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FECHAR A BOCA COM FITA ADESIVA AO DORMIR VIRA MODA NAS REDES SOCIAIS

Nova tendência no TikTok, o chamado ‘taping bucal’ pode melhorar a respiração, mas não há estudos extensos sobre o tema

Num vídeo no TikTok, uma pessoa alega que o ‘taping bucal’ lhe dá ,mais energia. Outras dizem que que a prática dá mais definição ao maxilar, que melhora a pele, o estado de ânimo, a digestão, que reduz a letargia mental, as cáries, a periodontite e o mau hálito, e, finalmente, que fortalece o sistema imunológico.

Os supostos benefícios do ‘taping bucal’, um truque simples que consiste em cobrir os lábios com fita micropore para conservá-los fechados enquanto você dorme, com a finalidade de incentivar a respiração nasal, vêm repercutindo nas redes sociais.

Mas será que a ciência realmente confirma esses benefícios? E será que é seguro manter a boro fechada com fita adesiva quando estamos dormindo? Consultamos alguns especialistas para saber a opinião deles.

Ann Kearney é fonoaudióloga na Universidade Stanford e estuda como o ‘taping bucal’ pode ajudar pessoas que roncam. Segundo ela, respirar pelo nariz à noite ou durante o dia, encerra benefícios importantes.

A respiração nasal “é uma forma mais eficiente e efetiva de respirar” do que inspirar e expirar pela boca, ela disse, porque umidifica e filtra o ar, além de ativar a parte inferior dos pulmões, possibilitando a respiração mais profunda e completa. Também pode ajudar o corpo a relaxar, ajudando a pessoa a pegar no sono.

A respiração nasal ajuda a filtrar alérgenos, patógenos e poeira, potencialmente ajudando a defender o organismo contra infecções e alergias, disse Marri Horvat, especialista em sono da Clínica Cleveland.

Quando você respira pelo nariz, os seios paranasais naturalmente produzem um gás chamado óxido nítrico. Quando o óxido nítrico passa dos seios paranasais para os pulmões e para o sangue, pode ajudar a baixar a pressão sanguínea, disse o pulmonologista e especialista em medicina do sono, Raj Dasgupta, da Keek School of Medicine da University of Southern Califórnia. O gás pode dilatar os vasos sanguíneos, potencialmente também melhorando o fluxo sanguíneo.

Dormir de boca aberta pode levar uma pessoa a acordar com a boca seca, disse Kearney. Isso contribui para a formação de cáries, mau hálito, voz rouca e ainda com lábios secos e rachados.

Apesar de sua popularidade recente, o ‘taping bucal’ ainda não foi estudado extensamente. Alguns pequenos ensaios examinaram se a prática pode aliviar o ronco em pessoas que já têm, problemas de sono preexistentes, como apneia obstrutiva do sono -que ocorre quando parte ou toda a via aérea superior fica bloqueada quando uma pessoa dorme, levando a respiração a parar brevemente e recomeçar repetidas vezes.

Em um estudo pequeno feito com pessoas com apneia obstrutiva do sono leve, pesquisadores descobriram que, entre 20 pacientes que dormiram com a boca fechada com fita adesiva, 13 roncaram menos com a fita do que sem ela.

Em outro estudo, este envolvendo 30 pacientes com apneia obstrutiva do sono leve que tendiam a respirar pela boca quando dormiam, os pesquisadores descobriram que as pessoas roncavam menos forte, em média, quando dormiam com uma fita sobre a boca.

Mas os estudos existentes sobre o “taping bucal’ são limitados, disse Kearney, e sabemos pouco sobre a como a prática poderia beneficiar a maioria das pessoas.

Andrew Wellman, especialista em medicina do sono no Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que já estudou o ‘taping bucal’, disse que a prática não cura condições como a apneia do sono, mas pode ajudar a melhorar o fluxo aéreo das pessoas e reduzir seu ronco, potencialmente ajudando quem dorme com elas a ter um sono mais profundo e restaurador.

Mas alguns dos outros benefícios aventados do ‘taping bucal’ não são tão inequívocos . “Há zero evidências de que  você ficará mais bonita ou que sua pele vai melhorar se você fizer ‘taping bucal’”, disse o jornalista James Nestor, autor de “Breath: The New Science of a Lost Art”.

