OUTROS OLHARES

VÍTIMA DE TRABALHO ESCRAVO ENFRENTA LONGA JORNADA APÓS RESGATE

Políticas públicas ainda esbarram em falta de acompanhamento e estrutura para proteger e reinserir submetido à exploração

O primeiro piquenique na companhias das irmãs, cunhados e sobrinhos, a primeira visita a uma livraria, a primeira vez no Museu da Língua Portuguesa. A primeira peça de roupa jeans, as primeiras tranças nos cabelos, a primeira dança – ao som de Blitz.

Aos 51, Thawanna Mendes tem vivido uma série de primeiras vezes, acumuladas desde que tomou coragem e, também pela primeira vez, pediu ajuda em um hospital. Vivia desde a adolescência em uma casa, onde trabalhava sem registro e sem direitos. Somente quando se viu internada é que a ficha começou a cair.

“Chorava muito porque eu não me conformava, estava lá e ninguém se preocupou comigo, eu cuidei de todo aquele pessoal. Aquela mágoa estava me deixando louca”, diz. “Ainda voltei para lá [a casa], mas aí acordei. Eles mudaram por uns três dias. Depois, ela [a patroa], mesmo sabendo que eu precisava de repouso, pediu se eu tinha como fazer comida, se tinha como só arrumar o quarto.”

Por 36 anos, Thawanna viveu com uma família que acreditou ser também a dela. Não era. Foi a babá, a cozinheira e a faxineira. Cuidou dos filhos e depois dos netos daqueles que a colocaram para trabalhar, junto a duas irmãs, quando ainda era adolescente. Não tinha salário, não estudava, não tinha amigos.

O pedido de ajuda definitivo chegou por intermédio de um fisioterapeuta que a atendeu em casa, como parte do tratamento de uma fratura no quadril. Dias depois, o Ministério Público do Trabalho chegava com a autorização judicial para retirá-la de lá.

O percurso até o fio de esperança ao qual se agarrou foi cheio de altos e baixos. Os primeiros seis meses, diz, foram piores. Por diversas vezes, quis voltar, quis se desculpar. “Sentia como se eles [a rede de assistência social e o MPT] estivessem destruindo minha vida, mesmo tendo sido eu quem pediu ajuda.”

Thawanna não é o nome que aparece em sua certidão de nascimento, mas é aquele escolhido por ela para contar dos mais de 30 anos vividos em situação análoga à de escravidão. Antes disso, era o nome que queria dar a uma filha, um sonho que se perdeu.

Primeiro, pela vida delimitada pelo quarto das filhas dos patrões – onde dormia no chão – e a sala da casa, onde dormiu em um sofá nos últimos anos até deixar a família definitivamente. Depois, pelo trauma de ter sido vítima de abuso sexual em casa, pelo patrão, e outra vez, na rua, em uma das poucas vezes em que saiu sozinha.

Agora, mais de um ano depois do resgate, Thawanna faz planos para o futuro. Quer, assim como a escritora Carolina Maria de Jesus, mulher negra a quem tanto admira, escrever para dar voz a outras meninas e mulheres que passam ou passaram pelo mesmo sofrimento. “Eu quero contar que a Thawanna sobreviveu, está livre e está começando um nova vida. A vida de sofrimento acabou.”

NÚMERO DE RESGATES CRESCE

Em 2022, 2.575 trabalhadores foram encontrados pela fiscalização em condições degradantes de trabalho ou em jornadas exaustivas em todo o Brasil. O número foi o maior registrado pelo grupo volante de fiscalização desde 2013, quando 2.808 trabalhadores foram encontrados.

O rosto do trabalho escravo contemporâneo ainda é masculino e predominantemente na zona rural. A procuradora Lys Sobral, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete) do Ministério Público do Trabalho, diz que hoje os homens são 90% dos resgatados. Em 2018, eram 95%.

Entre os trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão em 2022, 1.982 estavam no campo, quase 77% do total. E, se o trabalho análogo ao escravo, no geral, tem rosto de trabalhador do campo, nos serviços domésticos ele é feminino e preto.

No ano passado, 30 trabalhadores foram localizados em situação de escravidão doméstica. “Caso de homens ocorrem quando são caseiros de sítio, mas, em geral, nem são considerados domésticos”, diz a procuradora.

Para ela, a prevalência de homens nas estatísticas de resgate denota a invisibilidade do trabalho doméstico. “A gente despertou de que existe uma forma de trabalho invisibilizada e que os casos de trabalho escravo doméstico custam a serem vistos. Tanto que, na medida em que casos se tornam públicos, as denúncias são de que “vi na TV e acho que é a situação da minha vizinha.”

Desde 1995, quando o grupo interinstitucional de combate ao trabalho escravo foi criado, 60.251 trabalhadores foram encontrados em todo o Brasil em situações análogas à escravidão, 46.779 dos quais em serviços rurais.

