OUTROS OLHARES

PROGRAMA RESOLVE METADE DAS BUSCAS POR PATERNIDADE

Parceria em São Paulo vai realizar três mutirões de coleta de DNA até dezembro

A primeira e única vez que a assistente social Fabiana Carvalho teve contato com o pai foi quando ela tinha 4 anos. Após a morte do avô, o pai deixou São Paulo e nunca mais voltou. Foram mais de três décadas de espera até que ela, enfim, o reencontrasse e pudesse ter o nome dele na certidão de nascimento e no documento de identidade.

“No encontro que eu tive, era como seu eu estivesse com uma caneta e uma folha de papel em branco, pois não sabia nada dele”, diz Fabiana, 43. “Mas hoje tenho o nome do meu pai na certidão de nascimento e no RG.”

Corsino Borges Pinto, pai de Fabiana, foi encontrado pela ação do Ministério Público de SP na cidade de Porteirinha, no norte de Minas Gerais, em 2017. Segundo a assistente social, ele dispensou o exame de DNA e reconheceu Fabiana como filha legítima. Dois anos depois, eles finalmente se reencontraram.

“Fui até a cidade onde ele estava para ver que estava vivo e poder dizer ‘eu te amo, pai’”, diz Fabiana, que desde então mantém contato com Borges, hoje com 71 anos.

O reconhecimento de paternidade para Fabiana ocorreu por meio do programa Encontre Seu Pai Aqui, uma parceria entre o Ministério Público e o Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo) que tenta diminuir a burocracia encontrada por aquelas pessoas que buscam o reconhecimento de paternidade no estado.

O programa foi lançado em 2016 e, de lá para cá, segundo dados da promotoria, cerca de 12 mil casos já foram atendidos em todo o estado. Por meio dele, 51,5% das questões de paternidade foram resolvidas sem que houvesse necessidade de um processo mais demorado na Justiça.

“A ideia do programa é que a paternidade seja reconhecida de forma consensual, evitando o conflito entre as partes. Não passar pelo Judiciário e fazer ali a composição, estimulando sempre esse reconhecimento espontâneo”, diz a promotora Maria Cecília Alfieri, assessora do Centro de Apoio Operacional Cível.

No programa, a pessoa interessada em realizar o teste de paternidade deve procurar qualquer unidade do Poupatempo no estado e preencher uma ficha indicando o relatado pai – o que Fabiana fez na unidade de São Bernardo do Campo. A partir daí, o Ministério Público passa a investigar o paradeiro dele.

Quando localizado, o indivíduo é ouvido e, se concordar com a paternidade atribuída, é feita a requisição de averbação na certidão de nascimento, ou então é agendada a realização do exame de DNA.

Se o pai for de outra localidade, é solicitada uma carta precatória para que ele seja ouvido. “Os arranjos familiares vão mudando em uma velocidade muito grande e isso traz consequências para o registro civil. Ele não é apenas uma formalidade, ele vai trazer uma série de outros direitos. É o resgate daquela dignidade e os direitos mais fundamentais da pessoa”, diz Maria Cecília.

Fernando José da Costa, secretário estadual de Justiça e da Defesa da Cidadania, segue na mesma linha. “Além da harmonia familiar, traz legitimidade financeira com relação a direitos sucessórios, patrimônio, pensões alimentícias. Acaba sendo muito importante socialmente e legalmente.”

No último dia 30 de setembro, Ministério Público e Imesc realizaram um mutirão para coleta de exames de DNA, sem a necessidade do agendamento. Segundo o instituto, foram feitas duas solicitações para localização dos pais e 22 coletas de material para DNA.

Esse mutirão será repetido nos dias 20 de outubro, 25 de novembro e 9 de dezembro. Na ação, mãe, filho e o apontado como pai, que estejam de acordo com a realização do exame, devem comparecer juntos à sede do Imesc para a coleta do material de DNA, apresentando documento com foto. A coleta é feita na hora e o resultado sai em cerca de 15 dias.

