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VITAMINAS PERSONALIZADAS: RISCO À SAÚDE E À PRIVACIDADE

Especialistas criticam modelo que inclui prescrição por ‘quiz’ na internet e algoritmo para definir produto indicado

A oferta personalizada de vitaminas pela internet ganhou espaço no mercado brasileiro de suplementos. Em moldes similares ao que já existia no exterior – principalmente nos Estados Unidos – , empresas oferecem recomendação de suplementação a partir de um quizque busca avaliar objetivos e características físicas e comportamentais, como idade, rotina alimentar e condições de saúde.

Esse tipo de empreendimento, porém, levanta questionamentos entre especialistas. O principal é que a mesma empresa responsáveis por diagnosticar a necessidade de suplementação é a que faz a comercialização do produto, como destaca o Conselho Regional de Nutrição da 4ª Região.

‘’A construção de uma narrativa de que todos têm necessidade de suplementação de vitaminas não é adequada, apesar de explorada nas estratégias publicitárias. Alguns estudos já demonstram preocupação com o crescimento da suplementação”, diz o conselheiro Fernando Lamarca.

Uma das plataformas brasileiras para venda de produtos personalizados, a SetYou, afirma já ter vendido cem mil fórmulas, além de levantar RS3.5 milhões com investidores. A Habits também atraiu capital de investidores. O segmento de vitaminas como um todo cresceu 21% em 2021, comparado ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (Abiad).

No site de uma das empresas, por exemplo, é possível obter o diagnóstico com base em objetivos gerais, como emagrecimento, memória, energia, libido, exercício físico, sono, entre outros. É possível indicar mais de um objetivo.

O passo seguinte é apontar outros problemas para os quais as vitaminas poderiam surtir efeito. A lista sugerida vai desde pressão alta a dores nas articulações. O interessado indica os elementos que fazem parte de sua rotina, como café, exposição ao sol, exercícios físicos  ou compulsão por comida. Com base nos problemas e necessidades apontados, o site envia a prescrição e dá ao consumidor a opção de escolher receber as vitaminas em cápsulas ou pós solúvel.

PROTEÇÃO DE DADOS

Ao concluir o quis e receber a indicação de vitaminas, o consumidor pode optar por prosseguir com a compra ou não. O Vitamine-se indica vitaminas separadas, com o custo a partir de R$ 50 para uma delas. Mas o valor pode ser bem maior se optar por uma gama de sugestões. SetYou e Habits indicam fórmula com diversas vitaminas a um custo médio entre RS 120 e R$180. A manipulação é feita por farmácia.

Em alguns sites, além da venda da vitamina, há a possibilidade de assinatura de pacotes que incluem aconselhamento com nutricionista.

De acordo com as empresas, os algoritmos aplicados nas perguntas e recomendações são baseados em artigos científicos e consultorias de profissionais da saúde.

“Muito nos preocupa uma prescrição realizada por meio de quis, uma vez que o respondente pode “manipular” as respostas visando a prescrição em si”, diz Elton Bicalho, conselheiro do Conselho Regional de Nutrição da 4ª Região.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) afirma que a prescrição de medicamento, inclusive complexos vitamínicos – é ato médico, que, em alguns casos, exigirá exames. A automedicação, destaca, éum risco à saúde.

Especialistas em direito digital identificam também risco à privacidade. O quis que, na maioria dos casos parece inocente, pode expor dados sensíveis, principalmente de saúde.

“Não encontrei em nenhuma plataforma a transparência necessária sobre a finalidade do uso dos dados, a política de proteção e tratamento das informações. Não há pedido claro, especifico de consentimento do consumidor quando são requisitados dados sensíveis relacionados à saúde”, alerta a advogada Maria Luciana Pereira de Souza, especialista em Direito Digital.

Juliana Oms, pesquisadora do programa de Direitos Digitais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (ldec), diz que os sites devem informar parâmetros para a formação do algoritmo responsável técnico pelas informações.

