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CIENTISTAS DEFENDEM USO DE VIBRADORES PARA SAÚDE FEMININA

Estudo mostra benefícios e indica que médicos deveriam prescrever acessório

Pesquisadores do Cedar-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, defenderam a prescrição por médicos do uso regular de vibradores para suas pacientes mulheres. Em artigo publicado recentemente na revista The Journal of Urology, a equipe concluiu que o hábito comprovadamente traz benefícios clínicos, como melhora na saúde do assoalho pélvico, redução da dor vulvar e no organismo em geral.

Diversas pesquisas já haviam indicado os impactos positivos da masturbação feminina frequente na saúde física e mental. Entretanto, havia poucas informações sobre o uso de vibradores como forma de auxiliar a prática e análises sobre seus impactos na saúde.

Para averiguar essa questão, os cientistas revisaram bancos de dados de pesquisas sobre o assunto. Foram encontrados 558 artigos, mas apenas 21 foram incluídos no estudo por se adequarem em todos os critérios estabelecidos.

Em sua análise, os pesquisadores encontraram evidências de uma série de benefícios do uso regular do vibrador, com melhorias na saúde sexual em geral.

Eles também encontraram casos de uso regular de vibradores levando a melhorias na incontinência urinária, juntamente com aumento da força muscular do assoalho pélvico.

Segundo a equipe, liderada pela pesquisadora Alexandra Dubinskaya, usar vibrador durante a masturbação reduz o tempo que uma mulher leva para atingir o clímax e ajuda a alcançar orgasmos múltiplos, o que contribui para a redução do estresse e melhora na saúde sexual geral, segundo informações de outros estudos.

PRESCRIÇÃO MÉDICA

Diante disso, os pesquisadores concluem que os vibradores podem e devem ser considerados dispositivos terapêuticos, não apenas brinquedos sexuais.

Eles sugerem que e hora de especialistas em medicina pélvica feminina, cirurgia reconstrutiva e até mesmo médicos em geral começarem a prescrever vibradores para suas pacientes.

GESTÃO E CARREIRA

REINO UNIDO LIDERA HOME OFFICE NA EUROPA

Número de pessoas que trabalham em escritórios ainda está um quarto abaixo dos níveis de antes da pandemia

A mudança para o trabalho em casa tornou o Reino Unido uma exceção entre a maioria  das outras economias avançadas, segundo uma análise do Financial Times, já que o tamanho de seu setor de serviços profissionais e um mercado de trabalho mais flexível devem impedir o retorno aos níveis pré-pandêmicos de ocupação de escritórios.

Meses após a suspensão das últimas restrições relacionadas à Covid, os últimos dados disponíveis mostram que a número de pessoas que trabalham em escritórios ainda está quase um quarto abaixo dos níveis de fevereiro de 2020, antes de o coronavírus   se estabelecer no Reino Unido. “Houve uma mudança de mentalidade permanente sobre como o trabalho é organizado entre a força de trabalho anteriormente baseada em escritórios no Reino Unido disse Jane Parry, professora associada de trabalho e emprego na Universidade de Southampton e autora de um estudo sobre práticas de trabalho após o confinamento.

Parry disse que quase todos os entrevistados aprovaram alguma forma do trabalho flexível, com muitos dizendo que trabalhar em casa era mais eficiente, principalmente porque reduzia o deslocamento para o escritório. Os dados de mobilidade mais recentes do Google para uma quinta-feira – o dia da semana de pico para o trabalho em escritórios ­ mostraram que o número de pessoas se deslocando ainda estava 23% abaixo dos níveis pré-pandemia. Isso continua quase inalterado em relação a setembro passado, apontando o que pode ser uma nova norma pós-pandemia.

É mais que o dobro dos níveis na maioria dos outros países europeus usando dados equivalentes, com a Alemanha apenas 7% abaixo dos números de deslocamentos pré-pandemia. Os dados dos Estados Unidos e do Canadá são mais semelhantes aos do Reino Unido, mas ainda sugerem que mais trabalhadores retornaram aos escritórios.

Nick Bloom, professor de economia na Universidade de Stanford, disse que o Reino Unido, junto com os EUA, teve uma mudança acentuada no número de pessoas que usam um modelo de trabalho hibrido, sendo o trabalho em casa muito raro antes do ataque do coronavírus. “Após a pandemia, parece que esses funcionários vão trabalhar, em média, dois a três dias por semana no escritório e dois a três dias por semana em casa”, disse ele.