Se der positivo, os envolvidos serão chamados pela promotoria e encaminhados ao cartório, onde o novo documento será emitido.

“Qualquer pessoa pode ir [ao mutirão] fazer o exame, mesmo não tendo processo judicial, e vai receber o resultado. Estamos abrindo uma oportunidade principalmente para aquela população vulnerável, que não tem como pagar advogado”, diz o secretário.

Caso mãe e filho não estejam acompanhados do suposto pai, eles poderão realizar o atendimento e dar continuidade ao processo no Ministério Público, dentro do mutirão. Se o suposto pai já estiver morrido, a mãe deve comparecer junto com parentes de primeiro grau dele.

“Se mesmo com o exame de DNA a pessoa se recusar a ir, aí, sem dúvida, vai nascer o interesse em uma ação judicial para confirmar a paternidade. Ainda que o exame seja positivo”, diz a promotora. Segundo Maria Cecília, por causa da pandemia, ficaram represadas muitas demandas, pois o Imesc teve que paralisar as atividades.

De acordo com dados da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais), nos sete primeiros meses deste ano, 100.717 crianças foram apresentadas em cartórios por mães solo em todo o país.

GESTÃO E CARREIRA

EMPREENDEDORES 50+ TÊM CHANCE MAIOR DE SUCESSO NOS NEGÓCIOS

Experiência para lidar com adversidades e responsabilidade são algumas características positivas desse grupo de profissionais

Profissionais maduros, acima de 50 anos, têm mais chances de sucesso na abertura de um negócio ou empresa. É o que revela a pesquisa “Empreendedores 50+, o futuro do Brasil”, da consultoria Empreendabilidade. O levantamento conectou dados macroeconômicos, indicadores do mercado empresarial e do perfil de profissionais maduros. O relatório, que usou Big Data Analytics (cruzamento de informações), relaciona as taxas de sucesso de fundadores de empresas em diferentes faixas de idade.

Segundo Ricardo Meireles, fundador da Empreendabilidade e responsável pelo estudo, algumas características do profissional 50+ são a maior vivência, a capacidade de lidar melhor com adversidades, aceitar mais riscos, fazer boas negociações e ser mais responsável na tomada de decisões. Pela pesquisa, 15,6% dos empreendedores com idade entre 55 e 64 anos têm empresa estabelecida, ou seja, que está ativa há mais de 3,5 anos. Entre pessoas de 18 a 34 anos, esse porcentual é de 3,8% e, entre 35 e 50 anos, 11,1%. É acima dos 50 anos que muitos profissionais decidem realizar algum sonho e deixar de ser empregado, segundo a pesquisa. Além disso, alguns já conseguiram juntar poupança e querem continuar ativos no mercado. É o caso de Bete Marin, de 52 anos. Depois de 30 anos de experiência e uma carreira consolidada, ela decidiu montar, ao lado de uma amiga, a agência digital MV Marketing, focada em Economia Prateada – mercado voltado às necessidades das pessoas maduras. “Empreender na maturidade é uma oportunidade quase única”, diz Bete.

Qualidade de vida e motivação foram os pontos de partida para a veterana montar um negócio. Mas, antes de investir na nova empreitada, ela precisou planejar. “Essa é a essência de você ser bem-sucedido”, destaca. Primeiro, fez uma retrospectiva de vida, relembrou a virada de carreira e o que mais a impactou. A partir dali, percebeu que estava longe de querer se aposentar. Hoje, a agência conta com dez clientes fixos e a previsão é investir em produtos digitais dedicados ao público alvo.

NEGÓCIOS DE MULHERES

Embora pessoas acima de 46 anos tenham mais chances de aprovação na tomada de crédito, segundo pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV, as mulheres enfrentam mais dificuldades que os homens na hora de abrir um negócio por conta da falta de acesso ao crédito, como critica Bete. “Precisamos nos livrar de estereótipos e focar no mercado.”

