OUTROS OLHARES

O FEMINISMO SE OLHA NO ESPELHO

Militantes radicais, as radfems, e ativistas que brigam pela inclusão da transexualidade na luta travam discussões fortes sobre os conceitos de sexo e gênero, discordando ao tentar entender o que é ser uma mulher

Conceitos de sexo e gênero se embaralham dentro do movimento feminista, opondo as militantes radicais, chamadas radfems, e os ativistas que lutam para incluir transexuais, pessoas não binárias e outras denominações debaixo de um mesmo guarda-chuva.

“Feministas radicais [que falam que pessoas trans endossam o sexismo] geralmente estão se referindo a mulheres trans que performam feminilidade”, diz o escritor. “Mas a comunidade trans é diversa, há pessoas não binárias, mulheres e homens trans que são dissidentes de gênero e não concordam com esses estereótipos.”

A socióloga e cientista política Jacqueline Pitanguy, autora de “Feminismo no Brasil”, afirma que embates, assim como fusões, entre movimentos sociais são comuns na história.

“O feminismo tem uma composição complexa da luta política”, afirma Pitanguy. “E é a partir da elaboração teórica de conceitos como sexo e gênero que estudamos relações de poder de uma sociedade.”

Segundo Andreia Nobre, autora de “Guia (Mal-Humorado) do Feminismo Radical”, as críticas contra o movimento radfem são, na maioria das vezes, “uma caça às bruxas”. Ela classifica como preocupante o fato de haver “mulheres sendo chamadas de transfóbicas simplesmente por falarem de anatomia feminina”.

Além disso, Nobre diz que o ativismo trans esbarra na luta por direitos femininos. “Se gênero é um sentimento e algo fluido, o que será das políticas de proteção às mulheres?”, questiona. Ainda nessa linha, pergunta quais critérios podem ser adotados para definir o gênero de acusados de feminicídio, já que cada vez mais há adeptos da ideia de que ter um pênis não é, necessariamente, sinônimo para definir alguém como homem.

Advogados entendem que o feminicídio se trata de um assassinato cometido contra uma mulher em decorrência do fato de ela ser mulher, independentemente de como o criminoso é identificado.

Lucy Delap, a historiadora, defende que o debate sobre gênero seja feito longe dos ringues da chamada cultura do cancelamento. “Há todas as oportunidades para debatermos o assunto e, ao mesmo tempo, temermos a ideia de uma completa ruptura entre feministas e pessoas queer [termo que, neste contexto, se refere a quem não é cisgênero].”

Ainda que a fala dela sobre uma possível harmonia possa parecer utópica, ou até mesmo rasa, há quem compactue com a ideia. Um exemplo é a socióloga britânica Finn Mackay.

 Em entrevista por e-mail, Mackay – que refere a si tanto no feminino quanto no masculino – afirma que se define como “radfem trans masculina”. “Não fiz nenhuma transição social, legal ou médica, então, nunca me identificaria com o homem trans”, diz. “Sou criticada por quem sugere que não mereço me chamar de feminista, porque apoio os direitos trans.”

A socióloga conta que as críticas contra ela surgem mais nas redes sociais, ambiente que ela diz ter deixado o debate polarizado. “Isso impede as pessoas de discutir, aprender e conversarem”, afirma. “Mas é importante também não apoiarmos pontos de vista hostis e excludentes.”

Mackay lembra Judith Butler e a radfem Andrea Dworkin para dizer ainda que, apesar de divergências, há também semelhanças na maneira pela qual a teoria queer e o feminismo radical veem o gênero – a partir da compreensão de que ele surge como construção social e prejudica não só mulheres, como também homens, ainda que num grau diferente. A socióloga, assim como as radfems e parte dos ativistas trans, acredita que a solução para o sexismo seria a abolição dos papéis de gênero, o que viria a acontecer num longo processo histórico. “É claro que há radfems transfóbicas e ativistas trans misóginos, mas toda essa discussão não deveria ser reduzida a uma luta entre feministas e ativistas trans”, defende Mackay, que sugere autocríticas a ambos os grupos.

“O ativismo queer precisa reconhecer os efeitos da socialização. Mulheres são treinadas desde a infância para serem cautelosas com homens em espaços femininos. Então aquelas [que são contra a presença de pessoas com pênis nesses locais] podem estar apenas lidando com a socialização, num sistema que as culpa pela violência masculina”, afirma. “Mulheres trans são, desproporcionalmente, afetadas pela violência sexual e pelo abuso doméstico”, ela diz, lembrando que esse é um ponto que precisa ser reconhecido pelo movimento radfem. “É uma questão em que todos deveríamos estar lutando juntos.”

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

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