Atrizes, intelectuais e influenciadoras falam abertamente sobre menstruação e ajudam a quebrar tabus sobre tema
Aline Campos, atriz e modelo que até outro dia era Aline Riscado, estava fazendo uma live de ioga quando percebeu que a sua calça de ginástica, branca estava manchada com o fluxo mensal. Mesmo com o “imprevisto”, não interrompeu a sequência de exercícios. No mesmo instante, virou assunto em sites de notícias. “Para muitos foi um choque, para outros, algo pavoroso. Eu fiquei menstruada no meio da live, estava de branco, me sujei, e? Isso é um problema? Menstruação é vida, menstruação faz parte da natureza de nós, mulheres. Nunca me senti tão liberta em toda minha vida. Fico grata por normalizar algo que é natural, que é divino, que é vida”, comentou ela, logo após o fato.
Apesar de avanços feministas, o assunto continua cercado de tabus. Prova disso é o debate que voltou na semana passada quando o Congresso analisou o veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes íntimos a estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino; mulheres ou transgêneros em situação de rua ou em vulnerabilidade social extrema, presidiárias e que cumprem medidas socioeducativas. A decisão escancarou o machismo. “Por isso, a representatividade feminina na política é tão importante. Muitas políticas públicas são pensadas por homens, e eles ignoram temas femininos. Só quem não pensa neste assunto acha que ele é desnecessário. Só meninas menstruam; só homens usam camisinha masculina, no entanto elas são distribuídas em qualquer posto de saúde”, disse a advogada Gabriela Prioli em sua conta numa rede social.
Aproximadamente metade da população feminina – cerca de 26% da população global – está na idade reprodutiva. E a grande maioria sangra todo mês por um período que varia de dois a sete dias. Porém, a menstruação é estigmatizada no mundo inteiro.
De acordo com pesquisa realizada em 2019 encomendada pela plataforma americana The Case of Her com duas mil mulheres dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Índia, África do Sul e China para saber como elas lidavam com o sangramento mensal, 70% escondem que estão “naqueles dias” dos parceiros. Fazer sexo, então, nem pensar. Somente 34% das americanas disseram que transam, mesmo se estiverem menstruadas. No Reino Unido e no Canadá, apenas 19% têm coragem de manter a relação sexual. Na China, sete em cada dez entrevistadas confessaram que não se sentem à vontade. No Brasil, a situação não é diferente. Um levantamento realizado em 2018 pela Kyra Pesquisa & Consultoria, em parceria com a Johnson& Johnson, mostra que 57% das brasileiras sentem-se sujas durante a menstruação (40% no âmbito global) e mais de 40% ficam inseguras e se sentem pouco atraentes. Isso faz com que elas mudem hábitos, como deixar de entrar na piscina, praticar esportes, sair com alguém ou mesmo sair de casa.
“A menstruação já foi encarada como um processo impuro e negativo, associações que faziam parte de uma mentalidade machista. Evoluímos, mas ainda temos estigmas a derrubar. Como? Por meio da conversa aberta sobre o assunto. Esse é um processo natural do corpo feminino, não há motivo para vergonha”, explica a sexóloga Regina Navarro Lins.
Aos 42 anos, a atriz Samara Felippo não se lembra como foi menstruar pela primeira vez. Em compensação, recorda-se sim de uma sensação que a acompanhou durante muito tempo. “Sentia uma vergonha sem fim”, diz. Hoje, mãe de Alicia, de12 anos, e de Lara, de 8, faz questão de tratar o assunto sem tabus. “Já falei para a Alicia que ela só vai morar um tempo com o pai depois que menstruar, pois quero estar ao lado dela quando isso acontecer.” A atriz sabe da importância desse apoio. “Na adolescência, não tinha uma relação saudável com o corpo. Só fui me conhecer aos 36 anos. Foi uma verdadeira descoberta gostar de transar quando estou menstruada”, afirma.
