OUTROS OLHARES

AVANÇO, MAS NÃO SOLUÇÃO

Tornozeleiras em agressores de mulheres não acabam com medo

O governo do Rio Grande do Sul anunciou na segunda-feira que começará a usar tornozeleiras eletrônicas para monitorar agressores de mulheres que descumpram medidas protetivas previstas pela Lei Maria da Penha. Em São Paulo, um edital será lançado para a compra dos equipamentos. No entanto, para especialistas, o monitoramento eletrônico só será uma eficiente para evitar mais agressões se o uso for bem planejado com outras medidas de prevenção e patrulha.

No Brasil, ao menos outros sete estados fazem uso da tornozeleira para esse tipo de agressor: Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Em Santa Catarina, onde o dispositivo é usado desde 2014, os homens que atacaram mulheres são cerca de 10% do total dos portadores de tornozeleira: 266.

Há estados onde a prevenção é pouco utilizada. No Rio, são apenas 109 homens com tornozeleira eletrônica por causa da Lei Maria da Penha, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, num universo de mais de 6 mil pessoas que têm de usar esse controle por ordem da Justiça. Uma ata de uma reunião de 2020 da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, do Tribunal de Justiça do estado, mostra que, naquele ano, havia apenas 16 agressores de mulheres monitorados, para um total de 6.133 pessoas que usavam tornozeleiras por todos os tipos de crime.

No Rio Grande do Sul, o projeto terá investimentos de R$ 4,2 milhões. A expectativa da Secretariada Segurança é de que 2 mil mulheres recebam um aplicativo de celular integrado à tornozeleira usada pelo homem que a agrediu. A ferramenta é um alarme que apita – tanto para a vítima, quanto para a central de monitoramento – quando a pessoa com tornozeleira eletrônica ultrapassa o limite de distância definido pelo juiz, normalmente entre 200 e 400 metros.

Em Minas Gerais, o alarme é dado por um pager. A Secretaria de Segurança informou que usa a tecnologia há 10 anos. Em 2022, 533 agressores foram punidos com o monitoramento.

“Os números de violência doméstica, especialmente de feminicídio, tiveram incremento, principalmente na pandemia. Esse projeto é bem-vindo”, avaliou a defensora Luciana Artus, do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul.

Artus admitiu, no entanto, que é difícil que os equipamentos e as equipes de monitoramento sejam suficientes para a demanda de casos, e a filtragem das situações mais necessárias não é fácil. Ela disse, porém, que a ferramenta é útil para comprovar quando o agressor estiver descumprindo as medidas protetivas.

“Em muitos casos, a mulher vai à delegacia e informa, mas se não tiver flagrante, dificulta a prisão. Agora vai facilitar muito”, comparou a defensora.

Mesmo a tornozeleira parece não intimidar os agressores, em alguns casos. A cozinheira X., que pediu para não ser identificada, viveu um relacionamento abusivo, de 2015 a 2021, marcado por agressões que resultaram em fraturas no nariz e nos dedos. O ex- companheiro tem de usar tornozeleira, e o aparelho comprova que ele continua tentando se aproximar de onde ela mora, em Belo Horizonte. A defensoria pediu à Secretaria de Segurança de Minas um relatório com todos os deslocamentos do agressor, para avisar ao Ministério Público e a prisão do ex- companheiro seja pedida.

Em 2019, quando estava grávida, a cozinheira sofreu a primeira agressão mais grave, quando o homem a trancou em casa. Ela conseguiu ligar para polícia, denunciando o cárcere privado. Os policiais a libertaram, mas ele não estava no local e não foi preso. Nos meses seguintes, o homem, que já havia sido acusado de tráfico de drogas, permaneceu ameaçando X., que se intimidou e não o denunciou à Polícia.

No fim de 2020, o filho dela, de um casamento anterior, foi para a rua gritar por socorro, após um espancamento da mãe em que ela teve um nariz quebrado, que precisou sofrer uma cirurgia. O agressor foi preso e enquadrado na Lei Maria da Penha. Mas solto 15 dias depois, já com as medidas protetivas. Ainda assim, ele a continuou perseguindo, e mesmo preso em flagrante, sempre foi solto pouco depois, conta ela.

