SAÚDE EM EQUILÍBRIO

VOCÊ SABE O QUE SAO AS DIIS?

Campanha alerta sobreas doenças inflamatórias intestinais, que podem atingir da boca ao ânus

Nos últimos anos, a prevalência de doenças inflamatórias intestinais (Dlls) no Brasil vem aumentando significativamente. Um estudo realizado com pacientes brasileiros do sistema público de saúde, publicado na revista internacional The Lancet Regional Health – Americas, aponta que esse índice saltou de 30 casos por 100 mil habitantes em 2012 para 100,1 por 100 mil em 2020. O dado acende um alerta e reforça a importância de conscientizar a população sobre as características dessas enfermidades, as medidas de prevenção e a necessidade de um diagnóstico precoce.

Conforme a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), cerca de 5 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelas Dlls, que se caracterizam pela inflamação do trato gastrointestinal, podendo atingir da boca ao ânus. O grupo abrange basicamente duas condições: a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

Embora sejam crônicas, ambas podem ser prevenidas a partir da adoção de uma rotina de hábitos saudáveis, com uma dieta rica em fibras, evitando alimentos ultra processados, e prática regular de atividades físicas.

“Cerca de 80% dos casos são de doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. E essas duas podem ser de grau leve, moderado ou grave. Os outros 20% são de colites indeterminadas”, pontua Ornella Sari Cassol, coloproctologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo e presidente da Associação Gaúcha de Coloproctologia.

Ambas as doenças são imunomediadas, ou seja, há um desequilíbrio no sistema imunológico, que agride o próprio aparelho digestivo, causando úlceras, inflamações e sangramentos. Uma das principais diferenças entre Crohn e retocolite ulcerativa é que a primeira pode comprometer qualquer parte do tubo digestivo e afetar todas as suas camadas (mucosa, submucosa, muscular e serosa), da boca ao ânus, enquanto a segunda acomete exclusivamente as camadas mais superficiais do intestino grosso e do reto, explica o gastroenterologista Richard Magalhães, preceptor do Núcleo de DIIs da Santa Casa de Porto Alegre e diretor clínico do Centro de Doenças Intestinais Inflamatórias e Imunomediadas (@DIImuno).

Os sintomas são parecidos. Na doença de Crohn, envolvem sobretudo diarreia e dor abdominal crônica (por mais de 30 dias), anemia, perda de peso e fístulas perianais. Na retocolite, a diarreia crônica é o principal sinal, podendo ter sangue e muco.

“Na doença de Crohn, os sintomas têm padrão intermitente, com crise e melhora. A pessoa é medicada e os sintomas aliviam, o que acaba atrasando o diagnóstico. Além disso, quando está com inflamação intestinal, a pessoa tem intolerância a vários alimentos, então acha que está virando intolerante a lactose ou a glúten. É importante investigar, não deduzir”, diz Ornella, alertando que pode haver manifestações fora do intestino, como artrite, psoríase e uveíte.

SEM CAUSA DEFINIDA

A retocolite afeta mais pessoas entre 20 e 40 anos. Já na Crohn, há maior frequência dos 15 aos 30 e a partir dos 60. Quanto mais cedo a doença surgir, mais grave pode se tornar, diz Rafael Picon, médico do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS.

Picon diz que ambas as doenças são idiopáticas, ou seja, não há total conhecimento sobre causas e origens. Magalhães acrescenta, contudo, que fatores genéticos e ambientais – como dietas ultraprocessadas, poluição e tabagismo – estão associados.

De acordo com ele, países mais industrializados, como EUA, Inglaterra, Itália e França, têm as maiores prevalências. No Brasil, a coleta de dados não é tão fidedigna, mas alguns trabalhos mostram que há uma prevalência cada vez maior:

“Nos últimos anos, com a industrialização, temos observado um aumento cada vez maior de novos casos. Entende-se que isso tenha relação com o fato dos pacientes estarem nesses ambientes, seguindo dietas ultraprocessadas. Então, o aumento da incidência está relacionado à ingestão de alimentos ultraprocessados.

Ornella destaca que há gatilhos que podem desencadear as DIIs, como ansiedade, depressão e insônia. Essas condições têm relação com a microbiota – a flora intestinal, onde transitam os microrganismos do trato digestivo responsáveis pela digestão de alimentos, pela produção de vitaminas e pelo sistema imunológico.

