OUTROS OLHARES

SAIBA COMO CONVENCER ANTIVACINAS A RECONSIDERAR

Caminho é ouvir sem julgar, para entender preocupações e oferecer dados científicos. Confronto deve ser evitado

No começo do ano, o então líder antivacina italiano Pasquale Bacco revelou ter mudado de ideia, para choque de seus seguidores. O médico disse que “tinha muitas perguntas e ninguém respondia” e por isso passou a criticar os antígenos contra o coronavírus. Decidiu, porém, parar com os discursos contra os imunizantes quando soube que um rapaz de 29 anos, fã de seus vídeos, morreu em decorrência da Covid-19. Especialistas em saúde alertam que, em muitos casos, os antivacinas são – assim como Bacco – pessoas com dúvidas ou receios sobreo funcionamento dos imunizantes. E não pessoas irracionais. O antídoto para ajudar os hesitantes, dizem psicólogos e outros especialistas de saúde, é ouvir com atenção as dúvidas de quem é contra os imunizantes, responder com paciência e evitar o conflito inflamado.

“Num diálogo com alguém que pensa diferente de nós, se simplesmente criticamos o outro ou falamos nosso ponto de vista, sem considerar quem ouve, corremos o risco de aumentar a resistência”, explica o mestre em psicologia clínica Artur Scarpato.

O diálogo, dizem os médicos, é a chave para conseguir colocar “pulgas atrás da orelha” de quem tem certeza de que não deve se vacinar – embora, reafirme-se, a ciência tenha oferecido inúmeras confirmações de que as vacinas em uso (seja qual for sua finalidade) são sim seguras e efetivas contra diversos tipos de doença.

É importante entender a fonte da resistência: se há um medo dos efeitos colaterais, se há desconhecimento sobre o processo de desenvolvimento e aprovação das vacinas. A informação de qualidade ajuda a diminuir esses receios.

Exemplo de como as dúvidas sem respostas podem ser danosas é a história da norte- americana Heather Simpson, cuja presença em grupos antivacina foi justificada pelo medo de fazer mal à filha com os imunizantes. Após anos de recusa, começou a reconsiderar sua posição após conversas com a médica da menina e por medo que a pequena contraísse tétano. Após ser convencida sobrea eficiência das vacinas, ela criou grupos de apoio a pessoas como ela, o “Back to de Vax” (do inglês: de volta à vacina). Ela aposta na informação com lastro na ciência para ajudar a convencer mais pessoas.

LINGUAGEM

O professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Marcelo Alves dos Santos faz uma orientação prática: evitar dizer um sonoro “não” quando alguém relata seus receios. Ao contrário, é mais proveitoso ouvir o que a pessoa tem a dizer e, em caso de fake news, oferecer a informação correta de maneira a estimular a reflexão.

“O outro não pode entrar em estado de alerta, de defesa. Ser mais amigável ajuda a quebrar a barreira da pessoa, o não querer ouvir. O confronto nunca é a melhor opção”, explica o professor.

Em geral, é preciso estar disposto a retomar à conversa em outras ocasiões e entender que a outra pessoa não quer sentir-se desrespeitada nem diminuída por conta de suas opiniões.

“Para se ter uma conversa difícil é preciso deixar as emoções de lado, focando na racionalidade e sem tanto confronto. E, claro, é preciso ter algum tipo de embasamento sobre o assunto. Ao final da conversa, você tem que ter deixado para a pessoa a informação fundamental de que vacinar é importante”, diz Santos.

SEM JULGAMENTOS

No livro “Pense de novo” (editora Sextante), o psicólogo americano Adam Grant, relata a história de um médico que convenceu uma mãe antivacina a imunizar os filhos:

“Essa canadense teve um bebê prematuro em meio a um surto de sarampo. Chamaram um médico conhecido como “encantador de vacinas”. Ele falou com a mulher para entender a perspectiva dela, que dividiu suas preocupações, contou que vinha de uma comunidade em que poucos eram vacinados. Ele escutou sem julgamentos. Depois disse que, como médico, o objetivo dele também era proteger o bebê e que, se ela permitisse, gostaria de compartilhar algumas informações. Trouxe evidências dos benefícios, deu o entendimento dele como cientista e, no final, disse que a decisão era dela e que estava certo que ela faria o melhor. A mãe não só vacinou o bebê, como os outros filhos e os sobrinhos.

