OUTROS OLHARES

MULHERES VENDEM SEXO PARA PAGAR AS CONTAS

Com aumento cada vez maior do custo de vida no reino Unido, muitas assumem riscos maiores e cobram menos

Tiffany alisou seus cabelos, se olhando no espelho do banheiro, e tirou a aliança de casamento do dedo, sentindo um frio tenso na barriga.

A antiga funcionária pública entrou no carro dirigido por seu marido, que a deixou perto de um hotel confortável em Cardiff. Ela entrou no bar do hotel, tentando identificar o homem com quem vinha trocando mensagens, em meio ao zumbido das conversas e à música de piano. Quando ela o avistou, ele também parecia nervoso.

Tiffany deixou o hotel algumas horas mais tarde, se sentindo aliviada. “Sinto orgulho por poder ajeitar nossa situação e manter um teto sobre nossas cabeças”, diz. “Estou fazendo isso por minha família, minha casa e meu marido.”

Tiffany é parte de uma onda de mulheres que, impulsionadas em parte pelo panorama econômico sombrio do Reino Unido, decidiram neste ano começar no, ou retornar ao, trabalho sexual, uma constatação extraída de entrevistas do Financial Times com 23 profissionais do sexo e com 14 organizações assistenciais e de defesa das mulheres em cidades como Manchester, Sheffield, Liverpool, Leicester, Wolverhampton e Londres.

Há muitas razões para que as pessoas comecem a vender sexo, e elas variam do desejo de garantir a independência financeira à exploração por quadrilhas de criminosos. Mas há também uma explicação mais direta: com a inflação chegando aos 11% anuais, o Reino Unido parece estar entrando em uma recessão prolongada, o que cimenta uma crise de custo de vida que está levando as famílias a se prepararem para severas dificuldades.

Em um momento em que mais mulheres parecem estar vendendo sexo, a situação econômica do país também está reduzindo a demanda, o que cria um ambiente mais perigoso para aquelas que trabalham no setor, já que elas precisam correr mais riscos para conseguir pagar as contas. É algo que afeta tanto as mulheres que trabalham em domicílio ou em hotéis, muitas vezes atendendo a clientes mais ricos, quanto aquela que recorrem à prostituição de rua.

O aumento no número de mulheres que recorrem ao trabalho sexual vem tornando mais urgente o debate político sobre a maneira pela qual esse tipo de atividade é policiado no Reino Unido.

Ativistas dizem que é mais importante do que nunca rever as leis que regem o setor, embora haja uma divisão entre aqueles que querem descriminalizar completamente da atividade e aqueles que querem proibir o sexo pago. Todos argumentam que o trabalho sexual é uma parte da sociedade que não pode ser silenciosamente ignorada: o Serviço Nacional de Estatísticas (ONS) do Reino Unido estima que ele tenha contribuído com £ 4,7 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2021, e 1 em cada 10 homens no Reino Unido diz já ter pago por sexo.

Tiffany começou a fazer trabalhos sexuais ocasionais seis anos atrás, para pagar uma fatura de cartão de crédito. Quando ela foi demitida do serviço público, mais tarde, sobreviveu com os ganhos de seu marido até que os lockdowns da pandemia resultaram no fechamento da oficina dele.

Uma grave deterioração na saúde mental de seu marido, neste ano, significa que ele não tem mais condições de trabalhar. Tiffany, que está na casa dos 30 anos, precisa cuidar do marido em tempo integral.

O aumento nas contas de energia e no custo dos alimentos, combinado a pagamentos de dívidas, é mais alto que os benefícios combinados que o casal recebe, ela diz. E, com as taxas de juros em alta, Tiffany está ansiosa para concluir o mais rápido possível o pagamento da hipoteca do casal.

Em setembro, Tiffany sentiu que o trabalho sexual era a única maneira de obter renda suficiente para cobrir seus gastos e ao mesmo tempo manter a flexibilidade necessária para cumprir suas responsabilidades como cuidadora.