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

A principal forma de mudar o curso das doenças inflamatórias intestinais (DIIs) é por meio do diagnóstico precoce, destaca o gastroenterologista Richard Magalhães. O grande problema é que, muitas vezes, isso não ocorre porque os pacientes costumam apresentar sintomas que podem ser confundidos com patologias corriqueiras, como a gastroenterite aguda, e acabam sendo diagnosticados incorretamente nas emergências e unidades de saúde.

“Essas doenças têm evolução com dano contínuo ao aparelho digestivo. Se não forem freadas, as consequências são devastadoras e, às vezes, irreversíveis. Por isso há a necessidade de conscientização e de educação médica, para que os pacientes e profissionais estejam atentos a essa possibilidade de diagnóstico e procurem um centro de referência especializado”, salienta o médico da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

O diagnóstico é feito a partir de exames laboratoriais (onde são identificados o processo inflamatório sistêmico e deficiências de vitaminas), da endoscopia digestiva alta, da colonoscopia e de exames de imagem, como tomografia, ecografia e ressonância. Ornella orienta que é preciso consultar especialistas como gastroenterologistas e coloproctologistas, que pedem esses testes e montam um “quebra-cabeça” para o diagnóstico.

“Os principais estudos falam que doenças tratadas nos primeiros 12 meses terão desfechos muito melhores”, ressalta Ornella, acrescentando que o tratamento envolve equipe multidisciplinar, com gastroenterologistas, coloproctologistas, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos e enfermeiros.

O tratan1ento das DIIs envolve medicamentos orais e, em casos mais graves, cirurgias. De acordo com Magalhães, o arsenal terapêutico dessas enfermidades é muito grande, abrangendo drogas como a mesalazine e sulfassalazina, que têm ação tópica na mucosa, ou imunossupressores e imunobiológicos para aqueles que não respondem aos remédios do primeiro grupo.

“Os que mais usamos e que são mais efetivos com ambas as doenças são os imunobiológicos. São medicamentos que mudaram a história, freando a evolução das doenças. Com essas drogas, temos resultados maravilhosos, mas devem ser prescritas por especialistas, pois há efeitos adversos que não são negligenciáveis”, diz Magalhães, enfatizando que o tratamento deve ser contínuo, mesmo com a melhora dos sintomas.

RECOMENDAÇÕES MÉDICAS

Especialistas recomendam investir em alimentos naturais e fugir dos ultraprocessados.

Picon afirma que as dietas mais saudáveis sugeridas nesses casos são as mesmas indicadas para o restante da população:

“Deve-se optar por alimentos ricos em fibras, como hortaliças, frutas, verduras e grãos integrais. Já os ultraprocessados que devem ser evitados são fast foods, comidas congeladas, algumas carnes feitas de plantas. Além de alguns aditivos químicos que são comuns em comidas muito industrializadas, como adoçantes, que parecem aumentar o risco dessas doenças”.

O especialista do HCPA também comenta que, embora não seja uma recomendação oficial, há estudos que apontam a exposição ao sol e à sujeira como formas de proteção no âmbito de doenças inflamatórias:

“É um bom hábito a criança brincar na rua e se sujar, por exemplo. Além disso, pessoas que se criaram em zonas rurais têm um risco menor de doença inflamatória intestinal. E (essas enfermidades) são menos frequentes entre populações onde tem mais sol.

Ornella concorda que se deve evitar industrializados e aumentar o consumo de itens orgânicos, preparados em casa. Mas adiciona os embutidos, o excesso de carne vermelha e o tabagismo à lista do que precisa ser evitado.

A coloproctologista complementa ainda que o aleitamento materno e o contato com o meio ambiente ajudam a proteger doenças autoimunes como essas.

OUTROS OLHARES

SKINCARE INFANTO JUVENIL E O EXCESSO DE AUTOCUIDADO

Especialistas alertam para os riscos à pele de crianças e adolescentes que buscam produtos nas redes sociais

A indústria de produtos para cuidados com a pele cresceu 40,8% no Brasil entre 2016 a 2021, segundo dados da Euromonitor International. A expectativa é de que o mercado da beleza tenha um crescimento médio anual de 5,7% até 2025. A mesma pesquisa aponta que o país assumiu o posto de quarto maior mercado nesse segmento, ficando atrás somente dos Estados Unidos, China e Japão.

