OUTROS OLHARES

COM CRISE, CRESCE VENDA DE SABONETE JUMBO E ‘BARRINHA’

Preço do produto dispara 21% em um ano. Marcas apostam em embalagens econômicas ou tamanho família

No pós-pandemia de inflação alta e aperto no bolso, o brasileiro vem fazendo novas escolhas na hora de tomar banho. Para economizar, opta por sabonetes em barra pequeninos ou tamanho família, buscando ainda embalagens promocionais.

O preço médio do produto, por unidade, subiu 20,5% no segundo trimestre, na comparação com abril a junho de 2021. Ante igual período de 2020, a alta alcança 31,6%, segundo dados da consultoria Kantar.

Nos 12 meses encerrados em junho, o mercado de sabonetes em barra cresceu 17%, comparado a igual período do ano anterior. As mudanças no comportamento do consumidor são visíveis ao observar os dados recortados. O segmento tem cinco faixas de sabonetes delimitadas pelo peso do produto. Entre elas, a de sabonetes de menor tamanho, até 89 gramas, registrou um salto de 30%, abocanhando mais da metade (55%) do mercado total de sabonetes em barra em valor.

Na outra ponta, crescem com fôlego as duas faixas de barras mais pesadas, a partir de 101g e com mais de 130g, com alta de 22%. As duas faixas intermediárias – de 90g e de 91g a 100g, as mais tradicionais de mercado – registraram retração.

“Esse movimento pode ser indicativo de menor renda por parte do consumidor, que vem valorizando ou compras pontuais e economia no uso de produto, o que impulsiona barras de menor gramatura, ou a compra de tamanhos maiores, que normalmente são packs, seja por um menor preço por unidade ou por estar comprando em canais de compra que favorecem esse consumo em pacote, como atacarejos”, explica Ricardo Sfeir, executivo de Contas Kantar, divisão Worldpanel. O sabonete líquido também vem ganhando representatividade no mercado desde o início da pandemia, segundo a Kantar, sobretudo em embalagens maiores, incluindo as de refil.

A indústria está atenta a esses movimentos. A Ypê, mais conhecida por sua atuação em produtos de limpeza, está renovando e ampliando sua linha de cuidados pessoais. Salta de dez para 32 produtos sob a marca Flor de Ypê, entre sabonetes em barras de 85g a 125g, líquido, antibacteriano e vegetal, incluindo uma linha, a Siene, de preço mais acessível.

CHUVEIRADA SEM SABÃO

O preço é chave quando o assunto é banho. Dados do Painel de Uso Cuidados Pessoais da divisão Worldpanel da Kantar mostram que 68% dos brasileiros tomam dois banhos por dia, em média. De abril a junho deste ano, subiram em 9% as ocasiões em que o consumidor dispensa o sabonete em um dos banhos do dia, comparando a igual trimestre de 2018.

“A inflação pesou muito e fez as pessoas mudarem hábitos. Criamos uma linha de produtos para cada categoria. O foco está sempre em acessibilidade e custo/ benefício em todas as faixas de preço. Oferecemos desde a linha Siene, com preços a partir de R$1 a R$1,20 por barra, até produtos vegetais, com óleos essenciais e outros elementos especiais, a menos de R$ 4 – conta Gilson Mazetto, vice-presidente de Comercial e Marketing da Ypê.

A Siene era uma linha distribuída de forma mais restrita no Nordeste e agora vai crescer ao mercado nacional, pela oportunidade de entrada junto ao consumidor de baixa renda. Entre as opções Flor de Ypê em barra, há sete diferentes fragrâncias, incluindo embalagens tamanho família, com sabonetes de 125g. Mazetto explica que esta opção sai a menos de R$ 3.

A novidade da Ypê inclui ainda opções Vegetal, de olho na demanda do consumidor por produtos mais sustentáveis. O Hipoalergênico tem quatro fragrâncias em uma barra 100% biodegradável e vendida em embalagem de papel reciclável. Além da linha Meu Momento, com óleos essenciais e tecnologia de bem-estar, diz o executivo. O de lavanda, por exemplo, promete efeito relaxante. Já a linha Action, antibacteriana, renovou embalagens e ganhou novos itens, como álcool gel.