Segundo Grant, a estratégia seria julgar menos, praticar a escuta e reconhecer que não se pode obrigar as pessoas a mudar de ideia.

“Se encontram motivo que faça sentido e decidem por elas mesmas, se sentem mais livres e no controle.

O entendimento coletivo também contribui para a adesão, ou não, da imunização, afirma Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. Daí a importância de campanhas nacionais robustas incentivando as famílias a buscar postos de saúde.

“A construção da opinião também passa por fatores externos, políticos e identidades em grupo. Em alguns casos, isso contribui para desinformação. Em outra mão, a relação entre médico e paciente torna-se ainda mais fundamental para reforçar o funcionamento das vacinas. Estamos em um momento de reconstrução”, explica.

“Assim como se faz no marketing, é preciso associar-se ao universo da pessoa. É preciso compreender onde a pessoa se informou e entender o que ela teme, para depois vender a ideia de que a ciência e a vacina são necessárias.

GESTÃO E CARREIRA

DIVERSIDADE NAS EMPRESAS TRAZ BEM-ESTAR E DINHEIRO

Combate ao preconceito resulta em produtividade, engajamento e valorização da marca

Empresas que procuram manter um quadro funcionários que reflita a diversidade da sociedade estão descobrindo vantagens econômicas na adoção dessa política. Uma delas é o ganho de produtividade, que vem sendo conquistado com o maior engajamento geral dos colaboradores. As equipes mais heterogêneas também se mostram mais criativas, o que contribui para a inserção de soluções inovadoras nos negócios, e a imagem da marca fica mais valorizada junto ao cliente.

De modo geral, a diferença de gênero, etnia, orientação sexual e idade, entre outros fatores, enriquecem o cabedal de experiências dos times das empresas. As habilidades diversificadas também proporcionam ganhos qualitativos, pois os grupos revelam-se mais capacitados a reagir às mudanças necessárias em mercados cada vez mais disruptivos e competitivos.

Estudos apontam que o sentimento de pertencimento ao grupo gera mais assiduidade, aumento de desempenho, tomadas de decisão mais assertivas e desenvolvimento de comportamentos mais colaborativos.

No entanto, uma pesquisa da consultoria Deloitte, feita entre agosto e setembro de 2021, com 215 empresas, mostra o grande desafio na busca por diversidade. A questão é mais delicada quando se trata de cargos de chefia. O levantamento apontou que em apenas 23% das organizações ouvidas as mulheres ocupam mais da metade dos cargos de liderança, enquanto em 24% delas sequer há pessoas do sexo feminino nos conselhos. Segundo o estudo, 41% das empresas entrevistadas estavam procurando adotar indicadores de inclusão.

Mas há casos em que a diversidade é um pilar natural. A fábrica de portas Rayflex, do interior de São Paulo, nunca estabeleceu cotas em 30 anos de mercado, mas, por adotar um modelo de seleção sem discriminação, tem em seu quadro pessoas de todas as faixas etárias e de diversas religiões e trabalhadores LGBTQIA+. A partir de um levantamento, foi constatado que 9,23% dos colaboradores têm mais de 50anos, o que foi alcançado sem que houvesse um programa específico para isso.

Para a CEO Giordania Tavares, fez diferença o exemplo vir de cima, pois a família escolheu uma mulher para a direção da empresa e destravou o caminho para a diversidade. A fábrica ainda estimula a apresentação de sugestões por parte dos integrantes das equipes, concilia diferentes bagagens no currículo e provoca maior engajamento.

“Não toleramos qualquer tipo de discriminação, mas, quando ocorre algum problema, tomamos as medidas necessárias. Hoje reforçamos a importância da diversidade por meio de palestras e comunicados, mas esse padrão foi alcançado porque não se trata apenas de marketing”, afirma Giordania.