As estatísticas representam um novo e rentável segmento no mercado: o skincare, que nada mais é que manter a pele saudável, limpa e com a aparência em dia. Entre os cuidados, estão o uso de sabonetes com ácidos, tônicos e ativos para reduzir manchas e linhas de expressão. O cuidado vai além caso envolva o uso de maquiagem. No entanto, se antes o hábito se detinha àqueles interessados em manter uma pele jovial, agora, crianças e adolescentes entre oito e 15 anos fazem parte do público que fomenta esse mercado. Liz Macedo, de 14 anos; Sofia Schaadt, de 13; e Antonela Braga, de 14, são algumas das influencers-mirins que fazem sucesso mostrando sua rotina de preparativos para sair. De cuidados matinais à maquiagem – o chamado “Get Ready With Me (GRWM)”, que significa arrume-se comigo -, esse cenário faz parte da maioria da grade de vídeos das adolescentes.

Maythê Quintairos de Barros, de 12 anos, é apenas uma entre os mais de oito milhões de seguidores que as produtoras de conteúdo reúnem, juntas, em suas redes sociais. “Essas três influencers estão em destaque nas redes. Elas compram muitas coisas na Sephora, a exemplo dos produtos da Drunk Elephant. A maioria dos produtos é importada e não é vendida aqui no Brasil. Então elas viajam e compram ou as marcas mandam para elas como “recebido”. Mas elas usam produtos brasileiros também, como a Creamy”, explica.

Recentemente, Liz Macedo ganhou os produtos da marca Creamy. Na caixa, continha protetor solar, emulsão de limpeza, calming cream (hidratante), ácido mandélico e ácido salicílico. Além dos ‘mimos’, resultado de uma parceria com a marca, a adolescente também ganhou um cupom para distribuir entre os seus seguidores. Já em um de seus vídeos, Sofia Schaadt faz o GRWM para ir à escola e usa água termal da marca francesa La Roche Posay, tônico facial, hidratante da Cremy, o qual ela também tem cupom de desconto, primer, base, corretivo, blush, pó compacto, fixador, gloss etc.

SEDUTORES

Elisabete Crocco, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, destaca que as crianças e adolescentes vêm sendo bombardeadas com informações nas redes sociais. Muitas vezes, em perfis de venda sedutores. “A grande questão que nos preocupa é o fato de as meninas utilizarem esses produtos por orientação de garotas mais velhas ou blogueiras divulgadoras dos produtos, sendo que, muitas vezes, elas estão sendo pagas para isso.”

Sofia Botelho, de 13 anos, destoa desse cenário. A mineira de Montes Claros compartilha sua paixão por moda, maquiagem e estilo no seu perfil do Instagram – o qual tem mais de 12 mil seguidores e é administrado pela mãe, Michelle Botelho. A adolescente diz ser apaixonada por maquiagem e Michelle explica que nunca houve incentivo para que ela se maquiasse, mas que com o tempo passou a respeitar o interesse da filha e passou a assumir a missão de instruir e conversar sobre a importância dos cuidados com a pele.

“Todos os produtos que ela utiliza, sejam comprados ou recebidos, passa por minha avaliação primeiro e, dependendo, até peço orientação dermatológica. Prezamos muito pela procedência do produto, além de priorizarmos os produtos que são referência para a idade dela”, destaca Michelle.

Seguidora de blogueiras, como Lelé Burnier, Ju Leme, Mari Maria, Yster Santos, Jordana Vucetic e Fran Ehlke, Sofia deixa claro que gosta de tudo que envolva moda. “Amo me produzir e me cuidar. Na pandemia, comecei a produzir material para as redes sociais; até tentei começar com outros conteúdos, mas não teve jeito, maquiar é minha grande paixão”, pontua.

A enfermeira Juliana é mãe de Luísa, de 10 anos, e acompanha de perto a paixão da filha pelo autocuidado. “Eu dou preferência para marcas infantis e peço sempre recomendação médica para escolher os produtos. Ela ainda não tem acne, [o uso] é mais para prevenção e higiene mesmo.”

Da mesma forma, ela monitora o acesso da filha nas redes sociais. “Em período letivo, ela só usa o celular nos finais de semana. Nas férias, eu deixo mais livre, mas monitoro.”