Docente do Curso Nacional de Nutrologia da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Sandra Lucia Fernandes explica que a suplementação de vitaminas é mandatória só na gestação, lactação e para paciente bariátrico:

“Pessoas saudáveis podem e devem atingir necessidades diárias com boa alimentação.

A nutróloga aponta ainda riscos da hipervitaminose. Por exemplo, excesso de vitamina A pode causar quadro neurológico grave.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

Em nota, a SetYou afirmou que profissionais de saúde utilizam o site com pacientes, devido ao rigor do algoritmo. A Habits diz que as preocupações das entidades são válidas, mas destacou que não se restringe a vender vitamina, e oferece plano com a acompanhamento nutricional.

A Vitamine-se ressaltou que seus suplementos são regularizados pela Anvisa e que tem nutricionistas a serviço para tirar dúvidas, direcionando quando é preciso acompanhamento pro6ssíooal.

Procurada para esclarecer a regulação da atividade, a Anvisa afirmou que por se tratar “de modelo de negócio inovador, não é possível concluir, no momento, o enquadramento dos produtos (suplemento ou medicamento) e a forma de regularização da empresa somente pela avaliação do site”.  A agência disse que busca informações com as empresas.

ENTENDA COMO FUNCIONA E O QUE OBSERVAR

TODO MUNDO DEVE TOMAR VITAMINA?

Segundo a nutróloga Sandra Lúcia Fernandes, da Abran, não há respaldo na literatura médica para uso de vitaminas indiscriminadamente em pessoa saudável. Apenas durante a gestação, na fase de lactação e pessoas que passaram por cirurgia bariátrica. Nos demais casos é preciso análise e até exames.

QUAL O RISCO DE USO INDISCRIMINADO DE VITAMINAS?

Fernando Lamarca, conselheiro do Conselho Nacional de Nutrição da 4ª Região, diz que os riscos estão relacionados a dose consumida diariamente, o período de consumo e o tipo de vitamina. O consumo excessivo de betacaroteno foi associado a aumento do risco de câncer de pulmão. Altas dosagens de vitamina D podem contribuir para o desenvolvimento de pedra nos rins.

O QUE SE DEVE SABER ANTES DE RESPONDER O ‘QUIZ’?

O site deve informar claramente a finalidade para a qual serão usados os dados, como serão armazenados, por quanto tempo e ainda se as informações serão compartilhadas.

QUAL O PAPEL DO ALGORITMO?

Informe-se a respeito dos parâmetros de análise usados pela inteligência artificial para prescrever o produto. Procure saber se há profissionais de saúde responsáveis.

E SE TIVER PROBLEMAS?

As empresas dizem oferecer acompanhamento de profissionais, como farmacêuticos e nutricionistas durante o tratamento e para aconselhamento do consumidor, algumas dizem ser possível refazer o produto e garantem dar assistência em caso de efeitos colaterais. Em caso de dúvida de prática irregular ou de problema pode-se procurar o Procon e a  Agência Nacional de Proteção de Dados, se identificar risco às informações pessoais.

GESTÃO E CARREIRA

EMPRESAS TESTAM SEMANA DE 4 DIAS

Novo modelo de jornada, inspirado em experiências de países como Reino Unido, Estados Unidos e Nova Zelândia, começa a ser implantado por companhias no Brasil

Mais de um século desde a adoção da semana de cinco dias de trabalho pelo americano Henry Ford, que virou regra no mundo todo, um novo modelo com apenas quatro dias de atividades começa a ser testado, com resultados positivos. No Brasil, companhias que instituíram a nova jornada veem melhorias de eficiência, bem-estar dos trabalhadores, retenção de talentos e até aumento de receitas. Por ora, a mudança tem sido adotada mais pelas companhias de tecnologia, como Crawly, NovaHaus, Winnin, AAA Inovação, Gerencianet e Eva.

