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OBESIDADE AUMENTOU TAXAS DE DIABETES EM JOVENS NO MUNDO

Pesquisa apontou que IMC elevado influiu mais na alta que outros fatores

As taxas de diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens aumentaram substancialmente em todo o mundo entre 1990 e 2019. A conclusão é de uma análise publicada na revista científica The BMJ, com base em dados de 200 países e regiões. O alto índice de massa corporal é apontado como o principal fator de risco para o desenvolvimento precoce da doença. O diabetes tipo 2 tradicionalmente se desenvolve em pessoas de meia-idade e idosos e acarreta riscos aumentados de complicações graves, incluindo doenças cardíacas, perda de visão e morte.

Dados sugerem que o início precoce do diabetes tipo 2, quando diagnóstico ocorre antes dos 40 anos, está se tornando cada vez mais comum. Porém, até agora, nenhum estudo descreveu especificamente a carga global do diabetes tipo2 surgido precocemente, ou as variações entre os sexos e em países com diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico.

Para preencher essas lacunas, os pesquisadores analisaram dados do Global Burden of Disease Study 2019.

Os resultados mostram que a taxa de incidência para diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens aumentou globalmente de 117 por 100 mil habitantes em 1990 para 183 em 2019.

No mesmo período, a taxa de mortes e anos de vida ajustados por incapacidade para essa faixa etária aumentou de 106 para 150 por 100 mil. A taxa de mortalidade por idade aumentou modestamente, saindo de 0,74 para 0,77 por 100 mil.

Países com índice sociodemográfico médio-baixo e médio (uma medida de desenvolvimento social e econômico) foram particularmente afetados. As mulheres com menos de 30 anos também foram mais atingidas do que os homens. Acima dessa faixa etária, as diferenças entre os sexos foram revertidas.

O principal fator de risco para o diabetes tipo 2 de início precoce foi o alto índice de massa corporal (IMC). Isso se repetiu em todas as regiões analisadas. Já a contribuição de outros fatores de risco variou entre as regiões.

Por exemplo, em países com alto índice sociodemográfico, os principais foram poluição do ar por partículas e tabagismo. Já nos países com baixo índice sociodemográfico, apareceram a poluição do ar interno pela queima de combustíveis sólidos e uma dieta pobre em frutas.

As limitações do estudo incluem diferenças na definição de diabetes tipo 2 e alta probabilidade de subdiagnóstico em muitos países.

AÇÕES GLOBAIS

“Nosso estudo mostrou uma clara tendência ascendente do ônus do diabetes tipo 2 de início precoce de 1990 a 2019. Essas descobertas fornecem uma base para entender a natureza epidêmica do diabetes tipo 2 de início precoce e exigem ações urgentes para lidar com o problema de uma perspectiva global”, escreveram os autores.

GESTÃO E CARREIRA

SAÚDE MENTAL DEIXA DE SER TABU E ENTRA NO RADAR DAS EMPRESAS

Preocupação como bem-estar dos funcionários vira fator de retenção de talentos e fomenta mercado de serviços especializados

Os problemas ligados à saúde mental aos poucos vêm deixando de ser um assunto tabu nas empresas. Antes mesmo da pandemia, as companhias passaram a se preocupar mais com o bem-estar dos funcionários, seja por meio de soluções próprias ou contratando serviços externos. Hoje, os investimentos na área são uma forma não apenas de cuidar da saúde dos empregados, mas de reter e atrair talentos. A preocupação também fomenta o mercado de empresas especializadas em saúde mental, que viram suas bases de clientes se multiplicarem. Na Mondelez Brasil, o trabalho na área vem sendo feito desde 2018. A empresa transformou o clássico ambulatório em um programa de saúde integral, que inclui médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e terapeutas.

“Implementamos assistência social e psicólogos, adicionalmente a um programa de auxílio jurídico e planejamento financeiro, porque, via de regra, uma das questões que levam a pessoa ater problemas emocionais é a saúde financeira”, conta Jorge Morato, diretor de Saúde, Segurança e Meio ambiente da Mondelez Brasil.

A empresa também promoveu flexibilizações no período de trabalho às segundas e sextas-feiras, além de realizar um evento anual para debater o tema. Outras iniciativas foram a utilização de um aplicativo que, entre outras funções, permite ao funcionário fazer terapia on-line, e a realização de uma triagem para mensurar como está a saúde mental de cada empregado.