Para além das blogueiras, o acesso a esses produtos é fácil e por vezes barato. Encontramos anúncios de kits voltados para o público infantil contendo oito produtos no valor de 109,99. “É temerário que esse público faça uso de produtos para envelhecimento, que contenham ácidos, como retinóico, salicílico, glicólico, pois é uma pele sensível”, ressalta Elisabete.

No entanto, a responsabilidade não deve recair apenas sobre as crianças, sendo dos pais ou responsáveis a função de participar e fiscalizar o interesse e o hábito de consumo desses produtos. Adriana Pereira Quintairos, de 54 anos, é mãe de Maythê e conta a luta para controlar o consumo e fascínio da filha por itens cada vez mais atrativos. “Eu acho que a mãe tem que ter cuidado. Por exemplo, ela já pediu esfoliante, um produto que pode tirar uma barreira natural e gerar uma consequência. Mesmo se o produto for importado, em que o valor é menor, eu não acredito que isso seja focado para a pele infantil”, destaca.

O caso acima não é incomum. Elisabete relata que as jovens já chegam aos consultórios com os nomes das marcas citadas pelas blogueiras. Por isso, diante do comportamento cada vez mais comum, a orientação de um especialista é essencial, bem como o entendimento dos pais para a situação. “Nossa recomendação é para produtos de perfis de hidratação e de marcas reconhecidas, em que há evidências de segurança. A prescrição deve partir de um dermatologista, pois algumas já apresentam sintomas de acnes de adolescência, então conseguimos orientar a skincare correta pensando nisso”, diz a dermatologista. “Se a menina tem essa vontade, leve ao dermatologista, receba as orientações corretas para que não tenhamos danos, como eczema ou manchas”.

DIÁLOGO

O psicólogo clínico João Víctor de Pádua afirma que os pais devem se mostrar abertos ao diálogo, ouvindo as preocupações de seus filhos sem julgamentos. “É importante ensiná-los a serem críticos com o que veem nas redes sociais, ajudando-os a entender que muitas vezes essas imagens são editadas e não refletem a realidade. As crianças também precisam ser ensinadas a desenvolver sua autoestima em características intrínsecas, como habilidades e conquistas, em vez de dependerem somente da aparência física para se sentirem valorizadas”, pontuou.

O especialista chamou a febre do skincare entre crianças e adolescentes de “uma fase de maior vulnerabilidade em relação à sua autoimagem”, considerando os efeitos do isolamento social durante a pandemia para a faixa etária.

“A socialização e a identificação com outros jovens desempenham um papel fundamental na formação da identidade dos pré-adolescentes. Durante a pandemia, com as restrições à socialização presencial, os pré-adolescentes tiveram que depender ainda mais das redes sociais para se conectar com seus pares, aumentando a exposição aos efeitos colaterais já conhecidos do uso excessivo dessas plataformas”, explica.

Entramos em contato com a marca Creamy, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.

GESTÃO E CARREIRA

TRÊS SUGESTÕES PARA LÍDERES TRABALHAREM AUTOCONHECIMENTO

Autoconhecimento é o processo de compreensão profunda de si mesmo, que pode envolver a consciência dos próprios pensamentos, emoções, valores, motivações, pontos fortes, fraquezas e comportamentos.

Mais de algo a ser tratado em terapia, o autoconhecimento é peça-chave para conseguir sucesso no trabalho, especialmente para quem está em posição de liderança.

De acordo com Carla Martins, vice-presidente do SERAC, hub de soluções corporativas, sendo referência nas áreas contábil, jurídica e de tecnologia, é apenas através do autoconhecimento que alguém pode se entender melhor, identificar desejos e objetivos, e tomar decisões mais alinhadas com sua verdadeira identidade.

“Na loucura do dia a dia, é mais fácil deixarmos as situações passarem do que pararmos para refletir como funcionamos diante delas. E precisamos lidar com emoções, pressões e incertezas”, explica, ao sugerir três ações para que líderes passem a investir mais em autoconhecimento com o objetivo de melhorar a liderança. Confira:

AUTOREFLEXÃO

A orientação é simplesmente parar, meditar, ficar em silêncio, fazer terapia, refletir sobre si mesmo. Pense naquilo que gosta, onde quer chegar, o que te deixa feliz ou triste, o que poderia ter feito melhor. Às vezes, na correria do dia a dia, refletimos mais sobre o outro do que sobre nós.