“Mesmo preso me ameaçou, dizendo que se eu não tirasse o monitoramento, me matar. Trabalho à noite, preciso entrar escondida em casa. Às vezes, tenho medo de sair para casa e não voltar”, diz a cozinheira, que fez o último boletim de ocorrência contra o homem há 20 dias.

Até 2021, entre os estados que fazem uso de tornozeleira eletrônica, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul eram os com maior taxa de feminicídio: respectivamente 2,6 e 2,4 crimes a cada 100 mil mulheres, segundo o Anuário de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mato Grosso e Santa Catarina tiveram 535 e 405 vítimas de violência doméstica.

A taxa de concessão de medidas protetivas de urgência teve um aumento nos estados porque pedidos feitos em anos anteriores só foram concedidas em 2021. Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina são os com maiores índices de concessões, ocupando o segundo, terceiro e quarto lugares no ranking do Anuário de Segurança Pública.

POLÍTICAS INTEGRADAS

Para Juliana Martins, coordenadora institucional do Fórum, os estados deviam criar políticas integradas para esse problema.

“O botão do pânico, usado para chamar a Polícia Militar, não funciona se uma patrulha para este fim não estiver disponível”, explicou Martins, que destacou o uso dos grupos reflexivos para homens.

“O mais importante é fazer com que os agressores deixem de naturalizar aspectos violentos da nossa cultura e entendam porque as ações deles são criminosas.

Uma das ferramentas que deveriam ser usadas é a avaliação de riscos, explicou Lívia Paiva, advogada e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Raça, Gênero e Etnia da Escola da Magistratura do Rio. A avaliação permite apontar que a ocorrência de perseguição, o término recente, a presença de enteado (do agressor) em casa e o uso de frases possessivas são claros fatores de risco. Hoje, já é determinado por lei que as delegacias usem o formulário nacional de avaliação de risco, mas isso não acontece na prática.

GESTÃO E CARREIRA

EDUCAÇÃO FINANCEIRA AUMENTA PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

Empresas investem em programas para ajudar funcionários a controlar finanças pessoais e, com as contas em azul, melhorar a produtividade no ambiente de trabalho

Um empregado que tem dívidas tende a ter a produtividade afetada. Cientes disso, muitas empresas estão investindo em educação financeira para evitar que seus funcionários fiquem em apuros. O tema é tratado com prioridade pelas áreas de recursos humanos com foco nos danos que o descontrole financeiro causa. O esforço se justifica também pelo lado empresarial: com as contas no azul, os funcionários se engajam mais e geram lucro para os negócios.

Uma pesquisa realizada pela Serasa em 2021 mostrou que 76% das pessoas já sofreram coma falta de concentração no trabalho em virtude de dívidas e que 85% dos entrevistados já chegaram a ter dificuldades para dormir por causa dos problemas financeiros. Além das questões emocionais, o endividamento consome o tempo dos trabalhadores que são perturbados por ligações e mensagens de cobrança.

Na fabricante e comercializadora de piscinas iGUi, orientações de como lidar com as finanças pessoais começam a ser dadas desde a entrada do funcionário na empresa. Tanto na universidade corporativa própria (Unigui) quanto através de eventos, parte significativa do tempo de treinamento é dedicada ao tema.

O auxílio ao planejamento financeiro traz também suporte para que o funcionário saiba investir suas sobras da forma mais adequada. O programa vem desde 2018, e a Rede iGUi atribui a ele parte do bom desempenho da empresa durante a pandemia, quando as vendas subiram 40%.

“A orientação financeira ajuda a criar um ambiente mais positivo entre os colaboradores. Até nos intervalos para o café, o time do setor financeiro é abordado para tirar dúvidas. Os colaboradores trocam informações e compartilham ideias sobre aplicações. Isso gera um clima bom”, avalia Lilian Marques, diretora executiva da iGUi.