ACOLHIMENTO

A empresa de gestão de tecnologia da informação Finch também acredita no processo top down – de cima para baixo – para que a cultura da diversidade seja efetivada, foi criado um comitê de diversidade e inclusão que passou a discutir medidas para garantir um clima de acolhimento.

O processo de conscientização começou pelas lideranças que assistiram a palestras sobre o tema. Apesar de não estabelecer cotas para os diferentes grupos, foi feito um censo para se conhecer a realidade do corpo de funcionários:

“As empresas que adotam os princípios do respeito à diversidade com certeza têm mais engajamento. Nossa preocupação é manter um ambiente p:sicologicamente seguro para que os colaboradores possam se dedicar ao trabalho e trazer o melhor resultado. E, se cliente perceber, valoriza”, explica Karina de Almeida Batistuci, diretora da Finch.

A busca pelo respeito à diversidade faz muitas empresas buscarem ajuda externa para implementar políticas corretas. A consultoria Fábrica de Criatividade apoia e dá treinamentos sobre o tema. Preparou até um workshop, que dura cerca de três horas, para uma conscientização mais rápida. A Ideia é mostrar para a equipe que o preconceito está no dia a dia e que premissas preconcebidas influenciam o comportamento e a atitude das pessoas. O workshop apresenta situações comuns de discriminação e ajuda as pessoas a combater os vieses preconceituosos.

“Quando presenciamos alguma atitude preconceituosa, temos que nos manifestar. Não podemos ficar calados ou dar risada. Muitas vezes o preconceito é fruto de crenças da criação, mas é preciso aprender a pedir desculpas quando alguém se sente ofendido. Essas questões são debatidas nos workshops”, explica Tita Legarra, sócia da ´Fábrica de Criatividade.

EU ACHO …

DEU CERTO! E AGORA? NÃO DEU CERTO! E AGORA?

“Vida, minha vida/ Olha o que é que eu fiz” (Chico Buarque, “Vida”)

Achei que dava e realmente deu certo. Consegui o meu intento. E agora?

Existem pessoas que, passada a euforia de uma conquista, experimentam uma sensação de vazio. Especialmente após terem êxito em uma empreitada que demandou esforço intenso ou que carregava o risco de não se realizar. Elas não veem mais graça em desafios menores ou em voltar a uma condição mais cotidiana.

Um  sentimento  semelhante  ao  que  expressa  o  compositor  baiano  Raul Seixas (1945-1989), na sua música “Ouro de tolo”: “Eu devia estar contente/ Por ter conseguido tudo o que quis/ Mas eu confesso, abestalhado/ Que estou decepcionado”.

A forma de se relacionar com aquilo que é considerado sucesso pelo senso comum carrega uma série de nuances. Em alguns casos, é mais complexa do que assimilar um fracasso. Se o insucesso for visto como oportunidade de aprendizado e aperfeiçoamento, a atitude mais saudável é reerguer-se e seguir em frente.

Mas essa relação depende muito da visão que se tenha de sucesso. Há pessoas que confundem sucesso com notoriedade. A busca é mais por serem famosas do que relevantes ou contributivas. Outras se importam menos com visibilidade, pois têm consciência do valor daquilo que fazem. Sucesso, por esse ponto de vista, vem da satisfação de ter feito algo com maestria, mesmo que não apareça tanto. Já outro tipo de pessoa se orienta apenas pelo resultado, menosprezando o processo. A seleção brasileira que jogou a Copa do Mundo de 1982 fracassou? Para quem é resultadista, sim. Para quem aprecia o futebol bem jogado, aquele é um time memorável.

Entre as ciladas que o sucesso pode trazer está a acomodação. Atingir o objetivo leva muitas pessoas a repousarem sobre a conquista. Em ambientes competitivos, essa atitude pode cobrar um preço alto, pois os concorrentes continuam mobilizados e desenvolvendo competências. Outra cilada é a da mediocridade. A pessoa consegue seu intento e depois passa a fazer mais do mesmo ou a achar que tudo o que faz está ótimo, porque teve aceitação anteriormente. Esse é um grande passo para cair na mediocridade.

