ERVAS USADAS PARA EMAGRECIMENTO PODEM GERAR SÉRIOS DANOS AO FÍGADO
Produtos naturais não passam por estudos clínicos e também nãosão regularizados por agências
O caso de hepatite fulminante que causou a morte da enfermeira Edmara Silva de Abreu,42, levantou novo alerta para o perigo decorrente do consumo de produtos sem a supervisão médica. Abreu tinha utilizado cápsulas de “ervas para emagrecimento” que continham chá verde, carqueja e cavalinha.
Essas substâncias são consideradas hepatotóxicas, ou seja, podem causar danos ao fígado, e desencadear problemas sérios de saúde, como a hepatite -, uma inflamação no órgão com diversas causas.
Liliana Ducatti, médica que atendeu a enfermeira, diz que a falta de regulamentação de produtos como esses e o uso em excesso por parte da população são fatores que contribuem para a ocorrência desses problemas.
“Uma coisa é a gente tomar [esses chás] por prazer, doses razoáveis, um consumo consciente e equilibrado. Outra coisa é tomar doses cavalares atrás de um efeito que não existe, que seria emagrecer”.
Infelizmente, casos como esses não são raros”, é o que afirma Giovanni Silva, médico hepatologista e presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia).
“Existe um conceito, na população leiga, de que produto natural é saudável, mas isso é extremamente errado. Temos inúmeras substâncias naturais […] que são tóxicas”.
O médico explica que a hepatite fulminante – também denominada de insuficiência hepática aguda – é uma das formas que a inflamação aguda do fígado pode ser apresentada em um doente.
“Uma das manifestações da hepatite aguda é o seu curso fulminante, ou seja, [quando se dá a] evolução para insuficiência hepática aguda. Se [o fígado] não for transplantado, a pessoa pode evoluir rapidamente para a morte”, afirma. Diferentemente da forma crônica, que é uma inflamação em um fígado já debilitado e que perde suas funções com o tempo, a hepatite aguda acontece quando o órgão sofre desgastes sem estar ligado a outra doença.
“[A forma aguda da hepatite] pode ser assintomática, sendo o diagnóstico feito apenas por alterações no exame de sangue. As (formas) sintomáticas são marcadas principalmente porque a pessoa fica amarela (icterícia) pelo aumento da bilirrubina no sangue. Também tem urina cor de coca- cola e, eventualmente, fezes esbranquiçadas”, afirma.
O desenvolvimento da hepatite aguda pode acontecer de duas formas: por meio de dose dependente ou por hipersensibilidade. O primeiro caso é quando uma pessoa utiliza um produto que pode gerar problemas no fígado em grandes doses.
“Você necessita de uma dose mais elevada para ter uma agressão na célula do fígado, que é o hepatócito. Esse hepatócito inflama, necrosa e morre. Se essa morte celular for muito extensa no fígado, pode levar à insuficiência hepática aguda”.
Silva explica que existem muitas substâncias que podem resultarem em casos de hepatite fulminante por meio de dose dependente, como ervas parecidas às utilizadas pela enfermeira que veio a óbito ou até mesmo medicamentos. O problema dos produtos naturais é que eles não passam por estudos clínicos e também não há regularização por parte de agências sanitárias, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isso faz com que seja mais difícil controla-los, impedindo que haja uma mensuração adequada dos princípios ativos que os compõem.
Ducatti também ressalta que tomar doses exageradas – como aconteceu com Abreu – ocasiona complicações no fígado. “Tem pessoas que tomam, por exemplo, dois litros de chá de cavalinha (erva hepatóxica) por dia […] eisso também deixa de ser uma quantidade segura”,
A outra possibilidade de ocorrer uma hepatite aguda é quando o indivíduo tem hipersensibilidade à substância que inflama o fígado.
“Tem medicamento que faz mal independentemente da dose, infelizmente por uma reação de sensibilidade do hospedeiro”, explica Liliana Mendes, hepatologista do Sírio e Libanês e da SRH.
Segundo a médica, é difícil dizer para que substâncias uma pessoa tem ou não hipersensibilidade. Isso fica ainda mais complicado com produtos não regulamentados, já que não é possível inferir realmente quais são suas propriedades. Ela menciona casos em que essas ervas são misturadas com metais pesados ou analgésicos, para citar apenas alguns exemplos.
O tratamento para hepatite fulminante envolve principalmente a suspensão da substância que está causando o problema. São tratadas as complicações no fígado e, caso a situação não melhore, é necessário realizar o transplante do órgão.
Na eventualidade de precisar mesmo do transplante, o paciente passa por exames para averiguar o nível de desgaste do fígado e pode vir a ter prioridade na fila de espera para receber o órgão.
Como aconteceu no caso de Abreu, muitos dos pacientes que Mendes atende com hepatite fulminante utilizaram produtos sem controle da composição na busca de emagrecimento, ganho de massa muscular ou rejuvenescimento.
‘”São pessoas que buscam saúde, e estão sendo vítimas desse mercado criminoso. Essa [Abreu] foi mais uma vítima das tantas que passam pelos nossos consultórios todos os dias”, afirma a hepatologista.
Mendes cita um caso de uma paciente recente que recebeu diagnóstico de quadro cirrótico. Ela tomava produtos para aumento de massa muscular e também ervas que continham substâncias hepatotóxicas. No entanto a descoberta das complicações veio tarde demais – o problema não foi descoberto enquanto ainda era reversível, diz a médica.
Para a hepatologista, o principal ponto é que, além de um acompanhamento médico adequado, as pessoas precisarão entender que mudanças corporais não se dão de forma milagrosa. “Perder peso exige uma mudança de estilo de vida”, conclui.
Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores o dei à luz (1Crônicas 4.9).
Jabez tornou-se mais nobre que seus irmãos. E por quê? Porque não se conformou com a decretação da derrota em sua vida. Porque reagiu diante da dor. Porque sacudiu o jugo do pessimismo. Porque resolveu buscar a Deus diante do sofrimento. Seu nome significa “dor”. Sua mãe sofreu muito para o trazer à luz. Jabez recusou carregar o estigma do seu nome. Buscou a Deus, e um milagre aconteceu em sua história. Vários pedidos foram feitos. Primeiro, ele pediu a bênção de Deus. Reconheceu que somente Deus poderia reverter os prognósticos sombrios de seu nome. Segundo, ele pediu a Deus fronteiras mais largas, oportunidades mais extensas, influência mais expressiva. Jabez queria subir nos ombros dos gigantes e ter a visão do farol alto. Terceiro, ele pediu a Deus livramento do sofrimento. No meio de uma geração que se conformava com a dor e estava subjugada pelo sofrimento, Jabez se soergueu das cinzas. Trocou os gemidos da alma pela alegria da esperança. Substituiu o pranto da dor pelo cântico da vitória. Deus deferiu os pedidos de Jabez e ele alcançou o que pleiteou diante do Senhor. Por isso, tornou-se mais nobre que seus irmãos. Destacou-se no meio da sua geração. Tornou-se um monumento da graça, um estandarte que ainda tremula, ensinando as gerações pósteras que vale a pena caminhar com Deus e fazer sua vontade.
Apesar de não haver uma lei que regulamente os procedimentos aplicáveis a funcionários que recusam a vacina da covid-19, há embasamento jurídico para a tomada de decisão. Saiba mais
Quando o assunto é vacinação, não são apenas os direitos coletivos e individuais que estão em jogo, e sim a saúde pública. É por isso que o tema é mais complexo do que parece à primeira vista e pode levantar dúvidas, principalmente entre os profissionais de RH, que precisam aplicar as normas para exigir, por exemplo, que funcionários apresentem comprovante de que receberam as doses – ou até para demitir aqueles que não o fizerem. Mas, para isso, precisam de embasamento jurídico.
Em novembro de 2021, uma portaria editada pelo Ministério do Trabalho e Previdência chegou a proibir o empregador de cobrar documentos comprobatórios da vacinação contra a covid-19 para a contratação ou a manutenção do emprego. O texto afirmava que “a não apresentação de cartão de vacinação contra qualquer enfermidade não está inscrita como motivo de justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador”. A portaria afirmava ser “proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção”.
Menos de 15 dias depois, a regra foi suspensa, “Portarias não devem dizer como a lei precisa funcionar”, afirma Flávio Roberto Batista, professor de direito do trabalhador e seguridade social da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. “Seria uma tentativa, por um ato do Poder Executivo, de incidir na discussão sobre a interpretação de uma norma do legislativo.” Carlos Weiss, especialista em direito do trabalho, considera que os dispositivos foram suspensos por apresentarem uma interferência direta e uma limitação ao poder de direção do empregador, garantia prevista na CLT. E que é equivocado igualar a exigência da vacinação a um ato de discriminação. “Fatores como sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, eficiência, reabilitação profissional, idade ou gravidez não interferem sobre o direito à saúde ou à vida dos demais empregados ou de terceiros, diferentemente do que ocorre com a falta de vacinação”, diz Carlos.
CAUSA JUSTA
A CLT menciona que “insubordinação” é uma causa que pode levar à demissão. “A recusa à vacina se enquadra nesse entendimento”, afirma Flávio. A não ser que a negativa aconteça por motivo médico, comprovado por atestado de saúde. Outra norma que embasa juridicamente a decisão é a lei de número 13.979, de 2020, que prevê a possibilidade de vacinação compulsória. A norma determina medidas para o enfrentamento emergencial da pandemia.
A rigor, o funcionário pode ser dispensado se descumprir uma determinação da empresa. “A legislação trabalhista confere ao empregador o poder de dirigir e organizar a respectiva atividade empresarial, inclusive de disciplinar a forma como a atividade do empregado será executada”, afirma o advogado José Ricardo Armentano, da Morad Advocacia. A questão é se isso seria feito com ou sem justa causa. A empresa tem a prerrogativa de exigir de seus funcionários determinados comportamentos, principalmente para garantir a saúde e a segurança no ambiente de trabalho. Aliás, saúde e segurança também são responsabilidades dos empregados, segundo a Constituição Federal. Logo, quem se recusa, de forma injustificada, a se vacinar, colocando em risco os demais, pode sofrer punições. Mas, antes de chegar a esse ponto, é preciso que as regras estejam claras.
AS BRECHAS
O primeiro passo é fazer campanhas de educação e conscientização dos empregados sobre a importância da vacinação e sobre quais são as medidas cabíveis em caso de descumprimento das normas.
De acordo com Carlos Weiss, as empresas devem fornecer também orientações de profissionais da saúde para os funcionários que não quiserem receber as doses, com o objetivo de reforçar informações sobre eficácia e segurança da vacinação e riscos relacionados à recusa. “Caso o empregador não respeite essas medidas, a dispensa por justa causa poderá ser revertida na Justiça Laboral”, afirma Carlos.
E os especialistas aconselham avaliar sempre caso a caso. Se, por exemplo, o trabalhador conseguir realizar o trabalho de forma remota ou sem contato físico com os demais, poderá estar protegido contra a dispensa por justa causa. Por isso, esse olhar cuidadoso é fundamental. Afinal, demissão é uma medida drástica que só deve ser considerada depois de esgotadas todas as outras possibilidades.
O fim de semana prometia trabalho e para ela isso era bom. Quando vestida do manto da profissional, ela se reconhecia, se gostava, entendia perfeitamente seu lugar, tinha treinado para esse papel há muitos anos e nele habitava confortavelmente.
E assim partiu com o marido, companheiro de jornada, tranquila, abraçando com segurança o que seria mais um desafio profissional. O tema dos dias seria sustentabilidade e atuar nesse campo profissionalmente era também uma meta há muito desejada.
CONTEMPLAÇÃO
Ao chegar à casa que os aguardava, a primeira surpresa: o local não poderia ser mais convidativo à contemplação. Uma praia deserta, uma cachoeira, um gramado e a impressão de que estava dentro de um filme da Disney, daqueles em que as cores intensas refletem a fantasia de que o Éden existe. Quatro casais imbuídos de propósito no tema proteção ambiental iriam compartilhar o espaço por alguns dias dentro de um paraíso que os faria lembrar minuto a minuto que a natureza preservada é possível.
A pele coberta da casca de capacitações e certezas técnicas durou apenas algumas horas antes de começar a se desfazer e confundi-la. Trabalhar com o tema natureza em salas de reuniões ou em videoconferências com o grupo tinha sido fácil, masse deixar tocar pela força da primeira cachoeira em que colocou os pés arrancou qualquer possibilidade de distanciamento que sua identidade precisava para se manter em foco.
A confusão nasceu do contato profundo com o desconhecido. Ler, estudar, saber racionalmente era um lugar identificável e que a deixava na posição de controle. Viver, sentir e absorver a expunha e a empurrava para um espaço de vulnerabilidade. As duas personas, a profissional e a mulher, se misturaram e explodiram juntas em um choro libertador embaixo das águas da primeira cachoeira. A profissional tentou recriminar a mulher, que acolheu o medo e a confusão. Saíram juntas e de mãos dadas, apoiando-se e sabendo que nesse fim de semana o tal manto profissional não a cobriria mais.
ANDAR 10 MINUTOS EXTRAS POR DIA AJUDARIA A PROLONGAR VIDA
Mais de 111 mil mortes poderiam ser evitadas por ano no mundo, diz estudo
Se quase todos nós começássemos a caminhar dez minutos a mais por dia, poderíamos, coletivamente, evitar mais de 111 mil mortes por ano, segundo um novo estudo sobre movimento e mortalidade, publicado no JAMA Internal Medicine.
O estudo usou dados sobre atividade física r taxa de mortalidade de milhares de americanos adultos para calcular quantas mortes por ano poderiam ser evitadas se todo mundo se exercitasse mais.
Os resultados indicam que mesmo um pouco de atividade física extra de cada pessoa poderia evitar centenas de milhares de mortes prematuras nos próximos anos.
A ciência já oferece evidências de que nossa quantidade de exercícios influencia nossa vida. Em um estudo revelador de 2019 publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), mais de 8% de todas as mortes nos Estados Unidos foram atribuídas a “níveis inadequados de atividade”.
Um estudo britânico de 2015 também descobriu que homens e mulheres que se exercitam durante pelo menos 150 minutos por semana – a recomendação padrão na Grã-Bretanha, na Europa e nos EUA reduzem seu risco de morte prematura em pelo menos 25% -, comparando com pessoas que se exercitam menos.
Uma análise de 2020 sobre estilos de vida e risco de morte de aproximadamente 44mil adultos nos EUA e na Europa concluiu que os homens e mulheres mais sedentários no estudo tinham até 26% maior probabilidade de morrer prematuramente do que as pessoas mais ativas estudadas, que se exercitavam durante pelo menos 10 minutos quase todos os dias.
Mas a maior parte dessa última pesquisa contou com memórias muitas vezes inconfiáveis dos hábitos de exercício e de inatividade.
Além disso, muitos estudos que lidaram com os impactos mais amplos, em nível de população do exercício sobre a longevidade tenderam a usar diretrizes formais de exercícios como objetivo.
Nesses estudos, os pesquisadores modelaram o que aconteceria se todos começassem a se exercitarem durante pelo menos 150 minutos por semana, uma meta ambiciosa e talvez inatingível para as muitas pessoas que antes se exercitavam pouco ou nada. No novo estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e do CDC decidiram explorar o que poderia acontecer com as taxas de mortalidade se as pessoas começassem a se movimentar mais.
Mas primeiro os pesquisadores precisaram definir uma linha de base de quantas mortes poderiam estar relacionadas à falta de movimentos.
Então eles começaram coletando dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, que periodicamente entrevista uma amostra significativa da população sobre suas vidas e sua saúde. Ela também oferece a algumas pessoas marcadores de atividade, para medir objetivamente o quanto elas se movimentam.
Os pesquisadores agora coletaram informação de 4.840 voluntários de diferentes etnias, homens e mulheres com idade entre 40 e 85 anos. Todos tinham aderido à pesquisa entre 2003 e 2006 e usaram um monitor de atividade durante uma semana.
Com base nesses dados, os pesquisadores agruparam as pessoas conforme o número de minutos que elas caminhavam ou se movimentavam na maioria dos dias.
Eles também verificaram um registro nacional de mortes para definir riscos de mortalidade para os vários níveis de atividade.
Usando esses resultados, começaram a criar uma série de hipóteses estatísticas. Suponham, disseram os pesquisadores, que todo mundo que seja capaz de se exercitar comece a fazê-lo moderadamente por exemplo, caminhando rapidamente, durante dez minutos a maior parte dia, além do que já se exercitam naturalmente? Quantas mortes poderiam não acontecer?
Os pesquisadores fizeram ajustes para contabilizar estatisticamente as pessoas que eram frágeis demais ou incapacitadas de caminhar ou se movimentar com facilidade.
Eles também consideraram a idade, educação, tabagismo, alimentação, índice de massa corporal e outros fatores de saúde em seus cálculos.
Então os pesquisadores executaram o mesmo critério estatístico com todos se exercitando durante mais 20 minutos por dia e, finalmente, durante mais 30 minutos por dia, e verificaram os resultados.
Um certo número de pessoas viveria mais em qualquer desses cenários, segundo eles. De acordo com o modelo, se cada adulto capaz caminhasse rapidamente ou fizesse outro exercício durante mais dez minutos por dia, 111.174 mortes por ano em todo o país – cerca de 7% de todas as mortes em um ano típico – poderiam ser evitadas.
Quando eles duplicaram o tempo de exercício imaginado para 20 minutos a mais por dia, o número de mortes potencialmente evitadas aumentou para 209.459.
Triplicar o exercício para 30 minutos a mais por dia evitou 272.297 mortes, ou quase 17% dos totais anuais típicos. Os dados foram coletados antes da pandemia, que distorceu os números de mortalidade. Esses números podem parecer abstratos, mas na prática, centenas de milhares de mortes evitadas poderiam ser muito pessoais.
Poderiam significar evitar a morte de um cônjuge, pai ou mãe, amigo, filho, colega de trabalho e, é claro, nós mesmos, disse Pedro Saint Maurice, epidemiologista no Instituto Nacional do Câncer, que liderou o novo estudo.
“Há uma mensagem nesses dados para entidades de saúde pública” sobre a importância de promover a atividade física para reduzir mortes prematuras” , disse ele. E a mensagem se aplica igualmente a cada um de nós.
Então, levante-se, e ande, ou pratique uma atividade física moderada durante dez minutos a mais. Convide seus amigos e parentes a fazer o mesmo. ”Nesse contexto, um pouco de atividade física adicional pode ter um impacto enorme”, disse o doutor Saint Maurice.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS ENGORDAM E AFETAM A MEMÓRIA
Guloseimas e petiscos causam forte resposta inflamatória no cérebro
Apenas um mês de uma dieta rica em besteiras, como batata frita, nuggets, salgadinhos, hambúrguer, pizza, massa congelada, frios e outros alimentos ultraprocessados, é suficiente para prejudicar a memória. Por outro lado, a suplementação com ômega-3 DHA, um tipo específico do ácido graxo, ajuda a prevenir problemas de memória e reduzir o efeito inflamatório desse tipo de alimentação.
A conclusão é de um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, em ratos.
“O fato de estarmos vendo esses efeito tão rapidamente é um pouco alarmante”, disse em comunicado a autora sênior do estudo, Ruth Barrientos, pesquisadora do Instituto de Pesquisas em Medicina Comportamental da universidade e professora associada de psiquiatria e saúde comportamental.
A dieta do estudo imitou alimentos humanos ultraprocessados, aqueles prontos para o consumo que geralmente são embalados para longa vida útil. Publicado na revista Brain Behavior, and lmmunity, o trabalho mostrou que a neuroinflamação e os problemas cognitivos não foram detectados em ratos adultos jovens que ingeriram a dieta processada. Apenas nos mais velhos.
Os roedores mais velhos que comeram a dieta processada também mostraram sinais de perda da memória , que não foram observados nos mais jovens.
SUPLEMENTAÇÃO
Por outro lado, a suplementação de ômega 3-DHA à dieta rica em alimentos processados foi capaz de prevenir a resposta inflamatória no cérebro e os sinais comportamentais de perda de memória.
Presente em peixes e outros frutos do mar, o DHA atua na defesa contra uma resposta inflamatória no cérebro. O efeito de sua suplementação, por exemplo, equivale a um passe livre para consumir esses alimentos processados, alertam os pesquisadores.
Eles ainda não sabem qual a quantidade de ômega-3 DHA necessária para atingir o efeito protetor nem se esses resultados se traduzem em humanos, por exemplo. Além disso, a suplementação com DHA e a juventude dos ratos não foram capazes de evitar o ganho de peso proporcionado pela má alimentação.
Dietas ricas em alimentos altamente processados vem sendo associadas à obesidade, diabetes tipo 2, além de outras alterações metabólicas, cardiovasculares e imunológicas.
Atrizes, intelectuais e influenciadoras falam abertamente sobre menstruação e ajudam a quebrar tabus sobre tema
Aline Campos, atriz e modelo que até outro dia era Aline Riscado, estava fazendo uma live de ioga quando percebeu que a sua calça de ginástica, branca estava manchada com o fluxo mensal. Mesmo com o “imprevisto”, não interrompeu a sequência de exercícios. No mesmo instante, virou assunto em sites de notícias. “Para muitos foi um choque, para outros, algo pavoroso. Eu fiquei menstruada no meio da live, estava de branco, me sujei, e? Isso é um problema? Menstruação é vida, menstruação faz parte da natureza de nós, mulheres. Nunca me senti tão liberta em toda minha vida. Fico grata por normalizar algo que é natural, que é divino, que é vida”, comentou ela, logo após o fato.
Apesar de avanços feministas, o assunto continua cercado de tabus. Prova disso é o debate que voltou na semana passada quando o Congresso analisou o veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes íntimos a estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino; mulheres ou transgêneros em situação de rua ou em vulnerabilidade social extrema, presidiárias e que cumprem medidas socioeducativas. A decisão escancarou o machismo. “Por isso, a representatividade feminina na política é tão importante. Muitas políticas públicas são pensadas por homens, e eles ignoram temas femininos. Só quem não pensa neste assunto acha que ele é desnecessário. Só meninas menstruam; só homens usam camisinha masculina, no entanto elas são distribuídas em qualquer posto de saúde”, disse a advogada Gabriela Prioli em sua conta numa rede social.
Aproximadamente metade da população feminina – cerca de 26% da população global – está na idade reprodutiva. E a grande maioria sangra todo mês por um período que varia de dois a sete dias. Porém, a menstruação é estigmatizada no mundo inteiro.
De acordo com pesquisa realizada em 2019 encomendada pela plataforma americana The Case of Her com duas mil mulheres dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Índia, África do Sul e China para saber como elas lidavam com o sangramento mensal, 70% escondem que estão “naqueles dias” dos parceiros. Fazer sexo, então, nem pensar. Somente 34% das americanas disseram que transam, mesmo se estiverem menstruadas. No Reino Unido e no Canadá, apenas 19% têm coragem de manter a relação sexual. Na China, sete em cada dez entrevistadas confessaram que não se sentem à vontade. No Brasil, a situação não é diferente. Um levantamento realizado em 2018 pela Kyra Pesquisa & Consultoria, em parceria com a Johnson& Johnson, mostra que 57% das brasileiras sentem-se sujas durante a menstruação (40% no âmbito global) e mais de 40% ficam inseguras e se sentem pouco atraentes. Isso faz com que elas mudem hábitos, como deixar de entrar na piscina, praticar esportes, sair com alguém ou mesmo sair de casa.
“A menstruação já foi encarada como um processo impuro e negativo, associações que faziam parte de uma mentalidade machista. Evoluímos, mas ainda temos estigmas a derrubar. Como? Por meio da conversa aberta sobre o assunto. Esse é um processo natural do corpo feminino, não há motivo para vergonha”, explica a sexóloga Regina Navarro Lins.
Aos 42 anos, a atriz Samara Felippo não se lembra como foi menstruar pela primeira vez. Em compensação, recorda-se sim de uma sensação que a acompanhou durante muito tempo. “Sentia uma vergonha sem fim”, diz. Hoje, mãe de Alicia, de12 anos, e de Lara, de 8, faz questão de tratar o assunto sem tabus. “Já falei para a Alicia que ela só vai morar um tempo com o pai depois que menstruar, pois quero estar ao lado dela quando isso acontecer.” A atriz sabe da importância desse apoio. “Na adolescência, não tinha uma relação saudável com o corpo. Só fui me conhecer aos 36 anos. Foi uma verdadeira descoberta gostar de transar quando estou menstruada”, afirma.
A explicação é biológica. Nos dias que antecedem à menstruação, os níveis de testosterona (hormônio masculino que as mulheres têm em menor quantidade) estão bem altos no organismo. Além disso, o estrógeno e a ocitocina também estão elevados. Resultado: a mulher pode ficar mais excitada e propícia ao prazer. “Não há contraindicação, pode-se transar à vontade. A minha experiência em consultório mostra que a mulher fica muito mais encucada com o próprio sangue do que o parceiro. Eu diria que 50% dos homens não se importam. Só não aconselho se ela sofrer com sintomas, como cólica, inchaço, irritabilidade ou mesmo melancolia, porque nesse caso a relação não vai ser prazerosa”, explica a ginecologista Viviane Monteiro. O administrador Norman Fiuza, de 49 anos, cresceu ouvindo que a menstruação era um processo normal e saudável. “Tenho uma irmã mais velha e, em casa, a conversa sobre o assunto era igual para os dois. Minha mãe fazia questão de dizer que o sangue não era sujo, não fedia e, principalmente, que as mulheres não deviam ter vergonha dele. Engraçado é que tenho amigas que contam que as mães não falavam sobre isso com elas.
E as que tocavam no assunto, não tinham coragem de conversar olho no olho, miravam o chão”, diz ele. Casado há 27 anos, Norman não vê problema em transar ou fazer sexo oral quando a mulher está menstruada. “Nunca foi um impeditivo. Tem gente que fala sobre sujar o lençol, mas é só usar uma toalha.
Também tem a opção de trocar a cama pelo chuveiro”, diz ele, que é pai de Gabriel, de 25 anos, e de Raquel, de 23, e repetiu com os filhos a mesma estratégia. “Não existe constrangimento na minha casa. Minha filha já pediu para comprar absorventes para ela, e tudo bem”, conta. Mãe de Iolanda, de 9 anos, e de Lourenço, de 8, a roteirista Antonia Pellegrino, de 42 anos, também defende que os meninos devam receber informações sobreo período menstrual desde cedo. “Assim, eles passam a encarar o processo com naturalidade. Nós, mães, precisamos desmistificar e diminuir o impacto negativo em torno do assunto com os filhos homens igualmente. Acredito mesmo que esta aproximação da criança com o corpo da mãe, vai torná-la um adulto mais consciente sobreas mulheres”, explica ela.
Em casa, Antonia sempre tratou o assunto com os filhos de uma maneira muito natural. “A primeira vezem que tomei banho com eles, estando menstruada, foi um choque. Eu usava coletor e tirei na frente deles.
Eles me perguntaram se eu estava doente, se eu ia morrer. Expliquei que era justamente o contrário, que aquele sangue dizia que estava tudo bem. Que não era sinal de dor, nem de machucado. Aos poucos, fui desconstruindo essa ideia na cabeça deles. E deu certo porque eles passaram a encarar numa boa.
Os especialistas são unânimes em afirmar que investir em educação sexual é o cantinho para o acesso à informação sobre saúde feminina. E a disciplina vai além do ensino de métodos contraceptivos. Aborda também a violência sexual. Em países mais liberais da Europa, como Alemanha e Finlândia, o tema já foi incorporado aos currículos escolares a partir de 11 ou 13 anos de idade. Em compensação, em países islâmicos do Oriente o assunto é proibido. Nos Estados Unidos, embora as regras variem entre estados, a educação sexual é apoiada por 90% do país. No Brasil, desde 2007 os ministérios da Educação e da Saúde atuam em conjunto, por meio do Programa Saúde na Escola, para a prevenção e a promoção de saúde e orientações relacionadas ao uso de drogas e a sexualidade. Infelizmente é recorrente o registro(e o avanço) de projetos de lei que visam a proibir o assunto no ambiente escolar. Em países mais desenvolvidos, que abordam o assunto já na infância, os índices de gravidez precoce, abusos sexuais e infecções sexualmente transmissíveis são bem inferiores aos das nações que o tratam de forma conservadora. É preciso desenhar?
Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa (2Crônicas 7.1).
Quando Salomão consagrou o templo de Jerusalém, a glória de Deus encheu a casa. O que fez daquele santuário um lugar tão especial não foram suas colunas de mármore nem seus utensílios de ouro, mas a presença de Deus. Nossos templos serão apenas edifícios vazios se a presença de Deus ali não se manifestar. Nossos equipamentos eletrônicos produzirão apenas barulho estridente se a unção de Deus não fluir através dos instrumentistas. Nossos pregadores de refinada cultura serão apenas bronze que soa se o poder do Espírito não os capacitar. Nossos corais serão apenas cantoria a entreter os ouvidos religiosos se o poder do Espírito Santo não os instrumentalizar. Nossas pregações, por mais brilhantes, não produzirão uma única conversão se a unção de Deus não banhar a vida do pregador. A maior necessidade da igreja não é buscar novos métodos, mas desejar ardentemente o antigo poder, o poder do Espírito Santo. A presença manifesta de Deus é a maior necessidade do povo de Deus. Ainda que um anjo celestial estivesse conosco, não seria suficiente. Ainda que alcancemos vitória sobre os inimigos, não é o bastante. Mesmo que a terra prometida nos seja garantida, não basta. Só a presença de Deus nos satisfaz! Só a glória de Deus pode trazer plenitude de vida para sua igreja!
O preconceito contra quem passa dos 50 anos faz empresas abrirem mão de talentos produtivos e engajados. Veja as perdas com essa atitude e conheça as iniciativas de quem já investe na contratação desse público
O Brasil está cada vez menos jovem. Com a população vivendo mais tempo e a taxa de natalidade em queda, o número de pessoas acima de 60 anos está crescendo mais rápido do que o de crianças de até 9. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de pessoas na faixa acima dos 60 teve um aumento de 29,5% só entre 2012 e 2019. Em 2050, ano em que a expectativa de vida deve subir dos atuais 76,8 para 80 anos, essa parcela deve representar 30% dos brasileiros.
Somam-se a esses fatores os avanços da medicina e da qualidade de vida, e o que resulta é um descompasso entre o estereótipo da maturidade recolhida em casa, longe do trabalho e da sociedade e a realidade. “Temos 26% da população com mais de 50 anos. Mas, nas organizações, a média de funcionários nessa faixa etária é de 3% a 5%”, afirma Andrea Tenuta, líder comercial da Maturi, plataforma de vagas para o público sênior. Na maior parte dos casos, essas pessoas chegaram a essa idade já dentro das companhias; não foram contratadas na maturidade . “A maior parte das empresas que apresentam uma política de diversidade bem estabelecida ainda não tem uma frente para olhar questões geracionais”, diz Andrea.
No mercado, a atenção se volta quase toda para os jovens. Os escritórios, por exemplo, foram pensados nos últimos anos tendo esse público em mente, desde a escolha da decoração até a inclusão de itens como mesas de bilhar, videogames e geladeiras cheias de snacks. Da mesma forma, investe-se bastante no desenvolvimento e na contratação dos mais novos. “É todo um apelo para o jovem, ignorando uma parcela significativa da população que tem muita energia e precisa contribuir ainda”, diz Ricardo Sales, sócio- fundador da consultoria Mais Diversidade e criador do Fórum Gerações, para discutir a diversidade geracional. “Com a reforma da previdência, as pessoas com mais de 50 precisam continuar a ter acesso ao mercado de trabalho, porque vão demorar mais para se aposentar”, afirma Ricardo. Mas o que ainda é comum nas empresas para esse público são justamente programas que encaminham para a demissão voluntária e a aposentadoria. E não é só o mercado que parece se esquecer dessa parcela da população. Para Sérgio Serapião, CEO e cofundador da Labora, plataforma de seleção focada em pessoas acima dos 50, vivemos no Brasil uma cultura “jovem-cêntrica”, exaltando tudo o que é novo, em detrimento do que não é. “A gente acha que o presente pertence aos jovens”, afirma Sergio. “Associamos inovação, criatividade e tecnologia a eles.” Já os mais velhos teriam uma suposta rejeição ao digital e seriam menos capazes de contribuir com novas ideias.
Esse tipo de preconceito relacionado à idade é chamado de “etarismo” (ou ainda “idadismo” ou “ageísmo”, do inglês ageism) e pode ocorrer com qualquer faixa etária. Um exemplo seria julgar que os jovens são irresponsáveis, ou imaginar que pessoas mais velhas têm dificuldade de aprender. Em uma estimativa da ONU, uma em cada duas pessoas no mundo já teve algum tipo de atitude preconceituosa em relação a alguém mais velho.
REMUNERAÇÃO SOCIAL
E essa exclusão tem impactos. “O trabalho é central na vida do indivíduo adulto e fonte de prazer e realização social”, diz a psicóloga do trabalho Miryam Mazieiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ela, além do retorno financeiro, o trabalho garante a “remuneração social”: status, realização pessoal e sentimento de pertencer a uma profissão ou empresa. “Isso é um fator protetor da saúde mental – o indivíduo se sente útil, criativo, reconhecido.” A garantia de espaço de trabalho traz, assim, menos estresse, medo e ansiedade para essa população.
Essa é a percepção também do consultor Mauro Wainstock. Em 2019, ele fundou o Hub 40+, comunidade de inclusão geracional. “Em breve, vamos viver acima de 100 anos e precisamos discutir como será nossa saúde física e mental, como vamos sustentar isso”, diz.
No início, o grupo, que promove formação e conscientização para empresas e uma rede de apoio e qualificação para profissionais, era voltado para os 50+. Mas, por demanda do público, até o nome da iniciativa mudou: muitos na faixa dos 40 anos procuravam o hub relatando já enfrentar preconceito no mercado de trabalho.
Apesar das dificuldades, o cenário, ao que parece, começa a mudar. É o que mostra um estudo recente da Deloitte com 215 empresas no Brasil. Entre as organizações que contam com um grupo de afinidade para profissionais com mais de 50 anos, 37% o criaram em 2021- e 20% consideram o tema um dos que mais avançam internamente. Entre as empresas que ainda não têm iniciativas como essa, 34% pretendem adotar uma em até dois anos. Para Angela Castro, líder de estratégia de diversidade da Deloitte, a pauta deve ganhar ainda mais espaço – até porque o próprio perfil dos 50+ vem mudando. “Essa pessoa está mais ativa, demandando participação; não é mais uma realidade esperar que se aposente aos 60 anos de idade”, afirma Angela. “E muitos são ainda responsáveis pela principal renda familiar.” De acordo com dados da Pnad Contínua, em 2019, nas residências com pelo menos um idoso, este respondia por 70,6% dos recebimentos domésticos.
REQUALIFICAÇÃO
A transformação digital aumenta a concorrência em todos os segmentos e exige novas competências de todos os talentos – a dificuldade geral é qualificar e preparar as pessoas na mesma velocidade. A solução passaria por olhar para o público 50+ de forma estratégica. “Em vez de encarar o copo meio vazio, podemos requalificar essas pessoas”, afirma Sergio Serapião. Hoje, são cerca de 20.000 profissionais passando pelos treinamentos gratuitos da Labora. “Percebemos que a experiência que eles têm pode contribuir muito, por exemplo ao colocar alguém que tenha feito carreira em banco para trabalhar com tecnologia em uma fintech.”
Na Accenture, consultoria de gestão e tecnologia, a discussão também tem sido essa. “Do ponto de vista socioeconómico, teremos uma série de consequências se essas pessoas não tiverem renda ou não estiverem ocupadas mentalmente”, diz Beatriz Sairafi, diretora executiva de RH da Accenture Brasil e América Latina.
O setor de tecnologia é o que mais cresce, inclusive no número de contratações – só no primeiro trimestre de 2021, a quantidade de empregos gerados na área foi 300% maior em comparação com o primeiro trimestre de 2020, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). O déficit de mão de obra qualificada, que era de 30.000 em 2019, deve alcançar 420.000 postos até 2024. “Mesmo com os jovens se formando, esse gap não vai ser preenchido”, afirma Beatriz. Por isso, a Accenture lançou, em julho de 2021, o Grand Masters, programa que emprega pessoas 50+ que estão fora do mercado e oferece qualificação para que possam ocupar posições de tecnologia e de áreas administrativas e financeiras. De lá para cá, 137 profissionais com esse perfil já foram contratados.
Para preparar a empresa para a iniciativa, o RH organizou três grandes encontros com a liderança para tratar de temas como preconceito e viés inconsciente, treinou os profissionais de recrutamento e incluiu a diversidade geracional no webcasting, um informativo interno mensal para os funcionários. Agora o comitê de gerações prepara uma live com depoimentos de profissionais 50+. A ideia é envolver todos na discussão para que a iniciativa conquiste cada vez mais apoio. “Convidamos as pessoas para participar e nos ajudar a criar as soluções em contratação, comunicação, treinamento e outras questões relacionadas a esse público”, diz Beatriz.
O engajamento interno surpreendeu. A ação foi uma das mais compartilhadas pelos funcionários nas redes sociais, e muitos pediram para participar das iniciativas e do comitê. “Recebemos uma enxurrada de indicações internas – muitos jovens querendo trazer pais e parentes e ajudar os recém-contratados a se integrar”, diz Beatriz. E, da parte dos profissionais contratados, a motivação tem sido alta. “Eles agarram a oportunidade”, afirma.
Diminuir o déficit da mão de obra qualificada não é a única vantagem de incluir a diversidade geracional na pauta corporativa. Ter pessoas de diferentes idades convivendo na empresa não só ajuda na inovação como também colabora para a transmissão e a ampliação do conhecimento. “Em geral, o profissional 50+ acumulou habilidades como rápida tomada de decisão, liderança, inteligência emocional e confiança diante de desafios”, afirma Mauro, do Hub 40+.
São pessoas que já passaram por outras crises econômicas, viveram momentos turbulentos da história e sabem que altos e baixos fazem parte da jornada. Por isso, tendem a estar mais prontas, especialmente do ponto de vista das habilidades comportamentais, e a ser menos voláteis. “Os 50+ podem trazer aos colaboradores de outras gerações uma perspectiva diferente daquela baseada em troca constante de emprego e pouca paciência para processos de mudança no ambiente”, diz Miryam, da USP.
CARREIRA NÃO LINEAR
É comum que as posições de liderança nas empresas sejam ocupadas por profissionais mais maduros. E que, na outra ponta, as posições operacionais ou de média gestão fiquem com os mais novos. Mas isso também começa a mudar. “Estamos vivendo um momento de quebra das hierarquias”, diz Sergio, da Labora. “Cada vez mais se fala de colaboração, de rede, e isso coloca em xeque aquela distribuição típica de jovens mais na base e experientes mais no topo da hierarquia.”
Afinal, não é mais só o jovem que pode estar no início de uma carreira – cada vez mais profissionais recomeçam aos 50 – , e também não é preciso ser o mais experiente para estar na liderança. Em linha com essas mudanças, o conceito de jornada profissional vem deixando de ser linear. Atualmente, existem as múltiplas carreiras, as movimentações laterais, a multidisciplinaridade de competências ao longo da vida corporativa. Assim, oferecer alternativas para requalificação em qualquer idade passa a fazer mais sentido do que nunca.
Na Mapfre, empresa de seguros, esse foi o mote do Senior +, lançado em setembro de 2021 e voltado para o treinamento e a contratação de profissionais 50+. Por enquanto, o projeto tem sido testado em São Carlos (SP), cidade onde há um Centro de Serviços Compartilhados da companhia – e uma carência de profissionais, segundo Angelo Coelho, superintendente de RH da Mapfre. Em novembro, 15 pessoas 50+ foram contratadas e iniciaram a qualificação para atuar em posições técnicas e operacionais. No processo seletivo, o currículo não pesou tanto, mas, sim, quanto os candidatos se encaixavam ao propósito da companhia. O desempenho do grupo será acompanhado de perto pela área de recursos humanos, inclusive com reuniões periódicas de escuta, para que os contratados tenham a melhor experiência, segundo Angelo. Mesmo em pouco tempo, já é possível perceber os benefícios do programa. “Eles compartilham experiências de vida com os demais colaboradores, dão aconselhamento”, diz.
A iniciativa está inserida em um projeto maior da empresa chamado Aging, que prevê uma série de ações para esse público. Uma delas são palestras tratando de temas como saúde financeira e reflexões sobre que carreira esses profissionais desejam seguir, inclusive fora dali. Já a liderança tem passado por treinamentos de conscientização sobre a importância da inclusão.
O desafio, agora, para todas as empresas, é desenvolver programas para ampliar a contratação de pessoas mais maduras também para cargos de liderança, já que há muitos profissionais disponíveis no mercado com bagagem, experiência, qualificação e disposição para assumir essas posições.
ECONOMIA PRATEADA
Outra vantagem estratégica em olhar para os 50+ é tornar-se mais atraente para um público consumidor poderoso. Segundo dados do Bank of America, o brasileiro maduro movimenta cerca de 1,6 trilhão de reais por ano. E essa importância vai crescer, pressionando o mercado a criar soluções mais alinhadas à faixa etária. É essa a premissa da chamada economia prateada, ou silver economy.
Para a farmacêutica Sanofi, ter profissionais 50+ é importante para o desenvolvimento de produtos e serviços para essa parcela da população. “Imagine uma bula que uma pessoa mais velha não consegue ler, por exemplo”, diz Pedro Pittella, diretor de RH da Sanofi. “Ou então uma embalagem que não é prática para ela.” Elementos como esses poderiam ser mais facilmente identificados por funcionários que têm a mesma experiência do consumidor. “Fora isso, a inclusão desse público é a coisa certa a fazer enquanto empresa”, afirma Pedro, que tem se envolvido com o tema desde 2020. Ele é o sponsor do Pilar 50+, criado em 2021 na Sanofi. Uma das coisas que ouviu ao conversar com profissionais 50+ enquanto levantava ideias para o projeto foi que, apesar de muitos terem interesse em voltar ao mercado de trabalho, boa parte não queria, necessariamente, se inserir no modelo tradicional de jornada de 8 horas por dia. “As pessoas têm outras responsabilidades e interesses; o trabalho não precisa ocupar o dia todo”, diz.
Por isso, a empresa criou modelos flexíveis de contratação para esse perfil. Por enquanto, são oito profissionais 50+ empregados em áreas como marketing e RH. Eles atuam por projeto e podem escolher quantas horas vão trabalhar em cada dia, desde que cumpram o previsto na semana. “Percebemos que esses profissionais trazem uma serenidade e um olhar mais sistêmico para a equipe”, afirma Pedro.
Outras iniciativas da Sanofi foram retirar a informação sobre a idade das primeiras etapas de todos os processos seletivos e criar um banco de talentos especifico para profissionais 50+ no site da empresa. Faz parte ainda do plano um programa de estágio exclusivo para seniores que buscam uma segunda carreira, com bolsa para financiar a formação desses profissionais. “Para nós, que buscamos talentos, o laguinho está secando, e ainda assim focam-se muito os programas de estágio e trainee, deixando de lado a população mais madura”, diz Pedro. “Adotar essas iniciativas é uma vantagem competitiva.” Desde que o tema começou a ser trabalhado no ambiente corporativo no início de 2021, o número de profissionais 50+ na empresa já aumentou em 5%, representando, atualmente, 28% do quadro de funcionários. Mas ainda há desafios, como incluir essas pessoas nos planos de carreira e desenvolvimento e garantir que não fiquem de fora do pipeline. Por isso, a Sanofi tem investido em fazer do tema a pauta de encontros e palestras para os funcionários. O mês de outubro foi dedicado a ações de conscientização sobre os benefícios da convivência entre gerações e as perdas associadas aos vieses inconscientes. “A receptividade é boa, mas ainda estamos só no começo”, diz Pedro.
MUDANÇA CULTURAL
Entre os especialistas, também é consenso que o terna ainda tem muito a progredir. Como em toda transformação cultural, o papel do RH e dos líderes é estratégico para que a pauta possa avançar rumo aos demais na empresa. “O maior desafio é convencer o público interno de que esses programas são necessários”, afirma Andrea, da Maturi .”E, depois que isso se torna uma pauta, é quebrar os vieses e estereótipos. Se os funcionários não estiverem preparados para isso, vão acabar reforçando preconceitos quando o profissional 50+ passar a integrar a equipe”, diz Andrea.
Um erro comum, por exemplo, seria imaginar que os 50+ são mais “custosos” em termos de saúde. “Essa é uma avaliação rasa”, afirma Andrea. “É preciso colocar na ponta do lápis todos os benefícios por trás da diversidade.” Na Mapfre, em que essa faixa etária já representa 10% do quadro, os índices de absenteísmo por atestado médico dos profissionais contratados no Senior + são menores do que os dos demais. Na PepsiCo, onde a pauta da diversidade geracional teve início relativamente cedo, desde 2014, essa mesma percepção vem se consolidando. Por lá, o engajamento dos profissionais 50 + é 3 pontos percentuais maior que o resultado geral da PepsiCo Brasil. Além disso, entre janeiro e novembro de 2021, essa faixa teve um turnover 38% menor que o quadro geral. Já em 2020, o absenteísmo dela foi 27% menor.
Desde a criação do programa Golden Years, voltado para a contratação de profissionais acima de 50, a PepsiCo já contratou mais de 400 profissionais nessa faixa etária para todas as áreas. Atualmente, são mais de 1.000 profissionais 50+ na empresa “Nossa principal motivação é querer ter o reflexo da sociedade no nosso quadro”, afirma Fabio Barbagli, vice-presidente de recursos humanos da PepsiCo Brasil. “Os profissionais acima de 50 anos são extremamente capacitados, engajados e entregam excelentes resultados.”
O programa se mantém ativo o ano todo, abrindo vagas conforme a demanda da empresa, em todos os níveis e áreas. E todas as vagas, mesmo fora do programa, são abertas para profissionais 50+. Internamente, o grupo de afinidade que discute ações voltadas para as gerações tem sido uma das principais ferramentas para garantir a inclusão dessas pessoas. “Essa equipe define ações que implementamos na organização”, diz Fabio. Uma das dificuldades ainda é a atração desse público, principalmente quando muitas das políticas de recrutamento focam ações nas universidades, onde a presença de 50+ é minoritária. “Estamos trabalhando em alternativas para fazer essa procura, utilizando mais de uma fonte e buscando proativamente o talento”, afirma Fabio. Por outro lado, a presença das pessoas com mais de 60 anos nas faculdades está crescendo. No total, são 27.000 idosos fazendo cursos universitários no Brasil, segundo o Censo de Educação Superior de 2019. Entre 2015 e 2019, o total de 60+ nas salas de aula subiu 48%, ante apenas 7% de crescimento entre os estudantes abaixo de 59 anos.
PROBLEMA DEMOCRÁTICO
Muitas empresas afirmam que não há, em sua cultura, preconceito etário. Mas os números discordam, mostrando uma quantidade baixa de 50+ contratados. Daí a importância de iniciativas afirmativas para a ampliação da presença desse público. O consultor Mauro Wainstock sugere programas de mentoria bilateral ou reversa, que coloquem pessoas de diferentes idades em contato para trocarem aprendizados. E indica a organização de grupos de diversidade, para movimentar essas questões internamente e gerar conversas entre os funcionários.
Essas iniciativas são necessárias também para identificar as reais necessidades das equipes. Pensar benefícios, políticas e práticas que façam sentido para cada uma das populações da empresa exige uma desconstrução de estereótipos.
Um ponto que diferencia a questão geracional das demais de diversidade é que ela atravessa todos os públicos. Não só qualquer idade pode ser vítima de preconceito como, no fim, todos estamos sujeitos a sofrer com a exclusão ao envelhecer. Essa é a chamada interseccionalidade da pauta geracional – o que é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade para unir os funcionários em torno da mesma causa: a de valorizar as pessoas pelo que elas são e podem vir a ser.
AS VANTAGENS DA MATURIDADE PARA AS EMPRESAS
O que as companhias ganham com os mais experientes
COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS
Ao longo da vida, profissionais mais experientes tendem a refinar habilidades como comunicação, tomada de decisão e tranquilidade para enfrentar momentos difíceis. Esse olhar mais seguro diante de adversidades pode ser um contra ponto à ansiedade dos mais jovens.
MENOR ROTATIVIDADE
Os 50+ costumam ser mais leais e estáveis nas empresas. Segundo dados do US Bureau of Labor Statistics, profissionais entre 55 e 64 anos tendiam a ficar, em 2014, 10,4 anos em média nas empresas – mais de três vezes o tempo dos profissionais entre 25 e 34.
REPERTÓRIO
As experiências profissionais e pessoais ao longo dos anos são benéficas para projetar inovações. O mundo está em constante mudança – e num ritmo cada vez mais veloz – , mas considerar erros e acertos do passado pede fazer a diferença no futuro dos negócios.
5 FORMAS DE ATRAIR O PÚBLICO 50+
EXCLUIR O LIMITE DE IDADE
Mostre ao mercado que os mais maduros também são bem-vindos. Se um profissional tem as competências básicas necessárias à vaga, permita que ele integre os processos seletivos, independentemente de sua data de nascimento. E contrate mais pelo potencial do que pelo currículo.
OFERECER QUALIFICAÇÃO
Muito se fala em desenvolvimento de programas para suprir carências de ensino, geralmente voltados para os jovens. Está na hora de considerar projetos específicos de qualificação para quem tem bem mais experiência, mesmo que em outras áreas, e disposição para aprender (ou reaprender).
CRIAR MODELOS FLEXÍVEIS
“Muitas vezes, para alguém com mais de 60 anos, é contraproducente cumprir a jornada no padrão do mercado”, afirma Sergio Serapião, CEO e fundador da plataforma de empregos Labora. “É preciso fazer ajustes e oferecer opções que façam sentido para esse público.”
ADEQUAR A COMUNICAÇÃO
”É válido rever tanto a linguagem quanto as imagens utilizadas na divulgação das vagas disponíveis, para que incluam esse público”, afirma Andrea Tenuta, Líder comercial da plataforma-de empregos Maturi. Assim, o risco de atingir apenas os jovens é menor.
CRIAR UMA CULTURA
De nada adianta atrair profissionais 50+ se a empresa não está disposta e bem preparada para incluir e integrar essas pessoas. Tanto a liderança quanto os funcionários precisam abraçar essa causa – e tornar-se divulgadores dela.
O ciclo se repete há gerações e encarcera a mulher na pobreza e na evasão escolar
O Brasil é o quarto país do mundo em casamento de meninas com menos de 18 anos e a cada 21 minutos uma menina de 10 a 14 anos se torna mãe, segundo dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. Como apontam as pesquisadoras Vitória Brito Santos e Sarai Patrícia Schmidt no artigo “E Viveram Felizes para Sempre”: “No Brasil, o número de casamentos de crianças com menos de 18 anos é estimado em 1.3 milhão, segundo pesquisa da Universidade Federal do Pará, a UFP, realizada em 2013, em parceria com o Instituto Promundo e o Plan International. Desse total, 78 mil são casamentos de meninos e meninas entre 10 e 14 anos. A pesquisa realizada pelas instituições apontou que o país está em quarto lugar no ranking dos países com maior número absoluto de casamentos infantis, atrás apenas de Índia, Bangladesh e Nigéria.
Meninas com idades entre 11 e 16 anos estão se casando e, provavelmente, várias se casaram no dia de hoje e muitas outras se casarão amanhã. Apesar de, desde 2019 haver a lei 13.811, de autoria da ex-deputada Laura Carneiro (DEM RI), que proíbe o casamento infantil, isso não impede que a prática exista. Citado no artigo de Vitória e Sarai, a Plan International tem um documentário muito interessante chamado “Casamento Infantil”, disponível na internet.
Os assuntos estão interligados e se trata de um tema complexo e de suma importância, mas que, apesar de esforços de muitas mulheres em especial ,não recebe a atenção necessária. Vale lembrar que a gravidez e o casamento infantil não são um fim em si mesmo, mas sintomas de algo que já está presente na sociedade brasileira e gerador de inúmeras consequências.
O casamento de meninas, por exemplo, não decore apenas da gravidez. Esse é um dos motivos, certamente”. Mas, inseridas em comunidades de vulnerabilidade social, com ausência de Estado e políticas públicas, as meninas brasileiras são atingidas em seu futuro das mais diversas formas. Há meninas que se casam porque estão na mais absoluta miséria e o sistema patriarcal usa da vulnerabilidade econômica delas.
Mulheres têm se organizado em seus espaços ainda minoritários para denunciar esse tema, construindo ferramentas de conscientização. Recentemente, assisti a um documentário na HBO Brasil chamado “Apenas Meninas”, filme de estreia da cineasta Bianca Lenti. A obra traz depoimentos de psicólogas e conselheiras tutelares e conta histórias de diferentes meninas moradoras de periferias mapeando as diversas causas do casamento infantil, que afeta majoritariamente meninas negras.
Um excelente material para quem gostaria de entender mais afundo o complexo cenário do casamento infantil no país, assim como produções audiovisuais, livros e pesquisas que estejam tratando desse tema. No filme citado, há aquelas que se casam para fugir da violência física e abuso sexual no seio da própria família. Outras, porque acreditam que isso trará uma vida melhor.
São vários motivos que as levam a casar, a grande maioria deles trágicos, e o que segue depois costuma ser uma infeliz experiência comum. São casamentos com alta probabilidade de exposição dessas crianças a violências físicas, financeiras, sexuais.
Há infinitos relatos de confinamento e “obrigação de cuidar de crianças, muitas delas que mais tarde serão outras meninas confinadas na mesma posição. Nesse cenário, percebemos quão ridícula pode ser a afirmação de que essas meninas estão casadas porque querem. Para falarmos de autonomia, precisamos falar em sujeitos de direito, algo que não são, por se encontrarem em estado de abandono social.
O ciclo se repete há gerações no Brasil e encarcera a mulher na pobreza e na evasão escolar. Lembro que era professora de filosofia na rede estadual em Guarulhos, na periferia da Grande São Paulo, e dava aula para uma sala de 50 alunos. O cenário era lamentável, a escola era precária, e acompanhei situações muito problemáticas, desde professores que se relacionavam com alunas adolescentes, a meninas que se viam enclausuradas nesse ciclo. Mas, naquele espaço, um dos dias mais tristes foi ver a melhor aluna da sala, de 15 anos, que havia engravidado de um homem bem mais velho, com quem ia se casar.
“Professora, o que posso fazer? Minha mãe está comemorando que é uma boca a mens para alimentar”. Só pude lamentar e oferecer meu apoio para ajudá-la a continuar os estudos.
Pensar projetos para o Brasil passa necessariamente por pensar saídas emancipatórias para meninas e mulheres.
Chamado de lota, pequeno bule com solução salina é usado há milhares de anos como descongestionante natural e para aliviar inflamação, congestão e sintomas de alergia. Segundo especialistas, ele é comprovadamente eficaz
Para os não iniciados, o lota (ou “neti pot”) pode parecer mais uma tendência da indústria do bem-estar. Afinal, o vaso do tipo bule foi popularizado nos Estados Unidos pelo famoso cirurgião Mehmet Oz, que o chamou de “bidê de nariz” no programa da Oprah Winfrey e foi criticado por promover suplementos e produtos de saúde não comprovados.
Enxaguar o nariz com água salgada morna – entrando por uma narina e saindo pela outra – como antídoto para uma variedade de problemas, como inflamação dos seios nasais, congestão e alergias, pode parecer estranho e possivelmente assustador, especialmente se você já ouviu falar sobre sua relação com infecções raras, mas mortais, de ameba que comem o cérebro.
Mas, segundo médicos de ouvido, nariz e garganta, a lavagem nasal, que remonta a milhares de anos às tradições médicas ayurvédicas da Índia, é um exemplo incomum de uma prática que é ao mesmo tempo antiga, mas moderna e baseada em evidências. E é seguro e barato de fazer.
Tem um ”nível muito. muito alto de evidência de estudo controlado randomizado, que mostra que funciona e ajuda”, disse Zara Patel, professora associada de otorrinolaringologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS?
Quando você inspira, o muco em seu nariz retém todos os tipos de partículas indesejáveis do ar, como vírus, bactérias, alérgenos e poluentes, explica Rakesh Chandra, professor de otorrinolaringologia da Universidade Vanderbilt. Pelos microscópicos no nariz, varrem essas partículas presas, como muco, para a garganta, para serem engolidas e neutralizadas pelo intestino.
Esse sistema de filtragem geralmente funciona bem, mas às vezes as pessoas reagem a essas coisas que ficam presas no muco levando à inflamação que pode causar sintomas, como congestão, pressão e dor, disse Chandra.
É aqui que os enxagues nasais podem ser úteis.
“Uma de suas maiores funções é lavar todas essas coisas para que não se acumulem nas cavidades nasais e provoquem essas reações, acrescentou. A lavagem nasal também é pensada para diluir o muco e reduzir o inchaço que pode causar congestão”, disse Patel.
“É tipo um descongestionante natural”.
AJUDA EM QUAIS DOENÇAS?
Em 2021, uma equipe internacional de especialistas publicou um estudo sobre a melhor forma de li dar com problemas comuns de sinusite, como inflamação crônica das passagens nasais e sinusais que podem causar corrimento, congestão, olfato prejudicado e pressão ou dor facial. Eles concluíram, com base nas melhores, ainda que limitadas, evidências, que a lavagem regular com água salgada era um dos tratamentos mais eficazes.
Outros pequenos estudos sugeriram que as lavagens com água salgada podem ajudar com sintomas de alergia sazonal ou ambiental, como congestão, coriza, coceira e espirros. E há alguma evidência de que a lavagem pode ajudar a aliviar os sintomas de infecções respiratórias agudas, como as causadas por vírus comuns de resfriado ou gripe, embora haja menos pesquisas sobre esse uso. Para pessoas com inflamação crônica dos seios nasais, Patel recomenda duas vezes por dia – de manhã e à noite. Para aqueles com sintomas mais leves, uma lavagem diária pode ser suficiente.
“Fazer isso de forma regular e preventiva é muito melhor para manter a inflamação sob controle do que tentar recuperar o atraso quando a inflamação já estiver instaurada.
COMO ENXAGUAR CORRETAMENTE?
Primeiro, escolha seu aparelho de enxague. A lota é apenas um dos vários dispositivos projetados para enxaguar o nariz.
Patel prefere uma garrafa plástica mais simples porque é difícil de usar e oferece um pouco mais de pressão do que a lota.
Dispositivos motorizados não são necessariamente mais eficazes, além de serem mais caros e mais difíceis de limpar, disse Patel.
Em seguida, prepare sua solução de água salgada. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam a compra de água estéril ou o uso de água da torneira que foi fervida por pelo menos um minuto e depois resfriada.
Em seguida, adicione o sal. É mais fácil usar pacotes desses vendidos na farmácia na forma de uma mistura de pó seco, mas você pode facilmente fazer sua própria solução de sal usando sal em conserva (não use sal de cozinha, pois ele tem muitos aditivos).
Para enxaguar o nariz, fique de pé sobre a pia ou no chuveiro, incline-se para a frente e jogue a cabeça para um lado. Enquanto respira pela boca, esguiche suavemente ou despeje a solução na narina superior, deixando-a escorrer pela narina inferior. Uma parte pode correr em sua boca. Repita do outro lado.
Você pode levar um tempo para se acostumar com a técnica, e pode até parecer desconfortável ou queimar no início. Mas qualquer desconforto deve diminuir com o tempo.
Depois de enxaguar, limpe o acessório com água e sabão.
É SEGURO?
Se você ouviu relatos de lavagem nasal causando infecções fatais de ameba no cérebro, pode ser difícil tirar esse medo de sua mente.
“Esse risco é real, mas é extremamente baixo”, explica Patel. Até onde se sabe, apenas três casos foram relatados na literatura médica nos Estados Unidos na última década. Todos foram associados ao enxágue com água não tratada ou tratada inadequadamente.
PODE AJUDAR NA COVID-19?
Em um estudo de pacientes com Covid.49 recentemente diagnosticados, publicado este mês, os pesquisadores descobriram que, quando comparados à participantes que não fizeram nenhuma lavagem nasal, aqueles que enxaguaram com solução salina duas vezes ao dia, por 21 dias, não tiveram melhora em seus sintomas e tinham a mesma quantidade de coronavírus no nariz. Um dos autores do estudo, professor associado de otorrinolaringologia da Universidade Vandebilt, Justin Turner, disse que ficou surpreso com esses resultados, mas outro experimento no estudo ofereceu uma explicação.
“O vírus se reproduz tão rapidamente que, não importa o quanto você lave, o vírus continua seu ciclo”, disse ele.