Parcerias com instituições financeiras para a concessão de empréstimos consignados são saídas comuns para resolver problemas emergenciais. Algumas empresas disponibilizam até financiamentos com recursos próprios sem juros, dependendo da análise de cada caso.

CEO da Barkus, especializada em educação financeira para empresas, Bia Santos ressalta que esses programas de empréstimos podem ser benéficos, desde que acompanhados de orientação e planejamento. O cliente recebe recursos de inteligência artificial para melhorar a situação dos funcionários. Um robô faz o diagnóstico do quadro de colaboradores e passa orientações, via WhatsApp, através de memes e vídeos. A consultoria também ajuda na realização de cursos e palestras e no assessoramento de pessoal.

“É importante oferecer recursos concretos, como cursos, consultorias e serviços financeiros voltados para finanças pessoais. Dessa forma, o colaborador vai compreender qual é a melhor forma de ampliar seu conhecimento financeiro e aprendera ter comportamentos mais saudáveis. É necessário buscar soluções personalizadas e eficazes para ajudar os colaboradores”, explica.

ADIANTAMENTOS

Na indústria Pormade Portas, situações de descontrole financeiro levavam funcionários a fazer pedidos de adiantamento de salário entre diversos cargos. Isso fez com que a empresa criasse um programa próprio de educação financeira, e os resultados foram satisfatórios.

“Quando os colaboradores conseguem organizar suas finanças, eles se comportam de forma mais tranquila e organizam também o trabalho e as metas profissionais e pessoais. Num ambiente com baixo nível de estresse e ansiedade, as relações humanas tendem a ser mais harmoniosas e produtivas. Se o profissional consegue controlar suas finanças a ponto de se tornar um investidor, ele passa a entender melhor as estratégias comerciais e de finanças da própria empresa”, garante o diretor de RH, Rafael Jaworski.

Na rede de restaurantes Água Doce Sabores do Brasil, as orientações estão na base dos ensinamentos da universidade corporativa UniÁgua Doce, que disponibiliza conteúdos sobre a temática e auxilia na organização das contas pessoais.

“Elaboramos artigos de educação financeira, em parceria com consultorias, e compartilhamos com colaboradores e franqueados, para que eles tenham controle dos gastos. As conquistas pessoais, como a compra de uma moto, por exemplo, são compartilhadas e comemoradas pelo grupo. Esse processo permite aproximar colaboradores, gerentes, franqueados e franqueadora”, afirma o diretor de Franquias, Júlio Bertolucci.

EU ACHO …

AINDA DÁ: O ESFORÇO DE IR ALÉM, SABENDO QUE SÓ QUERER NÃO BASTA…

“Realizando coisas justas, tornamo-nos justos; realizando coisas moderadas, tornamo-nos moderados; fazendo coisas corajosas, tornamo-nos corajosos.”

(Aristóteles, Ética a Nicômaco)

“Ganbatte! Ganbatte!” Com essa expressão, os espectadores da Maratona de Fukuoka, no Japão, procuravam estimular a corredora Rei Iida a completar seu trecho na prova de revezamento. Era a edição de 2018 da prova, Rei Iida engatinhava na tentativa de entregar o bastão à companheira de equipe. Ela havia fraturado a perna quando faltavam pouco mais de 200 metros para concluir o seu trajeto. Sem conseguir ficar de pé, decidiu continuar apoiando- se nos joelhos e nas mãos. No asfalto, manchas de sangue dos joelhos ralados marcavam a trilha da atleta japonesa até o ponto de passagem.

No idioma japonês, ganbatte (com a variação ganbare) vem do verbo ganbaru, que significa fazer o seu melhor esforço, se esmerar no que está executando, suportar a dificuldade. Carrega também um desejo de “boa sorte”, de “bons ventos o levem”. Em primeira pessoa, pode ter a forma reflexiva ganbarimasu, expressão equivalente a “farei o meu melhor”.

Fosse pelo compromisso consigo mesma ou pelo desejo de honrar todo o seu esforço da preparação, fosse para não carregar a dor da desistência ou pelo comprometimento com uma causa que envolvia outras integrantes da equipe, Rei Iida fez o seu melhor na circunstância em que se encontrava. Considerou que ainda dava para percorrer um trecho de maratona mesmo sem a condição básica de usar o pé.