O que podemos fazer para sermos mais felizes? A executiva também sugere o uso de um diário para o líder anotar os acontecimentos e a forma como reagiu a eles. Nós vamos mudando ao longo dos anos por conta da idade e das experiências por que passamos. Faz parte, inclusive, da saúde mental entender como funcionamos e o que precisamos melhorar.

BUSCAR FEEDBACKS

Muitas vezes, a liderança é solitária e pode ser difícil encontrar suporte, mas é preciso olhar para os lados para observar quem seriam potenciais ferramentas para um bom feedback. É preciso ter cuidado para saber a quem pedir, mas até familiares e funcionários podem nos ajudar a entender melhor nossas ações.

PRATICAR AUTOCONSCIÊNCIA EMOCIONAL

O que faz você ficar nervoso? Quais são os gatilhos que despertam determinada reação em você? Será que daria para agir de forma mais consciente e mais leve numa próxima vez? Segundo a executiva, praticar autoconsciência sobre as próprias ações é fundamental para tentar fazer melhor em uma próxima situação difícil.

Precisamos avaliar nossas próximas atitudes para que possamos melhorar nossa forma de agir constantemente. É assim que conseguiremos exercer uma liderança mais assertiva também.

MAIS INFORMAÇÕES: (@soucarlamartins). 

EU ACHO …

CONVIVENDO COM A IMPERFEIÇÃO

A vida não é a que idealizamos. Não temos controle sobre o futuro ou mesmo sobre os acontecimentos. Se alguma coisa sai do lugar, da ordem, da previsão, mergulhamos no monopólio da preocupação.

Há amores que acabam à nossa revelia, há amizades que terminam sem a nossa vontade, há pessoas que desaparecem da nossa frente sem aviso prévio.

De uma hora para outra, alguém que amamos adoece e, antecipando-se a qualquer reação de nossa parte, despede-se para sempre. O prosaico “tchau” é um adeus inconsciente, involuntário.

É duro aceitar, mas não sabemos qual o nosso destino. Se nossa existência não vai virar pelo avesso com uma fatalidade ou uma mudança.

Precisamos lidar com o presente da melhor forma possível. Bens vêm e vão, posses vêm e vão, o que fica é a nossa saúde. Ter saúde é o que importa. O dito popular traz sabedoria. Do resto corremos atrás.

Lembro que, ao substituir o gás de cozinha, sem querei eu me apoiei com o cotovelo no vidro do fogão e ele se espatifou em pedaços e pedaços microscópicos.

Algo que parecia tão firme e compacto logo se transformou em uma montanha sumária de cacos, de farelos brilhantes. Não acreditava que o vidro fosse frágil dessa maneira.

Nunca acreditamos que somos frágeis até sermos testados pelas adversidades.

Passado o susto, eu quis repor a harmonia perfeita da cozinha, reparar a minha distração. Não admitia não ter mais o que já tive um dia.

O tampo de vidro tornou-se uma estranha prioridade depois que ele quebrou. Antes, nem cogitava que existia.

Comecei, então, uma romaria de telefonemas: liguei para dezenas de lojas de ferragens, vidraçarias e fornecedores à cata de um tampo de fogão.

“Não há desse modelo!” e “Não sei quem faz” foram algumas das respostas que me dissuadiram da expedição.

Todos recomendavam trocar de fogão porque não se fabricam tampos de vidro isoladamente.

Aquilo mexeu comigo. Mexeu com o meu perfeccionismo.

Mexeu com a minha obsessão de ser igual aos outros, já que não conhecia ninguém com o fogão nu.

Fui dormir insatisfeito, raivoso, atentando somente àquilo que faltava, não àquilo que ainda tinha. Somos assim: esquecemos o que dá certo, concentrando-nos unicamente no que deu errado.

Na manhã seguinte, minha esposa, muito tranquila, diante da minha sangria desatada de desaforos, apenas me perguntou:

“ Para que serve o tampo?” Ela não me deu a resposta, mas me colocou a pensar.

Vi que o tampo só servia para estender o pano de prato e pousar a chaleira. Para enfeite. Para arrumar o ambiente. Para me despedir da jornada doméstica e apagar a luz após lavar a louça do jantar. Não fazia nenhum sentido tamanha ansiedade.