Se for lavar o nariz, fique com o soro fisiológico.
Não é novidade que a angústia trazida pela pandemia contribuiu para o aumento de doenças mentais como depressão e ansiedade. Mas um número crescente de estudos mostra que a Covid-19 em si é um fator que amplia o risco de aparecimento dessas doenças.
A mais recente evidência sobre o assunto é um trabalho feito nos EUA com base em registros de saúde de cerca de 154 mil pacientes com Covid-19. Os resultados, publicado na revista BMJ, na última quinzena de fevereiro, mostraram que até um ano após a infecção, essas pessoas correm um risco aumentado de serem diagnosticadas com transtornos psiquiátricos. Estudo anterior realizado pela USP já havia apresentado conclusões semelhantes em pacientes recuperados de quadros moderado o e graves
Com essas análises, começam a surgir evidências de que o risco aumentado para a saúde mental em pacientes recuperados da doença está associado a ação do vírus em si, e não apenas a fatores psicológicos e ambientais como estresse, desemprego, problemas financeiros, isolamento social, trauma, luto, mudanças na dieta e nos exercícios.
O médico Rodolfo Damiano, residente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (IPq) e primeiro autor do artigo brasileiro, explica que todas as infecções agudas têm impacto na cognição e na mente.
“Mas não essa magnitude observada no Sars-CoV-2”, afirma Damiano.
NOVO ESTUDO
No estudo americano, os pesquisadores analisaram bancos de dados nacionais de saúde do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, com informações de mais de 153 mil indivíduos que foram contaminados. Eles foram comparados a um grupo similar de pessoas que não contraiu a doença. Os participantes tinham, em média, 63 anos de idade e não estavam em tratamento e nem haviam sido diagnosticados com problemas de saúde mental nos dois anos anteriores.
Os resultados mostraram que as pessoas que tiveram Covid eram 39% mais propensas a serem diagnosticadas com dependência e tinham uma probabilidade 35% maior de ansiedade nos meses seguintes à infecção, em comparação com pessoas que não foram infectadas. Aqueles recuperados da doença também eram 38% mais propensos a receberem diagnóstico de transtorno de adaptação e corriam um risco 41% maior de apresentarem distúrbios do sono.
Os pesquisadores também descobriram que os pacientes com Covid eram 80% mais propensos a desenvolver problemas cognitivos como “névoa cerebral”, confusão mental e lapsos de memória. Eles ainda tinham uma tendência 34% maior de desenvolver distúrbios por uso de opioides e chances 20% mais elevadas de abuso de outras substâncias , incluindo o álcool.
Depois da Covid-19, as pessoas também tinham uma probabilidade 55% maior de
tomar antidepressivos e chances 65% superiores de utilizar ansiolíticos. O estudo revelou que a tendência de desenvolver esses problemas foi maior para pacientes que foram hospitalizados, mas os pesquisadores alertam que infectados com quadros leves também correm um risco aumentado.
Os dados não indicam que a maioria dos pacientes recuperados da Covid-19 irá desenvolver transtornos de saúde mental ,portanto, não há motivo para pânico. No estudo americano, apenas 4,4% e 5,6% dos participantes foram diagnosticados com depressão, ansiedade ou estresse e transtornos de adaptação. No da USP, 8,14% dos pacientes tiveram transtorno de ansiedade após a doença e 2,5%, depressão.
Entretanto, Damiano ressalta que, em termos de saúde pública e números absolutos, uma pequena porção de pacientes já representa um grande fardo.
INFLAMAÇÃO
Agora, a ciência busca entender por que o Sars-CoV-2 causa mais sequelas neuropsiquiátricas do que outras infecções, como a influenza. Um deles é a neuroinflamação, que também é causada por outras infecções virais e leva a um distúrbio químico cerebral
Essa inflamação do sistema nervoso central pode atrapalhar a funcionalidade do cérebro, incluindo sua capacidade de produzir neurotransmissores como a serotonina. Níveis baixos da substância são associados à depressão, por exemplo.
Autópsias de pacientes que morreram de Covid-19 também revelaram inflamação e pequenos coágulos sanguíneos no cérebro.
“Assim como a Covid aumenta o risco de trombose e tromboembolismo pulmonar, por aumento de coagulação, ela também pode causar microcoagulações cerebrais e isso pode ter um impacto na cognição”, explica o pesquisador do IPq.
Outra hipótese, descoberta recentemente, é um efeito do próprio vírus.
“O vírus invade o sistema nervoso central e ataca algumas células. Ele pode afetar os neurônios, mas as evidências apontam para a invasão de outras células de nutrição do sistema neuronal, como os astrócitos, que são células de sustentação”, explica Damiano.
Há ainda o efeito do próprio sistema imunológico, que ao ser ativado para combater o coronavírus também passa a atacar o próprio organismo, incluindo o cérebro.
O tratamento para doenças mentais associadas à Covid-19 é o mesmo indicado habitualmente. Em leves, a recomendação é promover alterações no estilo de vida, sobretudo na dieta e na prática de atividade física. Para quadros moderados e graves, é necessário procurar um especialista, que poderá prescrever medicamentos.
Casos de HIV positivo paralisam indústria pornô do Brasil e põem em xeque o costume de filmar os atores transando sem camisinha
“Um exame negativo para HIV não tem grande valor quando realizado recentemente. Uma pessoa pode estar infectada e apresentar resultado negativo”, diz o médico e professor Rodrigo Molina, um dos maiores especialistas em Aids do país, acrescentando que um exame realizado logo após a relação sexual também não tem qualquer serventia. “A positividade ocorrerá após duas semanas ou mais”.
Ele afirma que, no período após uma exposição de risco, devem ser evitadas relações desprotegidas. Isso não acontece, no entanto, segundo os profissionais do ramo – atores pornô fazem exames com frequência semanal, às vezes mesmo diária.
Segundo o infectologista Valdir Sabbag Amato, a prática da indústria é “um absurdo”. Ele reforça os alertas de Molina. “Usar o preservativo é a maior das seguranças. Atores e atrizes estão se expondo a um risco imenso”, diz ele.
Casos como os três recentes provavelmente jamais teriam acontecido nas duas maiores produtoras de filmes eróticos do país. Sexy Hot – também um canal na televisão – e Brasileirinhas. Isso porque elas não só exigem exames de HIIV como também o uso de preservativos em suas produções.
Procurado, o Sexy Hot, administrado pelo Grupo Globo e a Playboy Brasil, afirmou que em julho do ano passado decidiu ainda não comprar mais nenhum filme nacional que não faça uso de preservativos nas filmagens.
Fontes próximas afirmam, no entanto, que a resolução aconteceu em janeiro deste
ano, após vazar a informação de que havia atores infectados com HIV, e que a empresa negociou filmes nacionais retratando sexo sem proteção nos últimos meses de 2021.
Já a Brasileirinhas encaminhou um comunicado enviado a todos os atores que já trabalharam na empresa afirmando que o uso de camisinha é obrigatório em suas produções desde 2014. Segundo a casa, a última vez que adquiriram um filme de terceiros sem o uso de preservativos foi em 2015.
“Estamos com muitas meninas falando mal do pornô como um todo, dizendo que se arrependem (de ter feito os filmes). Todas as meninas tomavam Pr EP (sigla para Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, método de prevenção do vírus que consiste na ingestão diária de um comprimido e que tem taxa de eficácia de 90% contra a infecção, segundo o governo) e achavam que estavam protegidas e podiam transar sem camisinha e às vezes até sem exames em suas vidas privadas”, diz o texto.
Ambas as produtoras, porém, têm em seus acervos milhares de filmes sem uso de preservativos que, seguirão disponíveis ao público. Os filmes estrangeiros – sem camisinha – também continuarão a ser adquiridos. Apesar de estarem no topo da indústria pornô do país, o número de produções tanto do Sexy Hot e da Brasileirinhas é baixo se comparado ao das demais produtoras. Cada uma produz apenas cerca de cinco filmes por mês, enquanto as outras 15 que compõem o mercado cinematográfico nacional erótico são responsáveis por mais de 100 filmes mensais.
São elas a HardBrazil e a RM – de porte médio e outras companhias minúsculas, além de atores que produzem e estrelam seus próprios títulos para o XVídeos ou o Onlyfans.
Procurada, a representante brasileira da XVídeos informou que a plataforma não tem responsabilidade sobre os conteúdos publicados na sua rede e que não comentaria o assunto. Vale lembrar que um caso de HIV chegou a parar a indústria pornô americana em agosto de 2011, depois que um dos seus artistas recebeu um diagnóstico positivo de HIV. Ele nunca teve o nome divulgado.
A interrupção das filmagens foi acompanhada por todas as grandes produtoras do setor, então preocupadas com a repercussão daquele caso. Meses mais tarde, porém, tudo voltou a ser como era antes. Nos Estados Unidos, a prática é que os atores façam testes para o HIV mensalmente, mas também não existe qualquer obrigatoriedade do uso de preservativos.
Tanto é assim que não foi a primeira vez que um caso do tipo ocorreu. Um ano antes desse caso, o ator Derrick Burris também contraiu HIV em uma gravação e passou a militar pelo uso de camisinha em todos os filmes.
Até hoje, porém, a sua luta e a de organizações não governamentais de saúde são ignoradas. Há vários projetos de lei nos Estados Uni dos que buscam criar uma lei que obrigue o uso de preservativos na indústria pornô, mas eles sofrem com o lobby do mercado bilionário.
Segundo a estimativa mais recente desse ramo, de cinco anos atrás, essa indústria movimentaria cerca de US$15 bilhões por ano só nos Estados Unidos., Lembrando que naquele ano plataformas de streaming como XVídeos, XHamster ou OnlyFans, responsáveis pela explosão do consumo de vídeos eróticos, ainda não eram tão conhecidas.
… se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra (2Crônicas 7.14).
O avivamento começa na igreja e a partir dela transborda para o mundo. O avivamento tem início quando o povo de Deus reconhece seu pecado, se humilha diante de Deus e ora com fervor buscando restauração. Quando Deus perdoa os pecados do seu povo e o restaura, a bênção se espalha para o mundo e a cura brota sem detença. A maior necessidade da igreja hoje é de um avivamento. Os sinais de sequidão espiritual podem ser vistos em todos os lugares. Igrejas outrora pujantes estão minguando hoje. Seminários que formaram missionários ontem são agentes de incredulidade hoje. Nações que experimentaram avivamento ontem são consideradas pós-cristãs hoje. Crentes que foram cheios do Espírito Santo ontem vivem áridos como um deserto hoje. Ah, é tempo de chorarmos pelos nossos pecados. É tempo de nos humilharmos sob a poderosa mão de Deus. É tempo de reconhecermos nossa falta de fervor e nossa escassez de frutos. Antes de os céus se fenderem, os joelhos precisam dobrar-se. Antes de as torrentes serem derramadas do céu, nossa alma precisa estar sedenta. Antes de o avivamento chegar, a igreja precisa orar. A igreja não pode promover o avivamento, mas pode e deve preparar o caminho de sua chegada!
Com o retorno presencial aos escritórios, profissionais com filhos repensam a rotina e até a decisão de continuar nas empresas. Saiba como acolher, apoiar e engajar esses funcionários
O trabalho remoto trouxe para os pais a possibilidade de organizar uma rotina mais próxima dos filhos. Apesar das dificuldades, principalmente para as mães, o modelo se mostrou adequado para esse público. Um estudo da consultoria Talenses com 1.120 mulheres apontou que 94% acreditam que o home office veio para ficar, e 75% delas preferem o modelo híbrido. “Esses pais e essas mães conquistaram uma flexibilidade, uma presença na construção de vínculo com os filhos, que não estão dispostos a perder”, afirma Michelle Levy Terni, sócia da consultoria Filhos no Currículo, parceira da Talenses na pesquisa. “Muitos relataram a sensação de relacionamento fortalecido, que faz bem para o desenvolvimento da criança e também para o adulto, inclusive como profissional.”
Quando as empresas não incentivam o equilíbrio entre as atividades pessoais e do trabalho, as mulheres precisam fazer mais renúncias, o que pode comprometer, inclusive, a saúde mental delas. “É que ser saudável emocionalmente é trabalhoso: é preciso tempo para movimentar-se, c:uidar da alimentação, dormir de maneira satisfatória, desfrutar das relações pessoais”, afirma Desirée Cassado, psicoterapeuta e professora da The School of Life. “E as mulheres com filhos, especialmente, sofrem sobrecarga e costumam dedicar os dias a cumprir as tarefas do emprego e da casa.”
O estudo também mostrou que mulheres sem filhos e mães que têm posição de liderança e contam com uma rede de ajuda tiveram mais oportunidades de carreira do que as demais, indicando que há uma parcela de profissionais precisando de mais apoio das empresas “Nosmeus atendimentos clínicos, vejo que há pouco espaço nas corporações para discussões reais sobre como conciliar demandas familiares com trabalho”, afirma Desirée. “Quando há acolhimento corporativo, meus clientes relatam muito mais satisfação com o trabalho. Mais satisfeitos, eles se sentem ainda mais engajados e leais à equipe e aos projetos.”
REMOTE FIRST
Um modelo de trabalho capaz de auxiliar mães e pais a não perderem a presença familiar conquistada no home office é o remote first, modalidade híbrida em que a companhia prioriza o trabalho remoto, mas mantém um escritório para encontros presenciais esporádicos.
A General Mills, multinacional do setor alimentício, começou em janeiro de 2022 a testar esse modelo. Para chegar à decisão, a empresa realizou uma pesquisa com os funcionários para entender qual seria a melhor alternativa para colocar em prática neste momento. Cerca de 90% das pessoas disseram que gostariam de continuar trabalhando remotamente e comparecendo ao escritório em alguns dias. “Foi um quebra-cabeça montar um formato adequado que contemplasse essas expectativas sem perder a cultura já criada coletivamente, ao longo dos anos, no ambiente físico”, afirma Hugo Moraes, diretor de RH da General Mills no Brasil.
A partir dessa investigação, a companhia optou por se declarar uma empresa “essencialmente virtual”, definindo que os momentos para estar junto no escritório seriam especiais, com um propósito maior apelidado de quatro “Cs”: conectar, criar, celebrar e colaborar. “A gente fez um trabalho com as diretorias para entender em quais momentos as pessoas geralmente seriam convocadas para o presencial”, afirma Hugo. “E descobrimos que, na maioria dos casos, os funcionários precisariam ir ao escritório de uma a três vezes por mês, e não por semana.” Esse dado motivou reflexões sobre a real necessidade do controle da jornada e de ponto, já que a demanda era por maior flexibilidade, trabalhando em um horário que fizesse sentido para cada um.
Além do fim do ponto eletrônico para funções que permitem a jornada 100% flexível, algumas medidas adotadas ao longo da pandemia permaneceram, como a orientação para evitar reuniões no período de almoço e o bloqueio de agencia para os encontros virtuais antes das 8 e após as 17 horas. Esse cuidado em relação aos horários é uma prática que os especialistas incentivam para empresas que queiram acolher quem tem filhos, pois é nesses períodos que antecedem e sucedem a jornada clássica que as pessoas geralmente precisam de uma pausa para, por exemplo, levar ou buscar as crianças na escola; ou fazer as refeições juntas. Outras práticas da General Mills que são amigáveis a esse público são a licença-maternidade de seis meses e a licença- paternidade de 20 dias. A empresa também possui um programa de parentalidade chamado Bem Nascer, com uma equipe dedicada a ajudar na marcação de exames e consultas médicas pelo plano de saúde. “A gente entende que é importante manter um diálogo constante para compreender o surgimento de novas demandas e a adaptação aos novos modelos de trabalho. Em março, faremos uma nova conversa com todos sobre isso, para acompanhar o andamento”, afirma Hugo. Com a crise sanitária, muitas mães encontraram dificuldade para permanecer trabalhando. Em muitos casos, o motivo não foi falta de disponibilidade delas, mas, sum, ausência de flexibilidade das empresas ou até preconceito, já que a maternidade é falsamente percebida corno um desacelerador da produtividade. “A gente analisou um estudo que mostrou que somente 50% das mães conseguem continuar no ambiente profissional, por causa de diversas questões, entre elas não ter quem cuide do filho ou mesmo para poder estar presentes em casa nos anos iniciais da criança”, diz Ana Paula Tárcia, diretora de pessoas e cultura do Banco BV. “Então decidimos fazer algo que trouxesse essa mulher de volta para o ambiente corporativo”.
MENTORIA
Em 2021, o BV lançou um programa de contratação exclusivo para mães que estavam fora do mercado de trabalho. As profissionais contratadas receberam mentoria de carreira conduzida pela consultoria Filhos no Currículo. E a jornada de desenvolvimento segue para as candidatas que não foram aprovadas no processo seletivo para as 12 vagas: todas continuam com a oportunidade de participar de palestras e workshops sobre recolocação no mercado e qualificação para outras oportunidades.
Além do programa, o banco terá iniciativas de acompanhamento domiciliar para gestantes de risco, orientação nutricional, sala de lactação, jornada flexível e plano de desenvolvimento e mentoria de carreira para esse público.
ISONOMIA PARENTAL
Criar condições para que a divisão de tarefas nos cuidados com a criança aconteça é também uma responsabilidade corporativa. Por isso, as empresas estão aumentando ou igualando as licenças- paternidade e maternidade, além de incluir o pai em programas de benefícios e de conscientização historicamente destinados às mulheres. O BV ampliou o período de licença parental para funcionários que tiverem filhos ou adotarem. Para mães e casais homoafetivos, o tempo pode ser de até 180 dias; para os pais, de 90 dias, podendo ser utilizado em um prazo de até um ano a partir da chegada da criança. Atualmente, a legislação brasileira prevê 120 dias de licença para a mãe e cinco dias para o pai. Mas está em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei pedindo a alteração para que ambos tenham direito a 180 dias. A proposta surge como uma forma de reforçar o vínculo socioafetivo com a criança, mas também a igualdade de gênero nos cuidados. Na Espanha, desde o início de 2021, pais e mães têm direito ao mesmo período de licença, de 16 semanas após o parto. “Essa questão de trazer protagonismo para a paternidade passa por trabalhar a cultura, mas também por estabelecer políticas formais”, afirma Michelle, sócia da consultoria Filhos no Currículo. Para ela, existe uma mudança de entendimento importante nesse processo, que é deixar para trás a mentalidade do “eu ajudo” e passar a utilizar a do ”eu cuido”. Para isso, as lideranças precisam também ser treinadas, evitando constranger os homens que optam pelo prazo estendido da licença. “É necessário evitar, por exemplo, piadinhas como a famosa frase “Vai ficar de babá hoje?”, diz. “Isso traz a ideia de que filho é cuidado da mulher, e não do pai.”
Deixar claro que usufruir desse momento com o filho é uma opção benéfica, e não um risco à carreira, também é fundamental. “O que mais preocupou na pesquisa foi o receio das pessoas de contarem que vão ter filhos e precisarão se ausentar”, afirma Isis Borge, diretora associada da consultoria Talenses. “Há empresas com licença- paternidade estendida, mas o que vemos são muitos homens não tirando esse tempo por medo de se ausentar e perder o espaço. Por isso que a gente sempre encoraja que homens em cargos de gestão tirem a licença, para dar o exemplo.”
COMO SER UMA EMPRESA PRÓ-TALENTOS
Criar condições para que os profissionais sigam na companhia é uma premissa válida para todos os públicos internos, ainda que cada um tenha suas necessidades. Veja como engajar funcionários com filhos
RESPEITAR HORÁRIOS
Estabelecer como política da empresa a não realização de reuniões em determinados horários é uma alternativa para permitir que pais e mães possam buscar os filhos na escola e fazer refeições em família.
DAR TEMPO
Assim como aconteceu no início da pandemia, funcionários com filhos precisam de um período de adaptação à nova rotina, especialmente quem tem criança em casa. Crie grupos de escuta e, se possível, ofereça um canal de atendimento psicológico às equipes.
SER EXEMPLO
É fundamental treinar as lideranças sobre parentalidade e equidade de gênero e orientar que os próprios gestores sejam exemplo e aproveitem o benefício da licença- paternidade estendida.
ACOMPANHAR
O ideal é medir as entregas, e não os horários. E lembre que os novos modelos de trabalho ainda estão em construção. É importante promover a escuta ativa e empática para saber o que está funcionando e o que é necessário melhorar.
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA ACOLHEDORA
Pesquisa da consultoria Talenses sobre os impactos da pandemia na vida das mulheres revela desafios de gestão na volta ao escritório
Quanto tempo leva para superar a dor da perda? Quanto tempo para digerir uma rejeição? Absorver que um sonho terminou? Esquecer uma frustração? Uma mágoa de infância? Um trauma? Uma demissão? Os psicanalistas provavelmente responderão que é preciso respeitar o ritmo de cada um. Há quem seja rápido na retomada da vida, os legítimos representantes da seita “A fila anda”. E há os mais lentos, que necessitam de um acompanhamento mais intensivo. Não há como decretar: dois dias, dois meses, dois anos.
Só que a maioria da população não procura psicanalistas. Não tem dinheiro pra isso, e muito menos disponibilidade. As pessoas não podem parar no meio do dia para se consultar, pois trabalham insanamente, e tampouco possuem tempo para, segundo elas, desperdiçar. Sabe-se que análises são demoradas, que buscam e rebuscam nossa intimidade, que não é num estalar de dedos que se atenuam as dores internas. E qualquer coisa que demore, hoje em dia: não, obrigada.
Que inquietação. O passado e o futuro são dois períodos que já não interessam: cultua-se o presente como nunca antes. O que vale é este momento, agora, o instante vivido. Tudo digitalizado, virtual, instantâneo. Quem ainda espera dias por uma resposta? Meses por uma solução? Na vida burocrática, governamental, a demora ainda é praxe e se vale da morosidade para arrecadar mais e mais dinheiro, mas no plano pessoal, encurtaram-se as durações. Vive-se tudo de forma mais compacta, o começo e o fim mais próximos do que jamais foram. E acabamos impregnados dessa urgência, dessa vontade de resolver todas as tranqueiras com a maior agilidade possível.
Porém, há tranqueiras e tranqueiras.
Você consegue resolver pendências profissionais de imediato, consegue tomar decisões práticas sem se alongar: parabéns. Salve a produtividade. Mas não foram essas as questões levantadas no início desse texto. Falávamos de tristezas, de cicatrizar feridas, de aceitar o destino que nos coube, de assimilar mudanças. Essas trocas de estado de espírito são como violências físicas, porém internas: seria ótimo se pudéssemos passar uma pomadinha, dar pontos, colocar uma tala para proteger nossas fraturas invisíveis. Já pensou? Uma assopradinha e estamos prontos para outra.
Sentimentos não são regidos por megabytes por segundo, não se vinculam a relógios, não obedecem a leis objetivas – é o curso da natureza que manda. E a natureza é surda e cega para o desatino. Exige a introspecção devida, sem a qual nada se resolve, só se mascara.
Diante da dor emocional, só há uma ordem a respeitar: paciência. De nada adianta inventar alegrias fajutas e se oferecer para a cobiça do mundo sem antes estar com a alma serenada e forte. É preciso saber esperar, do contrário a gente se atrapalha e só reforça a miséria existencial que preenche as madrugadas. Basta de tanta gente evitando pensar, evitando chorar, evitando olhar para dentro de si mesmo, sorrindo de um jeito tão triste que só faz demorar ainda mais o reencontro com o sorriso verdadeiro – aquele aguardando a hora certa de voltar.
PLANEJAMENTO E CONFIANÇA NO MÉDICO: A FÓRMULA PARA UM PARTO TRANQUILO
Embora imprevistos possam acontecer, conversar sobre os procedimentos comantecedência aumenta a segurança da gestante
Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.
É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados.
“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.
PLANEJAMENTO
Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não. É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.
Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária.
Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra.
Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”
Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. ”É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.
TROCAS
Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho . “Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mulher faz força para o bebê sair)e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.
Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimentos e a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.”
NO PAPEL
Como montar seu plano de parto
O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em bit.ly/300 ILC7. Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:
ACOMPANHANTE
Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma douta é direito da gestante.
AUTONOMIA
Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
PROCEDIMENTOS
Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
HORA DO NASCIMENTO
Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
DEPOIS DO NASCIMENTO
Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.
ATENTO AO ‘BURNOUT’: SEU CORPO SABE QUE ESTÁ ESGOTADO
Nos EUA, metade dos profissionais está no limite no trabalho. Compreenda os sinais e saiba como evitar a exaustão
Jessi Gold, psiquiatra da Universidade de Washington, sabe que está próxima do esgotamento provocado pelo burnout quando acorda, sente raiva instantaneamente da caixa de entrada de e-mail e não quer sair da cama. Talvez não seja surpreendente que uma profissional de saúde mental, que está tentando conter a maré crescente de exaustão também possa se esgotar às vezes. Afinal, o fenômeno praticamente se tornou onipresente na nossa cultura. Em uma pesquisa de 2021 com 1.500 profissionais dos Estados Unidos, mais da metade disse que estava se sentindo esgotado com as demandas de trabalho. Além disso, 4,3 milhões de americanos deixaram seus empregos em dezembro, no que vem sendo chamado de a “grande demissão”. Quando as pessoas pensam em esgotamento, o que geralmente vem à cabeça são sintomas mentais e emocionais, como os sentimentos de desamparo e cinismo. Mas o burnout também pode levar a sintomas físicos, e os especialistas dizem que é importante ficar atento aos sinais e tomar medidas quando eles forem notados.
O burnout, em sua definição, não é uma condição médica, mas “uma manifestação de estresse crônico absoluto”, explica Loue Dyrbye, médica que estuda o burnout na Clínica Mayo. A organização Mundial de Saúde descreve a síndrome como um fenômeno no local de trabalho caracterizado por sentimentos de exaustão, desânimo e eficácia reduzida.
“Você começa a não funcionar tão bem, perde prazos, fica frustrado, irritado com seus colegas”. Disse Jeanette Bennett, pesquisadora que estuda os efeitos do estresse na Universidade da Carolina do Norte.
Segundo Bennett, o estresse pode ter efeitos desgastantes no corpo, especialmente quando não diminui depois de um tempo. Quando as pessoas estão sob pressão, seus corpos sofrem mudanças que incluem níveis mais altos do que o normal de hormônios do estresse, como cortisol, adrenalina, epinefrina e norepinefrina. Essas mudanças são úteis a curto prazo – elas nos dão energia para superar situações difíceis -, mas, com o tempo, começam a prejudicar o corpo.
Veja como reconhecer o esgotamento em seu corpo e o que fazer a respeito:
O QUE OBSERVAR
Segundo Dyrbye, um sintoma comum de esgotamento é a insônia. Quando pesquisadores na Itália entrevistaram os profissionais de saúde na linha de frente durante o primeiro pico da pandemia, descobriram que 55% deles relataram ter dificuldade em adormecer, enquanto quase 40% tiveram pesadelos.
Pesquisas sugerem que o estresse crônico interfere no complicado sistema neurológico e hormonal que regula o sono. É um ciclo vicioso, porque não dormir deixa esse sistema ainda mais fora de controle.
A exaustão física é outro sinal comum, assim como mudanças nos hábitos alimentares – comer mais ou menos do que o habitual. Em um estudo com profissionais de saúde italianos 56% relataram esse tipo de mudança. As pessoas podem comer menos porque estão muito ocupadas ou distraídas, ou podem desejar aquelas comidas reconfortantes que todos gostam quando precisam de algo para se sentir melhor. Pesquisas também sugerem que os hormônios do estresse podem afetar o apetite, fazendo com que as pessoas sintam menos fome do que o normal quando estão sob muito estresse e mais fome do que o normal quando o estresse alivia.
Gold ainda destaca que dores de cabeça e de estômago também podem ser provocadas pelo esgotamento: estudo com pessoas na Suécia que sofrem de transtorno de exaustão – uma condição médica semelhante ao burnout – descobriu que 67% relataram sentir náuseas, gases ou indigestão e que 65% tinham dores de cabeça.
Outra informação importante é que o esgotamento pode se desenvolver juntamente com a depressão ou a ansiedade, que também provocam sintomas físicos.
A depressão pode causar dores musculares, de estômago, problemas de sono e alterações de apetite. Já a ansiedade está ligada a dores de cabeça, náuseas e falta de ar.
O QUE FAZER
“Se você está experimentando sintomas físicos que podem ser indicativos de esgotamento, considere consultar seu médico ou um profissional de saúde mental para determinar se eles são motivados pelo estresse ou enraizados em outras condições físicas”, disse Dyrbye.
Ainda de acordo com os pesquisadores, é importante que as pessoas não ignorem os sintomas imaginando que eles não importam.
Se for burnout, a melhor solução é abordar a raiz do problema. A síndrome é normalmente reconhecida quando é motivada pelo trabalho, mas o estresse crônico pode ter uma variedade de causas – problemas financeiros, de relacionamento e sobrecarga de trabalho doméstico, entre outras coisas.
“Pense nas pedrinhas no sapato com as quais você tem que lidar o tempo todo e procure maneiras de remover algumas delas, pelo menos algumas vezes. Talvez possa pedir ao parceiro para ajudar mais na hora de colocar as crianças na cama ou pedir comida quando estiver especialmente ocupada – disse Christina Maslach, psicóloga da Universidade da Califórnia.
No entanto, algumas escolhas de estilo de vida podem tornar o burnout menos provável. O apoio social, desde a conversa com um terapeuta à reunião de amigos, pode ajudar. Tente também dormir mais e melhor (sem que precise de tratamento contra insônia).
Quando o esgotamento decorre de problemas relacionados ao trabalho, pode ser útil solicitar melhores condições. Uma sugestão é fazer uma dinâmica em grupo com os colegas e apresentar ao empregador ideias que ajudariam – como ter áreas silenciosas para intervalos e telefonemas pessoais, criar dias “sem reuniões” ou garantir que haja sempre café na sala de descanso. Mesmo pequenas mudanças como essas podem reduzir o risco de esgotamento.
Apesar de não ser totalmente eficaz contra o esgotamento, os especialistas aconselham que é importante tirar folga regularmente.
“Por fim, mesmo que você não queira adicionar mais responsabilidade ao seu cotidiano, tente reservar um pouco de tempo todos os dias para algo que você ama”, disse Dyrbye.
A pesquisadora descobriu em um estudo que os cirurgiões que reservam tempo para hobbies e recreação – mesmo que apenas 15 a 20 minutos por dia – são menos propensos a sofrer de burnout do que os cirurgiões que não o fazem.
A GERAÇÃO Z DÁ NOVO SENTIDO (E ESTILO) À MENSTRUAÇÃO
Com naturalidade e calcinhas reutilizáveis para o período, adolescentes tratam do tema sem tabu ou constrangimento
Quando Sapna Palep era mais jovem, ficava mortificada com conversas sobre menstruação. “Era tipo, ‘Não vamos falar sobre isso, preciso sair da sala”, disse a mãe de 43 anos com duas filhas. A mera menção à menstruação evocava “puro constrangimento e medo”. A filha de 9 anos de Palep, Aviana Campello-Palep, ao contrário, aborda o assunto com zero constrangimento ou hesitação. “Quando minhas amigas falam sobre menstruar, elas simplesmente falam sobre isso”, contou Aviana. “É normal na vida de uma garota.”
Essas conversas francas levaram Palep e suas filhas, Aviana e Anaya, de 8 anos, a criar a Girls With Big Dreams, uma linha de roupas íntimas para pré-adolescentes, que inclui calcinhas reutilizáveis para o período menstrual, que oferecem uma alternativa ecologicamente correta aos absorventes regulares e íntimos descartáveis. “Espero fazer a diferença na vida de alguém para que elas não fiquem envergonhadas em algum momento por algo tão normal”, afirmou Aviana.
As meninas Campello-Palep são representativas de duas tendências emergentes que se tornaram claras para os defensores da menstruação, e qualquer um que siga casualmente # PeriodTok: as integrantes da Geração z e das posteriores são mais diretas sobre sua menstruação do que as passadas e também são mais propensas a se importarem se os produtos que usam são ecologicamente sustentáveis. A convergência dos dois ideais pode significar uma mudança cultural na forma como os jovens estão abordando a menstruação.
Mais opções de produtos menstruais reutilizáveis, como roupas íntimas absorventes, coletores menstruais, absorventes de pano, protetores íntimos e absorventes internos sem aplicador estão mais do que nunca no mercado – alguns feitos apenas para adolescentes e pré-adolescentes. ”Todo esse movimento é dirigido por jovens”, informou Michela Bedard, diretora executiva da Period lnc., uma organização global sem fins lucrativos focada em fornecer acesso a suprimentos de menstruação e em acabar com o estigma da menstruação. “As jovens que menstruam estão tendo uma experiência completamente diferente em termos de gerenciar a menstruação com opções reutilizáveis ao longo da vida.”
PARTICIPAÇÃO.
Os estudos descobriram que os membros da Geração Z são mais propensos a se envolver nas mudanças climáticas e nos esforços de sustentabilidade do que as gerações anteriores e estão ensinando seus pais sobre novas maneiras de lidar com seu ócio menstrual de forma aberta e sustentável.
“Eu costumava conversar sobre como esconder seu absorvente interno ou regular na manga ou no short”, observou a pediatra Cara Natterson, autora da série best-seller The Care and Keeping of You, (O Cuidado e o Suporte a Você, numa tradução livre) da American Girl e fundadora da Oomia, linha de gênero inclusiva com relação ao tamanho de sutiãs e produtos para puberdade. ”Não tenho mais essa conversa porque as meninas dizem:
‘Por que deveria esconder meu absorvente interno e o regular”. “Elas estão 100 % certas.”
A filha de 18 anos de Cara ensinou-a sobre novos produtos no mercado. Alguns ela descobre de influenciadores do Instagram ou vídeos # PeriodTok. “Os adolescentes estão procurando conversas sobre as experiências das pessoas”, lembrou.
A sustentabilidade ambiental e a menstruação podem estar tendo seu momento, mas não é a primeira vez, garantiu Lara Freidenfelds, historiadora de saúde, reprodução e parentalidade, e autora de The Modern Period: Menstruation in Twentieth Century America (O Período Moderno: Menstruação nos Estados Unidos do Século 20. Os panos menstruais caseiros eram a norma na virada do século 20, até a Kotex se tornar o primeiro absorvente com sucesso no mercado de massa em 1921. Modernidade significava descartabilidade.
As primeiras discussões robustas sobre sustentabilidade nos cuidados menstruais começaram na década de 1970, quando as pessoas experimentaram absorventes de pano e esponjas. “Sempre houve jovens que eram idealistas e pensavam nessas coisas, mas não achavam os produtos disponíveis práticos”, avaliou. A sustentabilidade tem sido historicamente sacrificada pela conveniência, acrescentou.
Os pais da Geração Z se beneficiam de melhorias na tecnologia menstrual: os absorventes de pano de outrora não são os mesmos de hoje e roupas íntimas para o período menstrual, por exemplo, são feitas de tecido altamente absorvente sem serem volumosas. Asjovens que menstruam geralmente recorrem aos pais em busca de produtos e conselhos. Agora, podem entregar mais do que um absorvente regular ou íntimo descartável, potencialmente redirecionando alguns dos mais de 15 bilhões de produtos descartáveis que acabam em aterros sanitários todo ano nos Estados Unidos.
”O mundo quando esses progressistas da Geração Z se tornarem pais, em 20 anos, será fascinante”, analisou Nadya Okamoto, ex-diretora executiva da Period lnc. e cofundadora da marca de produtos menstruais sustentáveis August.
BARREIRAS.
Apesar do esforço dos jovens para normalizar a menstruação, o estigma cultural que assola o ciclo persiste. Os tabus patriarcais em tomo da virgindade, pureza e “sujeira” em muitas culturas e religiões anulam a conversa e podem impedir o uso de produtos menstruais internos, como absorventes ou coletores.
As mensagens corporativas ainda enfatizam em grande parte a discrição e a limpeza, o que faz com que a menstruação pareça suja ou ruim, disse Cheila Quint, ativista menstrual, educadora e autora do livro Own Your Period: A Fact-Pilled Guide to Period Positivity (numa tradução livre, Seja Dona da Sua Menstruação: Um Guia Repleto de Fatos Pela Positividade da Menstruação). “Durante muito tempo, a indústria de produtos descartáveis foi a grande responsável por propagar e perpetuar tabus negativos que mantêm as pessoas deprimidas e assustadas.”
A saúde menstrual é uma questão de saúde pública e não tem gênero, ressaltou a pediatra Cara. Para combater os tabus em torno do assunto, qualquer pessoa, mesmo quem não menstrua, deve poder falar livremente sobre o tema. Ela contou que se certificou de que seu filho de 16 anos saiba dar seu moletom a uma colega de classe com uma mancha de sangue na calça e tenha um absorvente interno ou regular para entregara ela. “Ensinar todo mundo a respeitar os corpos de outras pessoas: todos precisam fazer parte dessa conversa”, concluiu.
Disse o rei: Torne para a sua casa e não veja a minha face. Tornou, pois, Absalão para sua casa e não viu a face do rei (2Samuel 14.24).
Davi foi um grande pastor, um grande compositor, um grande instrumentista, um grande guerreiro, um grande líder, um grande rei. No começo de sua jornada foi um grande pai; porém, depois que adulterou com Bate-Seba, perdeu a capacidade de exortar os filhos. O homem que tinha destreza e agilidade para tratar dos negócios públicos não conseguia mais lidar com sabedoria com os assuntos domésticos. O mesmo homem que comandava um exército não sabia mais comandar sua casa. Enfrentava gigantes, mas não sabia enfrentar os próprios filhos. Davi não corrigiu Amnom quando este loucamente abusou de sua irmã Tamar. Davi não consolou Tamar quando esta, depois de desonrada, foi expulsa da casa de Amnom como um trapo imundo. Davi não exortou Absalão quando todo o Israel percebia suas más intenções em relação a Amnom. Davi não perdoou Absalão quando este precisou fugir de Israel por ter matado Amnom. Davi adiou a solução dos problemas dentro de sua casa. Fazer de conta que os problemas não existem e jogá-los para debaixo do tapete não é uma atitude sensata. O tempo não cura as feridas. O silêncio não é sinônimo de perdão. Absalão lutou para conseguir o perdão do pai; depois, lutou contra o próprio pai. Nessa inglória peleja, Absalão morreu e Davi chorou. Porém, era tarde demais. Davi proclamou publicamente seu amor por Absalão, mas o fez tarde demais. Não adie a solução dos problemas em sua casa. Hoje é tempo de agir!
NÔMADE DIGITAL ENFRENTA ‘PERRENGUES’ EM NOME DA FLEXIBILIDADE
Brasileiros que optam por morar bem longe do trabalho vivem o desafio de lidar com burocracias e regras de cada país
O nomadismo digital ganhou força com a pandemia, impulsionado pelo trabalho remoto, e vem conquistando brasileiros ao pôr fim às limitações geográficas e permitir viajar enquanto se trabalha. Mas o modelo exige planejamento, disciplina e autoconhecimento para lidar com imprevistos.
Pesquisa do LinkedIn registrou um aumento de 83% em anúncios de vagas mencionando flexibilidade desde 2019, além de um crescimento de 343% nas referências ao termo em publicações na rede. Conforme a 10ª edição do estudo “Tendências Globais de Talentos 2022”, publicado neste mês, os funcionários querem flexibilidade para trabalhar onde, quando e como preferirem e estão mais do que dispostos a deixar as empresas que não proporcionarem isso.
Outro mapeamento da Revelo, startup de recrutamento e seleção que conta com 1,5 milhão de candidatos cadastrados em sua base, mostra que praticamente não existem mais buscas por vagas presenciais. Em um dos estudos recentes, 78% dos profissionais disseram considerar trocar de emprego caso não haja flexibilidade para trabalhar de casa.
Há cerca de 35 milhões de nômades digitais no mundo, e esse número deve chegar a 1 bilhão até 2035, segundo Diana Quintas, sócia no Brasil da empresa de migração Fragomen e vice-presidente da Associação Brasileira dos Especialistas em Migração e Mobilidade Internacional (Abemmi). Se antes eram pessoas que não tinham raízes no trabalho, agora o grupo é diverso, formado por profissionais de diferentes cargos, setores e níveis.
ESTILO DE VIDA
A paulistana Camila Bertelli Macedo, de 33 anos, sempre atuou em regime de carteira assinada em escritório presencial e, há quatro meses, decidiu se tornar nômade digital.
“Entreguei meu apartamento em São Paulo em outubro. Já passei por 11 cidades. Hoje, estou em Luxemburgo, depois vou para Itália e, em seguida, Inglaterra”, conta ela, que é gerente de recursos humanos da Nexa Resources e atuou na implementação do teletrabalho e do trabalho híbrido na empresa. “Entendemos que o teletrabalho é uma escolha.”
Camila conta que precisou adaptar sua rotina à nova realidade, seja em relação ao fuso horário para se comunicar com a empresa, seja para realizar as tarefas pessoais. “Foi bem desafiador. Dormia menos e ficava ansiosa ao reagendar compromissos. Achava que precisava estar 100% disponível. Precisei rever todas as agendas, fazer acordos e dar mais autonomia ao meu time. Cheguei a perder uma reunião porque dormi.”
Para se sustentar em outro continente, a gerente converteu seu salário para a moeda local. ”O c usto de vida em São Paulo é tão alto, que, com menos dinheiro aqui, tenho uma vida semelhante. Abri uma conta internacional para facilitar a movimentação bancária.”
BUROCRACIA
Lidar com questões burocráticas e legislativas de outros países é um problema com que muitos só se deparam depois de cruzar a fronteira. Foi o que observou a jornalista e escritora Lídia Zuin, de 31 anos, que se mudou para Berlim em dezembro de 2021. “Sempre trabalhei com meu CNPJ, inclusive atendendo a empresas estrangeiras. Mas, quando entra dinheiro de fora, há questões mais complexas, principalmente quando é necessário emitir nota fiscal.”
Segundo ela, além da dificuldade para alugar apartamento na Alemanha, há documentações necessárias para poder trabalhar. ” A conversão da moeda nem sempre vale a pena. Além dos tributos gerados pela minha empresa, tenho de pagar imposto por estar recebendo esse dinheiro em outro país. Não sobra muito.”
Na experiência dela, algumas ferramentas podem ajudar, como é o caso do aplicativo Nomad, além de bancos digitais com taxas menores e incentivos fiscais e de visto ofertados por países como Estônia, Croácia e Costa Rica. Ela destaca, porém, que a vida de freelancer na Europa não é fácil.
“Dependendo do local, pode-se ficar até três meses e você não é considerado cidadão fiscal. Mas, depois desse tempo, é preciso pagar impostos. Faz mais sentido respeitar a tolerância do visto”, acredita.
Essa foi a aposta do escritor e educador Matheus de Souza, de 32 anos, que já rodou 26 países. Ele conta sua experiência e dá dicas para viver e trabalhar em qualquer lugar no livro Nômade Digital, da editora Autêntica Business (2019).
“Tenho empresa no Brasil e pago todos os impostos. Embora existam vistos específicos para nômades digitais, opto pelo de turista, por não trabalhar para empresas estrangeiras e não querer me fixar em nenhum local. Respeito o tempo de permanência de cada país. No México, por exemplo, são seis meses.”
O escritor explica que uma das maiores dificuldades desde que mudou seu estilo de vida é comprovar residência, quando necessário. ”Fui abrir uma conta digital no Brasil e tive de pedir o endereço da minha mãe. Esse é o grande pesadelo dos nômades.”
‘PERRENGUES’
Matheus conta que passou por situações inusitadas. Certa vez, ficou preso por cinco horas em um elevador na Sérvia, sem falar o idioma. “Também já tentaram me aplicar golpes, com notas rasgadas ou troco errado. Cheguei a perder a carteira no raio x do aeroporto de Portugal. Fiquei duas semanas vivendo só com cartão do Brasil, pagando altas taxas. Hoje, não levo todos os cartões juntos”, lembra ele, que sugere atenção especial a países com tensão política. ”Quando a Rússia cortou relações com a Geórgia, meu voo foi suspenso, e não tive reembolso. Precisei mudar todo o meu planejamento.”
Desista de controlar todas as coisas e de ter sucesso
“De repente, tornou-se indiferente pra mim não ser moderno” disse Roland Barthes (1915 1980). Que libertação! Chega a hora em que devemos investir num gesto de fôlego: encontrar nosso lugar no mundo. O culto à modernidade é uma prisão.
E se essa indiferença for hoje, um gesto de recusa displicente ao ridículo da fé moderna? Falarei de duas formas sobre esse culto moderno: a fé em si mesmo e a fé no progresso.
A indiferença sem objeto pode nos levar à ideia de um estado místico ou simplesmente à ideia de um estado de alienação completa em relação ao mundo. Não é dessa indiferença sobre a qual falo.
Em termos contemporâneos, arriscaria dizer com razoável consistência, que a indiferença em relação ao apego à modernidade – apego este tão ridiculamente cantado em prosa e verso pela Semana de Arte Moderna de 1922 e seu umbigo futurista – significa uma diminuição do nível de ansiedade.
E para tal, se existir algum princípio passível de ser anunciado, ele seria o seguinte: desista de controlar todas as coisas e desista de ter sucesso.
Ou uma máxima derivada diretamente da anterior: desista do autoconhecimento como chave do sucesso. A submissão da ideia de autoconhecimento ao conceito de sucesso é uma das chaves da falácia da cultura contemporânea.
Como alguém pode enunciar um princípio tão ousado na era do BBB como paradigma do coaching emocional? Em breve, não existirá mais muita diferença entre a psicologia e o marketing, seja este de teor ideológico, seja este focado no modelo do LinkedIn.
Feita tal digressão, com a intenção expressa de indicar que a indiferença em relação à modernidade passa necessariamente pela desistência do sucesso e pela aceitação do fracasso do controle métrico sobre as coisos, nos indaguemos agora qual seria a fé na modernidade. Essa fé pode se apresentar de várias formas. Não se trata de fazer uma defesa do retorno da vida natural. Nunca há retorno, a menos que acontecesse uma destruição radical das condições materiais que possibilitam a vida moderna – o que, em sã consciência, ninguém deseja. A indiferença em relação a modernidade se refere à recusa do ato de fé e m si, atribuído à máquina social moderna de mundo, vista como um bem em movimento acumulativo de felicidades.
A obra do sociólogo francês Alain Ehrenberg, no meu entender, aponta para um dos tipos de crise de fé na máquina social moderna e ilumina uma das formas referidas acima. No seu livro “La Fatigued ‘Être Soi: Déprcssion et Sodéte”, Ehrenberg indica um dos equívocos dos modos de regulação do vício na sociedade moderna.
O contemporâneo nos chama a sermos indivíduos autônomos e responsáveis por nossas vidas, numa espiral acelerada. Assim, as relações entre são marcadas pela demanda, cada vez mais alta, de “high performance” e sucesso.
Ehrenberg definirá a depressão de caráter social como, justamente, o reverso desse desempenho. Nós fracassamos necessariamente em nos tornarmos esses indivíduos autônomos e responsáveis.
A expressão que o sociólogo usa é “insuficiente” – e aqui ele recolhe a grande tradição agostiniana do século 17 francês. O ser humano é insuficiente para enfrentar o mundo. Sempre, em todas as vezes.
Na modernidade, passamos a acreditar que, inclusive pelos psicofármacos, pela educação e pela psicologia, poderíamos chegar à high performance cheios de felicidades e de sucessos.
Essa ideia de acúmulo de sucessos e felicidades nos leva a outra face da fé moderna: a fé no progresso. Em 1937, Robert Musil (1880-1942) proferiu uma conferência em Viena, em que ele chamava a atenção para o risco presente no progresso, na medida em que este carrega em si uma grande semelhança com a estupidez. Essa conferência, intitulada “Sobre a Estupidez” está publicada no Brasil pela editora Âyiné. Nela, Musil falava, já em 1937, que, como tínhamos acumulado muito progresso até então, o risco de aumento da estupidez era imenso.
De lá para cá, o progresso só aumentou. Basta olhar o mundo corporativo para ver como a estupidez e o progresso sempre se dão muito bem.
Especialistas recomendam táticas para ter uma vida ativa, como encarar os esportes como mais uma tarefa do dia, criar incentivos associados aos hábitos saudáveis e ser flexível sem deixar de priorizar os exercícios
Eu estava quase “pulando” a corrida. Era uma tarde no início de dezembro, minhas reuniões do Zoom haviam terminado, estava escurecendo, e o céu estava cuspindo granizo. Ainda assim, saí pela porta, porque minha última reunião do dia tinha sido com alguns corredores profissionais, cada um com vários títulos de corrida de longa distância. A médica Megan Roche e seu marido David me encorajaram a pensar no meu treino como uma pausa depois de um longo dia de trabalho, em vez de encarar como mais uma tarefa.
“Sempre me esforço para ficar motivado”, disse David. Uma coisa que o ajuda é encontrar alegria na própria atividade. Às vezes um momento de descontração também contribui, contou ele.
“Parece ridículo, mas, se estiver descendo um declive ou estiver cansado, estique os braços como se fosse um avião e tudo ficará menos sério.
Parecia bobo, mas, quando experimentei o truque do avião, minha corrida escura e fria ficou surpreendentemente alegre. Aqui estão outras maneiras de encontrar inspiração e talvez até um pouco de alegria em seu treino diário:
NÃO ENCARE O TREINO COMO UM EXERCÍCIO
Quando o exercício não é atraente, fazer parecer outra coisa pode ajudar. Crystal Steltenpohl, psicóloga da Universidade do Sul de Indiana, que estuda nutrição para exercícios lembra de uma conversa que teve com um voluntário que disse: “Eu vou jogar basquete, mas isso é apenas um momento de estar com os amigos. Em outras palavras, embora a atividade fosse considerada um exercício, isso era apenas um benefício secundário, e não o fator motivador.
Passei anos competindo como corredora, ciclista e esquiadora. E, ainda que eu continue treinando essas atividades, costumo fazer os 22 minutos diários de exercícios de intensidade moderada automaticamente, sem nunca pensar em exercícios. Em vez disso, faço minha caminhada matinal para limpar a cabeça, me sentir presente e me conectar com meu marido e meus cães.
!Se você perguntar, a maioria das pessoas dirá que quer se exercitar pela saúde o que é um grande objetivo. Mas o que faz as pessoas se mexerem é algo de que elas gostem”, defendeu Katie Heinrich, cientista do exercício da Universidade Estadual do Kansas.
Para ela não existe atividade perfeita para todos.
“Como você gosta de se mover? Talvez seja dança ou pode ser um passeio no parque. Para algumas pode ser Cross Fit ou spinning.
FOQUE NOS INCENTIVOS
No mês passado, pesquisadores publicaram um mega estudo testando a eficácia de 54 abordagens para motivar as pessoas a se exercitarem. O experimento, que recrutou 60 mil membros de uma rede de academias como cobaias, descobriu que oferecer um audiolivro gratuito era uma das maneiras mais eficazes de levar as pessoas à academia. A ideia era dar aos participantes algo pelo que esperar enquanto se exercitavam, disse uma das organizadoras do estudo, Kati Milkman, professora da Universidade da Pensilvânia.
É uma abordagem familiar a Megan Rodie. Ela gosta de tirar fotos, e correr lhe dá a oportunidade de buscar paisagens interessantes para registrar.
“Essas fotos me levam através da minha jornada de corrida”, disse ela.
PRIORIZE O EXERCÍCIO
“A desculpa número um que as pessoas dão para não se exercitar é a falta de tempo”, disse Heinrich, que conclui:
“Você tem que tomar uma decisão de encarar os exercícios no seu dia. Isso não vai acontecer magicamente”.
Johnston costumava tentar encaixar o exercício em sua vida fazendo coisas como subir as escadas em vez do elevador, mas isso nunca realmente me prendeu ou me deu qualquer validação de que eu estava fazendo algo significativo”, disse ela.
“Dar ao exercício um lugar fixo na vida foi motivador”.
Se você pensa no exercício como uma atividade facultativa, você vai se dar permissão para ignorá-lo. Em vez disso, tente pensar nele como uma parte essencial do seu trabalho”, disse Brad Stulberg, escritor especializado sobre desempenho humano.
SEJA FLEXÍVEL
Fazer do exercício uma prioridade não significa que você precisa de um cronograma rígido. Um estudo que Milkman e alguns colegas publicaram em 2020 descobriu que ter flexibilidade para atingir seus objetivos pode aumentar a chance de sucesso. Os pesquisadores estudaram mais de 2.500 funcionários do Google, designando aleatoriamente alguns para serem pagos para ir à academia em um período que eles identificaram antecipadamente como a mais conveniente, enquanto outros poderiam ir a qualquer momento. Os pesquisadores esperavam que comprometer-se com horários específicos ajudaria as pessoas a formarem hábitos mais fortes, disse o principal autor, John Beshears, economista da Harvard Business School. Em vez disso, as pessoas com flexibilidade acabaram indo com mais frequência após o fim do pagamento. Quando os participantes do grupo mais rígido perdiam o treino, eles acabavam não indo, enquanto os de esquema flexível continuaram a fazê-lo, disse Milkman.
TENHA UM INCENTIVADOR
“O melhor incentivador do condicionamento é um amigo. Ele o responsabiliza por aparecer para treinar e o apoia quando você não o faz”, disse Stulberg.
Em um estudo de 2017, Heinrich entrevistou proprietários e treinadores de academias de Cross Fit e descobriu que a sensação de comunidade era um forte motivador para as pessoas que continuaram com as aulas.
CRIE UM CLIMA DE SUCESSO
Procure maneiras de tornar o ambiente mais convidativo para a atividade física, disse Steltenpohl. Pode ser uma academia, um parque, uma pista de caminhada ou até mesmo seu quarto com um colchonete e um aplicativo de treinos, disse ela. A chave é que seu entorno deve te preparar para ter sucesso.
Megan Rodie geralmente corre logo pela manhã, e ela se prepara com antecedência, arrumando suas roupas, preparando o café e uma playlist enérgica enquanto se prepara para correr. Nas manhãs de inverno, ela também acende luzes e ocasionalmente aquece
seus músculos primeiro em um banho quente.
LEMBRE-SE DA SENSAÇÃO
É tentador pensar que você está muito estressado ou cansado para se exercitar, mas muitas vezes o exercício é exatamente o que você precisa para se sentir melhor.
“Você não precisa se sentir bem para ir treinar; você precisa do treino para se sentir bem”, disse Stulberg.
O exercício pode ajudá-lo a controlar seu humor, disse Steltenpohl, e, quando você está se sentindo péssimo, às vezes o exercício é um poderoso antídoto.
SE FALHAR, VOLTE AOS TRILHOS
O truque mais eficaz identificado no megaestudo da rede de academias foi incentivar as pessoas a voltarem aos trilhos quando perdessem uma sessão de treino. Nesse cenário, as pessoas se comprometiam a ir à academia em determinados dias e horários e, caso perdessem uma dessas visitas planejadas, receberiam um lembrete e também a chance de ganhar pontos extras se fizessem a próxima visita planejada
Não demorou muito para motivar as pessoas a voltarem à academia, e Milkman teoriza que é um lembrete de “não perca seu treino duas vezes” que estimulou as pessoas. Você pode potencializar isso entrando na academia com os amigos, disse ela.
Experimento usa estimulação profunda com eletrodos para restaurar fluxo de neurotransmissores ligados à sensação de prazer. Primeiro voluntário conseguiu se manter longe dos opioides, mas dados ainda são iniciais
O Instituto de Neurociências Rockefeller, ligado à Universidade de West Virgínia, nos Estados Unidos, colheu os primeiros resultados positivos de um experimento inédito para tratar pessoas viciadas em drogas por meio da estimulação cerebral profunda. A etapa inicial, em curso, busca avaliar a segurança dessa cirurgia em quatro pacientes.
O primeiro paciente submetido ao procedimento foi o americano Gerod Buckhalrer, de 33 anos, em novembro de 2019. Ele teve contato com opioides pela primeira vez aos 15 anos, após sofrer uma lesão no ombro. Nunca mais parou. Aos 20, já usava heroína. Quando foi incluído no estudo, lutava contra o vício, sem sucesso, há 17 anos.
A estimulação cerebral profunda já é amplamente usada no tratamento de doenças como Parkinson, epilepsia grave e transtorno obsessivo compulsivo. Além do abuso de substâncias, a técnica também vem sendo pesquisada para outras condições, como a depressão.
COMO FUNCIONA
O procedimento consiste na inserção de eletrodos no cérebro, que ficam conectados a uma bateria instalada no peito. A cirurgia é feita com o paciente acordado, pois é preciso verificar em tempo real se o eletrodo está no lugar correto. No caso do tratamento para dependência química, o alvo é o núcleo accumbens, responsável pelo centro de recompensa cerebral.
Quando consumida, a droga desencadeia um aumento da dopamina no cérebro, um neurotransmissor que proporciona uma sensação de prazer. O problema é que, com o passar do tempo as pessoas precisam de doses cada vez maiores ou de substâncias mais fortes para alcançar a mesma sensação.
A heroína, que costuma ser o destino da maioria das pessoas que começa a dependência química com o uso de opioides, é considerada uma das drogas mais viciantes do mundo -para alguns, a mais viciante. Testes feitos com animais em laboratório mostram que ela faz o nível de dopamina do sistema de recompensa do cérebro aumentar até 200%. Ela também é considerada extremamente perigosa, porque a dose potencialmente fatal é apenas cinco vezes maior que a necessária para ficar chapado.
Nos EUA, o vício em opioides como a heroína, a morfina e a metadona é uma epidemia. Dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que mais de 100 mil pessoas morreram de overdose de drogas entre junho de 2020 e junho de 2021. Versões sintéticas, como o fentanil, um anestésico e analgésico de acesso restrito, foram responsáveis por quase dois terços desses óbitos.
DANO PROGRESSIVO
Com o tempo de uso, drogas como essas fazem com que haja uma alteração fisiológica no funcionamento do cérebro. A hipótese dos pesquisadores é de que o impulso elétrico consegue restaurar a função normal dessa área, danificada pelo uso das substâncias. O eletrodo também estimula uma segunda região cerebral que também é prejudicada pelo consumo abusivo de entorpecentes. Trata se do córtex frontal, que é vital para o julgamento e a tomada de decisões.
O tratamento ainda é inicial, experimental e, mesmo que um dia seja aprovado, ele será indicado apenas para um pequeno número de pessoas. Os riscos da cirurgia envolvem infecção, sangramento e problemas de memória.
Para serem incluídos no estudo, por exemplo, os pacientes devem ter passado por inúmeros esforços de reabilitação que não funcionaram e sofrido múltiplas overdoses. Mas acredita-se que abordagens como essa possam ajudar a trazer respostas a respeito do funcionamento do cérebro de dependentes químicos e dos fatores que conduzem ao vício. Com esse resultado, a esperança é desenvolver novos tratamentos no futuro.
Outra vantagem é que os eletrodos permitem aos pesquisadores registrar a atividade cerebral dos pacientes em tempo real. Isso ajuda a mapear biomarcadores para dependência, desejo e ansiedade, por exemplo. A expectativa é que essas informações possibilitem a intervenção precoce.
SEGIJNDA ETAPA
A próxima fase do estudo com a estimulação cerebral profunda incluirá dez pacientes para avaliar a eficácia do procedimento. Os dados da primeira etapa parecem promissores. Buckhalter por exemplo, não teve recaída nos últimos anos.
O americano ainda toma medicamentos, faz aconselhamento e frequenta reuniões do Narcóticos Anônimos, que fazem parte do tratamento atual contra a doença. A diferença é que antes só isso não bastava para mantê-lo afastado das drogas.
Outra linhas de tratamento para vicio em pesquisa são “estimulação magnética transcraniana e ultrassom focalizado.
As pessoas se preocupam em ser simpáticas, mas pouco se esforçam para ser empáticas, e algumas talvez nem saibam direito o que o termo
significa. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreendê-lo emocionalmente. Vai muito além da identificação. Podemos até não sintonizar com alguém, mas nada impede que entendamos as razões pelas quais ele se comporta de determinado jeito, o que o faz sofrer, os direitos que ele tem.
Nada impede?
Foi força de expressão. O narcisismo, por exemplo, impede a empatia. A pessoa é tão autofocada que para ela só existem dois tipos de gente: os seus iguais e o resto, sendo que o resto não merece um segundo olhar. Narciso acha feio o que não é espelho. Ele se retroalimenta de aplausos, elogios e concordâncias, e assim vai erguendo uma parede que o blinda contra qualquer sentimento que não lhe diga respeito. Se pisam no seu pé, reclama e exige que os holofotes se voltem para essa agressão gravíssima. Se pisarem no pé do outro, é porque o outro fez por merecer.