Mas o modelo, que reduz a carga horária de 40 horas para 32 horas semanais sem alteração de salário, exige um planejamento prévio com atenção à legislação trabalhista e à cultura organizacional. Além disso, para ter êxito em termos de gestão de pessoas e negócios, é necessário revisar metas e tarefas diárias e mensurar com frequência os resultados.

O conceito vem de experiências de empresas em países como Islândia, Reino Unido, Bélgica, Nova Zelândia, Escócia e EUA. Muitas decidiram adotar regimes mais flexíveis diante do fenômeno da ”grande debandada” (profissionais pedindo demissão) e do esgotamento profissional provocado pelo trabalho, condição oficializada na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No País, 61% dos trabalhadores brasileiros consideram mudar de emprego em caso de problemas de saúde mental e 74% acreditam que seriam mais produtivos em uma semana de quatro dias. Dados da plataforma de recrutamento Indeed, obtidos com exclusividade, indicam ainda que 79%concordam em aumentar as horas diárias de trabalho para ter uma semana mais curta, e a maioria está disposta a apoiar a empresa na implementação do novo modelo (84%).

De acordo com a pesquisa, a redução da carga também melhoraria a saúde mental (85%) e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (86%). É o que vem ocorrendo com Gabriele Lima Silva, analista de experiência do cliente da Gerencianet, desde que ganhou a sexta-feira livre. “Aproveito o momento para estar mais próxima da minha família, filho e cachorro, além de cuidar mais de mim.”

O diretor de vendas da Indeed Brasil, Felipe Calbucci, afirma, porém, que a semana de quatro dias pode não fazer sentido para todo tipo de negócio, o que requer avaliar bem a mudança. Isso implica atenção especial à cultura organizacional, diz Evanil Paula, presidente da Gerencianet.

A empresa de meios de pagamentos adotou a sexta-feira livre no início de julho e manteve o controle do ponto para as oito horas de serviço diárias de segunda a quinta. Para implementar o modelo, a Gerencianet fechou acordo com os sindicatos para um novo contrato com os profissionais, atualizando a jornada por seis meses de teste. “Isso é importante, porque a empresa consegue reverter a decisão, caso necessário, sem traumas.”

De forma semelhante, a startup Eva organizou uma assembleia e fechou acordos individuais com os funcionários para reduzir a carga horária a partir de julho. “Antes de definir o dia do descanso, é fundamental um estudo para avaliar os impactos e alinhar às expectativas de todos”, diz o presidente da empresa, Marcelo Lopes.

NOVO MODELO VIRA ESTRATÉGIA PARA RETENÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

A semana de quatro dias de trabalho tem se mostrado uma boa estratégia para retenção de talentos. Num cenário de mercado aquecido em que sobram vagas e faltam profissionais em vários setores, ao oferecer um dia a mais de descanso como benefício, as empresas conseguem disputar mão de obra com companhias estrangeiras que têm salários maiores.

Na empresa de produtos digitais NovaHaus, essa redução da rotatividade já teve impacto nos custos. O presidente da empresa, Leandro Pires, diz que houve perda na entrega, mas não na produtividade. Ou seja, as pessoas diminuíram a jornada de trabalho em 20%, mas deixaram de produzir somente 7%. “Todavia, essa porcentagem foi compensada com a queda da rotatividade e com um aumento de receita.”

A redução da jornada foi definida por acordos individuais e, inicialmente, tem duração de oito meses contados a partir de março. Entre os benefícios aos funcionários, ainda consta um “vale-cultura”, no valor de RS 400, e duas assinaturas de streaming, os quais tem sido muito bem aproveitados pela gerente de contas Alyne Passarelli. ”Faço várias coisas na quarta off, desde passeios, que no final de semana são mais concorridos, a maratona de séries. A ideia é ter uma pausa no meio da rotina turbulenta, e não um final de semana prolongado.”