“Durante a pandemia, percebemos que precisávamos chegar antes e não ser só reativo. Conseguimos mapear casos na fase inicial e direcionar o apoio correto. Essas pessoas, se o mercado vier e oferecer um dinheiro a mais, vão ponderar o cuidado que tiveram quando precisaram”, avalia Morato.

Desde 2019, a unidade brasileira da multinacional de tecnologia SAP também realiza atividades direcionadas à saúde mental. Entre elas, estão rodas de conversas, campanhas de conscientização e parcerias com empresas especializadas, que disponibilizam consultas com psicólogos. A SAP subsidia um percentual das sessões.

A diretora de Recursos Humanos da SAP Brasil, Fernanda Saraiva, destaca que, além dos funcionários, é importante sensibilizar os gestores, para que se crie uma cultura na qual haja liberdade para falar desses problemas:

“O RH não consegue estar em todos os lugares, então, é muito importante a conscientização dos líderes de equipes. Se você não trabalhar saúde mental, vai estar com um problema na mão para atrair e reter talentos.

MERCADO AQUECIDO

Fernanda conta que a empresa decidiu criar um feriado corporativo. A iniciativa começou em 2021 e é um convite para que os funcionários façam atividades que gerem satisfação neste dia.

“A gente sabe que é simbólico, mas foi uma forma de a organização dizer que saúde mental é muito importante.

Trabalhando em uma multinacional há 22 anos, o gerente de Merchandising José Mário Lessa lidera um time de 500 pessoas em São Paulo e vê benefícios nessas iniciativas. Nos últimos anos, tem feito uso dos serviços que a empresa oferece, como flexibilizações no horário de trabalho e um aplicativo de terapia on-line. Para ele, a preocupação da companhia é um diferencial quando pensa em seu futuro profissional:

“Vez ou outra somos assediados pelo mercado, e um dos fatores que ajudam na decisão é olhar o quanto a companhia tem de preocupação comigo.

Alexandre Benedetti, diretor da Talenses, especializada em recrutamento e seleção, ressalta que as empresas passaram a olhar a questão não apenas como um assunto dos departamentos de RH:

“Para ter retenção, primeiro você precisa ter atração. Isso tem a ver com produtividade, engajamento.”

A movimentação das empresas também estimula o crescimento de um mercado de companhias especializadas em oferecer soluções para saúde mental. É o caso da Zenklub, criada em 2016 após a mãe do CEO, Rui Brandão, sofrer um burnout no trabalho.

A empresa possui um aplicativo com conteúdos que incluem meditação interativa, videoaulas e consultas virtuais, além de capacitação e treinamento de lideranças.

“Há uma motivação de humanizar mais o lugar de trabalho e trazer um benefício que está atrelado ao desenvolvimento socioemocional dos funcionários e também ao amadurecimento das lideranças”, comenta Brandão.

De 2019 para 2021, o volume de consultas on-line realizadas pela Zenklub cresceu 1.059%, chegando a 603 mil sessões. Já o número de vidas cobertas aumentou 1.664% no mesmo período, chegando a 300 mil vidas. Hoje, são 400 clientes corporativos.

Uma experiência pessoal negativa ao lidar com problemas de saúde mental também foi o motivador para a criação da Vittude, em 2016. Segundo a CEO, Tatiana Pimenta, a empresa começou como um marketplace que conectava pessoas que queriam fazer terapia a psicólogos. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) sinalizou, ainda em 2018, que o burnout poderia se tornar uma doença de trabalho, Tatiana viu uma oportunidade para que a companha crescesse:

“Significava que eu estava deixando de dizer que o burnout é uma doença da pessoa e dizendo que ela é causada pelo ambiente de trabalho, o que tem previsão previdenciária e trabalhista. Foi quando começamos a fazer as primeiras interações com empresas.

FOCO NA PREVENÇÃO

Com a pandemia, a base de clientes corporativos explodiu, passando de sete, em março de 2020, para 200 hoje. Em número de vidas cobertas, o salto foi de 5 mil para 600 mil.