Uma pesquisa global com 33 mil pessoas feita em fevereiro pela WFH Research, administrada por várias universidades americanas, incluindo Stanford, mostrou que o Reino Unido teve o maior número de dias de trabalho remunerado em casa a cada semana na Europa.

Também revelou que os britânicos acreditavam que o trabalho em casa tinha aumentado sua eficiência, mais do que as pessoas em outros países europeus, e que o Reino Unido tinha a maior parcela de trabalhadores que disseram que desistiriam se fossem forçados a retornar ao local de trabalho em tempo integral.

Jack Leslie, economista do grupo de estudos Resolution Foundation, disse que uma combinação de fatores contribuiu para o aparente sucesso do trabalho híbrido ou em casa no Reino Unido, incluindo uma grande parcela de empregos baseados em computador. O Reino Unido é uma economia baseada em serviços, o que significa que uma parte maior dos empregos pode ser feita remotamente de forma permanente, disse ele.

Cerca de 80% dos trabalhadores do Reino Unido em informação e comunicação, bem como quase dois terços em serviços profissionais e científicos trabalham em casa ou usam um modelo híbrido, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas. Isso se compara a uma média de 28% em todos os setores.

O tempo e os custos de deslocamento também são geralmente mais altos no Reino Unido, fator importante num momento em que as famílias enfrentam o aperto mais severo dos padrões de vida em décadas.

Christopher Pissarides, professor de economia na London School of Economics, disse que outro motivo pelo qual o Reino Unido é diferente é o mercado de trabalho mais flexível e menos regulamentado em comparação com outros países europeus.

A discrepância entre o Reino Unido e algumas economias industriais, como Alemanha e Itália, em termo do número de pessoas que retornam aos escritórios, tem se mantido constante nos últimos meses.

Pissarides disse esperar que o tamanho do setor de serviços no Reino Unido signifique que “deve persistir” a diferença de outras economias avançadas que têm uma porcentagem maior de empregos industriais.

Dados do Freespace, que acompanha o uso de escritórios, em grande parte monitorando as maiores empresas de serviços profissionais, descobriram que as taxas de ocupação do Reino Unido eram de cerca de 30% na primeira semana de maio, a metade da taxa antes da pandemia.

A relutância em voltar ao escritório éespecialmente aguda em Londres, que tem maior concentração de serviços profissionais que qualquer outro lugar do Reino Unido. Os dados mais recentes do Google mostram que os deslocamentos aos locais de trabalho caíram mais de 30% no início de maio, em comparação com os níveis pré-pandemia.

As estatísticas do departamento de Transporte para Londres sugerem que o problema é ainda mais grave.

O número de pessoas que passavam pelas estações da cidade na última quinta-feira de abril foi próximo dos níveis mais altos desde o início da pandemia, mas ainda 42% abaixo dos níveis anteriores ao coronavírus.

“O custo do deslocamento em termos de tempo e dinheiro geralmente é mais alto em Londres, e algumas pessoas talvez ainda estejam com medo de usar o transporte público, que é a principal forma de deslocamento em Londres”, disse Yael Selfin, economista da KPMG.

Segundo Pissarides, as mudanças tecnológicas e organizacionais feitas pelos empregadores para permitir que seus funcionários trabalhem em casa ajudaram a promover uma mudança permanente para muitos trabalhadores do Reino Unido. “Acho que o trabalho híbrido, veio para ficar”.

EU ACHO …

NOSSOS VELHOS

Pais heróis e mães rainhas do lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando esses estereótipos. Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá pra implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra> Fizeram 80 anos.

Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso. Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas. Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.

É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm esse direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara de pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege> auto de praça> Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos  a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.

É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos ali­ cerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.

*** MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

O DESAFIO DE MANTER A SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE GRAVIDEZ ASSISTIDA

Médica dedicada a problemas emocionais na maternidade conta os temores vividos na sua própria luta para ter um filho

Depois de anos de envolvimento com a paternidade e maternidade a distância, é hora de uma psiquiatra especializada em saúde mental feminina seguir seu próprio conselho. Não sou alguém que sonhou com a maternidade quando menina. Pelo contrário: aos 30 e poucos anos tive um pesadelo recorrente em que estava grávida sem saber e o feto parecia um parasita invadindo meu corpo.