Afora o narcisismo, existe outro impedimento para a empatia: a ignorância. Pessoas que não circulam, não possuem amigos, não se informam, não leem, enfim, pessoas que não abrem seus horizontes tornam-se preconceituosas e mantêm-se na estreiteza da sua existência. Qualquer estranho que possua hábitos diferentes será criticado em vez de respeitado. Os ignorantes têm medo do desconhecido.
E afora o narcisismo e a ignorância, há o mau-caratismo daqueles que, mesmo tendo o dever de pensar no bem público, colocam seus próprios interesses acima do de todos, e aí os exemplos se empilham: políticos corruptos, empresários que só visam o lucro sem respeitar a legislação, pessoas que “compram” vagas de emprego e de estudo que deveriam ser conquistadas através dos trâmites usuais, sem falar em atitudes prosaicas como furar fila, estacionar em vaga para deficientes, terminar namoros pelo Facebook, faltar compromissos sem avisar antes, enfim, aquelas “coisinhas” que se faz no automático sem pensar que há alguém do outro lado do balcão que irá se sentir prejudicado ou magoado.
É um assunto recorrente: precisamos de mais gentileza etc. e tal. Para muitos, puxar uma cadeira para a moça sentar ou juntar um pacote que alguém deixou cair, basta. Sim, somos todos gentis, mas colocar-se no lugar do outro vai muito além da polidez e é o que realmente pode melhorar o mundo em que vivemos. A cada pequeno gesto diário, a cada decisão que tomamos, estamos interferindo na vida alheia. Logo, sejamos mais empáticos do que simpáticos. Ninguém espera que você e eu passemos a agir como heróis ou santos, apenas que tenhamos consciência de que só desenvolvendo a empatia é que se cria uma corrente de acertos e de responsabilidade – colocar-se no lugar do outro não é uma simples gentileza que se faz, é a solução para sairmos dessa barbárie disfarçada e sermos uma sociedade civilizada de fato.
DIABETES TIPO 2 PODE SER UM SINAL DE CÂNCER NO PÂNCREAS
Pesquisas sugerem que desenvolvimento da doença estaria relacionada à existência do tumor
O câncer de pâncreas é um assassino vil e teimoso que até agora desafiou os
Melhores esforços da medicina no diagnóstico precoce e tratamento curativo. Em novembro, tirou a vida do meu amigo Peter Zímroth, um advogado de Nova York de 78 anos que se dedicava ao serviço público e era casado com a estimada atriz Estelle Parsons, 16 anos mais velha que ele.
Zimroth estava em forma, ativo e com boa saúde antes que os sintomas se desenvolvessem – no caso dele, dores de estômago e constipação. Naquela época, o câncer já havia se espalhado e era tarde demais para operar. Sua morte segue a de várias outras pessoas conhecidas que sucumbiram à mesma doença: a juíza da Suprema Corte dos EUA Ruth Bader Ginsburg, o deputado americano e líder dos direitos civis John Lewis e o cofundador da Apple, Steve Jobs.
Embora o câncer de pâncreas seja relativamente raro, é tão mortal que agora está a caminho de se tornar a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer nos Estados Unidos até 2040. Atualmente, ele é responsável por cerca de 3% de todos os cânceres e 7% das mortes por câncer no país. No geral, apenas uma pessoa em cada 10 diagnosticadas com câncer de pâncreas sobrevive cinco anos. A cura é quase sempre por sorte, quando o câncer é detectado em um estágio inicial, livre de sintomas, durante uma tomografia ou cirurgia abdominal não relacionada, e o tumor pode ser removido cirurgicamente.
Brian Wolpin, diretor do Centro de Câncer Gastrointestinal do Instituto do Câncer Dana Farber, em Boston, me disse que este é um câncer tão difícil de detectar precocemente porque “érelativamente incomum na população e os sintomas que causa, como perda de peso, fadiga e desconforto abdominal, são inespecíficos e mais prováveis devido a outras condições.” Como resultado, disse ele, “quando 80% dos pacientes chegam ao meu consultório pela primeira vez, sei que é altamente improvável que que curemos o câncer”.
FATORES DE RISCO
Ainda assim, existem vários fatores de risco importantes para o desenvolvimento de câncer de pâncreas. Fumar duplica o risco e representa cerca de um quarto de todos os casos. Ser obeso, ganhar excesso de peso quando adulto e acumular gordura extra na cintura, mesmo que não muita, também aumentam o risco, afirmam especialistas.
Pode ser por isso que o diabetes tipo 2, que é mais frequentemente relacionado ao excesso de peso, também seja um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pâncreas. Outros riscos incluem pancreatite crônica, uma inflamação persistente do pâncreas, muitas vezes ligada ao consumo excessivo de álcool e tabagismo, e exposição no local de trabalho a certos produtos químicos, como os usados em indústrias de lavagem a seco e metalurgia.
A idade avançada também é um fator de risco – cerca de dois terços dos casos ocorrem em pessoas com 65 anos ou mais. E o histórico familiar também pode contribuir, incluindo condições genéticas hereditárias, como mutações nos gene, BRCAI ou BRCA2, que são mais frequentemente associados a câncer de mama e ovário.
SINAL DE ALERTA
Há muito se sabe que a melhor chance de sobreviver à maioria dos cânceres resulta da detecção precoce, quando a malignidade está totalmente confinada ao órgão ou tecido em que se origina. (Oscânceres de sangue apresentam problemas diferentes.) O pâncreas é um órgão bastante pequeno, em forma de cenoura, com cerca de 15cm de comprimento e menos de 5 cm de largura, que fica bem escondido entre as costelas e o estômago.
Um câncer precoce no pâncreas não produz uma lesão que pode ser sentida e raramente causa sintomas que possam levar a uma investigação médica definitiva até que tenha escapado dos limites do pâncreas e se espalhado para outros lugares.
Mas os cientistas estão estudando um possível sinal de alerta precoce: uma ligação entre o câncer de pâncreas e um recém desenvolvido diabetes tipo 2. O diabetes também surge no pâncreas, que contém células especializadas que produzem o hormônio insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue. E embora ainda não se saiba o que vem primeiro, diabetes ou câncer, algumas pesquisas sugerem que o súbito desenvolvimento do diabetes tipo 2 pode anunciar a existência de câncer escondido neste órgão.
Um estudo inicial de 2005 com 2.122 moradores de Rochester, conduzido por Suresh Chari, agora gastroenterologista do Centro do Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, descobriu que três anos após receberem um diagnóstico de diabetes, as pessoas tinham seis a oito vezes mais probabilidade do que a população geral de ter câncer de pâncreas. Juntamente com colegas da Clínica Mayo, ele também identificou um gene chama do UCP -que pode prever o desenvolvimento desse câncer em pessoas com diabetes.
Mais recentemente, Maxim Petrov, professor de pancreatologia da Escola de Medicina da Universidade de Auckland liderou um estudo na Nova Zelândia com quase 140 mil pessoas com diabetes tipo2 ou pancreatite, ou ambas, que foram acompanhadas por até 18 anos. Os resultados revelaram que aqueles que desenvolveram diabetes após um ataque de pancreatite eram sete vezes mais propensos a terem câncer de pâncreas do que outros com diabetes tipo 2.
Em 2018, o Instituto Nacional do Câncer lançou um estudo que está em processo de inscrição de 10 mil pessoas com idades entre 50 e 85 anos com diabetes recém diagnosticado ou níveis elevados de açúcar no sangue. Os participantes doarão amostras de sangue e tecidos, e os pesquisadores os seguirão na esperança de identificar pistas para a detecção precoce entre aqueles que desenvolverem câncer de pâncreas.
Outro esforço iniciado no verão passado pela Pancreatic Cancer Action Network, chamado Early Detection Initiative fot Pancreatic Cancer (lniciativa de Detecção Precoce para Câncer de Pâncreas), envolverá mais de 12 mil participantes com níveis elevados de açúcar no sangue e diabetes de início recente. Metade fará exames de sangue periódicos e passarão por imagens abdominais com base em sua idade, peso corporal e níveis de glicose no sangue para procurar evidências de câncer de pâncreas precoce, enquanto os outros servirão como controles.
O objetivo desses estudos é identificar marcadores biológicos, como certos genes ou proteínas excretados pelo tumor, que possam ser usados em testes de triagem para indicar a presença de câncer quando o paciente ainda poderia se beneficiar da cirurgia. Infelizmente, os resultados provavelmente não serão conhecidos antes de 2030, no mínimo.
‘CHECKLIST’
Enquanto isso, Wolpin disse que os médicos devem considerar “uma lista de checagem” de sinais de aviso que possam alertá-los para a presença de um câncer precoce e curável. Entre as coisas a considerar, disse ele, estão se o nível de glicose de um paciente está subindo rapidamente e é difícil de controlar com medicamentos para diabetes; se os pacientes com diabetes estão perdendo peso sem explicação como uma mudança na dieta ou exercício; ou se os pacientes estão bem há anos e, de repente, no início dos 70 anos, têm diabetes e não está claro o porquê.
Porém Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã (2Samuel 13.22).
A mágoa é um veneno mortal. Mata mais rápido seus remetentes do que seus destinatários. Guardar mágoa é como beber um copo de veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Guardar mágoa é autofagia. A Bíblia registra a mágoa que Absalão nutriu pelo irmão Amnom durante dois anos. O silêncio de Absalão tornou-se mais devastador do que as brigas mais ruidosas. Tivesse ele manifestado sua decepção com o irmão pela desonra de Tamar, e ambos continuariam vivos. Porém, a mágoa de Absalão matou a ambos. Quem nutre mágoa fere-se antes de ferir os outros. Destrói-se na mesma medida em que maquina o mal contra os outros. Absalão acabou com a própria vida antes de mandar matar seu irmão. Absalão roubou a paz de sua família depois que consumou sua loucura. A amargura produz perturbação para quem a nutre e contaminação para os que estão à volta. Um indivíduo amargurado está de mal com a vida. É capaz de transformar o paraíso num deserto; a antessala do céu no quintal do inferno. A mágoa é um sentimento que traz morte. Tem uma raiz que brota, cresce e gera inimizade entre as pessoas. Cuidado com a mágoa, pois ela pode destruir você! A solução é o perdão. O perdão cura a ferida que a mágoa abriu; o perdão restaura o relacionamento que a mágoa adoeceu; o perdão traz vida onde a mágoa produziu morte!
DIREITOS E DEVERES DE QUEM TRABALHA EM CASA CARECEM DE REGRAS CLARAS
Diretriz sobre teletrabalho é de antes da pandemia e não prevê novos modelos; ações na Justiça mais que triplicaram
Conta de luz mais cara, jornada de trabalho sem fim e dificuldades de promoção futuras para quem optar por não voltar ao escritório. Quase dois anos após o início das medidas de distanciamento e com a volta progressiva do modelo presencial, o home office ainda gera dúvidas entre os trabalhadores.
No início das medidas de distanciamento no Brasil, em março de 2020, o modelo mais próximo à nova realidade dos trabalhadores era o do teletrabalho, regulamentado pela reforma trabalhista de 2017.
Ao longo da crise sanitária, o governo publicou medidas provisórias e recomendações, como as MPs 927 e 936, que flexibilizaram parte das regras previstas na CLT.
As medidas estavam atreladas ao estado de calamidade por causa da pandemia e perderam a validade antes que a crise sanitária se encerrasse.
Na prática, as empresas têm se organizado para decidir sobre o fornecimento de equipamentos, o número de dias fora do escritório e a compensação por aumento de gastos ou mudanças nos contratos.
Na empresa da especialista em comércio exterior Cristiane Paulucci, 54, os empregados conseguiram aulas virtuais de ginástica laboral e meditação online e receberam em casa cadeiras de escritório e outros equipamentos.
Ela, que tinha um cômodo em seu apartamento para receber visitas, investiu cerca de R$13 mil para transformá-lo em escritório e sala de estudos. Quando a empresa voltar ao normal, ela pretende ir até lá três vezes por semana.
“Economizo cerca de 80 minutos no trânsito todos os dias, mas acho importante e saudável te o contato com as pessoas e sair de casa.”
Mas nem todos os conflitos que vieram com o home office foram resolvidos pacificamente. No ano passado, por exemplo, um juiz do Trabalho no Rio de Janeiro determinou que a Petrobras fosse responsável pelos custos mensais dos funcionários em casa.
Os trabalhadores exigiam internet, energia elétrica e estrutura física para o trabalho em casa. Após recursos, a empresa teve de manter apenas uma verba de apoio.
Para o especialista em direito do trabalho Roberto Calcini, “a relação entre empregados e empresas sofreu um processo de acomodação em razão dos dois anos de pandemia, mas sem que tenhamos, até agora, uma efetiva segurança jurídica.”
Em sua avaliação, é urgente a criação de uma nova legislação , já que a diretriz de 2017 não dispõe sobre o home office nem contempla demandas criadas com a pandemia.
No primeiro ano da crise sanitária, entre março e agosto de 2020, as ações na Justiça do Trabalho envolvendo trabalho em casa chegaram a aumentar 270%, até pela novidade dessa modalidade.
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) registrou 258 processos desse tipo em 2021, alta de 263 % ante 2019, no pré-pandemia. No Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, foram 155 no ano passado – em 2019, eram 5.
Segundo advogados, ainda há lacunas na legislação em relação ao controle de jornada, às horas extras e à privacidade no uso do computador, por exemplo.
No caso da ajuda de custos, Calcini entende que a empresa é obrigada a dar, já que a casa do funcionário se tornou uma extensão do escritório. “A jornada de trabalho também deve ser a mesma.”
Os especialistas em legislação trabalhista dizem que poderia haver mais ações, se os funcionários não temessem ter que arcar com o pagamento de honorários advocatícios, caso perdessem as causas.
Em outubro de 2021, o STF (Superior Tribunal Federal) entendeu que essa cobrança imposta pela reforma trabalhista é inconstitucional, e a tendência é de aumento no número de processos relacionados ao home office.
Segundo o também especialista em direito do trabalho Denis Sarak, onde há insegurança jurídica, há conflito. “A lacuna da nossa legislação favorece a desinformação e consequentemente os conflitos.”
Funcionária de uma empresa no Rio Grande do Sul, Paloma Seixas, 28, nunca havia se imaginado trabalhando de casa. Com a pandemia, ela se mudou de Viamão, na Grande Porto Alegre para Garopaba, no litoral de Santa Catarina, e não pensa em voltar.
“A rotina aqui é muito mais tranquila. Mas temo que não consiga crescer na empresa se continuar morando longe.”
Para o professor Peter Cappelli, que dirige o Centro de Recursos Humanos da Wharton School of Business, nos Estados Unidos, a preocupação de Seixas não é exagero, e é quase certo que os trabalhadores que não quiserem voltar ao escritório terão dificuldades na carreira.
“As pessoas que ficarem no escritório em tempo integral, trabalhando ao lado dos chefes e de outros colegas, vão progredir mais rápido. Todas as pesquisas anteriores sobre trabalho remoto mostraram isso.”
Cappelli, que também é autor do livro “The Future of the Office” (O Futuro do Escritório), lembra que o trabalho híbrido era realidade para cerca de 10% dos norte-americanos antes da pandemia e provavelmente mais empresas devem adotar o modelo agora.
“Seja qual for o modelo, a grande lição da pandemia é que as pessoas realmente gostam de ter controle sobre seu tempo. Portanto, mesmo que elas voltem ao escritório, não vão querer que a empresa controle todos os seus passos.”
DIREITOS NO HOME OFFICE E O QUE FALTA REGULAMENTAR
AJUDA COM GASTOS DE LUZ E INTERNET
A empresa deve fornecer uma ajuda de custos, já que a casa do funcionário se tornou uma extensão do escritório durante a pandemia, avalia o especialista em direito trabalhista Ricardo Calcini.
FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTOS DE TRABALHO
O MPT (Ministério Público do Trabalho) recomenda que empresas e empregados observem itens de ergonomia (como mobiliário postura física) e conexão, para que a empresa forneça as condições adequadas.
JORNADA DE TRABALHO
A jornada de trabalho em casa também deve ser a mesma do escritório, com controle de jornada feito de forma eletrônica.
TEMPO DE DESCONEXÃO
O direito do trabalhador a períodos em que consiga ficar desconectado e barrar troca de mensagens fora do expediente, para garantir a saúde mental do funcionário é uma das lacunas atuais.
PRIVACIDADE EM CASA
O direito de imagem e à privacidade dos trabalhadores e seus familiares, sobretudo com o aumento do número de reuniões via transmissão de vídeo, precisa ser redefinido.
Se antes da pandemia valia tudo para ter fios esteticamente perfeitos, a prioridade agora é ter um couro cabeludo saudável
Estresse, ansiedade, incertezas. Os sentimentos confusos foram vários ao longo dos meses dentro de casa – e tudo isso, claro, afetou a saúde. O relato de quedas de cabelo, por exemplo, aumentaram consideravelmente durante o período. De acordo com o estudo feito pela Academia Brasileira de Tricologia (ABT), o impacto da covid-19 na saúde dos cabelos pode ser dividido entre fisiológico e mental.
“A questão de saúde mental veio inclusive de depressão, da falta de contato das pessoas, e isso desencadeou o gatilho de patologias como psoríase, dermatites e principalmente aquilo que a gente chama de queda capilar específica, que são as não cicatriciais, derivadas de questões psicossomáticas, como, por exemplo, a alopecia androgenética (ouseja, determinada geneticamente para os homens)”, explica o CEO da ABT, Celso Martins Junior. “Existe uma relação importante da elevação do estresse, da cascata bioquímica do estresse, da elevação de cortisol no sangue com as questões psicossomáticas e o encurtamento da fase de crescimento do fio capilar .”
João, que prefere não ser identificado, sabe bem sobre essa questão. Com 22 anos, ele passou a perceber queda acentuada de cabelo e decidiu procurar uma médica dermatologista especializada no assunto. “Meu avô por parte de mãe não tinha quase nada de cabelo, então eu tenho histórico na família de calvície. Mas com vinte e poucos anos achei que fosse muito novo para isso, por isso comecei o tratamento”, conta ele, que via tufos de cabelo espalhados pelos lugares em que passava tempo.
O tratamento ia bem até que ele pegou coronavírus, no final de 2021. “Voltei ao consultório e ela me explicou que normalmente, pelo histórico dos pacientes e os estudos que ela havia acompanhado, o cabelo pode cair com a doença. Assim, aumentamos a dose dos remédios”, diz.
Muito mais do que o lado emocional trazido à tona pelo coronavírus, as medicações usadas no tratamento, como corticoides e anticoagulantes, também geram o enfraquecimento do cabelo. “Hoje a gente sabe que a covid é uma tempestade inflamatória, com liberação de mediadores inflamatórios que são as interleucinas e elas vão circular no seu corpo como um todo, inclusive no couro cabeludo. Além disso, várias doenças febris, virais podem levar à vasculite dos vasos do couro cabeludo que pode levar à queda”, esclarece a dermatologista Marcela Mattos.
Ela explica que, por outro lado, os pacientes também acabaram olhando mais para si mesmos e passaram a investir no autocuidado. “Depois que o paciente passa por uma situação traumática, tanto física quanto emocional, ele quer se cuidar mais. Então veio uma pegada do cuidado do skincare, a oportunidade do home office das pessoas ficarem se olhando mais pelo vídeo, por exemplo, de quererem se cuidar mais.”
ACEITAÇÃO
A onda do autocuidado esbarrou também no fechamento dos salões de beleza durante a quarentena. O que levou diversas mulheres e homens a assumirem os cabelos brancos, largarem as químicas ou iniciarem o processo de transição capilar. “Depois da pandemia, começamos a ver uma consciência muito maior.
As pessoas estão passando por um processo de entender que a saúde é muito mais interessante do que um padrão de beleza estático e a qualquer preço”, diz Marcela.
A fisioterapeuta Keisa Negrão, de 48 anos, morria do vergonha dos cabelos brancos, mas decidiu assumi-los e se libertar. “Eu retocava a minha raiz a cada 15 dias. Comecei a mexer com química no cabelo muito cedo e desenvolvi alergias que provocavam coceira e feridas por todo o couro cabeludo”, conta. ”Agora eu vejo o quanto sofri em busca de um padrão. Me libertei, estou muito feliz. Me sinto até mais bonita”.
Ao reabrirem, os salões entenderam esse movimento e passaram a se preocupar também em orientar o cliente. O espaço comandado pelo cabeleireiro Celso Kamura, por exemplo, investiu em um Hair Spa, para o cuidado dos fios com aromaterapia, cromoterapia e musicoterapia. “A gente inaugurou no final de 2018 e ainda estava em processo de maturação quando aconteceu a pandemia. Mas hoje em dia eu percebo uma procura maior, justamente pelas pessoas estarem pensando mais em saúde”, diz Rodrigo Tanamati, terapeuta capilar do salão.
O processo começa com uma anamnese (entrevista com o cliente) realizada para entender o estilo de vida da pessoa. Logo é feita a análise do couro cabeludo com uma câmera chamada dermatoscópio, permitindo achar descamações, ver a densidade do fio e reconhecer o cabelo, desde o couro até a ponta dos fios. “Em vez de embelezar, a gente está cuidando”, diz Rodrigo.
Uma das clientes fiéis do salão é a modelo trans Marcela Thomé. Em suas redes sociais, ela já deixou claro a importância do seu cabelo. “Meu cabelo me deu força para eu ser quem eu sou hoje”, afirma. Assim, sempre frequentou o salão preocupada com hidratações e cortes, mas desde que o hair spa surgiu, o cuidado com os fios se tornou ainda maior.
“Quando ela veio passar comigo, senti que o couro dela estava inflamado e aí para cuidar, para dar uma acalmada, eu fiz a oleoterapia, que são os óleos essenciais junto com o óleo vegetal. Usei lavanda que é calmante, melaleuca que é bactericida e fungicida, aí fui nessa parte que é mais natural e menos invasiva”, conta Rodrigo.
SUSTENTÁVEIS
Já tem um tempo que surgem cabeleireiros com a expertise em cuidar da saúde dos fios e do couro cabeludo, priorizando o bem-estar sobre a estética. No mesmo ano da Hair Spa, surgiu a Ricu, do Studio W. Um ano mais tarde, o Studio Tez abriu as portas, assim como o Mariá Spa do Cabelo. E finalmente em 2021, o Br Concept Hair Spa
Muito mais do que deixar a cliente com um cabelo bonito, os salões propõem tratamentos para oleosidade, ressecamento e fortalecimento dos fios, priorizando o bem-estar e a saúde dos visitantes. ”A gente tem construído uma dinâmica técnica dentro dos salões que tem se transformado em algo muito maior que só beleza. Os profissionais têm aprendido a enxergar e compreender o cabelo como um marcador de saúde que é o que de fato ele é”, pontua Celso Martins Junior.
A busca pelo cuidado intenso do fio, assumindo sua própria beleza, envolve também o aumento do uso de produtos naturais nos salões. No Satch, por exemplo, criado pelo cabeleireiro turco Ertan Karadeniz, as especiarias são colhidas no próprio local. Para o tratamento de queda e fortalecimento, uma mistura com a babosa plantada e colhida ali mesmo promove a selagem natural do cabelo.
“Eu sou do ramo há 20 anos, mas no momento que decidi criar o salão, queria algo que tivesse coerência do que faz e com o que faz. Aqui não usamos nada que tenha contaminação de metal. Nos últimos anos, diminuímos muito a aplicação de luzes e de progressivas – apesar de já não usarmos a progressiva convencional”, explica ele. “Temos que pensar que o mercado convencional se coloca como indústria. Você não consegue identificar a qualidade de matéria-prima e é um produto só para todos. Aqui gostamos de avaliar cabelo a cabelo e ver o que necessita. Nossa progressiva, que deve não ter mais no salão em breve, é vegetal e não afeta muito o Ph do fio.”
Para Karadeniz, a sustentabilidade vai além de escolher um produto. “No Satch, a gente rega as plantas com o próprio adubo que eu faço. A sustentabilidade começa do momento em que você acorda, até dormir.”
A junção da tecnologia da indústria com os benefícios dos produtos naturais, segundo os profissionais, é ideal. Um ritual com óleo de coco, por exemplo, pode tornar difícil a remoção do produto e machucar o cabelo em vez de hidratar, como talvez uma máscara pronta faria. Por isso, opções veganas e da chamada química verde vêm sendo muito valorizada pelo mercado.
A marca Keune, por exemplo, além da sua linha normal, passou a ter a “So Pure”, que é vegana, não tem sulfato e com aromas naturais de óleos essenciais. Já a italiana Davines ganha cada vez mais espaço nos grandes salões por combinar sustentabilidade e eficiência dermatológicas. Recentemente ela lançou a linha Elevating, voltada para o equilíbrio e a proteção do couro cabeludo, feito com argila brasileira.
“O Brasil é um dos maiores lugares de referência de matérias-primas naturais do mundo por conta da nossa biodiversidade. Às vezes, a nossa falta de investimento em pesquisas faz com que a gente tenha preciosidades na nossa mão, sem o uso adequado”, opina o cabeleireiro Sérgio G, da Hair Glass Brasil. Para ele, ainda estamos no começo da transição dos naturais. “Nosso câmbio dificulta o consumo de muitos produtos importados, então abriu-se essa necessidade do desenvolvimentos dos produtos naturais – que está dando oportunidades para novos negócios e um resultado esplendoroso.”
TENDÊNCIA
A necessidade de olhar para dentro e valorizar a beleza natural também é tendência fora do Brasil. Um dos espaços que se destacam nesse campo é a JVN Hair, criada por Jonathan Van Ness, estrela da série da Netflix Queer Eye. “Muitas vezes pensamos nessa ideia de beleza como algo para nos sentirmos mal com a gente mesmo, mas nos termos e nos padrões de quem? Quando você entender que o relacionamento mais íntimo e bonito que você tem em sua vida é consigo mesmo, isso lhe dará imensa liberdade para se tornar quem você deveria ser”, coloca ele.
Seu slogan, “come as you are”(venha como você é) traz a ideia de melhorar o cabelo, e não necessariamente fazer uma grande transformação. “A linha NN vê toda beleza, atende toda beleza e homenageia a singularidade de cada pessoa.” Além disso, o produto é sustentável, vegano e feito com materiais recicláveis.
Muito mais do que aceitar os fios brancos, os cachos e a falta de química, o tempo dentro de casa mudou nosso olhar sobre o que é beleza. “As pessoas estão conseguindo entender que a boca da Angelina Jolie fica linda na boca dela. Mas numa paciente que tem traços delicados aquilo vai ficar mais agressivo”, explica a dermatologista Marcela. “A gente não tem de ser bonito igualo fulano, a gente tem de ser bonito na nossa própria essência.”
DICAS
Como manter a saúde e a beleza capilar
OBSERVAÇÃO
Analise o seu cabelo e faça isso com calma, por meio de toque e da ajuda de um espelho. “Se perceber que o cabelo está seco, busque informações para hidratar. Se tem frizz, veja indicações de gorduras vegetais que podem sustentar a degeneração da queratina do cabelo. Lembre-se: cada cabelo é um”, indica o cabeleireiro Ertan Karadeniz.
LAVAGEM
Apesar do calor, lave o cabelo somente quando a oleosidade da raiz for visível. Caso contrário, a lavagem diária não é necessária. Aproveite que é verão e utilize água fria, ou no máximo morna. A água quente deixa o cabelo mais oleoso. Também é recomendado deixar o cabelo secar naturalmente, evitando o uso de secador e chapinha.
PASSO A PASSO
Antes de mais nada, escolha o produto especifico para o seu tipo de cabelo. A higienização com o xampu deve ser feita apenas no couro cabeludo, com movimentos circulares com os dedos. Já o condicionador deve ser aplicado no comprimento e pontas, para evitar fios quebradiços.
ALIMENTAÇÃO
O que você come pode ter interferência direta na saúde dos fios. Atente-se para a ingestão de vitaminas C e D, além de alimentos ricos em ferro e proteína. A ingestão de água regularmente também é importante.
CRONOGRAMA CAPILAR
Como cada tipo de cabelo tem uma necessidade, o cronograma varia de pessoa a pessoa, mas basicamente se constitui de hidratação, nutrição e reconstrução. Crie uma tabela semanal e vá alternando os cuidados, sempre pulando, pelo menos, um dia.
PANDEMIA NOS ENSINOU O QUE É A RESILIÊNCIA, DIZ TERAPEUTA
Pauline Bossdá diretrizes para superar adversidades e até perdas dolorosas
Estamos ansiosos pelo dia em que poderemos viver sem medo de um vírus mortal que espreita como um caçador, impedindo eventos sociais, viagens, estudos e momentos marcantes da vida que, uma vez perdidos, não poderão ser recuperados.
No entanto, muitas pessoas continuam paralisadas pelo desespero com a morte de entes queridos, bem como pela perda de empregos, negócios, casa, renda e até mesmo sono. Muitos se perguntam como devemos lidar com muitos obstáculos que bloqueiam nosso caminho?
Uma maneira é recorrer a uma característica milenar que nos permite enfrentar a adversidade: a resiliência.
Resiliência é a capacidade de suportar os golpes, “por que se você for frágil você quebrará”, diz Pauline Boss, professora emérita da Universidade de Minnesota e autora do livro “The Myth of Closure”(O mito da conclusão).
A doutora Boss, uma terapeuta familiar, educadora e pesquisadora, é mais conhecida por seu trabalho pioneiro sobre perda ambígua, que também é o título de seu livro de 1999 que descreve perdas físicas ou emocionais não resolvidas e muitas vezes impossíveis de resolver.
“Quando a pandemia diminuir, as coisas não voltarão ao normal”, diz Boss, que, aos 87 anos, já passou por várias comoções, começando pela Segunda Guerra Mundial. Com tudo o que aconteceu durante a pandemia, ela escreveu, “não podemos esperar voltar ao “normal” que tínhamos”.
Em entrevista, ela afirma: ” Normal implica status quo, mas as coisas estão sempre mudando, e se você não mudar você mão cresce. A pandemia é épica, um poder maior que nós, e temos que ser flexíveis, resilientes o bastante para nos dobrarmos para sobreviver. E vamos sobreviver, mas nossas vidas serão modificadas para sempre”.
A resiliência nos permite adaptar nos ao estresse e manter o equilíbrio diante da adversidade. “Quando pessoas resilientes são confrontadas com uma crise que tira sua capacidade de controlar suas vidas, elas encontram algo que podem controlar”.
No entanto, acrescentou, se as pessoas não conseguem se adaptar diante de um problema que não podem resolver, “muitas vezes recorrem a soluções absolutas que são disfuncionais e fazem declarações como “A pandemia é uma farsa” e esse vírus não existe”.
Embora resiliência seja frequentemente vista como um traço de personalidade inerente que as pessoas têm ou não, estudos mostraram que é uma característica que pode ser adquirida. As pessoas podem adotar comportamentos, pensamentos e ações que ajudam a criar resiliência em qualquer idade.
A doutora Boss assegura aos pais que seus filhos ficarão bem, apesar da interrupções escolares e sociais relacionadas à pandemia. “As crianças são naturalmente resilientes e serão mais fortes por terem sobrevivido a essa coisa ruim que aconteceu com elas”.
Mais do que as crianças, “precisamos nos concentrar nos adultos”, afirma ela. Muitos pais estão lutando, embora ela se preocupe que alguns possam estar protegendo demais seus filhos, o que pode corroer sua capacidade natural de resolver problemas e lidar com a adversidade.
Em seu novo livro, Boss oferece diretrizes para aumentar a resiliência de uma pessoa para que ela supere as adversidades e viva bem, apesar das perdas dolorosas.
Ela recomenda que as pessoas usem cada diretriz conforme necessário, em nenhuma ordem específica, dependendo das circunstâncias.
A diretriz mais desafiadora para muitas pessoas é encontrar significado, dar sentido a uma perda e, quando isso não for possível, tomar algum tipo de atitude. Talvez buscar justiça, trabalhar por uma causa ou se manifestar para tentar corrigir um erro. Quando o irmão mais novo da doutora Boss morreu de poliomielite, sua família desolada foi de porta em porta na Marcha dos Centavos, arrecadando dinheiro para financiar a pesquisa de uma vacina.
Outra diretriz é ajustar seu senso de domínio. Em vez de tentar controlar a dor da perda, deixe a tristeza fluir, continue o melhor que puder e, eventualmente, os altos e baixos virão cada vez menos. “Não temos poder para destruir o vírus, mas temos o poder de diminuir seu impacto sobre nós”, escreveu ela.
Também é útil adotar uma nova identidade em sincronia com suas circunstâncias atuais. Quando o marido da doutora Boss ficou doente, em estado terminal, por exemplo, sua identidade mudou de esposa para cuidadora e, após a morte dele, em 2020, vem gradualmente tentando pensar em si mesma, como viúva.
Outra recomendação da terapeuta é normalizar a ambivalência. Boss diz que é melhor não esperar por clareza: a hesitação pode levar à inação e coloca a vida em espera. É melhor tomar decisões menos que perfeitas do que não fazer nada.
Boss enfatiza que, em vez de tentar romper seu apego a um ente querido perdido, o objetivo deve ser mantêlo presente em seu coração e mente e reconstruir gradualmente sua vida de uma nova maneira, com um novo senso de propósito, novos amigos ou um novo projeto.
Aceite a realidade da perda e revise sua ligação com a pessoa que morreu. Mas “não há necessidade de buscar a conclusão , mesmo que surjam outros relacionamentos”, diz ela.
Comece a esperar por algo novo que lhe permita seguir em frente com sua vida de uma nova maneira. Pare de esperar, tome medidas; e busque novas conexões que possam minimizar o isolamento e promover o apoio que, por sua vez, nutre sua resiliência.
Talvez o conselho mais valioso da doutora Boss quando alguém enfrenta perdas pandêmicas: “O que precisamos esperar não é voltar ao que tínhamos, mas ver o que podemos criar agora e no futuro”.
Ela sugere brainstorming com os outros e estar disposto a tentar coisas novas. “Espere por algo novo e com propósito que o sustente e lhe dê alegria pelo resto da vida”.
‘VAPES’ NÃO AJUDAM A LARGAR TABAGISMO, INDICA ESTUDO
Pesquisa financiada pelo governo dos EUA mostra que outros métodos para deixar de fumar têm 7% mais sucesso
Uma pesquisa encomendada pelo governo americano mostra que o consumo de cigarro eletrônico com nicotina teve resultado pior do que outras estratégias para largar o vício. Comparado com outros produtos, foi 7% menos eficaz, em média. A pesquisa questiona a tese de que os “vapes” são uma alternativa menos nociva ao tabaco queimado e representam um caminho para muitos que querem largar a nicotina.
Publicado na revista Tobacco Control, do grupo British Medical Journal, o trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.
Para entender se o consumo do cigarro eletrônico estava funcionando como porta de saída para o tabagismo, os cientistas levantaram dados do programa PATH (Population Assessment of Tobacco and Health), que acompanha dados sobre o uso do “vaping” entre 4.900 fumantes e ex-fumantes desde 2017. O monitoramento inclui, entre outros informações, registros sobre tentativas de largar o vício, como chicletes e emplastros de nicotina, inaladores ou medicamentos como vareniclina e buproplona.
Alguns estudos clínicos pequenos, parte deles bancada pela indústria do tabaco, indicavam que o cigarro eletrônico poderia ajudar a largar o vício. Com uma análise mais detalhada das informações do PATH, as evidências parecem contrariar essa tese.
TESE CONTESTADA
“O aumento de vendas em cigarros eletrônicos com alto teor de nicotina não se traduziu em número maior de fumantes usando esses produtos para largar o tabagismo”, escreveram os cientistas, liderados pelo sanitarista John Pierce. Em média, o uso de cigarros eletrônicos a partir de 2017 não levou a interrupção de sucesso nem preveniu recaídas.”
Em 2017, um a cada oito voluntários do estudo que disseram estar tentando parar de fumar recorreram a cigarros eletrônicos. Segundo os números, o risco de recaídas para o cigarro comum entre os “vapers” era 7,3% maior quando comparado a medicamentos pró-abstinência, e 7,7% maior quando comparado a outros métodos não farmacológicos. Até mesmo os voluntários que não usaram nenhum tipo de ajuda tiveram mais sucesso que os usuários de cigarro eletrônico, diz o estudo.
O argumento da “porta de saída” é um dos argumentes usados pela indústria do tabaco pró-legalização.
A FDA, agência reguladora de fármacos e drogas nos EUA, aprovou formalmente a comercialização de uma marca de cigarros eletrônicos com nicotina sob o argumento de que o produto seria uma “porta de saída”. Na época, a justificativa da agência era de que o risco de novos usuários se viciarem em “vapes” era menor que o eventual benefício dos produtos em ajudar pessoas a pararem de fumar. No Brasil, uma portaria de 2009 ainda proíbe a venda de cigarros eletrônicos, mas a Anvisa está em processo de revisão das regras.
“Esse novo produto representa mais lucro e é a estratégia deles (da indústria) para repor os fumantes que estão parando de fumar ou estão morrendo. Os cigarros eletrônicos são uma reinvenção do tabagismo para a indústria continuar a aferir lucros”, afirma a sanitarista Silvana Torci, do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Fiocruz (CETab).
Porém Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã (2Samuel 13.22).
A mágoa é um veneno mortal. Mata mais rápido seus remetentes do que seus destinatários. Guardar mágoa é como beber um copo de veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Guardar mágoa é autofagia. A Bíblia registra a mágoa que Absalão nutriu pelo irmão Amnom durante dois anos. O silêncio de Absalão tornou-se mais devastador do que as brigas mais ruidosas. Tivesse ele manifestado sua decepção com o irmão pela desonra de Tamar, e ambos continuariam vivos. Porém, a mágoa de Absalão matou a ambos. Quem nutre mágoa fere-se antes de ferir os outros. Destrói-se na mesma medida em que maquina o mal contra os outros. Absalão acabou com a própria vida antes de mandar matar seu irmão. Absalão roubou a paz de sua família depois que consumou sua loucura. A amargura produz perturbação para quem a nutre e contaminação para os que estão à volta. Um indivíduo amargurado está de mal com a vida. É capaz de transformar o paraíso num deserto; a antessala do céu no quintal do inferno. A mágoa é um sentimento que traz morte. Tem uma raiz que brota, cresce e gera inimizade entre as pessoas. Cuidado com a mágoa, pois ela pode destruir você! A solução é o perdão. O perdão cura a ferida que a mágoa abriu; o perdão restaura o relacionamento que a mágoa adoeceu; o perdão traz vida onde a mágoa produziu morte!
TESTE – VOCÊ ES PREPARADO PARA VENCER TODAS AS ADVERSIDADES QUE SURGIREM NO SEU DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL?
Para se destacar em um mundo cada vez mais dinâmico e inovador, um bom líder não deve só tomar boas decisões nos negócios, mas também ser resiliente, antifrágil e, mais importante de tudo, estar pronto para qualquer desafio que aparecer no seu caminho. Muitos profissionais não têm clareza sobre como devem se portar para guiar sua equipe diante de situações inesperadas. Para avaliar se você é um profissional preparado e com um time forte para então passar por quaisquer turbulências, faça o teste a seguir. O resultado lhe mostrará se você realmente tem as principais atitudes necessárias para isso.
1. COMO VOCÊ PROJETA AS SUAS METAS E AS DA EQUIPE?
A. Com base no resultado do último ano e considerando a inflação média prevista.
B. Incluindo todas as dificuldades existentes e entendendo os impactos necessários.
C. Sempre agressivas, com crescimento constante, pois o importante é tirar todos da zona de conforto.
2. COMO CRIAR RELACIONAMENTOS DE NEGÓCIOS FORTES?
A. Deixando claro desde o início os interesses financeiros estabelecidos.
B. Demonstrando como você pode gerar valor ao outro.
C. Criando uma dependência natural do outro por você.
3. SE VOCÊ SE DEPARAR COM UM PROBLEMA GERADO PARA UM CLIENTE, COMO VOCÊ RESOLVE?
A. Definitivamente, e com urgência, vou descobrir como este problema foi gerado e os envolvidos, para entender como melhorar para nunca mais acontecer.
B. Foco a solução para resolver a vida do cliente. Depois, entendo as causas e ajusto o necessário para evitar futuros erros.
C. Aplico uma advertência verbal ao causador e faço ele resolver e me dar a solução.
4. COMO VOCÊ MEDE A SUA EFICIÊNCIA E A DO SEU TIME?
A. Através de indicadores para tomar as melhores decisões em conjunto com o time, entendendo como cada um deve agir.
B. Através de reuniões mensais onde eu apresento apenas os resultados e todos escutam e correm depois para executar.
C. Trimestralmente, quando nos reunimos pessoalmente, e cada um do time apresenta suas dificuldades.
5. COMO LIDAR COM UM TIME FORMADO POR PESSOAS TÃO DIFERENTES?
A. Não se deve criar relações pessoais, e sim somente profissionais. Deixar claro que o que importa é a entrega das metas e ponto.
B. Importante trabalhar 100% o emocional do time. Agir racionalmente é somente para quem cria relações frias.
C. É essencial uma gestão que entenda os anseios de cada um do time. É uma relação ganha-ganha com o objetivo de desenvolver todos profissionalmente e pessoalmente.
6. COMO VOCÊ OLHA O FUTURO DOS SEUS NEGÓCIOS?
A. Procurando sempre crescer no segmento de atuação buscando redução de custos.
B. Entendendo que inovar faz parte para se manter vivo e bem-visto.
C. Alternativas A e B.
RESPOSTAS DO TESTE
1. ITEM C. O verdadeiro líder olha sempre para a frente, AMA DESAFIOS, não enxerga barreiras. Quer se arriscar o tempo inteiro, pois acredita fielmente que “para chegar lá, precisa fazer o que o outro não faz!” É literalmente colocar a cabeça na guilhotina e não ter medo de errar. Sabe que o maior inimigo do desenvolvimento profissional é a zona de conforto. 5.
2. ITEM B. Gerar valor para o outro é ser RELEVANTE, agregar o tempo inteiro. E não está
relacionado somente à geração de resultado financeiro, e sim de conteúdo, exemplo etc. Temos que sempre nos perguntar o que eu posso acrescentar na relação para que valha a pena manter eternamente.
3. ITEM B. Não importa como e quem fez. O importante é solucionar o problema do cliente mostrando a urgência que nós temos nele. Preservar a relação deve estar em primeiro lugar. O cliente á a alma da empresa.
4. ITEM A. A busca de resultados deve ser uma filosofia constante de trabalho e, independentemente de fazer reuniões, presenciais ou não, temos que criar os indicadores de gestão e produtividade para o time. É acreditar que só faz gestão quem mede. Quem não gerencia, não melhora, não coloca a empresa em outros patamares.
5. ITEM C. Entender os anseios é estar mais próximo, fazendo uma gestão humanizada. Não é se envolver emocionalmente, mas sim ajudar para que os problemas pessoais não afetem a produtividade.
6. ITEM C. Inovar virou commodity para quem quer se sustentar no mercado. Tem que fazer parte da cultura da empresa. Entender que inovar não é trazer tecnologia, e sim fazer diferente também. Outro ponto é reduzir custos sempre. Como disse o maior empresário do Brasil, Jorge Paulo Lemann, “custo é que nem unha, pois tem que cortar sempre”.
Não simpatizo nada com a ideia de sentir dor. Para minha sorte, elas foram raras. Vivi dois partos normais que pareceram um piquenique no campo, nada doeu, sobrou relaxamento e prazer. Quando penso em dor física, o que me vem à lembrança são as idas ao dentista quando era criança. Começava a sofrer já na noite anterior, sentia enjoos fortíssimos, não conseguia dormir, passava a madrugada chorando só de imaginar que no dia seguinte teria que enfrentar a broca e seu barulho aterrorizante. Estou falando de uma época em que crianças tinham cárie – hoje muitas nem sabem o que é isso, bendito flúor.
O que fazer em relação a esse tipo de dor? Se nos pega de surpresa (um tombo, uma cabeçada, um corte), suportar. Se for uma dor interna, tomar um analgésico e esperar que passe. Não se pode dialogar com a dor física. Músculos, nervos, órgãos, pele, essa turma não escuta ninguém. Ainda bem que (com exceção das dores crônicas) não são dores constantes, e sim pontuais. De repente, somem.
Já a dor psíquica não é tão breve. Pode durar semanas. Meses. Sem querer ser alarmista, pode durar uma vida. Porém, ela é mais elegante que a dor física: nos dá a chance de chamá-la para um duelo, ao contrário da outra, que é um ataque covarde. A dor psíquica possibilita um diálogo, e isso torna a luta menos desigual. São dois pesos- pesados, sendo que você é o favorito. Escolha suas armas para vencê-la.
Armas?
Por exemplo: redija cartas para si mesmo. Escreva sobre o que você sente e depois planeje seus próximos passos. Escrever exorciza, invoca energia. Cartas para si mesmo estabelecem uma relação íntima entre você e sua dor. Amanse-a.
Terapia. A cura pela fala. Você buscando explicar em palavras como foi que permitiu que ela ganhasse espaço para se instalar, de onde você imagina que ela veio, quem a ajudou a se apoderar de você. Uma investigação minuciosa sobre como ela se desenvolveu e sobre a acolhida que recebeu: sim, nós e nossas dores muitas vezes nos tornamos um só. É difícil a gente se apartar do que nos dói, pois às vezes é a única coisa que dá sentido à nossa vida.
Livros. O mais deslumbrante canal de comunicação com a dor, pois através de histórias alheias reescrevemos a nossa própria e suavizamos os efeitos colaterais de estar vivo. Ler é o diálogo silencioso com nossos fantasmas. A leitura subverte nossas certezas, redimensiona nossos dramas, nos emociona, faz rir, pensar, lembrar. Catarses intimidam a dor.
Meditação. Religião. Contato com a natureza. Viagens. Amigos. Solidão. Você decide por qual caminho irá dialogar com a sua dor, num enfrentamento que, mesmo que você não saia vitorioso, ao menos fortalecerá seu caráter.
Quem não dialoga com sua dor psíquica, não a reconhece como a inimiga admirável que é, capaz de torná-lo um ser humano mais forte. A reduz a uma simples dor de dente e, como uma criança, desespera-se sozinho no escuro.
Ainda que você durma mais rapidamente depois de umas taças, há uma boa chance de que o álcool em excesso proporcione um descanso irregular, explicam especialistas. Veja dicas para um repouso melhor quando seus planos noturnos incluem beber
Algumas taças de vinho ou algumas bebidas à noite provavelmente farão você adormecer mais rápido do que o normal. Quem de nós não deixou a louça para a manhã seguinte ou negligenciou uma rotina de cuidados com a pele depois de um jantar ou uma noite festiva?
Mas mesmo se você cair na terra dos sonhos, há uma boa chance de que o álcool em excesso te garanta uma noite irregular sono. Isso ocorre porque o álcool interrompe o que é conhecido como arquitetura do sono, as fases normais do sono mais profundo e mais leve porque passamos todas as noites. Uma noite de bebedeira pode “fragmentar” ou interromper esses padrões, dizem os especialistas, e você pode acordar várias vezes enquanto quica nos estágios habituais do sono.
“Você paga por isso na segunda metade da noite”, explica Jennifer Martin, psicóloga e professora de medicina da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Segundo ela, o álcool é ”inicialmente sedativo, mas, à medida que vai sendo metabolizado, é muito ativador”.
O CAMINHO DO ÁLCOOL
Ele se decompõe da seguinte forma: na primeira metade da noite, quando níveis bastante altos de bebida alcoólica ainda estão passando pela corrente sanguínea, você provavelmente dormirá profundamente e sem sonhos. Isso ocorre porque, no cérebro, o álcool atua no ácido gama-aminobutírico, ou GABA, um neurotransmissor que inibe os impulsos entre as células nervosas e tem um efeito calmante. O álcool também pode suprimir o movimento rápido dos olhos, ou sono REM, que é quando ocorre a maioria dos sonhos.
Mais tarde, à medida que os níveis de álcool caem, seu cérebro entra em ação. Você pode girar enquanto seu corpo sofre uma excitação de rebote.
“À medida que os níveis (de álcool) diminuem, você terá mais problemas com o sono fragmentado”, disse R. Nisha Auroram especialista do conselho de administração da Academia Americana de Medicina do Sono.
Você provavelmente também terá sonhos mais vívidos ou estressantes e, já que o sono irregular significa que você acorda com mais regularidade, é mais provável que você se lembre deles.
O álcool também é um diurético, uma substância que aumenta a produção de urina, o que significa que você pode acordar para ir ao banheiro.
“Você vai ter que fazer xixi com mais frequência. Quantidades moderadas de álcool, especialmente vinho e bebidas destiladas, têm um efeito diurético precoce, sobretudo em idosos”, disse Bhanu Prakash Kolla, professor associado de psiquiatria e consultor do Centro de Medicina do Sono da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota.
Não está claro se a vontade de urinar o desperta ou se você está mais sintonizado com seu corpo na segunda metade da noite por estar dormindo de forma mais irregular.
SONÍFEROS E MELATONINA
As pessoas também podem roncar mais depois de beber. O álcool é um relaxante muscular e relaxa os músculos das vias aéreas superiores, interrompendo a respiração normal. Beber pode ser especialmente perigoso para pessoas com apneia obstrutiva do sono, que acordam muitas vezes durante a noite quando suas vias aéreas entram em colapso momentaneamente.
A maioria dos especialistas concorda que beber vai atrapalhar seu sono, não importa sua idade ou sexo. E como o álcool deprime o sistema nervoso central, os especialistas alertam contra o uso associado a soníferos como Ambien e Tylenol PM, Benadryl ou até a suplementos como a melatonina.
“O álcool é um sedativo. Eu não usaria nenhum outro sedativo hipnótico, com prescrição ou não, quando estivesse bebendo álcool”, alerta Ilene M. Rosen, especialista na medicina do sono e professora associada de medicina da Escola de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia.
Algumas pessoas bebem mais perto da hora de dormir para ajuda-las a cair no sono. Mas isso pode iniciar um ciclo perigoso de sono mais fragmentado, seguido por uma bebida mais pesada.
“Vejo muitas pessoas que se automedicam para insônia com álcool, o que definitivamente não é uma boa prática”, explica Sabra Abbott, professora assistente de neurologia em medicina do sono na Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern.
Beber continuamente à noite pode estabelecer padrões preocupantes que podem persistir mesmo depois que as pessoas param de beber, dizem ela e outros especialistas.
Para ajudar a avaliar como o álcool pode estar afetando seu sono, os especialistas recomendam um período de redefinição sem álcool, ou o que Martin chamou de “férias alcoólicas”, com duração de pelo menos duas semanas.
“Pode ser muito revelador observar o quanto o álcool afeta seu sono”, disse ela. Muitas pessoas que pensam que têm insônia, disse ela, podem estar bebendo demais ou muito perto da hora de dormir.
“Acontece que, se não bebem, dormem muito melhor”, disse Martin, que também é porta-voz da Academia Americana de Medicina do Sono. Após a “pausa”, ela continuou, “as pessoas podem simplesmente tomar uma decisão mais informada sobre quanto – e com que frequência – consomem álcool”.
Especialistas também sugerem construir em uma zona, tampão de pelo menos algumas horas entre beber e dormir. A bebida não é sua amiga.
“Provavelmente não há problema em tomar uma taça de vinho com o jantar quatro horas antes de dormir”, disse Abbott. Ou talvez restrinja sua bebida ao happy hour ou ao prato de aperitivos.
O álcool também pode atrapalhar sua rotina matinal.
“As pessoas podem recorrer a estimulantes, como cafeína, beber café durante a tarde”, disse Armeen Poor, médico pulmonar e de cuidados intensivos do Metropolitan Hospital Center em Nova York e professor assistente clínico de medicina no New York Medical College, que conclui: “E isso torna mais difícil adormecer à noite. E aí você precisará de mais desse sedativo, e então ficará neste ciclo.
ESTUDO MOSTRA ALTA PREVALÊNCIA DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO APÓS A COVID
Pesquisadores da USP avaliaram 425 pessoas entre seis e nove meses após a alta hospitalar
Em estudo feito com 425 pacientes que se recuperaram das formas moderadas e grave da Covid-19, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) observaram uma alta prevalência de déficits cognitivos e transtornos psiquiátricos.
As avaliações foram conduzidas no Hospital das Clínicas entre seis e nove meses após a alta hospitalar.
Mais da metade (51,1%) dos participantes relatou ter percebido declínio da memória após a infecção e outros 13,6% desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático.
O transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em 15,5% dos voluntários, sendo que em 8,14% deles, o problema surgiu após a doença. Já o diagnóstico de depressão foi estabelecido para 8% dos pacientes – em 2,5% deles somente após a internação.
Os resultados completos da pesquisa, que contou com apoio da Fapesp, foram divulgados na revista General Hospital Psychiatry.
“Um dos principais achados é que nenhuma das alterações cognitivas ou psiquiátricas observadas nesses pacientes se correlaciona com a gravidade do quadro”, conta Rodolfo Damiano, médico residente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina(FM-USP) e autor do artigo.
“Também não vimos associação com a conduta clínica adotada no período de hospitalização ou com fatores socioeconômicos, como perda de familiares ou prejuízos financeiros durante a pandemia de Covid”.
O estudo integra um projeto mais amplo, coordenado pelo professor da FM-USP Geraldo Busatto Filho, no qual um grande grupo de pessoas atendidas no Hospital das Clínicas entre 2020 e 2021 vem sendo acompanhado por profissionais de diversas áreas a fim de avaliar eventuais sequelas deixadas pelo SARS-CoV-2.
“Durante meu doutorado, eu coordenei a avaliação neuropsiquiátrica, cujos resultados preliminares foram descritos neste artigo”, conta Damiano. O trabalho foi orientado pelo professor da FM-USP Eurípedes Constantino Miguel Filho.
“Uma de nossas preocupações era entender se este vírus e a doença por ele causada teriam impacto no longo prazo, produzindo manifestações tardias no sistema nervoso central”, conta Miguel. Para o pesquisador, o fato de não ter sido encontrada uma correlação clara entre a condição psiquiátrica e a magnitude da doença na fase aguda ou fatores psicossociais corrobora a hipótese de que alterações tardias relacionadas à infecção pelo SARS-CoV.2 teriam papel na origem dos transtornos.
“A presença de manifestações clínicas, como perdas cognitivas, cefaleias, anosmia (perda do olfato) e outras alterações neurológicas nesses pacientes contribuem com evidências adicionais de que essas alterações psiquiátricas possam refletir a ação do SARS-CoV.2 no sistema central”.
Todos os participantes foram submetidos a uma bateria de testes cognitivos para avaliação de habilidades como memória, atenção, fluência verbal, orientação espaço- temporal
“Observamos bastante perda cognitiva. Em um teste que mede a velocidade de processamento, por exemplo, os pacientes demoravam em média duas vexes mais do que o esperado para a idade (com base em valores médios descritos na literatura científica para a população brasileira). E isso fui observado para todas as Idades”, conta Damiano.
“Além disso, mais da metade relatou, de forma subjetiva, um declínio na memória”.
Os voluntários também passaram por uma entrevista com um psiquiatra e responderam a questionários padronizados usados no diagnóstico de depressão, ansiedade e estresse pós- traumático.
Como descrevem os autores no artigo, a prevalência de “transtorno mental comum” (sintomas depressivos, estados de ansiedade, irritabilidade, fadiga, insônia, dificuldade de memória e concentração) no grupo estudado (32,2%) foi maior do que a relatada para a população geral brasileira (16,8%) em estudos epidemiológicos.
Nesses pacientes, a prevalência de transtorno de ansiedade generalizada (14,1%) foi consideravelmente maior do que a média dos brasileiros (9,9%). A prevalência de depressão encontrada (8%) também é superior a estimada para a população geraI do país (entre 4% e 5%).
“Os pacientes que evoluem para a forma grave em geral são mais comprometidos clinicamente(por problemas cardíacos, renais, diabetes e outras comorbidades) e consequentemente, já apresentam mais sintomas psiquiátricos. Isso foi considerado na análise. Mesmo corrigindo para esse fator, a prevalência observada no estudo foi muito alta”, afirma Damiano.
O agravamento de sintomas psiquiátricos após infecções agudas é algo comum e esperado, comenta o pesquisador. “Mas com nenhuma outra doença viral se observou tanta diferença e perdas cognitivas tão significativas como com a Covid-19”, comenta. “Se essas perdas são recuperáveis é algo que ainda não sabemos”.
Atualmente, o grupo da USP estuda amostras de sangue coletadas durante o período de internação. O objetivo é avaliar o perfil de citocinas (proteínas do sistema imune que regulam a resposta inflamatória) para descobrir se há correlação entre o grau de inflamação durante a fase aguda da Covid e o desenvolvimento de sintomas neuropsiquiátricos.
“Caso exista alguma correlação, o passo seguinte será investigar se drogas inibidoras de interleucinas (um dos tipos de citocina podem ser usadas para prevenir o aparecimento ou o agravamento de sintomas psiquiátricos”, conta.
Para quem já foi afetado, Damiano indica vacinação e acompanhamento psiquiátrico. “Há evidências de que exercícios físicos ajudam a reverter alterações cognitivas associadas a doenças graves e também há treinos de reabilitação cognitiva que podem ser feitos com acompanhamento de um neuropsicólogo habilitado.”
Chegada da Ômicron reforçou a importância de proteger as vias respiratórias com tecnologias de maior filtragem para conter a transmissão. Reutilização, porém, requer cuidados de armazenamento e manuseio
Antes de mais nada, é preciso saber: onde você normalmente guarda suas máscaras respiratórias?
A – Em vários sacos de papel pardo marcados com os dias da semana, alinhados ao parapeito da janela.
B – Pendurada em ganchos perto da porta.
C – Enfiada em um saco plástico na minha bolsa ou mochila.
D – Às vezes encontro uma enfiada no bolso da calção u no chão do carro.
Se você respondeu “D”, não fique envergonhado. Convivo com o caos das máscaras na minha casa também. Mas agora que as autoridades de saúde pública estão recomendando que todos usemos máscaras respiratórias de alto desempenho – como PFF2, N95 e KN95 -o cuidado com elas é mais importante do que nunca. Ao contrário das máscaras de pano, você não pode jogar uma máscara de alto desempenho na máquina de lavar. Sem falar que elas custam mais caro – RS79 ou mais um conjunto de 10 – por isso é importante saber como reutilizá-las.
Infelizmente, há muito pouca orientação oficial sobre como cuidar e reutilizar uma máscara de alto desempenho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA disseram que os profissionais de saúde, podem reutilizá-las até cinco vezes. Mas as pessoas da área médica trabalham em condições únicas e geralmente usam máscara durante todo o turno de trabalho. Já uma pessoa comum, na maioria das vezes, utiliza a máscara por períodos curtos, então provavelmente pode reutilizá-la muito mais vezes, disse Linsey Marr, professora da Universidade Estadual da Virginia (VirglniaTech) e especialista em transmissão viral.
“A orientação existente sobre os cuidados com a máscara é para profissionais de saúde e outros trabalhadores que atuam em condições sanitárias perigosas”, disse Marr. “Para o público em geral, as condições (normalmente sem contato próximo com infectados durante a maior parte do dia) e as expectativas são muito diferentes, e eu não acho que devemos aplicar a mesma orientação aos dois grupos”.
Ainda assim, o guia do CDC pode fornecer uma orientação útil. Com base na regra de cinco dias para os profissionais de saúde, e supondo que eles usem a máscara o tempo todo em um turno de oito horas, isso sugere cerca de 40 horas de uso por máscara, disse Anne Miller, diretora executiva do Project N95. Muitos de nós usamos uma máscara por períodos de 15 a 30 minutos quando fazemos algumas tarefas, o que significa que uma máscara pode durar semanas. Realisticamente, porém, se você estiver colocando e tirando uma máscara com frequência, ela provavelmente ficará suja ou as tiras arrebentarão antes de atingir a marca de 40 horas.
Nunca tente limpá-la. Embora possa parecer tecido sintético, essas máscaras são feitas de camadas de filtros de alta tecnologia que foram carregados eletrostaticamente para atrair e prender melhor as partículas. Lavar uma máscara ou tentar higienizá-la com álcool, água oxigenada ou luz ultravioleta irá torná-la menos eficaz. Basta deixá-la respirar em um gancho, um saco de papel ou malha ou em uma prateleira. A melhor maneira de manter sua máscara limpa é lavar as mãos antes de tocá-la, segurá-la pelas alças e mantê-la em local limpo e seco quando não estiver usando. Mantenha algumas à mão e alterne seu uso para arejar entre os usos. Aqui vão algumas dicas sobre como cuidar de uma máscara para maximizar seu uso.