Vendo o crescimento desse mercado, o Gympass, que tinha como foco a saúde física, comprou a Vitalk, uma startup de saúde mental. A empresa oferece a solução Wellz, que fornece terapia on-line, além de conteúdos autoguiados e capacitações para o colaborador e para as lideranças da empresa. A plataforma viu o número de usuários mais que triplicar entre novembro de 2021 e novembro de 2022.

“Temos uma abordagem muito preventiva, tentando motivar todo mundo a cuidar da saúde mental para prevenir e não para curar uma doença. Porque, quando a pessoa chega nesse ponto, tem um sofrimento longo”, explica a psicóloga e líder do time clínico da Wellz, Ines Hungerbühler.

A gestora Oliveira Trust também decidiu apostar na união das duas vertentes, física e mental, para ajudar seus colaboradores a enfrentarem a jornada estressante do mercado financeiro. Além de implantar a “hora da fruta” – quando uma funcionária passa de mesa em mesa oferecendo os alimentos já cortados e higienizados – e adotar o aplicativo VIK de exercícios físicos, em setembro a empresa começou a oferecer atendimento psicológico por meio da plataforma Auster.

“Percebemos uma melhora não só na saúde física, com redução dos atendimentos médicos, mas uma evolução nos relacionamentos interpessoais, com as equipes mais tolerantes e com menos brigas”, conta a gerente de Gestão de Pessoas, Carla Maia.

O benefício da terapia on-line foi utilizado pela publicitária Laís Marques, que trabalha em uma startup de delivery há um ano. Laís, que já teve burnout, viu uma melhora em sua produtividade:

“Sempre fui ansiosa e, como a empresa dava esse benefício, resolvi participar.

EU ACHO …

O AMOS QUE A VIDA TRAZ

Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.

O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um objetivo na vida. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da Playboy. Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.

E agora está você aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada um amor idealizado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego. Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia solicitado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que não lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor  escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja, como quem diz: ah, este me serviu direitinho!

Aquele amor corretinho por você tão sonhado vai parar na porta de alguém que despreza amores corretos, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Agradeça e aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.

MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

PARA TODOS OS GOSTOS

Queijo entra na dieta, mas com ressalvas

Na mesa, um café quentinho, bolo ou fruta, pão com fatias de queijo. Essas opções podem estar na mesa de muitos brasileiros logo e, aparentemente, não apresentam grandes riscos à saúde, mas, tornar o consumo de alimentos processados, como o queijo, comum na rotina pode aumentar os níveis de gordura, de sódio e até mesmo elevar as chances de obesidade e de doenças no coração.

Os queijos são importantes para a dieta por serem ricos em vitamina A, proteínas e cálcio, mas devido à fabricação e armazenamento, feitos com adição de sal e outros ingredientes nocivos, acabam criando e potencializando problemas de saúde.

O Guia Alimentar Para a População Brasileira, disponibilizado pelo Governo Federal, adverte para a redução do consumo dos queijos, principalmente para quem já tem histórico de doenças relacionadas ao consumo de sal e gordura. Para melhorar a alimentação, é importante buscar por produtos mais naturais e se atentar aos rótulos.

ALIMENTOS PROCESSADOS

Apesar de manterem a identidade básica e a maioria dos nutrientes do leite, os queijos são classificados como processados devido à adição de sal e de micro-organismos de fermentação, que empobrecem a composição nutricional e podem estar associados a doenças do coração, obesidade e outras doenças crônicas.

Camila Kümmel, professora de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressalta que o problema em relação ao consumo dos queijos é o excesso.

“Os queijos são fonte de gordura, principalmente animal. Ela é conhecida como saturada e, em excesso, não faz bem à saúde. A grande questão é saber qual o nosso objetivo com o consumo de queijo, pois a gordura não é vilã, nós precisamos dela para o funcionamento do corpo, mas o excesso é um grande problema, principalmente porque o queijo também tem bastante sódio.”

De acordo com a especialista, é importante evitar aqueles produtos que são ultraprocessados, como o cream cheese, o requeijão e aqueles vendidos em “quadradinhos”.

“Esses queijos são mais complicados, pois são alimentos ultraprocessados, ou seja, contêm muitos conservantes, corantes e saborizantes. Os queijos que passam por processos mais naturais de maturação e fermentação são mais saudáveis”, afirma Kümmel.