O lançamento é resultado e um ano e meio de trabalho. E integra aposta de peso da Ypê na expansão em cuidados pessoais. A empresa está construindo uma segunda fábrica e centro de distribuição em Itapissuma, no estado de Pernambuco. A unidade vai reforçar a operação no Nordeste – a outra fábrica fica em Simões Filho, na Bahia -, cobrindo os mercados do estado em que estará localizada, além de Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Pará.

BARRA DE 200 GRAMAS

A Colgate-Palmolive também lançou um sabonete em barra Palmolive de 200g, que oferece melhor custo/benefício que a versão de 85g. Pela marca Protex, a opção foi pelo pacote com quatro sabonetes em barra de 150g cada, sempre com foco em redução de preço para o consumidor.

A empresa soma cerca de 160 sabonetes, entre as opções em barra e líquido. Ao todo, foram lançados 21 produtos só este ano.

“Desde a pandemia, a oferta de produtos que promovem a eliminação de bactérias cresceu muito. Por outro lado, a “volta ao lar” fez as pessoas desenvolverem rotinas de autocuidado e consumirem produtos que não só limpam, mas também dão um prazer mais sensorial. É o caso dos sabonetes líquidos para o corpo”, diz Katia Ambrósio, diretora de Marketing das marcas de cuidados pessoais da Colgate-Palmolive Brasil.

No front de sustentabilidade, a Protex Baby conta desde junho com uma linha de produtos glicerinados, com embalagem reciclada e ingredientes 98% naturais, incluindo fragrância biodegradável.

A Nivea fez dois lançamentos de destaque este ano. Um deles é o Nivea Antibacteriano, nos formatos barra e líquido, que elimina bactérias enquanto limpa, cuida e protege a pele. Outro foi a linha Natural & Essencial, nas fragrâncias Hibisco e Aloe Vera. Neste caso, os ingredientes também são 99% naturais.

A multinacional alemã frisa que a pandemia impulsionou o interesse por produtos de higiene básica como o sabonete. A demanda pelo produto em tamanho família e em embalagens promocionais “cresce aceleradamente”, afirma Vanessa Verea, grouper de Marketing Personal Care da empresa no país.

“Esses formatos já eram importantes para a dinâmica da categoria e ganharam ainda mais força no último ano. A Nivea já trabalha com packs promocionais e também com formatos maiores (125g) para os sabonetes em barra mais vendidos do portfólio. Lançou ainda o pack promocional de sabonete íntimo”, diz ela, frisando que a marca busca atender diferentes bolsos, oferecendo diversos formatos de produto.

GESTÃO E CARREIRA

CONHEÇA FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS PARA SE SAIR MELHOR NA BLACK FRIDAY

Especialistas recomendam testes de navegação, campanha antecipada e cadastro de clientes

Vender bem e aproveitar a Black Friday dependem de mais fatores do que apenas ter o menor preço. Conhecer e usar corretamente uma série de ferramentas tecnológicas pode fazer a diferença no evento, que será realizado no dia 25 de novembro. Esses serviços aumentam as chances de o cliente ver a oferta, navegar pelo site sem dificuldades, fechar a compra rapidamente e ser bem atendido caso aconteça algum problema.

Felipe Gomes, sócio da Corebiz, empresa especializada na implantação de lojas virtuais, recomenda que o trabalho comece com uma análise da audiência do site da companhia e do comportamento do cliente para orientar a estratégia. Ele também sugere uma análise de como eles estão navegando no site para ajustar eventuais problemas. É recomendável usar ferramentas que mostram de onde o cliente vem, o que está procurando e quais as dificuldades que ele tem encontrado em sua navegação.

Para Eder Max, consultor do Sebrae-SP, um grande desafio na Black Friday é atrair consumidores para a loja. O especialista sugere que as empresas comecem a fazer campanha para chamar a atenção dos consumidores com antecedência, usando principalmente anúncios no Google e nas redes sociais e oferecendo descontos progressivos, que vão ficando maiores conforme o evento se aproxima.

Depois de já terem sido vistas, as empresas podem usar o remarketing, mostrando suas propagandas para pessoas que já visitaram a loja ou buscaram itens semelhantes aos que oferecem.

“Dificilmente as pessoas compram em uma loja na primeira vez em que entram. É preciso fazê-las conhecer e confiar antes da Black Friday”, afirma o consultor.

