CÂNCER DE INTESTINO SE TORNA MAIS COMUM ANTES DOS 50 ANOS
Cantora Preta Gil revelou caso nesta semana. Estilo de vida ligado a alimentação e sono, além da qualidade dos exames, explicam maior prevalência
A cantora Preta Gil, de 48 anos, publicou em seu perfil no Instagram esta semana um comunicado informando que foi diagnosticada com um câncer no intestino. Em agosto, a cantora Simony, de 46 anos, também identificou a doença na mesma região. A ocorrência desse tipo de câncer em pacientes com menos de 50 anos é vista pela medicina como de início precoce e tem se tornado cada vez mais comum.
Um estudo feito no ano passado pela Universidade Harvard (EUA), publicado na revista científica Nature Reviews Clinical Oncology, mostrou que mesmo os cânceres que comumente eram diagnosticados em pessoas mais velhas, como os de intestino, mama, estômago e pâncreas, têm crescido entre pacientes com menos de 50 anos. Essas informações foram reafirmadas em um outro estudo, britânico, publicado na British Journal of Cancer.
Após revisar os registros de câncer de 44 países, os cientistas de Harvard identificaram que essa incidência de início precoce está aumentando rapidamente em muitos países de renda média a alta, o que indica que não se trata de uma questão de falta de recursos.
ESTILO DE VIDA
Entre os possíveis motivos, o estudo aponta o estilo de vida da sociedade, que mudou consideravelmente nas últimas décadas. Sedentarismo, consumo de alimentos ultraprocessados, obesidade, distúrbios no sono e poluição ambiental estão entre os hábitos que favorecem o surgimento da doença e são mais comuns hoje que há 50 anos.
Além disso, o uso de tecnologias mais precisas na detecção de tumores sensíveis, como os de tireoide, pode estar contribuindo para o diagnóstico precoce de cânceres que se alastram lentamente.
Nas últimas semanas, o câncer do cólon também foi a causa de morte dos ex-jogadores de futebol Pelé, aos 82 anos, e Roberto Dinamite, aos 68 anos.
INCIDÊNCIA
O câncer de intestino, que pode ser de cólon ou reto, é um dos mais incidentes no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), logo atrás dos de pele, mama e próstata.
Apesar de a incidência ser semelhante em homens e mulheres, a mortalidade, segundo o Inca, varia de 8,4% dos casos em pacientes do sexo masculino a 9,6% no sexo feminino.
A doença é mais comum entre os 60 e os 65 anos e o intestino grosso é o órgão mais afetado. Tem tratamento, na maioria dos casos, e é curável se detectado precocemente, principalmente quando ainda não atingiu outros órgãos. Os tumores chamados adenocarcinoma, mesmo tipo que foi diagnosticado em Preta Gil, são o mais comuns.
Na maioria dos casos, o câncer começa com uma pequena lesão ou ferida no intestino, um pólipo (verruga), que não resulta em sintomas. É comum que os sintomas surjam apenas quando a lesão está avançada e obstruindo o intestino, dificultando a passagem das fezes, ou se aprofundando nas camadas do órgão, causando dores. A colonoscopia é o principal exame para detectar pólipos ou tumores.
SINTOMAS
Os sintomas do câncer de cólon podem variar muito de paciente para paciente e dependem, principalmente, da fase em que a doença está, aponta Ricardo Carvalho, médico oncologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Geralmente, são desconfortos abdominais, sangramento nas fezes, alteração no tamanho das fezes (muito finas, por exemplo), mudanças na frequência de ir ao banheiro e constipação. Dores abdominais fortes, redução de peso, fadiga e vômitos podem aparecer em casos mais agravados. “Em muitos casos, principalmente quando a doença está em fase inicial, não há sintomas aparentes ou eles são muito leves”, diz o médico, reforçando a importância dos exames de rotina para detectar a doença.
