OUTROS OLHARES

POUCOS CARREGADORES, VÁRIOS TIPOS DE CONEXÃO E POLÊMICAS SEM FIM

Apple vende celular sem acessório, mesmo após decisão judicial. Outras marcas adotam prática similar. No mundo, cresce pressão por padronização

Os carregadores dos smartphones vêm ganhando papel de destaque na hora da compra de um novo celular. Isso porque as duas principais marcas em atuação no mercado brasileiro, Apple e Samsung, estão vendendo seus modelos sem os chamados adaptadores de alimentação, em um movimento que já ocorreu com os fones de ouvido há alguns anos.

A palavra final, ao que tudo indica, caberá à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Enquanto analisa o caso, a venda sem carregador é permitida, afirma a agência reguladora.

O tema voltou ao centro do debate quando, às vésperas do lançamento do novo iPhone 14, a Justiça determinou que a Apple reembolse ou entregue o carregador a quem comprou o aparelho sem o acessório. A sentença estipulou ainda uma indenização de R$100 milhões a ser depositada em um fundo de direitos difusos.

APPLE BUSCA SOLUÇÃO

A Apple, no entanto, já recorreu da decisão, obtida pela ação civil pública impetrada pela Associação Brasileira dos Mutuários, Consumidores e Contribuintes. No entanto, se ao fim do processo for confirmada a sentença, todos os consumidores brasileiros poderão se beneficiar da decisão.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, também disse que poderia impor nova punição milionária à gigante americana por descumprir a suspensão de venda de aparelhos sem carregador, determinada em 6 de setembro. Revendedores da marca foram notificados sobre a possibilidade de multa. A Senacon já multou a Apple em R$ 12 milhões. O recurso interposto pela empresa suspendeu a punição, mas o mérito ainda está em análise no Ministério da Justiça.

Procurada, a Apple afirma, em nota, que “os modelos de iPhone vendidos no Brasil estão em conformidade com os regulamentos locais”. A gigante americana diz estar trabalhando com a Senacon em uma solução. Mas informa que já ganhou várias decisões judiciais no Brasil sobre esse assunto.

A empresa ressalta ainda sua preocupação ambiental, destacando que a retirada do carregador na venda de novos aparelhos reduz o uso de zinco e plástico e ajudou a empresa a diminuir a emissão de mais de 2 milhões de toneladas métricas de carbono.

O imbróglio enfrentado hoje pela Apple também atingiu a Samsung há alguns meses. A fabricante coreana, no entanto, firmou um acordo como Procon-SP. A Samsung explica que os compradores dos aparelhos Galaxy Z Flip3, Galaxy Z Fold3, famílias Galaxy S21 e Galaxy S22 5G podem solicitar o resgate de carregador gratuitamente pelo site, cadastrando a nota fiscal e o IMEI do produto. A empresa informou que os demais modelos da marca vêm com o carregador.

A polêmica dos carregadores não é uma exclusividade do Brasil. A chinesa Xiaomi, uma das maiores fabricantes de celulares do mundo, já vende diversos aparelhos das linhas Redmi e Mi sem o carregador na China e na Índia, o que tem gerado queixas de clientes e órgãos de defesa do consumidor desses países. No Brasil, por enquanto, a empresa ainda vende os aparelhos com o acessório.

“Há de fato uma preocupação com a agenda ambiental nas empresas, com a redução do lixo eletrônico, mas elas precisam trabalhar melhor essa imagem para não criar a sensação de que é apenas corte de custo”, avalia Ingrid Queiroz, sócia da área de telecom da PDk Advogados.

CONEXÕES DIFERENTES

O argumento usado pela Apple de que há “bilhões de adaptadores de energia USB-A já em uso em todo o mundo” que podem servir para carregar os aparelhos de seus clientes também cria controvérsia. Isto porque, ao longo do tempo, os fabricantes vêm investindo em diferentes tipos de conexão entre o carregador (adaptador de alimentação) e o cabo de carga.

Hoje, os principais padrões são o tradicional USB, USB-micro, USB-A, USB-C e o chamado Lightning.

