CARBOIDRATO: HERÓI OU VILÃO?
Fonte de energia, o nutriente deve fazer parte da dieta alimentar; eliminá-lo do cardápio pode trazer diversos malefícios e interferir até mesmo na qualidade do sono

Os carboidratos atuam como combustível para o corpo, sendo sua principal fonte de energia. O consumo adequado contribui para a saúde do organismo de modo geral, pois está associado ao transporte de proteínas para os músculos, à formação de células do sistema imunológico e à geração de energia para o cérebro, garantindo uma boa cognição e aprendizado, conforme explica a nutricionista Isabella Pinheiro.
Simples ou complexos, são formados por moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio, que podem se unir e formar outras ainda maiores que, por sua complexidade, são agrupadas em diferentes categorias, das quais as três mais importantes são monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
“Os monossacarídeos são açúcares formados por uma única molécula. Seus principais representantes são a glicose (fabricada pelos vegetais durante a fotossíntese), a frutose (encontrada no mel) e a galactose (presente no leite)”, explica. “Os dissacarídeos (maltose encontrada no malte da cevada, lactose encontrada no leite e a sacarose) consistem em dois monossacarídeos unidos por uma ligação de carbono. E, por fim, os polissacarídeos são grandes cadeias de ligações de monossacarídeos que têm em sua composição amido, celulose, pectina e glucana, não digeridas no intestino humano, mas muito importantes para a saúde, também conhecidos como fibras”, ensina.
SAUDÁVEIS
De acordo com a nutricionista lsabela Bovarot os carboidratos complexos possuem absorção mais lenta no organismo, promovendo a sensação de saciedade, enquanto que os simples são mais facilmente absorvidos, o que pode gerar uma sensação maior de fome durante o dia. “Pensando sempre na saúde em primeiro lugar, as melhores opções são os alimentos fontes de carboidratos complexos, pois eles não liberam picos de açúcar no sangue, garantindo disposição e sensação de saciedade por muito mais tempo do que a ingestão de um carboidrato simples. Porém, tudo depende da situação, principalmente se for necessário gerar energia mais rapidamente”, afirma
A nutricionista lsabella Pinheiro esclarece que o tipo de carboidrato importa muito para a manutenção da saúde, e o ideal é que sejam consumidos carboidratos de alimentos in natura como frutas, vegetais e cereais. “Este último grupo contempla os carboidratos complexos, que trazem uma grande quantidade de fibra para a alimentação, prevenindo doenças e reduzindo picos de insulina que podem aumentara fome”, diz.
Segundo a especialista, os melhores carboidratos para uma boa saúde são encontrados na aveia (contém betaglucana que ajuda na saúde intestinal e prevenção de doenças crônicas), chia (fonte de ômega 3 vegetal), linhaça, feijão e lentilha (rica em fibras e vitamina B12), pão integral e fruta.
QUANTIDADE IDEAL
A quantidade de carboidrato absorvida varia diariamente de um indivíduo para o outro, por conta das diferenças de metabolismo e nível de atividade. De acordo com a nutricionista Isabella Pinheiro, para um adulto saudável, sem complicações na saúde, estima-se uma média de 200g a 300g de carboidratos por dia. “Isso pode variar muito de acordo com a rotina e exercícios que cada pessoa faz no seu cotidiano”, afirma.
Para pessoas enfermas e acamadas, a especialista destaca que os cálculos mudam e os carboidratos são distribuídos de acordo com as necessidades específicas de cada situação. Além disso, em algumas situações pode ser necessário limitar a ingestão. “O consumo deve ser reduzido na presença de doenças crônicas, como a resistência à insulina, diabetes tipo 2 ou pressão alta, se a causa for correlacionada com outra doença crônica, epilepsia e casos específicos de mutações e doenças que exijam protocolos que reduzem a ingestão de carboidratos”, diz lsabella Pinheiro.

MELHORA O DESEMPENHO FÍSICO
Os carboidratos ocupam lugar de destaque antes da prática de um esporte, visto que sua principal função é fornecer energia, favorecendo esforços prolongados ou intensos de curta duração. O consumo ineficiente pode prejudicar o treino, especialmente devido à fadiga e indisposição.
“O carboidrato é a fonte de energia mais fácil de ser usada pelo organismo no momento do exercício. Assim, quando o estoque de glicogênio (forma de armazenamento do carboidrato no músculo) é baixa, o organismo passa a usar a glicose disponível no sangue, melhorando a quebra de gordura após o exercício”, explica a nutricionista Isabella Pinheiro.
Outro fator importante está relacionado à perda de massa muscular ocasionada pela falta do nutriente. “Sem carboidrato, a proteína não consegue entrar no músculo, fazendo com que ele não se recupere dos treinos – ou seja, é usado como fonte de energia se houver baixo consumo de carboidratos na dieta”, diz.
“Perdemos o músculo e, com isso, a gordura continua armazenada. Os rins e fígado ficam sobrecarregados porque, com a falta de carboidrato, comemos mais proteína. Assim, os órgãos ficam sobrecarregados por trabalharem mais que o normal. Além disso, o consumo exagerado de proteína aumenta o consumo de gorduras, que pode elevar o colesterol e o risco de doenças cardiovasculares”, complementa a nutricionista Isabela Bovaroti.
EQUILÍBRIO É FUNDAMENTAL
São muitos os prejuízos da retirada do carboidrato da alimentação. Portanto, eliminá-lo completamente da dieta traz diversos riscos à saúde, como osteoporose, osteopenia e cetose (processo tóxico para o organismo que acontece ao quebrar gordura em excesso para obtenção de energia). “Sentir dores de cabeça, fadiga, sono excessivo, ter lesões no exercício e fraqueza são os sintoma s iniciais da falta de ingestão de carboidratos”, destaca a nutricionista Isabella Pinheiro.
Dentre outros males, a exclusão dos carboidratos da dieta pode levar a situações desagradáveis, como mau hálito, dor de cabeça, tremor, tontura e desmaio. O consumo adequado está relacionado à melhora do humor e qualidade do sono. Pequenas porções à noite podem ajudar a dormir melhor, porque a serotonina e a melatonina (hormônio fundamental para o sono) são estimuladas com a ingestão desse nutriente”, acrescenta a nutricionista Isabela Bovaroti.
Já o consumo de carboidratos, principalmente os refinados, leva a um quadro de aumento de triglicerídeos, que pode sobrecarregar a produção de insulina e causar o diabetes tipo 2. “Os picos de insulina também desregulam os hormônios de fome e saciedade, causando mais fome e fazendo com que surjam casos de compulsão alimentar e mais agravos à saúde a longo prazo”, completa a nutricionista Isabella Pinheiro.