DALTÔNICOS SOFREM PARA VER OS JOGOS NA COPA
OMS diz que 350 milhões têm o distúrbio; óculos e lentes especiais podem ajudar

Enquanto assistia à partida entre Suíça e Camarões, na primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, o influenciador Pedro Certezas se manifestou em suas redes sociais sobre a dificuldade que pessoas daltônicas enfrentam ao assistir aos jogos do Mundial. Ele está entre as 350 milhões de pessoas do mundo que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sofrem com o daltonismo, um distúrbio da visão que altera a percepção das cores.
Nessa partida, em especial, as cores dos uniformes dos jogadores foram um obstáculo para os daltônicos: a Suíça jogou com o uniforme vermelho e Camarões com o verde, cores que costumam ser percebidas com mais dificuldade por quem tem essa condição. Cláudia Del Claro, médica oftalmologista da Comissão de Inovação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), explica que, nessa situação, a pessoa daltônica não consegue diferenciar de qual seleção cada jogador faz parte.
O daltonismo é uma doença relacionada com fatores hereditários. Por uma alteração genética no cromossomo X, os fotorreceptores da retina são afetados e impedem a percepção das cores por portadores da doença que, em sua maioria, são homens. Como as mulheres possuem dois cromossomos X, a mutação genética que causa o daltonismo acaba sendo compensada pelo outro cromossomo sem alteração. “É provável que a doença não se manifeste na mãe, que herdou do pai, mas ela pode transmitir aos filhos homens.”
Há diversas formas de diagnosticar o daltonismo. Algumas crianças, ainda na escola, costumam identificar que percebem as cores de forma diferente dos seus colegas. Mas há casos de pessoas que só descobrem na vida adulta.
Existe um teste bem comum que facilita a identificação da condição, chamado Teste de Ishihara. “O teste é feito com uma imagem formada de vários círculos coloridos e um número no centro”, detalha. “Quem não tem daltonismo, enxerga o número bem nítido. Quem tem, não consegue distinguir, é como se a imagem fosse tudo uma coisa só”, diz. O daltonismo pode se manifestar de três formas principais. O tipo protanopia é aquele em que a pessoa enxerga a coloração vermelha em tons de bege, marrom, verde ou cinza. “A característica desse tipo é a dificuldade em perceber o pigmento vermelho”, explica. Outra manifestação, chamada de deuteranopia, envolve a dificuldade em perceber a cor verde. “Esse indivíduo vai enxergar o verde como se fosse marrom”, observa.
Há, ainda, a tritanopia – dificuldade de perceber o azul e o amarelo. “Ela enxerga essas cores como se fosse uma coisa só, tudo em tons de rosa”, conta. Existe também uma manifestação mais rara do daltonismo, chamada de acromatopsia. A pessoa enxerga tudo em tons de preto, branco e cinza.
Cada um desses diferentes tipos pode aparecer em níveis diferentes, conforme explica a oftalmologista. “Há pessoas que possuem um nível leve de daltonismo, então ela consegue perceber a diferença entre algumas cores. Outras já têm um nível mais avançado.”
Cláudia explica que o daltonismo é uma doença que não tem cura, nem tratamento específico. Porém, existem recursos que podem melhorar a qualidade de vida de quem possui a condição, como os óculos e as lentes de contato, utilizados pelo influenciador Pedro Certezas para minimizar a dificuldade em acompanhar os jogos da Copa do Mundo. “Estou levemente emocionado. Agora dá para assistir ao jogo tranquilo”, desabafou.
Segundo a oftalmologista, as lentes desses óculos possuem coloração específica para os diferentes tipos de daltonismo, que pode ser vermelha, laranja ou amarela. É por meio dessas cores que os óculos são capazes de normalizar a visão das pessoas daltônicas.
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