A empresa Skymachine, de São Paulo, investiu em tecnologia para lidar bem com a alta demanda no dia do evento. Proprietária da companhia, que fornece máquinas e equipamentos para assistências técnicas de celulares, Michelle Menhem conta ter desenvolvido na própria empresa um software que controla o estoque e encerra a promoção quando ele está baixo. O objetivo é não frustrar clientes com a demora na entrega por falta de produto.

A empresa também adotou a plataforma Octadesk para gerenciar mensagens recebidas via WhatsApp.

Uma das funções do serviço é separar automaticamente os clientes que procuram a empresa de acordo com o tipo de entrega que contrataram. Ela pode ser por motoboy, via Correios ou por ônibus, aproveitando os veículos que vêm para a região do Brás, na área central da capital paulista.

“Não podemos deixar o cliente aguardando atendimento, ou corremos muito risco de ele desistir da compra”, diz Menhem.

Para o grupo Leonora, que atua em frentes como distribuição e varejo online de itens de papelaria, a Black Friday é oportunidade de aumentar as vendas e também de ampliar o cadastro de clientes que farão compras ao longo do próximo ano.

Tulio da Rocha, presidente do grupo, afirma usar serviço da RD e Dito para manter cadastro de empresas e consumidores finais que se relacionaram com suas marcas durante o evento.

Esses serviços permitem categorizar executivos de outras empresas e consumidores segundo o poder de decisão em suas companhias ou as compras que já fizeram. Assim, esses sistemas ajudam na hora de decidir a quem fazer novas ofertas.

“Muita gente passa a conhecer nossas marcas na Black Friday e temos a oportunidade de ter novas compras com esses clientes ao longo do ano inteiro”, afirma Rocha.

FERRAMENTAS PARA A BLACK FRIDAY

PREPARAÇÃO

Felipe Gomes, sócio da Corebiz, indica serviços como Google Analytics e Adobe Analytics para ajudar na hora de montar a estratégia da empresa. Eles permitem identificar produtos mais buscados no site e por quais canais consumidores chegam até eles

TESTE

É possível experimentar mudanças com apenas uma parte dos consumidores e avaliar os resultados – se geram mais vendas ou cliques em algum item, por exemplo. Use serviços como Google Optimize para isso

RASTROS

Felipe Gomes também indica ferramentas que permitem ver mapas mostrando locais do site que mais apareceram na tela dos clientes e até acompanhar passo a passo a visita de cada um deles. Entre as mais usadas estão Hotjar, Crazy Egg e Microsoft Clarity. Com isso, é possível entender em qual momento consumidores desistem da compra e fazer ajustes a partir disso

ANÚNCIO

Divulgações no Google e nas redes sociais são consideradas itens básicos para fazer o cliente ver suas promoções

COMUNICAÇÃO DIRETA

O e-mail permite um contato com o cliente gastando pouco e, dependendo da plataforma adotada, oferece segmentação para diferentes tipos de consumidor, diz Jonatas Abbott, presidente da Dinamize Academy, de marketing digital. Com moderação e para clientes selecionados, o WhatsApp também pode ser uma ferramenta útil

PERSONALIZAÇÃO

Algumas plataformas para criação de sites, especialmente as voltadas para empresas maiores, permitem mostrar diferentes tipos de produto de acordo com perfil do consumidor e os itens que ele já comprou ou costuma olhar na internet

PREÇOS

Serviços como o da Precifica permitem a empresas de médio e grande portes automatizar os ajustes de preço levando em conta fatores como concorrência, volume de estoque e velocidade com a qual as vendas estão sendo feitas

CADASTRO

A Black Friday é oportunidade de iniciar relacionamento com clientes que poderão voltar a comprar no ano inteiro. Avalie ter uma plataforma de CRM para registrar e segmentar as informações deles. Atenção às regras de proteção de dados da lei brasileira

SEGURANÇA

O consultor Gastão Mattos, da Gmattos, recomenda que as empresas se protejam contra fraudes no pagamento usando serviços como ClearSale e Konduto, que adotam inteligência artificial para identificar prováveis fraudes

ESTOQUE

O consultor do Sebrae-SP Eder Max recomenda o uso de ferramentas que controlem o estoque e impeçam a venda quando ele acabar ou enviem alerta para o empresário reavaliar os preços caso os produtos estejam sendo vendidos muito rapidamente

ROBÔ

Evandro Polli, da Tray, sugere o uso de chatbots para ajudar no atendimento aos clientes no dia da Black Friday se houver previsão de que a quantidade de contatos será muito maior do que o normal. O robô também pode enviar mensagens para clientes que pararam a compra no meio e tentar resgatar a venda

EU ACHO …

ENTUSIASMO REQUER TALENTO E A FORÇA QUE VEM DE DENTRO!