O sucesso deve ser celebrado, especialmente quando resulta de um esforço honroso em tê-lo conseguido. Vale curtir a glória, mas sem perder a perspectiva de que ela é momentânea. Nada indica que o êxito vai se repetir na empreitada seguinte. O livro mais desafiador para um escritor costuma ser o segundo. Porque, mesmo que o primeiro tenha virado best-seller, pode ter resultado de uma conjunção de acasos favoráveis. Esse é um fenômeno relativamente comum na indústria da música. Há até a expressão em inglês “one hit wonder” para artistas que explodem na parada e depois não conseguem emplacar outro sucesso.

As pessoas que se sentem desmotivadas após conquistarem grandes feitos talvez devessem refletir sobre qual a razão de se fazer algo. Nos anos 1980, no auge do modelo yuppie (corruptela de young urban professional, que designava jovens executivos ambiciosos), o parâmetro de sucesso era o primeiro milhão de dólares amealhado. O que vem depois? Dois milhões, três milhões? Essa elevação da barra é uma possibilidade. Outra é atingir um milhão e estabelecer como próxima meta a fundação de uma associação de apoio a crianças em situação de vulnerabilidade social. Não há uma única maneira nem uma única coisa a fazer na sequência de uma conquista.

O criador da Microsoft, Bill Gates, é frequentador das listas de homens mais ricos do mundo. Em 2000, com a esposa Melinda, ergueu uma fundação que leva o nome do casal e se dedica a melhorar a condição de vida de pessoas, com ênfase no combate à pobreza e no incentivo para avanços na área da saúde. A entidade já destinou cerca de 4,5 bilhões de dólares para o combate de doenças como tuberculose, malária e Aids. Alguns poderiam dizer: “Doou porque tem”. Temos de lembrar: mas doou! Tem gente que tem de sobra e não doa.

A pessoa que consegue chegar ao ponto máximo em sua trajetória tem um desafio que é, se desejar, construir um outro ponto máximo, que não pode ser o mesmo ou um ponto acima, porque, a depender da situação, não há mais. Se ela insistir nessa perspectiva, é enorme a chance de cair no vazio.

Eu, Cortella, fiz carreira acadêmica, cheguei a professor-titular de uma universidade. O que tem depois de professor-titular? Não tem. Significa que encerrei a minha trajetória profissional? Não. A minha carreira não era só verticalizada. A minha noção de carreira também é horizontalizada. É como uma árvore, com galhos que crescem em várias direções. Ao chegar à condição de professor-titular, eu procurei oportunidades de publicar outros livros, de ter uma participação mais ativa na mídia, de fazer palestras. Então, eu não cheguei ao fim, cheguei ao topo de um dos modos da carreira. Havia toda uma ramificação de projetos possíveis não atrelados diretamente ao mundo acadêmico. Ser professor-titular de uma universidade foi honroso, resultado de dedicação, de concurso, de produção de material, de ser avaliado por bancas. Mas não era o último lugar, era o último passo num dos caminhos possíveis.

Isso vale para outras situações. Como a “síndrome do ninho vazio”, quando os filhos vão embora de casa. Muitos casais se questionam: “O que vamos fazer só nós dois aqui?”. Podem ficar em modo enfadonho ou melancólico, olhando os cômodos vazios. Mas podem também, liberados das responsabilidades em relação aos filhos, se matricular em um curso de dança de salão, dedicar-se a alguma forma de arte, destinar algum tempo a trabalhos voluntários, participar mais ativamente de ações para melhorar a região em que vivem.

Com imaginação e disposição, ainda dá para fazer muito em um mundo onde há muito por fazer.

Porém, temos que nos lembrar de um necessário “ainda dá”, que é também usarmos a nossa energia e inteligência individuais para a obra coletiva mais relevante: o cuidado com a Vida!

