SUPERPODER DO CORPO: SAIBA POR QUE SUAR FAZ BEM
Recurso do corpo para regular a temperatura, ele ainda evita complicações no metabolismo; em excesso, pode ser necessário tratamento

É comum que o corpo comece a transpirar em dias muito quentes, durante a prática esportiva ou mesmo em momentos de nervosismo. Pode ser na palma das mãos, na sola dos pés, nas axilas ou na testa, junto ao couro cabeludo. O suor, que pode ser considerado um problema para algumas pessoas – seja por deixar manchas na roupa ou pelo cheiro desagradável –, na realidade é uma espécie de “superpoder do corpo humano”.
É graças ao suor eliminado pelas glândulas sudoríparas que a temperatura do corpo é regulada. Isso evita, por exemplo, complicações no funcionamento do metabolismo humano, conforme explica, a seguir, Everardo Carneiro, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
POR QUE TRANSPIRAMOS?
Segundo o especialista, há uma tendência ao aumento da temperatura corporal interna durante as atividades metabólicas, que pode representar um problema quando essa temperatura ultrapassa 36 graus Celsius. Com a transpiração, porém, o corpo sofre um processo de resfriamento natural, que põe o calor para fora, reduz a temperatura corporal e permite que as atividades metabólicas ocorram sem maiores complicações.
“Esse processo é chamado de sudorese”, explica Carneiro, que ressalta outras formas de perda de calor: a convecção e a respiração. No primeiro caso, ao entrar em contato com a superfície da pele, as correntes de ar retiram calor do corpo – que costuma estar mais quente do que a temperatura externa. Com a respiração o processo é parecido. “É um mecanismo de troca do ar mais quente que está no pulmão pelo ar mais frio, que está no ambiente externo”, explica. Isso ocorre durante as atividades físicas quando a frequência respiratória é mais intensa no processo de aumentar as trocas de ar e resfriar o corpo.
Porém, alguns pontos colocam a sudorese como o mecanismo mais importante, em especial em países tropicais como o Brasil. Quando a temperatura do ambiente é maior que a temperatura interna do corpo (acima de 36 graus) a convecção e a respiração não são suficientes para o corpo perder calor. “Assim, a única forma é por meio da transpiração”, diz.
DE ONDE VEM O MAU ODOR?
O suor é formado, quase em sua totalidade, por água. “Além disso, estão presentes sais, como sódio e potássio, e pequenas substâncias que por ventura estão no sangue e que a glândula sudorípara consegue mandar para fora do organismo”, descreve Carneiro.
Por isso, o cheiro desagradável não vem do suor. Na verdade, é resultado da interação do suor com bactérias e fungos que vivem na pele.
Quando o suor é eliminado, ele se mistura ao resíduo de células mortas da pele, na qual vivem microrganismos que delas se alimentam – e da umidade do suor. A pele, então, se torna um ambiente perfeito para que fungos e bactérias se desenvolvam. “E isso produz algum odor, que pode incomodar as pessoas.”
QUANDO O SUOR SE TORNA UM PROBLEMA?
Suar é um processo natural e fundamental para o organismo. Mas, quando em excesso e sem estar associado ao aumento da temperatura corporal, pode ocasionar situações desconfortáveis. “É o que chamamos de hiperidrose”, explica Marcelo Arnone, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Isso faz com que a pessoa fique constrangida ou porque fica com a mão molhada ou porque precisa enxugar com frequência o suor da testa”, explica.
Nesses casos, o que acontece é que as glândulas sudoríparas recebem mensagem do sistema nervoso autônomo simpático para liberar o suor mesmo quando não há aumento da temperatura do corpo. Arnone diz que não é possível saber ao certo as causas dessa desregulação. Por isso, os tratamentos contra hiperidrose apostam no controle do suor em excesso e não em fatores que os causam.
COMO CONTROLAR O SUOR EM EXCESSO?
Uma das opções é o uso de antitranspirantes, que agem sob as glândulas sudoríparas bloqueando o suor. “O estímulo do sistema nervoso continua existindo, mas a glândula não libera suor em excesso porque está sob ação de um produto”, explica. Esses produtos podem ser utilizados tanto nas axilas como na palma das mãos ou nas solas dos pés. Em geral, aplicados à noite, antes de dormir.
Outro tratamento é a aplicação de toxina botulínica – a mesma utilizada no tratamento de rugas de expressão –, que tem uma ação local na região das glândulas sudoríparas. “O efeito da toxina é temporário, dura entre seis e dez meses. Por isso, é necessária a reaplicação.”
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