Medo e falta de estrutura impedem pais de vacinar filhos no Brasil, revela estudo
Os pais brasileiros que não vacinaram seus filhos tomaram a decisão principalmente por conta da pandemia (24,5%), do medo de reações adversas (24,4%) e da não recomendação da imunização por um médico ou profissional de saúde (9,2%). Os dados são do Inquérito de Cobertura Vacinal e Hesitação Vacinal no Brasil, um projeto do Ministério da Saúde para avaliar como está a vacinação infantil no país.
Os resultados do estudo foram apresentados ontem durante live realizada pela Educa VE, fruto de uma parceria entre a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
A mais recente edição do estudo, cujos resultados preliminares foram apresentados ontem, foi realizada entre 2020 e 2021. Pela primeira vez, a pesquisa não apenas analisou a proporção de crianças que efetivamente completaram o esquema de vacinação recomendado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) até completarem 24 meses como também buscou entender os fatores que influenciam a hesitação vacinal.
Foram incluídas crianças nascidas em 2017 e 2018, residentes em áreas urbanas das capitais brasileiras e do Distrito Federal. Entre mais de 31 mil entrevistas realizadas, a maioria dos pais ou responsáveis acredita que a vacinação infantil é importante e confia nos imunizantes distribuídos pelo PNI. No entanto, 3% dos entrevistados disseram que não levaram os filhos para receber uma ou mais vacinas.
IMPACTO NA COBERTURA
Embora o índice seja baixo, a epidemiologista Carla Do- mingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), lembra que o número já é suficiente para impactar negativamente as metas de imunização do Ministério da Saúde, que ficam em torno de 90 a 95%.
Há ainda pais que disseram ter levado seus filhos ao posto, mas enfrentaram dificuldade no processo. As principais adversidades relatadas foram: o fato de o local ficar longe da residência ou do endereço de trabalho, seguido por falta de tempo, horário inadequado de funcionamento e falta de transporte.
Houve também casos de pais que levaram a criança ao posto de vacinação e, mesmo assim, ela não foi vacinada. O principal motivo foi a falta de doses, apontado por 44,1% dos pais; em seguida, vêm os casos em que a sala de aplicação estava fechada (10,8%) e a contraindicação da administração da vacina pelo profissional de saúde (7,9%).
“Essa pesquisa mostra que o modelo de vacinação que funcionou muito bem na década de 1980 não funciona mais, e isso provavelmente também está acontecendo em outras áreas da atenção primária à saúde. Precisamos repensar esse modelo para elevar a taxa de cobertura vacinal”, diz Domingues.
A necessidade de campanhas de comunicação para levar informação qualificada aos pais, melhorias na operação das unidades de saúde e na educação dos profissionais sobre a importância da vacinação foram citados como os principais pontos a serem trabalhados para elevar a adesão à vacinação infantil.
O Inquérito de Cobertura Vacinal mostrou que apenas 60% dessas crianças completaram o esquema de vacinação recomendado pelo Ministério da Saúde até os 2 anos de idade. Nesse período da vida, as crianças devem receber de 22 a 23 doses de diferentes vacinas. A diferença no número depende da região de residência da família. Em alguns locais, a vacinação contra febre amarela é obrigatória, enquanto em outros, não.
Diversos estudos publicados nos últimos anos apontam para sucessivas quedas nas coberturas vacinais no Brasil, mas, segundo Domingues, esse trabalho é o que traz o dado mais próximo da realidade, já que os pesquisadores de fato vão até a casa das crianças e coletam informações das cadernetas.
“Em comparação com 2005, quando foi feito o último Inquérito, há diminuição da cobertura vacinal. Em nenhuma vacina, atingimos a meta estabelecida pelo PNI”, alerta a epidemiologista.
A maior cobertura vacinal foi verificada entre famílias com renda familiar de R$ 3.001 a R$ 8 mil e com 13 a 15 anos de escolaridade. Já a menor está entre aquelas que ganham até R$ 1 mil por mês e têm até oito anos de estudo.