A partir de 2017, o sistema que inclui Auditoria Fiscal do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Federal, Defensoria Pública e as polícias Rodoviária Federal e Federal passou a registrar também os casos de trabalho escravo doméstico, um dos mais difíceis de fiscalizar por esbarrar no direito constitucional da inviolabilidade de domicílio. Enquanto os auditores podem entrar a qualquer momento em empresas ou propriedades rurais, o mesmo não vale para as residências. É necessário ter autorização judicial, e, para pedi-la, indício de crime.

PÓS-RESGATE É MAIOR GARGALO

A política pública de enfrentamento ao trabalho escravo, prevista em um plano nacional, fala em três eixos de atuação, que são a repressão, a prevenção e o atendimento à vítima. Para a psicóloga social Yasmim França, o Brasil avançou muito no eixo repressivo, mas ainda caminha a passos lentos nos outros dois.

O trabalho no pós-resgate é igualmente importante, especialmente nos casos de trabalho doméstico. “A pessoa vivia naquela casa e ela se desterritorializou. Há então a necessidade de estimular a autonomia, expandir esse território”, diz.

Yasmim coordena o projeto Ação Integrada, da Cáritas-RJ, organização que atua no processo de acolhimento e reinserção de pessoas resgatadas e que acompanha atualmente mais de 20 famílias em processo de readaptação.

Para os casos de trabalho doméstico, ela faz um paralelo às situações de violência doméstica. “Há uma mistura de afetos, de relações íntimas. Como na violência doméstica, há a redução da rede de apoio, que fica restrita ao violentador. Por isso, em todas essas violências há importância dessa rede externa à casa, ampliada.”

As semelhanças com a violência doméstica conjugal vão além. Lys Sobral, do Ministério Público do Trabalho, diz que os procuradores têm pedido separação de corpos (liminar para que a pessoa seja retirada de casa imediatamente) com base na Lei Maria da Penha. “Há uma fragmentação na estrutura emocional dessas mulheres, é uma relação de abuso. A pessoa é leal e se sente mal de falar mal daquela família.”

Quando são idosas, elas com frequência acabam indo para abrigos públicos, onde começam a reconstruir laços comunitários. Por meio da Cáritas-RJ, trabalhadores mais jovens e urbanos podem fazer cursos. Na avaliação de Lys, o pós-resgate é um dos gargalos da política pública, hoje resumida à garantia de três parcelas do seguro-desemprego. Para as mulheres em situação de escravidão doméstica, a legislação limita o benefício a um teto de um salário mínimo.

“O trabalho doméstico ainda é um resquício da escravidão mesmo, é uma imensa maioria de mulheres, em um país muito tolerante com a violência”, diz a procuradora.

Os procuradores têm tentado, caso a caso, garantir indenizações por danos morais a essas trabalhadoras. “Para que seja ressarcido aquele dano gravíssimo, mas também dar condições materiais da pessoa seguir adiante”, afirma. “Cada vez mais se discute a necessidade de elevação do patamar dessas indenizações.”

Nos casos de trabalho escravo doméstico, a indenização é, com frequência, a única possibilidade de aquela mulher tomar algum controle da própria vida, pois é comum que percam outros laços sociais e familiares. Em casos que se tornaram públicos, procuradores brigaram na Justiça por outras soluções.

Madalena Giordano, de Minas Gerais, ficou 38 anos sob exploração por uma família e foi resgatada no fim de 2020. O apartamento em que viveu com a família agora é dela, diz Lys. A trabalhadora também tinha sido obrigada a casar com um militar. Por anos, a família se apropriou da pensão recebida por ela após a morte do marido – mais de R$ 8.000. Hoje, esse valor também é dela. Em outro caso, de uma mulher resgatada em um bairro de classe alta em São Paulo, a empregadora da antiga patroa da idosa mobiliou uma casa e bancou um ano de aluguel para que ela pudesse refazer a vida.

“No trabalho escravo doméstico, temos pedido até mesmo pensionamento vitalício porque, dependendo da idade, vai ser difícil conseguir renda. Quando a família empregadora não pode pagar um valor global de indenização, então que seja pago mês a mês.”

Lucas Reis, da auditoria do trabalho, também defende que a política pública vá além da questão financeira. “O ideal seria uma política transversal.”

As ações para o atendimento aos resgatados estão previstas no Fluxo Nacional de Atendimento às Vítimas de Trabalho Escravo, organizado a partir da Conatrae (Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo), ligada à pasta dos Direitos Humanos.

Estados e municípios também organizam suas próprias comissões e fluxos, de acordo com as estruturas de assistência social disponíveis. A definição desses protocolos é importante porque cabe aos órgãos federais a fiscalização, e aos Ministérios Públicos, as ações judiciais, mas são os municípios que precisam abrir vaga em abrigos e incluir essas pessoas na rede de assistência.