GESTÃO E CARREIRA

EMPRESAS BRASILEIRAS COMEÇAM A OFERECER VAGAS PARA PROFISSIONAIS NO METAVERSO

Companhias buscam, além de especialistas em tecnologia, gente de outras áreas para desenvolver produtos para nova plataforma

Muito se fala em metaverso, que ao que tudo indica é para onde deve migrar, mesmo que parcialmente, boa parte das atividades humanas em um futuro não tão distante. Aulas, trabalho, entretenimento, consumo: tudo deve acontecer nesse novo ambiente digital, que mescla realidade virtual e realidade aumentada.

Segundo a consultoria em tecnologia Gartner, a previsão é que, daqui a quatro anos, 25% das pessoas passem ao menos uma hora por dia no metaverso. E as empresas já enxergam essa tendência de forma prática: 30% delas devem criar serviços e produtos digitais nesse ambiente e em espaços virtuais até 2026.

Se o mercado em geral ainda está entendendo quais serão as oportunidades de trabalho e negócios no universo virtual, algumas companhias já lidam com ele e estão em busca de profissionais especializados no assunto. E não apenas pessoas de tecnologia.

Levantamento realizado pela Cortex, empresa de inteligência em vendas B2B, mapeou 1 milhão de vagas abertas entre outubro e novembro de 2022 e encontrou 14 oportunidades em empresas como Accenture, IM Design e Gutenberg Ventures que citavam metaverso na descrição.

Além de programador, designer 3D e software tester, há procura por profissionais de áreas de marketing, comunicação, RH, comercial, inovação, treinamento e desenvolvimento, que estejam familiarizados com a linguagem.

ADAPTABILIDADE

Segundo Cássia Ban, CEO da escola de programação e robótica SuperGeeks, a primeira necessidade é por mão de obra qualificada para encabeçar a revolução que deve ocorrer, cedo ou tarde. Serão necessários desenvolvedores de games, pessoas com conhecimentos em tecnologias de blockchain e web 3.0, criadores de hardware para realidade aumentada, hardwares para hologramas e, no futuro, lentes de contato com tecnologia de realidade aumentada, entre outros.

Além disso, ela fala que o mercado buscará profissionais que também compreendam a área em que se pretende atuar. “Por exemplo, se o desenvolvedor criar uma aplicação que será utilizada para analisar a pele do corpo humano em busca de câncer de pele, é importante que esse profissional tenha conhecimento nessa área”, exemplifica.

Para quem pretende agarrar uma oportunidade no metaverso, a executiva ressalta a importância de aprender a programar e a lidar com tecnologia o quanto antes: “Não importa qual área a pessoa irá escolher, seja engenharia, medicina, direito, todas precisarão de pessoas com conhecimentos em programação e tecnologia.”

Cássia lembra que se trata de um setor em constante transformação e evolução, em que o profissional está sempre aprendendo e desbravando novas tecnologias. “São pessoas que precisam aprender a desaprender e reaprender de forma rápida. A adaptabilidade é um diferencial para prosseguir.”

INTERDISCIPLINARIDADE

Na startup MedRoom, que desenvolve soluções virtuais para a educação em saúde como o laboratório de anatomia em VR para alunos de medicina, as duas grandes tarefas do time envolvem modelagem e programação, mas há muitas outras coisas que entram na periferia disso, segundo o CEO e cofundador Vinícius Gusmão. “Além de game devs e designers 3D, tem (quem faz) a pesquisa com o usuário para conhecer a jornada dele; o designer de espaço, que mescla arquitetura com design de experiência e interface; alguém que tenha preocupação sonora também, para a experiência ter sons tridimensionais, porque aluno não pode ouvir do mesmo jeito se o paciente virtual estiver atrás dele, por exemplo”, enumera.

“Não tem nada de trivial nessa discussão, principalmente envolvendo tecnologia e medicina. Nossos designers, por exemplo, têm de conseguir se comunicar com os médicos porque eles literalmente desenham o que querem e falam o que seria legal, sem se preocupar com nada técnico. Aí, nosso time adapta isso para o conteúdo tecnológico”, Gusmão exemplifica.