Emblemático, esse episódio traz a percepção do “ainda dá” como uma atitude diante das dificuldades. Os incentivos da torcida podem ter contribuído para Rei Iida ter concluído seu trajeto, mas a missão foi cumprida sobretudo pela força interna da atleta japonesa.

O “ainda dá” é aquele esforço a mais para alcançar uma condição melhor, para produzir um resultado mais satisfatório. É o jogador que vai na bola que parece perdida. É o escritor que busca a palavra precisa para tornar a ideia mais inteligível. É o ator ou a atriz que testa as inflexões possíveis até achar aquela que deixe sua personagem mais crível. É o cientista que não desiste após os primeiros experimentos falharem.

A sensação de “dei o melhor de mim” é uma das mais vitalizantes da experiência humana. Especialmente pela paz de espírito que proporciona. Se atinjo a minha meta, me sinto recompensado pelo esforço feito. Se não obtenho o resultado esperado, ao menos tenho consciência de que não foi por falta de empenho. Pode ser que circunstâncias tenham interferido, ou pode ser que eu não estivesse devidamente preparado – o que aperfeiçoa a reflexão sobre as minhas condições atuais e, portanto, é algo positivo. O exercício de analisar virtudes e limitações é um caminho para o autoconhecimento. E, ao buscar equacionar esses pontos fortes e fracos, abre-se um caminho para o autodesenvolvimento.

Se eu não tivesse dado aquele passo a mais, provavelmente eu perderia aquela oportunidade. Se a aproveitei e consegui meu intento, ótimo. Se identifiquei a oportunidade, mas os resultados não saíram como o esperado, pelo menos eu tentei. Fiz a escolha e dei o meu máximo na minha circunstância. Não deu? Posso analisar as variáveis e tomar como aprendizado para a próxima tentativa. De todo modo, é melhor do que não ter tentado e ficar na nostalgia do “ah, se eu tivesse feito…”. Ou do que carregar a sensação de que o medo do fracasso falou mais alto que o desejo de sucesso.

Afinal, a consciência da covardia de si mesmo é muito incômoda, muito dolorida. Quando você, intimamente, se sabe covarde, convive com uma perturbação. Há decisões que podem gerar frustração, mas o peso é menor do que o arrependimento de ter desistido antes mesmo de tentar.

É evidente que, em qualquer tomada de decisão, deve-se considerar a possibilidade de um passo que não seja bem-sucedido ou de um resultado que fique aquém da expectativa. Ainda assim, não dar o passo é a impossibilidade de prová-lo. Toda experimentação carrega alguma dose de perigo. Não é casual que as palavras “perigo”, “experimentar” e “perícia” tenham origem no antigo verbo latino periri.

Ficar no meio do caminho é sempre desperdiçar uma possibilidade, o que leva àquela sensação da vida que acontece no futuro do pretérito, o território imaginário daquilo que não se concretizou: “eu poderia ter feito”, “eu deveria ter tentado”, “eu precisaria ter insistido”, “eu conseguiria, se…”, “eu chegaria, caso…”.

Cada pessoa tem um limiar para lidar com o risco. Algumas não trocam o certo pelo duvidoso, mesmo que o certo não seja bom nem gratificante. De fato, ficar onde se está é sempre mais cômodo, mas comodidade nem sempre é indicativo de uma vida melhor.

O poeta paulistano Paulo Bomfim, no livro O colecionador de minutos (Gente, 2006), escreve que “não devemos nunca nos acostumar com a vida, isso seria a morte”. Ele emprega o verbo “acostumar” no sentido de acomodar. Portanto, não se acostumar significa recusar a ideia de que as coisas são como são e não poderiam ser de outro modo.

Quando a expressão “ainda dá” vem à tona, ela está muito ligada à ideia de competição. E não exclusivamente no âmbito esportivo. Eu posso estar, de fato, numa competição com o outro, mas também competindo comigo mesmo, lutando contra uma doença, contra a morte, lutando contra as crenças limitantes ou contra uma vida morna.