Para medir o sucesso da estratégia, a NovaHaus adotou como indicadores de avaliação o comparativo de entregas, pesquisas internas para medir o nível de felicidade, valores dos projetos e a quantidade de faltas. “Os funcionários estão mais felizes, faltam menos e a receita aumentou.”

Resultados semelhantes foram observados na Crawly, empresa de coleta de dados online e análises, que instaurou a semana mais curta em março. “Tivemos um aumento de demanda por causa do comercial e do marketing, e conseguimos entregar tudo sem atrasos”, afirma a gerente financeira da empresa, Luísa Lana Stenner.

PROCESSOS INTERNOS

Tanto para a Crawly quanto para a consultoria AAA Inovação, o sucesso da estratégia é atribuído a uma reorganização dos processos internos. “Acabamos com o e-mail, grupos de WhatsApp, e adotamos metodologias e ferramentas ágeis de gestão de projetos e comunicação interna, como Slack, Runrun.it e Discord”, diz o presidente da AAA, Juan Pablo Boeira.

A empresa adotou a jornada mais curta em janeiro. Em cinco meses, foi verificado crescimento de 120% do faturamento. “Quando a gente percebeu que estava mais eficiente, criamos o ‘ResetDay’ (dia de redefinir)às sextas-feiras.”

Além de monitorar semanalmente aspectos como entregas (performance), custos fixos, eficiência e saúde mental, a AAA Inovação mantém contato com os clientes para saber o nível de satisfação.

“A decisão de adotar a semana de quatro dias diz muito mais sobre como evoluir a sua produtividade e eficiência do que reduzir um dia de trabalho”, diz o presidente da plataforma Winnin, Gian Martinez. A empresa adotou a sexta-feira livre em agosto de 2021 e já vê melhora de bem-estar dos trabalhadores e redução da rotatividade.

EU ACHO …

LEMBRANÇAS MAL LEMBRADAS

A maioria dos nossos tormentos não vêm de fora, estão alojados na nossa mente, cravados na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. “As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer.” Frase do psicanalista Adam Phillips, publicada no livro O flerte.

Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta ao passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí, sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos.

Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas.

Você fez cinco anos, sonhava em ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, e percebe- se que ela prefere disparado sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece – passaram-se anos e você, droga, não esquece.

Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem sabemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável.

O menino de cinco anos superdimensionou uma ausência que foi emergencial, não proposital.

Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela).

Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor.

E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, se recusa a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou a sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o dessa fatura.

São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria – pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito.

*** MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

‘PREJUVENESCIMENTO’

Jovens buscam tratamentos para evitar perda de colágeno da pele

Aos 21 anos, a estudante de engenharia Lara Theotônio Pereira Mascherpa tem o viço típico da idade. Ainda assim, ela já começou a fazer sessões de laser para estimular a produção de colágeno e retardar o envelhecimento de sua pele.

“Quero chegar aos 60 anos sem parecer mais velha. Vejo muitas senhoras aparentarem ter mais idade por falta de cuidado com a pele e sei que isso tem de ser feito antes”, justifica.

Ela não é exceção. A estudante ilustra uma tendência que ganhou força recentemente entre as brasileiras: a de prevenir o aparecimento dos sinais na pele multo precocemente, antes mesmo de serem notados a olho nu. O movimento, batizado em inglês de “prejuvenation” (algo como “prejuvenescimento”), atrai jovens que, como Lara, não querem impedir o envelhecimento com métodos artificiais, mas adiá-lo da forma mais natural possível.

“A mudança de comportamento está associada a informação. Hoje há técnicas pouco agressivas que se forem usadas precocemente apresentam ótimos resultados”, afirma a médica Claudia Merlo, especialista emdermatologia e cosmiatria pelo Instituto BWS.

Não existem dados oficiais, mas nos consultórios médicos a estimativa é de que nos últimos dois anos houve aumento de 300% no número de pessoas com menos de 30 anos em busca de procedimentos para prevenir o envelhecimento. Não seria cedo demais? Os especialistas afirmam que não.