Crescer na cultura do sul da Ásia, que valoriza a gestação e as responsabilidades maternais, foi um dos motivos do meu medo. Eu também me divorciei no final dos meus 20 anos. Ser mãe não parecia estar no meu destino e eu me sentia bem com isso.

Apesar disso, tornei-me uma médica especializada em saúde mental materna. Depois da residência em psiquiatria e de me concentrar na psiquiatria perinatal, minha terapeuta sugeriu que minha decisão talvez fosse um mecanismo de “experimentar” a maternidade a uma distância confortável.

Atualmente, estou grávida de 34 semanas, chegando à maternidade aos 38 anos. Meu parceiro e eu tivemos o privilégio de fazer essa escolha de nos tornarmos pais mais tarde, usando a tecnologia de reprodução assistida. E sei que minha carreira e minhas experiências de vida me proporcionaram uma maior compreensão do que me dava medo e da capacidade de me preparar melhor para a maternidade.

A ambivalência sobre a maternidade é normal. Em termos psicanalíticos, pode-se dizer que estive em conflito por muitos anos. Na vida cotidiana, chamamos isso de “ambivalência” – ter duas emoções contraditórias ao mesmo tempo. No trabalho, ajudei minhas pacientes a buscar alivio da depressão e da ansiedade pós-parto com o auxílio de psicoterapia e, às vezes, meditação. Simultaneamente, vi minhas amigas passarem pelo caos da maternidade precoce.

Eu me perguntava por que alguém iria querer passar por tantas dificuldades. Mas eu ainda queria manter minhas opções em aberto. Aos 35 anos, meu parceiro e eu consultamos um especialista em fertilidade para discutir sobre o congelamento de meus óvulos. Ele e eu aprendemos que o sucesso do congelamento de óvulos era mais difícil de prever em uma mulher de 30 e poucos anos. Para maior probabilidade de sucesso, precisaríamos não só congelar embriões, mas testá-los geneticamente – o que é mais caro e demorado.

LADO POSITIVO

Foi durante o ano de pesquisa sobre como congelar meus óvulos e fazer embriões que comecei a perceber os aspectos positivos da maternidade em meu trabalho clínico. Eu havia cuidado de pacientes suficientes para ver que mesmo aquelas que sofriam de transtornos perinatais graves de humor e ansiedade melhoravam com o tratamento. Em uma sessão, uma paciente que havia experimentado um episódio depressivo na gravidez descreveu o prazer que sentiu quando sua filha agarrou seus dedos pela primeira vez e, mais tarde, reconheceu seu rosto e começou a balbuciar. Fiquei menos temerosa.

Logo depois, meu parceiro e eu começamos a tentar ter um bebê. Depois de sete tediosos meses, engravidei e tive um aborto espontâneo no primeiro trimestre. A perda foi emocional e fisicamente dolorosa. Mas olhando para trás, a parte que se destacou para mim foi o quão feliz eu estava por estar grávida naquelas poucas semanas.

Como eu tinha 37 anos, decidimos fazer a fertilização in vitro e, após cerca de um ano de injeções de hormônios, engravidei novamente. O bebê que agora cresce dentro de mim não parece um parasita ou um alienígena e toda vez que sinto um chute, tenho um choque de excitação. Mas isso não significa que minha ambivalência desapareceu. Minha carreira exige que eu me dedique ao meu trabalho. Quando for mãe, não terei esse luxo.

PRESSÃO

Recebi um fluxo de recomendações sobre os “melhores” lençóis de bebê para comprar. Em vez de alívio, me senti enfurecida. A pressão para, ver a maternidade, pesquisar todos esses produtos e mostrar que cada pequeno detalhe importa pode parecer opressiva – sem contar que em casais heterossexuais cisgêneros essa expectativa geralmente é reservada para as mães.

Durante a transição para a maternidade, precisei seguir alguns dos meus próprios conselhos. Em vez de decorar um quarto de bebê ou ler livros para pais, estou usando o tempo para priorizar meu bem-estar, sabendo que todas as escolhas sobre minha saúde mental ajudarão esse bebê. Tendo sofrido anteriormente de depressão e ansiedade, estou com alto risco de um transtorno de humor pós-parto.

Manter a medicação, dormir o suficiente e criar uma rede de apoio social são três intervenções baseadas em evidências para prevenir a ansiedade e a depressão pós-parto. Estou tomando preventivamente um inibidor de recaptação de serotonina durante a gravidez. Também contratei um doula pós-parto e entrei em contato com um fisioterapeuta para auxiliar minha recuperação. Colocar tempo e recursos em minha própria saúde mental não é egoísta – é o que mais importa.