Ela ganha cerca de £ 1.000 por semana, uma renda que ela diz declarar à Receita britânica, o que significa que os pagamentos de assistência ao casal devem parar em breve. O trabalho sexual não é “o trabalho dos sonhos de ninguém”, ela afirma, acrescentando: “Estou feliz por poder fazer isso para nos apoiar financeiramente, mas depois vou parar”.

Das 23 profissionais do sexo entrevistadas, 5 dizem que voltaram ao setor em 2022, depois de anos afastadas dele, e que o aumento do custo de vida determinou ou pelo menos influenciou sua decisão. É amplamente aceito que a maioria dos trabalhadores do sexo são mulheres, embora o trabalho sexual masculino tenha aumentado nos últimos anos, com o crescimento da venda casual de serviços em plataformas como o Grindr e o Instagram.

Uma análise pelo Financial Times dos perfis de todos os 21 mil acompanhantes registrados no site Adultwork.com no Reino Unido sugere que neste ano o número de adesões foi três vezes mais alto que o de 2019. Não está claro se isso reflete uma transição dos trabalhadores do sexo existentes para a publicidade online ou um aumento em seu número geral, que em 2015 foi estimado em cerca de 73 mil.

OUTROS OLHARES

BARREIRA ESTÉTICA

Transgêneros ainda lutam por inclusão no mercado de trabalho

O estudante de administração Nathan Meireles, de 24 anos, gosta de usar boné e roupas confortáveis. Um colar de metal dá um ar descolado ao rapaz, que cultiva barba e bigode bem aparados. Com 1,54m, ele modela e planeja ser empreendedor. Nathan tem a cara de sua geração e está em paz com sua imagem. Mas não com o reflexo da sua condição de homem trans numa sociedade que acha feio o que não é espelho.

“A partir do momento que eu me entendi trans, quis me adequar a uma estética mais masculina. Mas sempre soube que não seria um homem com características cis, e nem queria isso. Hoje olho e gosto. Não me incomodo com a altura, mas o meu tamanho e voz ainda causam constrangimentos que me impedem de arrumar até mesmo um emprego”, relata o jovem, terceiro colocado no Concurso Mister Brasil Trans 2022, realizado este mês em São Paulo, voltado para a afirmação de belezas negadas pela cisnormatividade.

Natural do Espírito Santo, Nathan, que se descobriu transem 2013, superou inúmeros desafios, mas hoje está desempregado. Foi rejeitado numa entrevista para estoquista de loja por não cumprir “exigências físicas” para a vaga. A baixa estatura pesou, assim como a voz ainda fina, apesar da terapia hormonal com testosterona, iniciada quando tinha 18 anos.

Na lógica da cisnormatividade, sistema que coloca as características relacionadas ao sexo biológico como privilegiadas e pretere as singularidades de pessoas trans, são inúmeros os conflitos enfrentados por homens e mulheres que iniciam a hormonização e a troca de nome. Nesse processo, eles precisam resistir e reafirmar suas belezas de indivíduos que fogem do considerado padrão estético.

ANGÚSTIA E SOFRIMENTO

A história de Nathan é a de milhares de brasileiros. Uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estimou, no ano passado, que o Brasil já tem pelo menos 3 milhões de transgêneros. Entre os respondentes, 85% dos homens trans afirmaram já terem sentido sofrimento ou angústia em relação ao próprio corpo. Entre as mulheres trans, esse sentimento foi apontado por 50% das entrevistadas.

Os transgêneros ainda lutam por representatividade social, especialmente no mercado de trabalho. Um estudo deste ano do Transvida, centro de convivência e promoção da empregabilidade LGBTQIAP+, mostrou que no Rio de Janeiro, por exemplo, pessoas trans vivem à margem: cerca de 44,2% dos entrevistados estavam desempregados e apenas 15% deles tinham carteira assinada.