Na capital paulista, projeto de lei apresentado no fim de 2022, por meio da Rede de Promoção do Trabalho Decente e da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos da Câmara de São Paulo, pretende reforçar a política pública municipal do pós-resgate com a concessão de benefícios como a gratuidade no transporte público por seis meses.

O texto já recebeu parecer favorável nas comissões e prevê que pessoas resgatadas possam pedir o auxílio-aluguel por até 12 meses quando o município não tiver como fornecer habitação provisória para ela e para sua família.

Na Bahia, dois projetos-piloto tentam atacar a insuficiência da política pública por um outro viés. Famílias resgatadas em situação de escravidão serão assentadas em fazendas de base agroecológica (onde o cultivo orgânico e coletivo são prioridade).

Os programas já estão em execução e, segundo um dos idealizadores, o professor da Faculdade de Economia da UFBA, Vitor Filgueiras, passam no momento por questões burocráticas, mas já têm orçamento completo.

Inicialmente,70 famílias deverão ser atendidas em duas regiões: Una e Aracatu. São pessoas resgatadas do trabalho rural escravo. A ligação com a vida no campo acaba fazendo com que muitos voltem às fazendas depois de não encontrar trabalho nas cidades. “Você não quebra o ciclo do trabalho escravo sem fazer com que as pessoas tenham autonomia”, diz o pesquisador.

‘HOJE EU SOU VISTO’

Da casa onde mora, no Ceará, João mostra para a câmera sua carteirinha do Coren (Conselho Regional de Enfermagem). “Essa é a minha profissão, olha, sou técnico de enfermagem.”

Com 29 anos, João está feliz. Há seis meses, trabalha em um laboratório. O emprego, e mais do que ele, a profissão, é motivo de orgulho para o cearense. “Quando voltei [para o Ceará], não sabia o que eu queria, mas acabei gostando. Antes eu não tinha uma profissão. Hoje eu sou técnico de enfermagem. Meus colegas me elogiam”, diz.

Agora, João faz planos de viajar. Uma ida à praia com os amigos é um dos desejos. Outro é voltar ao Rio, cidade onde viveu por quase três anos e da qual conheceu apenas os arredores do restaurante em que trabalhou, no centro. A rotina que segue hoje em dia é muito diferente da que levava até o início de 2019, quando foi resgatado por uma operação de fiscalização. Até aquele dia, não imaginava que a situação que vivia fosse ilegal, ou mesmo que aquilo era considerado trabalho escravo. Alguns colegas diziam que “aquilo estava errado”, mas João não tinha dimensão do crime do qual era vítima.

O trabalho começava às 7h e seguia até as 17h, de segunda a segunda. Folgas eventuais eram concedidas em apenas um período do dia, de manhã ou à tarde. Entre os colegas com quem dividia uma casa – locada pelo dono do restaurante -, ele ainda tinha o privilégio de ter o registro em carteira.

O verniz legal não se estendia aos direitos. Não recebia vale-transporte, horas extras ou descanso semanal remunerado. Também não tinha horário de almoço. No alojamento pago pelo empregador, não havia banheiro, portas e geladeira. No restaurante, fazia de tudo: atendia mesas, era caixa, preparava saladas, limpava o salão. Até cano estourado consertou.

“Agora eu tenho escala. Dá para sair, se divertir. No Rio era só trabalho, trabalho, trabalho. Eu tinha curiosidade de conhecer aquele Museu do Amanhã, o Pier Mauá”, diz. João trabalhava próximo a esses importantes pontos turísticos, que também estão na zona central do Rio.

Se pudesse dar um recado a quem desconfia da legalidade de um trabalho, João diz que pediria que as pessoas denunciem. “A pessoa fica traumatizada, né? Que elas possam se libertar dessa situação. Hoje eu saio, hoje eu posso sair, encontrar meus familiares. Hoje eu sou valorizado, sou visto.”

HERANÇA COLONIAL

Para o auditor fiscal do trabalho Lucas Reis, o trabalho escravo contemporâneo é uma espécie de continuação da escravidão colonial. “A abolição ocorreu apenas legalmente e é muito recente. O Brasil ainda não reparou 380 anos de escravidão. Há muitos resquícios desse período, e a escravidão é uma delas”, afirma.

A pobreza e a miséria são dois combustíveis para a exploração de trabalhadores em níveis considerados degradantes. Há um tipo de retroalimentação: na miséria, os trabalhadores ficam mais vulneráveis a aceitar trabalhos exaustivos que garantam o mínimo para a sobrevivência, e, em condições sempre ruins, esses trabalhadores nunca deixam a miséria. “É um terreno muito fértil. Às vezes a pessoa precisa se submeter para pode comer, sobreviver, morar.”