DESINFORMAÇÃO
A pesquisa revelou que 16% dos brasileiros consideram desnecessário aplicar nos filhos vacinas contra doenças que já estão controladas no país. O problema é que o principal risco da queda da cobertura vacinal é justamente o retorno de infecções consideradas eliminadas ou controladas no país, como a poliomielite.
A cobertura para a terceira dose da vacina de pólio, por exemplo, ficou em 88%. Já a taxa da segunda dose da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, ficou em apenas 82%. Essa vacina, em conjunto com o primeiro reforço da vacina meningocócica C, foi a que teve menor cobertura no período avaliado.
O estudo revela que a adesão à vacinação infantil cai ao longo do tempo. As coberturas são maiores para vacinas aplicadas no nascimento e diminuem à medida que a criança vai crescendo. Segundo os pesquisadores, os dados são importantes para desenhar estratégias contra a queda de cobertura vacinal.
TECNOLOGIA – COMO MELHORAR A EFICIÊNCIA NO NOVO MUNDO DO TRABALHO
Em organizações modernas, a eficiência dos funcionários é tão importante quanto a sua produtividade
Embora esses termos sejam frequentemente vistos como sinônimos, eles capturam fenômenos diferentes. Por definição, a produtividade mede quanto trabalho um colaborador realiza, enquanto a eficiência refere-se à capacidade deste fazer mais em menos tempo e com menos recursos.
Portanto, executivos que se concentram em apenas um aspecto podem estar perdendo uma parte crucial da experiência do colaborador e dificultando sua capacidade de inovar. Cerca de metade dos funcionários relatam gastar duas horas ou mais em tarefas repetitivas, de acordo com o relatório Formstack 2022 State of Digital Maturity.
Outra pesquisa, encomendada pela ServiceNow, indica que 66% dos brasileiros gostariam que seu trabalho fosse mais significativo – sendo que 95% dos respondentes disseram esperar que a tecnologia ajude a reduzir este trabalho operacional no futuro. Ou seja, quando um trabalhador passa horas participando de reuniões e respondendo e-mails, ele pode sentir que nada está sendo feito.
Assim, ainda que seja produtivo, ele não é necessariamente eficiente, já que a conclusão de tarefas às vezes exige etapas desnecessárias: como representar obstáculos evitáveis ou forçar os trabalhadores a procurar ajuda ou aprovação de equipes externas, como engenharia ou recursos humanos (RH). Por outro lado, a maioria dos executivos (80%) está aberta a mudar os principais processos do local de trabalho, como estrutura e cadência de reuniões, para evitar perder tempo com atividades inúteis, descobriu a McKinsey. O problema, dizem os executivos, é que seus processos atuais muitas vezes criam silos e promovem uma comunicação deficiente.
Tal ineficiência tem consequências além dos prazos perdidos e do atraso no lançamento de produtos como o desgaste e a redução do ânimo dos funcionários. Um exemplo é o da empresa sueca aeroespacial e de defesa Saab, que usou o ServiceNow Enterprise Onboarding and Transitions para digitalizar seu processo de integração antes baseado em papel, economizando 12.000 horas por ano e aumentando a satisfação dos funcionários em 25%.
Os fluxos de trabalho automatizados conectaram os departamentos e funções envolvidos na integração, para que os novos contratados pudessem utilizar todas as ferramentas, serviços e informações de que precisam para se manterem engajados desde seu primeiro dia. Além disso, a eficiência pode impulsionar o engajamento por meio da tecnologia com a criação de landing pages pelos times de marketing.
Tradicionalmente, as equipes de marketing necessitam da ajuda das equipes de desenvolvimento para garantir o funcionamento no back-end. Agora, com o uso de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML), esse processo se transforma em um fluxo de trabalho rápido e repetível, capaz de ser automatizado. Aumentar a eficiência dos funcionários, nesse contexto, é benéfico tanto para as empresas quanto para os funcionários. Ao permitir um trabalho mais eficiente, as organizações podem promover a inovação e, ao mesmo tempo, ajudar as pessoas a fazer o trabalho de que gostam.