O especialista em gênero e sexualidade Leonardo Peçanha diz que a transexualidade bate de frente com a lógica cis ao ampliar as possibilidades de ser homem ou mulher no mundo, para além da genitália. De acordo com ele, as exigências cisnormativas de que pessoas trans devem usar hormônios, fazer cirurgias e modificar o nome, para só a partir disso serem respeitadas e vistas como homem ou mulher, são extremamente violentas e podem produzir sofrimento psicológico.

“A sociedade precisa entender que, quando uma pessoa trans faz uma cirurgia, ela está buscando se adequar à identidade delas. Existem diferentes tipos de beleza, e isso precisa ser respeitado para que as pessoas trans tenham uma boa autoestima e oportunidades de existência”, ressalta Peçanha.

PASSABILIDADE

Assim como Nathan, a atendente de telemarketing Eloah Rodrigues, de 29 anos, viveu inúmeras transfobias por sua estética. Travesti negra, magra e com cabelos longos, ela conta que lutou por mais de seis anos para conseguir espaço nas passarelas. Ainda assim, a participação no Miss Trans Brasil e no Miss International Queen, o “Miss Universo Trans”, em junho, na Tailândia, só foi possível porque hoje Eloah considera que em passabilidade – termo usado pela comunidade para se referir à pessoas trans tidas socialmente como cis, devido às características físicas muito semelhantes.

“A moda reforça muitos estereótipos. Quando comecei, fui rechaçada por não ter um padrão de beleza esperado para miss. E existem ideal cis até mesmo dentro do mundo trans, porque tememos o preconceito. Hoje, quando chega uma oportunidade, é sempre em meses de conscientização LGBT. Me questiono quando as marcas e empresas vão nos convidar para atuar num contexto comum”, afirma a carioca, que desde criança faz aulas de teatro.

Para a professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro Jaqueline Gomes de Jesus, a passabilidade é um conceito carregado de preconceitos, pois torna “mais aceitável” pessoas que se encaixam no padrão. A cobrança por uma leitura social feminina é mais intensa porque perpassa o machismo, que dita como mulheres devem ser e se comportar, diz. No caso de Eloah, por ser negra, ainda há o racismo estrutural, que nega a beleza afro, mesmo quando 56% dos brasileiros se declaram pretos ou pardos, segundo o IBGE.

“Para mulheres em geral, a beleza é um grande desafio. Para homens, a leitura social masculina é menos exigente, o que faz com que esse processo seja mais acessível aos trans. Mas, em ambos os casos, há uma ditadura do embelezamento, que é o do corpo branco, cis normativo e magro”, aponta Jaqueline.

Para naturalizar a representação de homens trans na moda, foi realizada neste mês a segunda edição do Concurso Mister Brasil Trans 2022. Primeiro concurso exclusivamente para trans masculinos do mundo, o evento busca quebrar paradigmas da indústria da moda ao contemplar candidatos gordos, magros, de diferentes etnias, e que podem ou não ter passado pela cirurgia de retirada das mamas.

Um dos concorrentes, que posou sem camisa e usando binder (faixa que aperta os seios),o autônomo João Daniel Dionísio, de 25 anos, usou sua imagem para mostrar que peitos ressaltados não são intrusos. Dionísio não quer passar por cirurgias porque pretende gerar e amamentar filhos biológicos, num futuro não tão distante.

“Eu nunca criei muitas expectativas para não me frustrar, mas sempre quis ter cavanhaque para me sentir bem. Hoje, com barba ou sem, eu sei quem sou. Não vejo meus seios como intrusos e não quero correr riscos em cirurgias se estou bem comigo mesmo. Não sofro preconceito porque os hormônios reduzem a quantidade de gordura e faço exercício físico. Mas quando percebem, as pessoas não me validam como homem”, conta.