Segundo ele, esse é inclusive um dos motivos para a equipe da MedRoom contar com profissionais que vieram de outras áreas que não a tecnologia, como um cientista social e uma doutora em fisiologia.

Com cursos como modelagem em 3D na bagagem, Luiz Felipe Aroca, de 35 anos, hoje na MedRoom, conta que a transição para trabalhar com o metaverso foi progressiva. Durante a graduação em ciências sociais, começou a se aproximar da produção artística, principalmente na área de ilustração e artes plásticas.

EU ACHO …

COMO BOMBAR A SUA AUTOESTIMA

Essa bomba foi colocada dentro dela e precisa ser desarmada, com delicadeza

Se ame como você é. Uma resposta simples para uma questão complexa: a baixa autoestima feminina.

Vamos aos ingredientes dessa combinação explosiva. A mulher é cuspida do ventre da mãe em uma sociedade que a inferioriza, a objetifica e a julga, sobretudo, por sua aparência. E ela quer conquistar tudo aquilo que suas ancestrais nem sequer sonharam que poderiam ter. Os tempos estão mudando, a hora é agora, mas daí ela acorda, se olha no espelho e se acha feia para um cacete. Então ela decide postar uma foto sem se submeter a esses filtros que deixam o rosto borrado como aquela restauração do afresco de Jesus que virou meme. E, na legenda, denunciar como essa cultura da imagem transformou sua autoestima em um pombo atropelado. No entanto, se essa mulher estiver minimamente inserida no raio do que é considerado o padrão de beleza vigente, ela acabará se questionando se sacudir a bandeira do padrãozinho que também sofre não seria injusto com mulheres que sentem pressões maiores.

É quando essa mulher decide ser a mudança que quer ver no mundo. Um mundo onde as mulheres se amam como elas são e têm plena consciência de que o culto à beleza feminina é um mecanismo de controle social articulado pelo patriarcado.

E ela faz isso vomitando todos os clichês de amor próprio na legenda da sua foto, o que não deixa de ser também um filtro para mascarar o quanto ela se odeia. Porque se antes ela se sentia feia, agora ela se sente feia e culpada. Por ser desonesta, por ser uma empoderada de Taubaté, por depender de migalhas em forma de emojis e por achar que os outros vão julgá-la, já que, para quem não é considerada fora do padrão, se aceitar é moleza, né, gata? Ela desiste de postar seu selfie no espelho, seu arqui-inimigo. Já perdeu muito tempo se preocupando com sua imagem e brigando consigo mesma. Nem toxina botulínica, nem positividade tóxica. Finalmente essa mulher entende porque não precisa mudar nada por fora. Porque não existe uma sede do patriarcado onde ela pode explodir uma bomba, libertando a si mesma e a outras mulheres desses padrões. Essa bomba foi colocada dentro dela. E ela precisa desarmá-la, com paciência e delicadeza, porque se essa bomba explodir, ela vai junto. E esse é o maior ato de autocuidado que ela pode fazer por si mesma.

MANUELA CANTUÁRIA – É roteirista e escritora

ESTAR BEM

JANEIRO SECO

Especialistas veem benefícios no movimento que prega privação de álcool no início do ano

Início do ano é um período de recomeço, e muitas pessoas aproveitam esse momento para traçar novos objetivos e metas em prol de um estilo de vida mais saudável. Reduzir ou suspender a ingestão de álcool, mesmo que de forma temporária, costuma estar entre as metas estabelecidas para o período, seja para compensar os exageros cometidos no fim do ano ou simplesmente para cortar calorias da dieta. Tanto que, nos últimos anos, o movimento Dry January (ou Janeiro Seco, em tradução livre), que começou no Reino Unido, tem ultrapassado as fronteiras e alcançado novos adeptos em outros países, incluindo o Brasil.

Criado em 2012 pela ONG Alcohol Change UK, o movimento incentiva as pessoas a começarem o ano sem ingerir bebidas alcoólicas por um mês inteiro. Pode parecer uma atitude inócua, por ser pontual, mas a verdade é que mesmo um breve período sem álcool é suficiente para trazer benefícios para a saúde.

De acordo com o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, muitas vantagens são observadas a curto prazo após a interrupção do consumo frequente de álcool.