A definição de “reduzir alguém a condição análoga à de escravo” vem do artigo 149 do Código Penal. O texto legal diz que isso pode acontecer tanto no trabalho forçado quanto em jornadas exaustivas, seja porque o trabalhador foi sujeito a condições degradantes, seja porque teve sua locomoção restringida pelo empregador ou preposto.

A pena prevista é de dois a oito anos de reclusão e multa. No âmbito trabalhista, as ações costumam pedir indenização por danos morais individuais, por danos coletivos e o recolhimento de todas as verbas trabalhistas.

OUTROS OLHARES

CORPOS GORDOS, POLÍTICOS E LIVRES

Pessoas com sobrepeso lutam por lugar no mundo, contra preconceito e vão à Justiça combater gordofobia

Com mãos trêmulas e o olhar atento, a consultora de imagem Amanda Souza, de 35 anos, esperou pelo momento em que veria, pela primeira vez, o homem por quem se apaixonou às cegas, em um reality show da Netflix. A esperada cena romântica duraria poucos minutos. O script fugiu do controle, o match não aconteceu e a repercussão se eternizou.

“É sempre decepcionante saber que, mesmo no pior cenário imaginado pela outra pessoa, ela nunca espera uma parceira gorda. O preconceito está em todos os lugares, nos olhares e nos “elogios” ofensivos”, diz Amanda que, na quinta-feira, revisitou a história em meio ao burburinho da Vila Madalena, em São Paulo, ponto de confluência de uma grande diversidade de corpos. A gordofobia pode ter sido o muro que se ergueu entre os dois. O noivo pôs fim ao romance porque, mesmo apaixonado, não aguentaria o “rojão”. “Ela não é nada parecida com o que já lidei na minha vida”, disse. A especulação sobre o que o levou a desistir do casamento, acertado às cegas e negado ao vivo, desencadeou uma grande discussão sobre o alcance do preconceito estético, que ganha dimensão política com o surgimento de ONGs voltadas para o tema e bandeiras levantadas até por entidades médicas.

Com um caráter estrutural, assim como racismo, a gordofobia está em relacionamentos, dentro de casa, no trabalho, no lazer ou simplesmente no olhar, às vezes, indisfarçavelmente contrariado do outro para alguém fora dos padrões impostos pela ditadura da magreza. O preconceito disseminado pode ter outras consequências práticas sérias como a exclusão do mercado de trabalho ou mesmo a morte, em casos em que até hospitais não estão preparados para atender pacientes com obesidade.

Ex-profissional do mercado financeiro, Amanda não tem dúvidas de que, pelo menos uma vez, perdeu uma boa oportunidade de carreira por causa de sua aparência. As muitas perdas contabilizadas por pessoas que não se encaixam em modelos estéticos e os ataques, ora velados, ora escrachados, provocaram, nos últimos anos, uma explosão de ações judiciais nunca vista no país.

‘BOOM’ DE AÇÕES NA JUSTIÇA

De acordo com o Data Lawyer, desde 2014 o Brasil registrou 688 processos não sigilosos envolvendo gordofobia que tramitam em varas federais e trabalhistas. Desse total, 87% foram abertos a partir de 2020. Embora não haja uma lei específica para o tema, alguns tribunais enquadram os casos como injúria e assédio moral.

O problema é gigante e potencialmente pode atingir mais da metade da população brasileira. Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas indicam que, em 2021, 57,25% dos brasileiros a estavam com o peso acima do considerado ideal pelo Índice de Massa Corporal (IMC).

São essas pessoas, sobretudo mulheres, que cada vez mais são acuadas por uma ideia de meritocracia social em que aprendem, desde crianças, que só as meninas magras e que se exercitam são inteligentes, alegres, bonitas e merecem ser respeitadas. Atitudes   gordofóbicas acontecem, em geral, com plateias. Muitas vezes, o assédio vem disfarçado de elogios a ou preocupação com bem-estar. Há pesquisas que sugerem, por exemplo, que há nuances nas reações negativas a um corpo gordo e que elas dependem do peso — ou seja, uma pessoa de 90 quilos não provoca tanto espanto quanto uma de 130, o que comprovaria que a preocupação nunca foi com a saúde.

A fotógrafa Flaviane Oliveira, de 37 anos, sucumbe a gatilhos ao lembrar do comentário que a deixou arrasada quando foi se vacinar contra a Covid, no que deveria ter sido um dos dias mais felizes de sua vida. Com comorbidades e sempre sob acompanhamento de médicos e nutricionistas, Flaviane, que usava máscara, ouviu de uma enfermeira que “ela parecia bonita”, mas precisava cuidar da saúde.

“Na hora, eu não tive reação. Quando entrei no Uber, eu desabei”, admite. “Como alguém se sente apta a me dar um diagnóstico somente por olhar meu corpo?