Porém, e isto é por demais importante, em nenhum momento a ideia de “ainda dá” tem a intenção de dizer “se quiser, você alcança”, “se desejar profundo, você realiza”. Definitivamente, não é esse o espírito desta obra!

“Ainda dá” é um mote para dar ânimo, alude a um estado de alma que me incline, me deixe mais propenso a procurar o meu objetivo. Não basta, contudo, eu me fiar no sonho, no desejo. Eu preciso avaliar cuidadosamente quais as condições de que disponho, em termos de estrutura, de competências, de cenário e de planejamento, entre outros fatores.

O desejo é um bom ponto de partida, mas dizer “acredite no seu sonho que ainda dá” é levar para uma instância quase mística algo que precisa ser construído em bases concretas.

Não se trata de desqualificar o desejo, isso seria tolo, pois ele cumpre um papel importante. Mas esse papel não é decisivo, muito menos exclusivo, para colocar um projeto em andamento. O querer faz com que eu inicie a caminhada, mas de maneira alguma garante que a trajetória será bem-sucedida.

Quais são os limites da força de vontade? A própria realidade. Não apenas no que se refere aos meus atributos, mas aos fatores que descrevem a minha circunstância, aquilo que está à minha volta.

A antiga frase “o impossível não é um fato, apenas uma opinião” não quer dizer que qualquer coisa que se busque será alcançada apenas porque é desejada de modo intenso. O impacto dessa frase está na ideia de que os limites podem ser questionados. Em um certo sentido, é também um manifesto contra os derrotistas de plantão. Aqueles que, antes de qualquer tentativa ou de qualquer análise mais acurada, se apressam em dizer que não vai dar certo, que é impossível, que não há condições, que não vale a pena… que não dá.

Cabe reparar que muitas das coisas presentes no nosso cotidiano, em algum momento, foram tomadas como impossíveis. Ir de um continente ao outro cruzando os céus foi algo impossível num dado momento da história humana. Comunicar-se com alguém do outro lado do mundo teclando frases numa tela foi inexequível durante séculos.

O italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos grandes exemplos da inventividade humana, tem entre seus projetos um objeto voador, que alguns supõem ser um protótipo do helicóptero. A genialidade de Da Vinci antecipou a possibilidade, mas não a concretização. Porque ele não teria como fazer aquele equipamento voar.   Não por uma limitação dele, mas porque as condições não o permitiam. Não havia estudos avançados nessa área, nem material, tampouco mecanismos de propulsão.  Apesar de ser um polímata – alguém dotado de várias habilidades em diversas   áreas (era engenheiro, botânico, matemático, pintor, escultor…) –, Da Vinci tinha o seu limite, estabelecido pelas circunstâncias.

A imaginação é matéria-prima para toda e qualquer invenção. Tudo o que existe no mundo existiu antes na imaginação de alguém. Projetar uma realidade, portanto, faz parte do desenvolvimento humano. E isso serve também para eu projetar uma carreira, uma obra, uma formação em determinada área do conhecimento. Tão importante quanto desejar e vislumbrar é reunir as condições de tornar realidade aquilo que projeto.

Isso exige capacidade de autoconhecimento. Eu preciso ter noção do que sou capaz, sobretudo para buscar informação, força, competência nos pontos em que ainda não estou capacitado para executar a ação que planejo. Eu preciso reforçar as minhas capacidades e agregar aquelas que não tenho. E o uso do termo “agregar” refere-se também à possibilidade de compor com a capacidade do outro. Dificilmente terei todos os atributos necessários ou os executarei no mesmo patamar de eficiência. O mais comum é ter alguns pontos fortes e outros em que, mesmo que os tenha aperfeiçoado, sempre haverá alguém mais desenvolto. Isso é um fenômeno que se vê cada vez com mais frequência.