DIETA

A nutricionista complementa afirmando que os queijos são necessários para a dieta, principalmente porque são excelentes fontes proteicas e ajudam na manutenção da imunidade e da massa muscular, o que contribui para a longevidade, além de terem alta densidade de cálcio.

Na rotina, é comum a ingestão de diferentes tipos de queijo, como o prato, muçarela, minas ou parmesão. Contudo, há recomendações sobre quais são mais saudáveis e ideais para a alimentação diária.

A nutricionista Priscilla Primi sugere privilegiar os queijos frescos, aqueles com grande quantidade de água e pouca concentração de gordura, como o cottage, o minas frescal e a ricota, e que necessitam de refrigeração.

“Os queijos frescos são os mais recomendados para o café da manhã, o lanche da tarde, saladas, pois têm densidade calórica menor do que os amarelos, mais gordurosos, como o parmesão, o grana padano, provolone, que geralmente são armazenados fora da geladeira”, explica Primi.

Em um “ranking” de queijos ideais, a nutricionista recomenda priorizar os frescos e, em seguida, o prato e a muçarela, tipos “intermediários”, já que têm menos calorias e podem ser aliados na dieta, mas lembra que o consumo não deve ser excessivo.

Além disso, Primi explica que os queijos de mofo branco, como o brie, e azul, a exemplo do gorgonzola, devido ao sabor forte, não são consumidos em grande quantidade, o que diminui a ingestão calórica e de sal.

Para quem precisa perder peso, ela chama atenção para a leitura dos rótulos, porque os queijos que mais ajudam na redução de adiposidade são aqueles com baixo índice calórico por porção, ou seja, de energia.

Como exemplo, Camila Kümmel sugere o consumo de ricota e do queijo minas frescal:

“Ler o rótulo é muito importante, pois é ali que vamos conhecer as certificações de segurança microbiológica e a tabela nutricional, que vão nos dizer se o queijo que estamos comprando é queijo de verdade. A partir da tabela, podemos comparar os queijos, saber qual tem menos gordura e sódio por porção.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

É POSSÍVEL CRIAR LAÇOS PÓS OS 30

Ampliar as amizades depois de uma certa idade pode ser desafiador, mas muito positivo. Saiba como encontrar – e manter – esse vínculo

Durante a infância e a adolescência, parecia fácil fazer amizades. Afinal, os assuntos de interesse e os ambientes frequentados eram praticamente os mesmos. Na vida adulta, porém, as coisas mudam um pouco. Parece que a agenda está sempre ocupada com outras obrigações e que nunca sobra tempo para fazer novos amigos. É como se estabelecer esses vínculos depois dos 30 anos deixasse de ser tão simples quanto parecia ser.

E há várias razões para essa sensação. Ana Paula Vedovato, psicóloga pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), explica que isso pode ser atribuído a uma maior resistência que a experiência de vida nos traz. “Ficamos menos dispostos a nos abrir, a confiar naquilo que a gente não conhece, e passamos a preferir aquilo a que já estamos acostumados e que não nos vai pegar de surpresa”, afirma a psicóloga.

Esse movimento, diz ela, é resultado das nossas vivências, mas sobretudo da forma como lidamos com elas. “Somos atravessados por nossas experiências traumáticas e muitas vezes nem sabemos o quanto elas nos afetam. Isso nos coloca em uma posição defensiva em relação ao outro.” Essa resistência pode determinar o caminho que cada indivíduo vai percorrer no campo afetivo e o quão aberto ele estará a novas conexões.

A falta de autoconhecimento também pode dificultar. “Se conhecemos novas pessoas, o potencial para a amizade está dado, mas para isso precisamos nos conhecer, saber o que nos faz bem e quais os nossos limites”, adverte. Isso porque, segundo a psicóloga, reconhecer os próprios interesses é o primeiro passo para encontrar pessoas que também se identifiquem com eles. Da identificação surgem os vínculos que formam amizades mais sólidas. “Mas nem todos se conhecem dessa forma”, pondera.