Nos anos 1990, a OMS passou a tratar a obesidade como uma epidemia mundial. Mas o alerta passou a ser usado, muitas vezes, para legitimar velhos preconceitos. Uma pesquisa da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) mostra que oito em cada 10 pessoas com sobrepeso já foram vítimas da gordofobia. O estudo ouviu mais de 3,6 mil pessoas. Setenta e dois por cento delas foram alvo de preconceito dentro de casa; 65,5%, em estabelecimentos comerciais; 63%, de amigos; 60,4%, em consultas médicas; e 54,7%, no ambiente de trabalho.

Episódios como o de Flaviane têm feito médicos repensarem suas abordagens. No país, há 18 milhões de pessoas obesas e, se consideradas todas que estão “acima” do peso, o número salta para 70 milhões. A cada ano, 2 milhões de novos casos são registrados. A eventual associação de problemas de saúde à obesidade não dá a médicos e a profissionais de saúde o direito de submeter seus pacientes a julgamentos degradantes ou a usar adjetivos negativos ao tratar de seus corpos.

“É preciso evitar frases como “você está muito gordo”, “é desleixado”. O ideal é perguntar a pessoa sobre a percepção dela acerca de seu peso e se isso a preocupa”, ensina Lúcia Cordeiro, endocrinologista e membro da SBEM, destacando que denúncias podem ser feitas a ouvidorias de hospitais. “O preconceito é muito danoso. Pois reduz a autoestima e aumenta a ansiedade, um gatilho que afeta a alimentação”.

Logo no início do ano, Andréia da Silva gritava por socorro na porta do Hospital Geral de Taipas, na Zona Norte de São Paulo. Ela tinha visto o filho morrer após ter sido recusado em seis hospitais numa busca frenética por atendimento pelo sistema único de regulação. Nenhuma unidade tinha maca para atender Vitor Augusto de Oliveira, de 25 anos, que pesava 190 quilos. O Ministério Público do Estado de São Paulo abriu inquérito contra as secretarias de Saúde do estado. Vitor não resistiu a três paradas cardíacas.

“Estou orando a Deus para me dar discernimento”, fala Andréia, na única frase que conseguiu balbuciar enquanto vive o luto.

GORDA NA LEI

Em novembro do ano passado, a modelo brasileira e influenciadora digital plus size Juliana Nehme, de 38 anos, denunciou que a Qatar Airways a impediu de embarcar num voo do Líbano para o Brasil por “ser gorda demais”. A companhia exigia, segundo ela, que fosse comprada uma passagem executiva de US$ 3 mil (cerca de R$ 15 mil) ou mais duas passagens normais para “caber no assento”. A Qatar nega a acusação. Quase dois meses depois, a modelo evita relembrar o caso. Juliana obteve uma liminar judicial em que a empresa fica obrigada a pagar a ela, durante um ano, R$ 400 por sessões de terapia. Ainda cabe recurso contra a decisão.

“Na luta contra a gordofobia, é uma importante vitória”, afirma Eduardo Barbosa Lemos, advogado da influenciadora.

A batalha coletiva continua. De acordo com o Data Lawyer, apenas 2% dos processos desde 2014 foram favoráveis às vítimas. Cerca de 33,38% das denúncias favoreceram parcialmente denunciantes. As comarcas de Minas Gerais e São Paulo concentram o maior número de reclamações.

Para defender vítimas da gordofobia, Rayane Souza e Mariana Vieira de Oliveira criaram o Gorda na Lei. Segundo Rayane, em média, 70 pessoas as procuram todo mês. A ativista teve a ideia do projeto quando foi vítima de cyberbullying dentro da Faculdade de Direito. Ela descobriu, por acaso, que suas fotos eram ridicularizadas num grupo de WhatsApp criado por outros alunos.

“Só fiquei sabendo porque uma dessas pessoas saiu do grupo e me pediu perdão. Sou ativista anti gordofobia. Esse movimento é essencial para a sociedade perceber que não cabe mais naturalizar certos comportamentos. Pessoas gordas têm se empoderado e isso faz com que cresça a busca por direitos”, observa. “Nosso objetivo é incluir ainda a demanda de acessibilidade, mostrar como as ofensas afetam a vida de pessoas gordas e criminalizar o preconceito.