Para a advogada Renata Abalém, diretora do Instituto de Defesa do Consumidor e do Contribuinte (IDC) e membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/SP, um ponto crítico da retirada do carregador é justamente que isso ocorre em um momento de mudança de padrões entre novas gerações de aparelhos:

“O aparelho vem sem o carregador, mas o que eu tenho em casa, do meu celular antigo, não encaixa. As empresas não fizeram ampla comunicação.

Além disso, a diferença de conexões entre as marcas dificulta que se use o carregador de um fabricante que não seja o do aparelho.

Especialistas explicam que as empresas têm estratégias diferentes. A Samsung migrou há alguns anos os padrões USB e Lightning para o USB-C. Já a Apple tem hoje os padrões USB-C e Lightning. A Motorola investe no USB-C. A Xiaomi tem os padrões USB-A e USB-C. Já a Realme tem USB-C e USB-micro.

Também smartphones, tablets, relógios e laptops têm diferentes conexões paa carregamento.

BRASIL ANALISA PADRÃO

Como forma de ajudar a reduzir o volume de lixo eletrônico, principal argumento dos fabricantes para retirar o carregador da caixa do celular, a União Europeia (UE) determinou, no início deste mês, a padronização da entrada USB-C para todos os aparelhos a partir de 2024.

Na última quarta-feira, a Apple anunciou que os próximo iPhones já virão com a porta USB-C, a mesma usada pela Samsung, em cumprimento à determinação do bloco.

“O avanço da tecnologia vai ser sempre com base em dois ou três padrões em separado. As empresas nunca chegam a um acordo. Isso faz parte do mundo da tecnologia, mas estamos caminhando para o padrão com USB-C”, afirma André Gildin, da RKKG Consultoria.

A padronização no Brasil também está em estudo. A Anatel realizou uma consulta pública sobreo tema e, agora, analisa as contribuições. A reguladora, no entanto, diz que ainda não há data para a conclusão desse estudo.

VEJA AS PRINCIPAIS DÚVIDAS

AS EMPRESAS PODEM VENDER APARELHOS SEM O CARREGADOR (ADAPTADOR DE ALIMENTAÇÃO)?

Sim. Hoje, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) libera a venda sem o carregador. Porém, o órgão regulador está analisando o tema, após pedido da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

QUANTO PODE CUSTAR UM CARREGADOR?

Os adaptadores de alimentação custam a partir de R$ 150 e podem chegar a R$ 500.

POSSO USAR QUALQUER CABO PARA CARREGAR O CELULAR?

Não. As marcas têm diferentes padrões de carregamento entre o aparelho celular e o carregador (adaptador de alimentação). Entre as conexões, há saídas como USB, USB-micro, USB-A, USB-C e Lightning.

A ANATEL HOMOLOGA TODOS OS CARREGADORES À VENDA NO BRASIL?

Sim. O carregador deve ter o selo da Anatel como número do certificado de homologação. A autenticidade pode ser verificada no site da agência (bit.ly/2kO3Mxm).

QUAIS OS RISCOS DE USAR UM CARREGADOR QUE NÃO CONTA COM O SELO DA ANATEL?

Há risco de queimar o smartphone e até de explosões por conta do superaquecimento do aparelho.

POSSO USAR CARREGADOR DE OUTRAS MARCAS MESMO CERTIFICADOS PELA ANATEL?

É possível utilizar carregadores e cabos de outras marcas certificados pela Anatel. No entanto, a recomendação é que se use carregador e cabo originais da marca do aparelho. Isso porque os fabricantes vêm investindo em carregadores que permitem completar a bateria em poucos minutos – o chamado carregamento super-rápido. Isso ocorre porque o processador do smartphone conta com uma arquitetura para receber a carga específica daqueles carregadores, garantindo máxima eficiência.

POSSO PERDER A GARANTIA DE FÁBRICA SE NÃO USAR O CARREGADOR ORIGINAL?

Sim. De acordo com advogados, caso o celular sofra avarias pelo uso de um carregador não original, a empresa pode alegar mau uso e cancelar a garantia.

CADA MARCA TEM UM TIPO DE CONECTOR PARA CARREGAMENTO. HÁ DISCUSSÃO DE PADRONIZAÇÃO?

A União Europeia determinou o conector USB-C como padrão para carregamento de aparelhos a partir de 2024. No Brasil, houve uma consulta pública, mas as contribuições ainda estão em análise.