Dono de um ateliê de costura, Daniel vive um dilema de ser um homem com um emprego considerado socialmente feminino. No entanto, ele conta que hoje o estigma é menor, porque confecciona roupas voltadas ao público LGBTQIAP+:

“Já passei semanas fazendo teste de emprego para no final dizerem que eu não sou o perfil certo. Fiz trabalhos como modelo, mas nunca consegui me consolidar na área. Então resolvi criar o meu próprio negócio. Hoje, considero que tenho sucesso no que faço, apesar de ainda receber olhares, por ser costureiro, mas principalmente por ser negro.

GESTÃO E CARREIRA

SOCIAL HIRING: TENDÊNCIA NA ÁREA DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE TALENTOS

Utilizar redes sociais como uma estratégia de recrutamento se tornou uma realidade nas empresas. Essas plataformas são capazes de promover vagas de emprego e conectar os candidatos de forma mais interativa e eficiente. A técnica é conhecida como Social Hiring e, dessa forma, os candidatos são atraídos pelo conteúdo e pelo valor que a empresa entrega, se conectando desde o início do processo seletivo pela cultura da organização.

De acordo com Alisson Souza, CEO da abler, startup que tem o propósito de trazer facilidade na gestão dos processos seletivos, alguns pontos se destacam nessa modalidade de recrutamento. “O primeiro ponto positivo é a possibilidade de reduzir os custos do processo de seleção. Isso porque as redes sociais, majoritariamente, são plataformas gratuitas, tornando o recrutamento menos custoso.

Outra vantagem do Social Hiring é encontrar os talentos exatamente na rede social que eles frequentam, seja o LinkedIn, Facebook, Instagram ou Twitter. Um terceiro ponto positivo é o maior alcance da divulgação das vagas, justamente porque essas plataformas têm algoritmos que trabalham em prol do alcance de suas publicações. Além dessas vantagens, o recrutamento social tem a possibilidade de fortalecer a marca empregadora”, relata.

Alguns passos devem ser seguidos para desenvolver uma estratégia de Social Hiring dentro de uma organização. “O primeiro direcionamento é manter atualizados os perfis de redes sociais da empresa e entender quais plataformas fazem sentido para o público de candidatos que se pretende atingir.

O segundo passo é, além de manter esse perfil atualizado, postar conteúdos que possam atrair esses talentos, montando uma cadência de publicações que faça sentido e prenda a atenção daquele tipo de candidato, seja com dicas de emprego ou conteúdos relacionados à carreira dos possíveis talentos”, revela.

Para o especialista, engajar os colaboradores nas redes da empresa é fundamental para que eles participem ativamente do recrutamento social. “Quando sua equipe começa a compartilhar os conteúdos das páginas da organização, expande o alcance da empresa e faz com que seus colaboradores se tornem verdadeiros embaixadores da marca empregadora”, pontua.

Escolher a plataforma ideal é um dos principais desafios na hora de adotar uma filosofia de Social Hiring. “Isso é algo que pode variar de acordo com o perfil de candidato desejado. Se a busca é por pessoas mais novas, por exemplo, provavelmente o Instagram e o TikTok são as melhores ferramentas.

Se a intenção é atingir um público um pouco mais maduro, as plataformas mais indicadas podem ser o LinkedIn e o Facebook. Existem inúmeras redes sociais, como o próprio WhatsApp e o Twitter, mas essa escolha pode mudar para atender a necessidade daquela vaga”, finaliza Alisson Souza. Fonte e mais informações: https://abler.com.br

EU ACHO …

NÃO HÁ LUGAR PARA AS MULHERES

É preciso saber de onde vem a autorização dos homens para odiar o feminino

Nas últimas semanas, vimos casos estarrecedores de violência contra a mulher. Como venho escrevendo continuamente, é preciso tratar esses temas com a seriedade que merecem, pois não se trata de casos isolados, mas de violências históricas e sistêmicas. O médico colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo foi preso nesta semana por produzir e armazenar pornografia infantil. Ele matinha mais de 20 mil imagens de abuso sexual de crianças e adolescentes em seus equipamentos eletrônicos. Nessas imagens, a polícia encontrou vídeos de Carrillo estuprando pacientes mulheres anestesiadas.