Não é possível existir sem ser incomodado e sem incomodar os outros. Da mesma forma, trilha um caminho tenso quem decide manifestar tudo o que altera sua paz e agride seus valores.
Ao meu lado, no avião, alguém tosse, sem máscara e sem qualquer proteção. Mundo pós-pandêmico… Será? Posso calar-me, como fiz, em mais de três horas, de São Paulo a Belém, vendo a expectoração úmida e forte da pessoa ao meu lado, ou posso pedir que coloque uma máscara, adquira um lenço e evite voar quando estiver encarnando a Dama das Camélias tísica? Devemos aguentar o incômodo calados ou devemos arriscar uma discussão?
As pessoas falam (muito) no cinema e parecem estar assistindo a um filme na sala das suas casas. Os que possuem mochilas às costas movem-se no transporte público sem considerarem a situação de “dromedários temporários” com corcova beligerante. Há quem escute música, ou veja vídeos no celular, indiferentemente à maravilha do fone de ouvido, descoberta extraordinária, que tem até opções muito econômicas para fácil aquisição. Um mundo de gente isolada nas suas telas. Sumiu a distinção do público e do privado, e todos deslizam pela cidade como se fossem uma espécie de Robinson Crusoé em ilha deserta.
Quem notou a escolha entre o incômodo e o outro incômodo, entre suportar em silêncio ou tentar advertir, foi o próprio Hamlet, no seu monólogo mais famoso. Ele perguntou (ato 3, cena 1): “Pode ser mais nobre suportar as flechadas da fortuna ou enfrentar tudo?”. Se ele, príncipe bem-nascido, estava atormentado com a dúvida entre tolerar calado ou agir, imaginemos nós, mortais sem segurança e diluídos no mar de gente?
Posso estar errado, generalizando, porém vejo que há sociedades em que a reclamação é mais fácil. Exemplo? Espanhóis e alemães, habitualmente, são diretos em dizer o que os incomoda. Sou brasileiro e sei que nossa estrutura de linguagem é cheia de sinuosidades, para evitar atrito direto. Falar “brasileiro”, sem sotaque, é aprender a matizar o não com mil voltas. A negativa, em Madri ou Berlim, é o caminho mais curto entre dois pontos. No Brasil, a estrada vicinal é a preferida.
Seria melhor ser mais direto, expressando com clareza que alguém está ultrapassando um limite civilizacional? Nunca descobri a resposta adequada.
Meu vizinho acometido de tosse forte continua manifestando ao mundo a força dos seus brônquios obstruídos. A arte da vida é tentar focar no que vale a pena. O espaço privado? Faleceu há alguns anos e repousa no campo santo da modernidade líquida. Esperança de ressurreição?
LEANDRO KARNAL – É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras, autor de ‘A Coragem da Esperança’, entre outros
Recurso do corpo para regular a temperatura, ele ainda evita complicações no metabolismo; em excesso, pode ser necessário tratamento
É comum que o corpo comece a transpirar em dias muito quentes, durante a prática esportiva ou mesmo em momentos de nervosismo. Pode ser na palma das mãos, na sola dos pés, nas axilas ou na testa, junto ao couro cabeludo. O suor, que pode ser considerado um problema para algumas pessoas – seja por deixar manchas na roupa ou pelo cheiro desagradável –, na realidade é uma espécie de “superpoder do corpo humano”.
É graças ao suor eliminado pelas glândulas sudoríparas que a temperatura do corpo é regulada. Isso evita, por exemplo, complicações no funcionamento do metabolismo humano, conforme explica, a seguir, Everardo Carneiro, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
POR QUE TRANSPIRAMOS?
Segundo o especialista, há uma tendência ao aumento da temperatura corporal interna durante as atividades metabólicas, que pode representar um problema quando essa temperatura ultrapassa 36 graus Celsius. Com a transpiração, porém, o corpo sofre um processo de resfriamento natural, que põe o calor para fora, reduz a temperatura corporal e permite que as atividades metabólicas ocorram sem maiores complicações.