A explicação é biológica. Nos dias que antecedem à menstruação, os níveis de testosterona (hormônio masculino que as mulheres têm em menor quantidade) estão bem altos no organismo. Além disso, o estrógeno e a ocitocina também estão elevados. Resultado: a mulher pode ficar mais excitada e propícia ao prazer. “Não há contraindicação, pode-se transar à vontade. A minha experiência em consultório mostra que a mulher fica muito mais encucada com o próprio sangue do que o parceiro. Eu diria que 50% dos homens não se importam. Só não aconselho se ela sofrer com sintomas, como cólica, inchaço, irritabilidade ou mesmo melancolia, porque nesse caso a relação não vai ser prazerosa”, explica a ginecologista Viviane Monteiro. O administrador Norman Fiuza, de 49 anos, cresceu ouvindo que a menstruação era um processo normal e saudável. “Tenho uma irmã mais velha e, em casa, a conversa sobre o assunto era igual para os dois. Minha mãe fazia questão de dizer que o sangue não era sujo, não fedia e, principalmente, que as mulheres não deviam ter vergonha dele. Engraçado é que tenho amigas que contam que as mães não falavam sobre isso com elas.
E as que tocavam no assunto, não tinham coragem de conversar olho no olho, miravam o chão”, diz ele. Casado há 27 anos, Norman não vê problema em transar ou fazer sexo oral quando a mulher está menstruada. “Nunca foi um impeditivo. Tem gente que fala sobre sujar o lençol, mas é só usar uma toalha.
Também tem a opção de trocar a cama pelo chuveiro”, diz ele, que é pai de Gabriel, de 25 anos, e de Raquel, de 23, e repetiu com os filhos a mesma estratégia. “Não existe constrangimento na minha casa. Minha filha já pediu para comprar absorventes para ela, e tudo bem”, conta. Mãe de Iolanda, de 9 anos, e de Lourenço, de 8, a roteirista Antonia Pellegrino, de 42 anos, também defende que os meninos devam receber informações sobreo período menstrual desde cedo. “Assim, eles passam a encarar o processo com naturalidade. Nós, mães, precisamos desmistificar e diminuir o impacto negativo em torno do assunto com os filhos homens igualmente. Acredito mesmo que esta aproximação da criança com o corpo da mãe, vai torná-la um adulto mais consciente sobreas mulheres”, explica ela.
Em casa, Antonia sempre tratou o assunto com os filhos de uma maneira muito natural. “A primeira vezem que tomei banho com eles, estando menstruada, foi um choque. Eu usava coletor e tirei na frente deles.
Eles me perguntaram se eu estava doente, se eu ia morrer. Expliquei que era justamente o contrário, que aquele sangue dizia que estava tudo bem. Que não era sinal de dor, nem de machucado. Aos poucos, fui desconstruindo essa ideia na cabeça deles. E deu certo porque eles passaram a encarar numa boa.
Os especialistas são unânimes em afirmar que investir em educação sexual é o cantinho para o acesso à informação sobre saúde feminina. E a disciplina vai além do ensino de métodos contraceptivos. Aborda também a violência sexual. Em países mais liberais da Europa, como Alemanha e Finlândia, o tema já foi incorporado aos currículos escolares a partir de 11 ou 13 anos de idade. Em compensação, em países islâmicos do Oriente o assunto é proibido. Nos Estados Unidos, embora as regras variem entre estados, a educação sexual é apoiada por 90% do país. No Brasil, desde 2007 os ministérios da Educação e da Saúde atuam em conjunto, por meio do Programa Saúde na Escola, para a prevenção e a promoção de saúde e orientações relacionadas ao uso de drogas e a sexualidade. Infelizmente é recorrente o registro(e o avanço) de projetos de lei que visam a proibir o assunto no ambiente escolar. Em países mais desenvolvidos, que abordam o assunto já na infância, os índices de gravidez precoce, abusos sexuais e infecções sexualmente transmissíveis são bem inferiores aos das nações que o tratam de forma conservadora. É preciso desenhar?
Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa (2Crônicas 7.1).