No mundo das ciências, por exemplo, dificilmente um prêmio Nobel tem sido dado a um único indivíduo. Notadamente nas últimas décadas, são duplas, trios ou mais os vencedores da honraria, mesmo que não tenham pesquisado juntos, como equipe. A figura do cientista solitário trancado no laboratório está mais para o século XVIII do que para os tempos atuais, em que o conhecimento está cada vez mais inter-relacionado e os saberes são multidisciplinares.

No mundo do trabalho, é corriqueiro profissionais formarem parcerias, cada qual com o talento que o diferencia, para criar projetos. Acadêmicos de áreas diversas formam redes colaborativas para troca de conhecimentos. Empresas se unem, cada qual com a sua expertise, para viabilizar a entrada de um novo produto no mercado, ou para desenvolverem uma tecnologia ou um modelo de negócio inovador.

Atualmente, para dar um passo em direção ao inédito, é preciso juntar saberes e competências que uma só pessoa não tem condições de deter.

Eu, como indivíduo, porém, preciso ter consciência de quais são os meus pontos fortes e quais são as minhas vulnerabilidades antes de me lançar em qualquer empreitada. Talvez não dê novamente. E faz parte do processo de autoconhecimento entender até que ponto devo avançar, retomando o vigor de uma das sentenças do escritor latino Publilio Siro (85-43 a.C.): “Em toda iniciativa, pensa bem aonde queres chegar”.

Se eu me conheço, e algo não sai como o imaginado, em vez de uma frustração, tenho um aprendizado. Eu posso tentar de novo, porque, ciente das condições que se tornaram obstáculos ao meu progresso, posso enfrentá-las com maior nitidez no próximo passo.

ESTAR BEM

VOCÊ É O QUE VOCÊ COME

Nutricionista alerta sobre a importância de reaproveitar cascas, talos, raízes, sementes e folhas dos vegetais; Além de evitar o desperdício, faz bem à saúde do bolso e ao meio ambiente

O desperdício de alimentos é um fator potencializador da insegurança alimentar e da fome em todo o mundo. E combatê-lo é uma tarefa de todos. A afirmação é da nutricionista Viviane Movio, do Austa Hospital, ao explicar a importância do Dia Mundial da Alimentação, que é celebrado todo dia 16 de outubro. A data conscientiza sobre a importância de um estilo de vida saudável e sustentável para todos. “Se cada um colaborar no seu dia a dia, podemos fazer a diferença e ter um mundo mais sustentável”, observa.

A data foi instituída na década de 1970 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação (FAO), com o intuito de conscientizar e promover ações globais que visam acabar com a fome. E, segundo a especialista, também é um alerta sobre a necessidade de prevenir e reduzir o desperdício de alimentos, principalmente em meio aos desafios atuais de segurança alimentar: A questão foi agravada em decorrência dos efeitos da pandemia de Covid-19 e dos conflitos internacionais (a exemplo da Rússia e Ucrânia), entre outros fatores, como mudança climática e degradação ambiental.

Viviane Movio também destaca que a desnutrição é outra questão associada ao Dia Mundial da Alimentação. “A melhor forma de prevenir o problema é adotando uma dieta equilibrada e saudável. Alimentar-se de frutas, verduras e cereais integrais, bem como de proteínas, ajuda no combate à deficiência nutricional como um todo. Além disso, contribui com o aumento da disposição, autoestima, diminuição do estresse e ansiedade, melhora da qualidade do sono, prevenindo uma série de doenças, como anemia, hipertensão, distúrbios metabólicos, problemas renais, intestinais, entre outros”, explica.

Conhecer as propriedades nutricionais dos alimentos pode ajudar a evitar o desperdício e aumentar o valor nutricional das refeições. É importante reaproveitar cascas, ralos, raízes, sementes e folhas dos vegetais. “Essas partes que normalmente são descartadas apresentam inúmeras vantagens. Além de promover o consumo consciente e a redução de lixo orgânico, as partes desses alimentos têm mais nutrientes concentrados. Outra vantagem é que facilita na variação do cardápio e contribui para a economia no orçamento das famílias.