Foi justamente o preconceito com idade que impediu Gisele Correia, de 56 anos, de conseguir uma oportunidade de emprego aos 40 anos.

Na época, ela atuava na área de advocacia. Desempregada, a saída foi montar um brechó na garagem de sua casa para conseguir pagar o aluguel. “Comecei a empreender por necessidade”, lembra.

A empreitada só teve fim porque Gisele precisou se mudar de Curitiba para São Paulo. Na capital paulista, conseguiu um bico como representante de vendas de roupas de ginástica. “Me descobri apaixonada pelo varejo.”

A grande oportunidade surgiu em 2006, quando a empresária se interessou por uma lojinha, ao lado da academia em que malhava. O estabelecimento foi posto à venda após o dono declarar falência, enquanto migrava para o e-commerce. O proprietário era Marcio Kumruian, atual CEO da Netshoes. “Mas não era uma, eram três lojas. Quando eu fui conversar, ele disse: ‘Ou é três ou é nada’.” Ela topou e, com um empréstimo no BNDES, inaugurou a Use Best Fit. Quatorze anos depois, a empresária já somava 14 lojas físicas.

O negócio estava consolidado, até a pandemia, que fechou as portas de vários empreendimentos Brasil afora. Nesse período, metade dos trabalhadores com mais de 50 anos perdeu o emprego, segundo levantamento da PwC Brasil.

“Pensávamos que não íamos sobreviver”, desabafa Gisele. Foram seis lojas físicas fechadas e um novo recomeço. A loja migrou para o digital e as vendas online foram ampliadas com martketplace.

CAPACITAÇÃO

Cursos e treinamentos de curto prazo podem potencializar as características de empreendedores 50+. Veronique Forat, 65 anos, queria uma mudança na carreira após décadas no setor de marketing – e se aposentar não era opção. Mas precisou encarar o meio digital e até aprender a editar sites. Em 2017, junto com a amiga Marta Monteiro, 68 anos, abriu um negócio de moradia compartilhada.

A ideia era criar uma espécie de Tinder, com match-making para conhecer pessoas com quem gostaria de morar. O diferencial do modelo estava no volume de informações que o usuário poderia encontrar: sexo, orientação sexual, se fuma ou não, vegetariano, pets. Assim nasceu a plataforma Coliiv, que agora deve expandir o menu de informações incluindo recorte por religião e tendência política.

EU ACHO …

INDEPENDÊNCIA PARA QUEM?

Coletânea reúne textos de intelectuais negros para discutir equidade racial

Foi lançado nesta semana o livro “A Resistência Negra ao Projeto de Exclusão Racial – Brasil 200 Anos”. Organizado pelo professor e doutor Hélio Santos, o livro reúne textos de 34 intelectuais negras e negros de diversas regiões do país para refletir sobre os 200 anos da Independência do Brasil.

O livro foi lançado pela editora Jandaíra, no selo Sueli Carneiro, o qual tenho a alegria de coordenar e cujo nome homenageia a grande pensadora negra que também contribui com um texto nessa produção. O selo tem trabalhado nos últimos anos pela publicação de mulheres e homens negros e, com a obra, alcança seu 21º título em três anos de história. Quando o professor Hélio me ligou no meio deste ano para apresentar sua ideia, o sentimento foi que esse livro já havia acontecido no plano espiritual. Faltava vê-lo materializado na Terra, mas muito trabalho seria necessário. Para que fosse possível, dependeríamos de uma atuação memorável por parte de Lizandra Magon, diretora-executiva da Jandaíra, trabalho este que foi realizado com louvor.