Ano passado, em um caso semelhante, as enfermeiras da sala de cirurgia desconfiaram do comportamento do anestesista Giovanni Quintella Bezerra e, para que pudessem comprovar as suspeitas, tiveram de preparar um ambiente de captação de provas com o fim de flagrar o médico abusador, expondo a paciente a uma violência sexual, mas impedindo que ele continuasse a violentar impunemente. Apesar da ação corajosa por romper com o código de autoridade de médicos, bem como do bem-sucedido flagra e colheita de prova que possibilitaram a prisão e provável condenação do estuprador, uma violência ocorreu para que isso fosse viabilizado, afetando a vida da mulher de forma dramática. Os dois casos têm mais em comum do que as violências terem sido praticadas por anestesistas: seriam casos ocultos não fossem a investigação por material pornográfico infantil no primeiro caso, ou a atuação das enfermeiras no segundo. Outros tantos que não contaram com essas barreiras são cometidos impunemente, aviltando a dignidade das crianças e mulheres.

Ainda nesta semana, deparei-me na rede social com um vídeo que expunha mais uma situação de violência contra a mulher. A repórter da TV Record Bahia, Tarsilla Alvarindo, foi agredida por um homem, que desferiu um soco em seu rosto. A cena nos mostra mais do que essa descrição: a mulher estava acompanhada do cinegrafista e de um produtor, dois homens. Mas o homem veio na direção da equipe e agrediu a jornalista. Ele estava irritado, pois havia pedido que a equipe não filmasse um familiar seu que havia falecido em um acidente de carro.

A equipe não estava filmando, a reportagem contando o caso estava posta longe do corpo da vítima, quando ele interrompeu para agredir a mulher. Mas fico pensando que, se o incômodo dele era com a suposta filmagem, porque não agredir o cinegrafista? Porque ele foi direto na mulher? É preciso questionar de onde vem esse senso de autorização que os homens carregam para direcionar seus ódios às mulheres.  

Um outro caso também chamou a atenção, o crime ocorreu no dia 24 de dezembro de 2022, mas veio a público nesta semana após divulgação da vítima nas redes sociais. A influencer Gabriella Camello afirmou que o zelador do prédio onde mora invadiu seu apartamento e se masturbou na frente da sua cama. O homem tinha as chaves do seu apartamento e só interrompeu o ato, pois a vítima acordou e gritou.

Segundo Camello, o síndico do prédio se recusou a demitir o zelador e teria dado risada da situação; na delegacia da mulher, ela afirma ter sido maltratada. Ela pede os vídeos de segurança do edifício que mostram o zelador se masturbando na escadaria do prédio, pouco antes de invadir o apartamento dela.

Diante da falta de acolhimento e dos registros, decidiu gravar um vídeo expondo o caso em uma rede social e somente após isso o zelador foi demitido e medidas foram tomadas. São casos repugnantes e que escancaram o desprezo pelas vidas das mulheres no país quinto do mundo em feminicídio.

Situações como essas mostram que mulheres se sentem inseguras dentro de suas próprias casas, exercendo suas profissões, quando são submetidas a cirurgias e estão completamente vulneráveis.

Trata-se de uma pauta fundamental e que precisa ser conduzida com seriedade e compromisso. Não pode haver espaço para esvaziamentos e deturpações, pois não há lugar seguro para as mulheres em uma sociedade que banaliza a misoginia e insiste em manter uma cultura de culpabilização das vítimas. Um projeto de emancipação para este país precisa fundamentalmente priorizar a dignidade humana das mulheres.