“Não basta saber, é preciso também aplicar; não basta querer, é preciso também fazer.” (Goethe, Máximas e reflexões)

Entusiasmo é uma força mobilizadora, mas não a única na qual devemos nos basear. O impulso inicial é importante por nos tirar da inércia, mas uma caminhada não se restringe aos primeiros passos. Muitas empreitadas tornam-se malsucedidas em decorrência de avaliações equivocadas, que podem superdimensionar os pontos fortes ou minimizar ou desconsiderar os pontos fracos – ou ainda não analisar de forma abrangente os dados de realidade.

Todos os avanços, todas as conquistas, todos os grandes feitos da história da humanidade nascem da esperança de alcançar uma condição melhor do que aquela em que se está. Ter entusiasmo para buscar esse patamar superior é outro fator importante. A coragem para buscar o que se ambiciona está no cerne de todas as mudanças. Esperança, entusiasmo, coragem, todos esses elementos, no entanto, não podem ser alimentados por uma mera disposição eufórica.

Nos filmes antigos sobre o Império Romano, havia as cenas de combate em alto-mar. Nas galés ficavam os remadores e havia um tripulante que, ao bater em um tambor, ditava o ritmo das remadas. Na hora da batalha, à medida que ele batia mais rápido, os remadores tinham de fazer mais força. Mas para que a embarcação ganhasse a velocidade desejada, era preciso que realmente houvesse força. Se os remadores fossem fracos, de nada adiantaria o ritmista bater mais forte. Apenas faria mais barulho, sem gerar a energia necessária. Quais são as forças de que eu realmente disponho? Essa é uma questão decisiva.

O escritor gaúcho Apparício Torelly, excepcional frasista que ficou conhecido como Barão de Itararé (1895-1971), dizia: “Tem gente que é como tambor, faz muito barulho, mas é vazio por dentro”. Essa máxima nos ajuda a refletir que força de vontade não é garantia da energia.

“Ah, mas eu quero muito! Tenho paixão por essa atividade.” Ótimo, então, prepare-se. Fazer o que se gosta é importante. Há pessoas que abrem mão de fazer o que gostam por motivos variados: por recompensa financeira, por estabilidade, para agradar familiares, por status social, por conveniências, entre outros.

No dia a dia, é possível ver com nitidez a diferença na entrega entre quem faz o que gosta e quem faz porque tem de fazer. Pessoas entusiasmadas são mais propensas a superar as adversidades, os contratempos, as tarefas chatas (presentes em todas as atividades) do que aquelas que cumprem burocraticamente suas funções. Pessoas entusiasmadas têm mais disposição para encontrar soluções, e os problemas tendem a ter o tamanho que realmente têm, não se apresentam como um fardo ou um obstáculo intransponível.

Aqui cabe mais uma ressalva: ter paixão por algo eleva a disposição em fazê-lo, mas não significa que se tenha talento para fazê-lo em nível satisfatório. Há pessoas que adoram cantar, mas têm dificuldade de afinação. Há pessoas que amam gastronomia, mas não têm “a mão” para temperar a comida.

A esperança, mesmo ativa (aquela em que se vai buscar, não a esperança da espera), não pode ser marcada pela ilusão. Diziam os gregos antigos: “Sapateiro, não passes das sandálias”. Como se alertassem: “Não tente ir além daquilo que você consegue”. Uma variação do famoso “não dê o passo maior do que as pernas”. Existem casos em que a pessoa realmente não tem aptidão para aquela atividade. Pode ser que, desde a infância, ela só tenha ouvido que tudo o que fazia era ótimo. Alimentou uma ilusão sobre si mesma e insiste em uma atividade que não desempenha bem, às vezes até gerando vergonha alheia. Mas outra interpretação possível da frase dos gregos é que o limite talvez seja temporário. Pode ser que o meu máximo, neste momento, sejam as sandálias. Mas, se eu me preparar, posso atingir um grau mais elevado, a ponto de fazer calçados mais sofisticados, com mais qualidade.