JÁ POSSO ME BENEFICIAR DA DECISÃO JUDICIAL QUE GARANTE O CARREGADOR A CLIENTES DA APPLE?

A Apple recorreu da decisão liminar obtida pela ação civil pública, impetrada pela Associação Brasileira dos Mutuários, Consumidores e Contribuintes, que garante o reembolso ou entrega do carregador. Todos os consumidores brasileiros poderão se beneficiar da sentença, mas só se ela for confirmada ao fim do processo. Para tanto, é preciso ter a nota fiscal do aparelho e do carregador, caso tenha sido comprado separadamente.

A QUEM POSSO RECLAMARA FALTA DO CARREGADOR?

No caso da Samsung, pode-se requerer o carregador pelo site da empresa, que se compromete com o envio sem custo em até 30 dias. Quem não conseguir obter o carregador, independentemente da marca, pode registrar queixa no Procon ou pelo portal de intermediação de conflito da Senacon, o Consumidor.gov.br.

GESTÃO E CARREIRA

PARA RETER TALENTOS, EMPRESAS SE PROPÕEM A REALIZAR SONHOS DOS FUNCIONÁRIOS

Companhias fazem entrevistas periódicas para conhecer os maiores desejos de seus trabalhadores e tentar realizá-los

Quando era estagiário, Tercio Farias aplacou o sonho de um colega de trabalho sem querer. “Aquilo me arrasou”, conta. O episódio, no entanto, plantou a semente daquilo que viria a ser o propósito da Villa Camarão: um meio para transformar vidas e realizar sonhos. Hoje, CEO da companhia, o empresário contribui para tornar realidade alguns desejos dos funcionários, promovendo conexão e engajamento.

De forma estratégica, ele entende que perguntar o sonho de cada empregado ajuda no autoconhecimento da pessoa e faz a empresa compreender seu papel na oferta de desenvolvimento profissional.

O engajamento promovido traz benefícios e, consequentemente, leva à satisfação dos clientes. “O time vai se preocupar com o resultado do cliente, vai cuidar, entender como vender mais”, diz Farias. “Se o cliente tem um bom produto, vai comprar mais vezes.”

Práticas como essas de humanização no trabalho geram satisfação e fazem parte das políticas de empresas reconhecidas no Prêmio Gupy Destaca. A premiação acaba de divulgar as 100 companhias com os RHs mais inspiradores do Brasil, entre elas a Copastur, que figura no ranking pelo segundo ano consecutivo.

Na empresa de viagens e turismo, o time de pessoas e cultura também pergunta aos funcionários três sonhos, além do chocolate e de uma comida preferida. As respostas são usadas para ações especiais, como no anúncio de uma promoção. Fernanda Souza, por exemplo, era recepcionista e tinha o sonho de viajar de avião pela primeira vez. Quando foi promovida, teve a surpresa de ver a mãe e a filha na companhia para lhe entregar uma caixa com o chocolate favorito dela, fotos de pessoas queridas e uma passagem aérea.

“Não imaginei que teria um dos sonhos realizado. Ver minha família aqui fez toda diferença”, diz ela, que se sente mais valorizada, autoconfiante e orgulhosa de si. Fernanda estava há um ano na Copastur e afirma que esse reconhecimento é estimulante. “Venho me desenvolvendo mais a cada dia, já tive mais duas promoções. Dou meu melhor para estar sempre conquistando o que almejo e agora olho o futuro de forma diferente.”

A supervisora de pessoas e cultura na Copastur, Areli Petta, diz que a iniciativa está conectada ao propósito da empresa. “Entendemos que precisávamos anunciar a promoção de forma mais humanizada e tocar mais o funcionário”, comenta. “Envolver o familiar, seja por vídeo, pessoalmente, por carta ou fotos, e estar próximo do colaborador facilita a gente entender a história dele, do que ele gosta.”

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

Pesquisa da Gupy, em parceria com a Ideafix, mostrou que 40% dos 1 mil RHs entrevistados estão investindo em humanização de processos. Porém, só 14% dizem ter práticas personalizadas para gestão de pessoas. O diretor de recursos humanos, Gianpiero Sperati, diz que os dados refletem o aprendizado das empresas de como equilibrar o “fazer humanizado” com uso da tecnologia.

