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EM VEZ DE MELHORAR, PIORA

Alguns remédios prolongam dor lombar, diz estudo de brasileiros

Cientistas brasileiros à frente de um estudo que propôs uma mudança na compreensão e no tratamento da inflamação e da dor investigam agora outras formas de aliviar o sofrimento. Publicada no periódico científico Science Translational Medicine (STM) e com ampla repercussão internacional, a pesquisa sugeriu que alguns dos medicamentos mais usados para aliviar a dor lombar podem, em vez disso, prolongá-la.

Estima-se que nada menos do que quatro em cada cinco pessoas tenham dor lombar, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). É a mais comum das dores. E elas são muitas e frequentes. Cerca de 20% da população mundial sofre com dores crônicas severas o suficiente para reduzir a qualidade de vida.

É um sofrimento que permanece sem tratamento eficiente, afirma o brasileiro Lucas Lima, um dos principais autores do estudo e cientista do Centro de Pesquisa da Dor da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá.

O estudo sugere uma verdadeira mudança de paradigma ao dizer que controlar a inflamação da lesão com corticosteroides e anti-inflamatórios não esteroides pode transformar uma dor aguda em crônica, aquela que persiste por três meses ou mais.

A cientista Gabrielle Guanaes Dutra, também do grupo da McGill, observa que combater a dor bloqueando a inflamação sempre pareceu o mais lógico a fazer. Porém, o estudo revelou evidências de que isso, na verdade, impede o processo de recuperação natural do organismo de uma lesão e deixa como sequela a cronificação da dor. A seguir, os pesquisadores revelam detalhes do estudo.

TEMPO PARA O CORPO

Lucas Lima diz que o estudo abre caminho para uma mudança de paradigma ao sugerir que a inflamação decorrente de lesões não deve ser tratada e que é justamente o bloqueio do processo inflamatório reparador que leva à cronificação da dor. O melhor seria deixar o processo de inflamação seguir seu curso, dando ao corpo a chance se recuperar de uma lesão. O estudo ilumina possíveis caminhos para tratar a dor crônica e abre uma janela na compreensão da inflamação, destaca Gabrielle Dutra.

SEM AGONIA

Não interferir na inflamação não quer dizer que a dor aguda deve ser deixada sem alívio, frisam os cientistas. Até porque o problema, quando não tratado, vira um fator de risco para que se torne crônico. Existem analgésicos que não interferem na inflamação, caso do paracetamol, da lidocaína, da morfina e da gabapentina.

ALERTA VERMELHO

A inflamação é a forma como o corpo alerta o sistema imunológico sobre lesões ou risco de infecções. Nesse processo, diferentes tipos de células são enviadas para a região afetada, para remover tecidos que tenham sido danificados, promover cicatrização, eliminar possíveis bactérias e vírus que estejam infectando o local.

PARA QUE SERVE A DOR

A dor faz parte do processo inflamatório, com a função de alerta. Por exemplo, numa torção do tornozelo é preciso que a área afetada fique imobilizada por um tempo para que possa cicatrizar. A dor indica que não se deve movimentar a região nem colocar peso sobreo seu tornozelo. Mas, mesmo com o conhecimento da função do processo inflamatório, observa Dutra, no tratamento o instinto tem sido bloquear a resposta inflamatória.

MALES NECESSÁRIOS

Dor, febre e medo são mecanismos naturais de defesa e alerta. São altamente complexos e ainda não completamente compreendidos. Pessoas com uma doença genética que não sentem dor morrem cedo porque se ferem mais, têm infecções recorrentes, e o corpo é incapaz de perceber e reagir.

SEM CONTROLE

Nem toda a inflamação é benéfica, adverte Lima. Há diferentes situações em que a inflamação é prejudicial. Na inflamação crônica, por exemplo, não existe mais a função de reparo. Um exemplo é a artrite reumatoide. Outra situação nociva ocorre quando o sistema imunológico tem uma resposta inflamatória exagerada, como no caso da sepse.   

DOR CRÔNICA

Segundo Lima, por muito tempo, o estudo da dor crônica tem focado na investigação do sistema nervoso. Em especial, do sistema nervoso central (o cérebro e a medula espinhal). Sabe-se que existe um fenômeno chamado sensibilização central. São alterações que fazem com que uma pessoa tenha maior sensibilidade à dor.