Essa relação entre desejos e limites é das mais desafiadoras para se lidar. Querer é poder? Nem sempre. Há uma frase que circula muito no mundo corporativo sobre alguém que “não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. Ela faz alusão a um indivíduo que não se deixou levar por crenças limitantes. Estava com a mente aberta, encontrou as soluções e conseguiu realizar o seu propósito.

É inegável que as crenças limitantes têm peso em nossas decisões. Por vezes, somos desestimulados a tentar um caminho porque nos disseram ser impossível percorrê-lo. Por vezes, nós mesmos nos impomos obstáculos. Decretamos que não temos competência para algo, mesmo sem termos feito tentativas suficientes para chegar a esse veredito. Ou nos acomodamos em um patamar intermediário de realização só porque saímos de uma condição desfavorável. “A considerar de onde parti, aqui está bom demais.”

É importante avaliar até que ponto nos curvamos perante as crenças limitantes. Assim como refletir sobre o nosso real potencial para alcançarmos um objetivo. Existe outra frase que faz paródia com a anterior, que é: “Não sabendo que era impossível, foi lá e soube”. Ela também faz sentido, porque a realidade, às vezes, conjuga forças que se sobrepõem à nossa vontade.

O autoconhecimento é importante para não alimentarmos o autoengano, nem em relação às nossas competências, para não termos um choque de realidade, nem em relação às nossas vulnerabilidades, para não nos boicotarmos e ficarmos aquém de onde podemos chegar. O autoconhecimento nítido favorece a potência da motivação e, especialmente, prepara melhor a acolhida do estímulo.

Como já abordado no livro A sorte segue a coragem (Planeta, 2018), eu, Cortella, aponto a diferença entre estimular e motivar. Não há muita precisão quando se fala em “motivar outra pessoa”. Porque motivação é uma força que parte do interior de cada indivíduo. Mas é plenamente possível estimular outra pessoa. Às vezes, um incentivo externo desperta a motivação da pessoa. Motivação e estímulos são forças mobilizadoras, mas com matrizes diferentes.

Ao retomar essa noção para o mote do “ainda dá”, é possível dizer que existe o “ainda dá” externo, estimulado, e o “ainda dá” interno, motivado.

Esse “ainda dá” de dentro se origina quando sei qual é o meu propósito, qual é a minha intenção, o que eu valorizo em mim na minha ação, qual é o meu desejo em relação àquilo que faço.

O “ainda dá” de fora é quando alguém me estimula a despender um esforço a mais, a dar um passo adiante, com incentivos como “siga em frente”, “busque o resultado”, “não desista”, “não pare”, “continue nesse caminho”.

Apesar de ambos terem a intenção de gerar energia, o “ainda dá” só terá eficácia se encontrar uma motivação que é da pessoa, uma força de propulsão interna. Há ocasiões em que, mesmo que você procure estimular alguém, ele não tem mais a energia para seguir naquela empreitada. Para essa pessoa, é possível dizer “ainda dá”, como um incentivo para ela se mover. No entanto, se ela própria não acreditar no propósito daquele esforço, dificilmente modificará a situação. Se não encontrar mais motivação dentro de si, se concluir que chegou ao seu limite naquela busca, a opção mais provável será pela desistência. Em determinadas situações, os desgastes parecem maiores do que a perspectiva de um triunfo, que raramente é garantido.

É possível notar esse comportamento até em outras espécies animais. Em alguns documentários, aparecem leoas correndo atrás de uma presa e, num determinado momento, uma delas desiste. Parece estranho ver uma leoa correndo com tamanha velocidade repentinamente parar. Talvez ela saiba, de maneira instintiva, que chegou ao limite. Teria até condições de alcançar a presa, mas ficaria tão esgotada que ela mesma poderia virar alvo de outro predador.

Os alpinistas, especialmente na escalada de grandes montanhas, ficam atentos a essa condição. Em montes como o K2, por exemplo, parte considerável dos acidentes acontece na descida. O desgaste para atingir o cume da montanha de 8.611 metros, no Himalaia, por vezes deixa o corpo tão debilitado, que a maioria das mortes ocorre no caminho de volta.