“São algumas fases pelas quais o RH passa.” Alguns anos atrás, diz ele, era tudo feito por pessoas. “No modelo de tecnologia, tudo é feito de forma massificada. Agora estamos entrando na fase 3.0, usando tecnologia personalizada.” Como não há consenso sobre o que é humanização no trabalho, as ações são intuitivas. Ele diz que a prática passa por olhar cada um mais como pessoa, e menos como funcionário ou número na estrutura empresarial. “É preciso entender que as pessoas têm ciclos e momentos diferentes, que existe curva de adaptação e aprendizagem que traz olhar humano para o trabalho.”

Na Betterfly, plataforma que estimula hábitos saudáveis, o propósito também é levado para dentro da empresa. Entre os valores da companhia, um deles é o sonhar grande, que se materializa com o programa Dreams Come True. Todo ano, três funcionários são sorteados para terem um sonho realizado. Outra iniciativa é o Sports Buddy, que incentiva a prática de atividade física e tem um teto de custo para apoiar jornadas.

Quem deseja correr uma maratona ou participar de um concurso de dança, por exemplo, pode receber suporte financeiro e treinamento com profissionais da modalidade. Jin Klaus Terada, gestor de contas da empresa, foi um dos beneficiados. Adepto às aventuras na natureza, ele uniu o bem-estar à realização de um sonho: escalar o Nevado Sajama, o monte mais alto da Bolívia. A viagem foi custeada pela companhia.

A chefe de pessoas e cultura da Betterfly Brasil, Virginia Vairo, diz que, para construir a cultura humanizada, a empresa realiza ações mensais com funcionários. Há desde formação de líderes, grupos de conversa e projetos de voluntariado.

BENEFÍCIOS

Para Ingrid Rapold, chefe de pessoas da Villa Camarão, a estratégia focada nos sonhos é uma forma de reter talentos. “As pessoas estão pedindo demissão porque o trabalho não faz mais sentido. Não olhar para isso é estar por fora do que está acontecendo no mercado. A pessoa não está buscando única e exclusivamente uma remuneração.”

Ela cita o exemplo de um funcionário que entrou na companhia como vendedor e desejava comprar uma casa para a avó. A empresa não deu o imóvel, mas contribuiu para a viabilidade dele. Com um plano e desempenho, o profissional evoluiu e se tornou sócio, tendo realizado o que almejava.

Areli Petta, da Copastur, afirma que proporcionar experiências únicas em momentos que a pessoa não espera é um diferencial. Na Betterfly, o retorno é visto na qualidade das relações e nas pesquisas semanais acerca de ações realizadas. “Numa escala de 1 a 5, nossa meta é 4 e temos ficado sempre acima. Ouvimos muito as pessoas”, diz Virginia.

EU ACHO …

GENTE QUE OSCILA

O fleumático é uma linha reta; o ciclotímico, uma montanha-russa.

Os ingleses valorizam o termo fleumático. A palavra descreve alguém sem grandes oscilações emocionais, um pouco indiferente às adversidades cotidianas. Existe até uma expressão para falar de alguém com quem se pode contar em qualquer temperatura: “a man for all seasons”, ideia aplicada em peça e filme ao filósofo Thomas Morus.

Médicos antigos descreviam o temperamento baseados na teoria dos quatro humores básicos do corpo. Os humanos com mais fleuma seriam calmos, um pouco lerdos, imperturbáveis. Os tipos opostos seriam os sanguíneos e os coléricos. Para a cultura tradicional de um bretão, ser fleumático é uma virtude moral. Os hooligans, em eventos esportivos, mostram que ser tranquilo é um ideal cultural, mais do que uma realidade absoluta.

A cultura brasileira comporta maior tolerância com oscilações. Uma pessoa diz que viria a minha casa e manda mensagem dizendo que, “devido à chuva”, mudou de ideia. Não havia cláusula pluviométrica no nosso combinado, todavia aceitamos que alguém possa “descombinar” o acertado – sem dramas profundos. Não sei qual líquido específico confere personalidade ao sistema circulatório brasileiro, apenas entendo que aceitamos muito a oscilação.