COMO PODEMOS GARANTIR QUE NOSSAS MÁSCARAS CONTINUEM FILTRANDO PARTÍCULAS?
Essa capacidade pode ser comprometida se qualquer parte da máscara for fisicamente danificada de forma a criar vazamentos. Isso pode ser um rasgo, um buraco, um vinco -que significa que ela não vedará mais no rosto – ou tiras relaxadas – que te impedirão de puxar a máscara para perto do rosto.
UMA MÁSCARA PODE FICAR SATURADA COM PARTÍCULAS?
As pessoas podem estar preocupadas com a “sobrecarga” da máscara com partículas, de modo que o material do filtro não funciona mais, mas os respiradores são projetados para lidar com uma grande quantidade de partículas e ainda manter sua capacidade de filtrar.
Aaron Collins, um cientista que testa máscaras em um laboratório caseiro e avalia sua capacidade de filtrar aerossóis, aponta que uma N95 é projetada pata lidar com 200 miligramas de partículas, o que seria equivalente a usá-la sem parar por 200 dias em um ar muito poluído, como em Xangai. Mas as tiras ou o clipe nasal quebrarão e a máscara perderá sua forma ou ficará visivelmente suja antes que isso aconteça.
SE EU FOR EXPOSTO A UMA PESSOA INFECTADA, MINHA MÁSCARA SERÁ CONTAMINADA?
É possível que o vírus esteja na superfície da máscara e você possa tocá-lo e transferi-lo para os olhos, nariz ou boca. Para minimizar esse risco, você deve manusear a máscara pelas bordas e alças e evitar tocar na área na frente do nariz e da boca. Com o tempo -várias horas – o vírus morrerá, ou provavelmente não precisamos nos preocupar em acumular mais de um dia de vírus infecciosos no material.
O QUE VOCÊ ACHA DA REGRA DE “40 HORAS DE USO”?
Quarenta horas de uso total, seja em cinco períodos de oito horas ou vários períodos mais curtos, deve ser bom. As tiras podem ficar relaxadas ou arrebenta, a máscara pode perder sua forma ou ficar visualmente suja antes das 40 horas, caso em que você deve substitui-la.
Eu tenho uma N9S que usei para duas viagens de avião de ida e volta totalizando mais de 25 horas, para ir à igreja e às compras algumas vezes, para participar de um competição de ginástica, e finalmente está ficando suja o suficiente – principalmente de esfregar contra meu rosto – e perdendo sua forma, de modo que estou planejando jogá-la fora.
E SE A SUA MÁSCARA FOR LAVADA? POSSO USÁ-LA NA CHUVA?
Considere-a arruinada se foi lavada ou ficou encharcada.
DEVO AREJAR AS MÁSCARAS, COLOCAR EM SACOS DE PAPEL, COM O DIA DA SEMANA E ALTERNÁ-LAS? A MAIORIA JOGA EM UMA BOLSA, OU PENDURA EM GANCHOS. ISSO IMPORTA?
Eu não acho que isso seja necessário. Eu gosto da ideia de arejá-la. Deixo a minha sobre algum móvel ou pendurada em um gancho. Se for transportá-la em mochila ou na bolsa, guardo-a em um saco plástico para protegê-la de danos.
QUANTO TEMPO O VÍRUS SOBREVIVE EM UMA MÁSCARA?
Em estudos preliminares usando uma forma mais realista de colocar vírus aerossolizado em uma N95, ele decai para níveis quase indetectáveis em 30 minutos.
Angustiou-se Amnom por Tamar, sua irmã, a ponto de adoecer, pois, sendo ela virgem, parecia-lhe impossível fazer-lhe coisa alguma (2Samuel 13.2).
A paixão é um fogo crepitante. Incendeia corações, destrói vidas, desbarranca relacionamentos, fere pessoas e arruína a família. Muitos confundem paixão com amor. A paixão é um sentimento doentio, incontrolável, egoísta e passageiro. O amor é sereno, equilibrado, altruísta e paciente. A Bíblia registra a paixão de Amnom por sua irmã Tamar. Amnom chegou a adoecer. Seu semblante descaiu. A alegria deixou sua face. A única coisa que agitava sua mente era possuir sua própria irmã. Seguindo o conselho perverso de um primo astuto, armou uma cilada para apanhar a irmã numa trama cheia de mentira e engano. Fingiu-se de doente. Pediu ao pai que lhe enviasse Tamar. Pediu a ela uma refeição especial. Quando ficou sozinho com a irmã, agarrou-a para deitar-se com ela. Sua irmã o exortou, mas ele prevaleceu pela força e a possuiu. Em seguida, sentiu náuseas por ela e a escorraçou de sua casa como um trapo imundo. Essa paixão louca provou-se uma tragédia sem fim nessa família. Para vingar a honra da irmã, Absalão matou Amnom. Depois, Absalão, magoado com Davi, seu pai, conspirou contra ele para tomar-lhe o trono e nessa empreitada inglória perdeu sua vida. Fuja da paixão. Seu caminho é sinuoso e seu destino é a morte!
PROFISSIONAIS QUALIFICADOS PUXAM ONDA DE PEDIDOS DE DEMISSÃO NO PAÍS
Tendência de saída do atual emprego, que é generalizada nos EUA, por aqui é privilégio de profissionais de renda mais elevada
Em 2021, os Estados Unidos bateram recorde de profissionais pedindo demissão – em novembro, foram 4,5 milhões, ou 3% da força de trabalho. O fenômeno ganhou a alcunha de grande renúncia ou grande debandada. Movimentos parecidos foram observados em outros países, como Reino Unido e China. Mas e o Brasil?
Não há um consenso entre especialistas se o Brasil pode reproduzir as mesmas características da grande debandada. Brasil e Estados Unidos já tiveram índices de desemprego parecidos: em abril de 2020, por exemplo, a taxa estava acima dos 14% nos EUA (hoje está em 4%), enquanto no Brasil atualmente está em 11,6%.
No entanto, as semelhanças param por aí. Nos EUA, a maior parte da grande renuncia foi provocada por profissionais da base da pirâmide. Por vários motivos intensificados na pandemia, incluindo a insatisfação com o empregador e a preocupação com a saúde mental, eles deixaram seus empregos. No Brasil, o mercado começou a absorver talentos novamente, possivelmente para vagas que foram desocupados com as demissões de 2020.
“Em 2020, tivemos 15 milhões de admissões e 15,8 milhões de desligamentos. Em 2021, até novembro, foram 19 milhões de admissões e 16,1 milhões de desligamentos. Ambas as variáveis de 2021 são maiores do que o momento crítico da pandemia, então é um sinal de dança das cadeiras. As pessoas estão sendo realocadas porque o mercado sofreu um choque”, diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas.
NO TOPO
Por aqui, a movimentação de demissões tem ocorrido, segundo os especialistas, entre os profissionais mais qualificados, que têm ensino superior completo.
A taxa de desemprego dessa população foi de 6,3% no terceiro trimestre de 2021, segundo o IBGE. Números próximos a 5% são indicativos de pleno emprego, mas, uma vez que apenas 17% dos brasileiros acima de 25 anos têm ensino superior, não há gente suficiente para que uma movimentação de demissões se equipare à grande debandada. Essa movimentação, num palco desigual, acaba ficando nas mãos de quem é privilegiado social e economicamente.
“Temos muitas questões culturais, sociais, políticas e econômicas. Há desníveis grandes entre Brasil e EUA. Aqui, as pessoas estão buscando emprego. Claro que os profissionais altamente qualificados vão sempre ser procurados e vão procurar uma vaga melhor, mas primeiro vão ver se há vagas antes de pedir demissão”, diz Tania Casado, professora da USP e diretora do Escritório de carreiras da USP.
De acordo com a consultoria Robert Half, 51 % das demissões de profissionais qualificados no terceiro trimestre de 2021 ocorreram a pedido dos colaboradores. O índice foi obtido a partir dos micro dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que passaram por uma análise da consultoria.
NOVO EMPREGO
Nos dois últimos anos, muitas coisas mudaram, entre elas a forma que os profissionais encaram o mercado, refletem os entrevistados. “Aspessoas que têm condição, porque não são todas nem são todos os postos de trabalho que vão poder fazer essa transição, já estão dando mais valor para coisas como o modelo híbrido. Então, as pessoas vão tentar refazer sua jornada de trabalho”, diz Tania.
Uma outra parte da pesquisa feita pela Robert Half com 1.161 profissionais constatou que 49% dos qualificados que estão empregados pretendem buscar um novo emprego neste ano. A maior motivação é o salário, seguido do desejo de aprender algo novo (19%) e de ter realização pessoal (17%).
“Antes as empresas eram mais preocupadas em recrutar e oferecer bons salários. Mas, com a pandemia, as pessoas passaram a olhar para outras coisas, como a flexibilidade – lembrando que ser só remoto ou só presencial não é flexível”, explica Lucas Nogueira, diretor associado da Robert Half. Segundo ele, as áreas onde há mais briga por talentos são tecnologia, logística e a área técnica do agronegócio.
Se já faltava mão de obra qualificada e agora esses profissionais estão mais exigentes, também fica mais difícil recrutar. Pesquisa feita pela Heach Recursos Humanos, com 120 recrutadores do Brasil, apontou que 85% deles dizem estar passando pelo pior momento profissional, já que não conseguem encontrar candidatos.
“Em cada 20 candidatos convocados para um processo seletivo, dois ou três aparecem. Isso acontece até em empresas que oferecem bons salários e benefícios”, conta Mary Mendonça, líder de relacionamento da Heach. Para atrair interessados, 78% dos recrutadores disseram ter de reduzir os pré-requisitos. “Se as empresas não se adaptarem, vão ter um nível de turnover elevado, o que implica custo e não manter a capacidade intelectual na empresa”, diz.
Dizem alguns filósofos: o apego é a causa de todas as nossas dores emocionais. Concordo, mas faço ressalvas. O apego também provoca inúmeras alegrias e satisfações. Não faz sentido evitar filhos, paixões e amizades a fim de se proteger de tristezas, preocupações e frustrações. Passar uma vida inteira desapegada das pessoas seria entregar-se ao vazio existencial – e nunca ouvi dizer que isso gerasse bem-estar. Desapegar-se em troca de paz é uma falácia, só demonstra covardia de viver.
Não haveria um caminho do meio? Xeretando ainda mais os livros de filosofia, encontrei algo do romeno Cioran que me pareceu chegar bem perto de uma saída para o impasse. Diz ele que a única forma de viver sem drama é suportar os defeitos dos demais sem pretender que sejam corrigidos.
Eis aí uma fórmula bem razoável para não se estressar. Continue apegando-se, mas mantenha 100% de tolerância com todos. Em tese, é perfeito.
Em menos de poucos segundos, consigo listar tudo o que me incomoda nas pessoas que mais amo. Conseguiria listar também o que me faz amá-las, é claro, mas o ser humano veio com um chip do contra: os defeitos dos outros sempre parecem mais significativos do que suas qualidades. Depois de um longo tempo de convívio, aquilo que nos exaspera torna-se mais relevante do que aquilo que nos extasia.
Pois a recomendação é: exaspere-se, se quiser, mas saiba que não vai adiantar. Nada do que você disser, nenhuma cobrança, nenhum discurso, nenhuma chantagem, nenhuma novena, nada fará com que os defeitos do seu pai, da sua mãe, do seu marido, da sua mulher ou dos seus filhos desapareçam num passe de mágica. Assim como os seus também jamais evaporarão, por mais que os outros rezem e supliquem pra você deixar de ser tão ……….. (preencha os pontinhos). Você é capaz de reconhecer seu defeito mais insuportável?
Só mesmo passando uma longa temporada num mosteiro do Tibete para desenvolver a capacidade de aceitar tudo o que nos tira do sério. Seu filho indiferente, seu marido pão-duro, sua mãe mal-humorada, sua amiga carente, seu chefe durão, seu zelador folgado, sua irmã fofoqueira, seu colega chatonildo – imagine que paraíso se pudéssemos relevar essas e tantas outras diferenças, comungando com os defeitos alheios sem nunca mais esperar que os outros mudem. Deixar de esperar é uma libertação.
Pois não espere mesmo: ninguém mudará nem um bocadinho. Nem você, nem aqueles que você tanto ama, por mais que você pense que seria fácil alguém deixar de ser ranzinza, orgulhoso ou o que for. Aceite todos como são e aleluia: drama, nunca mais. Se conseguir, tem um troféu esperando por você, além de prêmio em dinheiro e uma foto autografada do Buda.
Barriga saliente surgida durante a menopausa pode ser reduzida com atividade física e alimentação correta
Se você é uma mulher de meia-idade e percebe que sua barriga está se expandindo, a primeira coisa que precisa saber é que você não está sozinha.
“Esta é uma mudança fisiológica que, infelizmente, realmente acontece com praticamente todas as mulheres à medida que envelhecemos”, afirmou Victoria Vieira-Potter, professora associada de nutrição e fisiologia do exercício da Universidade de Missouri. “Não é algo que você tenha feito nem se trata de um indicativo de que você não está se cuidando.
PERA E MAÇÃ
Nos anos que antecedem a menopausa, disse Vieir-Potter, os níveis de hormônios, como o estrogênio, mudam. E pesquisas sugerem que essas mudanças provavelmente levam a alterações na forma do corpo, explicou ela, junto com ondas de calor, mudanças de humor, menstruação irregular, problemas para dormir e muito mais.
Essa transição da peri-menopausa, que normalmente começa entre 45 e 55 anos e dura cerca de 7 anos, termina oficialmente um ano após a última menstruação. Nesse ponto, diz-se que as mulheres estão na menopausa.
Antes da transição da menopausa, as mulheres tendem a armazenar mais gordura corporal nas coxas e quadris, resultando em um corpo em forma de pera, explicou Vieira-Potter, enquanto os homens tendem a armazenar mais gordura na região abdominal, tornando-os mais ”em forma de maçã”.
Mas por volta da menopausa, há uma mudança impressionante quando as mulheres armazenam gordura em seus corpos, afirmou Gail Greendale, professora de medicina da Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Em um estudo de 2021, por exemplo, Greendale e seus colegas acompanharam como os corpos de 380 mulheres de meia-idade em Boston e Los Angeles mudaram ao longo de 12 anos, incluindo os períodos antes, durante e depois de suas transições para a menopausa. Embora os resultados variassem de acordo com a raça e a etnia, o resultado geral foi que, por volta da menopausa, as mulheres começaram a armazenar gordura mais como os homens – menos nas coxas e quadris e mais na barriga.
Por exemplo, entre as mulheres brancas e negras no estudo, não houve mudança líquida na gordura do quadril e da coxa ao longo dos 12 anos, mas a gordura da barriga aumentou, em média, 24% e 17%, respectivamente. Eles ganharam gordura abdominal mais rapidamente durante os poucos anos antes e um ano após o período final.
Em outras palavras, relatou Vieira-Potter, as mulheres “começam a adotar aquele formato de maçã em vez do formato de pera”.
Também é comum que os homens ganhem mais gordura na barriga à medida que envelhecem, mas é uma mudança em ritmo mais lento e constante.
“Não há nada análogo em homens onde um órgão apenas para de funcionar – disse Greendale, referindo-se aos ovários das mulheres durante a menopausa.
GORDURA PROBLEMÁTICA
De acordo com Greendale, os pesquisadores não sabem exatamente por que essas mudanças no armazenamento de gordura ocorrem. Mas, embora sejam comuns, elas são algo para ficar de olho, acrescentou.
Aumentos na gordura da barriga – e, em particular, o tipo de gordura visceral que fica no fundo do abdômen e envolve os órgãos – têm sido associados a certos riscos aumentados para a saúde, como doenças cardíacas, diabetes e câncer.
Essa gordura, que pode se expandir não apenas com a menopausa, mas com estresse, falta de exercício, dieta pobre e outros fatores , é a “gordura problemática”, classificou Greendale. Por outro lado, a gordura armazenada nas coxas e quadris, criando o chamado formato de pera, parece proteger contra o diabetes e as doenças cardíacas.
Apesar dos anúncios onipresentes na internet que afirmam conter o segredo para diminuir a gordura da barriga, os especialistas realmente não sabem como lidar com a expansão da cintura associada à menopausa, disse Greendale. Os pesquisadores estão apenas começando a entender como e porque o corpo muda nesta fase da vida, com o cuidado de não promover uma solução sem evidências de sucesso.
“O que me preocupa é que as mulheres que estão tentando, por conta própria, manter seus hábitos de exercícios e manter uma boa dieta podem se sentir derrotadas se a gordura da barriga não ceder”, disse ela, que concluiu, “Elas podem estar fazendo tudo certo, e sua gordura abdominal ter vontade própria.
Dieta excessiva e exercícios demais também podem ser prejudiciais, ressaltou.
Dito isto, foi demonstrado que fazer pelo menos de 2,5 a 5 horas de atividade física também ajuda a prevenir doenças cardíacas e diabetes, ambas as condições associadas ao aumento da gordura abdominal.
Seguir uma dieta saudável, que inclua muitas frutas, vegetais e grãos integrais e que priorize peixes, legumes, nozes, laticínios com baixo teor de gordura e carnes magras como fontes de proteína, também pode ajudar a proteger contra essas condições.
A atividade física também ajuda a manter massa muscular e óssea saudável e melhora o funcionamento da insulina, afirma Vieira-Potter.
“Mesmo se você estiver se exercitando e não perdendo peso, você está fazendo muito bem metabolicamente”, disse.
O exercício também é bom e pode ajudar a combater algumas das mudanças de humor que podem ocorrer com a menopausa.
Não precisa ser intenso ou extenuante para ser benéfico, explicou Vieira-Potter.
“Apenas encontre algo que você ame”, indicou.
E, se você ainda está se sentindo desencorajada com seu corpo em mudança, apesar de uma boa dieta e um programa de exercícios adequado, Greendale recomendou uma dose de autocompaixão:
“Se meu meio for resistente, vou entender que pode ser parte da fase da vida em que estou.
Especialistas dizem que há muitas maneiras de ajudar aqueles atingidos pela vergonha, choque e pânico econômico decorrentes de uma separação
Mette Harrison, uma romancista que também trabalha no setor financeiro, foi surpreendida em 2020 quando seu marido por 30 anos pediu o divórcio. Mãe de seis filhos, ela estimou que também perdeu metade de seus amigos entre aqueles que a ignoraram e outros que julgaram o rompimento. De acordo com um estudo de 2013 liderado pela acadêmica da Brown University Rose MacDermot, se as pessoas em sua rede social próxima se divorciarem, o risco de seu casamento terminar aumenta muito. Isso pode explicar parcialmente porque aqueles em crises no casamento se veem abandonados pelos mais próximos e queridos.
Mas o desaparecimento de entes queridos também pode ser porque eles simplesmente não sabem como ajudar. Além de perder seu casamento, perder amigos era demais, disse Harrison, agora com 51 anos. Mas quando aqueles que a apoiaram ofereceram ajuda, ela também ficou desorientada. “Eu não sabia do que precisava, mesmo quando me perguntavam.”
Um amigo ofereceu uma cama até que Harrison encontrasse um apartamento; outro a ajudou através de uma avaliação franca de sua situação financeira. Um terceiro enviou mensagens de texto todos os dias durante um ano – um simples vai e vem do qual Harrison disse ser dependente para acalmar seu pânico nos primeiros meses. Seu irmão mais velho estabeleceu um pagamento mensal de aluguel e comida, além de uma lista de desejos da Amazon, que ele compartilhou com a família. “Eu não teria conseguido sem a ajuda dele.”
De grandes gestos a pequenos atos de bondade, especialistas dizem que há muitas maneiras de ajudar aqueles atingido pela vergonha, choque e pânico econômico decorrentes de uma separação ou divórcio.
OUÇA… DE NOVO E DE NOVO
Embora muitas vezes se suponha que aqueles em uma separação precisam de espaço, Ashley Mead, uma psicoterapeuta de Nova York especializada em divórcio, recomenda a conexão. Mas o tipo certo de escuta exige sutileza. ”Os divorciados estão perdendo a pessoa com quem estiveram mais conectados em toda a sua vida”, disse. “Eles muitas vezes estão desesperados e sentem vergonha. Esteja presente”, acrescentou Mead, que recomenda se abster de comentários como ”eu avisei”.
Se você não sabe o que dizer, tente o seguinte: “Sei que não posso consertar, mas estou aqui para você”, aconselhou ela. “Temos a tendência de querer consertar coisas ruins para nossos amigos, mas tentar animar alguém geralmente é acalmar nosso próprio desconforto e não ajuda aqueles que estão tentando aliviar emoções difíceis.” Erika Anne Englund, uma mediadora de divórcio da Califórnia, disse para “ser o tipo de ouvinte que ajuda as pessoas a chegarem às suas próprias conclusões: certifique-se de que seu amigo tenha um lugar para desabafar, chorar, rir e pensar em voz alta”. ”Não pare de convidar amigos divorciados para festas só porque eles estão solteiros, e ligue para eles nos feriados mesmo anos após o término do divórcio”, disse Englund.
Quando a terapeuta familiar Amy Armstrong passou por seu próprio divórcio, encontrar amigos capazes de ouvir sem transformar sua história em drama – ou fofoca – foi uma tábua de salvação. “Uma pessoa que te apoia te ajuda a se ver em um novo capítulo, não alguém que insiste para você reclamar ou permanecer como vítima”, ela disse.
Stéphane Jutras, que mora no Canadá e apresenta o podcast Divorced Dad Diaries (Diário de um Pai Divorciado), se divorciou em 2018. Quando falou sobre isso com amigos, percebeu que eles se tornaram mais íntimos e se abriram sobre problemas de relacionamento. ” Como compartilhei, eles se sentiram seguros para falar sobre seus problemas conjugais”.
Ao buscar uma equipe de apoiadores, a terapeuta Susan Pease Gadoua, que administra grupos de apoio ao divórcio, recomenda recorrer as pessoas sem medo de sentimentos fortes ou do tempo que pode levar para processá-los. ”As pessoas têm um limite de dois a quatro meses para lidar com a dor dos outros, mais a recuperação do divórcio em menos de seis meses é muito difícil”.
Para aqueles que questionam suas habilidades de conversação, uma boa escuta não exige conversas ininterruptas. Assistir a um filme juntos pode ser reconfortante, assim como conversar durante uma caminhada. “Não fique falando mal, agindo como líder de torcida ou tentando resolver problemas”, disse Abby Medcalf, psicóloga e fundadora do podcast Relationships Made Easy (Relacionamentos Sem Complicação, em tradução livre). “Conecte-se com o sentimento, não com a situação”, disse Medcalf. “Pergunte o que está deixando você mais triste, mais raivoso, mais temeroso? Então, ouça com atenção.”
OFEREÇA UMA MÃO, OU APENAS VALIDAÇÃO
O divórcio muitas vezes significa que pegar uma carona, pagar contas, e muitos outros requisitos da vida diária agora caem em um par de ombros, não em dois. “O divórcio é uma enorme transformação de vida. Ajudar de pequenas maneiras pode ter um impacto duradouro”, disse Mandy Walker, coach e mediadora de divórcios.
Procurando maneiras criativas de oferecer apoio? Considere quais habilidades sociais você pode ter. Você pode ser babá uma noite por semana? Você pode editar um currículo? Sabe algo sobre conserto de automóveis? Você tem habilidades? Se você não pode oferecer suas habilidades, faça uma lista de quem pode ser útil.
Sentimentos de luto e perda após uma separação ou divórcio são uma parte normal do processo de cura. Há um cronograma para a recuperação do divórcio, disse Mrdcalf, e acompanhar as mudanças adicionais nos sentimentos pode ser útil quando um amigo ou membro da família divorciado estiver muito perturbado para ver as melhorias. “A coisa mais generosa que você pode fazer é deixar de lado seu próprio medo de sentimentos fortes e afastar as pessoas do desespero.”
Quando Shawna Hein, 37, finalizou seu divórcio em 2020, ela disse que amigos que não impuseram seus sentimentos sobre a situação foram seus salvadores. “Adorei quando contei às pessoas que estava me divorciando e elas disseram: “Ótimo”, conta Hein, designer-chefe da Ad Hoc que mora em Nevada City, Califórnia. “Para mim, isso foi um reconhecimento de que eu estava sendo corajosa e que a vida ia melhorar”.
Pease disse que ”a linguagem em torno do divórcio é sobre fracasso, mas às vezes é uma vitória que pode ajudar as pessoas a fazer as mudanças necessárias. Permitir emoções negativas ao longo da jornada abre caminho para emoções positivas no futuro”.
O DINHEIRO PODE AJUDAR – MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA
Estudos mostram que a renda pode cair depois de um divórcio, especialmente para as mulheres. Detalhes sobre pensão alimentícia e conjugal levam meses e às vezes anos para serem resolvidos. E mesmo se concedido não há garantia desses pagamentos. De acordo com um relatório do censo dos EUA de 2018, menos da metade daqueles que têm direito à pensão alimentícia recebem o que lhes é devido.
Sydney Petite, 30, terminou seu casamento em julho de 2018 com três filhos, incluindo gêmeos de 3 meses. A única com a custódia, ela tinha direito a um apoio de seu ex-marido, mas não recebeu nada por quase três anos. ”Aprendi – de maneira desajeitada e rápida – como pedir ajuda”, disse. Um amigo emprestou-lhe dinheiro para conseguir um advogado, uma escola particular ofereceu ao filho mais velho aulas gratuitas e a babá contratada para ajudar com as crianças adiou seu pagamento até que Petite se recuperasse economicamente. Desde o divórcio, ela pagou todos os seus empréstimos. “Estou onde estou hoje por causa de um apoio inesperado.”
COM PIADAS DE TIOZÃO E DRAMALHÕES DE NOVELA, KWAI AMEAÇA O REINO DO TIKTOK
App, que paga salário mensal de até US$ 700 para criadores, já é usado por um quinto dos brasileiros
Principal concorrente do Tiktok, o Kwai quer se consagrar como a rede social que mais representa o Brasil em sua diversidade. Com vídeos sem retoques ou muita preocupação com cenários e roteiros, o aplicativo, que está contratando influenciadores com salários que vão até US$ 700, quer fazer o brasileiro rir e se emocionar.
As piadas, que respondem pela maior parte do conteúdo publicado no app, lembram os esquetes de “A Praça é Nossa: o humorístico do SBT que estreou há mais de 50 anos e pouco mudou desde então. São vídeos que viralizam, principalmente entre os mais velhos, o principal público da rede social, que tem 40% de seus usuários acima dos 30 anos.
“Cêmora onde? pergunta uma jovem, sentada com um rapaz na calçada, com o reboco da fachada por fazer. “Na minha casa, ele responde. “Nossa: ela rebate. “Nossa não. É minha, a casa”, ele conclui. Enquanto a câmera se vira para outros rapazes que riem freneticamente antes de o vídeo se encerrar.
Quase tão bem-sucedidos são os vídeos que carregam mensagens motivacionais e lições de moral, como se fossem “mini novelas” nas palavras da diretora do Kwai no Brasil, Mariana Sensini.
Ela diz que o conteúdo que mais faz sucesso no app é o “menos produzido, aquele de origem mais simples”.
Temos interesse em quem mora no sertão, quer contar sua rotina, suas piadas. O Brasil não é o centro de São Paulo ou do Rio. O Kwai é mais representativo de outras regiões. Embora a maior parte dos usuários viva no Sudeste, quem mais usa o app está no Norte e no Nordeste.”
A percepção da diretora é a mesma da professora Fernanda Vicentini, da Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM, que trabalha com redes sociais. “Os usuários do Kwai têm um cotidiano muito simples. Você percebe até pela casa deles, pelo vocabulário que eles usam. São pessoas muito humildes”, diz. “A qualidade pode parecer ruim, mas é muito rico culturalmente, porque representa um Brasil que às vezes o Sul e o Sudeste não conhecem.”
Uma das principais estrelas do app, com 1,2 milhão de seguidores, é Markelly Oliveira, ex- bailarina do Faustão que passou a investir nas “mini novelas”. Numa de suas publicações mais virais, com quase 6 milhões de visualizações, ela interpreta uma paciente que, na sala de espera de um hospital, reclama mentalmente do mau cheiro de um rapaz sentado no banco ao lado. A lição de moral não demora a vir. Assim que é chamada pela recepcionista, ela descobre que tem um câncer no coração e o mal cheiroso é o único doador capaz de salvar sua vida. Oliveira, que já acumulava centenas de milhares de seguidores no Instagram e no TikTok, foi convidada há três meses paro produzir vídeos exclusivos para o Kwai. Como ela, há outras dezenas de influenciadores recrutados por agências terceirizadas.
O app não revela seus planos de negócios, mas um influenciador afirmou, em condição de anonimato, que o acordo varia conforme o sucesso que o convidado já faz na concorrência. Quem já tem 100 mil seguidores, recebe um salário mensal de USS 100 a US$300, a depender de quantas visualizações seus vídeos alcançarem. Os valores aumentam progressivamente. A remuneração dos que têm 500 mil seguidores, por exemplo, chega a USS 700, hoje equivalentes a cerca de RS 3.700.
Os criadores precisam seguir uma série de regras, como compartilhar ao menos um Story no Instagram por semana, marcando o pedido Kwai e convidando seus seguidores a conhecerem a rede concorrente, além de participar dos desafios propostos pelo app e publicar no mínimo dez vídeos por mês.
Os anônimos também faturam. Qualquer usuário pode ganhar até R$150 ao convidar amigos a criar uma conta no app e garantir que, por dez dias, eles assistiram ao menos três minutos de vídeos diariamente, um sistema que o Kwai compartilha com o TikTok, mas com regras mais fáceis de cumprir.
Também compartilhado com o concorrente é seu país de origem, a China. O app, criado no ano de 2011, veio para o Brasil em 2018 e ganhou força a partir de dezembro de 2020, quando montou um escritório no país contratando inclusive profissionais do Facebook, do YouTube e de outras redes sociais.
Um relatório da ComsCore, multinacional especializada em análise de mercado, afirma que, em julho passado, o Kwai tinha 45,4 milhões de usuários no Brasil, que está entre os três países que mais usam o app fora da China. É um número superlativo, que representa nada menos do que um quinto da população brasileira, embora seja difícil traçar comparações, já que o TikTok não revela quantos usuários tem no país. A penetração do aplicativo na região Nordeste ainda leva a empresa a adotar estratégias como investir em parcerias com cantores de forró como Os Barões da Pisadinha, já que esta é a região que mais escuta o gênero. Ele ainda é o mais popular do aplicativo, lado a lado com o sertanejo.
Tendo isso em vista, as próximas parcerias do app serão com os principais nomes do pagode baiano, Molejo e É o Tchan. Este último lança no Kwai sua aposta para o carnaval, “Encaixadinha”, dias antes de subir a faixa no Spotify e nos outros serviços de streaming. O grupo ainda vai promover entre os usuários um desafio para escolher qual será a coreografia do clipe, que terá a participação do vencedor.
As parcerias ainda se estendem para áreas como esporte, outro dos principais pilares do app. A seleção brasileira, por exemplo, deve mostrar os bastidores da Copa do Mundo com exclusividade no app. São, segundo a diretora do Kwai, estratégias adotadas para que a longo prazo o app não dependa de seu atrativo sistema de remuneração, mas conquiste os brasileiros por ser “o puro suco do Brasil”, como diz o meme.
O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa (Provérbios 6.32).
Adultério é um relacionamento sexual fora do casamento. É infidelidade conjugal. É a quebra do sétimo mandamento. É um atentado contra a aliança firmada no matrimônio. É a apostasia da honra, a quebra do pacto, a traição mais amarga, uma punhalada nas costas do cônjuge. A Bíblia diz que somente quem está fora de si comete adultério. Somente quem quer destruir-se comete tal loucura. O adultério é um prazer imediato que produz um tormento permanente. É uma paixão crepitante que destrói a confiança. O caminho do adultério é uma estrada de morte. A infidelidade conjugal é um atentado terrorista contra a família, um colapso do casamento, uma porta de entrada para o divórcio. A mídia hedonista e secularizada estimula o adultério. As telenovelas fazem apologia da infidelidade conjugal. Os valores morais estão sendo atacados na imprensa, nas cortes e nas ruas. O que estamos assistindo é uma inversão de valores. Chamam luz de trevas e trevas de luz; o doce de amargo e o amargo de doce; o bem de mal e o mal de bem. O adultério é hoje a principal causa do divórcio, e o divórcio é alimentado pelo mito da grama mais verde. Está provado que 70% das pessoas que se divorciam e se casam de novo descobrem dez anos depois que o segundo casamento se tornou pior do que o primeiro. De fato, o adultério é uma loucura!
CACHORROS GANHAM ESPAÇO EM ESCRITÓRIOS NA VOLTA DO HOME OFFICE
Disparada de adoção de animais durante a pandemia traz desafios para retorno aos escritórios
Antes da pandemia, Becky não imaginava que um dia fosse levar seu cachorro ao escritório. Mas o lockdown fez com que ela mudasse de opinião.
Becky (o nome é fictício) não só percebeu os grandes benefícios mentais de ter um animal de estimação por perto enquanto trabalha como descobriu que a disparada na adoção de animais durante a pandemia fez crescer a competição por serviços de creche para cachorros: agora, voltar ao escritório sem o seu cachorro poderia lhe custar milhares de libras por ano.
No entanto, o empregador de Becky, uma empresa de serviços financeiros, tinha acabado de se mudar para um escritório em Londres no qual os proprietários do imóvel não permitem amigos de quatro patas. “Nenhum dos executivos envolvidos na mudança tem cachorros. E a impressão era de que a minha empresa não tentou negociar uma mudança nessa regra”.
Ela agora está estudando suas opções. “No meu próximo emprego, vou considerar a possibilidade de levar o cachorro para o trabalho como um requisito muito importante”, ela diz. “Porque é algo que simboliza a cultura da empresa”.
Levar o cachorro ao trabalho não é um hábito inteiramente novo: Sigmund Freud apontou que seus pacientes pareciam se sentir mais à vontade quando seu chow chow. Jofi, estava presente nas sessões de psicanálise.
Mas duas tendências agora impulsionam ainda mais essa ideia: o crescente apego das pessoas aos seus animais de estimação, que significa que elas não desejam deixá-los sozinhos em casa o dia todo; e a convicção dos trabalhadores mais jovens de que o trabalho deve oferecer mais do que um salário e também refletir sua identidade de maneira mais ampla.
O código de conduta dos trabalhadores do Google dispõe que “o afeto de nossos amigos caninos é uma faceta integral de nossa cultura empresarial”. No Reino Unido, cachorros aparecem em hospitais, nas áreas comuns das escolas, nas câmaras de advogados e em escritórios de startups.
Will Smith, um dos fundadores da Tred, uma empresa que oferece cartões de crédito éticos, leva Mayo, o filhote de golden retriever que adquiriu durante o lockdown, ao escritório três dias por semana. “Não comprei um cachorro para que outra pessoa tomasse conta dela”, disse. Mas muitos grandes empregadores têm regras que proíbem completamente a presença de cachorros. O presidente executivo do JP Morgan Chase, Jamie Dimon, autorizou a entrada de cachorros de clientes nas agências de seu banco, mas não a de cachorros de empregados na sede da companhia.
Frequentemente existe a suposição de que os companheiros caninos vão desordenar o foco ou a formalidade do lugar de trabalho, ou latir durante reuniões com cliente. Os gestores não sabem bem como combinar cachorros e escritórios de plano aberto, ou como lidar com trabalhadores que são alérgicos a animais, têm medo deles ou objeções religiosas à sua presença.
No esforço para atrair trabalhadores de volta aos escritórios, essas regras estão enfrentando pressão, e as empresas precisam encontrar maneiras de acomodar tanto aqueles que amam cachorros quanto aqueles que não.
Antes da pandemia, cerca de 45 cachorros estavam presentes todos os dias na sede da Ben&Jerry, produtora de sorvetes americana, em Vermont – em média um animal para cada dois trabalhadores, de acordo com Lindsay Burnps, que trabalha na área de marketing da empresa.
“Se você não facilita a presença de cachorros, está perdendo uma grande oportunidade de aumentar o engajamento de seu pessoal e uma experiência cultural única, bem como uma forma de reduzir um pouco o estresse”.
Os cachorros da Ben&Jerry em geral ficam nos escritórios ou cubículos dos trabalhadores (isolados por portas baixas); eles não podem ir à maior parte das áreas comuns.
A Nestlé, que controla a marca Purina de ração para animais, diz que, desde que começou a permitir que cachorros fossem levados à sua sede no Reino Unido, em 2015, os efeitos positivos sobre a nossa cultura e sobre a atmosfera do escritório foram imensos”.
Mas existem poucas pesquisas quanto aos aspectos potencialmente negativos da presença de cachorros, diz Joni Delanoelje, pesquisadora na Universidade KA Leuven, na Bélgica. Eles incluem distração e disputas entre colegas de trabalho.
De fato, o estimativa é de que entre 10% e 20% das pessoas do planeta sejam alérgicas a cachorros e gatos. Muitas vezes, as preocupações de colegas de trabalho podem ser superadas por meio de pequenos ajustes.
Oli Malmed, que leva seu cachorro ao escritório diz que teve de lidar com os latidos de seu cachorro, a distração causada por ele e as queixas de colegas alérgicos. Mesmo assim, ter o cachorro com ele no escritório “é uma delícia”, ele diz.
Mas a presença canina nem sempre termina bem. Um animal costumava roubar sapatos de outros trabalhadores; o dono do cachorro tinha de enviar um e-mail aos colegas no final do dia para que eles pudessem recuperar os calçados. Outra trabalhadora pediu demissão, insatisfeita após o cachorro de um colega passar o dia todo farejando entre suas pernas.
Até mesmo as pessoas que amam cachorros podem encontrar dificuldade. Henry Sands, diretor executivo da consultoria política, Sabi Strategy levou seu labrador, que pesa 32 quilos, e seu spaniel, de 15 quilos, ao escritório regularmente, e eles costumavam pular em colegas.
“Era um pesadelo. Eu passava o dia todo pedindo desculpas”. Ele agora evita levar os cachorros, e encara com ceticismo a ideia de que os gestores precisem de cachorros para melhorar o moral do pessoal. “Não é uma solução real”, ele diz.
Na verdade, depois de ver que uma colega estava levando cachorros diferentes no escritório a cada dia, ele percebeu que ela estava trabalhando como babá de animais.
Do ponto de vista do cachorro, ir ao escritório provavelmente é mais agradável do que ser deixado em casa. A Batersea Dogs& Cats Home recomenda que cachorros não sejam deixados sozinhos por mais de quatro horas.
Outros argumentam que isso depende de cada cachorro, mas que a maioria deles prefere ter companhia. “Criamos cachorros há gerações e gerações para que eles desejem estar em companhia de seres humanos”, diz Heather Bacon, professora sênior de veterinária clínica na University of Central Lancashire.
Os gestores talvez se preocupem com o incômodo, mas “cachorros deveriam dormir de 15 a 18 horas por dia. Não precisam ser estimulados o tempo todo”, ela diz.
No entanto, nem todos os cachorros apreciam o ambiente de escritório, e muito menos o caminho de casa até lá. Alguns filhotes sentiram falta de socialização durante a pandemia, e podem encontrar dificuldade para se adaptar a um escritório.
A British Land e a Landsec, duas das maiores imobiliárias comerciais do Reino Unido, disseram ao Financial Times que estavam abertas a discutir a admissão de animais de estimação em seus edifícios.
Um dos novos projetos da British Land, em Paddington, tem “um corredor especial para acesso de cachorros”, e um escritório da Landsec em Victoria oferece um serviço de terapia para animais. Algumas empresas oferecem benefícios aos proprietários de animais de estimação, entre os quais ajuda para adoção e licença quando um animal morre.
Os céticos podem ficar imaginando que mais os trabalhadores vão querer levar aos escritórios, depois de suas opiniões políticas e de seus cachorros. “As pessoas perguntam sobre trazer gatos”, disse Burnps. “Na verdade, uma colega me perguntou se poderia trazer um pônei miniatura. E eu respondi que sim”.
A vida não é bolinho, quem não sabe? Mas é impressionante a quantidade de pessoas que consegue complicá-la ainda mais. Acreditam que só as grandes tragédias geram consequências, sem perceber que as pequenas bobeadas é que nos desgastam. Nem se dão conta da quantidade de facilitações que poderiam aplicar no dia a dia, tornando a vida bem mais producente.
Exemplos, exemplos.
Ligar-se minimamente num troço chamado relógio, pra começar. Se você tem hora marcada para uma consulta, hora marcada para fazer uma prova, hora marcada para estar no aeroporto, qual é a dificuldade de planejar o tempo que vai levar até lá? Basta de colocar a culpa no trânsito. É claro que você pode prever se vai levar meia hora ou 50 minutos para deslocar-se – o pior que pode acontecer é chegar antes, e aí nada como ter um livrinho à mão enquanto aguarda (já dizia Gabriel García Márquez: se cada um levasse um livro dentro da mochila, o mundo seria bem melhor).
As pessoas se afogam num pires. Por uma coisinha à toa se exaltam, começam discussões, perdem a paciência, ficam mal- humoradas. A maior parte delas poderia simplificar suas vidas, mas são especialistas em se atrapalhar, e transformam essas pequenas atrapalhações em crises existenciais. Ó, nada dá certo pra mim. Coitada. Se alguém tem que ir até um endereço que não conhece, é tão fácil consultar o Google Maps antes de sair. No caso de gamar por uma blusa na vitrine, seria prudente saber se o saldo no banco comporta essa compra extra. Se a última garrafa de água mineral já está quase no fim, não custa passar num mercadinho e renovar o estoque pra não ser surpreendida por uma sede absurda no meio da noite. Se foi convidada para um festão na sexta-feira, não convém chegar ao cabeleireiro sem hora marcada. Se ofendeu um amigo, melhor pedir desculpas antes que se transforme numa mágoa séria. Se o filho tem dificuldades na escola, não esperar o último mês do ano letivo para tomar providências. Planejou uma viagem ao exterior? Confira o prazo de validade do passaporte (não no dia do embarque, gênio). Se o seu santo não cruza com o de um fulano, para que aceitar o convite para sentar à mesma mesa que ele? Se agendou uma entrevista de emprego, confira antes se sua camisa está limpa e passada. Marcou um compromisso para às 16h, não marque outro para às 17h no outro lado da cidade. Se está em guerra com a balança, ok, é difícil perder peso, mas continuar comendo uma caixa de bombons todas as noites não vai produzir milagres. É claro que sua cunhada vai se chatear se você expuser na sala as fotos do seu irmão com a ex-mulher dele. Pô.
Você deve ter lembrado de mais uns 200 exemplos da série “se posso complicar, por que facilitar?”. São essas pequenas besteirinhas do cotidiano que, mal administradas, fazem com que nosso dia seja mais encrencado que o dos demais, mas quem vai se dignar a planejar um dia satisfatório se a ordem é deixar rolar?
E lá vai você rolando para dentro do pires, se afogando numa pocinha de nada.
Par a ser vegetariano, basta cortar a carne da dieta. Mas, para mudar de maneira saudável, é preciso ficar atento à absorção dos nutrientes
Não há dúvidas de que a dieta vegetariana, ou seja, sem o consumo de carnes, frango e peixes, é saudável. O valor nutricional, por outro lado, gera dúvidas. Afinal, podemos ter uma dieta balanceada sem as proteínas da carne? Tudo indica que sim – mas é preciso estar atento à alimentação.
Os nomes são vários: lactovegetarianismo (que faz uso de laticínios), ovovegetarianismo (consome ovos), ovolactovegetarianismo (laticínios e ovos), vegetarianismo restrito (não come nenhum produto de origem animal) ou veganismo, que é um estilo de vida que exclui os produtos de origem animal, da alimentação até a higiene e vestuário. Mas, de acordo com os especialistas, qualquer dieta que reduz o consumo de carne traz beneficios para a saúde.
“Já é cientificamente comprovado por diversos estudos que a alimentação vegetariana ajuda na redução de riscos de diversa doenças, como a hipertensão arterial, diabetes tipo 2, dislipidemia (aumento de gordura no sangue), enfarte”, explica a nutróloga Laura Ohana. De acordo com ela, se o planejamento nutricional é adequado, como deveria ser para qualquer tipo de dieta, não há restrições de idade ou estilo de vida.
PRIORIZE ALIMENTOS NATURAIS
“Quando a gente fala em saúde, é preciso dizer que todo mundo, vegetariano ou não, tem que consumir comida de verdade. Ou seja, alimentos naturais e não processados. “Todo mundo deveria estar buscando isso”, diz Laura.
De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira, estudos apontam que a quantidade das demais vitaminas e minerais ingeridas por um vegetariano é maior do que a de uma pessoa que come carne. Isso não elimina, contudo, a importância de um acompanhamento nutricional para saber se o corpo está digerindo e absorvendo as vitaminas da comida. “Industrializados são para os momentos de urgência e não rotina”, enfatiza Juliana Algarves, líder nutricional da plataforma Queima Diária.
ORGANIZE A TRANSIÇÂO
“Algumas pessoas se beneficiam com mudanças mais abruptas, mais diretas, então elas podem decidir uma data para parar de comer qualquer tipo de carne e, com planejamento, conseguir os nutrientes necessários. Mas se uma pessoa ainda está na dúvida, ela pode ser adepta do movimento Segunda Sem Carne, que conscientiza sobre os cuidados com o meio ambiente e redução nas mortes de animais. Seria um início”, propõe.
Foi a partir do movimento, que prega não comer carne às segundas-feiras, que a estudante Victória Amorim, de 17 anos, virou vegana durante a pandemia. Hoje, ela compartilha suas receitas no Instagram (@veg.toria). “Aderi ao movimento e, quando vi, fazia a Segunda Sem Carne todos os dias. Depois de dois meses, adotei a Segunda Vegana, e foi o mesmo processo. A minha maior dificuldade foi deixar o leite e os derivados e conseguir criar pratos com memória afetiva na versão vegana.”
REPONHA VITAMINAS
Por somente estar presente em quantidade significativa em alimentos de origem animal (como queijo, leite e ovos), a reposição de vitaminas não é incomum no caso de vegetarianos restritos. Atente-se também para a ingestão do cálcio, zinco, ferro e gorduras do tipo ômega-3. “Quando a gente pensa em proteínas, tem que pensar, na verdade, em aminoácido, que é a partícula da proteína. O grupo alimentar que mais contém isso são os feijões ou as leguminosas”, explica Laura. “O importante é ter variedade de alimentos.”
O interesse de Victória em mudar a dieta veio junto com a vontade de cozinhar e estudar nutrição. “A minha escolha, apesar de ética, precisa suprir esse lado nutricional. Faço exame de seis em seis meses e tive que repor vitamina B 12, e ferro”, diz.
CRIE PRATOS COLORIDOS
As dietas com foco em plantas são naturalmente ricas em fibras e pouca gordura saturada. Mas, ao pensar em um prato de modo geral, é interessante que ele seja o mais colorido possível, sendo metade de salada (com vegetais escuros e claros, além de tomates, cenouras e beterraba), 30% de carboidrato e o restante de leguminosas.
A alimentação vegetariana não precisa ser cara ou com produtos difíceis de encontrar no mercado. “Dá pra sofisticar? Dá. Mas não precisa. Feijão, arroz legumes e verduras são tudo que precisamos”, diz Laura.
FAÇA UM CARDÁPIO PLANEJADO
Para ajudar na organização da nova dieta, pode ser interessante pensar em um cardápio de sete dias, incluindo diferentes grupos alimentares. “Costumo indicar alimentos com vitamina C, que aumentam a absorção de nutrientes. Já a vitamina D é importante para a absorção de cálcio”, recomenda Juliana. “Também é importante que a pessoa siga outros hábitos saudáveis como a prática de atividade física.”
EM VEZ DE SE PREOCUPAR COM DIETA, TREINE O CÉREBRO
Técnicas que encorajam a consciência de como comemos, a aceitação relacionada aos alimentos que queremos ingerir e exercícios alimentares intuitivos podem ser usados para suprimir desejos e remodelar nossos hábitos alimentares
Eis uma resolução de ano novo que você pode manter: pare de fazer dieta e comece a saborear sua comida.
Isso pode parecer um conselho surpreendente, mas evidências científicas crescentes sugerem que as dietas não funcionam. Pesquisas mostram que a restrição alimentar só dá vontade de comer mais. E, a longo prazo, fazer dieta pode sair pela culatra, desencadeando as defesas de sobrevivência do seu corpo, como a desaceleração do metabolismo, que pode dificultar ainda mais a perda de peso no futuro.
A resolução de parar de fazer dieta não significa desistir de ter um corpo mais saudável. Mas, para conquistar uma dieta de sucesso, você precisará abandonar velhas ideias como contar calorias, banir seus alimentos favoritos e medir o sucesso com uma balança.
Pesquisadores andam incentivando uma nova abordagem para obter uma alimentação saudável com base na ciência do cérebro. Uma variedade de técnicas que encorajam a consciência de como comemos, a aceitação relacionada aos alimentos que queremos ingerir e exercícios alimentares intuitivos pode ser usada para suprimir desejos e remodelar hábitos alimentares.
“Os paradigmas em torno da força de vontade não funcionam. Você tem que começar sabendo como sua mente funciona”, disse Judson Brewer, professor de ciências sociais e comportamentais na Escola de Saúde Pública da Universidade Brown que estudou práticas alimentares conscientes.
SEM DIETAS RESTRITIVAS
Deixar de lado velhos hábitos de dieta nesta época do ano é especialmente difícil por causa do fascínio dos planos para perder peso. Muitos programas e aplicativos de dieta famosos tentam atrair usuários com a promessa de que eles não estão promovendo uma dieta tradicional, apenas para impor práticas alimentares restritivas assim que você se inscrever.
Traci Mann, que chefia o laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota, observa que, além da decepção de não perder peso, a dieta também afeta seu corpo de maneiras negativas. Entre outros efeitos, a restrição alimentar pode afetar a memória e as funções executivas, levar a pensamentos alimentares obsessivos e disparar o cortisol, um hormônio do estresse.
“Fazer dieta é uma forma desagradável e de curta duração de tentar perder peso”, diz Mann, autora de “Segredos do laboratório de alimentação: A ciência da perda de peso, o mito da força de vontade e por que você nunca deve fazer dieta novamente” (em tradução livre para o português).
Ela continua:
“Você pode emagrecer no curto prazo, mas ele (o peso)volta. Isso acontece não importa quem você seja, com pessoas com grande força de vontade e com pessoas com péssima força de vontade.
Um corpo com peso reduzido responde de forma diferente aos alimentos e exercícios do que um corpo que não faz dieta, sugerem os estudos, e os músculos de quem está fazendo dieta podem queimar menos calorias do que o esperado durante o exercício. Essas mudanças ajudam a explicar por que pessoas que estão sempre ‘de dieta’ podem estar comendo muito menos calorias do que aqueles ao seu redor, mas ainda não estão perdendo peso, explica Rudolph Leibel, professor de medicina do Instituto de Nutrição Humana da Universidade Columbia.
FORMANDO OS HÁBITOS
Brewer, um psiquiatra especializado em vícios, testou uma série de práticas de mindfulness para ajudar as pessoas a parar de fumar, diminuir a ansiedade e reduzir a ingestão de alimentos por motivos emocionais. Ele também criou um aplicativo chamado Eat Right Now, que usa exercícios de atenção plena para ajudar as pessoas a mudarem seus hábitos alimentares.
Um estudo da Universidade Brown com 104 mulheres com sobrepeso descobriu que o treinamento de mindfullness reduziu a alimentação relacionada ao desejo em 40%.
Brewer observa que os comportamentos alimentares, como comer batatas fritas distraidamente ou comer sobremesas costumam ser o resultado de hábitos reforçados com o tempo.
Os hábitos podem ser formados a partir de experiências boas e ruins, explica Brewer Sorvete, por exemplo, é algo que pode podemos comer durante comemorações. O cérebro aprende a associar comer sorvete a se sentir bem. Embora não haja nada de errado com o sorvete, ele pode se tornar um problema quando começamos a comê-lo sem pensar após um gatilho emocional, como quando estamos estressados ou com raiva. Agora nossos cérebros aprenderam que o sorvete também nos faz sentir bem em momentos de estresse, reforçando o ciclo do hábito.
Com o tempo, podemos desenvolver uma série de hábitos que nos levam a comer quando estamos entediados, com raiva, estressados, cansados depois do trabalho ou apenas assistindo televisão.
“O complicado sobre os hábitos é que, quanto mais automáticos eles se tornam, com o tempo você nem mesmo escolhe conscientemente essas ações”, diz Brewer.
Ao compreender seus próprios ciclos de hábito e os gatilhos por trás deles, explicou o especialista, você pode ajudar a quebrar o controle que eles exercem sobre você, atualizando seu cérebro com novas informações. Os exercícios de atenção plena, que o levaria a desacelerar e pensar sobre como e porque você está comendo, podem ensinarseu cérebro que uma comida “agradável” não faz você se sentir tão bem quanto lembrava. Praticar a atenção plena a cada vez que você pegar um alimento ou decidir comê-lo pode interromper o ciclo do hábito.
Entre o real e o virtual, pessoas buscam uma vida aconchegante nos dois ambientes: conheça o conceito de ‘cosy living’, uma tendência que chega com tudo neste ano
Depois que a ASMR (sigla em inglês que dá nome aos vídeos com aqueles sons gostosos de ouvir para relaxar) e o hygge (conceito de decoração dinamarquês que foca no conforto e nos prazeres simples) se espalharam pelo mundo, começaram a aparecer também artistas criando espaços on-line pensados no aconchego digital. Durante a pandemia, esse universo disparou ainda mais. Pesquisas sobre produtos que tragam essas sensações (de pantufas fofinhas a fogueiras na floresta) deram um boom. A rede social Pinterest declarou que cocooning (que traduz encasulamento e é usado para descrever o movimento crescente de as pessoas se recolherem em casa, reduzindo as atividades realizadas na rua) foi uma das principais tendências de 2021.
Em um cenário em que a sensação do que está do lado de fora vem cheio de más notícias (pandemia, desastres climáticos, aumento da pobreza, situação política etc.), vêm à tona as ideias de cosy living e digital cosy.“Em 2019, lançamos a macrotendência ‘tec-tilidade’, em que exploramos o espaço entre o real e o virtual à medida em que as pessoas passam mais tempo vendo o mundo através das telas. E o cosy living está permeando nossas vidas físicas desde 2020. O digital cosy é sobre tornar nossos mundos digitais cada vez mais aconchegantes, com os espaços físicos e os produtos proporcionando sensações de conforto enquanto estamos on-line”, explica Mariana Santiloni, especialista em tendências na WGSN. “O lockdown acelerou o digital cosy, já que a linha entre o físico e o digital ficou cada vez mais tênue. A ascensão dos eventos virtuais impulsionou a concepção de espaços projetados especificamente para causar impacto on-line”, completa ela.
Um dos grandes nomes na criações de ambientes virtuais aconchegantes é o designer Joe Mortell, famoso por criar ambientes dos sonhos, só que virtuais e em 3D, para quem quiser passear por eles. “Além de Mortell, vale ficar de olho nas criações da Crosby Studios e no canal do YouTube ASMR Rooms”, indica Santiloni.
A arquiteta Cristina Bezamat percebe que as experiências de realidade virtual vêm também para dar segurança às escolhas. Antes de comprar, experimenta-se virtualmente. “As construtoras fazem vídeos que simulam os apartamentos decorados de prédios que ainda serão construídos, dando segurança e compreensão daquilo que o cliente está comprando.
As imagens 3-D se tomaram etapa importante de projeto para o cliente ter certeza que receberá aquilo que imaginou. Sentir-se dentro do ambiente virtual, podendo interagir com o espaço, é uma experiência fundamental.”
Além disso, o bem-estar físico enquanto estamos on-line nunca foi tão importante. Produtos que permitem que os consumidores fiquem relaxados enquanto estão conectados são fundamentais, como móveis que podem ser movidos para criar ambientes aconchegantes e versáteis ou acessórios pensados na conveniência “A busca por produtos confortáveis e que passem a sensação de estarmos protegidos será uma vontade até mesmo inconsciente. Produtos em camadas, com formas orgânicas e texturas aconchegantes, ganham destaque”, observa a arquiteta Renata Zappellini, que indica a poltrona Hortênsia como um case. “Ela foi idealizada de forma digital em 2018, e, ano passado, a empresa Moool a lançou no real. Uma poltrona feita com mais de 30 mil pétalas para dar a sensação de ser envolvido por uma textura suave inspirada na natureza. Uma sensação de conforto e relaxamento que saiu do virtual e virou real”, completa.
Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos… (Salmos 51.4).
O pecado é maligníssimo, carrega consigo o DNA da morte. O pecado é um embusteiro: promete prazer e traz desgosto; promete liberdade e escraviza; promete vida e mata. O salário do pecado é a morte. O pecado é um laço mortal. Começa como um fiapo podre e acaba como um cabo de aço. Parece inofensivo, mas destrói os relacionamentos, definha a alma e empurra suas vítimas para o inferno. Destacamos três enganos terríveis do pecado. Primeiro, o pecado o levará mais longe do que você gostaria de ir. Quando Davi adulterou com Bate-Seba, pensou que aquela aventura seria apenas a volúpia do prazer de uma noite de paixão, porém as consequências do adultério foram sentidas por ele durante toda a vida. Segundo, o pecado o prenderá por mais tempo do que você gostaria de ficar. Davi ficou preso no cipoal do pecado. Não se livrou dele. O pecado é pegajoso. O homem não pode desvencilhar-se dele por si mesmo. Não consegue apagar as chamas de uma consciência culpada com os extintores fabricados pelos recursos humanos. Terceiro, o pecado custará um preço mais caro do que você gostaria de pagar. Davi viu a espada abrindo feridas em sua alma e derramando sangue em sua família, como fruto maldito de seu adultério com Bate-Seba. O pecado é o pior de todos os males. Pior do que a pobreza, do que a fome e do que a própria morte. Estes males todos não podem afastar você de Deus, mas o pecado separa você agora e eternamente de Deus.
Depois de diminuírem em média 35%, os escritórios ganham novo layout, mais funcionalidade e tecnologia para atrair funcionários que não querem voltar ao trabalho presencial
O home office decretado nos dois primeiros anos de pandemia foi o grande pesadelo do mercado corporativo de imóveis. Em 2020, o setor viu as empresas devolverem 273 mil m2 de escritórios alugados. Em 2021, a marca subiu para 290 mil m2, segundo dados da consultoria Newmark. Em pontos nobres da capital paulistana, como as Avenidas Faria Lima e Engenheiro Luís Carlos Berrini, considerados grandes centros financeiros, a vacância dos imóveis corporativos chegou a 30%, um aumento de 25% em relação a 2019. Vale destacar que no ano anterior à chegada do vírus, o setor estava preparado para crescer – e não encolher.
“Nunca tivemos uma vacância tão alta no setor”, diz o administrador Kwan Lao, de 53 anos, investidor do mercado imobiliário há pelos menos 20 anos. “Todos diziam que o home office seria o novo normal, mas não é bem assim. O mercado já está reagindo.” Segundo o investidor, no quarto trimestre do ano passado, a vacância diminuiu para 22%, em média. A vacinação fez com que o trabalho presencial começasse a voltar, mas não do mesmo jeito. Uma das mais amplas pesquisas internacionais sobre o mundo corporativo, a Global Work-from-Home Experience Survey, indica que 77% das pessoas querem continuar a trabalhar de casa. Essa é uma questão para as empresas resolverem.
O Studio Guto Requena, de arquitetura e design, localizado em São Paulo, tem recebido pedidos de remodelações de sedes de empresas, que diminuíram de 30% a 50% os espaços internos dos escritórios. Essa é uma reposta à mudança na forma de trabalho, que continua à distância, pelo menos alguns dias da semana. “Apesar dos dados positivos sobre a resposta ao smart working, nosso entendimento é que o escritório vai continuar existindo, mas será profundamente reduzido”, diz Guto Requena, que desenvolve uma pesquisa sobre o tema. “As sedes das empresas são bem mais do que endereços de trabalho. O escritório existe para incorporar os valores e a cultura da empresa, vivenciar o coletivo, impulsionar e capacitar a comunidade.”
Conhecido como uma das maiores empresas de arquitetura e construção do mercado corporativo, a Athiè Wohnrath também enfrenta o desafio de adaptar os espaços corporativos a novos conceitos. “Muitas empresas foram resistentes a abrir mão do presencial, mas tiveram de aderir”, diz Sergio Athiè. “Elas descobriram que era possível, sim, trabalhar alguns dias de casa e adotaram políticas que, ao que parece, vão se perpetuar.” Uma característica que virou passado é a grande sala com mesas fixas de trabalho, divididas por baias. “Agora a tendência é ter postos livres com menos pessoas dentro do ambiente.”