GESTÃO E CARREIRA

COMO AS SOLUÇÕES DE VIDEOCONFERÊNCIA IMPACTAM O FUTURO DO TRABALHO

Se durante a pandemia as telas foram protagonistas nos ambientes de trabalho, é certo que mesmo com o retorno ao presencial, as soluções de videoconferência e colaboração continuarão liderando transformações na sociedade. Seja no escritório ou no atendimento ao público, a oferta de equipamentos de videoconferência touchscreen e all-in-one ultrapassaram o uso restrito às reuniões online e já se consolidam como uma alternativa efetiva e econômica para diversos cenários

Para quem ainda não está familiarizado com as soluções, basta imaginar que com apenas um toque é possível realizar uma videoconferência ou uma ligação, sem a necessidade de webcams, monitores extras, alto-falantes ou telefones de mesa, e ainda utilizar a tela como um quadro em branco para realizar anotações. Simples, não? Em muitos escritórios esta já é a realidade. Contudo, a tendência é que estes equipamentos saiam da sala de reunião e adentrem no varejo, no setor de saúde, estacionamentos, e onde mais a conectividade seja um diferencial.

Imagine encontrar uma promoção de vinhos no supermercado, mas não saber qual o melhor rótulo levar para a casa. Com uma pequena tela na prateleira é possível se conectar com um sommelier a distância e tirar dúvidas. Outro exemplo, gostaria de ouvir um especialista antes de comprar um novo smartphone? Conecte-se com um vendedor especializado que ainda pode exibir vídeos durante o atendimento em tempo real. Já em hospitais, a solução pode ser utilizada na hora da triagem ou no acompanhamento de exames em tempo real pela equipe médica.

No entanto, até mesmo dentro dos escritórios, soluções de videoconferência e colaboração – como a DTEN, marca de nosso portfólio vem apresentando – também podem ir além das reuniões. Na nova dinâmica de trabalho híbrido, as telas touchscreen podem ser utilizadas pelos colaboradores para fazer um check-in e visualizar quais as estações de trabalho estão disponíveis, ou até mesmo para ter acesso às vagas do estacionamento que estão liberadas e até que horas ficarão livres. A mesma dinâmica serve para outras reservas – de armários na academia à churrasqueiras em clubes.

O que está no horizonte é que a modernização de qualquer ambiente passa pelas telas, mas isso não significa um desafio para conectar milhares de dispositivos, fios e plataformas: com apenas uma solução inteligente é possível dar conta de uma profusão de cenários. O usuário cada vez mais digitalizado impõe novas necessidades, mas a tecnologia nos brinda com caminhos mais efetivos e simplificados. O futuro será conectado, mas também será plug-and-play.

VERA THOMAZ – Head of Sales da Unentel Distribuição

EU ACHO …

FELIZ POR NADA

Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém lhe elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.

Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.

Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?

A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.

Ser feliz por nada talvez seja isso.

MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

SUOR EM EXCESSO TRAZ CONSTRANGIMENTO, MAS TEM DIVERSAS SOLUÇÕES

Tratamentos vão de produtos tópicos às injeções de toxina botulínica, a depender do grau de sudorese do indivíduo

Frio ou quente, sem motivo aparente, as famosas “pizzas”, ou bolsas de suor, surgem debaixo da manga de camisas e camisetas. Em casos mais graves, pode até pingar das mãos. A hiperidrose ou sudorese anormal e excessiva, que não necessariamente está relacionada a altas temperaturas, afeta a qualidade de vida de quem sofre com ela. No verão, os incômodos podem ainda ser potencializados, afetando os hábitos e o cotidiano. Embora não seja considerada uma doença, dependendo do transtorno que causa a sudorese, é recomendado a ida ao médico especializado para tratá-la, e assim resolver um problema que pode se tornar social.

Segundo a Mayo Clinic, “a hiperidrose ocorre pelo menos uma vez por semana, durante o dia. E a transpiração geralmente ocorre em ambos os lados do corpo”. A recomendação de consultar um médico aplica-se quando “o suor perturba a rotina diária; causa sofrimento emocional ou retraimento social”.

O cirurgião plástico Raúl Banegas, membro da Sociedade Argentina de Cirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva (SACPER), esclarece que a hiperidrose focal primária ocorre quando suamos mais do que o normal, não em todo o corpo, mas de maneira concentrada nas axilas e/ou mãos e/ou solas dos pés e não tem causa, por isso é dito primário.

“Às vezes são secundários a outras doenças muito mais graves, como um processo tumoral maligno”, diz.

Certas doenças e alguns medicamentos podem desencadear a transpiração excessiva. Por isso, explica o dermatologista Christian Sánchez Saizar, “a primeira recomendação começa com a obtenção de um diagnóstico que o dermatologista fará, para ver que tipo de hiperidrose o paciente tem”.

Banegas cita um estudo realizado pela Academia Americana de Dermatologia, segundo o qual a hiperidrose atinge 2% da população e que sua versão primária representa mais de 90% dos casos.

“Ela não está diretamente relacionada à temperatura ambiente, ocorre por excesso de estímulos nervosos e aumenta com o estresse emocional”, explica.

Trata-se de uma funcionalidade exagerada das glândulas sudoríparas, que tem respostas excessivas, sejam por fatores emocionais ou térmicos. A hiperidrose focal é mais comum em adolescentes e jovens. Embora não seja uma doença, é uma alteração de grande impacto na vida.