PREVENÇÃO A DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A Organização Mundial de Saúde (OMS) acende o alerta para a obesidade, fator de risco para diversas doenças, especialmente as cardiovasculares. Para 2025, a estimativa em todo o mundo é de 2,3 bilhões de pessoas acima do peso, incluindo 700 milhões com obesidade. De acordo com o cardiologista Dárcio Gitti de Faria, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de Rio Preto, entre as seis doenças que mais matam no Brasil, quatro estão relacionadas à obesidade: Hipertensão, diabetes, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Quando associadas, essas doenças são responsáveis por mais de 70% dos casos de óbito.

O médico explica que tanto a obesidade quanto o sobrepeso sobrecarregam o coração, que precisa se esforçar para bombear sangue suficiente para todo o corpo. Com o tempo, isso faz com que a musculatura cardíaca enfraqueça, levando a um quadro de insuficiência cardíaca. Outra consequência é a hipertensão, já que o excesso de peso aumenta a tensão nas paredes das artérias, gerando lesões nos vasos sanguíneos, que podem ser potencializadas pela inflamação desses tecidos. “Essas lesões nas artérias podem desencadear um infarto do coração ou acidente vascular cerebral”, diz.

Segundo o cardiologista, a forma de controlar o peso e evitar os fatores de risco para a saúde do coração tem relação direta com os hábitos de vida do paciente como a alimentação e o sedentarismo.  Ter uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente continuam sendo as melhores formas de prevenir doenças cardiovasculares. Nos casos mais graves de obesidade, a combinação de medicamentos e cirurgia bariátrica pode ser indicada. Quando tratamos os fatores de risco, as chances desses eventos ocorrerem diminuem significativamente”, alerta Faria.

ALIMENTOS FORA DO PRAZO DE VALIDADE

A nutricionista Viviane Movio orienta que é preciso tomar cuidado com alimentos que estão fora do prazo de validade, deteriorados, falsificados ou estragados, pois podem trazer malefícios à saúde, especialmente intoxicação alimentar.

Segundo a especialista, os sintomas mais comuns são dores abdominais, cólicas abdominais, diarreia, náuseas, vômitos e febre, e podem levar alguns dias para cessar.

IMC ACIMA DE 30 É CONSIDERADO OBESIDADE

A endocrinologista Mariana Mendes, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC), de Rio Preto, reforça que dietas ricas em açúcares e gorduras e pobres em vegetais e frutas contribuem para o aumento de obesidade – especialmente quando associadas ao sedentarismo.

“Por essa razão, o pilar do tratamento da obesidade é justamente a mudança do estilo de vida, com a inserção da prática de atividade física, alimentação saudável e o acompanhamento médico”, destaca.

De acordo com Mariana Mendes, além do risco aumentado de problemas como a hipertensão e doenças cardiovasculares, e também do diabetes tipo 2, estar acima do peso contribui para o surgimento de problemas físicos como artrose, pedra na vesícula, artrite, cansaço, refluxo esofágico, tumores de intestino e até de vesícula.

A médica explica que para uma pessoa avaliar o seu grau de sobrepeso ou obesidade, basta calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo o peso, em quilo, pela altura em metros, elevado ao quadrado. “Ter um IMC acima de 30 já é considerado obesidade. Temos obesidade grau 1, grau 2 e 3, onde obesidade grau 1 é com IMC acima de 30 a 34,9. A obesidade grau 2 é do IMC de 35 a 39,9, enquanto obesidade grau 3, considerada grave, é do IMC maior ou igual a 40”, aponta.

SAIBA COMO IDENTIFICAR ALIMENTOS INAPROPRIADOS PARA CONSUMO

– Frutas não devem ter manchas, riscos e furos;

– Sinta o cheiro do leite para saber se ele azedou ou não;

– Queijo estragado muda de textura;

– Ovo que boia na água está estragado;

– Carne vermelha estragada tem colocação alterada;

– Peixes não devem ter cheiro muito forte;

– Verduras e legumes mudam de cor ou de textura quando passaram do ponto.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

QUANDO NÃO DÁ MATCH

Livro lançado às vésperas da eleição analisa como polarização política mudou o flerte em aplicativos de relacionamento