Nessa perspectiva, cabe retomar a ideia de Miguel de Cervantes (1547- 1616) de que “quem se retira não foge”. O escritor espanhol nos alerta que nem sempre recuar é desistir. Porque, em algumas situações, o estímulo do “ainda dá” pode não ser positivo.

Quando o “ainda dá” vem de dentro, a pessoa motivada pode até parar num determinado momento. Mas certamente ela já terá um próximo passo em vista ou um desafio de outra natureza no horizonte.

Uma pessoa só deve desistir de um projeto quando percebe que não reúne motivação suficiente para prosseguir naquela direção. Na vida, não há um único caminho. A vida é plural. Afinal de contas, a realidade que nos cerca também muda – e, muitas vezes, muda rápido. Insistir nem sempre é sinal de coerência, pode ser apenas um condicionamento criado por um modelo mental rígido.

Uma mudança de rota pode, ainda, resultar de uma reflexão mais apurada sobre aquilo que se tem como meta. Em muitas ocasiões na vida, vale dar uma parada e questionar: “Será que é isso mesmo que eu desejo?”. Às vezes, o que parece um chamado interno é uma propensão que tem fundamento, mas não nos mobiliza suficientemente para continuarmos naquele caminho. O que, no começo, foi visto como objetivo pode significar apenas passagem. Podemos vislumbrar algum desdobramento mais interessante a partir daquele ponto.

Por exemplo, eu, Cortella, fiz vestibular para Filosofia e a minha intenção à época era seguir a carreira religiosa. Prestes a completar 18 anos de idade, entrei para a Ordem Carmelitana Descalça, e fiquei três anos nessa atividade. Mas, ao frequentar o dia a dia da universidade, mudei a meta para a atividade docente, que se mostrou muito mais afeita ao meu propósito de vida.

Eu, Jebaili, também mudei meu plano inicial. Prestei meu primeiro vestibular para Odontologia. A engenhosidade do corpo humano e a intenção de proporcionar bem-estar às pessoas me fascinavam, mas não a ponto de me manter anos a fio ao lado de uma cadeira de dentista. Tive essa clareza entre a primeira e a segunda fase do exame. Estava no meio de um processo de seleção, mas desistir daquela opção teve caráter libertador. Para uns, a leitura poderia ter sido “chegou na metade do caminho e agora vai perder um ano até outro vestibular?”. Não perdi um ano, redesenhei o meu futuro. Aquele período serviu para eu me certificar de que Comunicação era o que me motivava como possibilidade de carreira.

A alteração de rumo na vida é algo que está na nossa condição. Alterar um plano inicial pode ser um sinal de habilidade estratégica. Alguém que percebe que um caminho não renderá aquilo que se deseja, precisa ser capaz de traçar outro itinerário.

Insistir numa direção apenas porque recomeçar dá trabalho, aí, sim, será perda de tempo.

ESTAR BEM

VOCÊ ACORDA PARA FAZER XIXI À NOITE? VEJA AS RAZÕES

 A apneia do sono pode baixar o oxigênio na corrente sanguínea e liberar hormônio diurético

“Continuo acordando no meio da noite para fazer xixi, e minha preocupação é que isso esteja afetando meu sono. Porque isso está acontecendo?” Esta é uma pergunta que ouço o tempo todo. A micção noturna, também conhecida como noctúria, pode afetar homens e mulheres em qualquer idade. As causas mais comuns são inteiramente benignas, embora a noctúria também possa ser desencadeada por certos problemas de saúde e medicamentos.

Na verdade, um dos diuréticos mais fortes conhecidos não é algo que você come ou bebe: é algo que pode ser liberado de dentro do seu corpo. A apneia do sono – condição que afeta a respiração durante o sono – pode levar a níveis mais baixos de oxigênio na corrente sanguínea. Quando os níveis de oxigênio no sangue caem por apneia do sono, o coração pode receber um falso sinal de sobrecarga de fluido e liberar um hormônio chamado peptídeo natriurético tipo B (BNP). O BNP é um diurético muito potente que diz ao corpo para se livrar do sódio e da água. Em seguida, gera uma superprodução de urina.