Como dizem, o que é para ser vem com muita força. O projeto contou com o suporte financeiro do Instituto Çarê, que desde 2019 se dedica a preservar e difundir acervos brasileiros relevantes. As pessoas convidadas entregaram textos inéditos a tempo de serem publicados – feito que deve ser creditado à irresistível força gregária do professor Hélio.

Contribuem para este livro intelectuais fundamentais para a compreensão do Brasil, como Conceição Evaristo; Kabengele Munanga; Zélia Amador de Deus; a relatora-geral da terceira Conferência Mundial contra o Racismo, realizada na África do Sul, Edna Roland; os escritores Ana Maria Gonçalves, Cuti e Elisa Lucinda; e colegas brilhantes, como Cida Bento e Michael França. Destacam-se textos de acadêmicas e acadêmicos fundamentais de várias gerações e regiões do país que tratam dos mais variados temas contemporâneos para a população negra, como também leituras críticas sobre o que, de fato, representou o grito de independência no Brasil. Quem gritou independência?

E independência para quem?

E o livro, claro, conta ainda com um texto memorável do professor Hélio Santos sobre um novo acordo para a equidade racial no Brasil. Trata-se de um manifesto contundente e pormenorizado por um marco de bem-estar sociorracial.

“Esta coletânea sonha inspirar um novo acordo para a equidade racial; me refiro a um New Deal customizado para o Brasil, país de maioria negra. Trata-se de construir não o Estado do bem-estar social padrão, mas o Estado do bem-estar sociorracial, que é o caminho adequado para nos levar a um patamar civilizatório condizente com o de um país rico, de dimensões continentais”, afirma o professor Hélio Santos em seu texto. Foi com muita satisfação que pude contribuir com um texto sobre a urgência de democratização das mídias. Desenvolvi meu argumento a partir de uma noção de Osmar Teixeira Gaspar, grande pensador negro que nos deixou na pandemia, mas cujo legado sobre a necessidade de debatermos mídias e concessões está mais atual do que nunca. No artigo, falo sobre a importância da construção da memória coletiva e do direito de contar essas memórias. Conto sobre como fiquei irritada com a novela “Nos Tempos do Imperador” – pelo que considerei uma afronta ao trazer a romantização dos tempos coloniais nos tempos atuais e também pelo fato de a população negra não ter meios de fazer sua própria novela e contar sua narrativa. A partir da noção do professor Gaspar em seu livro “Mídias: Concessões e Exclusão”, argumentamos como a população negra brasileira está sendo submetida a uma censura nos meios de comunicação, por ter obstadas diversas formas de representação nas mídias, que são concessões públicas. Nas palavras do próprio professor Gaspar: “A democratização dessas concessões, por outro lado, permitiria aos próprios negros corrigir as intencionais distorções de sua imagem como grupo social”.

Trata-se de uma abordagem gaspariana do debate de democratização das mídias, ultrapassando a discussão sobre um maior equilíbrio nas perspectivas políticas da imprensa. A abordagem gaspariana vai além: posiciona o debate na urgência de a população negra estar representada em todas as esferas da sociedade brasileira, inclusive na posição de falar por si. E é essa contribuição que deixo neste livro fundamental para pensar a nação nos 200 anos de Independência.

DJAMILA RIBEIRO – Mestre em filosofia política pela Unifesp e coordenadora da coleção de livros Feminismos Plurais

ESTAR BEM

NOVO REMÉDIO CONTROLA AÇÚCAR NO SANGUE DE PESSOAS COM DIABETES

Medicamento já aprovado nos EUA é tido por especialistas como ‘mudança de paradigma’ no combate à doença

Um novo medicamento pode revolucionar o tratamento do diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença. Dados de uma série de estudos fase 3 apresentados recentemente no Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM) mostram que a tirzepatida normalizou os níveis de açúcar no sangue de pacientes em 51%. Para efeito de comparação, a taxa foi de 20% nas pessoas que tomaram a semaglutida, considerado o principal tratamento para a doença hoje. Além disso, os pacientes que utilizaram tirzepatida perderam, em média, 12,4 quilos, o dobro na comparação com a semaglutida.