“De maneira geral, a qualidade do sono costuma melhorar bastante, o que reflete nas outras atividades do cotidiano, trazendo mais disposição. As relações sociais também tendem a melhorar, principalmente com as pessoas com quem você se relaciona frequentemente”, afirma Guerra.

Há ainda melhora no desempenho em exercícios físicos, no bem-estar geral e nos sintomas de depressão e ansiedade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe uma ingestão “segura” de álcool. Mas, o consumo moderado – definido como até duas doses para homens e uma para mulheres em uma única ocasião – está associado a menores riscos para a saúde. Cada dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou um shot de destilado. O consumo de qualquer quantidade acima disso já é considerado nocivo por especialistas. Mas é claro que quanto mais se bebe maior é o risco de problemas físicos e mentais, incluindo danos no coração e no fígado, maior risco de câncer, sistema imunológico enfraquecido, problemas de memória e transtornos de humor.

O consumo abusivo, aquele associado ao maior risco, é definido como a ingestão de 60 gramas ou mais de álcool, o equivalente a pelo menos quatro doses, em uma única ocasião, ao menos uma vez por mês.

No entanto, segundo Guerra, existem alguns sinais e sintomas que podem indicar a necessidade de repensar o padrão de consumo de álcool. São eles: sentir forte desejo de beber; ter dificuldade de interromper a ingestão; priorizar a bebida alcoólica, relegando as outras obrigações e atividades; continuar com o hábito a despeito das consequências negativas; e sentir abstinência física, ou seja, ter sintomas como sudorese, tremores e ansiedade quando não se está sob o efeito da substância.

Para quem se identificou com esses sinais ou simplesmente quer testar o autocontrole, desafios como o Janeiro Seco podem ser um bom incentivo para criar novos hábitos. Isso porque um mês de sobriedade não é tão longo a ponto de ser impossível de cumprir. Mas dura o suficiente para desencadear benefícios imediatos e perceptíveis à saúde física e mental.

LONGO PRAZO

Além disso, de acordo com pesquisas, as pessoas que completam o desafio de ficar um mês inteiro sem beber raramente retomam os velhos hábitos de consumo. Em geral, esses indivíduos bebem menos a longo prazo e fazem outras mudanças que levam a melhorias notáveis na saúde e bem-estar.

Estudo publicado em 2018, na revista científica BMJ Open, mostrou que pessoas que abandonaram o álcool por um mês dormiram melhor, tiveram mais disposição e perderam peso, apesar de poucas ou nenhuma mudança em suas dietas, tabagismo ou níveis de atividade física. Eles também apresentaram redução na pressão arterial, nos níveis de colesterol, de resistência à insulina – um marcador de risco de diabetes tipo 2 – e de proteínas relacionadas ao câncer.

Elas também mantiveram uma redução significativa no consumo de álcool no longo prazo, saindo de um padrão classificado como “perigoso”, no início do estudo, para de “baixo risco”, oito meses depois. Outro trabalho, publicado em 2021 na revista Health Psychology, descobriu que a maioria das pessoas que aderem ao Janeiro Seco relatam, além dessas alterações, terem economizado dinheiro e melhorado a capacidade de concentração.

Benefícios adicionais incluem ganhos no aspecto da pele e do cabelo. Para os fios, a principal consequência da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas é o ressecamento e a quebra.

“O álcool é um diurético e a perda de água cutânea causa ressecamento e descamação da pele. A pele também tende a ficar avermelhada, pois a bebida dilata os vasos. Além disso, as rugas ficam mais visíveis, a pele fica mais oleosa e a rosácea piora. A produção de radicais livres também aumenta após a ingestão do álcool, o que favorece o envelhecimento precoce e a flacidez”, explica a médica dermatologista Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

MUDANÇA ÁRDUA

Independentemente da motivação e do curto período, a mudança de hábitos não é uma tarefa fácil. O grau de dificuldade para reduzir o consumo ou parar de beber dependerá do perfil do indivíduo, da quantidade de bebida que costuma ingerir e da presença de algum nível de dependência. No entanto, existem algumas orientações que podem ajudar nesse processo (confira no quadro abaixo).

É importante alertar que pessoas que apresentam algum sintoma negativo por reduzir ou eliminar a substância podem precisar de ajuda profissional. Alguém com transtorno de uso de álcool pode entrar em abstinência e apresentar sintomas físicos graves, como tremores, sudorese, batimentos cardíacos acelerados e até mesmo convulsões.