SURPRESA

Lucas Lima afirma que a equipe imaginou que iria descobrir algum processo do sistema imune que fosse causa de dor crônica. Descobriram o contrário. Os cientistas viram que pessoas que se recuperam da dor aguda e não desenvolveram dor crônica tinham uma resposta imune inflamatória mais exacerbada, mais eficaz. E o sistema imunológico de pessoas com dor crônica era debilitado, pouco ativo.

LINHA DE FRENTE

A hipótese é que os anti-inflamatórios inibem a ação dos neutrófilos. Estes são a linha de frente das defesas do organismo, as primeiras células ativadas pelo sistema imunológico, seja para recuperar uma lesão ou atacar uma inflamação. Porém, até agora os neutrófilos não eram associados à dor. Pensava-se que tinham papel no combate de infecções. A dor crônica seria uma sequela da interferência no funcionamento dos neutrófilos.

COMPROVAÇÃO

Se os achados do estudo forem reproduzidos em ensaios clínicos, que são pesquisas em que remédios são testados em pacientes, a dor aguda poderá passar a ser tratada sem interferência no processo inflamatório, destaca Lucas Lima. No estudo, os cientistas trabalharam com testes em animais, análises de bancos de dados genéticos e observações de pacientes com dor lombar.

NOVOS CAMINHOS

Uma possibilidade seria melhorar a resposta imunológica das pessoas com o sistema de defesa enfraquecido. Lima diz que isso poderá ser feito por meio de novos medicamentos ou com atividade física.

GELO

Outra linha de pesquisa do grupo de Lima é o papel do gelo na inflamação. Ele é considerado anti-inflamatório. Mas pode não ser bem assim. Na verdade, pode apenas ter efeito analgésico e, em vez de combater a inflamação, retardaria a recuperação. Um estudo japonês de 2021 mostrou que a aplicação de gelo após uma lesão muscular atrasa o reparo do tecido. Quando se aplica gelo, o músculo demora mais para se regenerar. A hipótese de Lima é que ao reduzir a circulação sanguínea, o gelo dificulta a migração de células do sistema imune para o local da lesão, prejudicando a recuperação do tecido danificado.

COMO EVITAR E ALIVIAR O INCÔMODO

Melhor do que buscar alternativas para aliviar a dor lombar é evitar que ela apareça. Veja a seguir algumas dicas de o que fazer para não sofrer com o incômodo e como amenizá-lo sema necessidade de tomar remédio.

POSIÇÃO CORRETA

Muitas vezes, a dor lombar surge após longas horas sentado na posição errada. Para quem trabalha em frente ao computador, a dica é deixar o centro da tela na altura dos olhos e, ao sentar, ficar com o joelho dobrado em 90° (sem deixar os pés suspensos— se for preciso, use um suporte embaixo) e com o bumbum o mais próximo possível do encosto da cadeira, orienta Ricardo Meirelles, chefe do Centro de Coluna do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).

MOVIMENTE-SE

Quem trabalha sentado também deve, a cada hora, levantar para “esticar as pernas”. O movimento diminui a pressão do tronco sobrea região lombar.

FAÇA EXERCÍCIOS

A atividade física é ótima tanto para prevenir a dor lombar como para tratá-la. O exercício estimula e acelera os mecanismos de recuperação do organismo. Visando a dor lombar, os melhores exercícios são aqueles que fortalecem os membros inferiores e o abdômen.

