center

Anthony’s Crazy Love and Life Lessons in Empathy

Loves, lamentation, and life through prose, stories, passions, and essays.

imaginecontinua

Pretextul acestui blog este mica mea colecție de fotografii vechi. În timp s-a transformat în pasiune. O pasiune care ne trimite, pe noi, cei de azi, în lumea de altădată, prin intermediul unor fotografii de epocă.

Antonella Lallo

Lucania la mia ragione di vita

Anaklarah's alive words

Onde as palavras ganham vida própria!

Alex in Wanderland

A travel blog for wanderlust whilst wondering

Site Ovat inspiration message

ovat inspiration message

Yelling Rosa

Words, Sounds and Pictures

EQUIPES ALINHADAS À CULTURA ORGANIZACIONAL

ESTUDO DE CAMPO NO SISTEMA FIEC

Трезвый образ жизни

Трезвый- значит сильный

PIGGY BANK

語学や資格試験に関する記事や、日本や外国を英語で紹介する!