“Esse processo é chamado de sudorese”, explica Carneiro, que ressalta outras formas de perda de calor: a convecção e a respiração. No primeiro caso, ao entrar em contato com a superfície da pele, as correntes de ar retiram calor do corpo – que costuma estar mais quente do que a temperatura externa. Com a respiração o processo é parecido. “É um mecanismo de troca do ar mais quente que está no pulmão pelo ar mais frio, que está no ambiente externo”, explica. Isso ocorre durante as atividades físicas quando a frequência respiratória é mais intensa no processo de aumentar as trocas de ar e resfriar o corpo.
Porém, alguns pontos colocam a sudorese como o mecanismo mais importante, em especial em países tropicais como o Brasil. Quando a temperatura do ambiente é maior que a temperatura interna do corpo (acima de 36 graus) a convecção e a respiração não são suficientes para o corpo perder calor. “Assim, a única forma é por meio da transpiração”, diz.
DE ONDE VEM O MAU ODOR?
O suor é formado, quase em sua totalidade, por água. “Além disso, estão presentes sais, como sódio e potássio, e pequenas substâncias que por ventura estão no sangue e que a glândula sudorípara consegue mandar para fora do organismo”, descreve Carneiro.
Por isso, o cheiro desagradável não vem do suor. Na verdade, é resultado da interação do suor com bactérias e fungos que vivem na pele.
Quando o suor é eliminado, ele se mistura ao resíduo de células mortas da pele, na qual vivem microrganismos que delas se alimentam – e da umidade do suor. A pele, então, se torna um ambiente perfeito para que fungos e bactérias se desenvolvam. “E isso produz algum odor, que pode incomodar as pessoas.”
QUANDO O SUOR SE TORNA UM PROBLEMA?
Suar é um processo natural e fundamental para o organismo. Mas, quando em excesso e sem estar associado ao aumento da temperatura corporal, pode ocasionar situações desconfortáveis. “É o que chamamos de hiperidrose”, explica Marcelo Arnone, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Isso faz com que a pessoa fique constrangida ou porque fica com a mão molhada ou porque precisa enxugar com frequência o suor da testa”, explica.
Nesses casos, o que acontece é que as glândulas sudoríparas recebem mensagem do sistema nervoso autônomo simpático para liberar o suor mesmo quando não há aumento da temperatura do corpo. Arnone diz que não é possível saber ao certo as causas dessa desregulação. Por isso, os tratamentos contra hiperidrose apostam no controle do suor em excesso e não em fatores que os causam.
COMO CONTROLAR O SUOR EM EXCESSO?
Uma das opções é o uso de antitranspirantes, que agem sob as glândulas sudoríparas bloqueando o suor. “O estímulo do sistema nervoso continua existindo, mas a glândula não libera suor em excesso porque está sob ação de um produto”, explica. Esses produtos podem ser utilizados tanto nas axilas como na palma das mãos ou nas solas dos pés. Em geral, aplicados à noite, antes de dormir.
Outro tratamento é a aplicação de toxina botulínica – a mesma utilizada no tratamento de rugas de expressão –, que tem uma ação local na região das glândulas sudoríparas. “O efeito da toxina é temporário, dura entre seis e dez meses. Por isso, é necessária a reaplicação.”
Estudo mapeia mudanças no cérebro de adolescentes e se junta a pesquisas crescentes sobre o assunto
O efeito do uso das redes sociais nas crianças é uma área de pesquisa repleta de desafios, pois pais, mães e legisladores vêm tentando observar os resultados de um vasto experimento já em pleno andamento. Estudos sucessivos acrescentam peças ao quebra-cabeça, detalhando as implicações de um fluxo quase constante de interações virtuais que começam na infância.
Um novo estudo realizado por neurocientistas da Universidade da Carolina do Norte tenta algo novo, realizando sucessivas varreduras cerebrais em adolescentes do ensino médio entre 12 e 15 anos, um período de desenvolvimento cerebral especialmente rápido.