O fogão estava funcionando normalmente. As seis bocas do fogo continuavam sorrindo para mim.

Eu permanecia funcionando. Minha família permanecia funcionando. É isso que vale. O fogo dentro de nós.

CARPINEJAR

carpinejar@terra.com.br

ESTAR BEM

OS BENEFÍCIOS DA CASCA DE BANANA

Substituir farinha de trigo pela feita com parte externa da fruta faz bem à saúde

Jogar a casca de banana fora pode estar privando você não só de nutrientes, mas de sabores únicos! Um estudo recente, produzido por pesquisadores do Departamento de Engenharia e Tecnologia Pós-Colheita da Universidade Aligarh Muslim, da Índia, e pela Universidade de Houston, nos EUA, mostrou que utilizar a casca de banana como farinha pode deixar a refeição mais saudável e gostosa.

A pesquisa avaliou o efeito do item em propriedades nutricionais de biscoitos em comparação com a farinha de trigo. O estudo mostrou que acrescentar o ingrediente à dieta leva mais minerais à mesa, como magnésio, cálcio e potássio, importantes para a nutrição balanceada.

“Na casca, são identificados mais de 40 compostos”, explica Annete Marum, nutricionista clínica, professora, mestre e doutora pela Unifesp.

De acordo com a especialista, os flavonoides compõem grande parte desses elementos encontrados na casca. Eles têm propriedades antioxidantes, colaborando com a prevenção de diversas doenças.

Os biscoitos preparados com a farinha de casca de banana também apresentaram um alto teor de fibra e propriedades antioxidantes, além de o sabor não ter sido comprometido, de acordo com os consumidores participantes do estudo.

Annete corrobora a visão da pesquisa que caracteriza a casca de banana como um produto com presença significativa de fibras. Segundo ela, esses compostos têm a capacidade de modular a microbiota intestinal.

Além das fibras, a casca tem compostos fitoquímicos que proporcionam benefícios anti-inflamatórios e podem funcionar como moduladores do metabolismo. Mesmo com todos esses benefícios, Annete esclarece que a quantidade e a diversidade dos compostos dependem de diversos fatores, como as condições de cultivo, a variedade da banana, o local e o método de pré-tratamento.

Em relação a como tratar a casca da banana antes do consumo, ela sinaliza que lavar em água corrente é importante, mas não é suficiente para retirar os possíveis agrotóxicos.

“A sugestão é procurar produtores orgânicos para que se utilize uma casca sem agrotóxicos”, recomenda.

INGREDIENTE DIFERENTE PARA OUTRAS RECEITAS

Apesar de a pesquisa citar apenas o uso da casca de banana para fazer biscoitos, estudos anteriores já mostraram que o ingrediente pode ser utilizado em outras receitas para torná-las mais nutritivas. Annete destaca, por exemplo, pudim, chips e purê:

“É, sim, muito saudável, tem propriedades, tem fibras e faz muito bem à saúde”.

Um trabalho da Universidade de Assiut, no Egito, recomendou a substituição de 10% da farinha de trigo pela farinha de casca de banana para o preparo de pães. Outro estudo, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Al Azhar, também no Egito, mostrou que a farinha da casca de banana pode substituir a de trigo no preparo de bolos, trazendo uma boa quantidade de proteína e minerais, além de antioxidantes naturais.

A farinha de banana verde (feita com a fruta e a casca) é encontrada em lojas de produtos naturais. Entretanto, Annete adverte que muitos produtos são processados, o que pode torná-los menos nutritivos.

Também é possível fazer sua própria farinha de casca de banana. Para preparar, separe de oito a dez cascas. Lave-as em água corrente, retire as extremidades e descarte-as. Em seguida, pique as cascas em tiras. Adicione as tiras em uma panela com água fervente e deixe lá por cerca de dez minutos. Escorra as cascas e enxágue em água fria. Em seguida, espalhe as cascas cozidas em uma assadeira forrada com papel-manteiga, sem que fiquem sobrepostas. Coloque-as no forno entre 70 e 80 graus, até que fiquem totalmente secas e crocantes (de duas a quatro horas). Depois de assar, deixe que as cascas resfriem completamente. Depois disso, coloque-as em um processador de alimentos ou liquidificador até que virem um pó fino.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O QUE É RELACIONAMENTO PANTUFA

A opção de manter um vínculo amoroso às escondidas traz vantagens e desvantagens para o casal, além de poder gerar situações abusivas

Pantufa é um tipo de calçado bastante específico, reservado para o uso íntimo, familiar, no interior da casa, em razão de seu conforto e praticidade, sendo, na maioria das vezes, utilizado com o pijama. O fato de ninguém colocar nos pés esse artigo de vestuário fora de casa foi, possivelmente, a origem da expressão “relacionamento pantufa”, que designa casais que optam por não se assumirem publicamente, ocultando o vínculo amoroso.