Até como uma contrapartida aos dias pesados do auge da pandemia, as empresas querem locais atraentes, alegres e que transmitam bem-estar aos funcionários. Espaços abertos, integrados, coloridos e descontraídos já eram tendências consagradas pelas grandes empresas de tecnologia, como o Google e o Facebook, mas viraram desejo de consumo. “As pessoas querem se sentir livres”, diz Pedro Felmanas, que projetou a sede da farmacêutica Cimed.
“Agora estou resignificando os ambientes, porque as empresas querem espaços que sejam importantes na vida do funcionário”, diz Athiè. Por exemplo, na sede da seguradora Icatu, no Rio de Janeiro, ele projetou uma sala de amamentação, com máquinas onde as mães podem armazenar o leite das crianças. Localizada no 18º andar de um edifício na Avenida Oscar Niemayer, a sede é toda envidraçada e tem vista para o mar.
Mesmo mais enxutas, as empresas querem impactar. “Por isso, uma das saídas é investir na área de recepção do cliente, que ficou mais imponente”, diz a arquiteta Fernanda Negrelli. Na sede de um advogado tributarista, ela projetou um espaço com lareira, adega climatizada, chão de mármore e móveis luxuosos. “Na área interna, onde ficam os funcionários, projetamos postos híbridos e sem divisões.” Plantas, objetos de madeira e ambientes que deem sensação de amplitude são alguns truques usados para deixar o local de trabalho humano e acolhedor. “As empresas abriram mão do espaço, mas não do status”, explica Fernanda. A regra ainda é impressionar o cliente.
Alguns relacionamentos são produtivos e felizes. Outros são limitantes e inférteis. Infelizmente, há de ambos os tipos, e de outros que nem cabe
aqui exemplificar. O cardápio é farto. Mas o que será que identifica um amor como saudável e outro como doentio? Em tese, todos os amores deveriam ser benéficos, simplesmente por serem amores. Mas não são. E uma pista para descobrir em qual situação a gente se encontra é se perguntar que espécie de mulher e que espécie de homem a sua relação desperta em você. Qual a versão que prevalece?
A pessoa mais bacana do mundo também tem um lado perverso. E a pessoa mais arrogante pode ter dentro de si um meigo. Escolhemos uma versão oficial para consumo externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando uma provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber se a pessoa com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o seu pior.
Você convive com uma mulher tão ciumenta que manipula para encarcerar você em casa, longe do contato com amigos e familiares, transformando você num bicho do mato? Ou você descobriu através da sua esposa que as pessoas não mordem e que uma boa rede de relacionamentos alavanca a vida?
Você convive com um homem que a tira do sério e faz você virar a barraqueira que nunca foi? Ou convive com alguém de bem com a vida, fazendo com que você relaxe e seja a melhor parceira para programas divertidos?
Seu marido é tão indecente nas transações financeiras que força você a ser conivente com falcatruas?
Sua esposa é tão grosseira com os outros que você acaba pagando micos pelo simples fato de estar ao lado dela?
Seu noivo é tão calado e misterioso que transforma você numa desconfiada neurótica, do tipo que não para de xeretar o celular e fazer perguntas indiscretas?
Sua namorada é tão exibida e espalhafatosa que faz você agir como um censor, logo você que sempre foi partidário do “cada um vive como quer”?
Que reações imprevistas seu amor desperta em você? Se somos pessoas do bem, queremos estar com alguém que não desvirtue isso, ao contrário, que possibilite que nossas qualidades fiquem ainda mais evidentes. Um amor deve servir de trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar escorregões e vexames.
O amor danoso é aquele que, mesmo sendo verdadeiro, transforma você em alguém desprezível a seus próprios olhos. Se a relação em que você se encontra não faz você gostar de si mesmo, desperta sua mesquinhez, rabugice, desconfiança e demais perfis vexatórios, alguma coisa está errada. O amor que nos serve e que nos faz evoluir é aquele que traz à tona a nossa melhor versão.
É MELHOR SE EXERCITAR PELA MANHÃ OU NA PARTE DA NOITE?
Treinar em diferentes momentos do dia pode trazer benefícios únicos para a saúde, sugere novo estudo conduzido em roedores
O exercício matinal tem efeitos muito diferentes no metabolismo em comparação com o mesmo treino no fim do dia, diz um novo e ambicioso estudo conduzido em animais sobre o timing de atividade física. O trabalho, que analisou roedores de laboratório saudáveis correndo em pequenas esteiras, mapeou centenas de diferenças em quantidades e atividades de moléculas e genes no corpo dos animais, que variavam se eles corriam logo pela manhã ou mais noite.
Muitas dessas mudanças estão relacionadas à queima de gordura e a outros aspectos do metabolismo dos animais. Com o tempo, essas alterações podem influenciar substancialmente seu bem-estar e o risco para doenças. E, embora o estudo tenha focado em roedores, suas descobertas provavelmente têm relevância para qualquer um de nós que se pergunta se é melhor malhar antes do trabalho ou se podemos obter tanto ou mais benefícios para a saúde com exercícios após o expediente.
As atividades internas de quase todas as criaturas vivas seguem um bem orquestrado ritmo circadiano de 24 horas. Estudos recentes mostram que quase todas as células do nosso corpo contém uma versão do relógio molecular que se coordena com um sistema de temporização de corpo inteiro mais amplo para direcionar a maioria das atividades fisiológicas. Graças a esses ciclos, nossa temperatura corporal, açúcar no sangue, pressão arterial, fome, frequência cardíaca, níveis hormonais, sono, divisão celular, gasto de energia e muitos outros processos aumentam e diminuem em padrões repetidos ao longo do dia.
Estes ritmos internos, embora previsíveis, também são maleáveis. Nossos relógios internos podem se recalibrar, mostra a pesquisa. Em geral, eles respondem à luz e à escuridão, mas também são afetados por nossos hábitos de sono e quando comemos.
ANÁLISE MINUCIOSA
Pesquisas recentes sugerem que a hora do dia em que nos exercitamos também impacta em nossos relógios internos. Em estudos anteriores em camundongos, correr em horários diferentes afetou o metabolismo e alterou a atividade de genes relacionados ao ritmo circadiano e ao envelhecimento. No entanto, os resultados em pessoas vinham sendo divergentes. Mas poucos desses estudos se aventuraram a examinar todas as mudanças moleculares que impulsionam os resultados de saúde e mudanças circadianas, o que pode explicar algumas das discrepâncias de um para outro.
Para o novo estudo, publicado este mês na capa da revista Cell Metabolism, um consórcio internacional de pesquisadores decidiu tentar quantificar quase todas as alterações moleculares relacionadas ao metabolismo que ocorrem durante o exercício em diferentes momentos do dia.
Eles colocaram camundongos machos saudáveis para correr moderadamente sobre rodas por uma hora no início do dia, enquanto outros correram a mesma quantidade à noite. Uma quantidade adicional de camundongos sedentários foi o grupo de controle. Cerca de uma hora após os treinos, os pesquisadores coletaram amostras do músculo, fígado, coração, hipotálamo, gordura branca, gordura marrom e sangue dos animais e usaram máquinas sofisticadas para identificar e enumerar quase todas as moléculas nos tecidos relacionadas ao uso de energia. Eles também verificaram marcadores de atividade de genes ligados ao metabolismo. Em seguida, tabularam os totais entre os tecidos e entre os grupos de camundongos.
Surgiram padrões interessantes. Como os ratos são noturnos, eles acordam e ficam ativos à noite e se preparam para dormir de manhã, um horário oposto ao nosso. Quando os camundongos correram no início de seu horário ativo – o equivalente à manhã para nós – , os pesquisadores contaram centenas de moléculas que aumentaram ou caíram em volume após o exercício, e que diferiram em números dos níveis observados em camundongos que corriam mais perto de suas horas de dormir ou dos que não se exercitaram. Se esses padrões se aplicarem a pessoas, isso pode sugerir que o exercício matinal contribui mais para a perda de gordura, enquanto o treino no final do dia pode ser melhor para o controle do açúcar no sangue. Mas camundongos não são pessoas, e ainda não sabemos se os padrões moleculares se aplicariam a nós.
Especialistas dizem que além da subjetividade da emoção e do sentimento, padrões musicais também afetam e influenciam áreas do cérebro ligadas à memória e à espacialidade, por exemplo
Em 1974, a cantora Elis Regina comentou com Gilberto Gil que tinha dificuldade de alhear-se do sentimento que uma canção carrega. Gil, então, fez e entregou para que ela gravasse o Compositor Me Disse. Por meio da letra, Gil aconselhava a cantora a se ligar na respiração – a parte técnica do canto – e não se entregar ao que a letra dizia. O próprio compositor percebeu que Elis não teve êxito. Sentia-a tensa e emocionada conforme a gravação avançava.
Djavan também falou da força de uma canção em Seduzir (1980): “Cantar é mover o dom/ Do fundo de uma paixão, seduzir / As pedras, catedrais, coração”. De Nietzsche vem a frase: “A vida sem a música é simplesmente um erro, uma tarefa cansativa, um exílio”. E mais. Além de atribuir a essa arte uma importância para a vida e o pensamento humano, em seu livro O Nascimento da Tragédia o filósofo escreveu: ”Somente a partir do espírito da música entendemos a alegria diante do aniquilamento do indivíduo”.
Música é emoção, sentimento. Mas, além dessa subjetividade, há uma questão física, o processamento musical se dá em múltiplas áreas cerebrais, relacionadas à memória, espacialidade e nas funções atencionais e emocionais. Diante disso, é (quase) impossível sair imune de uma experiência sonora.
PROCESSO CEREBRAL
“Mesmo quando você ouve música com função recreativa, ela será processada no cérebro, que vai transformar as vibrações sonoras, que são resultantes do deslocamento das moléculas de ar, em estímulos que terão sentido, ressonância e empatia na estrutura cerebral”, diz o neurologista e pianista Mauro Muszkat, coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Interdisciplinar Infantil (Nani) da Unifesp.
Esse encadeamento citado pelo especialista se dá nas áreas não verbais do cérebro. Desde regiões bastante antigas, como o cérebro reptiliano, responsável pelas emoções; o hipocampo, importante para as memórias familiares; o cerebelo, que faz com que os ritmos respiratório e cardíaco sejam ativados; a amigdala cerebral, estrutura ligada às reações emocionais; até as mais novas, as do neocórtex, que processam sensações.
A amígdala cerebral, segundo Muszkat, tem um valor importante no processamento da música. Ela modula, regula, mantém e interrompe emoções e expectativas musicais. E, nela, ainda há um rótulo emocional, muitas vezes negativo, de medo, por exemplo, ou agressivo, como a raiva. Nesse caso, a música pode equilibrar ou desequilibrar essas emoções.
O treinamento musical ou a exposição prolongada à música, também está ligada à plasticidade cerebral, que proporciona a preservação dos neurônios. A experiência é tão relevante que há diferença entre quem não tem treino musical, que processa as melodias preferencialmente no hemisfério cerebral direito, e os músicos, em que há uma transferência dessa função para o hemisfério cerebral esquerdo.
A percepção dessas emoções também guarda relação com a tonotopia – o arranjo espacial de onde sons de diferentes frequências é processado no cérebro. Os tons mais graves trazem certo relaxamento. Os agudos, por sua vez, evocam um sentido maior de vigilância.
Para o compositor, doutor em música e coordenador da graduação musical da Faculdade Santa Marcelina, Sergio Molina, a emoção é algo que os compositores e intérpretes podem ou não buscar. “Há uma confusão entre ouvir uma música e ficar emocionado com ela e achar que isso aconteceu porque o compositor também estava nesse estado quando a fez. Na verdade, há valores culturais que são atribuídos e que determinam com que o ouvinte tenha esse tipo de sensação”, diz.
RITMO
Segundo Molina, na parte da construção musical, o que gera a emoção é a amálgama da melodia com harmonia, quando a movimentação dos acordes permite um ápice de tensão. O ritmo ficaria responsável por causar o entusiasmo. A orquestração, o timbre, a qualidade da voz do cantor e a letra completam a lista. “Na canção popular romântica, por exemplo, um expediente muito usado, que vai de Roberto Carlos a Marília Mendonça, é contar histórias de situações comuns da vida das pessoas. Essa identificação causa emoção. É a memória afetiva”, diz.
De compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Chico César, Molina destaca a construção poética, na qual a relação entre as palavras e sua sonoridade é capaz de despertar o sentimento.
Para o doutor em Psicologia Clínica pela USP e autor do livro Ensaio Sobre o Infinito: Música e Psicanálise, Tiago Sanches Nogueira, o compositor – e quem de alguma forma está em contato com a música – recebe no seu corpo o que é chamado de estímulos pulsionais, ligados ao conceito de pulsão descrito por Freud. Um conceito complexo que está na fronteira entre corpo e mente. “De alguma maneira, o artista sempre empresta algo dele para uma criação. A emoção pode não chegar idêntica ao público, mas há a ideia de afetar o ouvinte, que a recria. É um prisma por onde a luz passa e se abre, como na capa do disco do Pink Floyd.”
Com mais de 35 milhões de cães, a segunda maior população canina no planeta, o Brasil será sede do World Dog Show, a competição mundial mais importante do setor
A Copa do Mundo está chegando. Eles vão correr atrás da bola, serão penalizados se não obedecerem as regras e terão de disputar os holofotes com outros astros concorrentes. Não, não estamos falando de Neymar e sua turma, mas dos competidores de quatro patas na maior competição de cães no mundo. Depois de 17 anos, a América do Sul voltará a sediar a World Dog Show: o evento, que acontece no final do ano, mesma época em que a Copa do Mundo de futebol, será realizado em São Paulo e reunirá cerca de cinco mil animais das mais diversas raças, de pequeno, médio e grande porte.
O World Dog Show ocorre anualmente desde 1971. Quase sempre acontecem na Europa, mas em 2022 será sediado aqui para celebrar uma data especial: o centenário da primeira exposição de cães no País. O Brasil é o país que mais registra cães no mundo, por meio da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Só em 2021, foram registrados mais de 150 mil. É também o segundo maior do mundo em termos de população canina, com 35,7 milhões. Estima-se que 50% das famílias brasileiras têm ao menos um cão. “Os cães brasileiros estão todos os anos entre os melhores do mundo, em diversas categorias. Estamos alcançando um destaque mundial e essa exposição veio para imortalizar isso”, diz Fábio Amorim, presidente da CBKC.
Ainda falta um bom tempo para a competição, mas os criadores e treinadores dos grandes campeões já começaram a preparar seus craques. Thayana Andrade, 29 anos, é dona de um canil que cria Terrier Brasileiro, conhecido também como Fox Paulistinha, uma das três raças criadas no País reconhecidas pela Federação Cinológica Internacional (FCI). Os cães brasileiros foram os grandes astros do mundial do ano passado, ocorrido na República Tcheca. Ganharam prêmios em três categorias, melhor cão juvenil e adulto do mundo, além de ficar em terceiro lugar como melhor grupo de cães de raça.
O nascimento de um “cãopeão”, com o perdão do trocadilho, não é uma tarefa simples. Começa com o cruzamento de dois cachorros adultos de alta pureza. Tanto o pai quanto a mãe precisam apresentar um padrão considerado perfeito para a raça. De uma ninhada com seis cachorros, em média, dois provavelmente vão nascer com padrões de competição perfeitos. Serão, então, mantidos pelo criador, enquanto os outros provavelmente vão ser vendidos como animais de estimação. “O cachorro precisa ser ativo. Não pode ser tímido, nem ter medo de multidões. Aliás. precisa gostar de barulho, além de adorar se exibir”. Explica Thayana. Esses padrões. porém, mudam muito de acordo com a raça. O Fila Brasileiro precisa ter uma cabeça grande, pesada e maciça, sempre em harmonia com o tronco. Seu olhar precisa ser firme, determinado. As orelhas devem ser grandes, grossas e com o formato em “V”. É obrigatório que o tronco seja revestido de pele grossa e o tórax, mais longo que o abdômen. Quanto mais próximo desses padrões, mais pontos o cachorro adquire e mais chances ele terá de ganhar um troféu.
O animal participa de dois tipos de desfile, em linha reta e em círculos. O árbitro também avalia o cão parado: os cães de raças pequenas são colocados em uma mesa e devem permanecer na mesma posição por um longo período. “É um treinamento mais complicado, pois os cães normalmente não têm o costume de ficarem imóveis”, diz Savio Steele, pioneiro na criação de Basenji no Brasil e dono de um dos maiores canis da raça no mundo. “Quando fazem bons desfiles, como a Gisele Bündchen, ou ficam lindamente parados, como o David, de Michelangelo, eles ganham uma recompensa”. O treinamento tem dado certo: os Basenji de Savio já ganharam seis títulos mundiais. Se depender dos nossos craques, faremos bonito na próxima Copa do Mundo.
Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue… (1Samuel 25.33).
Abigail era mulher de Nabal, um rico fazendeiro. Nabal era também um homem avarento, beberrão e incomunicável. Era filho de Belial, com quem ninguém conseguia conversar. Além disso, tinha mania de grandeza. Dava festas de rei, sem ser rei. A despeito de ter um marido com tantas deficiências de caráter, Abigail era uma mulher com muitas virtudes. Era bela e sensata, prudente e humilde. A despeito de seu marido transtornar sua casa, Abigail tinha pressa para salvar a família. Certa feita, Abigail salvou sua família de uma grande chacina. Davi e seus homens estavam determinados a exterminar Nabal e todos os homens de sua família. Nabal pagou o bem com o mal, e a ira de Davi acendeu-se contra ele. Abigail, sem nada falar com o marido, agiu com destreza, sabedoria e prudência para salvar seu marido e sua casa. Davi elogiou Abigail e abrandou seu coração. Enquanto Abigail lutava pela família, Nabal se embriagava numa festa de ostentação. Porque Nabal não se arrependeu, morreu na sua impiedade. A viúva se tornou mulher de Davi, mãe de príncipes, cuja biografia se tornou honrada na história de Israel. Deus enalteceu Abigail, cuja prudência ainda encoraja milhões de pessoas em todo o mundo. A Bíblia diz que a mulher sábia edifica a sua casa. O homem que reconhece o valor de uma esposa prudente encontrou um tesouro mais valioso do que finas joias.
Salário, benefícios, colegas, volume de tarefas e propósito de vida devem ser levados em conta
Nos Estados Unidos, 4,53 milhões de pessoas pediram demissão de seus empregos em novembro de 2021, batendo um recorde estabelecido em setembro. Isso faz parte de uma tendência apelidada de a “Grande Debandada”. Como psicóloga, vi essa insatisfação no meu consultório. Vários pacientes estão refletindo mais sobre o trabalho do que antes da pandemia. Você talvez esteja pensando se está na hora de deixar seu emprego. Aqui estão seis perguntas que podem ajudar a tomar essa decisão.
MEU TRABALHO SUPRE MINHAS NECESSIDADES BÁSICAS?
Quando uma pessoa se sente derrotada por tentar pagar as contas com o dinheiro que recebe, talvez não pareça ser o momento para pensar em demissão e pode ser difícil encontrar tempo e energia para procurar emprego. Mas Claudia Bernhard-Oettel, professora de psicologia na Universidade Estocolmo, na Suécia, recomenda que os trabalhadores tentem fazer isso. “Você talvez se sinta preso. Mas este é o momento para tentar fazer algo diferente, enquanto os empregadores estão desesperados por trabalhadores.”
MEU VOLUME DE TRABALHO É EXEQUÍVEL E VIÁVEL?
Com todos os fatores de estresse da pandemia, 43% dos em pregados dizem ter se sentido sobrecarregados. Christina Maslach, professora de psicologia, disse que sua pesquisa mostrou que “as pessoas estavam cada vez mais recebendo mensagens de seus chefes de que precisamos fazer mais com menos”. No entanto, ”pedir que as pessoas corram uma maratona no ritmo de um sprint não é viável”. Se seu volume de trabalho está incontrolável, é hora de mudar. Você pode, porém, primeiro pedir uma redução nas demandas ou um aumento de recursos, como auxílio de um supervisor.
TENHO UM GRUPO DE COLEGAS NOS QUAIS POSSO CONFIAR?
Bons relacionamentos estão relacionados com uma maior satisfação no emprego. Caso você se sinta afastado de seus colegas, tente propor atividades em grupo ou reuniões individuais. Se você tentou chamar a atenção ou mudar aspectos tóxicos da cultura de seu trabalho e foi em vão, a melhor alternativa talvez seja procurar emprego em outro lugar.
ESTOU SENDO RECOMPENSADO PELO QUE FAÇO?
Uma pesquisa descobriu que um terço dos profissionais acha que a saúde mental é afetada ao serem mal remunerados. Além dos salários, eles buscam valorização por meio de bônus e benefícios. A pesquisa sugere que o feedback positivo e o reconhecimento verbal podem ser incentivos poderosos, sobretudo quando são frequentes, específicos e no momento certo. Avalie o quanto você está recebendo de seu trabalho e decida se isso é proporcional ao que está dando.
COMO O MEU TRABALHO SE ENCAIXA NA MINHA VIDA?
A pandemia proporcionou uma chance de nos distanciarmos e analisarmos nossos empregos no contexto de nossas vidas. Pergunte a si mesmo se seu trabalho está alinhado com quem você quer ser como pessoa e se você apoia os valores da empresa onde trabalha.
JÁ TENTEI MELHORAR MEU TRABALHO ATUAL?
Certifique-se de refletir se seu trabalho pode ser melhorado. Se tem potencial, você deve explorá-lo. Mudar de emprego não é garantia de felicidade. Uma pesquisa australiana de 2021 descobriu que, um ano após a mudança de emprego, profissionais estavam menos satisfeitos do que antes da demissão.
O pai, cercado pelos filhos, faz um pronunciamento: “Pretendo desobrigar vocês a usarem o cinto de segurança, que só tem utilidade para quem dirige mal”. Os filhos se entreolham. É sabido que o cinto de segurança evita mortes em casos de colisões de pequeno e médio impacto. É um dispositivo de segurança para todos, não importa se dirigem bem, se dirigem mal, se não dirigem: estando dentro de um veículo em movimento, há risco. Motoristas e passageiros do mundo inteiro usam o cinto, que tem eficácia comprovada. O pai estaria batendo bem?
Diante da reação de perplexidade da família, o pai, no dia seguinte, diz que foi mal interpretado, que ainda vai encomendar um estudo, aquela enrolação costumeira de quem faz uma burrada atrás da outra e depois tenta consertar. Só que a mensagem principal foi transmitida: o pai não confia no cinto de segurança. É um negacionista. E mesmo que se reconheça que ele bobeou, no inconsciente a mensagem foi assimilada. Amanhã, um dos filhos esquecerá de usar o cinto, e tudo bem. Depois de amanhã, outro filho viajará no banco de trás, e prender o cinto parecerá uma besteira. E assim, influenciados pela hierarquia paterna, circularão em meio ao trânsito e sem usar o cinto e, claro, não sairão ilesos no caso de um acidente, tudo porque aquele homem, que deveria zelar pela família, usa sua autoridade para dar exemplos estúpidos.
É assim também na vida pública. Todo chefe de Estado é visto como o “pai da pátria”. Quem assume um cargo de tamanha importância não pode se dar ao luxo de ir pela própria cabeça e induzir tanta gente ao erro. É preciso que dialogue com outros líderes, respeite a ciência, busque ação de qualidade e tenha compromisso civilizatório. Presidência não é lugar para irresponsáveis.
Países que imunizaram mais de 70% da população estão flexibilizando, aos poucos, o uso da máscara, e mesmo assim, existe receio – ninguém se atreve a dizer que a pandemia é um episódio do passado. No Brasil, menos ainda. Há muita vacina a ser aplicada antes de relaxar. Milhares de brasileiros não procuraram até hoje os postos de saúde para tomar a segunda dose e alguns nem mesmo a primeira, atrasando a necessária imunização coletiva, o que não aconteceria se tivessem recebido o incentivo categórico de quem comanda. Tenhamos em mente que, gostemos ou não, há um homem ocupando o posto de líder, de influenciador, de pai da nação. Tudo o que ele faz e diz, por mais bizarro que pareça, contagia e infecciona. Pai ausente é um drama social. Afeta destinos. Todos precisam de um, mas não de um que nos usa como cobaia de seus devaneios.
SIMPLICIDADE NO CUIDADO COM A PELE: CONHEÇA O SKINIMALISM
Da junção dos termos ‘skin’ (pele) e minimalismo veio a prática de se utilizar menos produtos para o corpo, reduzindo os excessos
Um movimento que busca simplificar os cuidados com a pele vem se consolidando no mundo da beleza. Da junção dos termos “skin” (pele, em inglês) e “minimalismo”, o skinimalism ganhou força em 2021 e diz respeito a uma rotina de skincare mais enxuta, prática e eficiente. Se antes eram necessárias até dez etapas e produtos diferentes, o imperativo agora é reduzir excessos: “Skinimalism é sobre querer menos de tudo”, resume a especialista em tendências lza Dezon. A corrente ainda dialoga com princípios da chamada clean beauty (beleza limpa), como preferência -, por fórmulas naturais e preocupação com o meio ambiente, da procedência dos ativos à produção e o descarte de embalagens. O skinimalism foi impulsionado pela pandemia. Além do maior tempo em casa, houve maior procura por assuntos relacionados ao bem-estar e autocuidado. Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) em parceria com a Mincel mostrou que 31% dos consumidores brasileiros simplificaram a rotina de cuidados com a pele, por necessidade ou para mudar hábitos.
Foi o que aconteceu com a jornalista Thaís Covolato, 28, que sempre gostou de cuidar da pele e de experimentar novidades. “Durante a quarentena, senti que minha pele estava sofrendo um pouco mais e não estava sabendo utilizar os produtos que eu tinha da melhor forma. Por isso, decidi voltar à dermatologista e buscar uma rotina mais simples.”
De um skincare que incluía óleo de limpeza, esfoliante, ácidos e máscaras, hoje ela faz uso de apenas quatro itens: “Pela manhã, aplico um sabonete facial especifico para o meu tipo de pele, vitamina C e protetor solar. À noite, repito o sabonete, mas substituo a vitamina C por um hidratante”.
Jonas Netto, 26, é criador de conteúdo e, apesar de ter contato com diversos produtos e lançamentos, por causa de sua atividade, diz se identificar com a ideia do skinimalism. “É possível garantir uma rotina de cuidados essenciais para a pele sem necessariamente ter vários produtos. É mais prático, agradável e pode ter uma performance tão satisfatória quanto um skincare mais longo.”
Ele relata que gosta de apostar no básico e eficaz: “Pelas manhãs, uso um limpador suave, vitamina C e protetor solar. À noite, incremento um pouco mais e alguns dias ainda me permito uma boa rotina coreana extensa”.
NOVO CLIENTE.
Depois da euforia dos últimos anos com a descoberta das possibilidades nos cuidados com a pele, o que se percebe agora são consumidores mais informados e um mercado em expansão. “Estamos passando por um processo de amadurecimento, em que o brasileiro passou a conhecer e entender mais sobre beleza. Hoje é possível comprar cremes de rosto de uma forma muito mais democrática”, diz Iza. Ela ainda afirma que os consumidores estão mais atentos quanto às fórmulas dos produtos. “Observa-se uma procura por autenticidade e transparência que vem permeando o mercado de beleza e dando vida ao que chamamos de clean beauty.”
Jonas conta que busca produtos e empresas que estejam alinhados com um propósito: “É crucial que a marca entenda as singularidades e as vivências das pessoas e não encare condições de pele como problemas ou ajustes a serem feitos. Além disso, marcas com conceito clean beauty e veganas têm se tornado uma escolha obrigatória para mim”.
Este movimento ainda se conecta com outras duas vertentes. Segundo Iza, a N-Beauty ou nordic beauty, que traduz o minimalismo nórdico para os cuidados com a pele; e o skip care, que nada mais é do que literalmente pular certas etapas da rotina e otimizá-la.
O que todos estes termos têm em comum é a simplificação e, ao que tudo indica, deve permanecer em alta. É o que aponta relatório de tendências do Instagram para 2022, que também destaca o potencial da clean beauty e indica que um a cada três jovens está interessado em aprender mais sobre o assunto e em saber o que estão aplicando no rosto. De acordo com dados da empresa Euromonitor International, com consumidores cada vez mais se educando sobre as fórmulas e ingredientes dos produtos e indo em busca de rotinas mais enxutas, o mercado de cuidados com a pele deve liderar a indústria global de beleza em 2025.
Alimentos cheios de açúcar e ricos em gordura podem trazer menos benefícios para nossa saúde mental
Enquanto as pessoas em todo o mundo lutavam contra níveis elevados de estresse, depressão e ansiedade nos últimos tempos, muitos se voltavam para seus alimentos favoritos: sorvete, doces, pizza, hambúrgueres. Mas estudos recentes sugerem que os alimentos carregados de açúcar e com alto teor de gordura, pelas quais muitas vezes ansiamos quando estamos estressados ou deprimidos, por mais reconfortantes que possam parecer -, têm menor probabilidade de beneficiar nossa saúde mental.
Em vez disso, alimentos integrais, como vegetais, frutos, peixes, ovos, nozes e sementes, feijões legumes e alimentos fermentados como iogurte, podem ser uma aposta melhor.
As descobertas resultam de um campo de pesquisa que está em alta, conhecido como psiquiatria nutricional, que examina a relação entre dieta e bem-estar mental. A ideia de que comer certos alimentos pode promover a vitalidade do cérebro, da mesma forma que pode melhorar a saúde do coração, pode parecer senso comum. Mas, historicamente, a pesquisa nutricional tem se concentrado em como os alimentos afetam nossa saúde física, em vez de nossa saúde mental. Por muito tempo, a influência potencial dos alimentos na felicidade e no bem-estar mental, como uma equipe de pesquisadores afirmou recentemente, tem sido “virtualmente ignorada”.
Recentemente, porém, um crescente número de pesquisas trouxe dicas intrigantes sobre como os alimentos podem afetar nosso humor. Uma dieta saudável promove um intestino saudável, que se comunicam com o cérebro pelo eixo intestino-cérebro. Micróbios no intestino produzem neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que regulam nosso humor e emoções o microbioma intestinal tem sido implicado em resultados de saúde mental.
“Um crescente corpo de literatura mostra que o microbioma intestinal desempenha um papel modelador em uma variedade de transtornos psiquiátricos, incluindo um grave transtorno depressivo”, escreveu uma equipe de cientistas na Harvard Review of Psychiatry em 2020.
RESULTADO SURPREENDENTE
Grandes estudos populacionais também descobriram que pessoas que comem muitos alimentos ricos em nutrientes relatam menos depressão e maiores níveis de felicidade e bem-estar mental.
Mas ficam as questões: o que vem primeiro? A ansiedade e a depressão levam as pessoas a escolherem alimentos não saudáveis ou vice-versa? Pessoas felizes e otimistas são mais motivadas a consumirem alimentos nutritivos? Ou uma dieta saudável ilumina diretamente seu humor?
O primeiro grande ensaio a lançar luz sobre a conexão -comida-humor foi publicado em 2017. Uma equipe de pesquisadores queria saber se as mudanças na dieta ajudariam a aliviar a depressão. Assim, recrutaram 67 pessoas clinicamente deprimidas e as dividiram em grupos. Um grupo foi a reuniões com um nutricionista que os orientou a seguir uma dieta ao estilo mediterrâneo. O outro grupo, servindo de controle, se reunia regularmente com um assistente de que fornecia apoio social, mas sem conselho nutricional.
No início do estudo, ambos os grupos consumiam muitos alimentos açucarados, carnes processadas e salgadinhos, e muito pouca fibra, proteínas magras ou frutas e vegetais. Mas o grupo de dieta fez grandes mudanças: substituíram doces, fast food e pastéis-por alimentos integrais, como nozes, feijão, frutas e legumes, mudaram de pão (branco para o integral e trocaram carnes altamente processadas, como presunto, salsicha e bacon, por frutos do mar e alguma carne vermelha magra.
Ambos os grupos foram aconselhados a continuar tomando os medicamentos prescritos. O objetivo do estudo não era verificar se uma dieta mais saudável poderia substituir a medicação, mas se poderia fornecer benefícios adicionais.
Após 12 semanas, as taxas médias de depressão melhoraram em ambos os grupos, o que pode ser esperado em qualquer ensaio clínico que forneça suporte adicional. Mas as taxas de depressão melhoraram muito mais no grupo que seguiu a dieta saudável: cerca de um terço dessas pessoas não foram mais classificadas como deprimidas, em comparação com 8% das pessoas do grupo de controle. Os resultados foram surpreendentes. A dieta beneficiou a saúde mental, embora os participantes não tenham perdido peso.
“A saúde mental é complexa. Comer uma salada não vai curar a depressão. Mas há muito que você pode fazer para levantar o humor e melhorar sua saúde mental, tão simples quanto aumentar a ingestão de vegetais e alimentos saudáveis”, disse Felice Jacka, presidente da Sociedade Internacional para a Pesquisa de Psiquiatria Nutricional e principal autora do estudo.
MAIS PESQUISAS
Outros estudos randomizados relataram resultados semelhantes. Em um trabalho com 150 adultos com depressão publicado no ano passado, descobriram que as pessoas designadas para seguir uma dieta mediterrânea suplementada com óleo de peixe por três meses tiveram maiores reduções nos sintomas de depressão, estresse e ansiedade após três meses em comparação com um grupo de controle.
Ainda assim, nem todo estudo teve resultados positivos. Um grande estudo de um ano publicado no JAMA em 2019, por exemplo, descobriu que uma dieta mediterrânea reduziu a ansiedade, mas não evitou a depressão em um grupo de pessoas de alto risco.
A maioria dos profissionais psiquiátricos não adotou recomendações dietéticas, em parte porque os especialistas dizem que mais pesquisas são necessárias antes que eles possam prescrever uma dieta específica para a saúde mental.
Mas especialistas em saúde pública em países ao redor do mundo começaram a encorajar as pessoas a adotarem hábitos saudáveis. Asassociações de Psiquiatras da Nova Zelândia e Austrália emitiram diretrizes encorajando médicos a recomendarem dieta, exercícios e o fim do tabagismo antes de iniciarem os pacientes com medicação ou psicoterapia.
Alguns médicos por conta própria, já estão incorporando a nutrição em seu trabalho com os pacientes. Drew Ramsey, psiquiatra da Universidade Columbia, em Nova York, começa suas sessões com novos pacientes analisando seu histórico psiquiátrico e, em seguida, explorando sua dieta.
Segundo ele, alimentos como frutos do mar, vegetais, grãos, feijões, além de um pouco de chocolate amargo, ajudam a promover compostos como o fator neurotrófico derivado do cérebro, uma proteína que estimula o crescimento de novos neurônios e ajuda a proteger os já existentes.
Ramsey disse que não quer que as pessoas pensem que o único fator envolvido na saúde do cérebro é a comida.
“Muitas pessoas comem exatamente da maneira certa, vivem vidas muito ativas e ainda têm problemas significativos de saúde mental”, diz.
Mas ensina que a comida pode ser fortalecedora:
“Não podemos controlar nossos genes nem se traumas e episódios de violência acontecem conosco. Maspodemos controlar o que como comemos, e isso garante benefícios concretos que ajudam a cuidar da saúde do cérebro.
Diante do anacronismo das letras ou de referência machistas, racistas, homofóbicas ou de estimulo à violência, muitos artistas, em uma espécie de autocrítica, decidem eliminar canções clássicas de seu repertório ou modificá-las para que sejam aceitas nos novos tempos
O cantor e compositor Chico Buarque decidiu excluir definitivamente a música Com açúcar, com afeto, um dos seus maiores clássicos, do repertório de shows. Não foi por uma pressão imediata do movimento feminista ou por qualquer conteúdo aversivo da canção. Nem por uma cobrança social pela autocensura. Trata-se de uma espécie de precaução anti-cancelamento, de uma revisão critica movida pela constatação de que a música caducou diante dos novos comportamentos e da evolução da condição da mulher. Composta em 1967, a pedido da cantora Nara Leão, que encomendou para Chico uma exaltação da fêmea sofredora no estilo de velhos sambas, como Ai, que saudades da Amélia. a música, embora seja ótima, hoje pode ser ouvida apenas como um elogio à submissão feminina. A situação que ela apresenta é típica de uma mentalidade do passado em que o homem saía para a rua e a mulher ficava em casa resignada, só esperando ele chegar depois da esbórnia.
Para Chico, que revelou a intenção de abandonar a música no documentário “O Canto Livre de Nara Leão”, ela não cabe mais nas suas apresentações. “As feministas têm razão, mas elas precisam compreender que naquela época não passava pela cabeça da gente que aquilo era uma opressão, que a mulher não precisa ser tratada assim. Elas têm razão. Eu não vou cantar Com açúcar, com afeto mais e se a Nara estivesse aqui, ela não cantaria, certamente”, disse o artista. É sabido que a canção já estava fora de seus espetáculos há muito tempo, desde 1986. Mas Chico marcou posição citando feministas em geral. E reforçou uma discussão sobre a cultura machista de diminuir, menosprezar ou demonizar a mulher, seguindo um caminho que vem sendo adotado por muitos outros cantores e bandas de refletir sobre o anacronismo de parte de suas obras. Recentemente, os Rolling Stones também anunciaram que excluiriam de seus shows a música Brown Sugar (Açúcar Mascavo), lançada no álbum Sticky Fingers, em 1971. Nela, há referência a uma mulher vendida como escrava e sendo chicoteada por um velho feitor por volta da meia-noite. Alguém que ouve o barulho do chicote canta no refrão “Açúcar mascavo, como é que você tem um gosto tão bom”, em uma evidente sensualização da violência contra a mulher negra. Desde 1995, pelo menos, o vocalista da banda, Mick Jagger, via problemas na música, que romantiza a escravidão e reafirma estereótipos. Em uma entrevista para a revista Rolling Stone, ele declarou que “nunca a escreveria agora”. “Eu, provavelmente, me censuraria”, completou. Já o guitarrista Keith Richards demonstrou resistência à exclusão de Brown Sugar do repertório das apresentações, e disse que ela trata dos “horrores da escravidão”, ou seja, que é mais crítica do que politicamente incorreta. A decisão final da banda, porém, se alinha com a tendência geral de admitir erros do passado e atender demandas identitárias e alinhadas com uma visão histórica renovada, que não negligencia, por exemplo, o sofrimento de milhões de africanos trazidos à força para a América.
Chico não foi tão longe como os Stones na incorreção política em Com açúcar, com afeto, embora as duas músicas tenham açúcar como mote, mas percebeu que a canção tem problemas. “Não houve qualquer pressão do movimento feminista, o que deve ter acontecido é que ele deve ter ouvido das amigas que a música estava datada”, diz a blogueira feminista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Lola Aronovich. “Tem gente que pode ver a exclusão como uma espécie de autocensura imposta por valores culturais, mas é só uma decisão do artista. Há uma velha tática machista de criar falsas polêmicas em nome do feminismo para deslegitimá-lo”. Em 1942, quando, por exemplo, Ataulfo Alves e Mário Lago lançaram Aí, que saudades da Amélia, que se tomou um símbolo da mulher submissa, eles não poderiam imaginar que haveria uma profunda transformação social. Vinte cinco anos depois, na gravação de Com açúcar, com afeto, apesar da contracultura e da popularização das ideias progressistas, a condição feminina ainda era desigual e precária e a resignação e a passividade eram tratadas como virtudes. São músicas que retratam uma época. Mas o tempo passa e os artistas continuam refletindo sobre a mudança da realidade e são pressionados a rever politicamente suas obras, buscando uma correção, um ajuste e atualização de postura por causa da evolução mental de seu público.
Em geral, a decisão de cantores de excluir músicas de seus repertórios tem envolvido temas como machismo, racismo, homofobia ou estímulo à violência. Nos últimos dez anos, o movimento hip hop e os músicos de rap brasileiros, por exemplo, numa revisão crítica que começou bem antes de Chico Buarque e da MPB, têm discutido profundamente a questão do machismo e do preconceito nas músicas. Em 2017, o líder dos Racionais MC’s, Mano Brown, declarou que nunca mais cantaria determinadas composições suas da década de 1990, como Mulheres Vulgares e Estilo Cachorro. Em Mulheres Vulgares, Brown perguntava “Mulher, que tipo de mulher?/ Se liga aí: derivada de uma sociedade feminista/ que considera e diz que todos somos machistas”. Para justificar sua decisão, o rapper disse em uma entrevista que foi “criado de maneira machista, mas o mundo está mudando – e para melhor”. “Não podia continuar errado desse jeito. Não faz nenhum sentido o homem ser beneficiado só por ser homem, é injusto”, declarou.
REVISÃO NO RAP
Antes de Brown, em 2013, o rapper Emicida enfrentou críticas por conta de versos machistas na música Trepadeira, do disco “O Glorioso Retomo de Quem nunca esteve aqui”, na qual diz, por exemplo, que “Margarida era rosa, bela, cheirosa e grampola/Chamei de banquete era fim de feira/Estendi tapete, mas ela é rueira/Dei todo amor, tratei como flor/ mas no fim era uma trepadeira”. Diante dos ataques. Emicida se defendeu afirmando que a música “não é um manifesto de como eu percebo as mulheres”. “Isso gerou uma provocação muito importante para mim, de pensar e ajudar a ver um monte de coisa que, não é que eu não visse, mas que eu não dava a atenção que tinha que dar”, completou. Com o mesmo espírito revisionista, o rapper Criolo alterou em 2018 sua música Vasilhame, de 2006, e no lugar de “os traveco tão aí! Alguém vai se iludir” colocou “o universo tá aí! Alguém vai se iludir”. Já há tempos a palavra “traveco” se tornou inaceitável e ofensiva. A dupla Sandy e Júnior também alterou o final da letra de Maria Chiquinha por causa do conteúdo machista. A cantora e compositora de hip hop Lívia Cruz, que promove uma discussão sobre o lugar das mulheres no seu ambiente musical, acha que essas iniciativas de revisão histórica podem ser “uma faca de dois gumes”. “Acho importante que exista um debate sobre discursos que depredam as mulheres, mas não podemos personalizar em um artista a responsabilidade por um problema social”, diz. “O maior problema é que a crítica é desproporcional e pode virar uma espécie de censura, além de levar a uma postura de cancelamento do autor. O rap é machista, o hip hop é machista, mas o mundo é machista.” Segundo ela, frequentemente a música pode estar promovendo uma crítica à condição da mulher submissa em vez de um elogio à submissão, como acontece em outra canção de Chico Buarque, Mulheres de Atenas. “Depende muito da interpretação”, afirma. Para Lívia, músicas não devem ser banidas ou censuradas, mas lembradas e incluídas no debate público.
Davi muito se angustiou […], porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no Senhor, seu Deus (1Samuel 30.6).
Você não gerou filhos para o cativeiro. Seus filhos são herança de Deus. São filhos da promessa. Nunca desista deles. Nunca deixe de lutar por eles. Davi estava sendo perseguido de forma implacável pelo rei Saul. Depois de se esconder em cavernas e desertos, precisou fugir de Israel, buscando asilo político entre os filisteus. Designaram-lhe a cidade de Ziclague, onde sua família e as famílias de seus valentes permaneceram. Certa feita, quando Davi e seus homens chegaram a Ziclague, a cidade havia sido atacada pelos amalequitas. Feriram e queimaram a cidade. Levaram cativos os filhos, as filhas e as mulheres. Ao ver a cena, Davi chorou até não ter mais forças para chorar. Seus homens se revoltaram contra ele e queriam apedrejá-lo pelo fato de seus filhos estarem nas mãos do inimigo. Quando a cena parecia irremediável, Davi se reanimou no Senhor e pôs-se a orar. Perguntou a Deus se deveria perseguir o inimigo. Deus não apenas deu resposta positiva, mas lhe fez uma sólida promessa: “Persiga o inimigo, pois tudo o que ele tomou, você trará de volta”. Davi reconheceu que o nosso Deus é o Deus da restituição. Fortalecido pela promessa, Davi saiu ousadamente e triunfou sobre os amalequitas, trazendo de volta as mulheres, os filhos e as filhas. Nada ficou nas mãos do inimigo, nem coisas pequenas nem grandes. Tudo Davi tornou a trazer. Não deixe seus filhos nas mãos do inimigo. Lute também por eles. Chore por eles. Não desista deles!
Empresas disputam palavras-chave do Google na justiça
Uma loja de roupas ocupa a calçada com balões, serpentina e cartazes de promoções em letras garrafais, cores berrantes e português duvidoso. Sua concorrente vizinha contra-ataca e escala um locutor fantasiado de Batman para circular pelo quarteirão com uma caixa de som portátil e anunciar liquidações em generosos decibéis. A disputa pela atenção da freguesia sempre foi acirrada no comércio de rua. Já o foco atual das grandes redes varejistas é o meio digital, com o crescimento do comércio eletrônico. Nessa seara, links patrocinados em plataformas como o Google se tornaram estratégias criativas – e muitas vezes decisivas – para atrair o consumidor. A novidade é que a concorrência pela clientela ganhou ares de vale-tudo na internet e foi parar na Justiça.
Os recentes processos entre Magazine Luiza e Via – dona de Casas Bahia e Ponto – com acusações mútuas de concorrência desleal no Google são só um exemplo. Brigas judiciais se tornaram comuns: levantamento da empresa de pesquisa jurídica Juit listou 505 processos contra companhias que compraram o nome de um concorrente com o link patrocinado.
JUÍZES VEEM VIOLAÇÃO DA LEI
O serviço do Google oferece a possibilidade de uma empresa pagar para que seu site seja exibido nas primeiras posições no resultado das buscas por determinado termo. Marcas usam isso para aumentar seus acessos e vender mais produtos. Quando o usuário digita “Magazine Luiza” no Google, por exemplo, o buscador devolve, como primeiro resultado, o link da varejista. O motor de busca permite, no entanto, que concorrentes comprem o nome dessa marca como link patrocinado. Na Justiça, a acusação é que ao escrever “Magalu”, o usuário acabava encontrando um link para Casas Bahia como primeiro resultado. A Via ( processou o Magalu por fatos similares,
Existem 657 decisões judiciais sobreo tema, 71% delas de segunda instância. Na maioria dos casos, o Judiciário entende que a prática viola a Lei de Propriedade Intelectual. Os processos envolvem muito dinheiro. Uma grande varejista gasta em média 2% do seu faturamento com marketing.
As disputas em diversos setores, do turismo às redes, de fast food a floriculturas vem de longe. Em 2014, o Groupon, extinto site de compras coletivas, processou o Hotel Urbano (hoje Hurb) no Tribunal de Justiça do Rio (TJ- RJ) porque a agência digital de viagens adquiriu a palavra “Groupon” na plataforma de links patrocinados do Google. Com isso, o primeiro resultado exibido a quem procurasse o termo era o site da Hurb.
Na primeira instância, o TJ-RJ concedeu tutela antecipada para que o Hurb interrompesse a compra do nome do concorrente. A empresa recorreu e, em 2018, os desembargadores ratificaram a sentença.
O tribunal entendeu que “a utilização do nome de marca concedida a empresa concorrente como palavra-chave (… ) caracteriza concorrência desleal, por permitir a atração indevida de clientela, com a confusão ao consumidor”. O Hurb foi condenado a pagar indenização de R$50 mil.
Procurado, o Hurb disse ter abolido a prática. E, inclusive, processa concorrentes em casos em que sua marca é que foi comprada como palavra-chave. Diz já ter obtido decisões favoráveis. “A empresa está acompanhando e agindo na defesa de seus direitos nos processos atualmente em curso e segue à disposição para fornecer demais informações necessárias”, afirmou em nota.
Mesmo com a mudança de comportamento de algumas empresas, a prática continua. Em 2010, não havia nenhum processo sobre o tema. Em 2021, foram 133 questionamentos judiciais, um recorde.
O MaxMilhas, site de passagens aéreas, passou pelo problema várias vezes e decidiu reagir: processou a agência de viagens digitais eDestinos. Em 2020, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que a agência deixasse de usar o nome “MaxMilhas” como palavra-chave de seus anúncios e pagasse uma indenização por danos morais, de RS20 mil. “Ao identificar prática de uso indevido de palavras-chave que possam confundir o consumidor da MaxMilhas em decisão de escolha, reconhecimento da marca ou mesmo trazer impactos financeiros, são realizados acompanhamentos e notificações em empresas para a imediata solução”, disse a empresa em nota.
Em 2021, uma briga envolvendo o nome do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, morto no ano passado. A Futon Company pediu que o TJ-SP impedisse a WestWing de usar seu nome como palavra-chave no Google. No processo, disse ainda que a WestWing associava o termo “cadeira paulistano”, projetada por Mendes da Rocha nos anos 1950 e comercializada apenas pela Futon, como palavra-chave em seu site. O tribunal entendeu em junho de 2021 que se tratava de ”uso parasitário dos nomes” e concedeu uma cautelar determinando que a WestWing cessasse a prática. O processo não teve ainda julgamento sobre o mérito do caso.
Em nota, a WestWing afirma nunca ter usado o termo “Futon Company’ ‘em sua estratégia de adwards no Google, apenas “futon’, o nome de uma categoria de estofados e não de marca própria. A empresa afirma ainda que usou o termo ”cadeira paulistano” em uma matéria sobre design em seu site, já retirada do ar, e nunca em sua estratégia digital. E ressalta que o processo ainda não tem decisão final.
Entre as plataformas de links patrocinados em sites de busca, o Google é o líder, seguido por Bing, da Microsoft, e Yahoo. A compra de palavras-chave funciona como um leilão. Quem adquire primeiro paga mais barato e, como em uma corrida de Uber, o preço sobe se há aumento da demanda pela mesma palavra.
No geral, se uma empresa A compra o nome da concorrente B como palavra-chave para busca, vai pagar mais caro por que não tem esse termo em seus sites. Mas o preço daquela palavra sobe também para a dona da marca. Deoclides Neto, presidente da Juit, que mapeou os processos do tema, diz que uma agência de viagens chegou a desembolsar R$ 80 mil a mais por mês sempre que uma concorrente comprava seu nome no Google Ads.
”Tribunais entendem maciçamente que a prática é um ato feito por empresas que visam a retirar clientela do concorrente. As indenizações têm variado de RS5 mil a R$ 200 mil. Há casos em que se consegue coibir a pratica no mesmo dia em que ocorre”, diz.
Os processos geralmente envolvem as duas empresas, mas podem incluir as plataformas que permitiram esse tipo de estratégia. Nesses casos, as big techs podem ser condenadas de maneira solidária a pagar indenizações. Quem recorre das sentenças perde em 78% dos casos, segundo a Juit.
GOOGLE: NÃO HÁ CONSENSO
O Google afirmou que não restringe o uso de marcas registradas como palavras-chave, “mas limita seu uso no texto do anúncio, o que é permitido apenas ao detentor da marca ”Ao exibir duas marcas lado a lado, como acontece em uma gôndola de supermercado (…), estamos garantindo que o consumidor tenha os elementos necessários para fazer uma escolha informada sobre o produto ou serviço que está buscando. Entendemos que se trata de uma prática comum e legítima de concorrência no mercado”, afirmou a empresa em nota. Para o Google, não há consenso jurídico: “O assunto está em franco debate nos tribunais brasileiros”.
Há cem anos, a ainda pacata vida cultural de São Paulo foi abalada pela Semana de Arte Moderna. Um grupo de intelectuais, vários deles ligados à Academia Paulista de Letras, usou o espaço do Teatro Municipal para indicar vanguardas e criticar modelos antigos, como a poesia Parnasiana.
Aqueles dias ,memoráveis viraram tópico de estudo. A Semana aparece nos vestibulares. Vários dos integrantes transformaram-se em “medalhões” da cena artística. A poeira baixou um pouco. Não sei se há uma pesquisa, no entanto, imagino que existam boas tribos citando “ora direis ouvir estrelas” de Bilac como há encantados com o ódio de Bandeira ao “lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”. O volumoso rio da língua portuguesa admitiu igarapés variados.
Sou historiador e não literato. Tenho dúvida se modernos e parnasianos seriam inimigos ou faces distintas de uma mesma moeda. De um lado, uma cara arrojada e arlequinal; de outro, uma coroa de fraque e pince-nez – ambos fundidos do mesmo metal raro e algo elitista. Do ponto de vista da novidade, Carolina de Jesus é um terremoto social mais denso com seu Quarto de Despejo do que os debates de 1922. Se não quisermos entrar na delicada seara social-étnica, tenho a sensação de que, bem antes daquele fevereiro de 1922, O Guesa de Sousândrade tinha um potencial revolucionário certamente perturbador.
Volto ao tema: 1922, foi um ano agitado! Em fevereiro, São Paulo gritou ao mundo seu orgulho de vanguarda. Em março, fundava-se o Partido Comunista, em Niterói (RJ). No início de julho, os canhões do Forte de Copacabana anunciavam o começo do fim da República Velha. E, claro, Epitácio Pessoa passaria o poder ao famigerado Arthur Bernardes em meio às celebrações do centenário da Independência. Nos agitados meses de 1922, o mundo ainda veria o choro inicial de um futuro laureado do Nobel: José Saramago. Naquele ano, o prêmio foi para o espanhol Jacinto Benavente.
No mundo de 2022, quem seria moderno? A primeira e segunda geração de modernistas já viraram nomes de ruas, praças e bibliotecas. No atomismo atual, onde estaria a modernidade? Acho que o máximo da vanguarda modernista hoje é ler um livro inteiro sem consultar redes sociais durante a leitura. Quem faz isso está além de Macunaíma de Mário ou da pedra poética de Drummond. Ler e pensar já é ato de modernidade completamente fora do padrão e de imensa ousadia.
IRRITAÇÃO, ESTRESSE OU DOENÇA: POR QUE O OLHO TREME?
Mioquimia da pálpebra geralmente não é sinal de nada sério e desaparece sozinha sem intervenção médica, dizem especialistas
Espasmos nas pálpebras, embora irritantes, “raramente são um sinal de algo sério”, disse Stephanie Erwin, optometrista do Instituto Cole Eye da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos. O tipo mais comum de tremor ocular é uma série de contrações musculares chamadas mioquimia palpebral, que produz contrações involuntárias e intermitentes da pálpebra, normalmente a inferior.
Apenas um olho é afetado por vez porque a contração se origina no músculo ao redor do olho, e não no nervo que controla o reflexo de piscar, que envia a mesma mensagem para ambos os olhos simultaneamente, acrescentou Erwin. Os espasmos podem durar de horas a dias e meses.
“Se a contração persistir por um longo período de tempo ou for acompanhada de sintomas adicionais, é uma boa ideia ser examinado por um oftalmologista para garantir que nada mais esteja acontecendo”, disse ela.
Se os espasmos se espalharem para outros músculos do rosto ou se você notar que os dois olhos estão se contraindo ao mesmo tempo, esses são indícios de um problema mais sério. Outros sinais de alerta incluem uma pálpebra caída ou um olho vermelho. Mas se apenas uma pálpebra está se contraindo, geralmente é um caso inofensivo (e muitas vezes exasperante) de mioquimia palpebral.
“Ninguém sabe exatamente por que (isso acontece)”, disse Alice Lorch, oftalmologista do Massachusetts Eye and Ear, em Boston. “Às vezes, decorre de uma pequena irritação, por exemplo, uma lente de contato esfregando na pálpebra.
HIDRATAÇÃO E DESCANSO
Não há solução rápida para a contração da pálpebra quando ela começa, disse Lorch. Mas colírios que lubrificam o olho podem ajudar. O ideal é escolher aqueles que não contenham conservantes, porque os conservantes químicos às vezes podem ser irritantes. Você também pode tentar massagear os olhos no chuveiro ou cobrir os olhos com um pano úmido e morno antes de dormir, acrescentou ela, o que ajudará a relaxar os músculos dos olhos e abrir as glândulas nas margens das pálpebras. Isso aumenta o fluxo de óleo nos olhos e retarda a evaporação da lágrima.
Outras medidas preventivas incluem descansar mais e reduzir o estresse.
“A contração é um sinal do seu corpo pedindo para você desacelerar”, disse Raj Maturi, porta-voz da Academia Americana de Oftalmologia.
Diminuir a ingestão de cafeína também pode ajudar a evitar espasmos nos olhos, porque grandes quantidades podem levar à tensão muscular – uma ou duas xícaras de café por dia é OK, disse Lorch. Também é importante manter-se hidratado e ter uma deta balanceada que inclua alimentos ricos em potássio (batatas, bananas e lentilhas são ótimas fontes),
magnésio (encontrado em vegetais de folhas verdes, grãos integrais, feijão, nozes e peixes) e cálcio (laticínios, sardinha, folhas verdes escuras ou cereais matinais fortificados), uma vez que desequilíbrios nesses minerais podem levar a espasmos.
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS
Água tônica às vezes é apontada como remédio para espasmos nas pálpebras porque contém uma pequena quantidade de quinina, um medicamento usado off-label para tratar cãibras noturnas nas pernas. Mas não há evidências científicas de que previna ou alivie a contração das pálpebras. Raramente, os oftalmologistas também usam Botox para interromper a contração injetando uma pequena quantidade no músculo orbicular que envolve as pálpebras, mas isso é feito “apenas em casos graves”, disse Erwin.
A mioquimia da pálpebra geralmente desaparece sozinha sem intervenção médica, disseram os especialistas. Para a maioria dos pacientes, é apenas uma questão de descansar, tomar medidas para reduzir o estresse, lubrificar o olho e esperar.
Tratamentos que reorganizam a atividade elétrica dos neurônios ganham espaço e controlam com sucesso casos de depressão grave que não respondem aos medicamentos
Nossa, como são lindas as diferenças entre as cores! Agora consigo enxergar coisas belas no mundo. Antes, tudo o que via era feio. Mudaram as lentes dos meus olhos.” Em quatro frases, a americana Sarah, de 36 anos, resume o que é viver com e sem depressão, doença que atinge 300 milhões de pessoas no mundo, 16 milhões delas no Brasil. Sarah, que prefere não ter o sobrenome divulgado, é a primeira pessoa do planeta tratada com uma técnica capaz de fazer desaparecer sintomas graves pouco depois de aplicada. É quase como se a dor fosse arrancada com as mãos, como diz a expressão. Ela sai da mente por meio da modulação da atividade elétrica em partes do cérebro associadas à enfermidade. Melhor ainda, a beleza do método que beneficiou a americana não se restringe ao alívio imediato do sofrimento emocional. Ele foi desenhado para atuar de acordo com cada paciente. Isso porque, sabe-se hoje, assim como há peculiaridades biológicas que distinguem um paciente com câncer de outro, existem diferenças nos padrões elétricos cerebrais entre indivíduos com depressão.
O caminho para que a medicina chegasse à técnica tão eficaz e precisa é longo. Por milênios, a depressão devastou vidas humanas sem que fossem compreendidos os mecanismos físicos e ambientais envolvidos no seu desencadeamento. No conhecido tratado The Anatomy o fMelancholy, publicado em 1621, o autor, escritor e clérigo inglês Robert Burton define o que chama de estado de tristeza permanente como uma enfermidade inata ao ser humano. Burton acertou ao descrever algumas manifestações da doença, mas errou ao dizer que ela seria um atributo de nascença de homens e mulheres. A depressão, na verdade, é resultado de um conjunto de fatores que pode incluir predisposição genética, ambiente, momento de vida. Do ponto de vista fisiológico, é caracterizada pelo desequilíbrio na disponibilidade de substâncias responsáveis pela comunicação entre os neurônios e por alterações nos modelos de funcionamento elétrico do cérebro.
O nó químico que travava o sistema neurológico começou a ser resolvido quando o Prozac chegou ao mercado, em 1988, abrindo a porta para dezenas de outras medicações que reequilibram a concentração dos compostos cujo desbalanço contribui para a manifestação dos sintomas.