DJAMILA RIBEIRO – Mestre em filosofia política pela Unifesp e coordenadora da coleção de livros Feminismos Plurais

ESTAR BEM

NOVAS DROGAS PARA OBESIDADE PROMETEM SEGURANÇA E PERDA SIGNIFICATIVA DE PESO

Remédios mais antigos eram lançados sem testes a longo prazo e com pouco resultado duradouro

As três últimas décadas de estudos sobre obesidade mostram que emagrecer em uma sociedade como a nossa, pouco ativa e com fácil acesso a alimentos para parte da população, deve ser cada vez mais difícil para quem atingiu marcas de sobrepeso ou já está em um quadro de comorbidade. Por essa razão, a liberação de medicações como o Wegovy, recém-aprovado pela Anvisa, tem sido comemorada por especialistas, que alertam para o uso consciente desse tipo de produto.

O medicamento traz uma nova perspectiva para quem vive uma luta crônica contra a balança e não deve ser usado por quem tem peso normal ou para atingir padrões estéticos.

Paulo Augusto Carvalho Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e  Metabologia (SBEM), reforça que a obesidade precisa ser vista como uma doença, e crônica. O avanço no tratamento dela, aliás, está ligado à pesquisa de redução dos danos cardiovasculares na população gerados pelo crescente ganho de peso dos últimos anos.

Diferentemente dos medicamentos para emagrecer dos anos 1990, lançados no mercado sem testes de longo prazo e com pouco ou nenhum resultado duradouro, esta nova geração promete perdas significativas e mais segurança. Saem de cena as anfetaminas e inibidores de apetite e entram as medicações nas quais emagrecer é só um dos benefícios, uma vez que o objetivo inicial é tratar diabetes, hipertensão, colesterol alto, entre outros fatores que ajudam a reduzir doenças cardiovasculares.

Liberado pela Anvisa, a injeção de Wegovy contém semaglutida, o mesmo princípio ativo do Ozenpic, remédio injetável de menor dosagem empregado para o tratamento da diabetes tipo dois, e do Rybelsus, também para diabetes, mas de via oral.

A diferença do Wegovy é o emprego específico no tratamento da obesidade e sobrepeso, sendo uma opção também para os mais jovens. Também pode ser receitado para pacientes cujo emagrecimento significa controle de comorbidades como hipertensão, diabetes e dislipidemia.

A nova medicação é de uso semanal e ainda não está à venda. “Ainda tem que cumprir um caminho regulatório para que a medicação chegue ao mercado. O uso atualmente para o tratamento da obesidade é ‘off label’ [fora das condições aprovadas na bula]”, afirma Miranda.

Além do controle da glicose, ideal para pacientes com diabetes tipo dois, o Wegovy ajuda a tratar a vontade de comer excessivamente, reduzindo a ingestão calórica ao longo do dia e, com isso, o peso.

“A semaglutida tem ação sobre a regulação da função do trato gastrointestinal, atrasando a velocidade do esvaziamento do estômago. Também atua na modulação da secreção da insulina pelas células pancreáticas e age centralmente aumentando a percepção de saciedade no hipotálamo”, diz o presidente da SBEM.

Miranda divide a linha temporal dos emagrecedores em antes e depois das regulamentações americanas para medicamentos do tipo nos anos 2000. “As teorias farmacológicas para a obesidade já tiveram múltiplos campos de estudo. Até a década de 1990, nós tínhamos medicações lançadas no mercado baseadas em estudos de curta duração e que não traziam, muitas vezes, estudos de eficácia e segurança, sobretudo cardiovascular.”

Fundadora do Ambulatório Clínico de Obesidade Severa do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC/USP), a endocrinologista Alessandra Rascovski está otimista, pois a nova geração de remédios se mostra segura para uso a longo prazo (necessário em casos de obesidade).

“Uma doença crônica na maioria das vezes se trata com medicação crônica. Infelizmente, as pessoas tomam um pouco, emagrecem e depois param. Só que a gente também sabe que a intensidade dos efeitos colaterais piora se você ficar usando de modo intermitente, começa e para”, diz ela.