COLÁGENO

A perda de colágeno, composto que dá sustentação à pele, começa a partir dos 20 anos de idade a uma taxa de 1% ao ano. Com o resultado, a pele vai ficando mais fina e frágil. A partir dos 30, a perda supera a produção dessa proteína. Se nada for feito, é nessa idade que se formam as primeiras rugas, que são cicatrizes deixadas por fraturas na derme, a camada intermediária da pele. Os vincos variam de 0,1 milímetro a 0,5 milímetro de profundidade.

Não é apenas o colágeno que se perde. O ácido hialurônico, composto da pele responsável pela elasticidade, sofre uma redução de 20% a 30% ao longo da vida. Dos 40 anos aos 60 anos os vincos já estão marcados e as substâncias que sustentam a pele perdem força com maior velocidade. Por isso, são necessários estímulos cada vez mais vigorosos e agressivos para que elas continuem a ser produzidas. Começar cedo retarda o processo e confere uma jovialidade natural por mais tempo.

É claro que tudo tem que ser adequado à idade. Por isso, as ferramentas usadas em peles de 20 e poucos anos são bem diferentes daquelas aplicadas em pessoas mais maduras. O principal objetivo da intervenção precoce é justamente estimular a produção de colágeno.

Os lasers, que podem ter diferentes alcances, são a escolha número um. Mas há também o ultrassom micro­ focado, que estimula a formação de colágeno a partir de altas temperaturas, e a radiofrequência, campo eletromagnético que esquenta a pele e forma a proteína. Eles são indicados quando já há alguma flacidez.

“Começar a estimular a produção de colágeno antes dos 30 anos ajuda a postergar o envelhecimento da pele, além de melhorar seu aspecto e elasticidade”, explica a dermatologista Monica Aribi, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

Lara, por exemplo, utilizou um laser que age na derme, a camada intermediária da pele. Isso estimula a produção de colágeno e a produção de novas células. O resultado é um rosto mais viçoso, liso e com poros menos dilatados. O tratamento também ajuda a controlar a rosácea a tratar acne e cicatrizes, fatores importantes para essa faixa etária.

Aos 26 anos, a empresária Bruna Passos, também á adepta do autocuidado e dos lasers. No seu caso, a tecnologia  utilizada vai além e atinge todas as camadas da pele. A aplicação promove estímulo celular intenso e renovação, atua na flacidez e no contorno facial, além de ajudar na textura e na cor.

“Prefiro as técnicas menos invasivas, como lasers para estimular colágeno, porque acho que a pele nessa idade ainda é muito boa. Pretendo continuar fazendo anualmente até eu sentir que a minha pele está pedindo um pouco mais”, conta.

BOTOX

Para essa faixa etária, há ainda a opção de aplicar toxina botulínica. Ela é utilizada para prevenir as chamadas rugas dinâmicas, aquelas formadas pelas expressões faciais. A indicação é para pacientes quem têm tendência a fazer as contrações e marcar a pele. Como o objetivo é prevenir, a quantidade utilizada é quatro vezes menor que a usada a partir dos 45 anos, quando as rugas já estão marcadas.

“Costumamos fazer na chamada ”ruga da braveza”, que fica no meio da testa, para prevenir o vinco. Se deixar a pele frisar, a marca sempre estará lá”, diz Aribi.

Além dos fatores internos, os externos também influenciam bastante o envelhecimento. São eles: alimentação, tabagismo, consumo de álcool, exposição solar e à poluição. Os dermatologistas são unânimes em dizer que os cuidados diários mais importantes são limpeza e uso de filtro com fator de proteção (FPS) de 30 ou mais.

Produtos de uso tópico, como cremes, séruns, géis não têm grande atuação, pois não conseguem agir nas camadas mais profundas. Mas isso não significa que eles não podem ser aliados. Na faixa etária dos 20 aos 30 anos, os ativos mais recomendados são vitamina C e ácido hialurônico.