Há palavras que possuem data de nascimento no meu cérebro. Lembro-me de, em um e-mail, quando trabalhava para um banqueiro, ler o termo ciclotímico pela primeira vez. Não era uma análise psiquiátrica ou descrição de um distúrbio. Era apenas a advertência sobre uma personagem importante que eu iria encontrar.

O dono do banco me advertia: “Ele é ciclotímico”. Procurei no dicionário e fui ao encontro. O fleumático é uma linha reta; o ciclotímico, uma montanha-russa. De novo: não estou usando o termo no seu conteúdo técnico de algum tipo de bipolaridade. O indivíduo assim descrito era aquele que dava “ok!” para tudo que era dito na reunião e, no dia seguinte, dizia que tinha mudado de ideia. Não era um candidato à ajuda profissional. Era um… brasileiro.

Vou defender os que oscilam. Quando vemos os planos de outra pessoa, suas ideias, disposições e propósitos, podemos aderir com certo entusiasmo. Depois, sozinhos, pesamos os argumentos ouvidos. Encontramos falhas na ideia. Surge um “cansaço prévio” para nossa cota de esforço. Usando a linguagem de Hamlet, “a consciência nos torna covardes”. Não ficamos mais fracos, apenas, talvez, mais prudentes.

Claro: o ideal no campo do trabalho e na vida pessoal é pesar tudo isso quando apresentado. Seria útil ouvir os argumentos sem fechar o negócio, sem aceitar a viagem familiar, sem entregar o valor pedido na emotividade instantânea da demanda apresentada.

Deveríamos incorporar o hábito de ouvir convites, sorrir e dizer que consideraremos com o máximo de atenção e daremos a resposta em pouco tempo. Se for pesado o protelamento, basta culpar terceiros: “Preciso perguntar à minha esposa, preciso consultar meu gerente de investimentos, terei de ver com o departamento X… etcétera, etc.” Um sim imediato tem alguma chance de ser precipitado e, tendo de voltar atrás, mesmo no Brasil, ficarei com a fama de ciclotímico ou “enrolado”.

Não somos ingleses. Temos uma quase solene indiferença ao horário. Nosso humor oscila mais aqui nos trópicos do que no aprazível vilarejo de Bourton-on-the-Water. Lá, a última grande angústia deve ter sido a chance de os bombardeios alemães atingirem a região de Cotswolds em 1940…

Aqui em São Paulo ou no Recife, a natureza, os criminosos, o governo e outros fatores fazem a fleuma ferver com maior facilidade. Uma partida de críquete favorece gente calma…

Quando eu digo que estarei em uma festa de casamento daqui a dois meses, estou estabelecendo um compromisso formal que ignora toda e qualquer mudança nos próximos sessenta dias. O aceite seguido do futuro é taxativo: “Sim,  eu irei!” O futuro é estranho ao comum da nossa fala. Preferimos o gerúndio ou algum termo que implique a possibilidade de mudança. “Eu vou ver se dá” é muito Brasil. “Se eu puder, eu ligo para você no dia.” São frases que podem ser traduzidas para o inglês ou alemão, todavia jamais serão compreendidas. Nossos termos garantem tal chance de revogação do contrato que fazem a glória de quem deixa para decidir segundo o clima do dia do evento e a morte de quem necessita planejar algo.

A questão com a qual encerro é mais subjetiva e está além das Ilhas Britânicas ou do nosso país. As culturas apresentam oscilações de práticas, e as linguagens registram as variáveis. Porém, em qualquer língua, se alguém disse que “vai ver se dá”, diante de um convite seu, é óbvio que a pessoa está esperando algo melhor para realizar até lá.

Quase sempre, mesmo levando em conta os humores de Hipócrates, há uma chance de você ser opção e não prioridade. A amizade é uma esperança que não oscila.

LEANDRO KARNAL – É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de ‘A Coragem da Esperança’, entre outros

ESTAR BEM

BIOESTIMULADORES DE COLÁGENO SÃO USADOS NO CORPO CONTRA FLACIDEZ

Produtos deixam a pele mais firme e podem dar volume e projeção, mas não substituem os exercícios físicos

Utilizados há mais de uma década para firmar a pele e promover um efeito lifting no rosto e no pescoço, os bioestimuladores de colágeno começam a ser injetados em pontos estratégicos do corpo para reduzir a flacidez. Empinar o bumbum e enrijecer áreas como barriga e coxas são algumas das promessas. As substâncias têm diferentes nomes comerciais e são derivadas de componentes como ácido polilático (Sculptra) e hidroxiapatita de cálcio (Radiesse).