GESTÃO E CARREIRA

A REBELIÃO DO ESCRITÓRIO

Empresas forçam funcionários a deixar o home office, mas eles não querem retomar o velho modelo. Profundas mudanças na sociedade impõem desafios a empresários e trabalhadores

Em alguns anos, alguém certamente perguntará quais mudanças impostas pela pandemia moldaram o futuro da humanidade. Os mais céticos talvez digam que o uso contínuo de máscara apenas acrescentou um acessório à indumentária cotidiana. Outros analistas afirmarão que o comércio eletrônico e o ensino a distância ganharam adeptos, mas as lojas físicas e as aulas presenciais deverão coexistir ao lado de seus pares digitais, pouco diferenciando-se do que eram antes da Covid-19. Ao que tudo indica, nenhuma transformação será tão profunda quanto a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar, e não apenas no escritório. Com o risco de contágio pelo vírus, empresas de quase todos os setores e países trocaram a labuta tradicional pelo home office. E, sim, funcionou, pelo menos enquanto era uma ameaça real colocar os pés na rua. Mas eis que a vacina eliminou a obrigatoriedade do distanciamento social e muitas companhias passaram a convocar seus funcionários para o retorno ao velho e consagrado modelo. Para surpresa de ninguém, a maioria deles não quer. Agora, uma indigesta frente de batalha opõe patrões e empregados.

Um episódio recente teve como protagonista Elon Musk, o homem mais rico do mundo. Em e-mail enviado a seus 100.000 funcionários, Musk exigiu o retorno imediato às unidades da empresa: “Todos na Tesla são obrigados a passar, no mínimo, quarenta horas no escritório por semana. Se você não aparecer, vamos supor que renunciou”. No Twitter, fez troça com o tema, dizendo que quem não concordar pode “fingir que trabalha” em outro lugar. Não é um caso isolado. A Apple estipulou um rígido cronograma de retorno ao trabalho no escritório. Como resposta, um grupo chamado Apple Together produziu uma carta, assinada por mais de 3.000 funcionários, pedindo às chefias que adotem em definitivo o home office – ou abandonariam a empresa. “Parem de nos tratar como crianças que precisam saber quando e onde devem estar e qual lição de casa devem fazer”, escreveram.

O nível de insatisfação é alto no gigante criado por Steve Jobs. Segundo um estudo da rede social corporativa Blind, 56% dos funcionários da Apple estão ativamente procurando outros empregos. De fato, não é baixo o risco de ocorrer uma debandada se a empresa não ceder. A intransigência já levou à saída de Ian Goodfellow, que ocupava o cargo estratégico de diretor de machine learning da companhia. O que chama a atenção nos dois casos é que a resistência em aceitar a nova realidade vem de empresas reconhecidas pela capacidade extraordinária para inovar e que, portanto, deveriam estar mais abertas a mudanças de rumo. Surpreende também o fato de elas dominarem mais do que ninguém os novos recursos digitais, o que supostamente as beneficiaria na adoção do trabalho remoto.

A questão não é tão simples quanto parece. O trabalho híbrido e flexível – ou seja, o profissional vai ao escritório quando necessário e dá expediente em casa se for preciso –   parece ser a tendência no mundo corporativo, mas ele não se enquadra em certas categorias profissionais. Enquanto robôs não assumirem definitivamente os bisturis, médicos cirurgiões precisam, afinal, estar ao lado de seus pacientes. A mesma lógica vale para operários que realizam trabalhos que nenhuma máquina é capaz de executar. Também é preciso dizer que o cenário econômico permite que os funcionários americanos se sintam encorajados a peitar padrões. Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego é de 3,6%, uma das mais baixas da história. Se um cientista de dados deixa a Microsoft porque foi obrigado a ir ao escritório, é boa a chance de encontrar posição equivalente em outros gigantes da tecnologia. No Brasil, o quadro é diferente. São 11,3 milhões de desocupados e a luta pelas melhores vagas costuma ser acirrada. Portanto, não há muita margem de manobra para que o funcionário faça exigências sobre o local de trabalho para os seus superiores.

A preferência pelo modelo remoto, vale frisar, é esmagadora. Uma pesquisa feita pelo Grupo Adecco, especialista em recursos humanos, com 15.000 trabalhadores de diversos países, incluindo o Brasil, apontou que 53% preferem o modelo de flexibilização da jornada, e 82% se sentem tão ou mais produtivos em casa do que no escritório. “O ser humano é realmente eficaz em se adaptar”, disse o antropólogo sul­africano James Suzman, autor do livro Trabalho Uma História de Como Utilizamos o Nosso Tempo da Idade da Pedra à Era dos Robôs, que se tornou referência no assunto. “Quebrar estruturas complexas é difícil, mas o primeiro passo é reconhecer que o modelo não funciona. E as pessoas estão fazendo as perguntas certas no momento.”