Lucrécio  (ca.  94  a.C.-50  a.C.),  pensador  latino,  escreveu:  “A  ninguém  foi dada a posse da vida, a todos foi dado o usufruto”. Sabemos: esse usufruto é comum  e  temos  de  participar  ativa  e  conscientemente  do  “ainda  não  deu, mas dará” coletivo.

Como dissemos desde o começo, o “ainda dá” é uma força intrínseca de cada indivíduo. Entretanto, existem muitos desafios que requerem uma conjunção de vários “ainda dá” em relação a este condomínio que habitamos.

Falamos em diversas situações que é preciso olhar para a frente, pois é no futuro que está a meta a ser conquistada, a linha de chegada do que projetamos. Porém, é no futuro também que se anunciam desafios de vulto, com os quais devemos nos preocupar e agir desde agora, porque envolvem as futuras gerações.

Atualmente somos cerca de 7,2 bilhões de habitantes na Terra. No início da Revolução Industrial, no século XIX, nossa espécie tinha por volta de 1 bilhão de indivíduos. As estimativas dão conta de que fecharemos o século XXI com uma população entre 9 bilhões e 10 bilhões, embora algumas projeções cheguem a apontar 12 bilhões em 2100.

Mais gente demanda mais recursos. Estima-se que de 3 bilhões a 4 bilhões de pessoas sejam inseridas no mercado de consumo nos próximos vinte anos. O fato de mais pessoas no mundo terem acesso a bens é, em si, uma boa notícia. A questão é que diversos estudos apontam que não haverá recursos suficientes para atender as necessidades humanas.

Por isso, será preciso, cada vez mais, consumirmos de modo consciente. Significa consumir menos? Em relação a alguns itens, sim. Mas, no âmbito geral, implica consumir de modo diferente. Estudos dão conta de que serão necessários de quatro e meio a seis planetas Terra para atender um contingente com esses novos consumidores em duas décadas.

Esses números gigantescos parecem minimizar a importância do impacto que cada indivíduo produz no quadro geral. “Ah, eu sou só um em meio a bilhões de pessoas.” Mas o raciocínio deve ser feito justamente pela via inversa, pois é a soma das ações individuais que afeta o coletivo. Imagine o impacto se cada um dos 12 milhões de habitantes da cidade de São Paulo, por exemplo, jogar um papel na rua por dia. Ou se cada paulistano resolver ficar diariamente uma hora debaixo do chuveiro.

Contribuir para a solução, portanto, se faz também pelos pequenos gestos. De que modo? Preferir o uso de energias renováveis, economizar água e energia elétrica, fazer pequenos percursos a pé, reduzir o desperdício de alimentos. E, sobretudo, se questionar a respeito de hábitos de consumo. Será que é preciso trocar de celular só porque outro modelo foi lançado e o seu colega de trabalho já o adquiriu? Você realmente se sente inferiorizado pelo fato de o seu vizinho ter um carro mais novo que o seu?

A nossa espécie, além de usar os recursos como se não houvesse amanhã (e, pelo andar da carruagem, pode ser que não haja mesmo), ainda os utiliza mal. Só para dar um exemplo, um estudo das Nações Unidas aponta 2 bilhões de pessoas adultas com excesso de peso ou obesas, ao passo que outros 2 bilhões de seres humanos têm deficiências nutricionais, e 815 milhões passam fome. Esse é um fracasso sobretudo no campo ético. Nós esquecemos um princípio básico de convivência: ser humano é ser junto.

Em relação à utilização de recursos, não podemos ser arrogantes a ponto de supor que o planeta é nossa propriedade e, portanto, podemos fazer o que bem entendermos. Somos usuários compartilhantes tanto em relação aos da nossa espécie quanto no que diz respeito aos outros 8,7 bilhões de espécies de seres vivos. Cada vez que alteramos o equilíbrio ecológico do nosso planeta, nós somos afetados. Pode não ser de imediato, mas uma hora o efeito desse desequilíbrio se fará notar de modo mais contundente.