QUANDO A INTERNET UNE AS PESSOAS

A designer gráfica Mariana Nóbrega, de 37 anos, reconhece essas dificuldades. “Quando você é jovem, basta gostar da mesma banda para considerar uma pessoa sua amiga. Só que depois de adulto você vai ficando mais exigente e fechado”, afirma. Mesmo assim, ela conheceu novos amigos e viu que idade não é empecilho para que amizades sejam feitas. Foi em uma sala do Clubhouse – aquela rede social que bombou no início de 2021 – que Mariana conheceu seus novos amigos. “Quando entrei no aplicativo, tinha uma sala rolando com algumas pessoas e conhecia só duas delas”, conta. O objetivo da sala era que seus participantes imitassem gurus bilionários – no melhor estilo Elon Musk. “Me botaram para falar e eu entrei na brincadeira”, lembra. Foram dias dando boas risadas, como ela não dava havia muito tempo. “Dessa sala, fizeram um grupo no WhatsApp com algumas das pessoas. E é com essas pessoas que eu, de forma aleatória, fiz amizade depois dos 30 anos”, revela.

O encontro desse grupo, formado por 13 amigos, só aconteceu oito meses depois de se conhecerem. Antes disso, todas as conversas eram pelas redes sociais. Isso não significou, no entanto, que não era uma amizade sólida. Pelo contrário. “Temos uma intimidade que eu demorei anos para construir com outras amizades. Frequentamos a casa um do outro, saímos para almoçar, vamos para bares. Hoje é uma amizade do mundo real”, conta.

O QUE MUDA DEPOIS DOS 30?

Segundo Ana Lúcia Pandini, psicóloga e docente da Universidade Mackenzie, além das mudanças individuais há mudanças nas próprias relações após os 30 anos. A ideia de que “tudo é para sempre”, por exemplo, deixa de ser verdade absoluta na vida adulta. E foi o que Mariana percebeu. “A gente vai aprendendo que nada é para sempre, nada é tão intenso quanto era na adolescência”, diz ela, que hoje não se preocupa tanto com a necessidade de ter amizades que durem uma vida inteira. “Enquanto for legal para os dois lados, que dure. Se não for, não tenho problema em encerrar um ciclo, mesmo não sendo fácil”, garante Mariana.

A psicóloga atribui isso à compreensão, que a maturidade pode trazer, de que o fim de uma amizade é um processo normal das relações humanas. Depois dos 30, pode ficar mais fácil entender que as pessoas mudam e, com elas, as amizades também.

Os tipos de amizades e as formas como elas são construídas também vão mudar. Durante infância e adolescência, as amizades têm uma característica de fusão e costumam ser formadas pela presença de aspectos semelhantes. “As crianças, por exemplo, não enxergam diferenças, mas se identificam pelas brincadeiras em comum”, explica.

Já a amizade entre adolescentes costuma funcionar por tribos. “Eles se agrupam entre pessoas que escutam o mesmo tipo de música, frequentam as mesmas festas, vestem as mesmas roupas. O que importa para o adolescente é ficar diferente dos pais, mas os amigos são todos muito iguais”, afirma. Mas a partir dos 30 anos, Ana Lúcia avalia que existe uma mudança na qualidade das amizades. “Elas mudam para melhor, porque deixam de ser amizades nesse modelo de fusão, em que as pessoas precisam ser iguais para serem amigas.” Amigos podem até ter um estilo de vida diferente, mas têm valores individuais parecidos. É como se na vida adulta fosse mais importante compartilhar os mesmos valores do que os mesmos gostos. “As amizades da fase adulta costumam ser aquelas com mais liberdade, autonomia e que mais agregam coisas novas à vida”, avalia.

Mesmo amizades que nascem na infância ou adolescência vão precisar passar por esse processo de transformação, em que vão entender que é possível existir amizade com diferenças entre as pessoas. Por isso, a diferença que talvez atrapalhasse uma amizade na adolescência costuma não ser problema na vida adulta, mesmo que características em comum continuem sendo essenciais para firmar as conexões.

O PODER DAS AMIZADES

Essa também não era uma preocupação de Lola Ribera que, aos 54 anos, decidiu que era hora de fazer novos amigos. A decisão, porém, veio após certa resistência. “Parecia difícil encaixar novos amigos na minha vida depois dos 50 anos. Eu já tinha tido uma vida inteira, construído uma família”, conta. Mas o sentimento de estar sozinha a fez mudar de ideia.