A noctúria também pode ser um sinal de alerta para outras condições de saúde, como diabete, insuficiência cardíaca, infecções do trato urinário e bexiga hiperativa, bem como uma reação a alguns medicamentos, como os usados para tratar hipertensão e doenças renais. Àsvezes, está ligada a outros problemas de sono, como insônia.

As causas mais comuns geralmente não são nada para se preocupar. Veja algumas delas:

INGESTÃO DE LÍQUIDOS

Em outras palavras: o que entra precisa sair. O líquido que você bebe é filtrado pelos rins e armazenado na bexiga como urina até você fazer xixi. Beber muito líquido antes de dormir é uma receita certa para acordar com vontade de urinar, já que a bexiga tem a capacidade de cerca de 400 mililitros. Você pode reduzir esses impulsos restringindo os líquidos após o jantar.

DIURÉTICOS E SUBSTÂNCIAS IRRITANTES DA BEXIGA

Existem muitos alimentos e bebidas cujos subprodutos passam para a urina e podem irritar ou “fazer cócegas” na bexiga, produzindo vontade de fazer xixi. Isso inclui chás (verde, branco e preto), alimentos condimentados e adoçantes artificiais. Emum estudo envolvendo ratos, esses adoçantes mostraram aumentar a contração do músculo da bexiga, o que causa vontade de urinar. A cafeína é outro culpado, assim como o álcool. Ambos são diuréticos conhecidos.

PROBLEMAS MÉDICOS

Para homens com mais de 50 anos, a causa mais provável é o aumento da próstata. A urina passa por um pequeno canal na próstata ao sair do corpo. Com a idade, a próstata pode aumentar e comprimir esse canal. Como resultado, a bexiga não esvazia completamente durante a micção e pode encher de volta rapidamente. A bexiga também pode se tornar hiperativa ao longo do tempo por ter de empurrar com força para passar a urina pela próstata apertada.

Vários fatores podem contribuir para a micção noturna em mulheres, até mesmo a gravidez. A disfunção do assoalho pélvico e o prolapso de órgãos pélvicos, que ocorrem com mais frequência com a idade, também podem causar micção frequente e urgente. As mulheres que deram à luz por via vaginal correm um risco maior dessas condições, assim como aquelas que passaram pela menopausa, que pode causar alterações hormonais que afetam os órgãos pélvicos.

PARA OS JOVENS

A maioria dos jovens não acorda à noite para urinar. Aqueles que o fazem provavelmente estão ingerindo muito líquido antes de dormir ou consumindo irritantes da bexiga ou diuréticos. Mas é importante ter em mente que mesmo os jovens podem ser diagnosticados com condições médicas ligadas à noctúria, como apneia do sono, principalmente aqueles que estão acima do peso.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

NOVO ESTUDO CONTESTA A IDEIA DE QUE OS MAIS TRISTES SÃO OS MAIS SÁBIOS

Experimento feito em 1979 havia concluído que pessoas deprimidas tinham uma visão mais realista sobre suas condições

Quarenta e três anos atrás, duas jovens psicólogas, Lauren B. Alloy e Lyn Y. Abramson, relataram os resultados de um experimento simples que levou a uma ideia seminal na psicologia.

Seu objetivo era testar a “teoria do desamparo”, de que pessoas deprimidas tendem a subestimar sua capacidade de influenciar o mundo ao seu redor.

Alloy e Abramson classificaram os voluntários, todos estudantes universitários, como deprimidos e não deprimidos com base em sintomas autorrelatados, e forneceram a cada pessoa um botão e uma luz que piscava de vez em quando. Então eles pediram aos voluntários que avaliassem quanto controle tinham sobre a luz quando pressionavam o botão.

O que descobriram foi surpreendente. Concluiu-se que as pessoas deprimidas tinham uma leitura mais precisa de sua capacidade de afetar os resultados. Assim nasceu a hipótese do “realismo depressivo” – a ideia de que às vezes as pessoas deprimidas têm uma visão mais realista de suas condições, porque estão livres do viés otimista de seus pares felizes.

Essa ideia, resumida no artigo original como “mais triste, mas mais sábio”, foi ensinada durante décadas a estudantes de psicologia e citada mais de 2.000 vezes por outros estudiosos. Também permeou nossa cultura, introduzindo a ideia de que a depressão, apesar de toda a dor, também pode oferecer alguns dons a seus sofredores. Um estudo publicado este mês na revista Collabra: Psychology, por Amelia S. Dev e outros, questiona essa conclusão.