Por aqui, empresas de diferentes setores buscam alternativas para unir o melhor dos dois mundos. O Itaú Unibanco adotou três modelos: presencial, para os colaboradores cujas funções demandam presença no banco todos os dias; híbrido, para times que precisam trabalhar nos escritórios com frequência; e flexível, que prevê maior autonomia. “Acompanhamos a implantação para fazer ajustes”, diz Valéria Marretto, diretora de RH do Itaú. No Google, estabeleceu-se uma rotina de três dias no escritório e dois em casa. A regra é global, mas pode ser adaptada de acordo com as necessidades de cada funcionário, que escolhe se quer passar mais ou menos tempo na empresa. “Vemos o modelo híbrido como uma oportunidade de redesenhar a rotina”, diz Carol Priscilla, gerente de RH da big tech.

Se a transformação se confirmar, ela exigirá até a reorganização das cidades. Em São Paulo, a taxa de vacância de imóveis corporativos de alto padrão chegou a 24,72% no último trimestre de 2021, um dos índices mais altos da história recente. A consultoria financeira PwC, por exemplo, devolveu um prédio de vinte andares que mantinha na capital paulista. Em seus novos – e menores – endereços, desenhou um projeto arquitetônico para valorizar os encontros presenciais. “Já havia uma vontade de mudança por parte dos funcionários”, afirma Marco Castro, sócio- presidente da PwC Brasil. “Agente preservava coisas sem sentido e quando veio a pandemia decidimos radicalizar.” Agora, o trabalho híbrido vale para todos os funcionários da unidade brasileira.

Nem todos estão ansiosos para abandonar o antigo modelo. Os questionamentos são válidos. Eles vão da perda de cultura da companhia à impossibilidade de trocas imediatas entre os funcionários, o famoso olho no olho. Na discussão sobreo futuro, diversos aspectos devem ser levados em conta: o tipo de atividade da companhia, sua cultura e, principalmente, seu grau de maturidade. O importante é olhar para a questão com a seriedade que merece. “Há muita ênfase no que chamamos de novo normal ou modelo híbrido, mas o que se observa é uma profunda mudança na maneira como as pessoas se relacionam”, afirma José Augusto Figueiredo, country head do Grupo Adecco no Brasil. “O desafio agora é descobrir como reter talentos sem contar com as fronteiras físicas do escritório.”

Experiências passadas ensinam que grandes transformações sempre despertam resistência. No Brasil, o décimo terceiro salário foi incorporado apenas nos anos 60 do século passado, e muitos analistas disseram que as empresas quebrariam. Claro, não quebraram. Os ventos da sociedade costumam ser irrefreáveis. E quem não se adaptar, de um lado e do outro, provavelmente perderá o curso da história.

EU ACHO …

NÃO NATURALIZE

Peço a você que está lendo esta coluna agora que repita para si e, se possível, espalhe esta mensagem: “Não naturalize as múltiplas violências sofridas por mulheres ao longo da vida”.

Mesmo se você for uma mulher ou se categorizar como feminista, pode ser que ainda assim reproduza violências e mentalidades do machismo estrutural (nenhuma de nós está imune). Fiquemos alertas!

Com esperança, escrevo e acredito que cultura é cultivo. Então, aquilo que foi cultivado como mentalidade ao longo da vida e de anos pode também ser desconstruído individual e coletivamente.

A cada hora, o país registra sete casos de estupro. Mais de 60% das vítimas têm até 13 anos de idade. E não podemos naturalizar a cultura do estupro e fechar os olhos para isso. Nas últimas semanas, dois casos que, infelizmente, não são isolados repercutiram muito e são um retrato desse Brasil que precisa mudar.

Uma criança de 11 anos teve seu direito ao aborto negado, foi retirada do convívio familiar e obrigada a carregar o fruto de um estupro por várias semanas.

No outro caso, uma atriz veio a público e se viu obrigada a reviver o trauma, após o vazamento de informações de que ela entregou uma criança, fruto de um estupro, para a adoção.