“Aos 50, eu me sentia sozinha e com poucos amigos”, lembra ela, que decidiu buscar novos amigos por meio do ciclismo, esporte que ela já praticava. “Comecei a procurar grupos no Facebook, encontrei um e meti as caras”, avisa. Graças ao grupo, ela viu seu círculo de amizades aumentar. “Fiz três grandes amigos graças ao ciclismo. Pessoas que se tornaram parte da minha vida, mesmo fora do ciclismo, com quem criei uma relação de carinho.”

Ela enxerga inúmeros benefícios nessas novas amizades. “Eles me ajudaram a sair da depressão. Hoje, vamos um para a casa do outro, beber cerveja, comer alguma coisa, conversar e dar risada. Tudo isso me faz muito bem”, explica.

De fato, as amizades podem acrescentar muito na vida das pessoas. Ana Lúcia alerta para o importante papel que elas têm na saúde mental e no bem-estar. “Os amigos funcionam como uma rede de ajuda”, diz. “É uma forma de apoio emocional em um momento de necessidade, mas também um apoio para questões práticas, que podem ser úteis em situações do dia a dia.”

Compartilhar a vida com os amigos também envolve a sensação de proteção. É como se, dentro das relações de amizade, fosse possível construir um ambiente de segurança e confiança, que facilita a criação dos vínculos. A psicóloga pondera que é justamente pela falta dessa sensação de segurança que algumas pessoas têm dificuldade em criar vínculos tão fortes com familiares. “Por isso a gente diz que os amigos são a família que a gente escolhe.”

Além disso, os amigos também oferecem momentos de lazer e diversão e possibilitam um maior autoconhecimento dos indivíduos. Ana Lúcia acrescenta que, nesse sentido, a amizade é uma via de mão dupla. “O outro pode ser um modelo para aspectos da sua personalidade que você ainda precisa desenvolver; e você pode ser um modelo para que o outro também se desenvolva.”

COMO ESTAR MAIS ABERTO A NOVAS AMIZADES?

Elaine Vasconcelos, de 74 anos, estava aberta a fazer novos amigos e decidiu fazer isso viajando pelo mundo. Ela coleciona alguns passaportes e muitos carimbos de países diferentes, mas o mais importante, para ela, são os amigos feitos durante essas experiências. Isabel Penteado é uma delas. “Eu a conheci em uma viagem para o Atacama (deserto no Chile) e depois fizemos outras viagens juntas. A última foi para a Armênia. A gente se fala todo dia e eu tenho muito carinho por ela”, diz Elaine.

Ela também conheceu Paulo e Rosana, um casal de amigos que fez quando viajou para o Vietnã. “Fizemos muitas viagens juntos depois dessa, a última delas para a Austrália e Nova Zelândia”, lembra. E já tem planos para o ano que vem: vai para a Holanda com uma outra amiga, Selma, que também conheceu em uma de suas inúmeras viagens. “São pessoas muito queridas e amizades muito importantes para mim.”

Isso é o que a psicóloga Ana Lúcia chama de “estar aberto ao mundo”. “Estar aberto ao mundo significa manter a vontade de conhecer lugares novos, de fazer atividades culturais diferentes e não abrir mão do lazer. Uma pessoa que se isola disso é provável que enfrente mais dificuldade em fazer novas amizades”, explica. Esse é um importante caminho para quem busca novas amizades após os 30 anos, mas não o único. Confira, no quadro ao lado, outros modos de fazer amizades na vida adulta.

DICAS

Quer fazer amigos? Essas táticas podem ajudar

INTERNET

Há grupos de interesses diversos na internet, como de ciclismo, fãs de uma determinada banda ou de viajantes. Apps focados em amizade, como o Slowly – conectam pessoas de diferentes países.

AUTOCONHECIMENTO

“Quando você se conhece, consegue ter mais clareza de quem são as pessoas que acrescentam em sua vida”, explica a psicóloga Ana Lúcia.

TRABALHO

O ambiente de trabalho ocupa boa parte da rotina depois dos 30 anos. É possível aproveitar esse ambiente para fortalecer conexões.

HOBBIES

Os hobbies, em especial quando realizados em grupo, podem ajudar na formação de novas amizades. O fundamental é que sejam atividades que você goste de fazer.

EVITE AS COBRANÇAS

Fazer amigos não é uma competição, mas um processo natural. “É importante respeitar o tempo em que as relações se desenvolvem”, diz Ana Lúcia.

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