Para manter o consumo de álcool moderado após esse período, Guerra recomenda observar e praticar o aprendizado obtido durante a interrupção. Muitas pessoas, por exemplo, podem sentir que é possível se divertir do mesmo modo com pouco álcool.

Além de apostar na moderação e não voltar a beber com frequência, optar por bebidas que têm outras propriedades, como o vinho tinto seco, que conta com o antioxidante resveratrol, pode ser um bom caminho.

“Bebidas como cachaça, vodca, uísque e tequila tendem a ser absorvidas mais rapidamente e, no geral, são mais agressivas para o fígado. Ou seja, devem ser evitadas ou limitadas a quantidades menores que uma dose diária”, avalia a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

7 DICAS PARA MANTER A ABSTINÊNCIA

1 – Tenha metas claras, realistas e objetivas, com períodos de início e fim bem definidos;

2 – Compartilhe essas metas com outras pessoas, tanto para obter apoio quanto para inspirar os outros a eventualmente participarem do desafio;

3 – Afaste-se de pessoas que pressionem ou incentivem a beber;

4 – Evite ocasiões em que o consumo de álcool é muito tentador;

5 – Não tenha bebida alcoólica em casa;

6 – Preencha seu tempo livre com atividades que sejam antagônicas ao consumo de álcool, como caminhar e fazer outros exercícios físicos;

7 – Aproveite para adotar outros hábitos saudáveis, como ter uma alimentação equilibrada, dormir bem, praticar atividade física e beber água.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

AS LIÇÕES DO BULLYING

Violência em salas de aula cresce e, sem ações pedagógicas, pais optam por tirar filhos de escolas

Zoé, de 14 anos, não conseguiu se enturmar no seu primeiro ano escolar em São Paulo, em um colégio privado na Lapa. No dia da apuração das últimas eleições, o isolamento na escola se transformou em bullying, que escalou para agressões verbais e até ameaças de estupro.

Para especialistas, a gravidade de atos de violência física ou psicológica entre colegas dentro ou fora do ambiente escolar e a resposta da instituição para o problema vão determinar o momento em que a retirada da criança do colégio é a melhor alternativa.

“Eram agressões horrorosas que eles publicaram repetidas vezes contra a minha filha e que a marcaram muito”, conta Karla Pessoa, mãe de Zoé. “Uma coisa desse tipo, infelizmente, pode acontecer em qualquer lugar. Mas a passividade da escola me fez decidir por tirá-la de lá. Chegaram a dizer que iriam estuprar a minha filha na escola, e a direção nada fez.”

Os dois anos de alunos confinados na pandemia, o que prejudicou muito a saúde mental dos adolescentes, e a polarização política vivida no país aumentaram os incidentes entre jovens, que chegaram ao ápice na reta final da gestão Bolsonaro. Foi assim para a própria filha do presidente, Laura, de 11 anos, que terminou este ano letivo deixando o Colégio Militar, em Brasília, após ter sido ofendida por um colega.

“Se a vítima estiver sofrendo muito e a escola não tomar uma atitude, é hora de sair”, defende  Marilu Carvalho Dantas, pesquisadora do Núcleo de Cultura, Gênero e Sexualidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Desde o dia dos ataques, Zoé não pisou mais na escola, e o ano letivo foi concluído remotamente. A antiga escola ainda insistiu na volta da estudante, mas a mãe afirma que não confia mais na capacidade de a instituição garantir a segurança da menina.

“A escola só foi conversar com a gente, depois de uma semana, porque pedimos. Se não fosse isso, teria passado despercebido. Ainda trataram a questão como “coisa de adolescentes”, diz o pai de Zoé, Paulo Almeida, de 50 anos.

Procurada, a escola – que até o momento não foi acionada judicialmente – argumenta que o caso não aconteceu dentro da instituição, chamou os envolvidos para um pedido de desculpas e realizou atividades pedagógicas para tratar de bullying entre jovens.