Quando Salomão consagrou o templo de Jerusalém, a glória de Deus encheu a casa. O que fez daquele santuário um lugar tão especial não foram suas colunas de mármore nem seus utensílios de ouro, mas a presença de Deus. Nossos templos serão apenas edifícios vazios se a presença de Deus ali não se manifestar. Nossos equipamentos eletrônicos produzirão apenas barulho estridente se a unção de Deus não fluir através dos instrumentistas. Nossos pregadores de refinada cultura serão apenas bronze que soa se o poder do Espírito não os capacitar. Nossos corais serão apenas cantoria a entreter os ouvidos religiosos se o poder do Espírito Santo não os instrumentalizar. Nossas pregações, por mais brilhantes, não produzirão uma única conversão se a unção de Deus não banhar a vida do pregador. A maior necessidade da igreja não é buscar novos métodos, mas desejar ardentemente o antigo poder, o poder do Espírito Santo. A presença manifesta de Deus é a maior necessidade do povo de Deus. Ainda que um anjo celestial estivesse conosco, não seria suficiente. Ainda que alcancemos vitória sobre os inimigos, não é o bastante. Mesmo que a terra prometida nos seja garantida, não basta. Só a presença de Deus nos satisfaz! Só a glória de Deus pode trazer plenitude de vida para sua igreja!
O preconceito contra quem passa dos 50 anos faz empresas abrirem mão de talentos produtivos e engajados. Veja as perdas com essa atitude e conheça as iniciativas de quem já investe na contratação desse público
O Brasil está cada vez menos jovem. Com a população vivendo mais tempo e a taxa de natalidade em queda, o número de pessoas acima de 60 anos está crescendo mais rápido do que o de crianças de até 9. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de pessoas na faixa acima dos 60 teve um aumento de 29,5% só entre 2012 e 2019. Em 2050, ano em que a expectativa de vida deve subir dos atuais 76,8 para 80 anos, essa parcela deve representar 30% dos brasileiros.
Somam-se a esses fatores os avanços da medicina e da qualidade de vida, e o que resulta é um descompasso entre o estereótipo da maturidade recolhida em casa, longe do trabalho e da sociedade e a realidade. “Temos 26% da população com mais de 50 anos. Mas, nas organizações, a média de funcionários nessa faixa etária é de 3% a 5%”, afirma Andrea Tenuta, líder comercial da Maturi, plataforma de vagas para o público sênior. Na maior parte dos casos, essas pessoas chegaram a essa idade já dentro das companhias; não foram contratadas na maturidade . “A maior parte das empresas que apresentam uma política de diversidade bem estabelecida ainda não tem uma frente para olhar questões geracionais”, diz Andrea.
No mercado, a atenção se volta quase toda para os jovens. Os escritórios, por exemplo, foram pensados nos últimos anos tendo esse público em mente, desde a escolha da decoração até a inclusão de itens como mesas de bilhar, videogames e geladeiras cheias de snacks. Da mesma forma, investe-se bastante no desenvolvimento e na contratação dos mais novos. “É todo um apelo para o jovem, ignorando uma parcela significativa da população que tem muita energia e precisa contribuir ainda”, diz Ricardo Sales, sócio- fundador da consultoria Mais Diversidade e criador do Fórum Gerações, para discutir a diversidade geracional. “Com a reforma da previdência, as pessoas com mais de 50 precisam continuar a ter acesso ao mercado de trabalho, porque vão demorar mais para se aposentar”, afirma Ricardo. Mas o que ainda é comum nas empresas para esse público são justamente programas que encaminham para a demissão voluntária e a aposentadoria. E não é só o mercado que parece se esquecer dessa parcela da população. Para Sérgio Serapião, CEO e cofundador da Labora, plataforma de seleção focada em pessoas acima dos 50, vivemos no Brasil uma cultura “jovem-cêntrica”, exaltando tudo o que é novo, em detrimento do que não é. “A gente acha que o presente pertence aos jovens”, afirma Sergio. “Associamos inovação, criatividade e tecnologia a eles.” Já os mais velhos teriam uma suposta rejeição ao digital e seriam menos capazes de contribuir com novas ideias.
Esse tipo de preconceito relacionado à idade é chamado de “etarismo” (ou ainda “idadismo” ou “ageísmo”, do inglês ageism) e pode ocorrer com qualquer faixa etária. Um exemplo seria julgar que os jovens são irresponsáveis, ou imaginar que pessoas mais velhas têm dificuldade de aprender. Em uma estimativa da ONU, uma em cada duas pessoas no mundo já teve algum tipo de atitude preconceituosa em relação a alguém mais velho.
