ADULTOS ATINGEM REMISSÃO DO DIABETES COM DIETA
Programa de perda de peso proporcionou benefícios até para quem tem maior risco

Um programa de controle de peso que utiliza uma fórmula chamada de “substituição total da dieta” se mostrou eficaz para levar a diabetes tipo 2 à remissão, inclusive para um grupo de pessoas do Sul da Ásia, população conhecida por ter um risco significativamente maior para a doença. A conclusão é de um estudo publicado na revista científica The Lancet Regional Health por pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia.
O trabalho analisa dados do Estudo DIRECT, conduzido pela universidade, que avalia um programa específico de perda de peso chamado de Counterweight-Plus e seu potencial no tratamento da diabetes tipo 2. Resultados anteriores do estudo já mostraram que uma redução de 10 kg ou mais ocasionou a remissão da doença um ano depois para 70% dos participantes que conviviam com o diagnóstico há menos de 6 anos. Em relação a todos os participantes, quase metade dos voluntários (46%) analisados atingiu a remissão.
No entanto, os cientistas destacavam que quase todos os participantes do DIRECT eram brancos e britânicos, então mais pesquisas eram necessárias para entender se o impacto seria o mesmo entre outros grupos étnicos. Por isso, conduziram a nova análise com uma população do Sul asiático, que tem mais risco de diabetes tipo 2.
O novo trabalho, com 25 adultos entre 18 e 65 anos, comprovou que o benefício se estende também aos participantes da região, com o Counterweight-Plus tendo levado 40% dos indivíduos a alcançarem a redução do peso necessária para a remissão da doença. Os resultados são semelhantes aos do estudo anterior, reforçando o potencial da intervenção terapêutica.
Os pesquisadores explicam que esse benefício acontece porque reduz os danos causados pelo acúmulo de gordura no fígado dos indivíduos com diabetes tipo 2. No geral, 35% dos participantes perderam mais de 10% do peso corporal – o que levou à queda de 15,3% para 8,6% de gordura no fígado.
“Foi incrivelmente importante examinar se a mesma intervenção dietética poderia ter o efeito similar na população do sul da Ásia; portanto, embora este estudo seja baseado em um pequeno grupo de participantes, as descobertas devem ter consequências para uma grande proporção da população mundial, para contribuir para o desenvolvimento de abordagens práticas para a remissão do diabetes tipo 2. Novos estudos devem ter como objetivo encontrar maneiras de maximizar a sustentabilidade da perda de peso por um período mais longo”, diz o pesquisador da Escola de Saúde Cardiovascular e Metabólica da Universidade de Glasgow Naveed Sattar.
A DIETA
O programa, porém, não é simples de seguir. Com três estágios, o Counterweight- Plus começa com um período de 12 semanas em que a dieta é completamente substituída. Com isso, o indivíduo passa a se alimentar apenas de shakes e sopas com baixa caloria, com apoio profissional para lidar com situações sociais, acompanhar os indicadores de saúde e dar orientações de forma geral.
Após os três meses, ocorre a reintrodução da comida. Gradualmente, os shakes e sopas passam a dar lugar a refeições completas, porém preparadas com base no total de calorias. Além disso, é criado um cronograma de alimentação e de prática de exercícios.
Depois de mais três meses, a última etapa envolve manter a perda de peso alcançada nas fases anteriores. Para isso, são formadas estratégias para a manutenção de hábitos positivos e mudanças no estilo de vida, além de encontros mensais com um nutricionista. Esse período de acompanhamento dura ao menos 18 meses.
“Até recentemente, as pessoas realmente não levavam a diabetes tipo 2 ou seu tratamento a sério o suficiente. Nosso estudo produziu um resultado impressionante, revertendo uma doença crônica incapacitante, muitas vezes terrível. É outra mensagem muito forte de que o mecanismo crucial que sustenta a remissão do diabetes tipo 2 é a mudança de peso com perda de gordura hepática. Esperamos que nosso estudo possa oferecer esperança e aumente o apoio para grupos de risco particularmente alto, com os profissionais de saúde priorizando o controle de peso”, defendeu o pesquisador Mike Lean, da Universidade de Glasgow.
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