“Relacionamento pantufa é aquele relacionamento em que o casal se esconde. Eles assumem entre si, mas não falam para outras pessoas. É um ‘assumir sem assumir’. É estar em uma zona de conforto, que não é tão confortável assim. A diferença é que a pessoa não assume a outra publicamente”, resume a sexóloga Enylda Mota. Segundo ela, “algumas pessoas gostam e necessitam dessa não exposição de si e do relacionamento”.

MOTIVOS

Porém, é necessário colocar em questão “o porquê de se estar em um relacionamento escondido, o que há por trás disso tudo, ou porque o outro não me assume”, pontua Enylda. A especialista esclarece que não há resposta única e que os motivos variam a cada casal, comportando “as mais diversas situações”.

Contudo, Enylda avalia que “esse tipo de relacionamento apresenta mais desvantagens do que vantagens, e, inclusive, a pessoa pode estar em um relacionamento abusivo”. No Instagram, a página Não Era Amor se dedica a auxiliar mulheres que vivem relacionamentos abusivos, criando uma rede de solidariedade, com cursos sobre o assunto junto ao auxílio da psicoterapia.

“A pessoa em um relacionamento pantufa pode sentir tristeza, insegurança, medo e falta de desejo, mesmo que haja sexo no relacionamento”, enumera Enylda. Na opinião da sexó1oga, “o primeiro passo é perceber se esse tipo de relacionamento está fazendo bem” à pessoa. Ela dá algumas dicas. “Identificar se você cem se divertido com a sua parceria, se tem saído, socializado, conhecido pessoas, amigos, familiares, e, por fim, se está feliz com a pessoa, ou se, ao contrário, tem se sentido mais triste e solitária”, alerta a especialista.

ARMADILHAS

A sexóloga Enylda Mota pondera que, embora pessoas adultas e plenamente conscientes de suas possibilidades e responsabilidades tenham o direito de escolher um relacionamento pantufa, “é importante a pessoa se posicionar, dizer o que sente, colocar as satisfações e insatisfações para a parceria”, caso se sinta infeliz ou tenha, simplesmente, mudado de ideia quanto à melhor formatação para o status do casal. “O relacionamento precisa de vida, de contatos, lugares, isso faz parte dos encontros, de namoro, paquera, e é essencial para um bom relacionamento”, assegura ela.

Noutras palavras, a sexóloga explicita que um relacionamento dinâmico e saudável não pode se escorar em condições previamente estabelecidas que um dia funcionaram, mas que talvez não atendam mais às demandas e necessidades do casal ou de um dos envolvidos na relação. Há, também, o risco do autoengano ou da proposital desfaçatez de uma das pessoas envolvidas no afamado relacionamento pantufa.

“Muitas pessoas entram nesse tipo de relacionamento sem perceber que estão nele, sem se darem conta disso. Outras entram em um relacionamento pantufa pela falsa segurança que ele oferece e porque, por algum motivo, elas necessitam naquele momento”, especula Enylda. Resguardar a intimidade em tempos de exposição seria a premissa.

Todavia, Enylda considera fundamental reiterar a necessidade de um exercício de reflexão e autoconhecimento, que concerne a cada um, para escapar de possíveis armadilhas do relacionamento pantufa. Ou seja, entender se aquele formato funciona ou está funcionando para a pessoa, ou se ela, por algum motivo de ordem interna e psicológica, está se submetendo à vontade do outro, “pela carência, pelo medo de ficar sozinho, pela pressão para ter alguém ao seu lado em datas comemorativas”‘, mesmo que tudo isso ocorra, por assim dizer, longe das câmeras e dos holofotes. Pois o alardeado “conforto da pantufa” nem sempre é uma verdade, a depender do modelo de cada pé.

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