REMUNERAÇÃO SOCIAL
E essa exclusão tem impactos. “O trabalho é central na vida do indivíduo adulto e fonte de prazer e realização social”, diz a psicóloga do trabalho Miryam Mazieiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ela, além do retorno financeiro, o trabalho garante a “remuneração social”: status, realização pessoal e sentimento de pertencer a uma profissão ou empresa. “Isso é um fator protetor da saúde mental – o indivíduo se sente útil, criativo, reconhecido.” A garantia de espaço de trabalho traz, assim, menos estresse, medo e ansiedade para essa população.
Essa é a percepção também do consultor Mauro Wainstock. Em 2019, ele fundou o Hub 40+, comunidade de inclusão geracional. “Em breve, vamos viver acima de 100 anos e precisamos discutir como será nossa saúde física e mental, como vamos sustentar isso”, diz.
No início, o grupo, que promove formação e conscientização para empresas e uma rede de apoio e qualificação para profissionais, era voltado para os 50+. Mas, por demanda do público, até o nome da iniciativa mudou: muitos na faixa dos 40 anos procuravam o hub relatando já enfrentar preconceito no mercado de trabalho.
Apesar das dificuldades, o cenário, ao que parece, começa a mudar. É o que mostra um estudo recente da Deloitte com 215 empresas no Brasil. Entre as organizações que contam com um grupo de afinidade para profissionais com mais de 50 anos, 37% o criaram em 2021- e 20% consideram o tema um dos que mais avançam internamente. Entre as empresas que ainda não têm iniciativas como essa, 34% pretendem adotar uma em até dois anos. Para Angela Castro, líder de estratégia de diversidade da Deloitte, a pauta deve ganhar ainda mais espaço – até porque o próprio perfil dos 50+ vem mudando. “Essa pessoa está mais ativa, demandando participação; não é mais uma realidade esperar que se aposente aos 60 anos de idade”, afirma Angela. “E muitos são ainda responsáveis pela principal renda familiar.” De acordo com dados da Pnad Contínua, em 2019, nas residências com pelo menos um idoso, este respondia por 70,6% dos recebimentos domésticos.
REQUALIFICAÇÃO
A transformação digital aumenta a concorrência em todos os segmentos e exige novas competências de todos os talentos – a dificuldade geral é qualificar e preparar as pessoas na mesma velocidade. A solução passaria por olhar para o público 50+ de forma estratégica. “Em vez de encarar o copo meio vazio, podemos requalificar essas pessoas”, afirma Sergio Serapião. Hoje, são cerca de 20.000 profissionais passando pelos treinamentos gratuitos da Labora. “Percebemos que a experiência que eles têm pode contribuir muito, por exemplo ao colocar alguém que tenha feito carreira em banco para trabalhar com tecnologia em uma fintech.”
Na Accenture, consultoria de gestão e tecnologia, a discussão também tem sido essa. “Do ponto de vista socioeconómico, teremos uma série de consequências se essas pessoas não tiverem renda ou não estiverem ocupadas mentalmente”, diz Beatriz Sairafi, diretora executiva de RH da Accenture Brasil e América Latina.
O setor de tecnologia é o que mais cresce, inclusive no número de contratações – só no primeiro trimestre de 2021, a quantidade de empregos gerados na área foi 300% maior em comparação com o primeiro trimestre de 2020, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). O déficit de mão de obra qualificada, que era de 30.000 em 2019, deve alcançar 420.000 postos até 2024. “Mesmo com os jovens se formando, esse gap não vai ser preenchido”, afirma Beatriz. Por isso, a Accenture lançou, em julho de 2021, o Grand Masters, programa que emprega pessoas 50+ que estão fora do mercado e oferece qualificação para que possam ocupar posições de tecnologia e de áreas administrativas e financeiras. De lá para cá, 137 profissionais com esse perfil já foram contratados.