Recebi e repostei em minhas redes sociais uma figurinha que mostra exatamente o que ocorre com muitas de nós ao longo da vida. A ilustração, que viralizou, mostra que, quando estupradas, para além do trauma em si, no caso de gerar uma criança fruto desta violência, se decidimos abortar, somos chamadas de “assassinas”.

Se damos o filho para adoção, somos chamadas de “desnaturadas” e acusadas de abandonar uma criança. Homens não são culpabilizados igualmente quando deixam de criar uma criança. Já parou para pensar?

Quando estamos em conflito com a maternidade ou nos sentimos sobrecarregadas por ela, somos questionadas sobre o motivo pelo qual decidimos ser mães.

Se não queremos ter filhos, somos apontadas como egoístas ou julgadas como mulheres cujo projeto de vida está incompleto.

E se adotarmos filhos, somos vulgarmente chamadas de incapazes de gerar.

É um ciclo que naturaliza múltiplas violências. E nos coloca em um lugar onde todas as saídas apontam para a culpa e o julgamento que por vezes vêm não só de uma sociedade hipócrita, mas também de dentro de casa. Ou ainda de outras redes que deveriam ser de acolhimento e de apoio.

Temas como abusos, abortos e adoção continuam sendo lidos como polêmicos e tratados de maneira rasa, usando muitas vezes óticas religiosas para justificar absurdos.

Enquanto precisam ser discutidos de maneira ampla para acharmos caminhos e, sobretudo, para evitar violências.

Sabemos que o ideal “meu corpo, minhas regras” ainda é uma realidade distante para muitas e uma conquista

que requer uma luta constante, caso contrário, retrocessos são impostos sem dó nem piedade.

Você que está lendo deve também se responsabilizar em mudar esta realidade. E isso vai desde se educar a combater constantemente piadas machistas e misóginas. E passa por votar em quem faça avançar uma ampla agenda pela igualdade de gênero interseccional.

Precisamos proteger as vítimas e criar redes de apoio para que sejam acolhidas. Aqui não me refiro somente à família e aos amigos, mas também, por exemplo, ao atendimento nas delegacias, hospitais e pelo sistema jurídico como um todo, que por vezes ainda falham, nesses casos.

Também precisamos de políticas públicas preventivas: a educação sexual nas escolas é uma parte importante para ajudar a prevenir e também denunciar abusos ainda na infância.

*** LUANA GÉNOT

lgenot@simaigualdaderacial.com.br

ESTAR BEM

QUAIS SÃO OS VERDADEIROS BENEFÍCIOS DA CÚRCUMA?

Famosa por supostas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, raiz é festejada por ajudar em uma série de condições, mas pesquisas científicas apontam que não há evidências para indicar tempero em usos terapêuticos

Você já notou café com leite, sorvetes e smoothies com um tom mais acastanhado? Isso pode ser um sinal de um ingrediente não tão secreto: cúrcuma. A raiz está presente nos corredores de alimentos saudáveis, na forma de comprimidos e pós.

A cúrcuma, nativa do sul da Ásia, é um dos suplementos alimentares que mais crescem. Em 2018, os produtos acumularam vendas estimadas em US$ 328 milhões nos Estados Unidos (cerca de R$ 1,7 bilhão), um aumento de mais de sete vezes em relação à década anterior, de acordo com um relatório do Nutrition Business Journal.

Iluminando as despensas de muitos lares na Índia, o tempero está entrelaçado na vida cotidiana, na culinária e nas tradições culturais e de cura do país. Um membro da família do gengibre, é usado na medicina ayurvédica há milhares de anos.

“A cúrcuma é auspiciosa e uma das ervas mais importantes”, disse Anupama Kizhakkeveettil, membro do conselho da Associação Nacional Médica Ayurvédica dos Estados Unidos.

A cúrcuma é aclamada por ajudar uma série de condições: colesterol alto, rinite alérgica, depressão, gengivite, síndrome pré-menstrual e até ressaca. Na medicina ayurvédica, acredita-se que a raiz tenha ação antiviral, antibacteriana e antiparasitária, e tem sido usada há muito tempo para ajudar com diabetes, dor, reumatismo, osteoartrite, memória e doenças da pele como eczema.