A estratégia para alinhar as ondas elétricas do cérebro começa a ser refinada agora – e o tratamento que tirou a americana Sarah do fundo de um poço que ela achava não ter saída é a representação do máximo a que chegou essa evolução até o momento. Existem três técnicas com essa finalidade. A primeira é a eletroconvulsoterapia, conhecida como eletrochoque. Bastante estigmatizada em razão de seu uso muitas vezes de forma cruel – em tortura, inclusive – o método ficou esquecido durante muito tempo, mas voltou a ser adotado em casos de depressão severa sem resposta aos remédios. Só que desta vez com anestesia obrigatória e devendo, sempre, ser realizada por serviços de psiquiatria reconhecidos e respeitados. Na década de 1980, surgiu outro recurso, a estimulação cerebral profunda. Trata-se do implante de eletrodos em áreas do cérebro associadas a doenças. Sua utilização mais conhecida é no tratamento da epilepsia, marcada pelo descompasso repentino dos impulsos elétricos. Em 2008, o Food and Drug Administration, agência americana responsável pela liberação de medicamentas e terapias, aprovou a utilização, contra a depressão, da terceira ferramenta. A estimulação magnética transcraniana (EMT) usa a força do campo magnético (emitido por bobinas posicionadas proximamente às regiões do cérebro que se quer tratar) para promover mudanças nos padrões elétricos. No Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, está sendo realizada uma pesquisa para avaliar seus benefícios no tratamento da depressão em idosos, faixa etária na qual é notificada a mais alta taxa de suicídio no Brasil. Segundo dados de 2019 do Ministério da Saúde, o índice entre eles é de 7,8 por 100.000 habitantes por ano, o triplo do registrado na população em geral, de 6,6 por 100.000 habitantes por ano. A eficácia da EMT gira em torno de 50% a 60%, segundo o psiquiatra Leandro Valiengo, coordenador do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do instituto. Há sessenta participantes, mas os médicos estão recrutando voluntários com mais de 60 anos porque desejam aumentar o número de participantes para 110 até 2023 (as inscrições podem ser feitas pelo e-mail pesquisa.neuropsiquiartia@gmail.com.)
Sarah, a paciente americana, sub meteu-se a um procedimento experimental que foi muito além em eficácia e precisão comparado aos três métodos. Como na estimulação cerebral profunda, ela passou pela implantação de eletrodo. A diferença, crucial, é que ela foi a primeira do mundo a ter os dispositivos colocados nos pontos que o seu cérebro precisava. “Sabemos que os padrões elétricos são distintos entre os pacientes”, disse a psiquiatra Katherine Scangos, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, responsável pelo tratamento. “Criamos uma abordagem personalizada para Sarah.” O processo exigiu o mapeamento dos sinais elétricos trocados entre as células nervosas da paciente para identificar onde ocorriam as modificações elétricas sempre que ela tinha sintomas como pensamentos suicidas e a detecção de um lugar que, se estimulado, poderia mitigá-los. Feito isso, foram colocados dois eletrodos. O primeiro, na área onde a atividade elétrica se altera. O dispositivo monitora continuamente as ondas cerebrais, capta qualquer mudança e envia sinais para o segundo eletrodo de que há algo errado. Este imediatamente dispara impulsos elétricos, durante seis segundos, para restabelecer o ritmo adequado das ondas cerebrais. O mal é cortado pela raiz. A volta do equilíbrio nas transmissões elétricas simplesmente apaga pensamentos depressivos. De fato, o experimento é uma virada na forma de tratar a depressão grave resistente. “Ele aponta um paradigma desesperadamente necessário na psiquiatria”, diz Andrew Krystal, integrante do time de pesquisa. “Mostramos que a medicina personalizada tratou com sucesso uma paciente que havia tentado de tudo”, afirma. Sarah, de fato, fez inclusive eletroconvulsoterapia. Após o implante, ela experimentou emoções que havia esquecido, como a alegria de enxergar as cores do mundo. “Voltei a ter uma vida que vale apena ser vivida”, diz Sarah não tem sintomas há seis meses. Os médicos planejam reproduzir o resultado em pacientes que, como a americana até há pouco tempo, encontram-se presos na escuridão da depressão. Toda a sorte a eles.
Vício em diversões eletrônicas tornou-se doença oficialmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Faltam estudos para determinar a extensão do problema. Para os especialistas, cuidados preventivos são sempre bem-vindos
Agora é oficial. O chamado distúrbio de games é considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O que sacramentou a decisão foi a publicação no mês passado de uma versão atualizada da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, chamada CID- 11. Nela, o problema é definido como um padrão de comportamento caracterizado pela perda de controle sobre o tempo de jogo, sobre a prioridade dada aos jogos em relação a outras atividades importantes e a decisão de continuar de frente à tela, apesar de consequências negativas.
O diagnóstico é dado quando os prejuízos afetam de forma significativa as áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais ao longo de cerca de 12 meses. A descrição lembra você? Ou alguém muito próximo?
“Esse é um problema que já vem ocorrendo há multo tempo, mas que piorou. Hoje, a quantidade de jovens que passam horas e até dias na frente do videogame aumentou muito”, relata o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador de Grupos de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Ele conta o caso de um paciente que chegava a ficar 55 horas seguidas conectado. Não levantava nem para ir ao banheiro, fazendo as necessidades nas calças. Outras pessoas param de tomar banho, se afastam dos amigos, perdem o emprego ou o total interesse pelo estudo.
NADA É DE GRAÇA
Uma boa parte do problema está no modelo de negócios das desenvolvedoras de games, setor aquecido por recentes aquisições bilionárias por parte das big techs. Dizem que não precisa pagar para começar a jogar.
Mas quanto mais tempo elas mantém os clientes engajados, mais conseguem vender “vantagens”. Por isso, analisam constantemente o comportamento dos usuários e testam novas maneiras para evitar que desliguem ou façam outra coisa.
“Os jogos de hoje não têm mais game-over nem pause. Se a pessoa sair ela desasslste seu time. Isso pode gerar medo de retaliação e o famoso F.O. M.O. (sigla para a expressão em inglês fear of missing out, ou medo de ficar de fora). O tempo de vida roubado é terrível”, diz Nabuco, da USP.
MUITA CALMA NESSA HORA
Como sempre acontece quando se descreve casos extremos, é necessário cautela para não cair em graves generalizações. Os games também podem ser benéficos. Representam uma oportunidade de dar uma relaxada depois de um dia de muito trabalho ou estudo. Permitem entrar numa realidade diferente e divertida. Também está comprovado que podem ajudar em casos de ansiedade.
A maioria dos jogadores, obviamente, não leva vidas disfuncionais. Estudo publicado no Jornal de Psiquiatria da Austrália e Nova Zelândia no ano passado estima que cerca de 2% da população mundial sofre do transtorno. Mais pesquisas são necessárias para que se tenha uma ideia melhor.
QUANDO POUCO É MUITO
Mesmo que seja uma percentagem mínima que sofra de distúrbio de games, o problema é que, ainda assim, é muita gente. Se o cálculo australiano estiver certo, há 154 milhões de viciados no mundo.
A Entertainment Software Association, associação comercial da indústria de videogames nos Estados Unidos, estima que haja cerca de 2,6 bilhões de players em todos os continentes. Segundo estimativa da Game Brasil, consultoria especializada no mercado digital, 7 em cada 10 brasileiros afirmam que jogam.
ESTADO X FAMÍLIA
No ano passado, a China, que é o maior mercado de videogames do mundo, introduziu novas regras para a quantidade de tempo que crianças e adolescentes podem jogar. São três horas por semana, limitado a uma hora por dia, das 20hàs 21h e apena, às sextas-feiras, fins de semana e feriados.
No Ocidente, não há notícia de medida tão drástica, As tentativas de coibir os exageros se dão dentro de casa. Nabuco recomenda o engajamento parental. Isso inclui, além de regular e limitar o tempo gasto no videogame, deixar o computador ou o controle no ambiente comunitário da casa para que haja supervisão. Checar esporadicamente que tipo de jogo a criança está jogando, sentar ao lado dela para entender como o jogo funciona e, principalmente, tentar engajá-las em atividades off-line.
QUEM ESTÁ VULNERÁVEL
O perfil de quem sofre de dependência em jogos eletrônicos costuma ser de pessoas do sexo masculino e de classe média. Normalmente, o uso abusivo começa na pré-adolescência ou adolescência.
Pessoas que apresentam doenças mentais prévias, como depressão, têm mais chances de desenvolver o transtorno. O mesmo vale para quem já enfrenta problemas familiares e baixa autoestima, já que, enquanto jogam, elas se sentem parte de alguma coisa que não têm na vida real e ainda se beneficiam do bem-estar provocado pela liberação de dopamina no cérebro.
AJUDA PARA VICIADOS
O tratamento para o transtorno de jogos eletrônicos é similar ao de outros vícios: psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos. A ideia por trás da designação da OMS não é estigmatizar nem proibir os games. Ela procura justamente contribuir para a ampliação do número de diagnósticos e do maior acesso aos diferentes tipos de ajuda, já que as seguradoras de saúde serão pressionadas a pagar pelo tratamento, poisa gora passa a ser reconhecido como uma condição médica.
Mas, de novo: há uma grande diferença entre ser um jogador entusiasmado e ser um viciado. A preocupação exagerada de pais sobre os efeitos dos games nos filhos ainda não foi reconhecida pela OMS como transtorno obsessivo. Ainda não.
… o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva (Salmos 84.6).
Não são as circunstâncias que fazem o homem; é o homem que faz as circunstâncias. Enquanto uns olham para o pântano, outros olham para as estrelas. Enquanto uns naufragam diante das tempestades, outros fazem seu caminho na tormenta. John Milton, aos 50 anos de idade, ficou completamente cego. Depois de sua cegueira dolorosa, escreveu o grande clássico O paraíso perdido. Ludwig Van Beethoven, depois de uma surdez progressiva, ficou completamente surdo aos 46 anos de idade. Sua brilhante carreira musical parecia chegar ao fim. Porém, compôs mais cinco sinfonias, suas músicas mais excelentes. Fanny Crosby viveu 92 anos. Conhecia de cor o Novo Testamento e o Pentateuco. Escreveu mais de 8 mil hinos, muitos dos quais cantava de cor. Seus hinos são entoados no mundo inteiro e ainda inspiram milhões de cristãos. Essa heroica mulher ficou cega na sexta semana de vida. Entretanto, as trevas de sua cegueira não lhe roubaram a alegria da vida nem o entusiasmo para fazer o melhor para Deus. Assim como Deus fortaleceu Fanny Crosby para ser uma bênção, a despeito das circunstâncias adversas, Deus pode sustentar você nos vales da vida, transformando-os em verdadeiros mananciais. Não olhe para os problemas; olhe para Deus e triunfe sobre as circunstâncias!
Com o home office e as novas tecnologias, uma parcela crescente da população abre mão da residência fixa para adotar um estilo de vida que mescla turismo e trabalho
O isolamento social imposto pela pandemia reformulou de maneira radical o mercado de trabalho. Milhões de pessoas espalhadas pelo mundo se viram forçadas a adotar o modelo remoto, fazendo reuniões pela internet e interagindo com seus colegas pelo WhatsApp. Sem a necessidade de ir ao escritório, muitas delas transferiram a base profissional para casas de praia ou no interior, se afastando do ritmo caótico das metrópoles. As mais ousadas se jogaram em um estilo de vida ainda mais transformador. Com o avanço de tecnologias como videoconferências e sistemas de inteligência artificial, as amarras territoriais desapareceram, abrindo espaço para uma geração de nômades digitais. Não é exagero dizer que, em muitos casos, basta um notebook na mochila para dar expediente em qualquer canto do mundo – desde que, é claro, a internet funcione.
Os nômades digitais acabam de ganhar um integrante de peso: Brian Chesky, CEO do Airbnb, a plataforma que ajudou a sacudir o mercado de turismo ao oferecer a viajantes a possibilidade de alugar uma casa ou apartamento por poucos dias, em vez de reservar apenas um quarto de hotel. O empresário anunciou que não terá mais residência fixa. Ele pretende passar algumas semanas em cada destino, começando por Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos, e se hospedar apenas em imóveis disponíveis no app. De tempos em tempos, retornará a São Francisco, na Califórnia, onde fica o escritório central.
Para justificar a decisão, Chesky compartilhou alguns números da plataforma registrados em 2021. Uma em cada cinco reservas no terceiro trimestre foi para estadias de pelo menos 28 dias. E metade delas foi feita por ao menos uma semana. Nos doze meses entre setembro de 2020 e setembro de 2021, mais de 100. 000 hóspedes fizeram reservas de noventa dias ou mais.
É uma grande mudança, já que antes a plataforma era conhecida pelas estadias curtas, de poucos dias. A empresa também abriu doze vagas para o programa Live Anywhere, em que os escolhidos passarão um ano viajando pelo mundo com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. Mais de 300.000 pessoas se inscreveram para a iniciativa.
Pode parecer só uma esperta jogada de marketing. O.k., talvez seja um pouco disso, mas outros exemplos mostram que, com certo grau de desprendimento, até mesmo quem não é o CEO de um app de alcance global e dono de fortuna estimada em 12 bilhões de dólares pode se dar ao luxo de viver assim. O especialista do Google Vinicius de Oliveira sempre gostou de viajar. Morou dois anos na Austrália, fez um mochilão pelo Sudeste Asiático e passou temporadas em diversas cidades do interior de São Paulo. Durante a pandemia, percebeu que poderia abrir mão também da residência fixa. “Trabalhar por doze meses para poder viajar nas férias é coisa do passado”, diz. Nos últimos dois anos, eles esteve em Belém, Maceió e Rio de Janeiro. Ficou algumas semanas em diversas cidades menores de São Paulo, e mesmo dentro da capital paulista explorou períodos em diferentes bairros. Agora, se prepara para passar duas semanas na Argentina. Na volta, vai a Belo Horizonte.
É um estilo de vida que exige desapego material. Vinicius viaja só com uma mochila, onde guarda mudas de roupas suficientes para uma semana. Em outra mala, menor, leva o computador. Ele conta que já sentiu falta de ter um espaço apropriado para trabalhar em lugares onde se hospedou. “Eu também adoro cozinhar, e nem todas as cozinhas são equipadas ou têm os temperos de que gosto”, diz. “Mas quando está em uma cidade diferente, com tanto para conhecer, você releva essas coisas.” Assim, o turismo se mescla à rotina. O almoço é uma oportunidade para conhecer restaurantes locais, e a preguiça na frente da TV nos fins de semana dá lugar a passeios.
A mudança vem sendo feita de maneira desigual, como costuma ser no Brasil. No fim do ano passado, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgaram um estudo que traça o perfil de quem adotou o home office entre maio e novembro de 2020, quando a pandemia estava descontrolada e a vacina ainda longe de se tornar realidade. O levantamento mostrou que a força de trabalho remoto era majoritariamente feminina (57,8%), de pessoas que se declararam brancas (65,3%), com nível superior completo (76%), na faixa de 30 a 39 anos (31,9 %) e empregadas no setor privado (61,1%). Naquele período, 7,3 milhões de brasileiros trabalharam em home office, ou 9,2% da população ocupada. Desde então, o porcentual caiu, com empresas requisitando a volta de seus funcionários.
Alguns setores têm se mostrado mais abertos a adiar o retorno aos escritórios. É o caso dos gigantes de tecnologia, como Google e Apple, que decidiram manter seus colaboradores do mundo inteiro em teletrabalho. Em outros casos, com estruturas hierárquicas muito verticalizadas, adotar o nomadismo digital de forma definitiva é um sonho distante. “O home office é um modelo que veio para ficar, mas não quer dizer que ele, de imediato, vai atingir a maioria”, diz Fábio Mariano Borges, antropólogo, sociólogo e professor da ESPM. Ele traça um paralelo com a internet. “É uma tendência que, primeiro, demora um tempo para se estabelecer. E, depois, atinge maior abrangência.”
De fato, o nomadismo digital já se desenha como uma oportunidade real para uma parcela crescente da força de trabalho. É preciso, porém, ter algumas habilidades importantes, como a capacidade de adaptação e a responsabilidade de entregar as demandas sem a pressão do ambiente corporativo, além de certa autonomia financeira. “Ficou claro na pandemia que não importa o número de horas trabalhadas, mas o resultado final”, diz Borges. De certa forma, adotar um estilo de vida nômade está relacionado a ter poder sobre a própria agenda. Isso, sim, é algo realmente transformador.
Durante o pior da pandemia, em 2020, nos vimos pouco. Você, eu, nossos parentes, nossos amigos, quantos encontros presenciais tivemos? Reuniões por Zoom foram necessárias, aniversários foram festejados à distância, cada um no seu quadrado (mesmo!), mas vá lá, era o que tínhamos naquele longo “hoje” que ainda não virou “ontem”, continua se arrastando. Quantas vezes, nos últimos dois anos, você esteve frente a frente com quem realmente importa?
Foi uma longa solidão. Para uns, insuportável, para outros nem tanto. Não tive problema com o isolamento. Escritor trabalha só, se aquieta em seu ninho. Afora a preocupação com os idosos da família e com o desconhecimento sobre o vírus, me defendi bem. Ao ser perguntada onde doía, eu respondia que doía quando lia as notícias, mas quase dormia tão bem quanto antes. Quase. Impossível não se sentir afetada pela quantidade de vezes que a palavra “morte” era enunciada e no clima pouco amistoso entre os “ele sim” e “ele não”. Não costumo escrever sobre política, mas impossível se calar diante de tanto descompromisso com a saúde, então expus minha indignação e levei bronca de quem se sentiu ofendido pelas minhas opiniões.
Ontem recebi a notícia deque uma amiga desmaiou em casa, foi conduzida ao hospital, o estresse a levou ao chão. Esse esgotamento nos acomete de vez em quando, nossos
“pregos” perdem o poder de sustentação. A gente vem abaixo, quem nunca passou por isso? Problemas familiares, emocionais, financeiros e zás! Caímos.
Cada um de nós precisa encontrar um meio de se reerguer.
Não imaginei que o meio podia ser este: voltei a fazer sessões de autógrafos e elas se tornaram ainda mais significativas. Depois de tanto tempo me relacionando on-line, através das plataformas digitais, voltei a enxergar as pessoas e a me encantar com a expressão de seus olhos. Os olhos. Com o uso das máscaras, ganharam ainda mais relevância, são dos olhos a responsabilidade de substituir o sorriso escondido, são eles que declaram “como eu gosto de você”.
Voltei a me sentir querida e meus leitores voltaram a se sentir indispensáveis. O vigor da presença física e o sentimento declarado através do olhar fazem isso (estou exemplificando com a sessão de autógrafos, mas vale para todos os encontros). Os olhos trouxeram de volta o que perdemos durante nossa invisibilidade mútua. Agente reconhece que faz diferença para o outro no momento exato em que é visto. Eu dependo das palavras, gosto de ler e de ser lida, mas é através do contato visual que me sinto abraçada e acolhida de um jeito que voltou a ser possível.
Tais bebidas à base de grãos, arroz ou leguminosas podem ser consumidas esporadicamente, mas não devem substituir laticínios na dieta, explicam especialistas, que alertam também para o risco dos açúcares adicionados
Já se foram os dias em que a escolha mais complicada que você tinha que fazer na seção de laticínios era se comprava leite com gordura reduzida ou integral. Agora, você encontrará caixas e mais caixas de bebidas lácteas feitas a partir de alimentos que você nunca pensou que poderiam ser “ordenhados” – amêndoa, aveia, arroz, ervilha.
Embora o leite de vaca ainda seja o mais popular, de acordo com as vendas no varejo, as alternativas não lácteas movimentaram cerca de US$ 2,95 bilhões em 2020, um aumento de 54% em relação a cinco anos antes, segundo a empresa de pesquisa de mercado Mintel.
Essas alternativas à base de plantas são normalmente feitas quando hidratamos a leguminosa, as nozes, os grãos ou outro ingrediente principal e, em seguida, pressionamos e coamos o líquido, ou o “leite”. Muitas pessoas os preferem porque querem, ou precisam evitar laticínios, mas alguns escolhem porque acreditam que são mais saudáveis do que o leite de vaca. Alguns especialistas estimulam os consumidores a enxergarem além do hype e eliminarem o rótulo nutricional, porque algumas opções podem não ser tão saudáveis quanto parecem.
Isso dependerá do tipo de leite vegetal que você bebe, se é fortificado, quantos açúcares adicionados contém e como ele se encaixa em sua dieta em geral. Você não deve supor, por exemplo, que os leites vegetais contenham os mesmos nutrientes do leite de vaca, mesmo que a bebida seja branca e tenha a mesma textura cremosa. E algumas das versões adoçadas podem conter mais açúcar adicionado do que um donut.
“Em geral esses leites não lácteos foram promovidos como mais saudáveis, mas esse não é necessariamente o caso”, disse Melissa Majundar, porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética.
O leite de vaca é naturalmente rico em proteínas, cálcio, potássio e vitaminas do complexo B, e muitas vezes é enriquecido com vitamina A (que está naturalmente presente no leite integral) e vitamina D. Embora muitos leites à base de plantas sejam enriquecidos com muitos dos nutrientes encontrados no leite da vaca, nem todos o são.
E muitos não fornecem a quantidade suficiente de nutrientes essenciais, como proteína, potássio e vitamina D”, explicou Jackie Haven, do Centro de Política e Promoção de Nutrição do Departamento de Agricultura dos EUA.
Dito isso, as bebidas não lácteas podem ser alternativas importantes para aqueles alérgicos ou intolerantes ao leite ou que estão evitando laticínios. E elas podem fazer parte de uma dieta saudável, desde que você preste atenção ao rótulo e às informações nutricionais e certifique-se de estar recebendo os mesmos nutrientes essenciais que normalmente obteria do leite real.
De acordo com a SPINS, uma empresa de pesquisa de mercado, os seis leites mais populares são: amêndoa, aveia, soja, coco, ervilha e arroz (excluindo versões misturadas, como amêndoa e coco). A seguir, comparamos as versões originais ou sem açúcar de cada um ao leite integral em termos de sabor, proteína, calorias, gorduras e outros atributos.
LEITE DE AMÊNDOA
A bebida com sabor de nozes é o leite vegetal mais popular, segundo a SPINS. Uma xícara da versão sem açúcar tem apenas 37 calorias – cerca de um quarto da quantidade do leite integral – e cerca de 96% menos gordura saturada. Mas não é páreo para o leite de vaca (nem para as amêndoas cruas) em termos de proteína, visto que tem apenas cerca de 1g, em comparação com os 8g presentes no leite integral. Se você tem alergia a nozes, os especialistas recomendam evitá-la, pois pode desencadear uma reação alérgica.
LEITE DE AVEIA
As vendas desta bebida espessa e cremosa aumentaram 182% de 2020 para 2021, de acordo com a SPINS, tornando-se um dos leites vegetais que mais crescem. Uma xícara da marca popular Oatly! tem pouca gordura saturada (0,5g) e um pouco menos calorias que o leite integral (120 versus 146), mas tem 7g de açúcares adicionados (o leite puro não tem) e apenas 3g de proteína.
Uma xícara contém alguma fibra -2g -, mas Edwin MacDonald IV, diretor de nutrição clínica para adultos da Universidade de Medicina de Chicago, disse que não é muito.
“Se você está procurando benefícios para a saúde, é melhor comer aveia, e não o Leite”, disse ele.
Uma xícara de aveia, por exemplo, tem duas vezes mais fibras do que uma xícara do leite de aveia. A fibra é importante para a saúde intestinal, controle de colesterol e açúcar no sangue e para manter o peso.
LEITE DE SOJA
Quando fortificado com cálcio e vitaminas A e D, o leite de soja é o único leite não lácteo que é comparável ao leite de vaca em termos de equilíbrio de nutrientes, de acordo com as diretrizes alimentares. Uma xícara tem 6g de proteína, 105 calorias e cerca de 89% menos gordura saturada do que o leite integral. Feito à base de soja, tem consistência semelhante ao leite de vaca e é fonte natural de potássio.
“Se você está procurando um substituto do leite que seja nutricionalmente equilibrado, ervilha e soja serão os melhores”, disse David Ludwig, endocrinologista e pesquisador de obesidade do Hospital Infantil de Boston.
Embora tenha havido alguma preocupação com os compostos que imitam o estrogênio chamados isoflavonas na soja, não há dados suficientes para provar qualquer dano ou benefício. Se você é alérgico a soja, os especialistas dizem para evitar a bebida.
LEITE DE COCO
Feito da carne ralada do coco, é naturalmente doce e tem cerca de metade das calorias do leite integral, mas tem pouca proteína (0,5Sg por xícara) e tem 5g de gorduras saturadas – aproximadamente a mesma quantidade no leite integral – e nenhuma gordura insaturada saudável. Tal como acontece com a gordura láctea, há o risco de a gordura do coco aumentar os níveis de LDL, ou colesterol “ruim”, disse Alice H. Lichtenstein, professora de nutrição na Universidade Tufts.
LEITE DE ERVILHA
Às vezes chamada de “leite de proteína’, esta bebida é feita de ervilhas amarelas. ‘Tal como acontece com outros leites vegetais feitos de leguminosas., como o leite de soja, o de ervilha é rico em proteínas (8g por xícara), e as versões sem açúcar contêm cerca de metade das calorias do leite integral e apenas meio grama de gordura saturada.
LEITE DE ARROZ
Feito de arroz integral, o leite tem um sabor naturalmente doce. Tem um pouco menos calorias que o leite integral (115, contra 146 por xícara) e nenhuma gordura saturada; no entanto, é muito pobre em proteínas (0,7g por xícara). Quando comparado a outros leites à base de plantas, “não parece haver nenhum benefício no leite de arroz”, disse Lichtenstein.
A bebida também tem carboidratos de digestão rápida, disse Ludwig, que podem se converter rapidamente em glicose, aumentando os níveis de insulina e açúcar no sangue, uma preocupação potencial para pessoas com diabetes ou com resistência grave à insulina.
Associado a crianças, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade pode se estender à maturidade, com prejuízos devastadores para a vida
É relativamente normal conhecer, ou ao menos ter ouvido falar, crianças e adolescentes diagnosticados com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Mas há um contingente enorme de adultos que manifestam a condição, sofrem consequências severas na vida afetiva, profissional e social e, pior, nem sequer sabem por que têm a vida tão atribulada. Segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), há no Brasil cerca de 2 milhões de indivíduos nessa situação.
O TDAH é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por impulsividade, desatenção e agitação. Está associado a alterações cerebrais registradas em pesquisas de imagem. Estruturas como a amígdala, o núcleo accumbens e o hipocampo, todas relacionadas ao processamento das emoções e ao sistema de recompensa, apresentam volume menor quando comparadas às de pessoas sem a condição. Isso significa uma quantidade mais reduzida de neurônios na região, fenômeno com repercussão negativa no funcionamento desses mecanismos. Recentemente, ganharam impulso as pesquisas sobre sua apresentação em adultos, aspecto até então pouco elucidado. Trata-se de um fascinante e atualíssimo movimento da ciência.
É preciso evoluir muito ainda no conhecimento do incômodo, mas passos relevantes estão sendo dados pela medicina. E o que se sabe até o momento é suficiente para oferecer aos pacientes assistência para que conduzam a vida reduzindo riscos de prejuízos. O grande problema, insista-se, é identificá-los. O TDAH em adultos é uma extensão do problema em crianças, mas há um nó: a maior parte dos pacientes não é diagnosticada na infância,- portanto, não recebe tratamento. É de se esperar, como resultado natural, que esses indivíduos continuem carregando a condição ao longo da vida. Estima-se que dois terços das crianças com TDAH sigam com os sintomas do transtorno na vida adulta porque não receberam diagnóstico.
O desafio na detecção do transtorno está em compreendê-lo. É comum ver isso acontecer com as condições psiquiátricas, sem diagnóstico definido por testes laboratoriais, associadas ao câncer ou à diabetes, e marcadas por manifestações comportamentais que confundem leigos e inclusive profissionais da saúde. A identificação se baseia na avaliação clínica, o que exige uma expertise infelizmente não muito abundante no país. Além disso, também a exemplo de outras enfermidades mentais, o TDAH é estigmatizado. O paciente, seja ele criança, adolescente ou adulto, é visto como preguiçoso, bagunceiro ou simplesmente alguém desagradável.
Em qualquer fase da vida, as apresentações do transtorno têm a mesma raiz, ou seja, a impulsividade, a agitação e a falta de atenção. Na maturidade, no entanto, a abrangência das consequências é mais ampla. O caos provocado em todas as esferas da vida é arrasador. A área profissional é marcada por instabilidade e maior índice de desemprego. Procrastinação, rendimento abaixo da capacidade intelectual, ausência de foco e atenção, dificuldade para seguir rotinas, incapacidade de planejamento e execução das tarefas propostas estão entre os motivos dos costumeiros fracassos. “Além disso, há questões como os frequentes esquecimentos, perdas e descuidos com datas e reuniões importantes”, explica a psicóloga lane Kestelman, presidente voluntária da Associação Brasileira do Déficit de Atenção.
As relações afetivas e sociais são igualmente prejudicadas. Não se sabe com precisão, por não haver estatística confiável, mas o índice de divórcios e separações é maior entre os pacientes. As queixas de desorganização e falta de aptidão para ajudar no gerenciamento da casa são frequentes. Com os amigos, as reclamações mais comuns estão em torno da falta de atenção em conversas, mudanças súbitas de humor, inabilidade para escutar e esperar a vez de falar, além da incapacidade para expressar ideias e colocá-las em prática. O desenrolar de meses e anos assim solidifica na trajetória do paciente um ciclo negativo marcado por baixa autoestima e sentimento de fracasso. Por isso, em cerca de 75% dos adultos os sintomas aumentam ou contribuem para o surgimento de quadros de depressão, ansiedade, bipolaridade, dislexia, distúrbio de sono, dependência química e alcoolismo. “É um sofrimento enorme”, diz a psicóloga Iane.” O paciente fica exausto.”
O primeiro passo para mudar a direção dessa espiral é procurar ajuda caso a história de vida e sintomas se assemelhem aos descritos. Há fontes credenciadas onde buscar informação, como o site da ABDA. Somente a avaliação de um especialista indica a presença do transtorno. Há no Brasil alguns centros especializados. Em São Paulo, funciona o Ambulatório de TDAH em adultos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Na Bahia, há o serviço da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, localizada em Salvador, e no Rio Grande do Sul existe atendimento no Centro de Pesquisa Clínica do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Uma vez identificado, o TDAH pode ser tratado com remédio – a famosa ritalina – associado a terapia e treinamentos que auxiliam na organização de tarefas cotidianas (como não perder compromissos). Ninguém deve sofrer prejuízos tão profundos por falta de assistência. “Os tratamentos existem e devemos trabalhar para que o transtorno não acompanhe o indivíduo até a vida adulta”, afirma o médico Mario Louzã, coordenador do Ambulatório de TDAH em adultos do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Todos ganham quando o mal é cortado pela raiz.
Mais digitalizados, os idosos descobrem os benefícios dos videogames. Além de brincar, eles mantêm a saúde mental em dia
Não é de hoje que a tecnologia deixou de ser um hobby exclusivo dos jovens. Sessentões, setentões, oitentões – ou até mais do que isso – representam fatias relevantes do consumo de produtos eletrônicos e recebem atenção crescente da indústria, que desenvolve estratégias específicas para despertar o interesse desse público. Foi assim com os smartphones, e-readers, tablets e outros gadgets. Agora, a nova fronteira da digitalização que a turma grisalha está desbravando é ainda mais ousada: o mundo dos games.
O setor cresce em ritmo acelerado em todas as faixas etárias, fenômeno que ganhou impulso com o isolamento social imposto pela pandemia. Em 2021, o valor movimentado pela indústria de videogames superou os 300 bilhões de dólares, mais do que os mercados de música e cinema combinados, segundo a consultoria Accenture. O mundo tem 2,7 bilhões de gamers e o número deverá chegar a 3,1 bilhões até 2024. A surpresa vem agora: parte significativa desse público será composta de pessoas da terceira idade.
De acordo com dados da empresa de pesquisa Euromonitor, 21% dos cidadãos com mais de 60 anos jogam videogames no mundo. O número chama a atenção, mas faz sentido. A mesma pesquisa mostrou que 82% dos consumidores com seis décadas ou mais de vida têm acesso a smartphones e 45% utilizam aplicativos de bancos. Com esse grau de digitalização – e a facilidade de jogar em aparelhos de celular – o acesso aos games passa a ser um caminho natural. Tanto é assim que, nos últimos três anos, detectou-se um aumento de 32% entre os gamers de 55 a 64 anos, conforme levantamento da GlobalWebindex.
O interesse dos veteranos por jogos eletrônicos cresceu de tal maneira que já existem até blogueiros gamers com muitos anos de vida. Um dos melhores exemplos é a japonesa Hamako Mori, considerada pelo Guinness a gamer mais velha do planeta. Na casa dos 90 anos, ela conta com pouco mais de 534.000 seguidores. Pelo YouTube, eles assistem à desenvoltura com que Mori passeia por jogos agressivos, como GTAS e Resident Evil, ou títulos contemplativos, como Minecraft.
Outros canais para esse público são ainda mais populares. Além de proporcionar diversão e prazer, videogames podem ser especialmente interessantes para os mais velhos em razão dos benefícios à saúde física e mental que eles podem oferecer. De acordo com um estudo publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, gamers de 70 a 80 anos de idade são capazes de realizar diversas tarefas com a mesma habilidade de pessoas até 50 anos mais jovens, uma vez que a coordenação motora e a atividade cognitiva exigida pela prática mantêm o cérebro mais jovem. Pesquisas mostraram ainda que o hábito de jogar videogames pode eventualmente desacelerar o surgimento de doenças neurológicas, como o Alzheimer. “São benefícios significativos, segundo apontam os estudos”, afirma Venceslau Coelho, médico do Serviço Geriatra do Hospital das Clinicas. “É uma forma de treinar atenção e memória a partir da diversão que os games oferecem. Os idosos estão protegendo o cérebro ao jogar.”
Isso ocorre porque jogos eletrônicos exigem que a pessoa realize diferentes tarefas em ordens específicas, utilize o raciocínio lógico, planeje suas próximas ações e explore o ambiente ao seu redor – atitudes que certamente estimulam a mente. Em um estudo, voluntários de 55 a 75 anos passaram meia hora jogando o clássico Super Mario 64 diariamente durante seis meses. Ao final da pesquisa, publicada no periódico científico Plos One, eles apresentaram melhorias na memória de curto prazo e maiores quantidades de matéria cinzenta no cérebro do que aqueles que não tinham o hábito de jogar. Os games também oferecem benefícios sociais. Muitos permitem que os praticantes disputem partidas online, interagindo com pessoas em diversas partes do mundo. Embora o envelhecimento seja um destino inevitável, já é possível, com a ajuda da ciência e da medicina, retardar alguns de seus piores efeitos. Se for para trabalhar a mente, porque não fazer isso enquanto a pessoa se diverte? Não há dúvida: está na hora de o vovô e a vovó entrarem no jogo.
Tomou o seu cajado na mão e escolheu para si cinco pedras lisas do ribeiro […]; e, lançando mão da sua funda, foi-se chegando ao filisteu (1Samuel 17.40).
Certa feita, o rei Saul vestiu Davi com sua armadura. Colocou em suas mãos sua espada, pensando com isso equipar o jovem pastor para a grande batalha com o gigante Golias. Davi nem conseguiu andar com toda aquela tralha. Desvencilhou-se do pesado aparato, correu à beira do riacho, catou cinco pedras lisas e as colocou em seu alforje de pastor. Com a funda na mão, Davi correu em direção ao gigante, certo de que não erraria o alvo. Não adianta trajar roupa de rei sem ser rei. Não vencemos o inimigo trajando armadura alheia. Com uma funda na mão, Davi era capaz de acertar um fio de cabelo, quanto mais a testa de um gigante! Davi era um especialista. Tinha mais do que coragem; tinha preparo! Um vencedor é alguém que se especializa no que faz. Os medíocres ficam aquém da média, os vencedores se erguem acima da média. Os vencedores fazem seu trabalho com excelência. Destacam-se pelo esmero e pela eficiência. Davi venceu o gigante, encravando-lhe na testa a primeira pedrada. O insolente inimigo que desafiou o exército de Israel por quarenta dias acabava de ser derrotado por um jovem pastor. Isso não foi um acidente. Davi confiava em Deus e era um especialista. Nossa dependência de Deus não nos leva para a negligência, mas nos empurra para o trabalho árduo. Trabalhamos como se tudo dependesse de nós e oramos como se tudo dependesse de Deus. Essa combinação produz resultados extraordinários!
Modernidade e aproximação do público jovem são atrativos para empresas ao lançar produtos digitais, diz especialista
Após o boom do e-commerce na pandemia, marcas de diferentes segmentos começam a apostar em um mercado ainda mais tecnológico: a venda de registros de produtos digitais na internet – ou NFTs, para os iniciados no metaverso.
Nívea, Nike e as brasileiras Pantys, de calcinhas absorventes, e Alpargatas, dona da Havaianas, são alguns dos conhecidos nomes do público que lançaram artes digitais nesse formato.
A Alpargatas foi uma das primeiras no Brasil, em maio. O primeiro leilão foi o do gif nomeado “Happy Feet”, arrematado por R$ 5.600. Parte do lucro foi revertida para doações.
Já a Nívea entrou no mercado em dezembro com uma arte chamada “The Value of Touch” (o valor do toque) na plataforma Polygon Scan.
Tokens não fungíveis, ou NFTs na sigla em inglês, criam assinaturas que permitem singularizar o que tornou banal e facilmente reproduzível na Internet. É assim que memes, tuítes e peças de arte que não existem fisicamente estão sendo comercializados por milhões de dólares em plataformas especializadas.
Para tal feito, é usada a mesma tecnologia das criptomoedas: o blockchain, uma espécie de sistema verificador de transações descentralizado e independente de bancos centrais. É possível compará-lo a um livro-caixa global que faz registros de informações – todas públicas, embora anônimas, já que cada usuário é identificado por meio de um código. Sua transação acontece em uma rede descentralizada de internet chamada ethereum (da criptomoeda ether).
O mercado é bilionário. Até 01/02, NFTs movimentaram quase US$20.876 bilhões, dos quais cerca de US$2.310 bilhões foram no ramo da arte, segundo dados da plataforma Non Fungible.
Uma vez comprado, é possível revender o NFT, mas não a obra, o que impossibilita o comprador de comercializar a arte em plataformas de música no mundo físico.
Diante disso, é comum perguntar-se para que, então, comprar o criptoativo. A resposta reside especialmente na revenda por ser insubstituível e exclusivo, a aposta é que esse registro se valorize no futuro.
Emily Ewell e sua sobrinha, Maria Eduarda Camargo, resolveram fazer a aposta. No dia 31/01, a Pantys, marca delas, lançou 33 artes entre fotos, vídeos e gif em NFT. São imagens ligadas ao universo em que atuam, de calcinhas absorventes para menstruação. Cada compra terá parte do seu lucro destinada a doações.
As peças são comercializadas em uma espécie de telão na plataforma OpenSea, e o valor mínimo é US$40,66 (RS215, 29), ou 0,015 ether.
Ewell, que é americana, foi visitar a família nos Estados Unidos em dezembro do ano passado e ficou surpresa com a popularidade do tema por lá. “Na Pantys a gente sempre olhou para conteúdo digital como se fosse um produto mesmo. Os clientes o consomem entre as compras e às vezes traz até mais valor no dia a dia do que comprar as calcinhas, que vão durar de dois a três anos.”
Dessa vez, explica, o conteúdo digital realmente teria um preço. E se alinha com parte do posicionamento da marca, que vende a ideia de modernidade, juventude, tecnologia. A comunidade feminina é menor”, diz Ewell.
Para o professor de finanças na ESPM, Alexandre Ripamonti, a entrada das marcas no metaverso é uma tendência para 2022. “Imagina que você sabe que vai dar sol. Você tem que estar preparado para ir para a praia”, diz.
Além da valorização do NFT, a marca também pode ter ganhos – ou perdas – se escolher preservar criptomoedas na transação.
Além de eventual valorização dos ativos, o especialista diz que o metaverso é mais um lugar para expandir a posição da marca. “Estar presente lá é estar presente em algo que vai ligar a sua marca à inovação, ao público jovem, ao mercado digital’, afirma.
Apesar de ser um universo aparentemente promissor, a cabeça do empresário que vai se aventurar pelos NFTs deve ser a de um investidor de altíssimo risco.
Há alguns meses especialistas vêm alertando para a formação de uma bolha no mercado de criptoativos. E a descentralização, seu trunfo, é também seu calcanhar de Aquiles: não órgãos regulatório para proteger o dinheiro do investidor.
Outro problema foi enfrentado pela Pantys: as críticas ao impacto ambiental dos NFTs, uma vez que a estrutura computacional exigida pela tecnologia demanda muita energia.
Antonieli Nunes Martins, 31, foi morta estrangulada enquanto dormia de conchinhas com um homem, colega de trabalho, de quem estava grávida. Era 2 de fevereiro.
Segundo autoridades de Pimenta Bueno, Rondônia, no dia anterior ele havia sido avisado da gravidez. Casado, não queria assumir a criança, porém, pediu para que ela esperasse um pouco para que acertasse a vida.
Na casa que compartilhavam, após conversarem e ficarem deitados de “conchinha” na cama, ele a imobilizou com as pernas e passou o braço no pescoço dela e só parou de apertar quando sentiu o braço dormente.
Mas Antonieli ainda estava viva. Foi quando ele teria percebido, ido até a cozinha e se armado com uma faca grande, desferindo um golpe fatal no pescoço dela. Então, saiu da casa e jogou faca, celular, teste de gravidez no rio da cidade. De lá, foi à igreja onde o pai é pastor para rezar.
No dia seguinte, colegas preocupados que Antonieli não respondia a mensagens e não foi ao trabalho, foram à casa e a encontraram morta na cama.
Agora, ele está preso e a população local em luto. Antonieli tinha um filho que, segundo familiares, fez três anos no dia do funeral da mãe. Quão desolador pode ser isso para a criança?
Quero aqui expressar minha mais profunda solidariedade à família de Antonieli e me pôr à disposição para ajudar da forma que for possível. Que recebam o conforto necessário da fé que professam e que o amor, a saudade e seu filho sejam um caminho para continuar.
Quando soube, chorei em um misto de sentimentos. Senti por Antonieli, morta achando que estava em um espaço de confiança; senti, pois, mulheres têm sido mortas por homens em uma proporção catastrófica no Brasil.
Senti porque o extermínio existe no mesmo tempo que, na atual administração federal, não há orçamento decente nem vontade política para a criação de políticas públicas para o enfrentamento da violência contra a mulher.
A sociedade é dominada por pessoas do grupo social daqueles que estão matando. Jornais são dominados por homens, assim como as igrejas, partidos políticos, movimentos sociais e eles simplesmente não se importam.
Uma mulher morta, centenas de milhares de mulheres mortas, milhões de mulheres mortas são vistas como algo lateral, um tema que não é de relevância no Brasil. Escrevo com cólera, mas essa é a verdade que precisamos assumir.
Fico a pensar que o crime que matou Antonieli é uma metáfora triste de um Brasil que despreza as vidas das mulheres. E assim, então, mais uma existência feminina se perde e com ela os sonhos que estavam em seu ventre, sonhos esses que ela havia decidido parir ao mundo, mas que não veem a luz do dia. O homem traidor busca limpar os evidências de seu compromisso com as mulheres e vai à igreja de seu pai rezar.
Nesse conto de Brasil, as mulheres, por sua vez, são sufocadas por uma ideia e valores impostas pela necessidade de um homem, um sujeito idealizado que, em momentos de decisão, será corajoso e as salvará como vemos em desenhos, filmes e novelas. Mesmo que a realidade se mostre aos nossos olhos e aquele ser de alma pequena e desprezível seja sempre o que ele é, vivemos a esperar uma imagem de homem que nunca corresponde à realidade. Somos ensinadas o esperar por homens seguro, e apaixonados, mas recebemos homens covardes e controladores. As dissonâncias entre expectativa e realidade muitas vezes iludem mulheres que podem confiar que, agora sim, esses homens serão parceiros em nossas demandas.
Não, não serão.
Há duas semanas, mulheres de diferentes regiões, lugares sociais e espectros políticos se reuniram para exigir o compromisso de pré-candidatos com 19 pontos de políticas públicas para mulheres. Qual jornal destacou em suas capas e seguiu cobrindo nos dias sequentes? Quem cobrou pré-candidatos e qual se comprometeu? Algum representante de alguma religião se manifestou? Sabemos como funciona a sociedade patriarcal.
Lembro que, ao enviar minha contribuição para Marta Suplicy, escrevi que uma política pública necessária para esse país é uma que acolha e apoie os órfãos do feminicídio, uma categoria de, provavelmente, milhões de brasileiros, mas que nunca foi mapeada nacionalmente e que alimenta um ciclo vicioso de danos afetivos e materiais, como já escrevi anteriormente. Nesse caso, mais uma criança se soma a essa população.
A morte de Antonieli revela tragédia por muitas frentes. Que sua família encontre o apoio necessário, que o assassino seja responsabilizado e que possamos apoiar projetos políticos que verdadeiramente priorizem a vida das mulheres.
Devido à sua natureza restritiva, os regimes alimentares impõem uma mentalidade de ‘tudo ou nada’ que nos conduz ao fracasso. Confira os dez passos para você aprender a ouvir os sinais de saciedade do organismo
Começa a dieta. Come demais. Desiste. Repete. Se esse ciclo lhe parece familiar, bem-vindo ao mundo da dieta crônica. As dietas, devido à sua natureza restritiva, impõem uma mentalidade de tudo ou nada que nos leva ao fracasso. Quebrar as regras de uma dieta normalmente leva a um novo ciclo de excessos, que, por sua vez, leva a mais uma dieta.
Janet Polivy, então uma estudante de pós-graduação, e C. Peter Herman, professor de psicologia, começaram a estudar os efeitos psicológicos da dieta na Universidade Northwestern na década de 1970. A pesquisa deles foi inspirada em uma estudante que mencionava que suas colegas de quarto faziam dieta o dia todo, mas à noite “comiam de tudo que estava à vista”. A observação levou a uma série de experimentos fascinantes que destacaram as mudanças psicológicas que ocorrem quando as pessoas começam a restringir sua alimentação.
“As pessoas que fazem dieta mostram diferenças cognitivas na forma como veem as coisas. Não é apenas fazer uma dieta em si. As pessoas viram “dieters” crônicos que estão sempre recomeçando dietas. Torna-se parte de sua identidade”, disse Polivy, agora professor emérito da Universidade de Toronto.
Os estudos foram inicialmente criticados por desencorajar as pessoas a perderem peso. Hoje, porém, um número crescente de cientistas reconhece o custo psicológico da dieta, que muitas vezes pode sair pela culatra e fazer com que as pessoas comam demais. Em uma série de experimentos envolvendo milkshakes e pudim, Polivy e Hernandes cobriram que as pessoas que fazem dieta reagem de maneira diferente aos alimentos do que aqueles que não estão de dieta. Nos estudos, os participantes pensaram que estavam sendo solicitados a provar e avaliar diferentes alimentos. Para começar, algumas pessoas receberam milkshakes, e todos foram convidados a provar e avaliar biscoitos, bolos ou nozes.
Depois de tomar um milkshake, a maioria dos voluntários comeu menos: Mas os “dieters” do grupo fizeram o oposto. Se eles tomaram o shake primeiro, na verdade comeram mais durante o teste de sabor. Parecia que, porque eles já haviam dado” sua dieta de qualquer maneira, decidiram que poderiam comer mais comida.
Em outro grupo de estudos, os participantes receberam pratos de pudim de chocolate antes de provar os sanduíches. Em uma rodada, os participantes foram informados de que estavam comendo ou um pudim de 600 calorias ou um de 300 calorias. Em outra rodada, os pesquisadores trocaram as tigelas, mas mentiram sobre a contagem de calorias.
Mais uma vez os “dieters” se comportaram de uma maneira inesperada. Se comeram o pudim na dieta ou pensaram que o estavam comendo, comeram menos depois. Mas, quando comeram a tigela de 600 calorias -ou pensaram que o tinham feito – eles acabaram comendo mais sanduíches.
“Eles achavam que estavam quebrando suas dietas, então foram embora”, disse Polivy.
Os pesquisadores chamaram esse ciclo – dieta, quebrar a dieta e depois comer demais – de efeito “dane-se”. “Se você faz dieta depois de tomar um milkshake, todas as apostas estão perdidas. É o “Dane-se. Não consigo manter minha dieta agora. Eu já quebrei, então agora eu posso muito bem ir a comer tudo à vista”, disse Polivy.
Os estudos do efeito “dane-se” foram uma das primeiras fontes de inspiração para a nutricionista Evelyn Tribole, coautora do popular livro “Intuitive eating: A Revolutionary anti-diet approach” (“Comendo intuitivamente: Uma revolucionária abordagem anti- dieta”).
“Quando eles escreveram sobre o efeito “dane-se”, eles estavam descrevendo meus pacientes. Eles pensavam: “Já estraguei tudo. Já estou errado. Então vou comer todos os alimentos”, disse Tribole.
Tribole e sua coautora, Elyse Resch, desenvolveram a estratégia da alimentação intuitiva para ensinar as pessoas a pararem de fazer dieta e, em vez disso, sintonizar as necessidades de seus corpos. Ela observa que ouvimos muitos dos sinais biológicos do nosso corpo, como ter uma bexiga cheia. Mas muitas vezes tendemos a ignorar os sinais do nosso corpo sobre fome, saciedade e satisfação.
A alimentação intuitiva oferece um conjunto de 10 princípios orientadores para nos ajudar a sintonizar melhor esses sinais de fome e eliminar fatores externos que nos impedem de ouvi-los.
REJEITE A MENTALIDADE DE DIETA
Procure os sinais da cultura da dieta em sua vida. Eles vêm do seu médico? De membros da sua família? De você mesma? Livre-se dos livros de dieta e pare de seguir contas de mídia social que focam na cultura da dieta e de perda de peso.
HONRE SUA FOME
Pense em como é a fome para você. É sempre um ronco no estômago? Seu humor muda? Você fica irritado(a)? Quando você sentir muita fome esta semana, observe e pense por que isso acontece. Ficou muito tempo sem comer?
FAÇA AS PAZES COM A COMIDA
Faça uma lista de todos os alimentos que você não se permite comer (excluindo quaisquer alergias alimentares). Agora, dê-se permissão para comê-los. Comece com um alimento e preste muita atenção em seu gosto e em como ele faz você se sentir. Você pode descobrir que não gosta da comida tanto quanto pensava – ou redescobrir o quanto ama a comida e se dar permissão para começar a apreciá-la novamente.
DESAFIE A PATRULHA ALIMENTAR
Anos de dieta podem nos ensinar que somos “bons” ao comermos vegetais e “ruins” ao comermos bolo. Faça uma lista de todas as regras que você tem em relação à alimentação. Você evita carboidratos? Nunca come sobremesa? Conta calorias na sua cabeça o dia todo? O que acontece se você quebra uma regra? Você come compulsivamente uma comida e depois se pune por isso? O objetivo aqui é conscientizar quanto espaço do cérebro é dedicado ao policiamento dos alimentos que você come e como essas regras alimentares podem atrapalhar a alimentação consciente.
DESCUBRA O FATOR SATISFAÇÃO
Faça a si mesmo uma pergunta simples: o que é ter uma refeição satisfatória pata você? Pense nos componentes dessa refeição e em como você quer se sentir quando terminar. Sua refeição pode envolver alimentos específicos ou pode ser um piquenique no parque, uma noite em um restaurante favorito ou um jantar ou churrasco com amigos ou familiares.
SINTA SUA PLENITUDE
Preste atenção ao seu corpo no meio de uma refeição ou lanche. Faça duas perguntas: Como está o sabor? Onde estão minha fome e plenitude agora? Tribole observa que algumas pessoas acham esse exercício difícil e não há maneira certa ou errada de fazê-lo.
LIDE COM SUAS EMOÇÕES COM GENTILEZA
Verifique suas emoções fazendo duas perguntas: O que estou sentindo agora? Do que eu preciso agora? A resposta pode ser que você precisa de uma pausa, uma distração (como assistir a um vídeo engraçado), um telefonema com um amigo, um cochilo, uma caminhada. Ou você pode realmente estar com fome. A dieta crônica pode criar uma tendência a reagir às emoções comendo. O objetivo deste exercício é expandir sua caixa de ferramentas para lidar com essas emoções.
RESPEITE SEU CORPO
Evite comentários corporais sobre você e os outros. Reserve um momento consciente para pensar nos comentários corporais que você fez aos outros e nos pensamentos corporais que teve sobre si mesmo. O objetivo deste exercício é aceitar seu projeto genético. Vocênão seculpa pelo tamanho do seu pé ou pela sua altura. Pare de se culpar pelo tamanho do seu corpo. A diversidade corporal faz parte da natureza, e pesquisas mostram que o peso está muito além do nosso controle consciente.
SINTA A DIFERENÇA DE MOVIMENTO
Concentre-se em como se sente quando você se move, seja fazendo tarefas domésticas, caminhando até a caixa de correio ou malhando. E aqui está uma reviravolta: pense em como você se sente quando não está se movendo também. Descansar é importante! O objetivo deste exercício é parar de calcular as calorias que podemos queimar durante o exercício e o movimento e começar a focar em como o bom movimento nos faz sentir.
HONRE SUA SAÚDE COM UMA NUTRIÇÃO SAUDÁVEL
Escolha um vegetal e encontre uma nova receita para torná-lo delicioso. As dietas muitas vezes nos ensinam que os chamados ”alimentos saudáveis” devem ser relativamente insípidos. Tribole observa que muitos de seus pacientes desenvolveram uma aversão a vegetais como resultado de dietas que incluem vegetais cozidos simples ou salada sem molho. A nutrição suave, ela explica, se resume a essa lição: “Faça escolhas alimentares que honrem sua saúde e seu paladar enquanto fazem você se sentir bem”.
A onda global de acompanhar nas redes o dia a dia alimentar de celebridades e anônimos tem o poder de mudar os hábitos à mesa – e pesa a favor da comida saudável
Os programas capitaneados por chefs venerados que produzem alquimias na cozinha já vêm há tempos arrastando multidões para a frente da TV. Aí a internet chegou com tudo e deu nova envergadura ao hábito de assistir ao preparo de receitas – um território que rapidamente se multifacetou: caiu no gosto das pessoas ver as outras, muitas delas anônimas, comendo e discorrendo sobre suas rotinas alimentares na rede. Só a hashtag #Wl1atlEatinaDay (o que eu como em um dia) registra mais de 10 bilhões de visualizações, fenômeno que exibe a uma plateia global do mais espartano sujeito e seu saudável cotidiano de refeições à moça que preenche os dias à base de fast food.
O que se sabe agora é que o sistemático consumo desses vídeos vem influenciando em escala planetária a relação das pessoas com a comida. E não se trata apenas do que comemos, mas também das porções que colocamos no prato e até da cadência com que levamos o alimento à boca. “Alimentação é um comportamento fortemente social e detectamos nesse campo uma enorme tendência de a espécie humana imitar o que observa à sua volta”, afirma Jane Ogden, professora de psicologia da saúde na Universidade de Surrey, no Reino Unido.
Uma nova frente de estudos tem investigado o cérebro para decifrar como se dá esse mecanismo que acaba nos fazendo ansiar o prato do vizinho. A resposta da ciência está nos chamados neurônios-espelho, responsáveis por observar, processar e replicar padrões sociais, que se tornam modelos para regular emoções e tecer interações sociais. As refeições se inserem nesse contexto – copiar o colega ao lado é um gesto social, de aproximação, que se desenrola como resultado de uma frenética atividade da mente. As mais recentes descobertas sobre o tema apontam que o que ocorre ao vivo e em cores se passa em elevadíssima potência quando alguém está assistindo à comilança alheia no mundo virtual.
A boa notícia vem de um vasto levantamento conduzido pela Universidade Aston, no Reino Unido. Ao captar a influência das redes nas escolhas à mesa, a pesquisa constatou que existe uma tendência de as pessoas abraçarem mais os bons do que os maus exemplos – o lado iluminado dos legumes, verduras e frutas vence com uma margem de 15% o dos hambúrgueres e coxinhas, ainda que eles exerçam inequívoco magnetismo. “Eu me inspirei no cardápio de gente que acompanhava na internet para mudar totalmente minha relação com a comida, e foi para melhor”, conta a hoje saudável estudante Gabriela Sahade, 17 anos, que não aguentou: passou ela também a compartilhar seu dia a dia alimentar nas redes, acumulando inacreditáveis 230.000 seguidores.
Mas que ninguém se engane: há muito, muito mesmo, o que se deletar nesse nicho que só faz crescer e aparecer. No rol do que é descartável se encontram os mukbangs, vídeos de ingestão excessiva, veloz e até grotesca de comida que se popularizaram no YouTube e em canais de streaming na Ásia. Fazem tamanho barulho que o governo chinês, liderado por Xi Jinping, decidiu bani-los da internet, justificando que podem conduzir os jovens a comer além da conta e incentivar o desperdício. A iniciativa foi ancorada em uma lei que determinou a varredura de sites e apps que disseminam a prática – os desobedientes pagam multa de mais de 1.000 dólares.
Pesquisadores da faculdade de medicina da Universidade Nacional de Seul rastrearam pessoas que fielmente assistem aos vídeos mukbang e concluiu que 98% tiveram seus hábitos alimentares alterados: uns, com os olhos vidrados na tela, sentiam-se estimulados a comer fora de hora; outros tratavam de copiar pratos desprovidos de nutrientes na refeição seguinte. Houve inclusive registro de ganho de peso na amostra analisada. “Imagens muito apelativas de comida podem ser irresistíveis, provocando no cérebro efeito semelhante ao experimentado pela pornografia”, compara o neurocientista Paul Smeets, da Universidade de Wageningen, na Holanda.
A maior parte dos hábitos humanos é adquirida na infância, especialmente até os 5 anos de vida, mas o processo de aprendizado por meio de exemplos nunca cessa e contém um claro componente cultural. Isso vale para a alimentação. “É o que explica as diferenças de paladar entre japoneses e brasileiros e o fato de casais engordarem ou emagrecerem juntos”, explica a britânica Jane Ogden. A profusão de programas e vídeos voltados para culinária deságua em estímulos visuais que põem o cérebro para trabalhar, desencadeando uma ativa produção de hormônios que abrem o apetite. Em setembro, quem deu gás ao fenômeno mundo afora foi a americana Emily Mariko, que cativou milhões de seguidores com uma receita simples de arroz com salmão desfiado cujo vídeo viria a ser reproduzido milhares de vezes, um daqueles sucessos instantâneos difíceis de decodificar. Só de olhar, deu fome a muita gente. “Assim que vemos a comida, ativamos mecanismos fisiológicos para iniciar o processo de digestão”, diz Maria Luiza Petty, especialista em nutrição e comportamento alimentar. Que tantos e variados estímulos conspirem a favor de um bom prato.
Passar horas em frente ao computador ou ao celular sem proteção acelera o processo de perda de viço da pele. E hora de se render aos filtros solares coloridos
Usar protetor solar todos os dias, faça chuva ou faça sol, é hábito de muita gente. Ainda bem, porque representa escudo vital contra os prejuízos causados pela incidência da luz natural. Sem proteção, há risco de danos ao material genético das células, atalho para o surgimento de tumores como o melanoma, um dos mais agressivos e difíceis de ser tratados. Além disso, o cuidado permanente evita o aparecimento de rugas. O que ainda não entrou na rotina da maioria das pessoas é o costume de usar os produtos que representem algum tipo de defesa para a pele contra a chamada “luz visível” – ou “luz azul” – , irradiada pelo sol, sim, mas também por lâmpadas de LED e tela de computadores, smartphones e aparelhos de televisão. Esse tipo de energia está associado a um extremo desgaste cutâneo que termina por estimular o envelhecimento precoce, a flacidez e o brotar de manchas. E não há dúvida: passamos mais tempo diante de telas do que ao ar livre.
Na verdade, a informação dos malefícios da energia visível à pele é relativamente nova. Ela começou a ser discutida entre médicos e cientistas nos anos 2000, muito tempo depois de a ciência ter apontado os impactos nocivos das radiações UVA e UVB, emitidas primordialmente pelo sol tanto sobre a vitalidade da cútis quanto em relação ao DNA. Atualmente, o que se sabe é que os efeitos desse tipo de luz no processo de envelhecimento da pele estão relacionados principalmente ao componente de pigmentação. “Portanto, seriam clinicamente mais visíveis em pacientes com hiperpigmentação cutânea, como o melasma, ou pessoas com a pele mais morena e com tendência à vermelhidão”, diz o dermatologista Adilson Costa. Trabalhos recentes, contudo, detectaram também a produção de radicais livres, moléculas instáveis associadas ao envelhecimento precoce da pele que podem surgir em qualquer tipo de cútis. Isso basicamente estende a todos a influência nociva sobre a beleza da pele. Não há indicações de que a radiação de aparelhos eletrônicos tenha vínculo com o câncer.