Recriando o experimento original, no qual os sujeitos deveriam avaliar se ao pressionar de botões eles afetariam a luz, a nova equipe de pesquisa não encontrou associação entre sintomas depressivos e viés de resultado. Em uma amostra, os pacientes com mais sintomas depressivos superestimaram seu controle; na segunda, os sintomas depressivos não predisseram algum viés particular. “Em duas amostras, não encontramos evidências de que os sintomas depressivos estejam ligados a um maior realismo”, disse o estudo.

Don A. Moore, um dos autores do novo estudo, disse que a equipe se uniu em torno da questão de saber se “ilusões positivas” podem melhorar o desempenho, e que isso os levou ao estudo de 1979.

“Seu impacto foi enorme, e tem sido difundido em tantos aspectos da pesquisa e da cultura pop que talvez seja difícil revertê-lo”, disse Moore, pesquisador psicológico e professor da Escola de Administração Haas da Universidade da Califórnia em Berkeley, sobre o estudo original.

Sob a influência dessa teoria, muitos psicólogos ensinaram que “um pouco de auto ilusão é útil para percorrer a vida”, disse ele. “Você tem que acreditar em si mesmo um pouco mais do que a realidade permite.”

“O que sabíamos”, disse ele, “nos fez pensar se esse efeito se manteria.”

Uma meta-análise de 2012 de 75 estudos sobre realismo depressivo descobriu que o efeito geral do realismo depressivo era pequeno e que os resultados foram influenciados pela metodologia do estudo. Mas permaneceu uma noção tão bem estabelecida que “enfrentamos resenhistas céticos ao longo do caminho”, disse Moore.

“Se você está tentando refutar um falso positivo que conseguiu chegar à literatura, é um caminho íngreme”, disse ele.

Alloy, uma das duas psicólogas que projetaram o experimento original, disse em entrevista que não acredita que o novo trabalho constitua uma grande contestação ao realismo depressivo, porque a equipe de pesquisa não conseguiu replicar diretamente o experiento original de 1979.

“Quando eles dizem que fizeram uma replicação direta do nosso estudo, não fizeram”, disse Alloy, professora de psicologia da Temple University. “Não é uma grande contestação. As conclusões originais continuam válidas.”

Ela disse que as diferenças no desenho dos dois experimentos podem explicar a variação nos resultados. Anova equipe não encontrou uma “ilusão de controle” entre os indivíduos não deprimidos, como fez a equipe de 1979, o que ela disse ser incomum e dificultar a interpretação de quaisquer resultados.

A nova equipe pediu repetidamente aos participantes durante todo o experimento que avaliassem a probabilidade de a lâmpada se acender se eles pressionassem o botão, em vez de esperar até o final, como fizeram os pesquisadores originais. Além disso, disse ela, os novos pesquisadores pré-selecionaram os sujeitos para sintomas de depressão, em vez de rastreá-los no dia do experimento, então seu estado de espírito pode ter mudado nesse período.

Ela também disse que a equipe de pesquisa recriou apenas o segundo dos quatro experimentos do artigo de 1979, o que teve as descobertas menos robustas.

Finalmente, ela discordou da caracterização do realismo depressivo pelos pesquisadores, que, segundo disse, ocorre apenas sob certas condições.

“Simplesmente não é verdade que as pessoas deprimidas sejam mais precisas em sua percepção do mundo”, disse ela. “Essa é uma afirmação muito ampla e geral.”

Estudos subsequentes identificaram condições em que o realismo depressivo estava presente, o que levou a “conclusões mais sutis e sofisticadas”, disse ela. “O que está por aí no público pode não ter seguido isso.”

Ao longo das quatro décadas desde que Alloy e Abramson publicaram seu artigo, a ideia “mais triste, mas mais sábio” não conduziu os tratamentos emergentes. Os médicos gravitaram para a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda pacientes deprimidos a identificar distorções em seus pensamentos.

“Faríamos um desserviço ao cliente ao aceitar que o que ele diz é uma realidade, e não, por meio de um processo socrático delicado, pedir que ele explore e examine seu padrão de pensamento”, disse Allen Miller, psicólogo clínico do Beck Institute, que não participou do estudo.

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"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b

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