O QUE DIZ A CIÊNCIA

Um grupo de pesquisadores procurou responder se a cúrcuma funciona vasculhando a literatura disponível. Em um artigo de 2017 no Journal of Medicinal Chemistry, eles concluíram que é ouro de tolo (ou seja, é superestimada).

“Há alegações de que pode curar tudo”, afirmou Kathryn M. Nelson, professora assistente de pesquisa da Universidade de Minnesota e principal autora do estudo.

Amit X. Garg, professor de medicina da Western University London, em Ontário, no Canadá, sabia sobre o uso medicinal da cúrcuma, assim como seu rico significado cultural, por causa de sua herança indiana.

Depois de ver a eficácia da curcumina – o princípio ativo da cúrcuma – em estudos menores, Garg e seus colegas decidiram testá-la em maior escala na esperança de tornar a cirurgia eletiva da aorta mais segura, reduzindo o risco de complicações, que incluem ataques cardíacos, lesão renal e morte. No ensaio clínico randomizado que se seguiu, cerca de metade dos 606 pacientes receberam 2.000 miligramas de curcumina oito vezes durante quatro dias, enquanto os outros receberam um placebo.

“Foi um pouco decepcionante, mas não demonstrou nenhum benefício usado nesse cenário”, lamentou Garg sobre o estudo, no ano passado, na revista Canadian Medical Association Journal.

TESTES EM LABORATÓRIO

Na verdade, não há evidências suficientemente confiáveis em humanos para recomendar cúrcuma ou curcumina para qualquer condição, de acordo com o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa dos EUA.

A cúrcuma tornou-se uma peça de ouro nutricional em parte por causa de sua promessa em estudos de laboratório – celular e animal. Algumas pesquisas indicam que tanto a cúrcuma quanto a curcumina possuem atividade anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana, antiviral e antiparasitária. No entanto isso foi demonstrado principalmente em estudos de laboratório e, em muitas pesquisas, os benefícios encontrados na fase pré- clínica não são observados depois em ensaios clínicos.

De acordo com a Natural Medicines, um banco de dados que fornece monografias de suplementos dietéticos, fitoterápicos e terapias complementares e integrativas, enquanto algumas evidências clínicas mostram que a curcumina pode ser benéfica para depressão, rinite alérgica, hiperlipidemia, colite ulcerativa, osteoartrite e doença hepática gordurosa não alcoólica, é ainda muito cedo para recomendar o composto para qualquer uma dessas condições.

No entanto, foi descoberto que não há evidências científicas suficientes para avaliar o uso do tempero para problemas de memória, diabetes, fadiga, artrite reumatoide, gengivite, dor nas articulações, TPM, eczema ou ressaca.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

‘SEXTING PODE SER POSITIVO NAS RELAÇÕES À DISTÂNCIA’

Professora da Universidade de Sevilla defende que o hábito da troca de conteúdo sexual pela internet é saudável, mas depende do uso que se faz dele

Com tantas tecnologias, internet e redes sociais que trazem facilidades a nosso favor, existem entraves e a felicidade completa não é regra. É preciso ser capaz de fazer um bom uso dos meios aos quais estamos expostos diariamente e, mesmo assim, nos questionarmos sobre o comportamento no ambiente virtual. “Por que essa magnífica ciência aplicada, que economiza trabalho e facilita a vida, nos traz tão pouca felicidade?”. Albert Einstein fez a pergunta em fevereiro de 1931 a estudantes do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Naquela época, a internet ainda era um sonho e o físico questionou os alunos sobre uma de suas obsessões: o bem humano como meta do progresso tecnológico. “A resposta simples é: porque ainda não aprendemos a usá-lo com sensatez”, respondeu o cientista.

Esta reflexão abre a investigação de Mónica Ojeda Pérez, pedagoga nascida em Sevilha há 30 anos, sobreo sexting, a troca de conteúdo sexual pela internet. O trabalho de Ojeda, que hoje é professora da Universidade de Sevilha, onde integra o grupo de pesquisa sobre agressão interpessoal e desenvolvimento socioemocional, lhe rendeu prêmios como o da Fundação Centro de Estudos Andaluzes (Centra). A pesquisadora defende a premissa de Einstein: o uso da tecnologia é a chave para a porta da felicidade, do infortúnio ou do crime.