Os pesquisadores descobriram que as adolescentes que, por volta dos 12 anos de idade, já verificavam habitualmente seus feeds de redes sociais apresentaram uma trajetória particular, com sua sensibilidade às recompensas sociais dos colegas aumentando com o tempo. Os adolescentes com menos engajamento nas redes sociais, por sua vez, seguiram o caminho oposto, com uma queda no interesse por recompensas sociais.
O estudo, publicado neste mês na revista científica JAMA Pediatrics, está entre as primeiras tentativas de capturar mudanças na função cerebral correlacionadas ao uso das redes sociais ao longo de anos.
O estudo tem limitações importantes, reconhecem os autores. Como a adolescência é um período de expansão das relações sociais, as diferenças cerebrais podem refletir uma mudança natural em relação aos colegas, o que pode levar ao uso mais frequente das redes sociais.
“Não podemos fazer alegações causais de que as redes sociais estão mudando o cérebro”, disse Eva H. Telzer, professora associada de psicologia e neurociência da Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, e uma das autoras do estudo.
Mas, acrescentou ela, “os adolescentes que verificam habitualmente suas redes sociais estão mostrando essas mudanças bastante dramáticas na maneira como seus cérebros reagem, o que pode ter consequências de longo prazo na idade adulta, preparando o terreno para o desenvolvimento do cérebro ao longo do tempo”.
PADRÕES
Uma equipe de pesquisadores estudou um grupo etnicamente diverso de 169 alunos da sexta e sétima séries de uma escola no interior da Carolina do Norte, dividindo- os em grupos de acordo com a frequência com que relataram checar os feeds de Facebook, Instagram e Snapchat.
Por volta dos 12 anos, os alunos já apresentavam padrões distintos de comportamento. Usuários habituais relataram verificar seus feeds 15 ou mais vezes por dia; usuários moderados verificavam entre uma e 14 vezes; usuários não habituais checavam menos de uma vez por dia.
Os sujeitos receberam varreduras cerebrais completas três vezes, em intervalos de aproximadamente um ano, enquanto jogavam um jogo de computador que oferecia recompensas e punições na forma de colegas sorridentes ou de cara fechada.
Ao realizar a tarefa, os usuários frequentes mostraram ativação crescente de três áreas do cérebro: circuitos de processamento de recompensas, que também respondem a experiências como ganhar dinheiro ou comportamentos de risco; regiões cerebrais que determinam a saliência, captando o que se destaca no ambiente; e o córtex pré-frontal, que ajuda na regulação e controle. Os resultados mostraram que “os adolescentes que crescem verificando as redes sociais com mais frequência es- tão se tornando hipersensíveis ao feedback de seus colegas”, disse Telzer.
As descobertas não capturam a magnitude das mudanças cerebrais, apenas sua trajetória. E não está claro, disseram os autores, se as mudanças são benéficas ou prejudiciais. A sensibilidade social pode ser adaptativa, mostrando que os adolescentes estão aprendendo a se conectar com os outros, ou pode levar à ansiedade social e à depressão se as necessidades sociais não forem atendidas.
Pesquisadores no campo das redes sociais alertaram contra tirar conclusões radicais com base nas descobertas. “Os estudos estão mostrando que a maneira como você usa as redes em determinado momento da vida influencia o modo como seu cérebro se desenvolve, mas não sabemos quanto, nem se é bom ou ruim”, disse Jeff Hancock, diretor fundador do Stanford Social Media Lab, que não esteve envolvido no estudo. Ele disse que muitas outras variáveis podem ter contribuído para essas mudanças.
“E se essas pessoas entrassem em um time – um time de hóquei ou de vôlei, por exemplo – e começassem a ter muito mais interação social?”, disse ele. Pode ser, acrescentou, que os pesquisadores estejam “identificando o desenvolvimento da extroversão, e os extrovertidos são mais propensos a verificar suas redes sociais”.