Os novos medicamentos, segundo ela, trazem incômodos apenas da ordem gastrointestinal, sem riscos vasculares ou para saúde mental, por isso são mais viáveis para uso contínuo. Outra vantagem é agirem em centros de dopamina, que regulam o desejo de comer compulsivamente.

Rascovski, que também é médica do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que as medicações dos anos 1990 traziam mais danos que benefícios ao tratamento de obesidade.

“Peguei a época das chamadas ‘bolinhas para emagrecer’, que na verdade eram os derivados de anfetamina. Os efeitos colaterais eram principalmente de alteração de humor e comportamento, e os indivíduos pré-dispostos a quadros psiquiátricos acabavam ficando mais vulneráveis.”

A segunda leva, já na entrada dos anos 2000, foram os adrenérgicos, como a sibutramina, ainda utilizados, mas com riscos. “Quem toma a sibutramina tem que assinar termo de responsabilidade. Quem está com hipertensão descompensada não pode usar”, afirma Rascovski.

Outro é o Orlistate, porém seu resultado de emagrecimento é considerado baixo, em torno de 5% a 6% do peso.

“Ele inibe a absorção da gordura do que a gente comeu na dieta. Quando foi lançado, deu muito problema porque, como era vendido sem receita, as pessoas tomavam e iam comemorar na churrascaria e soltava demais o intestino, [mas] ele tem um uso interessante, principalmente para pessoas com colesterol alto, porque acaba tratando as duas coisas”, diz a médica.

No ano passado, a Anvisa liberou o Contrave, uma combinação de bupropiona com naltrexona, que está na fase de liberação comercial, como o Wegovy.

Rascovski destaca ainda que muito do que foi conquistado hoje em termos de medicações deriva do conhecimento obtido pelo tratamento cirúrgico.

“É o quanto se aprendeu com cirurgia bariátrica. A perda de peso que acontecia com ela era mais rápida, e a melhora metabólica também. Níveis de glicemia, de insulina, de colesterol… simplesmente porque a pessoa perdeu quilos e diminuiu a ingestão. E aí começou a se estudar bastante as incretinas ou os hormônios gastrointestinais que regulam fome e saciedade”, diz ela.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

BAGUNÇA PIORA HUMOR E PODE SER SINAL DE CRISE NA SAÚDE MENTAL

Desordem é resultado de exaustão física emocional. Especialistas dão dicas de estratégias para deixar a casa arrumada

O chão é praticamente invisível, pois há roupas espalhadas por todo lado. Quatro grandes cestos de plástico estão empilhados uns sobre os outros, alguns cheios de roupas, outros de eletrônicos. Há oito xícaras de café abandonadas na escrivaninha e na mesinha de cabeceira. No chão estão duas garrafas de água meio vazias, uma garrafa de tequila com um cacto de vidro dentro e um dispensador de ração para animais de estimação. Este é o “depression room” (“cômodo da depressão”, em tradução livre do inglês) de Abegael Milot, uma youtuber de 24 anos. Ela se propôs a arrumá-lo, e decidiu gravar o processo e compartilhá-lo no site de vídeos.

O termo é relativamente novo, e se popularizou por vídeos no TikTok e no YouTube que acumulam centenas de milhões de visualizações. Mas os especialistas há muito reconhecem a ligação entre bagunça e saúde mental. A desordem que pode se acumular quando as pessoas estão passando por uma crise nesse campo não é uma forma de acumulação, nem o resultado de preguiça. O culpado é a fadiga extrema, afirma N. Brad Schmidt, diretor da Clínica de Ansiedade e Saúde Comportamental da Universidade Estadual da Flórida.

“Muitas vezes, as pessoas estão tão exaustas física e mentalmente que não sentem que têm energia para cuidar de si mesmas ou de seus arredores. Elas simplesmente não têm a capacidade de se envolver com a limpeza e manutenção da casa como provavelmente já fizeram”, diz Schmidt.