Seria bem mais tranquilo se a proteção contra a luz azul pudesse ser feita da mesma forma que a adotada em relação aos raios solares UVA e UVB. Bastaria pegar firme no uso dos protetores mesmo dentro de casa. No entanto, há obstáculos. A luz azul também é gerada pelo sol e, claro, em potência muito maior. É uma armadilha silenciosa. “Alguns estudos demonstram que a quantidade da radiação emitida pelos equipamentos eletrônicos é inferior à da potência da radiação emitida pelo sol”, justifica Nathalia Harnam, diretora da L’Oréal Cosmética Ativa, divisão da empresa francesa que tem em seu portfólio algumas das marcas de dermocosméticos mais respeitadas do mundo. Ou seja: os danos causados pela luz visível proveniente da radiação solar são bem maiores do que os provocados pela tecnologia. Há artigos científicos mencionando que uma hora e meia a duas horas e meia de exposição à luz do sol, sem proteção solar, seriam equivalentes a 1.952 horas de exposição à luz visível de um aparelho eletrônico a 30 centímetros de distância. Há solução? Em parte, sim. Os únicos protetores que oferecem defesa também contra essa radiação azulada são os que contêm cor. “O pigmento presente na formulação de fotoproteção com cor é muito importante, pois ele atua como uma barreira física de fato, refletindo essa radiação como um espelho”, explica Nathalia Harnam.
Conclusão: para a proteção ser completa, o ideal é que os protetores tenham pigmentos coloridos. Há vários no mercado, como os de cor laranja, que, segundo os fabricantes, oferecem 95% de barreira. O problema é convencer os consumidores a usar os produtos, cujas texturas ou tonalidades às vezes não caem bem. Homens, especialmente, são avessos ao uso de filtros de qualquer tipo, o que dirá ao desses, tingidos. Mas com um pouco de esforço é possível encontrar os mais adequados e discretos e, dessa forma, encarar o sol, o trabalho ou o descanso na frente da TV sabendo que a pele está sob escudo protetor. A saúde agradece.
Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra o filisteu (1Samuel 17.32).
Os gigantes existem e são muitos. Atrevidos e insolentes, espalham-se pelo caminho com o propósito de nos intimidar. Um gigante é tudo aquilo que parece ser maior do que você. Há gigantes reais e irreais. Gigantes que estão fora de nós e gigantes que são criados no laboratório do medo. Quem nunca venceu um gigante dirá a você que é loucura enfrentar um deles. Os covardes pensam que os gigantes não podem ser vencidos. Os medrosos correrão com as pernas bambas de medo. Seu papel não é fugir dos gigantes nem temê-los, mas enfrentá-los e vencê-los. Um vencedor de gigantes é aquele que não escuta a voz dos pessimistas. Um vencedor de gigantes não supervaloriza as dificuldades do passado, mas aproveita as oportunidades do presente. Um vencedor de gigantes lida de forma inteligente e sábia com os críticos. Triunfa primeiro sobre os críticos antes de derrubar os gigantes. Um vencedor de gigantes torna-se um especialista no que faz. Não traja armadura alheia, mas revela destreza em empunhar suas próprias armas. Um vencedor de gigantes sabe que a vitória vem de Deus, porque toda a glória pertence a Deus. Um vencedor de gigantes é encorajador. Não se contenta em fazer carreira solo. Seu exemplo inspira os abatidos e levanta os prostrados. Sua vida é uma bandeira que drapeja no estandarte, convocando os abatidos para a peleja vitoriosa.
Cada vez mais companhias dizem se preocupar com o bem-estar dos seus funcionários, mas falta combinar com os funcionários, que não estão satisfeitos. Veja quais são os erros mais comuns entre os líderes e saiba o que as empresas ainda precisam aprimorar
O tema é pop: todo mundo está falando de saúde mental. Não é de hoje, você sabe. Nos últimos anos, campanhas como o Setembro Amarelo, de prevenção contra o suicídio, e o Janeiro Branco, de conscientização sobre o bem-estar emocional, têm ganhado relevância nas redes sociais. A discussão sobre transtornos como depressão, ansiedade e estresse nunca esteve tão em voga.
Numa pesquisa global do Instituto Ipsos, 53% dos entrevistados brasileiros relataram alguma deterioração na saúde mental em 2020. Foi a quinta maior alta entre os 30 países pesquisados.
É claro que, nesse debate, as empresas não podem ficar de fora. O trabalho pode estar intimamente ligado ao surgimento de transtornos mentais, a começar pela síndrome de burnout. No começo do ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu oficialmente a síndrome na lista de doenças ligadas ao trabalho.
Ações como essa levaram empresas a priorizar o tema. Hoje, 91% dos trabalhadores afirmam que as companhias têm o dever de investir em saúde mental – praticamente um consenso. Não só entre os colaboradores, diga-se, mas também entre os líderes, que dizem ter captado a mensagem. 92% dos CEOs americanos, por exemplo, afirmam que aumentaram seus investimentos em bem-estar emocional dos funcionários após a pandemia. E 96% consideram que suas companhias estão fazendo “um bom trabalho” quando o assunto é cuidar da mente de seus funcionários.
Mas falta combinar com os russos, porque o descontentamento dos colaboradores ainda é generalizado. Uma pesquisa da Oracle em 11 países mostrou que 76% dos funcionários consideram que suas empresas precisam fazer mais para proteger a saúde mental. No Brasil, o número é acima da média global – 84%.
Resumo da ópera: quase toda empresa afirma estar investindo mais em saúde mental, mas nem por isso têm obtido um resultado satisfatório. Por quê?
OS BAND-AIDS
Muito desse descompasso vem de um fato: “Várias ações adotadas ainda são pontuais, como dar um dia de férias para os funcionários porque a pressão no trabalho está enorme. Não são ações preventivas”, conta Rui Brandão, CEO da Zenklub, uma startup que oferece serviços de saúde mental para empresas, como terapia online para funcionários.
Em português claro: nada adianta um day off se, no resto da semana, os funcionários precisam trabalhar o triplo de tempo para compensar. É como tratar uma fratura com um band-aid.
“Soluções” como essa ajudam a explicar a diferença entre a visão dos líderes e dos liderados sobreo quanto as empresas estão se esforçando para lidar com o tema. Outras “medidas band-aid” que viraram febre são os aplicativos de meditação e mindfulness, voltados para combater o estresse, ou as “salas de descompressão”, ambientes aconchegantes para acalmar os funcionários com jogos e guloseimas. Nada disso é ruim. Pelo contrário. Mas não tratam o problema em si, só os sintomas.
Uma solução mais concreta que muitas empresas passam a optar, por outro lado, é a contratação de serviços de saúde mental (terapia online, por exemplo) para oferecer como benefício aos empregados. O crescimento dessa demanda levou a um boom das empresas que oferecem esses serviços, caso da Zenklub, que atende nomes como Ambev e Natura; e da Vittude, cujos clientes incluem o Grupo Boticário e a Renner. De 2019 para 2020, os investimentos em empresas do tipo cresceram 150%, de acordo com a Distrito, uma aceleradora de startups.
Claro que oferecer terapia para os funcionários é uma medida lógica e eficaz quando o assunto é saúde mental. Mas há de se tomar um cuidado nessa dinâmica: ode não terceirizar a responsabilidade. Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, explica que esse foi um desafio enfrentado pela empresa no começo da atuação. “Muitas vezes nós colocávamos a plataforma de terapia na empresa e o uso era baixo, mesmo se a empresa pagasse 100% das sessões. E o número de afastamentos e pessoas doentes era alto. Percebemos, então, que as pessoas não usavam [o serviço] porque o assunto ainda era tabu.” Ou seja: oferecer o serviço não resolve os problemas por si só. É preciso normalizar, tomar natural, o uso – e incentivá-lo. 46% dos funcionários americanos ouvidos em um estudo afirmaram que suas empresas não tinham divulgado de forma explicita, proativa, os benefícios relativos a saúde mental que as próprias companhias ofereciam. Para os líderes, pode parecer que um aviso sobre a novidade por e-mail basta – não é bem assim.
É por esse motivo que plataformas como Vittude e Zenklub hoje vão além de simplesmente oferecer terapia online. Esses serviços também produzem relatórios diagnósticos sobre o ambiente de trabalho e atuam na capacitação de lideranças para educar sobre a importância de mudanças na estrutura do trabalho, por exemplo. O problema é que, nesse caso, são necessárias ações efetivas das empresas para mudar. É aquela história: não dá terceirizar completamente o cuidado com a saúde mental dos colaboradores.
O PRIMEIRO PASSO
Já vimos que soluções band-aids não funcionam. O negócio, então, é ir direto na fonte dos problemas. E o pontapé inicial para isso é estar disposto a mudar os ares da companhia.
Parece óbvio, mas não é: muitas empresas ainda acreditam que tomar iniciativas mais amplas de saúde mental custa caro. A falta de orçamento foi um desafio citado por 50% das empresas quando o assunto era saúde mental, segundo um levantamento da Mercer Marsh Benefícios de 2019. Um equívoco, pois não cuidar da saúde mental é o que dói mais no bolso: US$1 trilhão para o PIB mundial, segundo estimativas da OMS considerando os impactos das doenças mentais na produtividade e no absenteísmo (faltar ao trabalho). O órgão calcula que, para cada US$ 1 investido em prevenção e tratamentos de transtornos, o retomo é de USS 4. Para Tatiana Pimenta, da Vittude, parte do desleixo corporativo com a saúde mental no Brasil se deve à falta de estatísticas sobre o problema. “A maioria dos dados que temos é de fora. A grande deficiência da maioria das empresas brasileiras é não saber o tamanho do buraco que elas têm. Elas não mensuram quantos foram os dias de trabalho perdidos por absenteísmo e qual a relação disso como adoecimento mental, por exemplo.”
Mais: “Ainda há um estigma das empresas de que, ao tratar o tema, ela estará criando um passivo trabalhista contra si mesma”, avalia Ana Carolina Peuker, psicóloga e fundadora da BeeTouch, uma startup especializada em mensurar riscos psicossociais em empresas. Nesse caso, o agente maligno é a falta de segurança jurídica para as empresas – um problema estrutural do país.
NA PRÁTICA
Tomada a decisão de levar o tema a sério, chega a hora de agir. Infelizmente, não há fórmula mágica. Assim como na saúde física, os transtornos mentais têm causas múltiplas e se manifestam de maneiras diferentes. Do ponto de vista individual, somente um profissional conseguirá diagnosticar. Mas, pensando do ponto de vista da empresa, algumas atitudes gerais ajudam a proporcionar um ambiente mais saudável.
A primeira e mais crucial delas é o mapeamento da situação. É para isso que servem as pesquisas de clima organizacional. Mas a empresa deve adotar uma postura realmente acolhedora. Sem isso, nenhum colaborador vai se sentir à vontade para admitir que o trabalho o está adoecendo, seja por medo de represálias ou por sentir que não será levado a sério. Isso nos leva ao próximo ponto, que é normalizar o assunto no dia a dia da empresa. Não basta lembrar da saúde mental somente em datas especificas, como o Janeiro Branco ou numa semana específica para conscientização (mais uma medida band-aid que ganhou popularidade nos últimos tempos). É preciso integrar o assunto ao dia a dia.
A forma como ele é abordado também importa. Trazer palestrantes ou enviar campanhas de conscientização por e-mail têm pouco efeito: soam burocráticas e protocolares. Pessoas se conectam melhor com as histórias de outras pessoas – e o melhor jeito de tornar o assunto natural é líderes darem o exemplo e falarem abertamente sobre ele com suas equipes, seja para compartilhar experiências próprias com terapia ou para relembrar os funcionários sobre quais medidas a empresa está adotando.
De fato, quando profissionais americanos foram perguntados sobre quais medidas empresas poderiam tomar para melhorar a abordagem sobre saúde mental, a resposta mais popular (31%) foi a adoção de uma cultura mais aberta e franca.
Também é preciso manter um canal de comunicação sempre aberto para que colaboradores possam recorrer em caso de queixas ou dúvidas – e reforçar seu uso. A busca ativa também é importante: gestores e profissionais do RH devem estar sempre atentos aos sinais de deterioração mental que os colaboradores podem estar demonstrando. Faltas constantes, queda repentina na produtividade, mudanças repentinas de humor ou de aparência e ausência de comunicação são alertas que devem ser levados em conta.
Outras medidas também ajudam. A flexibilização, palavra que também ficou na moda na pandemia (e que deve sobreviver a ela), é uma delas. Abrir a possibilidade de que os funcionários, na medida do possível, gerenciem as próprias horas de trabalho é um grande passo para evitar o estresse e o acúmulo de trabalho, já que cada um conhece sua agenda e seus picos de produtividade (este texto, por exemplo, foi escrito fora das horas convencionais de trabalho por escolha do repórter).
A comunicação constante com a equipe também é essencial – funcionários que relatam ter líderes que se comunicam pouco geram 23% mais risco de problemas de saúde mental do que estar sob gestores comunicativos. Faz sentido: a ansiedade surge quando nosso cérebro não tem informações suficientes para processar os dados e planejar o futuro próximo. Nesse vazio, acaba considerando diversas possibilidades – inclusive as piores possíveis, o que causa angústia. Especialmente no home office, a comunicação pode acabar prejudicada – então o esforço deve ser redobrado para manter toda a equipe atualizada sobre qualquer mudança no planejamento ou na empresa.
E a conversa não precisa girar só em torno do trabalho – um simples bate-papo sobre como anda a vida ajuda a criar ambientes mais agradáveis e acolhedores. Quase 40% dos funcionários afirmam que ninguém no ambiente de trabalho tem o costume de perguntar como eles estão se sentindo, e esses mesmos colaboradores foram 38% mais propensos a relatar degradação da saúde mental na pandemia em comparação aos que tinham colegas acolhedores.
Mas atenção: mais comunicação não significa mais reuniões a toda hora. Você já deve ter ouvido falar da fadiga do Zoom na pandemia. Não é brincadeira. Pesquisas já mostraram que as reuniões são os principais elementos que derrubam a produtividade dos trabalhadores e causam estresse e cansaço.
Também são propulsoras da ansiedade, já que muitos colaboradores se preocupam com o que terão que falar – ainda mais quando é aquela reunião misteriosa, chamada de última hora. A dica aqui é marcar as conversas com antecedência e mantê-las curtas e direto ao ponto com momentos de descontração. Também vale lembrar que nem tudo precisa de uma reunião – muitas vezes bastam mensagens.
É claro que nem tudo é fácil de resolver. Uma equipe reduzida para um trabalho extenso vai resultar necessariamente em mais estresse e cansaço do time – e não há flexibilidade de horário ou app de meditação que resolva. Ao mesmo tempo, se o que causa adoecimento dos colaboradores é um gestor tóxico, controlador e abusivo, não haverá melhora sem uma troca na liderança.
Nesses casos, as companhias vão acabar pagando o preço – não só os custos financeiros relacionados à saúde mental, mas também vão ficar para trás na corrida de atração e retenção de talentos. O apreço à saúde mental das equipes caminha para se tornar uma vantagem competitiva. Empresas com planos de ação sólidos nesse sentido vão conseguir manter os melhores profissionais. Isso é especialmente verdade entre os jovens, já que metade dos millenials e 75% da geração Z afirmam que já deixaram empregos por razões de saúde mental.
Por outro lado, é importante também que as empresas reconheçam suas limitações. A saúde mental é complexa e envolve vários fatores, incluindo os da vida pessoal dos funcionários, que fogem do controle das companhias. Nesse caso, as empresas podem seguir as dicas para minimizar o sofrimento no trabalho e atuar como uma ponte para aproximar os colaboradores de profissionais que possam ajudá-los. Só a demonstração de que a empresa se importa, na verdade, já é uma grande ajuda. Saber que você não está sozinho já cria algum conforto – seja na vida, seja no trabalho, que, no fim das contas, é onde passamos a maior parte da vida.
QUATRO AÇÕES QUE EMPRESAS PODEM TOMAR
MAPEAR
Não existe solução mágica: cada problema precisa ser solucionado na fonte. E só dá para saber o que está errado ouvindo os colaboradores. Pesquisas de clima e canais de comunicação sempre abertos entre gestores e suas equipes são essenciais.
FALAR ABERTAMENTE
Funcionários só se sentem à vontade para falar de saúde mental se o tema for tratado com naturalidade. A iniciativa deve partir dos líderes. Eles devem falar de experiências próprias, mostrar suas vulnerabilidades, e deixar claro que a empresa se importa genuinamente com as demandas dos funcionários.
COMUNICAR
Grande parte da ansiedade e do estresse vem da falta de informações e de mudanças de última hora no planejamento. É importante deixar toda a equipe atualizada sobre os projetos em desenvolvimento, especialmente sobre imprevistos e prazos, por exemplo.
PROCURAR AJUDA
Empresas com muitos colaboradores ou que ainda estão perdidas quando o assunto é saúde mental no trabalho podem recorrer às diversas companhias especializadas no ramo. Elas fazem o diagnóstico dos problemas, sugerem mudanças e oferecem terapia aos funcionários.
A despersonalização como a destituição do individual inútil – a perda de tudo o que se possa perder e, ainda assim, ser. Pouco a pouco tirar de si, com um esforço tão atento que não se sente a dor, tirar de si, como quem se livra da própria pele, as características. Tudo o que me caracteriza é apenas o modo como sou mais facilmente visível aos outros e como termino sendo superficialmente reconhecível por mim mesma. Assim como há um momento em que M. vê que a vaca é a vaca de todas as vacas, assim ele quer de si mesmo encontrar em si o homem de todos os homens. A despersonalização como a grande objetivação de si mesmo. A maior exteriorização a que se chega. Quem se atinge pela despersonalização reconhecerá o outro sob qualquer disfarce: o primeiro passo em relação ao outro é achar em si mesmo o homem de todos os homens. Toda mulher é a mulher de todas as mulheres, todo homem é o homem de todos os homens, e cada um deles poderia se apresentar onde quer que se julgue um homem. Mas apenas em imanência, porque só alguns atingem o ponto de, em nós, se reconhecerem. E pela simples presença da existência deles, revelarem a nossa.
Aquilo que se vive – e por não ter nome só a mudez pronuncia – é disso que me aproximo através da grande largueza de deixar de me ser. Não porque eu então encontre o nome do nome e torne concreto o impalpável – mas designo o impalpável como impalpável, e o sopro recrudesce como na chama de uma vela.
A gradual des-heroização é o verdadeiro trabalho que se labora sob o aparente trabalho, a vida é uma missão secreta. Tão secreta é a verdadeira vida que nem a mim, que morro dela, me pode ser confiada a senha, morro sem saber de quê. E o segredo é tal que somente se a missão chegar a se cumprir é que, por um relance, percebo que nasci incumbida – toda vida é uma missão secreta. A des-heroização de mim mesma está minando subterraneamente o meu edifício, cumprindo-se à minha revelia como uma vocação ignorada. Até que me seja enfim revelado que a vida em mim não tem o meu nome.
E eu também não tenho nome, e este é o meu nome. E porque eu me despersonalizo a ponto de não ter o meu nome, respondo cada vez que alguém disser: eu.
A des-heroização é o grande fracasso de uma vida. Nem todos chegam a fracassar porque é tão trabalhoso, é preciso antes subir penosamente até enfim atingir a altura de poder cair – só posso alcançar a despersonalidade da mudez se eu antes tiver construído toda uma voz. É exatamente através do malogro da voz que se vai pela primeira vez ouvir a própria mudez e a dos outros, e aceitá-la como a possível linguagem. Só então minha natureza é aceita, aceita com o seu suplício espantado, onde a dor não é alguma coisa que nos acontece, mas o que somos. E é aceita a nossa condição como a única possível, já que ela é a que existe, e não outra. E já que vivê-la é a nossa paixão. A condição humana é a paixão de Cristo.
Ah, mas para se chegar à mudez, que grande esforço da voz. Minha voz é o modo como vou buscar a realidade; a realidade, antes de minha linguagem, existe como um pensamento que não se pensa, e por fatalidade sou impelida a precisar saber o que o pensamento pensa. A realidade antecede a voz que a procura, mas como a terra antecede a árvore, mas como o mundo antecede o homem, mas como o mar antecede a visão do mar, a vida antecede o amor, a matéria do corpo antecede o corpo, e por sua vez a linguagem um dia terá antecedido a posse do silêncio. Eu tenho à medida que designo – e este é o esplendor de ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la – e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a palavra, é que obtenho o que ela não conseguiu.
E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crúcis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A ela só se chega quando se experimentou o poder da voz e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o próprio instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição.
As maiores descobertas em relação à alimentação saudável que foram feitas em 2021 e podem melhorar seu novo ano
Findado o ano de 2021, analisamos nossos post sobre dieta e nutrição para selecionar algumas dicas que poderíamos usar no ano novo. Aqui estão dez descobertas para lembrar na próxima vez que for ao supermercado ou à cozinha.
ÁGUA COM GÁS NÃO SUBSTITUI A ÁGUA
Água gaseificada, sem açúcar é uma escolha melhor do que refrigerante ou suco de frutas, mas não deveria ser sua principal fonte de água. Ela tem o potencial de ser erosiva para osdentes, segundo especialistas, e pode contribuir para gases e inchaço.
OBSERVE OS PADRÕES DA SUA DIETA
A Associação Americana do Coração divulgou novas diretrizes alimentares para melhorar o coração e a saúde das pessoas. Em vez de emitir uma lista de ”não comerás”, o comitê se concentrou em como as pessoas poderiam fazer mudanças levando em consideração seus gostos, sua cultura e modos de vida.
Por exemplo, em vez de estimular as pessoas a abandonar o macarrão porque é um carboidrato refinado, talvez seja mais eficaz dizer para comê-lo como uma entradinha, em pequena porção.
O QUE VOCÊ COME PODE AFETAR SUA SAÚDE MENTAL
À medida que as pessoas lidavam com estresse, depressão e ansiedade durante a pandemia, muitas se voltaram para suas confort foods favoritas. Mas estudos na área da psiquiatria nutricional sugerem que os alimentos carregados de açúcar e ricos em gordura, por mais reconfortantes que possam parecer, são os menos propensos a beneficiar nossa saúde mental. Alimentos integrais, como vegetais, frutas, nozes, sementes, legumes e feijão, além de peixes, ovos e alimentos fermentados como iogurte podem ser uma aposta melhor.
CAFÉ FAZ BEM PARA A SAÚDE
O café é amado por muitos, mas seus benefícios para a saúde têm sido frequentemente questionados. As últimas análises sobre os efeitos do café e da cafeína na saúde, no entanto, foram tranquilizadoras. Seu consumo tem sido associado a um risco reduzido de todos os tipos de doenças, incluindo a doença de Parkinson, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, cálculos biliares, depressão, suicídio, cirrose, câncer de fígado, melanoma e câncer de próstata.
NOSSO MICROBIOMA É MOLDADO PELA COMIDA
Os cientistas sabem que os trilhões de bactérias e outros micróbios que vivem em nossos intestinos desempenham um papel importante na saúde, influenciando nosso risco de desenvolver obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e outras condições. Em 2021, um grande estudo internacional descobriu que a composição desses microrganismos, que formam nosso microbioma, é moldado pelo que comemos. Uma dieta rica em alimentos integrais e nutrientes apontava o crescimento de micróbios benéficos que promoviam a boa saúde. Ingerir uma dieta repleta de alimentos altamente processados com adição de açúcares, sal e outros aditivos teve o efeito oposto, promovendo micróbios intestinares ligados a uma pior saúde cardiovascular e metabólica.
ALIMENTOS ALTAMENTE PROCESSADOS PODEM VICIAR
Batata frita, sorvete, pizza e alimentos menos saudáveis continuam a dominar dietas, apesar de estarem ligados à obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e outros problemas de saúde.
Um novo estudo mostra que esses alimentos não são apenas tentadores, mas viciantes, provocando controvérsia entre pesquisadores. A pesquisa descobriu que certos alimentos eram especialmente propensos a provocar comportamentos alimentares “viciantes”, como desejos intensos e perda de controle. Mas outros especialistas alegam que esses alimentos não causam estado mental alterado, a característica das substâncias viciantes.
VOCÊ NÃO PRECISA DE OITO COPOS DE ÁGUA POR DIA
Fatores únicos como o tamanho do corpo, temperatura externa e o quão forte você está respirando e suando determinarão a quantidade de água que precisa.
Para a maioria das pessoas jovens e saudáveis, a melhor maneira de se manter hidratado é simplesmente beber quando está com sede. Os mais velhos, faixa dos 70 e 80 anos, podem precisar prestar mais atenção para obter líquidos suficientes porque a sensação de sede pode diminuir com a idade.
FERMENTADOS PODEM MELHORAR SUA SAÚDE
Iogurte, kimchle kombucha há muito são os alimentos básicos da dieta em muitas partes do mundo. Mas este ano os cientistas descobriram o que esses fermentados podem alterar a composição dos trilhões de bactérias, vírus e fungos que habitam nosso trato intestinal. Eles também podem levar a níveis mais baixos de inflamação em todo o corpo, que os cientistas associam cada vez mais a uma série de doenças ligadas ao envelhecimento.
PLANO ALIMENTAR PARA EVITAR AZIA E REFLUXO
O refluxo está entre as queixas de saúde mais frequentes dos adultos americanos e pode ter se tornado ainda mais comum após o estresse relacionado à pandemia e ao ganho de peso. Uma nova pesquisa mostrou que aqueles que aderiram a cinco características principais do estilo de vida – incluindo exercícios e seguir uma dieta de estilo mediterrâneo, com frutas e vegetas, peixes, aves e grãos integrais – estão mais propensos a evitar o desconforto.
FRUTAS E VEGETAIS PODEM ESTIMULAR SEU CÉREBRO
Estudo descobriu que os flavonoides, os compostos químicos que dão cores vivas aos vegetais, podem ajudar a conter o esquecimento e a confusão moderada de que as pessoas mais velhas costumam reclamar. Especialistas concordam que esses são alimentos que você deve comer para a saúde do cérebro.
SOB CONTROLE, A ANSIEDADE TAMBÉM PODE SER BENÉFICA
Apesar de desconfortável, sentimento serve como sistema de alerta, além de ajudara detectar o que não funciona mais
Durante toda a minha vida adulta, tentei evitar dirigir. Eu poderia citar uma série de nobres razões para Isso: preocupação com o meio ambiente, desejo de economizar dinheiro, os benefícios para a saúde obtidos com caminhadas ou ciclismo. Mas o principal motivo é que sou ansiosa. E se eu fizesse algo estúpido e acidentalmente apertasse o acelerador em vez do freio?
Até 2020, evitei dirigir por anos, apesar de ter tirado minha habilitação no ensino médio. Mas veio a pandemia. Depois de mais de um ano apertada em casa, minha família ansiava por um novo cenário.
Reservei um hotel à cerca de três horas de Nova York e me inscrevi em aulas de direção. Naquele primeiro dia, eu cheguei enjoada com músculos tensos e cérebro em alerta máximo. Mas meu instrutor me garantiu que não corríamos risco de morte, já que não estaríamos dirigindo rápido o suficiente para isso. E aí ele me disse algo inédito: “O medo nunca vai embora”. Você tem que aprender a gerenciá-lo. Tenha medo apenas o suficiente para ficar alerta, mas não tanto a ponto de deixa-lo hesitante.
Ter alguma ansiedade – especialmente quando confrontado com uma situação estressante – não é necessariamente ruim e pode realmente ser útil, dizem especialistas. Veja como ela pode ajudar.
MELHORAR O DESEMPENHO
A ansiedade é uma emoção desconfortável, muitas vezes alimentada pela incerteza. Pode criar preocupação e medo excessivo se persistentes, não apenas sobre fatos estressantes, mas também sobre situações cotidianas. Geralmente também há sintomas físicos, como ritmo cardíaco acelerado, tensão muscular, respiração rápida, sudorese e fadiga.
Ansiedade em excesso pode ser debilitante. Mas uma quantidade normal destina-se a ajudar a nos manter seguros, dizem os especialistas.
“A emoção da ansiedade e a resposta fisiológica subjacente ao estresse evoluíram para nos proteger”, disse WendySuzuki, neurocientista e autora de “Good anxiety” (“Boa ansiedade”, em português).
Em sai livro, ela explica que gerenciar o estressepode ser mais útil do que bani-lo. Quando a ansiedade está muito alta, acrescentou Suzuki, ela tende a se tornar menos útil. O primeiro passo para domar o sentimento é reconhecer quando você está se sentindo muito ansioso e tentar relaxar:
“Minha dica nº 1 é ativar o sistema nervoso parassimpático (os neurônios que diminuem a frequência cardíaca e ajudam as pessoas a se sentirem mais calma) respirando fundo. É uma tática boa e simples”, disse.
A respiração profunda pode ocorrer a qualquer hora e em qualquer lugar, seja em uma fila, sentada na sala de aula ou, no meu caso, dirigindo.
Além disso, a atividade física – mesmo algo tão simples com o caminhar ao ar livre,- pode aumentar o nível de serotonina e dopamina em seu cérebro, o que também pode ajudar a reduzir a ansiedade a um nível mais gerenciável. Mas se a ansiedade está deixando você desconfortável com muita frequência ou interferindo no funcionamento do seu dia a dia, o ideal é buscar ajuda de um profissional de saúde mental.
RECONHECER O QUE NÃO ESTÁ FUNCIONANDO
O psicólogo Seth Gillihan diz que costumava se sentir ansioso antes de começar o dia de trabalho. Na época, ele se concentrou em gerenciar sua ansiedade em vez de examinar o que estava causando-a. Finalmente, percebeu que a ansiedade em si não era o problema.
“Eu estava trabalhando há muito tempo de uma maneira que não era sustentável”, disse Gillihan, cujos problemas de saúde contínuos às vezes dificultavam o cumprimento de um cronograma completo. Ele então reduziu suas horas na clínica e passou mais tempo escrevendo e fazendo podcasts, duas de suas paixões.
Agora, disse, está grato por ter ouvido o que seu corpo estava tentando lhe dizer, em vez de tentar suprimir esses sentimentos.
‘Penso na ansiedade como um alarme, um detector de fumaça, e um bom alarme não é silenciado o tempo todo.
ENFRENTAR OS MEDOS
Se você está superestimando o risco de algo terrível acontecer, comece reconhecendo sua ansiedade e olhando para ela objetivamente, sugere Joel Minden, psicólogo clínico e autor do livro “Mostre para sua ansiedade quem manda”.
Lembre-se de que essa é a reação emocional que ocorre quando você antecipa que coisas ruins vão acontecer, disse ele, um aborrecimento inconveniente, “quase como se o cérebro fosse uma criança, fazendo birra”.
Seja paciente e gentil consigo mesmo, disse ele, do jeito que você seria com um amigo, ao dar passos pequenos para enfrentar seus medos.
GERAR CONSCIÊNCIA
Pessoas ansiosas tendem a ser cuidadosas e cautelosas, e podem canalizar essas tendências para a consciência, disse Alice Boyes, autora de “A caixa de ferramentas da ansiedade: “Sempre fui ansiosa, desde criança.
Quando cresceu, Boyes continuou a se preocupar com as coisas darem errado, mas também começou a fazer planos de contingência. O objetivo é criar um esquema que ajude a reduzir suas preocupações e, em seguida, seguir adiante.
Pesquisa mostra que as brasileiras se veem o tempo todo julgadas pelo modo como criam os filhos e agora começam a romper o silêncio
As revoluções burguesas que sacudiram a Europa a partir do século XVII trouxeram embutida a ideia de que a esfera privada tinha um valor fundamental. Foi a senha que reinventou a percepção sobre os vários ritos da vida, entre eles casamento e filhos. O mito do instinto materno ganhou espaço, algo que seria inerente às mulheres, programadas para desempenhar tão nobre papel. A carga sobre elas pesou ao longo dos séculos que se seguiram, pressionadas entre o ingresso no mercado de trabalho e uma rotina multitarefas difícil de equilibrar, mesmo nos dias de hoje. Em um mundo cada vez mais complexo, o exercício da maternidade exige lidar com novas gerações expostas a urna infinidade de estímulos e altamente questionadoras. As mães se veem ainda torpedeadas por um monte de informações sobre o que é certo ou errado e, segundo muitas revelam agora de forma contundente, sentem-se constantemente avaliadas pelos outros no modo como criam a prole.
Essa sensação de permanente escrutínio, tendo os dedos da sociedade apontados em sua direção, é universal. Uma recente pesquisa feita pelo Instituto Ipsos, que mediu a temperatura do fenômeno em 28 países, mostra que 38% se dizem frequentemente julgadas. Entre as brasileiras, o índice sobe para 46%, ou seja, quase a metade desempenha a maternidade com o sentimento de que os que estão a seu redor, um grupo muito além da bolha familiar e dos círculos de amizade, consideram que elas fazem escolhas equivocadas. Entre as razões que as tornam alvo da crítica alheia aparecem a maneira como controlam o comportamento da criança (36%) e em que medida impõem limites (49%) – seja porque são permissivas, seja porque são rigorosas demais com os
filhos. “Os comentários endereçados às mães vêm de todos os lados, inclusive de pessoas que nem sequer são pais e não têm noção do que estão falando”, observa Priscilla Branco, uma das autoras do estudo.
Meter a colher na condução da educação do filho dos outros é um clássico que atravessa gerações. Os pitacos envolvem desde as operações mais básicas – o jeito de segurar o bebê na hora do banho, como acalmá-lo; com que assiduidade amamentá-lo – até desafios como frear uma birra ou ministrar a dose certa do castigo. O tribunal segue firme quando a mãe se lança em jornadas extensas de trabalho e preserva sua vida social. Olhares de reprovação sempre rondaram a maternidade, só que as mulheres costumavam se calar, enquanto hoje começam a se manifestar sem medo de ser repreendidas – mesmo que o sejam. Os palpiteiros do século XXI agem à vontade sob o impulso de ventos antigos, culturais, que ainda situam a mulher na função de “cuidadora”. Saiu do roteiro, digamos, padrão, e lá vêm as farpas. “Parte da sociedade compreende mal qualquer desvio do que é esperado nesse campo e nutre uma expectativa que não condiz com nenhuma realidade, especialmente com a mulher hoje emancipada e desempenhando um sem-número de papéis”, diz o antropólogo Bernardo Conde, da PUC-Rio.
O assunto, como não poderia ser diferente nestes tempos, vem ganhando as redes, o que ajuda a tirá-lo do rol dos tabus. Recentemente, a atriz Thaila Ayala, 35 anos, pôs lenha no debate ao postar um vídeo em que desabafa contra críticas que passou a receber na internet desde o nascimento de Francisco, de 21 meses. “Temos medo de ser julgadas e por isso falamos pouco sobre as dificuldades de ser mãe”, afirma a atriz. O tema foi levantado também em um muito comentando filme da Netflix, o excelente A Filha Perdida, baseado no livro da misteriosa escritora italiana Elena Ferrante, em que a personagem central, vivida por Olivia Colman, toma a radical decisão de se afastar por três anos das duas filhas, deixando-as com o marido, de quem se separa, e de uma rotina que a sufoca. Ao expor os dissabores da maternidade, ela se instala na mira de quem não digere sua postura franca, que colide com a visão romanceada ainda em vigor. O julgamento dos outros pode agravar a culpa que persegue várias representantes do sexo feminino. “A mulher, diferentemente dos homens, se cobra por ter dificuldade em conciliar trabalho, estudo e tantos outros interesses com a maternidade”, afirma a psicóloga Fabiana Esteca. É um sentimento tão claro e acentuado que ganhou nome, guilty all the time (culpadas o tempo todo), ou simplesmente GAT.
Estudiosos dedicados às questões da maternidade advertem que a pior das armadilhas é sair em busca de um gabarito, tentando vestir o mesmo figurino de outras mães. A bússola para a criação dos filhos, afinal tem a ver com o caldo cultural de cada família. A produtora Renata Pimenta, 37 anos, por exemplo, permite que Pedro, de 4, explore espaços públicos sem segurá-lo pela mão quando anda pela calçada. Seu objetivo é incentivá-lo desde muito cedo a desenvolver autonomia e responsabilidade. “Estou sempre por perto, supervisionando, e ele entende direitinho”, assegura. A decisão, contudo, não passou incólume. “Sempre fazem comentários negativos, até xingamentos já ouvi”, conta Renata. Conselheiros não faltam por aí para tecer suas teses, mesmo que ninguém os tenha consultado. Desde a gravidez, Beatriz Milagre, 25 anos, mãe das gêmeas Catarina e Cecília, de 5 meses, ouve mil e um pitacos. “Quando as meninas nasceram, percebi quanto a maternidade é romantizada e comecei a me sentir mal por não fazer as coisas do jeito esperado”, reconhece a administradora de empresa.
Embora não haja um único roteiro a ser seguido, e parte da graça da vida é a travessia de aprendizado, a ciência já chegou a algumas conclusões que podem ajudar a iluminar o atribulado dia a dia. De uma educação rígida no passado mais remoto, foi-se a um outro polo nos anos 1970, quando se disseminou o movimento “autoestima positiva”, em contraposição ao que era visto como uma camisa de força para o livre pensar. Os especialistas da atualidade defendem algo no meio do caminho, um misto de autonomia e limites.
O polêmico Grito de Guerra da Mãe Tigre, da escritora americana descendente de filipina Amy Chua, esquentou a discussão sobre a disciplina como ingrediente essencial à educação. Foi alvejada por muita gente pelo excessivo rigor, mas pôs à mesa a incontornável reflexão sobre o equilíbrio entre o sim e o não. Outra obra que fez o debate ferver foi o best-seller Crianças Francesas Não Fazem Manha, da americana Pamela Druckerman, que se mudou para Paris e ali notou que meninas e meninos eram menos dependentes e mimados. Concluiu que isso era resultado de uma combinação de limites sólidos, crianças envolvidas com a rotina da casa e uma dinâmica em que a maternidade não se torna o trabalho número 1 na vida dos pais. “A função deles é ajudar a controlar os impulsos dos filhos e ensiná-los a regular suas emoções”, arremata a psicóloga Ceres Araújo. O jeito de chegar lá cabe a cada um. Quanto aos palpiteiros de plantão, vale o mandamento: não julgarás.
Respondeu Davi: Que fiz eu agora? Fiz somente uma pergunta. Desviou-se dele para outro e falou a mesma coisa… (1Samuel 17.29,30).
É impossível ser um vencedor na vida sem lidar com críticas. Os críticos estão espalhados por todos os lados e teimam em nos atacar. Davi teve de lidar com alguns críticos como Golias e Saul. Contudo, o crítico mais amargo de Davi foi Eliabe, seu irmão mais velho. A crítica sempre dói, mas há momentos em que dói mais ainda. Primeiro, quando vem daqueles que deveriam estar do nosso lado e estão contra nós. Segundo, quando vem daqueles que nos conhecem há muito tempo. Terceiro, quando vem envelopada com destempero emocional. Quarto, quando é contínua. Quinto, quando julga até nossas intenções. Sexto, quando visa humilhar-nos. Todos esses componentes estavam presentes nas críticas de Eliabe a Davi. O que mais incomoda nossos críticos não são nossos defeitos, mas nossas virtudes. A nossa vitória é a derrota dos críticos. A nossa coragem denuncia a covardia dos críticos. Eliabe não podia alegrar-se com a coragem de Davi, manifestada na disposição de lutar contra o gigante Golias, pois fazia parte da soldadesca de Israel que fugira acovardada desse guerreiro insolente. A melhor maneira de lidar com os críticos é fugir deles. Se você der ouvido aos críticos, perderá seu sono, sua paz e seu foco. Deus chamou você para fugir dos críticos e vencer os gigantes!
Centrado na praticidade e honestidade, o formato honest market, ou “Pegue e Pague”, ganha espaço entre consumidores e varejistas
Prático, acessível, cômodo, seguro, conveniente e rápido. Esses são os adjetivos que têm norteado muitas decisões de compra, sobretudo nos últimos anos. Empresas de diversos setores passaram a criar soluções baseadas no conceito Pegue e Pague, que alia honest market (compra honesta) à operação simplificada para atender quem busca esses pontos.
Trata-se de um procedimento simples, que não requer muito espaço – sendo o ideal acima de 2 metros quadrados – e pode ser instalado em condomínios residenciais e empresariais, clubes, parques, hipermercados, postos de gasolina, centros comerciais e de rua, hospitais, escolas, faculdades e universidades, museus, aeroportos e rodoviárias. O modelo tem chamado a atenção de varejistas, franquias e, claro, dos consumidores, exatamente por ter como principal pilar a conveniência. “É essa experiência que seduz o consumidor. Não ter que conversar com ninguém e saber que pode rapidamente ter a sua cerveja gelada no fim de um dia de trabalho é um exemplo de experiência atrativa para uma grande quantidade de pessoas”, pontua o especialista em empreendedorismo com pós-graduação em Gestão Empresarial pela PUC/RJ, Edison Edwin.
Apesar de ter se popularizado no último ano e meio em razão das restrições de circulação derivadas da pandemia de covid-19, o conceito de autosserviço e a estruturação dos primeiros supermercados bem-sucedidos do País nos anos 1950 traziam os embriões desse sistema, que teve seu sucesso a partir de 2017. Em 2011, a rede Tesco (multinacional varejista britânica) já testava a tecnologia e ganhou projeção mundial ao levar suas prateleiras para o metrô de Seul (capital da Coreia do Sul).
O modelo de Pegue e Pague surgiu no Brasil há cerca de cinco anos, no Espírito Santo, e ganhou muita força na pandemia, principalmente em condomínios residenciais, por permitir funcionamento 24 horas por dia e sete dias por semana, tendo os repositores de produtos como a única mão de obra humana e redução de custos nas operações, além de entrega de experiência para o consumidor, com menor contato entre pessoas.
Nos últimos tempos, as relações humanas passaram por transformações. O consumidor começou a buscar um novo modo de fazer compras, evitando aglomerações e a necessidade constante de ir a mercado, padaria e feira. Além disso, um condomínio ou empresa que queira oferecer esse conforto para funcionários e moradores consegue realizar isso sem custo algum. “Quando são claras as vantagens para o consumidor e para os estabelecimentos que implementam o serviço, nos deparamos com um modelo de negócio que tende a se manter ativo no mercado”, reforça Edwin.
NOVAS ESTRUTURAS
De acordo com o consultor de varejo I franchising, sócio da Kick Off Consultores Associados, Claudio Tieghi, o modelo ganhou espaço também a partir do surgimento das novas tecnologias de controle e gestão, como sistemas de câmera integrado, reconhecimento facial, sistemas de pagamento e de controle de estoques, incluindo as gôndolas, entre outros.
É um formato que veio para ficar, principalmente pelo comportamento de consumo das novas gerações, que buscam expressar seus valores pelo ato do consumo. Origem, marcas, propósitos e valores importam. “O crescimento se dará baseado em três pilares: tecnologia, honestidade e experiência do consumidor, estabelecendo relações comerciais firmadas na honestidade dos diferentes agentes, desde o produtor até o consumidor, pressupondo um alinhamento de princípios, valores e propósitos para que possam acontecer de forma exitosa”, diz Tieghi.
Vale ressaltar que o conceito de honest market I Pegue e Pague em si não é algo inédito – está presente nas comunidades humanas há tempos. A vida em comunidades, ao longo dos anos, formadas majoritariamente por pequenas cidades torna as relações mais próximas, e os códigos morais se estabeleciam e se mostravam muito presentes no cotidiano dos cidadãos, tendo a palavra dada maior valor do que contratos firmados em cartórios. Portanto, a compra com promessa de pagamento posterior, sem a necessidade de oferta de garantias, não é uma prática nova. Podemos então concluir que o pagamento feito um minuto depois da retirada do produto, ou 12 meses depois desde que combinado, não afeta as relações. Ao contrário, sempre que exitosa, fortalece ainda mais os vínculos.
Um bom exemplo dessa prática é a venda de produtos que visam ao benefício de um determinado grupo de pessoas, como aqueles que arrecadam fundos para a construção de uma casa de acolhida para idosos. “O honest market casa muito bem com os princípios de fair trade eda sustentabilidade. Eles contribuem para dar mais liga e intensidade nas relações de consumo. “Propósito é a palavra de ordem. E não só no discurso – todos queremos mais honestidade nas relações humanas, e o ato de produzir, ofertar e consumir pode efetivamente nos ajudar a construir uma sociedade mais justa e igualitária”, elucida Tieghi.
BENEFÍCIOS E EXIGÊNCIAS
Por se tratar de projetos compactos e facilmente aplicáveis em pequenos espaços, o Pegue e Pague traz outras vantagens embutidas para as duas pontas: empreendedores e usuários finais. Para quem consome, as principais vantagens são o conforto e o preço. O licenciado e cofundador da Take and Go, Evandro Chicoria, ressalta que o formato demanda baixo investimento e possibilidade de parcelamento, autonomia de trabalho, retorno em até 12 meses, lucro de até R$2 mil por mês por cervejeira (variando o volume de vendas) e baixo risco. Com essa oferta, a rede já possui mais de 500 unidades de suas geladeiras em operação no Brasil.
A comodidade chama a atenção do consumidor também, pois, quando o Pegue e Pague está perto de sua residência, por exemplo, a pessoa em questão não precisa escolher uma roupa para sair, preocupar-se com o meio de transporte, esperar em uma fila nem correr qualquer tipo de risco, tanto no trajeto quanto por causa da pandemia. Para o lojista, há ainda a redução de custos pela possibilidade de contar com um quadro bem menor de funcionários.
Em alguns casos existem negociações vantajosas entre a empresa que oferece o Pegue e Pague e o estabelecimento que recebe a implementação do negócio.
Para empreender um negócio nesse formato, é importante considerar a análise do espaço onde será implantado o comércio autônomo (interno ou externo com o auxílio de containers), energia elétrica e internet que funcione de forma ininterrupta, além de um software eficiente que suporte desde a finalização de compra do consumidor até a gestão completa do modelo de negócio para o empreendedor. “Sempre existirá a possibilidade e o risco de uma ação de ‘má-fé’ por parte de algum indivíduo, que pode ser controlada e inibida por meio de câmeras de monitoramento, entre outras soluções tecnológicas disponíveis no mercado”, lembra o CEO da Connect Plug – unidade de negócios que trabalha com soluções digitais para PDV – , Rafael Hasson.
É recomendável também investir em um bom sistema de câmeras e implementação de recursos que diminuam as perdas. Com ou sem funcionários, infelizmente os roubos já fazem parte das perdas do setor varejista. “Aos poucos, a evolução do mercado e o desenvolvimento de tecnologias podem mitigar alguns desses riscos. Em alguns sistemas, o usuário faz um login antes de abrir a geladeira e um software de gestão de estoque controla a saída dos produtos com um automático checkout de pagamento”, ressalta Edison Edwin.
Alguns modelos permitem também um mix de produtos customizado de acordo com os clientes, entre eles, congelados (pizza, pão de queijo e comidas prontas). Para os perecíveis e congelados, é essencial um sistema que gerencie bem o controle de estoque e os respectivos vencimentos de produtos, além da armazenagem correta com uso de refrigeradores e ambientes arejados. “Para garantir o frescor e a qualidade, o licenciado deve repor os produtos até três vezes por semana, dependendo do tamanho do empreendimento onde o mercado está instalado”, explica o CEO da rede de mini mercado automatizado Minha Quitandinha, Guilherme Mauri.
EXPLORANDO O FORMATO
Com 17 lojas e 12 licenciados, incluindo unidades em São Paulo, Minas Gerais e Pará, a Minha Quitandinha, criada na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, parte de um layout predefinido e personaliza cada projeto de acordo com a área e caso desejável, podendo ser instalado em um container, se for numa área externa, ou white label, em que o nome da unidade é modificado e pode remeter à localização, por exemplo. Assim, o projeto arquitetônico, já pronto, é adaptado às medidas do novo local e repassado ao licenciado, que adquire os equipamentos e os acomoda de forma prática, sem necessidade de pregar nada na parede.
Para o consumidor, o formato é intuitivo: o minimercado está às mãos e é totalmente viabilizado pelo sistema de self-checkout (em que o consumidor ”se serve”). As compras são realizadas por meio de um app de celular gratuito que por geolocalização identifica a loja e permite o passo a passo seguinte bem simples: escanear o código de barra dos produtos que deseja adquirir e pagar diretamente pelo aplicativo, via cartão de crédito e, mais recentemente, débito. Para a geladeira de bebidas alcoólicas, um QR Code afixado à porta só destrava via app se validados os dados cadastrais com a Receita Federal, que confirma o usuário como maior de 18 anos. Além de cervejas geladas, alguns licenciados podem incluir, entre os produtos, sorvete e iogurte.
Para a rede market4u, que opera com mais de 1.500 unidades do segmento em todo o Brasil, a principal vantagem é o baixo custo de implantação, o que reflete em benefício de produtos com menor custo para o consumidor e em um potencial gigantesco de expansão. “Tem sido incrível, com certeza a pandemia potencializou muito a nossa expansão, os síndicos têm buscado soluções para fornecer mais benefícios de produtos e serviços dentro dos condomínios. Os fornecedores almejam novos canais para vender seus produtos, principalmente com o contato e a riqueza que a tecnologia oferece. Nossos planos são de expansão cada vez mais acelerada, somos líderes de mercado e continuaremos sendo”, diz o CEO e fundador da marca, Eduardo Córdova.
A Take and Go, por sua vez, idealizou urna geladeira com capacidade para acomodar 210 garrafas long neck e 70 latas de cerveja geladas durante 24 horas por dia, que alia segurança e tecnologia de ponta, combinando loT; automação e inteligência artificial. As máquinas podem ser instaladas em condomínios, empresas, clubes ou qualquer estabelecimento que tenha cobertura de sinal 3G/4G, já que vem com o modem 4G instalado. A vending cooler faz o reconhecimento por imagem, identificando qual bebida está
sendo retirada e ela é automaticamente debitada do cartão de crédito cadastrado no app. Após um pré-cadastro na plataforma, o consumidor pode abrir a geladeira, retirar as cervejas e receber a cobrança em sua fatura automaticamente. “No ano de 2022, a expectativa é crescer para 20 mil geladeiras e R$200 milhões de faturamento”, diz Evandro Córdova.
Além desse, o varejo vislumbra novos formatos que têm como foco a praticidade e velocidade para o consumidor. Máquinas automáticas de venda, sistemas inteligentes e rápidos de entrega e outros negócios com evidente inovação. “A cultura é algo determinante para o consumo, e muitos acreditam que o brasileiro não tem esse perfil. Mas, analisando por outro ponto de vista, ainda pode ser um pouco cedo para que esse modelo de Pegue e Pague realmente ganhe força no Brasil. Um exemplo é a própria Amazon, que inaugurou o primeiro super mercado autônomo de grande porte nos EUA no início de 2020. Contudo, é um modelo totalmente viável e que precisa ser inserido gradativamente para os consumidores, com o objetivo de construir essa cultura de consumo e adaptá-la com o tempo”, alerta e conclui Hasson, da Connect Plug.
VANTAGENS
CONSUMIDOR: praticidade, higiene, liberdade para escolher e pagar, autoconfiança e confiança na relação com o fornecedor.
LOJISTA: redução de custos com recursos humanos, tecnologia no dia a dia, melhor conhecimento dos hábitos dos consumidores, diversificação de ofertas, otimização de estoques, redução de custos com ocupação, como aluguel.
Vocêjá foi a alguma manifestação? Eu penso muito antes de ir, confesso. Especialmente às ligadas à morte violenta de alguma pessoa. Sei obviamente da importância e da necessidade de estar presente, reforçando uma cobrança coletiva por justiça. Mas não posso negar o quanto me dói profundamente. Quem é negro no Brasil sabe do efeito mais cruel e nefasto que o racismo pode ter: sua letalidade massiva. A cada 23 minutos, perdemos uma vida negra no Brasil. Neste sentido, os protestos e a dor parecem sem fim. Sem contar os danos coletivos e constantes à nossa saúde mental.
No sábado passado fui ao ato que reivindicava justiça após ao violento assassinato de Mo”ise, o jovem congolês espancado até a morte num quiosque na Barra da Tijuca. Chorei copiosamente. Um choro de indignação, tristeza e impotência que se misturava com o suor no rosto. Fazia muito calor. Poderia ser um dia de lazer, mas era um dia de pesar. No céu, um sol escaldante que fervia a cabeça de quem só estava lá para se manifestar pacificamente, mais uma vez, contra uma morte injusta e não isolada.
Na boca, um gosto amargo. Um grito engasgado na garganta, mas que ecoava para se unir ao coletivo: “resistência”, “justiça por Mo”ise “, clamávamos. A multidão fechou os dois sentidos das pistas da Praia da Barra. Na internet, anunciaram que a família de Mo”ise ganharia a concessão do quiosque. Vida que segue? A vida de Mo”ise não. Essa perdemos, não voltará. Não podemos banalizar a morte dos corpos negros.
Haja resistência para sobreviver num país onde o racismo se mistura à xenofobia. E sabe-se que pessoas vindas da África não são acolhidas como as vindas da Europa. Foram desumanizados como escravizados num passado recente e ainda presente em nossa História.
Ao chegar, não conseguem oportunidades de vida digna e vivem uma espécie de “escravidão moderna”. Muitos viram ambulantes fadados a trabalhos informais, exaustivos, num país mais enfraquecido em suas leis trabalhistas, onde cobrar do patrão um salário atrasado pode levar ao espancamento até a morte, como aconteceu com Mo”ise.
Pessoas se uniram pedindo também justiça por Durval, que foi assassinado a tiros por um vizinho no condomínio onde morava ao mexerem sua mochila. Foi confundido com um assaltante. E a história se repete. Ainda assim, não podemos banalizar.
Muitos despertaram para a gravidade do problema do racismo estrutural após a morte de George Floyd e ainda não se dão conta de que matamos muito mais George Floyds por aqui do que nos Estados Unidos.
Fora outros tantos que ainda insistem em ver como racistas somente aqueles que cometem atos violentos em si. Típico de quem quer lavar as mãos e se liberar da corresponsabilidade que todos nós temos na pauta.
Quem se omite e cruza os braços diante de cenas de violência ou do contexto geral do racismo estrutural no Brasil, quem só compartilha dor e desumanização do sistema, está cooperando para a sua manutenção.
Precisamos parar de agir no piloto automático, refletir, intervir, manifestar, nos educar constantemente, exigir que o assunto entre nas pautas das candidaturas políticas e que seja parte do que vai orientar nosso voto. Precisamos agir e desbanalizar as mortes de vidas negras que aprendemos a ver como parte do dia a dia. Vidas negras precisam importar de verdade.
Desejo de mudar não basta. Para alcançar o êxito nesse processo é preciso ‘negociar’ consigomesmo e definir metas
Depois de perder 13 quilos anos atrás, Rosanna Gill queria perder mais dez. Mas alguns fatores a impediam de fazer o esforço necessário. Afinal, ela não precisava perder mais peso por motivos de saúde. Além disso, já estava seguindo uma dieta saudável e balanceada e estava feliz com sua aparência.
O resultado foi que ela se sentia ambivalente quanto a mudar seus hábitos de comer e beber. Foi só quando percebeu que sua ambivalência estava servindo de desculpa para “não fazer alguma coisa” que Gill, 35 anos, coach de confiança e podcaster, resolveu agir. “Decidi que me sentir mais ou menos comigo mesma era razão suficiente para fazer mudanças.”
A ambivalência, que significa essencialmente ter sentimentos conflitantes a respeito de alguma coisa. deixa muitas pessoas desconfortáveis. Mas é uma parte normal da mudança, dizem os especialistas. “A cada mudança, as pessoas sentem alguma ambivalência, porque mudar significa sair de algo com que você está confortável ou familiarizado e entrar numa coisa que não é familiar”, diz Carlo DiClemente, professor emérito de Psicologia da Universidade de Maryland e autor do livro Adiction and Charge.
Quer você queira perder peso, fazer exercícios com mais frequência, reduzir o álcool, parar de fumar ou qualquer outra coisa, a ambivalência diante dessa mudança provavelmente vai fazer parte da equação. Ela tem menos a ver com o objetivo em si e mais com o trabalho e o desconforto pelo caminho, diz James E. Maddux, professor de psicologia e pesquisador do Centro para o Avanço do Bem-Estar da George Mason University, na Virgínia. “Não é preciso eliminar a ambivalência”, explica. “Ela tem que ser reconhecida e, quando surge, precisa ser tratada em termos do que está por trás dela: você não quer atingir essa meta? Ou o problema é que dá muito trabalho'”
Na verdade, experimentar a ambivalência pode ser uma virtude, diz William R. Miller, professor de Psicologia da Universidade do Novo México e autor do livro On Second Thought, How Ambivalence Shapes Your Life. “É uma questão de enxergar várias opções e escolher”, disse Miller. ”A ambivalência é um processo de avaliação, de comparar os aspectos positivos e negativos das escolhas possíveis.”
Por outro lado, “se você ignorar a ambivalência, não terá uma decisão muito forte, que leve a um compromisso sólido”, afirma DiClemente. Ignorá-la pode levar a “construir um plano que não aborde algumas das partes negativas que você está tentando evitar”, – o que pode minar seu objetivo. E acrescenta: “A ambivalência alimenta a procrastinação”. Então, se quer melhorar de hábitos, veja a seguir como dar bom uso à ambivalência.
ESCUTE SUA AMBIVALÊNCIA
Quando você pensa em fazer uma mudança nos hábitos de saúde, pode ter algum motivo em mente, além de um contra-argumento do tipo “sum, mas…”. Por exemplo: você quer começar a se exercitar com mais frequência para melhorar o condicionamento, mas pensa: “Eu odeio suar!”. Ou você quer perder peso, mas não quer se privar dos prazeres da mesa. Pesquisas apontam que escrever sobre sua ambivalência em relação a determinado motivo reduz o sofrimento causado por ela.
ESCLAREÇA SEUS VALORES
Pense no que é mais importante: autonomia, conforto, saúde, propósito ou outras coisas. Então, se você pensar em como “esses valores se ajustam ao seu comportamento atual e ao comportamento de mudança, você poderá encontrar alguma base para fazer a mudança”, diz DiClemente. “Estamos sempre em estado de negociação com nós mesmos. E sempre ajuda fazer um inventário dos valores ligados a essa mudança”.
Quando Gill se concentrou no fato de que costumava comer por motivos emocionais ou beber álcool para tentar reprimir a ansiedade ou o estresse, isso se tornou o ímpeto para querer superar sua ambivalência. Como coach de confiança, “não quero dar conselhos a outras pessoas sobre como fazer mudanças e ganhar confiança se eu mesma não fiz isso”, diz ela. Então ela abraçou seu desejo de autenticidade, decidiu ficar sem álcool em novembro e passou a ver sua vontade de comer e beber por razões emocionais como estímulos para perceber de perto o que a incomodava.
FAÇA UM GRÁFICO DE EQUILÍBRIO DECISÓRIO
A maneira mais simples de desenhar esse gráfico é criar uma matriz de quatro quadrantes mostrando as vantagens e desvantagens de determinada mudança (como parar de fumar), bem como as vantagens e desvantagens de não fazer tal mudança (continuar fumando).
Entre as vantagens de fazer a mudança estariam: reduzir os riscos de longo prazo de problemas cardíacos e câncer de pulmão; economizar; e ganhar resistência. Entre as desvantagens, não desfrutar de um hábito relaxante ou não conviver mais com antigos fumantes. As vantagens de não fazer a mudança talvez sejam nenhum sintoma de abstinência e apego a um hábito relaxante. E as desvantagens, dar mau exemplo para os filhos e gastar dinheiro com cigarros.
QUESTIONE SEUS MOTIVOS
Uma técnica chamada entrevista motivacional pode ajudar a explorar seus motivos para “sair do bosque da ambivalência”, como diz Miller. Embora essa técnica venha sendo estudada no contexto do trabalho com terapeutas, você pode usá-la sozinho ou com um amigo.
Pense nestas perguntas: por que quero alcançar esse objetivo? Estou fazendo isso para agradar a mim mesmo ou os outros? Quais são os três melhores motivos para fazer isso? O que estou disposto a fazer para alcançar essa mudança? O que já fiz para dar passos nessa direção?
CONSTRUA UM VOCABULÁRIO DE “CONVERSA DE MUDANÇA”
Reconhecer e rever suas razões para seguir em frente com a mudança pode ajudar no resultado, diz Mary Marden Velasquez, professora e diretora do Instituto de Pesquisa e Treinamento em Comportamento em Saúde da Universidade do Texas, em Austin. Sequer começar a se exercitar, por exemplo, você pode usar afirmações como: “Quero estar em forma e ativo para brincar com meus filhos ou netos”, “Gosto de tênis e poderia me exercitar jogando com mais frequência” ou “Se eu me exercitar com mais frequência, posso me livrar da minha medicação”.