“A tirzepatida se mostrou um medicamento superior aos que existem no mercado tanto na melhorado controle glicêmico quanto na redução de peso. Realmente é um marco na história da diabetes”, diz o endocrinologista Alexander Benchimol, pesquisador do Departamento de Endocrinologia da Escola Médica de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia.

A redução de peso possibilitada pelo novo medicamento também foi saudada como um divisor de águas, mas na luta contra a obesidade.

Um dos estudos, o SUR- PASS-2, comparou a eficácia e a segurança da tirzepatida com a semaglutida em adultos com diabetes tipo 2. No total, 1.879 pessoas participaram da pesquisa, que teve duração de 40 semanas.

Os resultados mostraram que 51% dos pacientes que tomaram tirzepatida 15 mg alcançaram níveis de hemoglobina glicada inferior a 5,7%, contra apenas 20% daqueles que tomaram semaglutida. Esse exame é usado como medida para diagnóstico de pré-diabetes e controle do diabetes pois traça uma espécie de histórico do nível de açúcar no organismo dos últimos meses.

Para pessoas com a doença, a meta de controle é ter a hemoglobina glicada inferior a 7%, valor alcançado por 92% dos voluntários que usaram tirzepatida. Para fator de comparação, o valor de 5,7% é encontrado em pessoas sem diabetes.

“Esse dado é uma mudança de paradigma e fará com que a gente tenha que rediscutir o controle do diabetes porque é um nível de controle a que não estávamos habituados”, avalia Benchimol.

Outro ponto considerado importante pelos especialistas é que esse benefício foi obtido sem que o paciente corra risco de hipoglicemia.

“Um dos efeitos colaterais de alguns medicamentos para o diabetes é a hipoglicemia. Já esse medicamento é de alta potência na redução da glicose e mesmo assim não causa o problema”, diz o endocrinologista Rodrigo Moreira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Novos resultados do mesmo estudo e de sua continuação, o SURPASS-3, foram apresentados na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes, realizado este mês, na Suécia. Eles revelam que adultos tratados com tirzepatida atingiram mais rapidamente as metas de glicose no sangue e perda de peso.

Análises adicionais do SURPASS-2 descobriram que o tempo médio para atingir 5% ou mais de perda de peso foi de cerca de 12 semanas com as duas doses mais altas de tirzepatida (10 e 15 mg), em comparação com 24 semanas para semaglutida. Pode parecer pouco, mas um emagrecimento desse patamar está associado a melhorias clinicamente significativas nos problemas de saúde, em especial para pacientes com diabetes tipo 2.

“A velocidade que estamos vendo na redução da glicose e na perda de peso está além de qualquer outra coisa que temos disponível no momento e pode colocar os adultos com diabetes tipo 2 em uma posição melhor para prevenir complicações a longo prazo. Mas é importante lembrar que esses medicamentos devem ser usados além da dieta e do exercício”, disse o líder do estudo, o patologista químico Adie Viljoen, do East and North Hertfordshire NHS Trust, no Reino Unido.

EFEITOS COLATERAIS

Os principais eventos adversos relatados foram de intensidade leve a moderada e incluíram náusea, vômito e diarreia. Todos diminuíram ao longo do tempo.

“A tirzepatida é um medicamento muito bem tolerado, com uma baixíssima incidência de efeitos colaterais. O principal é o enjoo nas primeiras semanas de uso”, afirma Moreira.

O endocrinologista explica que a tirzepatida é o primeiro produto de uma nova classe de medicamentos. Ela atua no organismo imitando a ação dos hormônios GLP-1 e GIP, que estimulam a produção de insulina e promovem a sensação de saciedade. A semaglutida, por exemplo, imita só a ação do GLP-1.