“Os bioestimuladores atuam na derme, e não no músculo. Eles tornam mais firme aquela pele que continua flácida mesmo com musculação, mas não substituem os exercícios físicos”, afirma Herbeth Sobral, dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) que atende na Clínica Mais, em São Paulo.

O colágeno é uma proteína produzida naturalmente pelo corpo humano. Entre suas funções estão a sustentação e a firmeza da pele. Como a produção diminui a partir dos 25 anos, os tecidos vão se tornando mais flácidos.

Para frear essa ação, os médicos utilizam bioestimuladores em regiões que evidenciam a ação do tempo: no abdômen, para corrigir o chamado “umbigo triste”; na parte interna das coxas e dos braços; e no dorso das mãos, onde a pele é muito fina e enruga mais rapidamente.

Nas nádegas, os bioestimuladores funcionam como curinga. Dependendo da técnica, o tratamento pode dar projeção, volume e até melhorar o aspecto da celulite.

“Nós aplicamos em pontos específicos, onde a produção de colágeno será maior. Isso cria vetores de força na pele e, assim, conseguimos o resultado desejado”, diz Sobral. Uma das pacientes mais famosas de Sobral e adepta do procedimento é a cantora Anitta, 29.

“Ela emagreceu bastante, isso gerou um pouco de flacidez, que foi tratada com bioestimulador. Também conseguimos dar uma empinada e melhorar a celulite”, conta.

Outra celebridade que faz tratamento com bioestimulador de colágeno é a apresentadora Sabrina Sato, 41.

O objetivo dela, que tem pouca flacidez, era desacelerar o processo de envelhecimento, dar projeção e volume no bumbum, diz o dermatologista Alberto Cordeiro, que cuida de Sabrina há 4 anos.

“Para conseguir esse efeito, a gente optou por usar uma concentração um pouco maior de produto e uma marcação que favorecesse o empinamento”, relata.

À reportagem, Sabrina diz que começou a fazer o procedimento após o nascimento da filha Zoe, de 3 anos.

“Depois da minha gestação, eu ia desfilar como rainha de escola de samba e, então, o doutor Alberto indicou o bioestimulador de colágeno para deixar a pele mais firme, dar um aspecto de ‘cola’ na barriga. Depois disso, já usei na mão, no pescoço… Eu brinco que tomo banho de Sculptra.” Cordeiro aponta que os resultados ficam evidentes um mês após a aplicação – é preciso esperar um tempo para o produto sintetizar o colágeno – e duram até dois anos. “A bioestimulação gera um pico de produção de colágeno e depois começa a cair. Para manter o resultado, eu proponho que a manutenção seja feita a cada um ano ou um ano e meio, mas isso vai depender da avaliação médica e de cada paciente”, afirma.

O dermatologista conta que atletas de alta performance e pessoas que fizeram cirurgia bariátrica são pacientes que se beneficiam do tratamento.

“No caso daqueles que fizeram bariátrica, perderam peso e ficaram com muita pele sobrando, às vezes é necessário passar por uma cirurgia plástica antes”, pontua. “Mas depois, ou mesmo durante a cirurgia, é recomendado aplicar o bioestimulador para os tecidos ficarem mais firmes.”

Já atletas com pouca gordura corporal podem ter um aspecto de pele flácida. “Com os bioestimuladores, conseguimos devolver a firmeza. Quando precisamos de mais volume, podemos associar o tratamento a preenchimentos de ácido hialurônico.”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

POR QUE NOS APEGAMOS A UM EMPREGO OU UM AMOR MESMO QUANDO O ERRO ESTÁ CLARO?

“Sou uma lutadora e não desisto”, disse Liz Truss, um dia antes de desistir e  renunciar ao posto de primeira-ministra do Reino Unido. Ela estava citando palavras do parlamentar Peter Mandelson, mais de duas décadas atrás, embora Mandelson tenha tido o bom senso de fazer essa declaração depois de vencer uma luta política, não em meio a uma derrota.