O SEXTING, A TROCA DE CONTEÚDO ERÓTICO, SEMPRE EXISTIU. NO ENTANTO, POR QUE O TERMO SÓ SE TORNOU POPULAR EM 2008?

Muitas vezes pensamos que as coisas que estão surgindo agora e que nos preocupam são novas, mas antes também eram enviadas cartas com conteúdo erótico ou fotos. Até os desenhos pré-históricos têm conteúdo sexual. É verdade que o desenho não é o mesmo que uma imagem na qual uma pessoa é vista. Há uma nuance importante aí. Mas o que é realmente novo é a internet, que muda tudo. O fato de ser tão fácil espalhar o conteúdo e chegar a outras pessoas é o que faz os alarmes dispararem.

MAS O SEXTING TAMBÉM É BENÉFICO?

Esse é o grande dilema. Sexting, aliás, é como tudo o que nos cerca: não há nada que seja totalmente ruim ou bom em termos gerais, mas sim depende do uso que fazemos dele. A Internet nos traz muitos benefícios. Redes sociais também. Sexting não precisa ser ruim. De fato, já se viu que tem consequências positivas em certos relacionamentos, por exemplo, à distância ou que ajuda a fortalecer a paixão. Mas, como tudo, depende do uso que se faz.

QUANDO É PREJUDICIAL?

O comportamento que tem se mostrado mais prejudicial é o encaminhamento sem consentimento, espalhando esse conteúdo para além do destinatário pretendido. Posso ter um acordo com meu parceiro e fazê-lo de forma privada e consensual, mas existe o risco de se espalhar depois. É muito prejudicial, principalmente para as meninas, pois existe um termo chamado “duplo padrão sexual” que caracteriza esse fenômeno. Mesmo que meninos tenham comportamento igual, as meninas são socialmente julgadas com muito mais peso do que eles. Isso carrega um impacto emocional muito maior.

O SEXTING É COMUM?

Uma das contribuições de nossa pesquisa é que validamos cientificamente um questionário, o SBM-Q, para medir detalhadamente os comportamentos de sexting, tanto o envio e recebimento de conteúdo quanto o encaminhamento sem consentimento e o recebimento desse encaminhamento. Também os motivos. O que vimos é que 8,1% dos adolescentes enviam seu próprio conteúdo, mas é muito impressionante que 9,3% encaminhem conteúdo de outras pessoas sem consentimento. Como podemos ver, não é que seja comum, não é uma prática que a grande maioria realiza, mas é verdade que é normalizado e que, em muitas ocasiões, eles veem isso como algo normal entre casais ou entre amigos. Especificamente, esse percentual de encaminhamento sem consentimento é preocupante. Vimos também que 21,2% recebem conteúdo desse tipo, por exemplo, de seu parceiro ou parceiro íntimo, mas 28,4% recebem conteúdo de outras pessoas sem consentimento.

É MAIS COMUM ENTRE ADOLESCENTES?

O sexting aumenta à medida que você envelhece. Os adultos fazem mais, mas, claramente, na fase evolutiva da adolescência, é muito mais arriscado, porque nesse momento sabemos que nossa identidade ainda está se formando, estamos explorando a sexualidade e, além disso, é preciso ser aceito no mundo. Os julgamentos sociais que são feitos sobre as pessoas envolvidas afetam sua reputação e têm consequências gravíssimas, prejudicando também a autoestima. Portanto, as consequências podem ser mais graves, mesmo que os adolescentes não sejam os que mais fazem. Alguns estudos elevam a prática de sexting entre adultos e idosos para 50% ou mais.

POR QUE É NORMALIZADO ENTRE OS ADOLESCENTES?