“Toda vez que a gente come, em especial carboidrato, nosso intestino produz as duas substâncias, que têm um efeito no pâncreas, melhorando a supressão de insulina, e no cérebro, diminuindo a fome e aumentando a saciedade. O medicamento atua como essas duas substâncias juntas”, explica Moreira.

Neste ano, a tirzepatida foi aprovada pela FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos. Segundo a farmacêutica Eli Lilly, o aval para uso da droga já foi solicitado à Anvisa e, se aprovado, pode estar disponível “em meados de 2023”.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

A CONVERSA É NOSSA MAIOR FERRAMENTA PARA ALINHAR MENTES

Neurocientista desenvolveu um estudo para entender como um grupo chega a um consenso

Colegas de trabalho presos em uma chamada do Zoom, deliberando sobre uma nova estratégia para um projeto crucial. Colegas de apartamento na mesa da cozinha, discutindo sobre como dividir as contas de forma justa. Vizinhos em uma reunião de bairro, debatendo sobre como pagar reparos nas ruas.

Todos nós já fizemos isso – em um grupo, tentando o nosso melhor para colocar todos na mesma página. É sem dúvida uma das tarefas mais importantes e comuns nas sociedades humanas. Mas chegar a um acordo pode ser excruciante.

“Muito de nossas vidas parece estar nesse tipo de efeito Rashomon; as pessoas veem as coisas de maneiras diferentes e têm relatos diferentes sobre o que está acontecendo”, disse Beau Sievers, neurocientista social do Dartmouth College.

CONSENSO

Alguns anos atrás, Sievers desenvolveu um estudo para melhorar a compreensão de como exatamente um grupo de pessoas chega a um consenso e como seus cérebros individuais se modificam após essas discussões. Os resultados, publicados recentemente online, mas ainda não revisados por pares, mostraram que uma conversa robusta que resulta em consenso sincroniza os cérebros dos falantes – não apenas quando se pensa no tópico que foi explicitamente discutido, mas também em situações relacionadas que não foram abordadas. O estudo também revelou pelo menos um fator que torna mais difícil chegar a um acordo: um membro do grupo cujas opiniões ferrenhas se sobrepõem às dos outros.

“A conversa é nossa maior ferramenta para alinhar mentes”, disse Thalia Wheatley, neurocientista social do Dartmouth College que aconselha Sievers. “Não pensamos no vácuo, mas com outras pessoas.” Sievers projetou o experimento usando filmes como base, porque queria criar uma situação realista na qual os participantes pudessem mostrar mudanças rápidas e significativas em suas opiniões. Mas ele disse que era surpreendentemente difícil encontrar filmes com cenas que pudessem ser vistas de maneiras diferentes. “Diretores de filmes são muito bons em restringir os tipos de interpretações que você pode ter”, ele disse.

Raciocinando que os grandes sucessos normalmente não ofereciam muita ambiguidade, Sievers se concentrou em filmes que os críticos adoravam, mas que não trouxeram grandes audiências, incluindo O Mestre, Sexy Beast e Reencarnação, um drama de 2004 no qual um garoto misterioso aparece na festa de noivado de uma mulher.

Nenhum dos voluntários do estudo tinha visto nenhum dos filmes antes. Enquanto estavam deitados em um scanner cerebral, eles assistiram a cenas de vários filmes sem som, incluindo uma de Reencarnação, em que o menino desmaia em um corredor após uma conversa tensa com a mulher elegantemente vestida e seu noivo.

Depois de assistir aos trechos, os voluntários responderam a perguntas da pesquisa sobre o que achavam que havia acontecido em cada cena. Em seguida, em grupos de três a seis pessoas, sentaram-se ao redor de uma mesa e discutiram suas interpretações, com o objetivo de chegar a uma explicação consensual.

Todos os participantes eram estudantes do mesmo programa de mestrado em administração de empresas, e muitos deles se conheciam em graus variados, o que gerou conversas animadas refletindo a dinâmica social do mundo real, disseram os pesquisadores.