Além disso, manter uma dieta equilibrada, com ingestão de alimentos ricos em colágeno, como carne branca e gelatina, e vitamina C, como laranja, kiwi e abacaxi, que melhoram a absorção da proteína, ajuda a manter a pele sempre em dia.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

POR QUE SEMPRE HÁ ESPAÇO PARA UMA SOBREMESA GOSTOSA DEPOIS DO ALMOÇO

Especialistas explicam os mecanismos que levam nosso corpo aceitar mais comida mesmo quando já estamos satisfeitos após uma refeição

Uma simples pergunta depois do almoço muitas vezes parece ser inevitável. ”Tem alguma sobremesa?” E mesmo que seja preciso afrouxar o cinto depois, o encanto de um bolo ou de um doce é irresistível. O porquê de muitas pessoas, mesmo satisfeitas, ainda terem fome de bolos, doces ou sorvetes é uma questão que motiva o interesse de endocrinologistas e nutricionistas.

Embora algumas pessoas gostem mais de doces do que outras, há uma série de razões pelas quais muitos de nós querem sobremesa depois de uma refeição pesada. Como explica Pablo Suárez Llanos, endocrinologista da Unidade de Nutrição Clínica e Dietética do Hospital Universitário Nossa Senhora de Candelária, em Tenerife, a interação entre nosso sistema endócrino e o sistema nervoso central para regular nossa fome é obscura.

Para começar, destacam-se duas substancias com funções opostas: a leptina, considerada o hormônio da saciedade, e a grelina, considerada o hormônio da fome. A leptina regula o equilíbrio energético a longo prazo e promove a manutenção do peso habitual. É secretada por nossas células de gordura quando detectam que temos depósitos suficientes, informando ao cérebro para suprimir nosso apetite e parar de comer. Mas seus níveis não variam com uma ingestão isolada, nem têm ação imediata.

“Ela precisa de estímulos contínuos ao longo do tempo para se modificar. Tem mais a ver com os comportamentos alimentares e com a quantidade de gordura que cada um tem”, afirma Lopez. Llanos, que integra o comitê de gestão da área de nutrição da Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN).

Por outro lado, “o hormônio mais relacionado à fome é a grelina indica o especialista. Produzida pela mucosa que reveste o estômago, ela exerce, ao contrário da leptina, uma ação rápida que induz o apetite nos centros neuronais de saciedade e a fome do hipotálamo, e intervém no início das refeições. O fator fundamental para sua liberação no sangue é o esvaziamento gástrico.

“Quando o estômago está mais vazio, a sensação de um buraco nele faz com que a grelina seja sintetizada e a pessoa sinta fome. Parece que pode haver picos às 8h, 12h e 20h e é por isso que também queremos comer nesses horários do dia”, afirma Suárez Llanos.

Uma revisão biomédica recente publicada na Pharmacological Research avaliou as complexas interações da grelina com nossos sistemas Biológicos para a regulação do prazer e do estresse. Esta última relação é o que leva ao pensamento de “eu mereço este bolo”, após situações de estresse ou episódios de ansiedade.

“A grelina promove a ingestão, o armazenamento de gordura, a diminuição do metabolismo basal, a economia de energia e a fome por alimentos com alto teor calórico ou açucarado”, acrescenta Guadalupe Sabio, professora e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa Cardiovascular (CNIC) apontando para mais uma das chaves do nosso espaço insaciável para produtos de confeitaria.

RECOMPENSA

Existem outros receptores que são estimulados por alimentos ricos em açucares e gorduras, acrescenta a pesquisadora.

“O sistema é muito mais complexo do que um simples hormônio que faz “liga-desliga” na vontade. Obviamente, cada um de nós gosta de um tipo de comida e isso vai estimular os receptores de recompensa no nosso cérebro”, afirma a especialista.