“Conheço casos, por exemplo, de violonistas que não conseguiram tocar bem o instrumento porque a mão escorrega. Há pessoas que não conseguem segurar uma raquete ou não podem praticar um esporte como o golfe. Existem casos de hiperidrose palmar em que há dificuldade em apertar as mãos, porque a outra pessoa tem uma sensação fria e molhada. É algo incapacitante socialmente”, descreve Banegas.

O desconforto transcende o aspecto social, pois também pode complicar o cotidiano profissional.

“A transpiração nas mãos pode molhar o papel e dificultar o manuseio dos materiais, causando constrangimento e desconforto”, acrescenta Sánchez Saizar.

A hiperidrose axilar tem outras conotações sociais, não pelo cheiro – geralmente não há – mas pelo desconforto causado por camisetas e outras roupas visivelmente molhadas de suor.

“Já ouvi casos de pacientes que me disseram que gostaram de uma camiseta e compraram duas iguais. Então, eles iriam para uma festa com as duas, uma vestida e a outra na bolsa, e no meio do evento pediriam permissão para ir ao banheiro trocar a que já estava completamente encharcada pela seca”, relata o cirurgião.

Devido às constantes manchas de suor nas roupas, as pessoas acometidas pela hiperidrose muitas vezes se vestem apenas de preto. No caso de afetar os pés, o desconforto ocorre, sem dúvida, ao calçar os sapatos.

Para resolver o problema existem diferentes alternativas. É aconselhável progredir dos tratamentos menos aos mais complexos. Primeiro, vem a aplicação de produtos tópicos, como loções com sais de alumínio. De acordo com Sánchez Saizar, essa é a opção preferencial para os mais jovens, “antes de se recorrer a um tratamento minimamente invasivo”.

São produtos vendidos sob prescrição médica, que devem ser verificados periodicamente pelo especialista.

“Esses produtos são amplamente utilizados em desodorantes graças aos seus efeitos antitranspirantes. Os sais bloqueiam o duto de suor e impedem que ele escape para a superfície da pele. Devem ser indicados e supervisionados por um médico”, destaca o dermatologista.

OUTRAS OPÇÕES

Caso a alternativa tópica não tenha dado os resultados esperados, é indicada a aplicação de radiofrequência fracionada com microagulhas, em consultório. Por fim, pode-se recorrer à toxina botulínica, o popular botox.     

“O que se faz nesses casos é a aplicação da toxina botulínica na derme, que é justamente onde estão as glândulas sudoríparas. A toxina interfere nos comandos dados pelas terminações nervosas ao receptor da glândula. Então, ela para de funcionar, simplesmente porque a comunicação está cortada”, explica Banegas.

Sánchez Saizar acrescenta que a aplicação tem excelentes resultados em apenas uma sessão de menos de meia hora. A chave é a consulta médica para decidir, de acordo com o grau da patologia, a melhor opção de tratamento.

O indivíduo que pode fazer o tratamento com toxina botulínica é aquele que se sente afetado socialmente pela sudorese. Ele pode ser usado a partir da adolescência e a duração é bem maior do que para rugas dinâmicas. O efeito perdura entre seis e oito meses, em algumas pessoas um pouco mais.

“O tratamento costuma ser feito uma vez ao ano, principalmente no verão, quando é mais incômodo, mesmo que no inverno quem sofre dessa patologia também precise tratá-la. Embora a hiperidrose seja geralmente acentuada durante o verão e como resultado do estresse emocional, às vezes esses pacientes suam o tempo todo sem nenhum fator desencadeante óbvio”, afirma Saizar.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

UM QUER E O OUTRO, NÃO: QUANDO A DECISÃO DE (NÃO) TER FILHO SEPARA O CASAL

Caso do humorista Fábio Porchat, que anunciou divórcio recentemente, reforçou o debate sobre o tema. Escolha demanda honestidade com o parceiro, dizem especialistas

No mês de janeiro, o humorista Fábio Porchat anunciou o término do seu casamento com a produtora cinematográfica Nataly Mega após oito anos de relacionamento. Segundo ele, o motivo foi a divergência entre os dois sobre o desejo de ter filhos. Enquanto o ator não se vê como pai, o que ele já manifestou em várias declarações públicas, Nataly teria o sonho de ser mãe.

A psicanalista Natália Marques diz que esse tipo de situação é mais comum do que parece. Isso porque, se décadas atrás muitas pessoas acabavam tendo filhos sem refletir muito sobre o assunto, hoje esse tipo de decisão se tornou cada vez mais planejado, em especial entre pessoas de classe média a alta, que têm investido mais em autoconhecimento.