EXPERIMENTE A MUDANÇA
“Comece a agir como se fosse seguir adiante com a mudança que decidiu fazer. Experimente e veja como é”, diz Müller. Esta é uma variação dos princípios “aja como se” e “finja que é até ser de verdade”.
Quando o médico de seu marido o aconselhou a seguir uma dieta baixa em carboidratos, Vered DeLeeuw pensou que também poderia se beneficiar com a redução do consumo. DeLeeuw, que se dizia “viciada em carboidratos”, apresentava sinais de hipoglicemia, o que era preocupante, porque sua mãe tem diabete. Em vez de tentar resolver a ambivalência, ela se comprometeu a mergulhar na ideia por duas semanas: limpou a casa de doces e lanches ricos em amido e passou a fazer refeições com baixo carboidrato.
A mudança é ”uma segunda natureza agora”, diz ela, fundadora do blog Healthy Recipes. “Para qualquer pessoa que se sinta ambivalente sobre uma mudança de saúde, meu conselho é: experimente por duas semanas e veja como se sente. Se tiver sorte, as recompensas serão um incentivo para continuar!”.
O sono desempenha um papel importante na saúde mental e na resiliência emocional e deve durar entre oito e dez horas por noite
Já sabemos que esta pandemia tem sido horrível para os adolescentes e sua saúde mental. No mês passado, o conselho de saúde mental do órgão de saúde pública dos Estados Unidos (OSG, na sigla em inglês) ressaltou a magnitude do problema, uma vez que sentimentos de desesperança e até suicídio aumentaram nos últimos anos entre essa faixa etária – e a pandemia só agravou os níveis de estresse dos adolescentes. Mas há outro fator muito importante para a saúde mental dos adolescentes, ainda mais agora: o sono e o papel que ele desempenha na melhoria da saúde mental e da resiliência emocional.
Enquanto crianças e adolescentes tentam se reajustar ao mundo pandêmico, dormir bem pode ser um fator de proteção, diz Lisa Meltzer, psicóloga pediátrica da Nacional Jewish Health em Denver.
“Quando você não dorme bem, a regulação emocional é uma das primeiras coisas a ir embora”, diz ela. “Sono insuficiente, de má qualidade ou na hora errada – cada um desses fatores pode exacerbar as condições de saúde mental.”
ESTUDANTES NÃO DORMEM O SUFICIENTE
De acordo com muitas fontes, entre elas a Fundação Nacional do Sono e a Academia Americana de Medicina do Sono, os adolescentes devem dormir de oito a dez horas por noite. Mas menos de um quarto dos alunos do ensino médio estão atingindo o mínimo, de acordo com os resultados da mais recente pesquisa nacional de comportamento de risco da juventude, realizada a cada dois anos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Do ponto de vista da saúde mental, tentar dormir mais do que o mínimo de oito horas pode ser bastante útil, descobriram os especialistas. Em um estudo, adolescentes que dormiam oito a nove horas por noite tiveram os níveis mais baixos de problemas de saúde mental, como mau humor, sentimentos de inutilidade, ansiedade e depressão.
Em um estudo publicado recentemente que avalia o sono e o humor de estudantes universitários, Tim Bono, professor de ciências psicológicas e cerebrais da Universidade de
Washington em St. Louis, descobriu que os alunos que dormiam mais durante a semana também registraram as maiores melhorias na felicidade e no bem-estar ao longo do semestre. Issovaleu até mesmo para os alunos que tinham níveis de felicidade mais baixos no início do estudo.
Estudantes com horários de sono mais erráticos tiveram quase duas vezes mais chances de ficar infelizes, segundo o estudo. As principais práticas recomendadas para o sono, incluindo consistência, parecem “afetar significativamente a trajetória da saúde psicológica dos alunos”, diz Bono.
Quando os adolescentes não dormem o suficiente durante a semana, costumam dormir até tarde nos fins de semana para compensar o déficit, o que perpetua o ciclo.
Dormir o suficiente pode proporcionar um amortecedor emocional para ajudar os adolescentes a lidar com os fatores de estresse diários, mostra a pesquisa.
Tiffany Yip, presidente do departamento de Psicologia da Fordham University, pesquisou como o sono afeta a capacidade de os adolescentes lidarem com o estresse relacionado à discriminação. Um estudo de que ela é coautora descobriu que ter uma boa noite de sono ajudava os adolescentes a lidar com a discriminação e o estresse relacionado à discriminação no dia seguinte.
Mais especificamente, os adolescentes que dormiam bem na noite anterior eram mais capazes de selecionar estratégias eficazes de enfrentamento, como buscar apoio e não ficar ruminando ou obcecado com o que acontecera, diz ela. “Quando os adolescentes dormem bem”, diz ela, “eles são mais capazes de lidar com o estresse que vem no dia seguinte”.
E o sono que os adolescentes têm depois de um dia estressante? Ele fornece uma chance de redefinir as emoções, ajudando-os a se recuperar para que haja menos problemas na manhã seguinte. Pesquisadores documentaram esse “efeito rebote”, descobrindo que, quando os adolescentes dormiam mais, eles tinham um humor geral mais positivo na manhã seguinte, muito parecido com o humor após um dia de baixo estresse.
Também existe uma associação entre a quantidade de horas que os adolescentes dormem e seu humor e comportamentos de automutilação. Uma análise dos resultados da pesquisa Comportamentos de Risco da Juventude revelou que os alunos do ensino médio que disseram dormir menos nas noites dos dias de semana eram proporcionalmente mais propensos a relatar tristeza ou desesperança.
Quando comparados com os adolescentes que dormiam por pelo menos oito horas, aqueles que dormiam por seis horas ou menos tiveram mais de três vezes mais chances de pensar, fazer planos ou de fato tentar suicídio, de acordo com a análise.
ANSIEDADE E DEPRESSÃO AFETAM O SONO
Meltzer caracteriza a relação entre sono e saúde mental como algo “intrincadamente entrelaçado”: a perda de sono pode ter um efeito negativo no humor e na resiliência emocional, e problemas de saúde mental podem afetar o sono.
“Sabemos que, no caso de diferentes diagnósticos de saúde mental – ansiedade e depressão -, o sono pode ser tanto um sintoma quanto um resultado negativo do transtorno”, diz ela. ”Se conseguirmos melhorar o sono, alguns dos sintomas de saúde mental vão melhorar. Mas tratar apenas o problema do sono não vai necessariamente curar a depressão ou a ansiedade.”
Em vez disso, ela recomenda que ambos os lados da equação – os problemas de sono e os problemas de saúde mental – sejam abordados simultaneamente. Ela observa que, quando os adolescentes dormem demais com alguma regularidade (mais de dez horas todas as noites), isto pode ser um sinal de que estão deprimidos.
Meltzer enfatiza a importância da consistência do sono para os adolescentes, além dos bons hábitos de sono e de melhores práticas ao acordar. “É fundamental se expor à luz e sair da cama de manhã”, diz. “Para a regulação do ritmo circadiano, é importante ter escuridão à noite e luz pela manhã.” Ela recomenda que os adolescentes não se demorem na cama, principalmente se estiverem gastando tempo ruminando pensamentos ou usando dispositivos eletrônicos: “Quando falamos de sono e saúde mental, estes são os três pontos principais: primeiro, uma programação consistente; segundo, luz pela manhã; e terceiro, só ficar na cama quando estiver dormindo.”
ESTRATÉGIAS PARA DORMIR
Tim Bono, professor de ciências psicológicas e cerebrais da Universidade de Washington, St. Lois, descreve o sono como um “investimento” Como ele diz aos alunos: “Sim, o sono diminui o número de horas de vigília que você tem, mas garante que, durante as horas em que está acordado, você esteja no seu desempenho ideal para a felicidade, para o bem-estar e para se conectar com as outras pessoas”. Veja algumas estratégia para os adolescentes dormirem melhor.
INGESTÃO MODERADA DE CAFEÍNA: a cafeína é consumida por cerca de 80% dos adolescentes e é um estimulante rápido e eficaz, mas ingerida à tarde ou à noite pode dificultar o sono. (Como o neurocientista Matthew Walker observa em Why We Sleep, a cafeína tem uma meia-vida de cerca de cinco a sete horas, o que significa que, mesmo na hora de dormir, metade dela ainda estará em seu sistema).
COCHILOS ESTRATÉGICOS: adolescentes que cochilam muito tarde e/ou cochilam por muito tempo podem acabar criando um ciclo ruim.
EXERCÍCIO: atividade física moderada a vigorosa, como caminhar, correr ou jogar basquete, pode preparar o terreno para dormir melhor. Atenção ao horário: atividade física tarde da noite pode fazer com que os jovens se sintam mais alertas. (Se não for possível evitar as práticas noturnas, crie uma rotina de relaxamento antes de dormir.
De ‘Sex and the City’ a ‘Rebelde’, remakes tentam consertar erros sobre LGBTs, mas por vezes acabam por construir personagens que, ao preencher cotas, nem têm vida própria
Num internato no México, uma estudante brasileira dá as boas-vindas aos recém-chegados e logo é corrigida por um deles. “Sejam todes bem-vindes. Estamos na terceira década do século 21, diz o aluno, deixando a frase na linguagem neutra, para contemplar os estudantes não binários, isto é, que não se identificam de todo com o masculino nem com o feminino.
Num restaurante luxuoso de Nova York, um grupo de amigas de 50 e poucos anos bate papo enquanto toma café da manhã. “Não dá para continuar sendo quem éramos, certo? sugere uma delas, uma advogada prestes a começar uma especialização em direitos humanos e engatar um relacionamento com uma personagem não binária. Cenas como essas poderiam ter saído dos roteiros de seriados como “Sex Education” e “A Vida Sexual das Universitárias”, lançados recentemente já mergulhados em questões de gênero e sexualidade.
Mas elas fazem parte dos revivals “Rebelde”, “And Just Like That”, que retoma “Sex and the City”‘, na esteira de uma explosão de reboots e remakes que precisam enfrentar um problema que eles próprios criaram no passado – a falta de diversidade.
Quando foram lançadas, entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000, essas produções tinham pouca ou nenhuma preocupação com representatividade. No meio dos anos 1990, por exemplo, existiam só 12 personagens LGBTQIA+ na TV, contra os 360 de hoje, segundo a pesquisa Where We Are on TV, da ONG Glaad, que monitora como a comunidade tem sido apresentada na mídia.
Ao retornar, porém, esses seriados encontram um mundo em que pessoas LGBTQIA+ querem ser vistos – ou melhor, bem-vistas – nas telas. O problema é que, para atender à demanda, algumas produções acabam por criar personagens sem profundidade, que, tratados como cotas, servem só para alavancar a trajetória de outras figuras e encher os bolsos das emissoras com o chamado “pink Money”.
É que não basta um revival ter personagens coloridos. Suas histórias precisam ser complexas como as de qualquer outra figura. A avaliação é de Michel Carvalho, roteirista com trabalho na Globo e na Netflix e antropólogo com formação na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“A palavra que define um bom personagem LGBTQIA+ é subjetividade. Todo personagem precisa ter um interesse e uma agenda com questões próprias, mas muitas vezes personagens diversos são planificados, ou seja, a subjetividade deles é regida por apenas um aspecto – o fato de ele ser trans, ou negro, ou gay”.
É o que ocorre no revival de “Sex and the City”, analisa o roteirista. Ao tentar tirar suas protagonistas de uma bolha glamorosa e heteronormativa para envolver as personagens em narrativas com diversidade, o seriado acabou criticado por apresentar figuras estereotipadas.
Che Diaz, por exemplo, é retratada de forma caricata. A personagem se identifica como queer e não binária, tem ascendência mexicana, fuma maconha e faz sexo casual. Sem conflitos próprios, o combo de diversidade que Che carrega serve para desconstruir o trio de mulheres brancas, cisgênero e até então heterossexuais formado pelas personagens principais.
“O reboot cria um choque entre as protagonistas e o contemporâneo. Até é um conflito interessante, mas serve para construir a subjetividade de quem? Da não binária? Não é das personagens principais. É como se Diaz não tivesse vida própria. Parece um projeto caça-pauta”, diz Carvalho.
Embora seja mais visível no streaming, uma indústria que cresce a todo vapor, a estratégia também tem sido adotada no cinema. Prova disso é o remake de “A Bela e a Fera”, em que LeFou é gay, e somente gay, sem nenhuma outra função narrativa além de trazer à produção representatividade – ou tentar, já que o personagem detonou críticas de que era estereotipado.
Outro reboot relançado é “Charmed – Nova Geração” que acabou com personagens caricatos ao tentar solucionar quase que com um “checklist” as lacunas de diversidade sexual, racial e de gênero da versão original, de 1998.
Raina Deerwater, pesquisadora do Glaad, afirma que uma representação precisa ser mais densa. Ela sugere perguntas que devem ser feitas para analisar a qualidade de um personagem LGBTQIA+.
“Temos de questionar se eles são tratados com o mesmo respeito que seus colegas, se podem contar a própria história, se têm os mesmos altos e baixos, os mesmos romances, as mesmas diversões que os heterossexuais”.
Há produções que cumprem tais requisitos, caso da releitura de “She-Ra”, em que a protagonista salva o mundo tascando um beijo noutra personagem feminina, Felina, e de “High School Musical”, que retornou com um casal gay após ter foçado a heterossexualidade de um coprotagonista.
Mesmo “The L. Word”, que já era centrada em personagens lésbicas em 2004, quando estreou, incorporou no remake “Geração Q” um personagem transgênero e bissexual com conflitos que vão além de sua identidade de gênero e de sua orientação sexual, assim como One Day at a Time, que voltou ao ar 33 anos depois do encerramento de sua primeira versão, desta vez com a filha da protagonista se assumindo lésbica e namorando uma personagem não binária.
O reboot de “Rebelde,” lançado neste ano, teve o mesmo cuidado. A atriz Giovana Grigio, que interpretou uma personagem bissexual em “Malhação” e agora vive outra, Emília, na produção, concorda que se deve ir além do cumprimento da tabela. “Amo na história da Emília que sua sexualidade é apenas um detalhe. Ela é uma menina cheia de conflitos, vivendo com intensidade a adolescência, lidando com pressões, encontrando o amor, se questionando enquanto pessoa”, diz.
Carvalho, o roteirista, afirma que a complexidade nasce a partir do momento em que certas convenções sobre a comunidade LGBTQIA+ na TV são quebradas. “Já vimos a narrativa da saída do armário, de se apaixonar pelo melhor amigo, de não se aceitar, de sofrer homofobia. Quando a gente desestrutura essas convenções, complexificamos os personagens”, afirma.
Ainda há, no entanto, um longo caminho para que essas histórias cheguem à altura das que, por décadas, têm sido contadas sobre pessoas heterossexuais, Deerwater; a pesquisadora da Glaad, diz que é preciso adicionar mais diversidade à diversidade.
“A TV precisa contar mais histórias de pessoas queer negras, indígenas, assexuais, intersexuais, não binárias, de corpos diversos, dos que vivem com HIV. Histórias significativas, com personagens tridimensionais e com pessoas LGBTQIA+ não só na frente, mas atrás das câmeras”.
Consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas (1Samuel 28.6).
Saul foi o primeiro rei de Israel. Governou a nação por quarenta anos. Seus primeiros anos foram bem-sucedidos, porém seu reinado terminou de forma trágica. Não basta começar bem; é preciso terminar bem. Não basta iniciar a jornada com bons propósitos; é preciso completar a carreira com integridade. Saul se desviou do caminho e pegou alguns atalhos perigosos. Sua obediência parcial se tornou desobediência total. Sua demora em obedecer a Deus se tornou rebelião deliberada. Sua dureza de coração e sua impiedade lhe fecharam a porta do arrependimento. O mesmo homem que um dia fora cheio do Espírito agora é tomado por espíritos malignos. O Espírito de Deus apartou-se dele, e o coração de Saul se encheu de ódio. Saul se tornou louco e violento. Retrocedeu em sua fé e acabou buscando o que outrora condenava. Saul consultou uma feiticeira em vez de consultar o Senhor. Foi assaltado pelo medo e atentou contra a própria vida. Começou bem e terminou mal. Começou vestindo a túnica da humildade e terminou a carreira cheio de soberba. Começou com a bênção de Deus e fechou as cortinas de sua vida longe de Deus. Não basta começar bem; é preciso terminar bem. Não bastam boas intenções, é preciso perseverança no andar com Deus.
O segmento do bem*estar sexual passa por uma revolução: deve faturar US$ 108 bilhões no mundo em 2027, e não faltam oportunidades para empreender na área. Conheça algumas das iniciativas brasileiras
Em 1902 ,a empresa americana de eletrodomésticos Hamilton Beach colocou à venda o primeiro vibrador elétrico do país em suas lojas. Na época, ele dividia as prateleiras com outros produtos eletrificados, como torradeiras e máquinas de costura, que ainda eram novidade. E foi um dos pioneiros: chegou antes do aspirador e do ferro de passar roupas.
Mas calma, não foi um movimento revolucionário contra o conservadorismo do século passado. É que os vibradores (que mais pareciam um secador de cabelo) nada tinham a ver com sexo, mas sim com as crenças pseudocientíficas da época. Médicos recomendavam seu uso para massagear partes do corpo prometendo cura para dores, cólicas e até infecções na garganta, por exemplo. Também podiam ser usados na região genital de mulheres para tratar “histeria” – uma doença que não existe, mas que era usada como diagnóstico para quadros de estresse e irritabilidade (a ideia era a de que o útero, hyster em grego, causava comportamentos excêntricos).
A partir da década de 1920, as coisas começaram a mudar. O vibrador passou a aparecer em filmes e ensaios pornográficos, e sua imagem passou a ser menos ligada a eventuais tratamentos e mais ao sexo. O produto virou tabu, e foi sumindo das prateleiras das lojas de eletrodomésticos. Mas não deixaram de ser usados, é claro. Agora, eram vendidos em um mercado paralelo – o de produtos eróticos.
Por décadas, sex shops dominaram esse segmento, vendendo vibradores (agora com formato fálico), lubrificantes, brinquedos sexuais e outros produtos voltados ao universo erótico. Tudo de forma discreta, longe do varejo tradicional.
Mas isso começa a mudar. Nos últimos anos, o mercado erótico passou por um grande rebranding – até o nome mudou: “mercado do bem-estar sexual”. Na onda do autocuidado, marcas começaram a anunciar seus produtos não apenas como sexuais, mas também ligados ao bem-estar, saúde física e mental e empoderamento feminino.
Quem lidera esse movimento são as sextechs, com o sufixo “tech” para indicar startups que inovam no setor (assim como em fintechs ou foodtechs, por exemplo). E elas trazem um diferencial importante: os novos produtos são desenvolvidos de mulher para mulher.
“Antes, mulheres poderiam até estar à frente de sex shops, mas poucas encabeçavam todo o negócio, desde o desenvolvimento de produtos e marcas”, comenta Lídia Cabral, fundadora da Tech4Sex, plataforma que estuda e fomenta o ecossistema de sextechs brasileiras.
E não faltam demandas especificas delas. Dados do Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex) mostram que 55,6% das mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo em relações sexuais. Mais: 40% não se masturbam. Para muitas, a sexual!dade ainda é tabu.
UM MERCADO QUENTE
As sextechs surgem para atender esse enorme segmento de clientes cujas necessidades vinham sendo ignoradas pelo mercado erótico anterior. As mudanças são várias: vibradores e brinquedos sexuais não têm mais necessariamente formato de pênis; muitos são discretos ou assumem formas inusitadas. O design costuma ser clean, sem referências eróticas, para lembrar produtos do dia a dia, como cosméticos, e não causar constrangimento caso forem expostos. E o foco na discrição das embalagens é redobrado, pelo mesmo motivo.
Lubrificantes, géis e produtos de relaxamento para facilitar o sexo também são apostas do segmento – 59,7% das mulheres afirmam sentir dor durante a relação sexual. Itens de saúde também são frequentes, como camisinhas femininas feitas especialmente para maximizar o conforto. Afinal, entre a maior preocupação das mulheres em relação ao sexo, as chances de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é a que lidera a lista, com 46% (entre os homens, a maior preocupação é não satisfazer sexualmente o parceiro ou parceira, citada por 55% deles).
Não só. Como o assunto ainda é delicado entre as mulheres, as empresas têm de se reinventar na hora de conquistar clientes. A linguagem é acessível, nada provocativa; em propagandas, os modelos são pessoas comuns, e não corpos que se encaixam perfeitamente nos padrões.
Praticamente todas as sextechs também se engajam em uma outra missão para além de vender seus próprios produtos: o da educação sexual. Em suas redes sociais, por exemplo, essas startups disseminam conteúdos para tirar dúvidas e dar dicas voltadas para a sexualidade. Muitas acabam até integrando esse extra aos seus negócios, vendendo ou oferecendo cursos, livros e podcasts para seus clientes. Esse tipo de esforço ajuda a normalizar o assunto, e criar uma base fiel de compradoras.
A fórmula tem dado certo. Em 2020, o mercado do bem-estar sexual movimentou US$ 78 bilhões, segundo a Allied Market Research. E a consultoria prevê que o segmento vá atingir os US$ 108 bilhões ainda em 2027.
A maior parte do mercado global ainda está concentrada nos Estados Unidos, pioneiro no movimento. Por lá, inúmeras startups passam a chamar atenção dos investidores e recebem aportes milionários. Celebridades passam a empreender no segmento também, ajudando a divulgar e normalizar os produtos de bem-estar sexual.
Em novembro, a cantora americana Demi Lovato, por exemplo, lançou sua própria linha de vibradores em parceria com a sextech Bellesa. E a atriz e supermodelo Cara Delevingne se tomou conselheira criativa para a marca Lora DiCarlo, cujos vibradores térmicos buscam simular o toque humano. Por aqui, o mercado ainda está nas fases iniciais, mas grandes varejistas começam a dar um empurrãozinho. A pioneira foi a Amaro, varejo de moda que inaugurou uma seção de bem-estar sexual em seu e-commerce em abril de 2021.
O maior salto, porém, veio em outubro, quando a gigante Magalu decidiu fazer o mesmo. Segundo Lídia, da Tech4Sex, o movimento é importante para conquistar novos públicos e impulsionar o mercado. Afinal, dificilmente uma pessoa tem contato com esses produtos a não ser que procure ativamente por eles. Com segmentos de vendas nas varejistas, novos clientes podem ser atraídos pela curiosidade.
SEXTECHS À BRASILEIRA
Para Marília Ponte, empreender na área não era o plano A. Seu interesse pelo segmento das sextechs começou quando passou a entender a própria sexualidade – e acabou descobrindo como o mercado americano vendia soluções inovadoras para essas questões. A jovem de 26 anos decidiu que queria trabalhar com isso – mas teve um problema: não encontrou nenhuma empresa do tipo no Brasil. A solução foi criar a sua própria.
Marilia fundou a Lilit, uma sextech que comercializa vibradores, em 2020. O primeiro desafio foi aquele que todas as sextechs relatam: a falta de dados que indiquem o tamanho real do mercado. O jeito foi fazer sua própria coleta; uma pesquisa inicial com mais de quatro mil mulheres, e depois encontros e conversas constantes com potenciais clientes para desenvolver os produtos ideais.
O processo revelou algo importante: “Enquanto nós estávamos preocupadas em saber os detalhes dos protótipos de vibradores, como o tipo de material e carregador, as mulheres estavam envergonhadas e perguntavam como usar o produto. Ali percebemos que o mercado brasileiro estava em um estágio anterior de maturidade”, conta.
Para o pontapé inicial, Marília apostou num produto simples e discreto: o Bullet Lilit, um vibrador pequeno, discreto, com 5 estágios de vibração, recarregável e resistente à água. A ideia é que o Bullet seja o “primeiro vibrador” para mulheres que nunca utilizaram produtos sexuais.
O Bullet Lilit foi lançado em agosto de 2020, e, até hoje, é o único vendido pela marca. A estratégia de ser monoproduto funcionou: desde o lançamento, a empresa já faturou RS1,2 milhão. Agora, com o nome mais consolidado e uma base de clientes, a ideia é lançar novos produtos a partir de 2022.
Foi também apostando no simples que surgiu a Feel, marca de lubrificantes fundada por Marina Ratton em 2020. No início, a empreendedora não tinha certeza sobre em qual produto apostar – também foi necessário fazer pesquisas com bases de clientes em potencial. A startup constatou que muitas mulheres se queixavam de desconforto e ressecamento em relações de penetração vaginal; ao mesmo tempo, tinham vergonha de comprar lubrificantes em farmácias.
Mais: boa parte delas preferia produtos orgânicos e naturais, seja no campo dos alimentos, dos cosméticos ou dos itens de higiene. E essa preocupação era praticamente ignorada no ramo de bem-estar sexual. A ideia da Feel, então, foi lançar um lubrificante natural à base de calêndula e aloe vera – vegano e sem testes em animais.
Embora o plano inicial fosse investir em apenas um produto, a sextech constatou outros problemas entre suas clientes, e mais oportunidades de negócios. “Percebemos, por exemplo, que muitas mulheres estavam usando óleo de coco da cozinha para hidratar a região da vulva”, diz Marina. A Feel então integrou a seu catálogo um produto à base de óleo de coco para aplicar após a depilação e aliviar assaduras. Hoje, também comercializa sabonetes íntimos.
Ainda que as mulheres sejam as novas protagonistas quando se fala do mercado do bem-estar sexual, outros grupos que antes tinham pouco espaço também despontam. Marcas começam a apostar em produtos feitos especialmente para o público LGBTQIA+.
No Brasil, uma das empresas que aposta na diversidade é a Panty nova, e-cornmerce de produtos eróticos fundado pelas empreendedoras lzabela Starling e Heloisa Etelvina em 2018. Na época um casal, elas estavam insatisfeitas com suas experiências como consumidoras do mercado erótico.
Com cintas penianas no catálogo, além de vibradores e lubrificantes, a startup viu seu faturamento disparar 400% em 2020, quando grande parte da população ficou em casa e começou a explorar mais sua sexualidade. “Costumamos brincar que a pandemia foi um investidor-anjo”, conta Iza. Em tempo: a maior parte da equipe que compõe a Panty-nova é LGBTQIA+.
METAVERSO SEXUAL
Nem só de produtos físicos vivem as sextechs. Uma tendência no mercado internacional é o surgimento de apps e redes sociais voltadas para o bem-estar sexual, oferecendo fóruns de discussão, podcasts, contos eróticos em texto e áudio e outros conteúdos voltados para a sexualidade. No Brasil, uma das pioneiras no movimento é a startup Share Your Sex, fundada por Mariah Prado. O negócio seguiu um caminho incomum: começou com um grupo secreto no Facebook, ainda em 2015, exclusivo para mulheres compartilharem relatos e dúvidas sobre o sexo.
Com o crescimento da comunidade, que hoje soma mais de 250 mil participantes, Mariah despertou o interesse por empreender no ramo. O empurrão final para o surgimento da empresa veio em 2020, quando o grupo no Facebook acabou derrubado pela plataforma, que alegou violação da política da rede social em relação ao conteúdo sexual Mariah e as participantes da Share Your Sex conseguiram reverter a decisão – mas ficou claro que aquilo poderia acontecer novamente.
A solução foi fundar seu próprio aplicativo para celular, de mesmo nome, com fóruns e grupos de discussões. Há também a opção de assinar o serviço para ter acesso exclusivo a streaming de áudios com contos eróticos, masturbações guiadas, podcasts sobre saúde feminina e outros conteúdos desenvolvidos por psicólogas e sexólogas.
A censura que motivou a criação da Share Your Sex, aliás, é um dos maiores desafios citados pelas sextechs. Muitas redes sociais têm políticas de restringir conteúdos sexuais, e divulgar a venda de produtos eróticos é praticamente impossível.
Mesmo conteúdos não explícitos, como os de educação sexual, podem ser removidos automaticamente pelos algoritmos – na maioria das vezes até é possível recorrer para um analista humano separar o joio do trigo, mas a burocracia e a demora atrapalham. Por isso, muitas sextechs burlam o sistema em suas redes sociais escrevendo seus conteúdos de forma disfarçada: sexo vira s3xO, por exemplo.
Talvez isso não dure por muito tempo. O crescimento das sextechs no mundo vem pressionando as redes sociais a rever suas políticas de conteúdo. Afinal, o grande desafio das empresas do ramo é esse: normalizar o sexo e o consumo de produtos e conteúdos eróticos. A base de clientes em potencial é enorme, as soluções estão sendo desenvolvidas, os empreendedores estão a postos e os investidores estão de olho. Só falta mesmo quebrar de vez o tabu.
– Você já comeu gato por lebre? perguntaram-me devido a meu ar um pouco distraído.
Respondi:
– Como gato por lebre a toda hora. Por tolice, por distração, por ignorância. E até às vezes por delicadeza: me oferecem gato e agradeço a falsa lebre, e quando a lebre mia, finjo que não ouvi. Porque sei que a mentira foi para me agradar. Mas não perdoo muito quando o motivo é de má-fé.
Mas a variedade do assunto está exigindo uma enciclopédia. Por exemplo, quando o gato se imagina lebre. Já que se trata de gato profundamente insatisfeito com a sua condição, então lido com a lebre dele: é direito de gato querer ser lebre.
E há casos em que o gato até que quer ser gato mesmo, mas lebresse oblige, o que cansa muito.
Há também os que não querem admitir que gostam mesmo é de gato, obrigando-nos a achar que é lebre, e aceitamos só para poder comer em paz com tempos e costumes.
Num tratado sobre o assunto, um professor de melancolia diria que já serviu de lebre a muito gato ordinário. Um professor de irritação diria uma coisa que não se publica.
Tenho mesmo vergonha é quando não aceito lebre pensando que era gato. (Há um provérbio que diz: é melhor ser enganado por um amigo do que desconfiar dele.) É o preço da desconfiança.
Mas na verdade, quando aceito gato por lebre, o problema verdadeiro é de quem me ofereceu, pois meu erro foi apenas o de ser crédula.
Estou gostando de escrever isto. É que várias lebres andaram miando pelos telhados, e tive agora a oportunidade de miar de volta. Gato também é hidrófobo.
Pesquisadores descobriram que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver o problema. Acredita-se que a atividade física altera os níveis de substâncias relacionadas ao humor
Para lidar melhor com todas as notícias desanimadoras sobre o aumento dos casos de Covid-19 e muito mais, você pode sair e praticar atividade física com segurança. Um estudo com quase 200 mil esquiadores descobriu que ser fisicamente ativo reduz pela metade o risco de desenvolver ansiedade clínica ao longo do tempo. O estudo, da Suécia, concentrou-se no esqui, mas os pesquisadores disseram que quase qualquer tipo de atividade aeróbica ajuda a nos proteger contra preocupação e pavor excessivos, um pensamento animador quando enfrentamos mais uma terrível temporada de pandemia.
A ciência já oferece multas evidências encorajadoras de que o exercício pode melhorar nosso humor. Experimentos mostram que quando as pessoas (e animais de laboratório) começam a se exercitar, elas normalmente ficam mais calmas, mais resilientes, mais felizes e menos propensas a se sentir indevidamente tristes, nervosas ou com raiva. Estudos epidemiológicos, que muitas vezes se concentram nas ligações entre um tipo de atividade ou comportamento e vários aspectos da saúde ou longevidade, também descobriram que mais exercícios estão associados a chances substancialmente menores de desenvolver depressão grave. Inversamente, ser sedentário aumenta o risco de depressão.
Um estudo neurológico notável de 2013 até descobriu que o exercício leva a reduções na ansiedade dos roedores, provocando um aumento na produção de neurônios especializados que liberam uma substância química que acalma a atividade excessiva em outras partes do cérebro.
Mas a maioria desses estudos foi pequeno, de curto prazo ou principalmente relevante para camundongos, deixando em aberto muitas questões sobre quais tipos de exercícios podem ajudar nossa saúde mental, quanto tempo as melhorias de humor podem durar, se homens e mulheres se beneficiam igualmente e se é possível malhar demais e talvez aumentar sua probabilidade de se sentir emocionalmente pior.
SAÚDE MENTAL
Para o novo estudo, que foi publicado na Frontiers in Psychiatry, cientistas do exercício da Universidade de Lund, na Suécia, e outras instituições, decidiram que valeria a pena examinar a saúde mental a longo prazo de milhares de homens e mulheres que participaram do famosa corrida anual de esqui na Suécia conhecida como Vasaloppet, em que uma multidão de participantes percorre a distância de 90 km entre Salen e Mora, na província histórica sueca da Dalecárdia.
Como esse tipo de evento requer saúde, resistência e treinamento abundantes, os pesquisadores usaram dados sobre os corredores do Vasaloppet para estudar como o exercício influencia a saúde do coração, os riscos de câncer e a longevidade.
“Usamos a participação em uma Vasaloppet como um substituto para um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”, disse Tomas Deierborg, diretor do departamento de medicina experimental da Universidade de Lund e autor sênior do estudo, que completou duas vezes o percurso de 90 km.
Para começar, ele e seus colega reuniram tempos de chegada e outras informações de 197.685 homens e mulheres suecos que participaram de uma das competições entre 1989 e 2010. Eles então cruzaram essas informações com dados de um registro nacional sueco de pacientes, procurando diagnósticos de transtorno de ansiedade clinica entre os corredores nos próximos 10 a 20 anos. Para comparação, eles também verificaram diagnósticos de ansiedade durante o mesmo período de tempo para 197.684 de seus concidadãos selecionados aleatoriamente que não haviam participado da corrida e eram considerados relativamente inativos.
Os esquiadores descobriram os pesquisadores, provaram ser consideravelmente mais calmos ao longo das décadas após a competição do que os outros suecos, com mais de 50% menos risco de desenvolver ansiedade clínica. Esse padrão tendia a prevalecer entre esquiadores masculinos e femininos de quase todas as idades – exceto, curiosamente, as corredoras mais rápidas. As melhores finalistas femininas de cada ano tendiam a ser mais propensas a desenvolver transtornos de ansiedade do que outros corredores embora seu risco geral permanecesse menor do que para mulheres da mesma idade no grupo de controle.
Esses resultados indicam que “a ligação entre o exercício e a redução da ansiedade é forte”, disse Lena Brundia, principal pesquisadora de doenças neurodegenerativas do Instituto de pesquisa Van Andei, no estado americano do Michigan, que foi outra autora do estudo.
EXERCÍCIO AERÓBICO
Segundo Deierborg, não é necessário percorrer de esqui, longas distâncias nos bosques nevados da Suécia para colher os frutos, disse Deierborg. Estudos anteriores de exercício e humor sugerem que seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de cerca de 30 minutos de caminhada rápida ou atividades semelhantes na maioria dos dias “tem bons efeitos na sua saúde mental” e esses benefícios parecem se aplicar a uma população mais ampla do que apenas os suecos, disse ele.
Ainda assim, pode valer a pena monitorar sua resposta psicológica a treinos e competições internos especialmente se você for uma mulher competitiva.
No entanto, as descobertas têm limitações. Elas não podem provar que o exercício faz com que as pessoas tenham um humor melhor, apenas que pessoas altamente ativas tendem a ser menos ansiosas do que seus pares mais sedentários. O estudo também não explica como o esqui pode reduzir os níveis de ansiedade. Os pesquisadores suspeitam que a atividade física altera os níveis de substâncias químicas cerebrais relacionadas ao humor, como dopamina e serotonina, e reduz a inflamação em todo o corpo e no cérebro, contribuindo fisiologicamente para uma saúde mental mais robusta. Qualquer exercício em qualquer ambiente provavelmente deve ajudar.
“Um estilo de vida fisicamente ativo parece ter um forte efeito na redução das chances de desenvolver um transtorno de ansiedade”, disse Deierborg.
VEJA QUAIS SÃO OS MELHORES ALIMENTOS PARA GARANTIR A SAÚDE DO SEU CÉREBRO
Um crescente conjunto de pesquisas mostra que apostar na qualidade da dieta de uma pessoa pode ter efeito expressivo no equilíbrio mental e bem-estar
É hora de começar a alimentar seu cérebro. Durante anos, a pesquisa sobre alimentação saudável concentrou-se principalmente na saúde física na ligação entre dieta, peso e doenças crônicas. Mas, o campo emergente da psiquiatria nutricional estuda como os alimentos podem afetar como sentimos.
“Muitas pessoas pensam em comida em termos de gordura abdominal, mas o alimento também afeta nossa saúde mental. É uma parte pouco explorada nesse assunto”, disse Uma Naidoo, psiquiatra de Harvard e diretora de psiquiatria nutricional e de estilo de vida do Massachusetts m General Hospital.
A conexão entre o estômago e o cérebro é forte e começa no útero. O intestino e o cérebro se originam das mesmas células do embrião, explica Naidoo. Uma das principais maneiras pelas quais o cérebro e o intestino permanecem conectados é através do nervo vago, um sistema de mensagens químicas bidirecional que explica porque o estresse pode desencadear sentimentos de ansiedade em sua mente e borboletas em seu estômago.
DERRUBANDO UM MITO
Muitas vezes, as pessoas tentam influenciar seu humor comendo alimentos reconfortantes, como sorvete, pizza ou macarrão com queijo. O problema, dizem os especialistas, é que, embora essas comidas normalmente ofereçam uma combinação tentadora de gordura, açúcar, sal e carboidratos que os tornam hiper palatáveis, eles podem provocar uma piora no que sentimos.
Traci Mann, que dirige o laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota, concluiu uma série de estudos para determinar se a comida preferida de uma pessoa melhora seu humor. Em seus experimentos, o fator que parecia importar mais era a passagem do tempo.
“Se você comer comida reconfortante, pode se sentir melhor, mas, se não comer, também se sentirá melhor com o passar do tempo. As pessoas acreditam em comida reconfortante e estão dando crédito a melhora de humor que teriam acontecido de qualquer maneira”, afirmou.
CONTRA A DEPRESSÃO
A pesquisa de Mann descobriu que os alimentos que tradicionalmente trazem conforto não têm um efeito significativo no humor, e um crescente conjunto de pesquisas mostra que melhorar a qualidade da dieta de uma pessoa pode ter um efeito significativo na saúde mental.
Os cientistas sabem que cerca de 20% de tudo o que comemos vai para o cérebro, disse Drew Ramsey, psiquiatra e professor da Universidade Columbia, em Nova York. Neurotransmissores e receptores críticos são produzidos quando você come nutrientes e aminoácidos específicos, explicou. Suas células gliais, por exemplo, que compõem uma porção substancial do cérebro, são dependentes de gorduras omega-3. Minerais, incluindo
zinco, selênio e magnésio, fornecem a base para a atividade celular e o tecido cerebral e a síntese de neurotransmissores que afetam diretamente o humor. Ferro, ácido fólico e vitamina B12 ajudam seu corpo a produzir serotonina.
“Nossos cérebros evoluíram para comer quase qualquer coisa para sobreviver, mas cada vez mais sabemos que há uma maneira de alimentá-lo para melhorar a saúde mental geral. Sabemos que se você come um monte de lixo, você se sente um lixo, mas a ideia de que isso se estende a um risco para a saúde mental é uma conexão que não fizemos na psiquiatria até recentemente”, explicou Ramsey.
LISTA DOS ALIMENTOS
Ramsey criou um mantra sobre os melhores alimento para o cérebro: “Frutos do mar, verduras, nozes e feijão – e pouco chocolate amargo”.
A ciência sobre os possíveis benefícios cerebrais dos alimentos ainda está no estágio inicial, e comê-los não resultará em mudanças de humor da noite para o dia. Mas incorporar vários desses alimentos nas refeições melhorará a qualidade geral de sua dieta – e você notará a diferença.
VERDE FRONDOSO:
Para Ramsey, as folhas verdes são a base de uma boa dieta para o cérebro porque são baratas, versáteis e têm uma alta proporção de nutrientes por calorias. Couve é o seu favorito, mas espinafre, rúcula, beterraba e acelga também são ótimas fontes de fibra, ácido fólico e vitaminas C e A. Se você não é fã de saladas, adicione verduras a sopas, ensopados, frituras e smoothies, ou pode transformá-los em um pasto.
FRUTAS E VEGETAIS COLORIDOS:
Quanto mais colorido for o prato, melhor será a comida para o seu cérebro. Estudos sugerem que frutas e vegetais de cores vivas, como pimentão vermelho, mirtilo, brócolis e berinjela, podem afetar a inflamação, a memória, o sono e o humor. Alimentos avermelhados – púrpura são ainda mais poderosos. E não se esqueça dos abacates, que são ricos em gorduras saudáveis que melhoram a absorção de fitonutrientes de outros vegetais.
FRUTOS DO MAR:
Sardinhas, ostras, mexilhões, salmão selvagem e bacalhau são fontes de ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa essenciais para a saúde do cérebro. Os frutos do mar também são uma fonte de vitamina B12, selênio, ferro, zinco e proteínas. Se você não come peixe, sementes de chia, sementes de linhaça e vegetais do mar também são boas fontes de ômega 3. Para aqueles com orçamento limitado, o salmão enlatado é uma opção mais acessível.
NOZES, FEIJÕES E SEMENTES:
Tente comer entre meia xícara e uma xícara cheia de feijão, nozes e sementes por dia. Castanhas de caju, amêndoas, nozes ou sementes de abóbora são um ótimo lanche, mas também podem ser adicionadas a refogados e saladas. Feijões preto e vermelho, lentilhas e legumes também podem ser adicionados a sopas, saladas e ensopados ou apreciados como refeição ou acompanhamento. As manteigas de nozes também contam.
ESPECIARIAS E ERVAS:
Elas não apenas melhoram o sabor da comida, mas estudos sugerem que certas especiarias podem levar a um melhor equilíbrio dos micróbios intestinais, reduzir a inflamação e até melhorar a memória. Destaque para o açafrão – estudos sugerem que seu ingrediente ativo, a curcumina, pode ter benefícios para a atenção e a cognição geral. “A cúrcuma pode ser muito poderosa ao longo do tempo”, disse Naidoo. “Tente incorporá-la ao molho de salada ou legumes assados” ou em curry, molhos, ensopados ou smoothies. ”Adicionar uma pitada de pimenta preta torna a curcumina 2.000 % mais biodisponível para o nosso cérebro e corpo”, explicou. “É um truque fácil de fazer quando você está cozinhando.” Outras especiarias que podem melhorar a saúde do cérebro incluem canela, alecrim, sálvia e gengibre.
ALIMENTOS FERMENTADOS:
Eles são feitos combinando leite, vegetais ou outros ingredientes crus com micro organismos como leveduras e bactérias. Um estudo recente descobriu que seis porções diárias de alimentos fermentados podem diminuir a inflamação e melhorar a diversidade do microbioma intestinal. Alimentos fermentados incluem iogurte; chucrute; kefir, uma bebida láctea fermentada, kombucha, bebida fermentada feita com chá; e kimchi, um acompanhamento tradicional coreano de repolho fermentado e rabanete. O kefir de coco é uma opção não láctea. Outros alimentos fermentados incluem missô, queijo cotage, queijo Gouda e alguns tipos de vinagre de maçã. Você também pode beber “shots intestinais” contendo probióticos, que são pequenas garrafas de bebidas fermentadas, geralmente com cerca de 60g, vendidas em muitos supermercados.
CHOCOLATE AMARGO:
As pessoas que comem regularmente chocolate amargo têm um risco 70% menor de sintomas de depressão, de acordo com uma grande pesquisa em quase 14 mil adultos. O mesmo efeito não foi observado em quem comeu muito chocolate ao leite. O chocolate escuro é embalado com flavonóis, incluindo epicatequina, mas o chocolate ao leite e as barras de chocolate populares são tão processados que não têm muita epicatequina.
A alta procura pelos buldogues franceses, esnobados pelos ingleses no passado, se deve a um mecanismo psicológico de ver nesses cãezinhos traços, digamos, humanos
A relação da espécie humana com os cães volta mais de 20.000 anos no tempo e vem produzindo laços firmes e duradouros, em que, não raro, o dono e seu animal chegam a se assemelhar. As engrenagens que levam a cara de um a ficar o focinho do outro já foram destrinchadas e a ciência concluiu: existe um embasamento para essa sensação de familiaridade, seja no semblante, seja no temperamento, e ela tem a ver com um mecanismo que faz os caninos absorverem os trejeitos do homem a ponto de reproduzirem o seu olHar. Mas há outra razão, esta, mais simples, para que tantas duplas se pareçam: as pessoas tendem a escolher, ainda que inconscientemente, raças afinadas com o seu jeito e estilo. E tal elo vai se aprofundando à medida que se domestica o cachorro. “Nós o criamos para ser o mais similar possível com a gente”, explica a americana Alexandra horowitz, especialista em cognição canina e autora de Our Dogs, Our selves. É justamente nesse caldo que o buldogue francês, com seus olhos generosos e focinho pequenino – algo humanizado, por assim dizer -, ingressou no rol dos cãezinhos mais populares do planeta.
Turbinada por celebridades como Reese Witherspoon, Leonardo Di Caprio e David Beckham, a raça registrou ao longo da última década uma subida na procura na casa dos 1.700%, e a curva segue embalada. Nas redes, um dos termômetros desta era, as hashtags #frenchie e #frenchielove vencem a de qualquer outro canino, e o preço naturalmente acompanha o interesse: alcança os 3.000 dólares, cifra que enche inclusive os olhos de ladrões, como os que surrupiaram Koji e Gustav, os cachorrinhos de face amassada da cantora Lady Gaga, felizmente recuperados em questão de dias. Algumas qualidades contemporâneas conspiram a favor desses cães, que no Brasil figuram entre os seis mais requisitados, de acordo com o levantamento do aplicativo DogHero. Uma delas é de cunho prático. “Eles têm comportamento tranquilo e se dão bem em ambientes apertados, como o de um apartamento”, diz o publicitário Thiago Graber, dono de Luna, 3 anos, um veterano no mundo animal.
Outro fator de magnetismo desses buldogues remete àquela ideia de que o homem busca um cão de algum modo parecido consigo mesmo. Um mergulho fundo no universo canino revela que eles, ao contrário de vários de seus pares de raças distintas, apresentam focinho acanhado, o rosto arredondado e os olhos centralizados em vez de concentrados nas laterais. Também esboçam um sorriso “vagamente humano”, segundo os anuários que descrevem a fisiologia canina. Evidentemente que não são a carinha de seus donos, mas reúnem características percebidas em insondáveis camadas do cérebro humano como e “semelhantes”. “Isso tudo transcorre no terreno psicológico, que detecta familiaridades mesmo que elas não sejam óbvias”, ressalta a especialista Alexandra Horowitz, citando cachorros que desencadeiam o mesmo tipo de clique, entre eles boxer, shih tzu e buldogue inglês.
Em sua caminhada para encontrar um canino que acrescente componentes “familiares”, uma ala da espécie humana, sobretudo aquela que vive do mercado de cães, vem exagerando na dose. Essa turma envereda por reproduções que, no caso dos buldogues franceses, têm o objetivo de cruzar entre si os representantes da espécie de focinho já pequeno na tentativa de fazê-los ainda mais miúdos, um atributo que chama a atenção. Em dezembro, o braço britânico do Kennel Club, a mais antiga sociedade de cinofilia do mundo, se mexeu e atualizou suas diretrizes para a raça citando as consequências negativas da mão do homem sobre o processo evolutivo natural. “Precisamos evitar características extremas que exacerbem problemas de saúde desses animais”, assinalou o documento, atendendo a uma petição assinada por mais de 40.000 veterinários.
Fenômenos de uma indústria que só cresce, os buldogues franceses pertencem ao ramo das raças conhecidas como braquicefálicas, aquelas dos focinhos achatados e com pendor para síndromes respiratórias – daí ser ainda menos indicado tocar nesse órgão por onde o oxigênio vem e vai. “O Ralph não sofre de nenhum problema grave, mas exige mais cuidados”, conta o diretor financeiro Pedro Baldaque, que aprendeu, por exemplo, a não lhe dar grandes quantidades de comida em uma única tacada. Ralph e tantos outros da mesma raça têm como antecedentes os buldogues ingleses, o que se explica cavucando a história. Na Inglaterra do século XIX, os filhotes que não crescessem a contento eram rejeitados e acabavam sendo levados à França, onde foram passando por cruzamentos sucessivos até chegarem à forma atual dos travessos cãezinhos de não mais de 30 centímetros. Deu de caírem no gosto de pintores de grande quilate, como Toulouse Lautrec e Degas, que os retrataram em primorosas telas. À primeira vista, ninguém diz que esses cães contêm algum traço humano. Eles só afloram para valer quando as duas espécies consolidam o tal elo ancestral.
Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera. Pelo que também o trago como devolvido ao Senhor… (1Samuel 1.27,28).
Ana foi uma mulher extraordinária. Lutou pelo sonho de ser mãe, a despeito de todos à sua volta conspirarem contra esse propósito. Derramou lágrimas no altar e o coração diante de Deus. Jamais recuou. Queria um filho não para si mesma, mas para consagrá-lo a Deus. Teve a ousadia de oferecer o seu melhor para Deus. Em resposta divina a todo o seu clamor e cumprindo a palavra profética de Eli, Ana concebeu e deu à luz Samuel. Consagrou-o ao Senhor por todos os dias de sua vida. Sabia que seu filho viera de Deus, era de Deus e devia ser consagrado de volta para Deus. Não fosse esse entendimento, e Samuel teria sido um ídolo na vida de Ana. Não compreendesse essa verdade, e sua vida teria gravitado ao redor de Samuel. Nós também precisamos entender que tudo o que somos e temos vem de Deus, é de Deus e deve ser consagrado de volta para Deus. Nossa família, nossa casa, nosso trabalho e nossos bens são dádivas de Deus. Devemos tomar o melhor daquilo que Deus nos tem dado e colocar no altar. Deus merece as primícias, e não as sobras. Precisamos colocar no altar de Deus o nosso Samuel. Precisamos compreender que o Deus das bênçãos é melhor do que as bênçãos de Deus. Precisamos saber que os sonhos de Deus são maiores e melhores do que os nossos sonhos. Precisamos compreender que nada possuímos que não tenhamos recebido, para voluntária e alegremente devolvermos a Deus o melhor do que ele nos tem dado.
APRENDA TÁTICAS PARA CONTORNAR A PROCRASTINAÇÃO E VENCER AS TAREFAS
Ansiedade, insegurança e motivação estão ligadas ao processo de tomada de decisão do cérebro
Todos nós já deixamos uma tarefa importante para depois. Seja estudar para uma prova na época do colégio, preparar um relatório para entregar para o chefe no trabalho ou mesmo iniciar um projeto pessoal que demanda muita dedicação.
A procrastinação faz parte do processo de tomada de decisão, conta o neurocientista Andrei Mayer, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e administrador do canal do YouTube A Culpa é do Cérebro.
“Por algum motivo, a pessoa decide empurrar aquela atividade mais para frente. É algo natural, que fazemos o tempo todo, mas é preciso ficar atento quando isso começa a prejudicar a pessoa profissionalmente ou mesmo em suas relações socias”, Diz Mayer.
O neurocientista explica que o nosso cérebro está o tempo todo fazendo uma avaliação de custo-benefício de todas as nossas ações. Desde coisas simples e diárias, como lavar a louça e escovar os dentes, a elaboração de projetos mais complexos, como mudar os hábitos alimentares ou economizar dinheiro para comprar um imóvel.
“O custo para alcançar um objetivo é o tempo e o esforço que você terá que aplicar naquilo. O benefício é a recompensa que você vai obter no final, ou seja, o prazer e o sentimento de realização”, afirma.
Para superar a procrastinação é preciso entender como esse processo funciona, aprender algumas estratégias para dar início às tarefas e estimular o sistema de recompensa.
Mayer enfatiza que tanto a procrastinação como A preguiça estão relacionadas à motivação, mas são comportamentos diferentes.
“A preguiça é uma desmotivação geral. A pessoa não tem vontade de fazer nada. Não tem energia mental nem física para desenvolver qualquer atividade”, afirma. Já a procrastinação se refere a uma tarefa específica. Por algum motivo, você deixa de fazer uma tarefa para fazer outra”.
As duas, porém, podem ser desencadeadas por questões fisiológicas e psicológicas, como estresse e sono irregular.
“Dormir mal afeta todos os sistemas do cérebro, inclusive os envolvidos com a motivação. Se a pessoa dorme mal ela se sente menos motivada e procrastina mais, fica preguiçosa. Com o estresse é a mesma coisa. O estresse muda a forma de como o cérebro vai calcular o custo-benefício das tarefas, fica mais difícil ter motivação”.
Assim, como em qualquer processo de tomada de decisão, muitas partes do cérebro são envolvidas na procrastinação. “As principais são o córtex pré-frontal, que funciona como um grande gerente, um planejador dentro da nossa cabeça, e o chamado sistema de recompensa, que é o circuito que processa as informações relacionadas às sensações de prazer, à satisfação”, ressalta Mayer.
“As informações sobre o esforço que você vai ter que fazer para conquistar essa recompensa chegam até o gerente, que é o córtex pré-frontal, que vai ajudar você a tomar a decisão”.
E o que acontece quando a gente procrastina? “Basicamente, é o seu cérebro chegando à conclusão de que não vale a pena executar essa tarefa agora, e você acaba deixando para mais tarde. Ele avalia que não vale a pena investir energia física e mental naquele momento. Isso é procrastinar. É quando o gerente chega a essa conclusão.”
Mayer destaca que os quatro componentes básicos que o cérebro leva em consideração para tomar essa decisão são: a recompensa (o que você vai ganhar com aquilo), o esforço físico e mental para resolver aquela tarefa, o tempo que você terá que dedicar e, finalmente, a probabilidade de dar certo ou não.
“Ou seja, qualquer coisa que tenha pouco benefício, ou que a recompensa esteja muito longe, que o custo seja muito alto, tem que se esforçar muito, a tendência é de a gente procrastinar mais”, conclui.
A insegurança quanto ao resultado de uma tarefa é uma das causas da procrastinação. Afinal, por que investir tanto esforço e tempo em algo que pode dar errado?
“Esse medo está relacionado com a ansiedade”, observa Mayer. “Pessoas ansiosas tendem a procrastinar mais certas tarefas, já que a ansiedade é uma resposta de um medo que a gente tem no presente em relação a alguma coisa que vai acontecer no futuro. É quando a pessoa tem medo de um potencial perigo no futuro”, diz o neurocientista.
O psicólogo Bruno Farias explica que a procrastinação de tarefas importantes também pode acontecer em pacientes com TOC (transtorno obsessivo- compulsivo).
“É um quadro caracterizado por pensamentos obsessivos. O paciente se sente tão perturbado com os pensamentos intrusivos que realiza diversos rituais na tentativa desesperada de se sentir melhor”.
Alguns exemplos citados pelo psicólogo são conferir várias vezes se trancou mesmo a porta de casa ou checar se o gás da cozinha está desligado. “São pacientes que precisam da nossa compreensão e acolhimento, além de serem encaminhados para profissionais de saúde mental sérios para que possam fazer um tratamento adequado”, ressalta.
Andrei Mayer conta que é possível separar os procrastinadores em três grupos, embora seja comum uma pessoa encaixar em todos eles.
“Os buscadores são aqueles que procrastinam tarefas importantes para executar outras que geram prazer imediato”, diz. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a pessoa está deprimida ou estressa da. Ela deixa para depois algo importante que precisa fazer e dá preferência para devorar uma caixa de chocolate ou ver um filme que gosta na televisão, pois são coisas que satisfazem rapidamente”.
Também existem os evitadores. “A pessoa tem medo de não conseguir e ficar frustrada, medo de se expor socialmente, medo de tentar de maneira geral. “Segundo Mayer, “é comum os ansiosos se enquadrarem nesse grupo”.
Já os indecisos são aqueles que não sabem como concluir uma atividade. “Um dos fatores envolvidos no cálculo que o cérebro faz é a chance de concluir ou não a tarefa. Se o cérebro avaliar que a probabilidade é pequena, ele não vai encontrar motivação”.
O primeiro passo é identificar a causa da procrastinação. Sea questão for o longo prazo até a recompensa, uma tática é quebrar essas atividades em micro objetivos ou metas diárias, semanais e mensais.
“O simples fato de alcançar uma dessas marcas já gera um sinal de recompensa no cérebro que a gente chama de recompensa intrínseca”, diz neurocientista.
“Essa tática é muito importante para conseguir manter a pessoa motivada. É como se a gente transformasse o projeto num jogo em que cada meta alcançada é uma fase que a pessoa superou. E aí o simples fato de passar a primeira fase já é recompensador. Você ganha quando conquista o resultado almejado”, compara. Outra estratégia que Mayer indica é fazer um planejamento detalhado – para isso é possível lançar mão de diários.
“É preciso ter sempre uma agenda antecipada com todas as atividades que você deve fazer, aí você só precisa seguir a programação. Tomar decisões em cima da hora pode ser uma armadilha e tirar o foco”.
Mayer também indica a técnica dos cinco minutos. “Quando você estiver sem vontade nenhuma para fazer algo, comece fazendo por apenas cinco minutos. Se você não quiser continuar depois desse tempo você para. Mas estudos mostram que só de iniciar uma tarefa a sua motivação para conclui-la já aumenta significativamente”,
O psicólogo Bruno Farias reforça que também é preciso analisar o comportamento.
“A pessoa que procrastina tem tempo para o lazer? Ela dorme bem? Se alimenta bem? Ela gosto do que faz? Seu cotidiano faz sentido para ela? Ela está passando por uma dificuldade pessoal intransponível no momento? Ela precisa de ajuda? Essas são perguntas muito importantes que devem ser feitas para si mesmo”, afirma.
Quando a desmotivação é muito grande, Farias ressalta a necessidade de passar por uma avaliação médica para fazer exames e verificar se está tudo bem com a saúde, e com a nutrição do corpo.
A terapia cognitivo-comportamental, destaca o psicólogo, pode ajudar a pessoa a entender suas reações e atitudes diante dos acontecimentos e evitar hábitos prejudiciais, como a procrastinação.
A cada vez que você procura um livro na estante, você pensa: “Preciso organizá-los em ordem alfabética”. Acertei? Pois é, mas nunca tem tempo, e acaba demorando para encontrar o exemplar que buscava. O mesmo se dá quando percebe que o antúrio está pegando sol e dizem que não é aconselhável, qualquer hora você irá trocar a planta de lugar, assim como qualquer hora irá comprar uma panela pra substituir aquela que está sem cabo. Uma hora dessas você vai descartar os remédios fora da validade. E irá abrir a lata de atum que comprou em 2019. O que não faltam são horas pela frente, dias e semanas a seu dispor, não precisa ser agora- agora.
Aquela mancha na parede que você disfarçou colocando uma árvore artificial na frente – antes do fim do mês você chamará um pintor. O móvel da sala está infestado de cupim, sua funcionária já alertou, um dia isso virá abaixo, diz ela, tem que tomar uma providência. Não demora você irá tomar.
O edredom que o gato rasgou, é preciso resolver: ou corta as unhas desse bichano ou dá outro jeito. Você: eu sei, eu sei.
Pois é, a gente paga as conta em dia, retorna as mensagens, providencia comida para a despensa, não protela o trabalho, a vida funciona do jeito que tem que funcionar, mas como dar conta de todo o resto? Do gigantesco universo das insignificâncias que se escondem por trás da cortina (que precisa de uma lavagem) e dentro daquela gaveta empanturrada de recibos antigos que precisam ser jogados fora? Para onde quer que você olhe, existe uma pendência aguardando a vez. Mas não precisa ser logo hoje.
Tem coisas que não dá para adiar: fazer exercícios, cumprir os compromissos de trabalho, telefonar para a mãe, atender as demandas dos filhos e reservar um tempinho pra ele, pra ela: ninguém é louco de procrastinar um amor. Entre uma coisa e outra, você promete a si mesma que irá arranjar uma tela antiderrapante para colocar embaixo do tapete e chamar o moço que regula o ar-condicionado, da semana que vem não passa.
O marido da sua amiga pegou Covid, um primo anda tendo tonturas, uma conhecida arrasou na live, um ex-colega de trabalho se separou. Você mandará um WhatsApp pra todos eles – daqui a pouquinho.
Já já você agendará a colonoscopia que deveria ter feito em outubro. O trinco da porta está meio frouxo, mas eleve resistir até o carnaval. Aquele saco enorme de lenhas ainda está atravancando a garagem do prédio, mas qual o problema de permanecer lá até o início do inverno? Ok, ok, só que agora não dá, são nove horas da manhã e você ainda não postou nada no stories nem bisbilhotou o Instagram dos outros, primeiro as prioridades.
Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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