No entanto, sou extremamente afortunada: tenho um parceiro que me apoia e um seguro de saúde que me permite consultar um terapeuta.

MUDANÇA

Isso me leva ao meu segundo ponto: reconhecer a necessidade de mudança sistêmica. Muitas famílias não têm o privilégio de fazer as escolhas que fiz durante esse período vulnerável. Garantir que eu consiga dormir um pouco como uma nova mãe está fora do alcance de muitos em um país onde menos de 5% dos pais tiram mais de duas semanas de licença e uma em cada quatro mães retoma ao trabalho em duas semanas. Mulheres negras e latinas têm ainda mais dificuldade nessas situações.

Como escrevi no passado, precisamos de uma ampla mudança social. Por exemplo, um estudo sueco descobriu que quando os pais recebiam licença-paternidade flexível remunerada houve uma redução de 26% na prescrição de medicamentos contra ansiedade para mães no pôs parto.

O dia de meu parto está se aproximando e ainda passo tempo na terapia falando sobre minha apreensão. Eu sei que serei transformada pela experiência. Às vezes, apenas questiono se vou gostar da nova versão de mim mesma. Talvez eu tenha medo de quanto amor possa sentir por esse bebê, diz minha terapeuta. Talvez ela esteja certa.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

COMO PERDOAR ALGUÉM PODE FAZER BEM PARA O CORPO E A MENTE

O estresse, o rancor e a angústia afetam negativamente a saúde, liberando cortisol, o que causa um aumento em processos inflamatórios

”Perdoar é uma decisão que você toma todos os dias, por muito tempo, até que isso se desprenda a um processo em que você perdoe, de fato”, define a psiquiatra Malu de Falco. Muito mais do que aceitar um pedido de desculpas, perdoar alguém está associado a um movimento de autoconhecimento, onde é preciso refletir sobre o acontecimento, transformar a mágoa em compreensão e, muitas vezes, perdoar a si mesmo para poder seguir em frente.

Não, não é uma tarefa fácil e, para alguns, pode levar anos até que seja realizada. Mas, uma vez alcançado, o perdão pode transformar a sua vida – e sua saúde. Isso quem diz é a ciência. De acordo com o Journal of Health Psychology, o perdão é associado a vários resultados positivos na saúde mental, incluindo uma diminuição da ansiedade e depressão, além de uma melhora da saúde física em geral, com menores taxas de doenças cardiovasculares, redução da pressão sanguínea e avanço do sistema imunológico.

A psiquiatra explica que o estresse, o rancor e a angústia afetam negativamente nosso corpo, fazendo com que a gente libere cortisol – e quando esse hormônio aumenta, o corpo entende que está prestes a sentir raiva. Isso faz com que aconteça um aumento dos hormônios do estresse, como a adrenalina e a noradrenalina, e consequentemente uma inflamação do corpo. “De repente vem a pressão arterial, a pessoa começa a sentir dores, a ter problemas de saúde”, explica Malu.

No caso da arquiteta Baby Abdalla, que aos 17 anos teve de lidar com a separação dos pais e a presença do novo namorado da mãe em casa, as mudanças foram perceptíveis também em seu comportamento. “Muitos amigos meus me chamavam de ‘esquentadinha’ porque o que eu estava sentindo afetava a minha forma de agir. Comecei a ser muito séria, muito seca. Mas não era pessoal, eu não atacava as pessoas porque elas mereciam, mas sim porque eu estava machucada”, conta. Somente aos 21 anos, depois de muita conversa, reflexão e algumas broncas de amigos ela conseguiu perdoar a situação.

“Eu fui entendendo, aos poucos, que aquilo estava fazendo mal pra mim. Era eu que estava me isolando, me trancando no quarto”, conta. Aos poucos, ela foi se dando conta de que o problema estava afetando seu corpo, inclusive com dores na coluna. “Percebi que a minha mãe estava mais feliz. Demora para a gente entender que ninguém nasceu grudado e que é preciso fazer o que for necessário pra ser feliz, mesmo que afete as pessoas ao redor.”