A interdependência entre os seres é um princípio básico da existência. Não podemos pensar somente na nossa demanda mais premente e, para isso, exaurir solos, queimar florestas, extinguir outros animais, poluir a atmosfera e contaminar as águas.

O planeta é a nossa casa. O fato de termos as nossas necessidades individuais não implica, de modo algum, agir de modo egoísta. Vale ressalvar que individualidade não é sinônimo de egoísmo. Individualidade tem a ver com a proteção da nossa identidade e da nossa autonomia. Egoísta é aquele que considera que tudo gira em torno de si e que as suas necessidades são prioritárias em detrimento das outras pessoas. É nesse tipo de mentalidade que se origina a atitude predatória.

Se quisermos ir em frente na luta pela sustentabilidade, precisamos mudar esse tipo de orientação. Só assim será possível assegurar um nível de bem-estar coletivo para as próximas gerações.

No nosso cotidiano, alguns comportamentos já indicam uma interpretação do mundo mais coletivista, mais gregária. Na economia do dia a dia, é possível notar sintomas da mudança de mentalidade. Os espaços de coworking, por exemplo. O modelo de crowd-sourcing, que se baseia em conhecimentos coletivos agregados com a finalidade de desenvolver soluções, as quais podem gerar novos produtos e serviços. Atividades artísticas são viabilizadas por financiamento coletivo, o chamado crowdfunding. Aliás, essas obras podem ser de coletivos artísticos.

Assim como o uso das coisas vai sendo gradualmente alterado. Por exemplo, pessoas que passaram a utilizar um sistema de compartilhamento de veículos ou mesmo os aplicativos de mobilidade e abriram mão da posse exclusiva de um automóvel. Em alguns condomínios e edifícios existem as bicicletas de uso compartilhado, as lavanderias coletivas, entre outros itens de uso comunitário.

A junção de coletividades é algo cada vez mais frequente. Em São Paulo, por exemplo, há grupos de consumo responsável que operam de maneiras variadas. Dentre eles, moradores de condomínios diferentes que se reúnem para receber alimentos orgânicos cultivados por cooperativas agrícolas ou por associações de produtores adeptos da agricultura ecológica. Esses grupos se formam para organizar a logística e a distribuição dos produtos, da lavoura até os apartamentos e casas.

Se quisermos que ainda dê pé para as futuras gerações, será fundamental nos pautarmos por ações coletivas que busquem a equidade.

Os desafios são consideráveis. Sofremos reveses, enfrentamos contratempos, amargamos frustrações. Se algo não saiu como imaginávamos, nos sentimos derrotados. Faz parte. Só não podemos sofrer uma segunda derrota na sequência, que é a de achar que “não dá mais”.

A derrota pela circunstância é algo que acontece na vida. Mas a derrota da esperança nós não podemos admitir.

Ainda dá!

ESTAR BEM

COMO USAR O ELÁSTICO PARA FORTALECER OS MÚSCULOS

Antes restrito a tratamentos de reabilitação, acessório se popularizou nas casas e academias depois da pandemia

Ele chegou para revolucionar o uso de pesos e, sem pedir permissão, se infiltrou em academias e diferentes tipos de treinos. Trata-se do elástico, um acessório simples, mas que promete diversos benefícios.

Nos últimos tempos, passou a ganhar cada vez mais seguidores: de atletas profissionais a pessoas que precisam se reabilitar de uma lesão. É comum ver jogadores, como o atacante argentino Lionel Messi, se exercitarem com um elástico durante os treinos, fazerem agachamentos ou colocá-los na cintura para correr enquanto o treinador o segura por trás.

O produto é simples, mas versátil, sendo empregado em exercícios variados, com o objetivo de se tirar o máximo proveito, independentemente do nível de treinamento que você tenha. Por meio do uso dos elásticos, propõe-se uma prática intensa e eficaz.

“Cada músculo do corpo é trabalhado de forma localizada e em uma única sessão através de um processo de resistência gradual e progressiva a partir do próprio peso corporal”, diz o personal trainer argentino Francisco Piperatta.