Após as conversas, os alunos voltaram aos scanners cerebrais e assistiram aos trechos novamente, bem como novas cenas com alguns dos mesmos personagens. A cena adicional de Reencarnação, por exemplo, mostrava a mulher colocando o menino na cama e chorando.

O estudo descobriu que a atividade cerebral dos membros do grupo – em regiões relacionadas à visão, som, atenção, linguagem e memória, entre outras – ficou mais alinhada após a conversa. Curiosamente, seus cérebros estavam sincronizados enquanto assistiam às cenas que haviam discutido, bem como às novas.

INTERPRETAÇÕES

Grupos de voluntários apresentaram diferentes interpretações do mesmo trecho do filme. Alguns grupos achavam que a mulher era a mãe do menino e o havia abandonado, enquanto outros achavam que não tinham parentesco. Apesar de ter assistido aos mesmos trechos, os padrões cerebrais de um grupo para outro eram significativamente diferentes, mas dentro de cada grupo, a atividade era muito mais sincronizada. Os resultados foram submetidos para publicação em uma revista científica e estão em análise. O experimento também destacou uma dinâmica familiar para qualquer pessoa que já tenha se sentido triturada em uma reunião de trabalho: o comportamento de um indivíduo pode influenciar drasticamente uma decisão do grupo.

Alguns dos voluntários tentaram persuadir seus colegas de grupo de uma interpretação cinematográfica com agressividade, sendo autoritários e discutindo com seus colegas. Mas outros – particularmente aqueles que eram atores centrais nas redes sociais da vida real dos alunos – atuaram como mediadores, ouvindo os outros e tentando encontrar um terreno comum.

Os grupos com os falastrões foram menos alinhados neuralmente do que aqueles com mediadores, segundo o estudo. E talvez o mais surpreendente foi o fato de que os mediadores geraram consenso sem forçar suas próprias interpretações, mas encorajando outros a falar e depois ajustar suas próprias crenças – e padrões cerebrais – para combinar com o grupo.

“Estar disposto a mudar de ideia, então, parece a chave para colocar todos na mesma página”, disse Wheatley.

Como os voluntários tentavam ansiosamente colaborar, os pesquisadores disseram que os resultados do estudo eram mais relevantes para situações, como locais de trabalho ou salas de júri, nas quais as pessoas estão trabalhando em direção a um objetivo comum.

Mas e quanto a cenários mais controversos, nos quais as pessoas têm interesse em uma determinada posição? Os resultados do estudo podem não valer para uma pessoa negociando um aumento ou políticos discutindo sobre a integridade de nossas eleições. E para algumas situações, como um brainstorming criativo, o pensamento de grupo pode não ser o resultado ideal.

“O tópico da conversa neste estudo foi provavelmente bastante ‘seguro’, pois nenhuma crença pessoal ou socialmente relevante estava em jogo”, disse Suzanne Dikker, neurocientista cognitiva e linguista da Universidade de Nova York, que não esteve envolvida no estudo.

Estudos futuros podem se concentrar na atividade cerebral durante as conversas de construção de consenso, ela disse. Isso exigiria uma técnica relativamente nova, conhecida como hyperscanning, que pode medir simultaneamente o cérebro de várias pessoas. O trabalho de Dikker nessa área mostrou que traços de personalidade e dinâmicas de conversação, como revezamento, podem afetar a sincronia cérebro a cérebro.

Wheatley concordou. A neurocientista disse que está frustrada há muito tempo com o foco de seu campo no cérebro isolado.

“Nossos cérebros evoluíram para serem sociais; precisamos de interação e conversas frequentes para manter a sanidade”, ela disse. “E, no entanto, a neurociência continua mapeando o cérebro isolado como se isso fosse alcançar uma compreensão profunda da mente humana. Isso tem que mudar e vai mudar.”

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