O ano de 2017 foi um caldeirão fervilhante de mudanças na cena política brasileira, assim como no casamento da fotógrafa Patrícia Gouvêa, que havia chegado ao fim após 7 anos. Numa tentativa de curtir a vida de recém-solteira, a carioca, hoje com 48, ouviu os conselhos de uma amiga e se jogou nos aplicativos de relacionamento. O que era para ser só diversão, no entanto, acabou por se tornar um choque ao se ver num abismo que a separava de matches com uma visão de Brasil e sociedade muito diferente da sua. “Entrei no início de 2018 (ano da eleição de Jair Bolsonaro à presidência), e percebi que esse contexto político em que vivemos passou a permear esse lugar de flerte e envolvimento”, diz.

A experiência nas plataformas de dating virou objeto de pesquisa e páginas de um livro que procura refletir sobre como a polarização política invadiu o campo do amor e dos desejos. Ótima leitura para este período pós eleição e para quem se pergunta o que será das relações humanas depois dele, a obra intitulada “Do amor” (editora {LP} Press) mergulha nas paqueras virtuais de Patrícia pelos últimos quatro anos. “O livro é uma costura de imagens e diálogos que refletem esse cenário binário. Passei por muitos perfis cujas bios diziam ‘se você apoia o PT, não dê match. Se você é feminista, passe direto pelo meu perfil’”, comenta.

As próprias plataformas de dating já se anteciparam à necessidade dos usuários de sinalizar seu posicionamento político na bio e criaram mecanismos que não deixam margem para surpresas depois do match. O Bumble, por exemplo, desenvolveu um filtro para identificar os perfis. Segundo dados do aplicativo, a ferramenta é a mais utilizada pelas pessoas que buscam por um amor na rede, chegando a uma porcentagem de 14%. “É muito curioso ver o interesse dos usuários brasileiros em política. Cada vez mais notamos o aumento da procura por parceiros que se atraem por este tema e que partilham das mesmas ideologias”, pontua Alice Johnston, gerente de Marketing da Bumble.

Para Elis Monteiro, especialista e consultora de marketing digital, as plataformas utilizam de filtros como estratégia de uso dos canais. “São práticas que facilitam o encontro de pares, pessoas da mesma bolha e nicho”, esclarece.

Relacionar-se com pessoas de sua bolha está longe de ser um problema para a jornalista Camilla Roque, de 25 anos. A jovem, que se posiciona a favor de políticos de esquerda, prega a palavra dos aplicativos de relacionamento desde que terminou seu namoro de 3 anos, há 10 meses. Apesar de já ter ficado com homens de direita, ela ressalta que não conseguiria levar a relação adiante. “Nem sempre perguntava o posicionamento político do cara, mas tentava deduzir de alguma forma. Prestava atenção em falas, no comportamento, entrava em redes sociais para ver se já

havia publicado algo sobre determinado candidato”, declara. “Isso é decisivo para que eu mantenha interesse. Não tem como desassociar a opinião política de caráter”, afirma.

A estudante de Economia Clara Albuquerque, mais à direita no espectro político, também afirma que não engataria numa relação séria com um homem de ideais esquerdistas. “Já me envolvi com caras de esquerda, já dei chance. Hoje, posso ser amiga, mas namorar, jamais. Justamente por conta dos princípios, é um jugo desigual. Pode prejudicar áreas importantes de um relacionamento para mim”, avalia a jovem, de 22 anos. “Gosto de trocar ideia, ouvir o outro lado, mas chega um momento em que tentam me convencer de que estou errada, deturpam algumas coisas.”

Gisele Aleluia, psicóloga com experiência em terapia de casal, ressalta que “todo relacionamento é um ato político, em que são desenvolvidas habilidades de convívio, negociação e respeito a direitos e deveres”, e que essas discordâncias podem se somar a uma série de questões que o casal não consegue equacionar. Ou seja, mesmo sabendo que não é bom vivermos numa bolha, numa relação a dois, sair demais dela pode ser complicado.

“A eleição passa, as diferenças mais profundas, não.”

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