Esse elemento elástico possui diferentes intensidades e espessuras: macio, intermediário e forte, o que lhe permite esticar mais ou menos, de acordo com a necessidade de esforço de cada pessoa, mas com a vantagem de que, ao não levantar carga extra, o corpo fica protegido de possíveis lesões.

Apesar dos benefícios, não requer muito conhecimento e não é difícil de usar: é colocado entre as extremidades, seja nas pernas, logo acima dos joelhos ou calcanhares, e nos braços, na altura dos pulsos ou acima dos cotovelos, e abre e fecha para os lados aplicando pressão.

“À medida que as faixas são esticadas, a tensão aumenta na área que está sendo exercitada”, diz a médica esportiva e membro do conselho de administração da Associação Argentina de Médicos do Esporte, Alejandra Hintze.

TODOS PODEM USAR

O item é considerado multidisciplinar, porque os tipos de usos que lhe são dados são os mais diversos. Nesse sentido, Hintze comenta que, por um lado, auxilia e facilita a prática de exercícios que envolvem o peso do corpo. Por outro, é um complemento para os treinos, pois pode aumentar sua dificuldade. Pode-se incluir o elástico em agachamentos, elevações pélvicas, polichinelos e pranchas.

“É gerado um treinamento conhecido como concêntrico e excêntrico, que é muito benéfico para o músculo, pois, ao abrir e fechar os braços ou pernas com o elástico, produzimos um efeito de relaxamento e contração que aumenta a força do músculo”, explica Hintze.

Graças a esses benefícios, o preparador físico Alejandro Mezzarapa reforça que as faixas são uma ótima opção para todas as idades. Além disso são aliadas para pessoas que estão perdendo músculo; para quem não tem tempo para ira uma aula de ginástica e quer treinar em casa, e para todos aqueles que estão deixando para trás o sedentarismo e iniciando atividade física.

Segundo Hintze, o sucesso dos elásticos começou durante a pandemia, como uma opção para todos que queriam continuar a treinar, mas não tinham os elementos necessários para se exercitar em casa. Anteriormente, seu uso era reservado a trabalhos de reabilitação e atletas de elite que precisavam manter e melhorar a força.

OS TRÊS EXERCÍCIOS ESSENCIAIS PARA FAZER COM OS ELÁSTICOS

Mezzarapa compartilha algumas atividades dinâmicas para fazer com os elásticos, na intensidade que cada um considerar adequada. Ele sugere fazer dez repetições por série durante três a cinco ciclos de exercícios, com uma pequena pausa de um a dois minutos.

DESLOCAMENTO LATERAL:

• Coloque a faixa apenas alguns centímetros acima dos joelhos;

• Fique na posição de agachamento e tome cuidado para que o joelho não ultrapasse a linha dos pés;

• Dê passos para a direita e depois para a esquerda.

ESTOCADAS:

• Coloque a faixa alguns centímetros acima dos joelhos;

• Fique em pé com os pés afastados na largura do quadril;

• Dê um passo à frente e dobre as pernas;

• Alterne.

OMBROS:

• Ponha a faixa no meio das mãos;

• Coloque os braços em forma de “V”, contraindo as escapulas;

• Abra o máximo possível e segure;

• Repita o movimento

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

MUDANÇAS NO CLIMA IMPACTAM SAÚDE MENTAL

Ondas de calor fazem crescer admissões em emergências por quadros psiquiátricos graves, enquanto temperaturas extremamente baixas parecem aumentar risco para o desenvolvimento de depressão

As alterações climáticas e as suas consequências nas nossas vidas ena sociedade voltaram a ser assunto com a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 27. O principal indicador dessas mudanças é o aumento das temperaturas médias nos últimos tempos, que é medido por eventos extremos que ocorrem ano a ano. Como consequência, a sociedade vivencia momentos de seca prolongadas, tempestades e ciclones, ondas de calor e frio.