MÉTODO DESENVOLVIDO

Líder de um grupo de estudos da Unesp sobre convivência na escola e violência, Luciene Tognetta explica que o desfecho de um caso de bullying, se não é resolutivo, pode deixar marcas graves. Ela diz que a vítima, mesmo quando deixa o ambiente hostil, vai fragilizada para a nova escola, e o agressor, que não foi tratado com limites, passa a achar que pode tudo. Já a escola, diz a especialista, falha miseravelmente em sua função de formar cidadãos melhores.

Luciene explica que o método para lidar com casos graves de bullying é a preocupação compartilhada. O ponto de partida é a escola entender plenamente o que aconteceu. A partir daí, segundo a especialista, há um protocolo de ações, que vai do afastamento proposital dos indivíduos envolvidos no problema ao uso de técnicas de questionamentos que os levem a uma reflexão sobre o atrito.

“As perguntas levam o agressor a entender o problema que causou e a pensar nas formas de reparação que pode oferecer. Ao mesmo tempo, tentam provocar um empoderamento da vítima para que ela se sinta à vontade para pedir ajuda, para se indignar e entender também que não é normal aquilo ter acontecido com ela”, enumera a especialista.

“Mas quantas escolas do país dispõem disso? Não temos políticas públicas que deem conta de garantir a formação de professores e programas de convivência focados na prevenção dentro de escolas.”

O tema é uma preocupação mundial, na medida em que já há consenso entre pesquisadores de que o bullying é um importante gatilho para o suicídio juvenil. No final de dezembro, uma análise nos EUA, publicada pela National Bureau of Economic Research, mostrou que o número de suicídios entre jovens é mais alto durante os meses letivos. Segundo o estudo, essas taxas desabaram com o fechamento de escolas na pandemia e voltaram a subir quando houve a reabertura.

Por isso, muitos países têm buscado soluções. O modelo finlandês, por exemplo, faz tanto sucesso desde 2009 que já foi exportado para 20 países europeus e alguns latino-americanos, como Colômbia e Peru. Além de trabalhar com as vítimas e os autores do bullying, também atua com as testemunhas, já que o silêncio ou as risadas de quem observa potencializam os agressores.

Outro exemplo bem-sucedido é o canadense, que criou uma série de materiais para orientar escolas, professores, pais e alunos sobre como lidar com casos de bullying. Isso inclui, por exemplo, um número de telefone para pedir ajuda; sugestão de atividades para crianças e adolescentes; e vídeos de curta duração sobre o fenômeno. Eles estão disponíveis em www.prevnet.ca.

‘ENSINEM SEUS FILHOS’

Com apenas 8 anos, Paula teve que aprender sozinha como pedir ajuda. A menina contou para a mãe que, na sua escola, na cidade de Marituba, no Pará, era frequentemente alvo de racismo por parte das colegas.

“Minha filha chegava triste, chorando, porque as amiguinhas diziam que ela e o cabelo dela eram feios e que ela fedia. Isso tudo me deixou muito abatida. Fizemos o possível para que isso parasse, mas nada foi resolvido. Tento ensiná-la a se defender, mas ela ainda é uma criança”, desabafa Karla Nascimento, de 29 anos. “Isso que ela viveu é um bullying que encobre racismo. Karla conta que a escola teve conversas com os envolvidos, mas sem sucesso. Com a quebra de confiança, ela resolveu tirar a filha da escola. Num desabafo numa rede social, publicou uma foto da filha chorando e extravasou: “Como toda criança preta, minha filha, tão nova, tem que se fazer forte, crescer sabendo se defender. Isso não é justo. Que Brasil é esse onde crianças brancas se acham no direito de machucar as pretas? Ensinem seus filhos para que a minha ou as outras crianças não sofram mais”.

ESTRUTURAL

Na avaliação de Marilu Dantas, da UFBA, o estudante que pratica bullying está reproduzindo uma estrutura de poder na sociedade:

“A escola tem obrigação de tratar do bullying problematizando a estrutura. Não é só culpar o agressor e consolar o agredido.”

Para Josiane Siqueira Mendes, advogada parceira do escritório Covac, a escola é responsável pelo que acontece dentro das suas dependências e pode responder judicialmente em casos desse tipo.

“Ela precisa ser proativa, fazer uma reunião na escola ouvindo as partes envolvidas e com funcionários que devem ser preparados para tentar restabelecer as relações”, diz.

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