Uma casa bagunçada também pode contribuir para sentimentos de opressão, estresse e vergonha, fazendo você se sentir pior do que já se sente. E, embora a organização não cure sua depressão, ela pode melhorar seu humor. Se você está lutando e parece impossível manter seu ambiente organizado, aqui estão algumas dicas sobre como limpar estrategicamente para otimizar sua energia e seu espaço.

FOQUE NA FUNCIONALIDADE

KC Davis, terapeuta e autora do livro “How to keep house while drowning”(“Como manter a casa enquanto se afoga”, em tradução livre do inglês), conta que seu problema de desordem aumentou quando seu segundo filho nasceu no início de 2020. Ela afirma que sempre foi “bagunceira”, mas que sua bagunça era funcional. De repente, confrontada com um novo bebê, depressão pós-parto e uma pandemia, Davis percebeu que estava perdida por não ter nenhum sistema de organização. Enquanto trabalhava para organizar sua casa, Davis começou a postar vídeos de seu progresso no TikTok, onde agora tem 1,5 milhão de seguidores. Em meio a uma grande quantidade de conteúdo sobre autoajuda e limpeza, ela optou por uma abordagem mais gentil e pragmática. Suas dicas são realistas sobre suas capacidades e se concentram em ter um espaço habitável, não impecável.

Uma de suas estratégias mais populares é “arrumar cinco coisas”, a ideia de que há apenas cinco categorias de coisas em qualquer cômodo: lixo, pratos, roupas, coisas com lugar e coisas sem lugar. Concentrar-se em uma categoria por vez evita que ela fique sobrecarregada quando parece que há uma centena de itens diferentes que precisam ser guardados. Davis também é uma grande defensora do que chama de “deveres do fim do dia”. Sem disposição de arrumar a cozinha inteira toda noite, começou a fazer só algumas pequenas tarefas pensando no que seria útil na manhã seguinte.

“Afastei-me dessa ideia de que tinha que ser tudo ou nada e comecei a pensar apenas no que era útil quando se tratava de limpeza”, afirma. “Quando penso em “do que vou precisar amanhã de manhã?” posso ser específica.”

Ela, por exemplo, prioriza ter pratos limpos e espaço suficiente no balcão para preparar o café da manhã, esvaziar o lixo e varrer as migalhas.

“O que parece uma tarefa grande e interminável é, na verdade, apenas 20 minutos do meu dia”, conclui.

FAÇA SUA CASA TRABALHAR MELHOR PARA VOCÊ

As pessoas que são neurodivergentes, com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo ou outros problemas de funcionamento executivo, também costumam lutar contra o excesso de desordem. Assim como “depression room”, o termo “doom piles” (“pilhas de desgraça”, em tradução livre do inglês) tornou-se popular nas redes sociais para descrever as coisas aleatórias que se acumulam e você não sabe o que fazer com elas.

Lenore Brooks, designer de interiores especializada em trabalhar com pessoas neurodivergentes, percebeu que quase não havia nenhum recurso para ajudar adultos com TDAH ou autismo no breve período em que sua irmã, com o primeiro transtorno, foi morar com ela.

Grande parte de seu trabalho gira em torno de ajudar seus clientes a lidar com a desordem aparentemente interminável: eles sentem que estão constantemente limpando, mas a bagunça está sempre lá. As pessoas com TDAH lutam especialmente com isso porque “é quase como uma fadiga de decisão o tempo todo”, diz. O pensamento é que “se não consigo decidir o que fazer com isso, então simplesmente não vou fazer nada”.

O primeiro passo, diz Brooks, é prestar atenção aos itens que você costuma limpar. Em seguida, encontrar os melhores lugares para eles ficarem:

“(É preciso) descobrir por que as coisas estão onde estão, por que a bagunça se acumula onde está e, em seguida, mudar a organização em torno de como as pessoas estão realmente usando sua casa.”

Essas mudanças podem ser simples. Por exemplo, se você sempre retira canetas das almofadas do sofá e da mesa de centro, pense em destinar um local para manter as canetas na sala onde você está realmente as usando.

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