É curioso, porém. Ser um “lutador” não é inteiramente um elogio. Em certas circunstâncias, essa qualidade é apreciada, mas não é uma palavra que eu usaria em meu currículo ou em meu perfil do Tinder.

Já sobre o termo “desistir”, não há muita dúvida. É um insulto. Isso é estranho, porque não só há briga demais no mundo como também as pessoas nem de longe desistem tanto quanto deveriam. Somos teimosos demais, e nos apegamos a uma ideia, um emprego ou um parceiro romântico mesmo quando se torna claro que cometemos um erro.

Há poucas ilustrações melhores disso que a popularidade viral do “quiet quitting”, prática que leva jovens exaustos a se recusar a trabalhar fora do horário contratado ou a assumir responsabilidades que vão além de suas funções.

É um termo mais poético do que ser “folgado”, que é a maneira como nós, da geração X, teríamos descrito o mesmo comportamento há 25 anos. É também uma resposta compreensível ao excesso de trabalho e à remuneração insuficiente. Mas, se você estiver com excesso de trabalho e ganhar mal, a melhor resposta, na maioria dos casos, não seria o “quiet quitting”; seria simplesmente pedir demissão.  

Não digo isso para criticar a geração Z. Lembro-me de me sentir péssimo em meu trabalho, quando tinha 20 e poucos anos, e também me lembro da pressão social que havia para que eu criasse um currículo ordenado. Um currículo desordenado tem seus custos, é claro. Mas, se você é um jovem que acaba de se formar, passar dois anos de sua vida em um emprego que odeia, enquanto acumula habilidades, experiência e contatos em um setor no qual não planeja continuar, também tem seu custo. A maioria das pessoas me alertava sobre os custos de deixar o emprego; só os mais sábios me alertaram sobre os custos de não deixar um emprego.

Aquilo de que você desiste abre espaço para que tente algo de novo. Tudo a que você diz “não” é uma oportunidade de dizer “sim” a algo mais. Em seu novo livro, “Quit”, Annie Duke argumenta que, quando estamos ponderando se devemos ou não desistir, nossos vieses cognitivos tendem a adulterar a balança em favor da persistência. E a persistência é superestimada. O que são esses vieses cognitivos que nos empurram para a persistência quando deveríamos desistir?

Um deles é o efeito do custo irrecuperável, sob o qual tratamos os custos passados como um motivo para manter um determinado rumo.

Se você está em seu shopping favorito, mas não consegue encontrar nada que queira comprar, o tempo e dinheiro gastos no percurso até ali não deveriam pesar em seus cálculos. Mas não é o que acontece. Nós nos colocamos sob pressão para justificar o esforço que já fizemos indo até o shopping, mesmo que isso venha a significar um desperdício ainda maior. A mesma tendência se aplica a muita coisa, de relacionamentos a projetos multibilionários. Em vez de cortar o prejuízo, preferimos continuar a gastar para tentar recuperar o que perdemos.

O “viés de status quo” também tende a nos empurrar para a perseverança quando deveríamos desistir. Destacado em estudo de 1988 dos economistas William Samuelson e Richard Zeckhauser, o “viés de status quo” é a tendência de reafirmar decisões anteriores e se apegar ao caminho existente, em lugar de fazer a escolha ativa de tentar algo diferente. Há alguns anos, Steve Levitt, um dos autores de “Freakonomics”, criou um site no qual pessoas que precisavam tomar decisões difíceis podiam registrar seu dilema, jogar um cara ou coroa para ajudá-las a escolher e, mais tarde, retornar para dizer o que haviam feito e como se sentiam. Eram decisões muitas vezes pesadas, como deixar um emprego ou terminar um relacionamento. Ele concluiu que quem decidiu fazer uma grande mudança – ou seja, quem desistiu— estava significativamente mais feliz, seis meses depois, do que quem decidiu não mudar—ou seja, o lutador.

A conclusão: se você chegou ao ponto de recorrer a um cara ou coroa para ajudá-lo a decidir se deve ou não desistir de alguma coisa, já deveria ter desistido há algum tempo. “Melhor desistir do que lutar.” Não é um grande slogan político. Mas, como orientação para a vida, já vi piores.

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