De fato, os alimentos ricos em açúcares e gorduras ativam nossos centros de prazer no cérebro, especialmente se combinados em alimentos processados – como muitas sobremesas – , a ponto de alguns cientistas considerá-los capazes de gerar um verdadeiro “vício em comida” como apontaram três pesquisadores em 2015 na revista PLOS One.

Esse desejo por alimentos densos em energia também tem uma justificativa evolutiva como mecanismo de sobrevivência: somos projetados para sobreviver no contexto de escassez, não na abundância.

“Evolutivamente fomos feitos para amar os doces, mais até do que a gordura”, considera Sabio. “No começo, gostávamos de frutas porque elas têm açúcar, mas à medida que evoluímos, fomos dando mais intensidade a esse sabor. Agora, se você perguntar a uma criança se uma maçã é doce ela vai responder que não.

VARIEDADE

Barbara J. Rolls, professora de ciências nutricionais da Escola de Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade Estadual da Pensilvânia (HHD) e diretora de seu Laboratório para o Estudo do Comportamento da Ingestão Humana vem desenvolvendo desde a década de 1980 uma pesquisa sobre o que é conhecido como sociedade sensorial específica. O termo cunhado pelo fisiologista francês Jacques LeMagoen – que o descreveu pela primeira vez em ratos em 1956, e que a pesquisadora Rolls detalhou em humanos em 1981 – para definir a diminuição do prazer que qualquer alimento nos dá à medida que comemos, mas isso não impede que outra comida diferente que chegue mais tarde à mesa seja apetitosa.

“Você não gosta mais da comida que já comeu do que da que não comeu”, resume.

Em 1984, Rolls publicou um estudo no jornal Appetite intitulado “Mudanças de prazer e ingestão de alimentos em uma refeição mista de quatro pratos no qual mostrou que a saciedade pode ser específica para cada alimento ingerido: aqueles que receberam quatro pratos diferentes comeram mais e tiveram um consumo de calorias cerca de 60% maior que o grupo que recebeu quatro pratos idênticos.

“Se você tiver opções, à medida que um alimento começa a ter um sabor considerado menos palatável, você muda para outros”, diz Rolls.

É por isso que comemos mais batatas fritas se forem oferecidas primeiro com ketchup e depois com maionese, como outros pesquisadores descreveram na revista acadêmica Physiology & Behavior, ou as crianças comem mais vegetais quando vários tipos são servidos juntos, como Rolls mostrou no The American Journal of Clinical Nutrition. Asprimeiras mordidas de um prato delicioso nos satisfazem mais do que as últimas.

E não apenas abrimos espaço para a sobremesa, mas também para o segundo prato quando estamos entediados com o primeiro. A sobremesa, além de um novo estimulo, é doce, o que a torna ainda mais apetitosa. Além disso, comeríamos mais sorvete se nos dessem dois sabores em vez de apenas um, ressalta Rolls.

Tudo isso porque uma alimentação saudável deve ser variada. E nossos cérebros evoluíram ao longo de milênios para compensar essa disparidade, dando-nos prazer de mudanças no sabor, apresentação, cheiro, textura e outras qualidades alimentares.

“Somos onívoros”, lembra Rolls: procuramos comer uma variedade de alimentos para garantir a diversidade de nutrientes necessários. A contrapartida é que não tivemos tempo de nos adaptar aos estímulos de milhares de produtos insalubres que enchem as prateleiras dos supermercados.

COMO FUGIR DA TENTAÇÃO

Primeiro, é preciso compreender que os ambientes de socialização ou a ampla disponibilidade de alimentos, como nos bufês livres, também nos impulsionam a comer mais.

Como a sensação de saciedade pode demorar cerca de 20 minutos a partir do momento em que começamos a refeição, também faz sentido comer mais devagar e demorar um pouco antes de decidir se realmente precisamos do bolo, se optamos por algo mais saudável ou se não queremos nada. Em última análise, podemos sempre compartilhar sobremesas ou pedir porções reduzidas.

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