Esses indicadores de mudanças climáticas afetam a saúde mental de forma duradoura, se estendendo para além de eventos específicos como os citados acima e podendo, eventualmente, alterar as dinâmicas que pensávamos controladas.

Um exemplo é o impacto do aumento das temperaturas e a frequência das ondas de calor que são constantemente discutidos em relação às colheitas, desempenho econômico, mercados internacionais e escassez de alimentos. Em termos de saúde, a maior preocupação é como as ondas de calor afetam os idosos e os que têm empregos vulneráveis. No entanto, é menos conhecido que as visitas a serviços de emergência por problemas de saúde mental aumentam quando as temperaturas sobem e o mesmo se aplica às admissões hospitalares de pacientes com diagnósticos psiquiátricos graves.

Não é necessário que as temperaturas atinjam limites extremos para que ocorram essas mudanças nas consultas e internações. A relação entre as altas temperaturas e o aumento das consultas de saúde mental é observada quando o calor ultrapassa os limites da região geográfica. Esse é um dado que causa preocupação porque, na lógica do aumento gradual das temperaturas médias em relação às mudanças climáticas, pode-se esperar um aumento progressivo das demandas de saúde mental nos próximos anos, à medida que as cidades se tornarem cada vez mais quentes.

Alguns estudos propõem que os níveis de umidade, e não apenas a temperatura, estão envolvidos na maneira como a saúde mental é afetada, uma vez que altos níveis de umidade parecem aumentar significativamente o impacto que as altas temperaturas têm na percepção de desconforto e estresse. Nos casos de pessoas que já possuem histórico de diagnóstico e tratamento de problemas de saúde mental, esses aumentos implicam em maior vulnerabilidade.

DEPRESSÃO

Um estudo feito em Taiwan examinou dados de registros de diagnóstico de depressão entre 2003 e 2013 em associação com dados meteorológicos, como temperatura, duração do dia e precipitação. O risco de ter um diagnóstico de depressão era menor entre as pessoas que viviam em regiões onde as temperaturas médias giravam em torno de 20-23ºC, enquanto o risco aumentou cerca de 7º à medida que a diferença de temperatura média entre as zonas aumentou 1º C. Esteestudo destaca outra consequência das alterações climáticas associadas às mudanças de temperatura: as pessoas que residem em áreas de frio extremo também apresentam malar risco de depressão. Nesse sentido, não apenas o aumento das temperaturas médias mas também as condições climáticas extremas parecem ser capazes de produzir alterações negativas na saúde mental das populações.

Osresultados de um estudo feito nos Estados Unidos mostraram que um aumento da temperatura de 25ºC para médias acima de 30ºC durante um período de um mês representou quase 2 milhões de pessoas a mais com a percepção de alteração mental.

Uma série de estudos realizados com dados históricos desde 1950 gerou grande polêmica ao apresentar a ideia de que as mudanças do clima em escala planetária estão diretamente relacionadas ao aumento do comportamento violento no mundo todo.

Literary Revelations

Independent Publisher of Poetry and Prose

Postcardsfromhobbsend

Film reviews as you know them only much....much worse

Mon site officiel / My official website

Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!

Yours Satirically

with no commitments and all excuses

Lire dit-elle

Vous devriez savoir que je laisse toujours mes yeux dans les arbres...Jusqu'à ce que mes seins s'ennuient...

Baydreamer ~ Lauren Scott

~ a thread of words from every stitch of life ~

FELICISSES

UM POUCO SOBRE LIVROS, FILMES, SÉRIES E ASSUNTOS ALEATÓRIOS

kampungmanisku

menjelajah dunia seni tanpa meninggalkan sains

Blog O Cristão Pentecostal

"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b

Agayana

Tek ve Yek

Envision Eden

All Things Are Possible Within The Light Of Love

4000 Wu Otto

Drink the fuel!

Ms. C. Loves

If music be the food of love, play on✨

troca de óleo automotivo do mané

Venda e prestação de serviço automotivo

darkblack78

Siyah neden gökkuşağında olmak istesin ki gece tamamıyla ona aittken 💫