A consultora de imagem Priscila Citera, de 42 anos, é um exemplo. Ela tinha 30 anos e estava casada havia oito quando percebeu que não queria aumentar a família, ao contrário do então marido. “Já estávamos juntos tinha um bom tempo e entendemos que era a hora de ter filhos. Parei de tomar o remédio que evita gravidez, mas, toda vez que eu menstruava, ele ficava triste e eu me sentia aliviada”, diz.

“Percebi que tinha algo de errado e comecei a trabalhar isso na terapia. Com o tempo, percebi que aquele não era um sonho meu de verdade. Eu só naturalizei porque a sociedade dizia que, depois de casados, a gente deveria ter filhos”, afirma Priscila.

Ela decidiu, então, terminar o relacionamento, mas optou por não revelar ao ex o real motivo. Priscila diz que, influenciada pelo pensamento machista dominante de que toda mulher deve sonhar com a maternidade, ela se sentiu uma pessoa egoísta por ter tomado essa decisão.

ESCOLHA

Para a psicóloga Gabriela Luxo, a maternidade ou a paternidade deve ser uma escolha tomada não só em casal, mas também individualmente e após muita reflexão, afinal, tem grande impacto na vida das pessoas. Em alguns casos, pode ser interessante procurar sessões de psicoterapia para se conhecer melhor.

“A chegada de uma criança muda completamente a rotina. Quando a pessoa tem um filho sem querer realmente, ela vai passar por uma série de questões emocionais para lidar com a sensação de mudança e de frustração em relação às coisas que podiam ser feitas antes, sem a criança, e que depois não podem mais”, diz.

As duas especialistas escutadas pela reportagem ressaltam ainda que tomar esse tipo de decisão por pressão de outras pessoas – seja do parceiro romântico, da família ou da sociedade, de forma geral – cria problemas não só para a pessoa que tomou a decisão, como também para a criança e para o casal.

“A pessoa que não quer genuinamente ter filhos não vai conseguir dar o carinho e a atenção que gostaria para a criança e pode até se sentir culpada por isso”, diz Natália. “Isso pode afetar a autoestima da criança ao passo em que ela se sente indesejada”, aponta Gabriela.

Ao mesmo tempo, segundo Natália, o companheiro que queria ter filhos tende a ficar frustrado ao longo do tempo, pois o seu real desejo era de que o outro quisesse a criança tanto quanto ele – algo que está fora do controle de ambas as partes. A tendência é que, mesmo inconscientemente, a pessoa que cedeu (seja tendo filho sem querer, seja deixando de tê-lo para se adaptar ao desejo do outro) culpe o parceiro por estar vivendo algo que não gostaria. Com o tempo, isso produz ressentimento e tende a afastar o casal. Priscila concorda com as especialistas. “Só tive coragem de contar para o meu ex-marido o real motivo pelo qual decidi terminar depois de alguns meses. Na época, ele chegou a dizer que, se eu tivesse falado a verdade, ele teria aceitado não ter filhos para ficar comigo, mas respondi que mesmo assim não daria certo”, afirma.

ADOÇÃO

Isabella Silva, advogada de 29 anos, também terminou um relacionamento amoroso por não ter o mesmo desejo que a ex-companheira em relação a filhos. Ela conta que as duas sabiam dessa divergência desde o começo do relacionamento, mas não se preocuparam com isso inicialmente porque ambas queriam “aproveitar o momento”.

“Depois de dois anos, essa vontade de ser mãe foi aumentando dentro dela e um dia ela chegou para mim dizendo que tinha começado a pesquisar sobre adoção e que queria já entrar com a papelada”, conta Isabella. “Eu me senti pressionada e muito ansiosa.”

As profissionais recomendam também honestidade no diálogo com o parceiro. Se o plano de ter filhos está completamente descartado, vale a pena conversar sobre isso com o companheiro abertamente.

Literary Revelations

Independent Publisher of Poetry and Prose

Postcardsfromhobbsend

Film reviews as you know them only much....much worse

Mon site officiel / My official website

Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!

Yours Satirically

with no commitments and all excuses

Lire dit-elle

Vous devriez savoir que je laisse toujours mes yeux dans les arbres...Jusqu'à ce que mes seins s'ennuient...

Baydreamer ~ Lauren Scott

~ a thread of words from every stitch of life ~

FELICISSES

UM POUCO SOBRE LIVROS, FILMES, SÉRIES E ASSUNTOS ALEATÓRIOS

kampungmanisku

menjelajah dunia seni tanpa meninggalkan sains

Blog O Cristão Pentecostal

"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b

Agayana

Tek ve Yek

Envision Eden

All Things Are Possible Within The Light Of Love

4000 Wu Otto

Drink the fuel!

Ms. C. Loves

If music be the food of love, play on✨

troca de óleo automotivo do mané

Venda e prestação de serviço automotivo

darkblack78

Siyah neden gökkuşağında olmak istesin ki gece tamamıyla ona aittken 💫