Hoje, Baby se sente mais leve em relação ao relacionamento da mãe, e leva o aprendizado desse tempo. “Não tem como eu contar a história da minha vida sem contar essa parte. Foi algo que realmente mudou muito a forma como eu sou. Comecei a observar mais, a julgar menos, a me autoanalisar”, diz.

AUTOCONHECIMENTO

O perdão envolve reparação, por isso não é sinônimo de esquecer. Ele pode ser comparado a um ato de amor, pois diz muito mais a respeito de você do que do outro e exige uma transformação interna. Na verdade, é exatamente assim que o budismo vê essa questão.

“O budismo não fala em perdoar, porque isso é você se colocar numa posição acima do outro. ‘Eu perdoo você que errou’. Nós trabalhamos com compaixão. Então é falar: ‘eu ser humano, semelhante a você, que conheço dificuldades e problemas que nós possamos ter na vida, me reconheço em você e te compreendo. Eu posso não aceitar aquilo, mas eu não condeno a pessoa, eu condeno o ato”, explica Monja Coen.

Ela explica que para chegar a esse nível de compreensão é preciso conhecer profundamente a si mesmo. “Na hora em que você entra no processo de autoconhecimento, você pode fazer escolhas desse ser que não só você conhece, mas em que você está se transformando. O autoconhecimento não é dizer ‘eu sou assim’.  Mas perceber que tem aspectos em mim que podem ser mudados, e eu vou trabalhar para mudar”, explica.

E se o autoconhecimento pede por uma intensa observação interna de ações – incluindo o arrependimento e a transformação – e dos sentimentos sentidos, somente podemos falar do autoperdão. Algo que, para os especialistas, é o primeiro passo do longo e complexo processo de perdoar. “Quando você decide perdoar o outro, algumas características sobre você vêm à tona. Uma questão de autoconhecimento, sobre até onde eu consigo ir pelo outro e de ter conhecimento dos próprios limites”, diz Malu.

EMPATIA

Isso exige de quem está perdoando um alto grau de empatia, porque é preciso se acolher e entender que se trata de um processo dolorido, que envolve raiva, dor e questionamentos. “É preciso também um entendimento de quais são as suas necessidades físicas e emocionais durante o processo”, explica a psiquiatra.

Quando quem está perdoando entende seus processos internos, fica mais fácil analisar a situação. O passo seguinte é refletir: será que um especialista vai ajudar a lidar com outros ressentimentos? “Parece muito simples sentir, mas na verdade é bem complexo. Saber que você está com raiva, entender porque algo a machucou, é essencial para permitir que esse processo aconteça. E quem consegue atingir esse nível de autoperdão tem mais facilidade de oferecer o perdão ao outro”, diz a psicóloga Camila Puertas.

“É fácil? Não, mas é um processo. Um processo possível. “E é o autoconhecimento que nos liberta”, garante Monja Coen.

DICAS QUE PODEM AJUDAR NO PROCESSO DE PERDOAR

REFLEXÃO

Pode ser pela escuta, pela meditação, ou com conversas profundas. Criar um processo para entender os sentimentos e as consequências dos atos dolorosos para a sua vida e para sua relação com a pessoa que pediu perdão são essenciais.

“A gente acredita que o zazen, a prática da meditação sentada, dessa auto-observação, nos faz perceber quais são os mecanismos da mente humana e como podemos usar isso de forma mais adequada”, diz Monja Coen.

PACIÊNCIA

O tempo é o melhor remédio. A compreensão da situação como um todo exige um olhar mais calmo, mas muitas vezes estamos no meio do furacão. Por isso, paciência e um pouco de distanciamento é ótimo. ”Você sabe que perdoou uma situação quando olha para aquilo e não sente algo negativo. Evidente que não vai sumir de um dia para o outro, mas tende a diminuir”, diz a psicóloga Camila Puertas.

ARREPENDIMENTO

Para quem machucou o outro, é importante levar em consideração que não adianta somente pedir perdão. O primeiro passo é o arrependimento e a percepção do que houve uma falha. Não se trata de dizer palavras bonitas e seguir em frente. Também é importante entender porque aquele ato foi cometido e o que você pode fazer para se redimir.

COMPREENSÃO

Nem sempre éfácil, mas ao decidir perdoar alguém, entender sua cultura, vivência e os motivos que o levaram a fazer algo que merece perdão podem ajudar. “Exigir uma mudança do outro é algo muito sério. Ao se relacionar, é preciso ter a compreensão com o outro”, indica a psiquiatra Malu de Falco.

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