Diferentes causas foram observadas. Por um lado, eles têm acesso à pornografia na Internet cada vez mais cedo. Os meninos estão começando a vê-la aos oito anos de idade. Isso contribui para normalizar o conteúdo erótico-sexual. Na adolescência também acontece que o grupo de colegas e amizades é muito importante e eles passam a usar o sexting como moeda de troca, principalmente no caso dos meninos. Se você mostrar fotos de garotas que foram enviadas para você, isso aumenta sua reputação no grupo e seu status social. Na verdade, se as imagens forem de garotas do seu ambiente, é muito mais relevante do que se for pornografia. Muitos meninos usam disso para aumentar sua popularidade e isso ajuda a torná-lo mais pertencente a cultura adolescente. Por outro lado, há também exibicionismo da intimidade na internet, o que nos leva a mostrar a vida privada, nosso lado mais íntimo, nas redes sociais. Tudo está contribuindo.

O SEXTING ESTÁ RELACIONADO AO ASSÉDIO?

De fato, a vitimização tem sido estudada em maior medida a e foi visto que existe uma relação entre o envio de conteúdo e sexual e posteriormente tornar-se vítima de assédio. Em nosso estudo constatamos que existe uma relação significativa entre ser agressor e encaminhar conteúdo erótico-sexual sem consentimento. Esse comportamento de encaminhamento é mais comum entre os meninos e já se tornou uma nova forma de violência cibernética, uma nova maneira pela qual os agressores prejudicam suas vítimas.

E QUANTO ÀS FOFOCAS VIRTUAIS?

É importante saber que a á fofoca pode ser positiva ou negativa, dependendo do tipo de boato que está sendo espalhado. Pode ser uma forma de fortalecer as relações á sociais, mas também é negativo se o que é espalhado prejudica outras pessoas. Existe uma relação recíproca entre sexting e fofoca cibernética que tem muito a ver com a necessidade de ser popular.

É muito importante trabalhar nisso desde a escola primária, porque muitas vezes você não está ciente dos danos causados por falar negativamente sobre outras pessoas.

O SEXTING É MAIS TÍPICO DE HOMENS DO QUE DE MULHERES?

Tanto os meninos quanto as meninas enviam seu próprio conteúdo erótico-sexual, não há diferenças significativas. É verdade que, no restante dos comportamentos, recepção ou encaminhamento, os meninos participam mais. Mas eles são os resultados de nossa pesquisa. Em outros estudos pode variar porque o contexto e a cultura influenciam. O que estamos vendo é que as consequências não são as mesmas. Na maioria dos casos, o menino alcança essa reputação e consolidação dentro de seu grupo de amigos, mas nas meninas é mais complexo devido ao duplo padrão sexual. Elas sentem que devem ser atraentes e ativas na internet, ao mesmo tempo em que são censuradas e julgadas socialmente. Elas são insultadas e sua reputação é prejudicada. Por outro lado, também podem sofrer com a pressão do parceiro que pede uma foto. Muitas vezes, se elas não enviarem, acham que seu parceiro vai pensar que elas não os amam ou confiam neles. Por isso, nessas ocasiões, se tem a ilusão de que é uma prova de amor.

PODE SER FEITO COM SEGURANÇA?

Claramente, precisamos evitar o encaminhamento sem consentimento, que é o mais prejudicial, mas também precisamos ensinar o que fazer se for recebido. Além disso, a primeira coisa que quem quer enviar esse tipo de conteúdo tem que pensar é se realmente é uma vontade sua. Se você decidir enviá-lo, livremente e sem pressão, então você tem que saber como fazer com segurança. Assim como é ensinado nas escolas como evitar infecções sexualmente transmissíveis ou uma gravidez indesejada, a importância do consentimento deve ser ensinada.

COMO FAZER?

Identificamos 15 linhas de atuação relevantes, entre as quais se destaca a capacitação para o uso seguro e saudável das tecnologias a partir de uma perspectiva de gênero. Embora haja consentimento e confiança na outra pessoa, uma série de recomendações deve ser seguida. Por exemplo, tente não mostrar nada na imagem que possa identificá-lo, como tatuagens ou marcas. Existem também aplicativos que permitem borrar o rosto ou remover metadados, que incluem informações pessoais, como localização. É necessário usar canais seguros, com criptografia ou bloqueio de captura de tela ou plataformas que permitam a autodestruição da mensagem. Dessa forma, podemos contribuir para uma comunicação íntima saudável e uso seguro das tecnologias.

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