Ele descreveu o artigo como “um trabalho muito sofisticado”, que contribui para pesquisas recentes que mostram que a sensibilidade às redes sociais varia de pessoa para pessoa.
“Algumas pessoas têm um estado neurológico que significa que são mais propensas a serem atraídas para entrar nas redes com frequência”, disse ele. “Não somos todos iguais e precisamos parar de pensar que as redes sociais são iguais para todos”.
COMUNICAÇÃO
Na última década, as redes sociais transformaram as experiências centrais da adolescência, um período de rápido desenvolvimento do cérebro.
Quase todos os adolescentes americanos se comunicam por meio das redes sociais, com 97% acessando a internet todos os dias e 46% relatando que estão online “quase constantemente”, de acordo com o Pew Research Center. Adolescentes negros e latinos passam mais horas nas redes sociais do que os brancos, mostraram pesquisas.
Os pesquisadores documentaram uma série de efeitos na saúde mental das crianças. Alguns estudos relacionaram o uso de redes sociais com depressão e ansiedade, enquanto outros encontraram pouca conexão.
Um estudo de 2018 com adolescentes lésbicas, gays e bissexuais descobriu que as redes sociais forneciam validação e apoio, mas também os expunham ao discurso de ódio.
Especialistas que analisaram o estudo disseram que, como os pesquisadores mediram o uso de rede social dos alunos apenas uma vez, por volta dos 12 anos, era impossível saber como isso mudou ao longo do tempo ou descartar outros fatores que também podem afetar o desenvolvimento do cérebro.
DESAFIO
Sem mais informações sobre outros aspectos da vida dos alunos, “é um desafio discernir como as diferenças específicas no desenvolvimento do cérebro se relacionam com o uso das redes sociais”, disse Adriana Galvan, especialista em desenvolvimento do cérebro adolescente na Universidade da Califórnia em Los Angeles, que não esteve envolvida no estudo.
Jennifer Pfeifer, professora de Psicologia na Universidade de Oregon e codiretora do Conselho Científico Nacional de Adolescência, disse: “Toda experiência se acumula e se reflete no cérebro”. “Acho que nós temos de colocar as coisas nesse contexto”, disse ela. “Muitas outras experiências que os adolescentes têm também vão mudar os seus cérebros. Portanto, não vamos entrar em pânico moral com a ideia de que o uso das redes sociais está mudando o cérebro dos adolescentes”, acrescentou.
Telzer, uma das autoras do estudo, descreveu a crescente sensibilidade ao feedback social como um elemento que pode ser considerado “nem bom nem ruim”. “As redes estão ajudando os adolescentes a se conectar com outras pessoas e obter recompensas das coisas que são comuns em seu mundo social, que é se envolver em interações sociais online”, afirmou a especialista.
“Este é o novo normal”, acrescentou ela. “Entender como esse novo mundo digital está influenciando os adolescentes é importante. Pode ter a ver com alterações no cérebro, para o bem ou para o mal. Ainda não sabemos necessariamente as implicações a longo prazo”.
JOVENS FORAM SUBMETIDOS A VARREDURAS CEREBRAIS
MÉTODO
Cerca de 170 alunos da sexta e sétima séries tiveram sua frequência de checagem de feeds em sites e apps como Facebook, Instagram e Snapchat submetidas a análise. Eles receberam varreduras cerebrais completas três vezes, em intervalos de aproximadamente um ano.
RESULTADOS
Os resultados mostraram que os adolescentes que crescem verificando as redes sociais com mais frequência, apontam os pesquisadores, estão se tornando hipersensíveis ao feedback de seus colegas.
PONDERAÇÕES
As descobertas não capturam a magnitude das mudanças cerebrais, apenas sua trajetória. Não está claro, disseram os especialistas, se as mudanças são benéficas ou prejudiciais. A sensibilidade social, pontuam, pode ser adaptativa, mostrando que os adolescentes estão aprendendo a se conectar com os outros ou pode levar à ansiedade social e à depressão se as necessidades sociais não forem atendidas.
Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
Você precisa fazer login para comentar.