DIVERSIDADE NAS EMPRESAS TRAZ BEM-ESTAR E DINHEIRO
Combate ao preconceito resulta em produtividade, engajamento e valorização da marca

Empresas que procuram manter um quadro funcionários que reflita a diversidade da sociedade estão descobrindo vantagens econômicas na adoção dessa política. Uma delas é o ganho de produtividade, que vem sendo conquistado com o maior engajamento geral dos colaboradores. As equipes mais heterogêneas também se mostram mais criativas, o que contribui para a inserção de soluções inovadoras nos negócios, e a imagem da marca fica mais valorizada junto ao cliente.
De modo geral, a diferença de gênero, etnia, orientação sexual e idade, entre outros fatores, enriquecem o cabedal de experiências dos times das empresas. As habilidades diversificadas também proporcionam ganhos qualitativos, pois os grupos revelam-se mais capacitados a reagir às mudanças necessárias em mercados cada vez mais disruptivos e competitivos.
Estudos apontam que o sentimento de pertencimento ao grupo gera mais assiduidade, aumento de desempenho, tomadas de decisão mais assertivas e desenvolvimento de comportamentos mais colaborativos.
No entanto, uma pesquisa da consultoria Deloitte, feita entre agosto e setembro de 2021, com 215 empresas, mostra o grande desafio na busca por diversidade. A questão é mais delicada quando se trata de cargos de chefia. O levantamento apontou que em apenas 23% das organizações ouvidas as mulheres ocupam mais da metade dos cargos de liderança, enquanto em 24% delas sequer há pessoas do sexo feminino nos conselhos. Segundo o estudo, 41% das empresas entrevistadas estavam procurando adotar indicadores de inclusão.
Mas há casos em que a diversidade é um pilar natural. A fábrica de portas Rayflex, do interior de São Paulo, nunca estabeleceu cotas em 30 anos de mercado, mas, por adotar um modelo de seleção sem discriminação, tem em seu quadro pessoas de todas as faixas etárias e de diversas religiões e trabalhadores LGBTQIA+. A partir de um levantamento, foi constatado que 9,23% dos colaboradores têm mais de 50anos, o que foi alcançado sem que houvesse um programa específico para isso.
Para a CEO Giordania Tavares, fez diferença o exemplo vir de cima, pois a família escolheu uma mulher para a direção da empresa e destravou o caminho para a diversidade. A fábrica ainda estimula a apresentação de sugestões por parte dos integrantes das equipes, concilia diferentes bagagens no currículo e provoca maior engajamento.
“Não toleramos qualquer tipo de discriminação, mas, quando ocorre algum problema, tomamos as medidas necessárias. Hoje reforçamos a importância da diversidade por meio de palestras e comunicados, mas esse padrão foi alcançado porque não se trata apenas de marketing”, afirma Giordania.
ACOLHIMENTO
A empresa de gestão de tecnologia da informação Finch também acredita no processo top down – de cima para baixo – para que a cultura da diversidade seja efetivada, foi criado um comitê de diversidade e inclusão que passou a discutir medidas para garantir um clima de acolhimento.
O processo de conscientização começou pelas lideranças que assistiram a palestras sobre o tema. Apesar de não estabelecer cotas para os diferentes grupos, foi feito um censo para se conhecer a realidade do corpo de funcionários:
“As empresas que adotam os princípios do respeito à diversidade com certeza têm mais engajamento. Nossa preocupação é manter um ambiente p:sicologicamente seguro para que os colaboradores possam se dedicar ao trabalho e trazer o melhor resultado. E, se cliente perceber, valoriza”, explica Karina de Almeida Batistuci, diretora da Finch.
A busca pelo respeito à diversidade faz muitas empresas buscarem ajuda externa para implementar políticas corretas. A consultoria Fábrica de Criatividade apoia e dá treinamentos sobre o tema. Preparou até um workshop, que dura cerca de três horas, para uma conscientização mais rápida. A Ideia é mostrar para a equipe que o preconceito está no dia a dia e que premissas preconcebidas influenciam o comportamento e a atitude das pessoas. O workshop apresenta situações comuns de discriminação e ajuda as pessoas a combater os vieses preconceituosos.
“Quando presenciamos alguma atitude preconceituosa, temos que nos manifestar. Não podemos ficar calados ou dar risada. Muitas vezes o preconceito é fruto de crenças da criação, mas é preciso aprender a pedir desculpas quando alguém se sente ofendido. Essas questões são debatidas nos workshops”, explica Tita Legarra, sócia da ´Fábrica de Criatividade.
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