Para preparar a empresa para a iniciativa, o RH organizou três grandes encontros com a liderança para tratar de temas como preconceito e viés inconsciente, treinou os profissionais de recrutamento e incluiu a diversidade geracional no webcasting, um informativo interno mensal para os funcionários. Agora o comitê de gerações prepara uma live com depoimentos de profissionais 50+. A ideia é envolver todos na discussão para que a iniciativa conquiste cada vez mais apoio. “Convidamos as pessoas para participar e nos ajudar a criar as soluções em contratação, comunicação, treinamento e outras questões relacionadas a esse público”, diz Beatriz.
O engajamento interno surpreendeu. A ação foi uma das mais compartilhadas pelos funcionários nas redes sociais, e muitos pediram para participar das iniciativas e do comitê. “Recebemos uma enxurrada de indicações internas – muitos jovens querendo trazer pais e parentes e ajudar os recém-contratados a se integrar”, diz Beatriz. E, da parte dos profissionais contratados, a motivação tem sido alta. “Eles agarram a oportunidade”, afirma.
Diminuir o déficit da mão de obra qualificada não é a única vantagem de incluir a diversidade geracional na pauta corporativa. Ter pessoas de diferentes idades convivendo na empresa não só ajuda na inovação como também colabora para a transmissão e a ampliação do conhecimento. “Em geral, o profissional 50+ acumulou habilidades como rápida tomada de decisão, liderança, inteligência emocional e confiança diante de desafios”, afirma Mauro, do Hub 40+.
São pessoas que já passaram por outras crises econômicas, viveram momentos turbulentos da história e sabem que altos e baixos fazem parte da jornada. Por isso, tendem a estar mais prontas, especialmente do ponto de vista das habilidades comportamentais, e a ser menos voláteis. “Os 50+ podem trazer aos colaboradores de outras gerações uma perspectiva diferente daquela baseada em troca constante de emprego e pouca paciência para processos de mudança no ambiente”, diz Miryam, da USP.
CARREIRA NÃO LINEAR
É comum que as posições de liderança nas empresas sejam ocupadas por profissionais mais maduros. E que, na outra ponta, as posições operacionais ou de média gestão fiquem com os mais novos. Mas isso também começa a mudar. “Estamos vivendo um momento de quebra das hierarquias”, diz Sergio, da Labora. “Cada vez mais se fala de colaboração, de rede, e isso coloca em xeque aquela distribuição típica de jovens mais na base e experientes mais no topo da hierarquia.”
Afinal, não é mais só o jovem que pode estar no início de uma carreira – cada vez mais profissionais recomeçam aos 50 – , e também não é preciso ser o mais experiente para estar na liderança. Em linha com essas mudanças, o conceito de jornada profissional vem deixando de ser linear. Atualmente, existem as múltiplas carreiras, as movimentações laterais, a multidisciplinaridade de competências ao longo da vida corporativa. Assim, oferecer alternativas para requalificação em qualquer idade passa a fazer mais sentido do que nunca.
Na Mapfre, empresa de seguros, esse foi o mote do Senior +, lançado em setembro de 2021 e voltado para o treinamento e a contratação de profissionais 50+. Por enquanto, o projeto tem sido testado em São Carlos (SP), cidade onde há um Centro de Serviços Compartilhados da companhia – e uma carência de profissionais, segundo Angelo Coelho, superintendente de RH da Mapfre. Em novembro, 15 pessoas 50+ foram contratadas e iniciaram a qualificação para atuar em posições técnicas e operacionais. No processo seletivo, o currículo não pesou tanto, mas, sim, quanto os candidatos se encaixavam ao propósito da companhia. O desempenho do grupo será acompanhado de perto pela área de recursos humanos, inclusive com reuniões periódicas de escuta, para que os contratados tenham a melhor experiência, segundo Angelo. Mesmo em pouco tempo, já é possível perceber os benefícios do programa. “Eles compartilham experiências de vida com os demais colaboradores, dão aconselhamento”, diz.
A iniciativa está inserida em um projeto maior da empresa chamado Aging, que prevê uma série de ações para esse público. Uma delas são palestras tratando de temas como saúde financeira e reflexões sobre que carreira esses profissionais desejam seguir, inclusive fora dali. Já a liderança tem passado por treinamentos de conscientização sobre a importância da inclusão.
O desafio, agora, para todas as empresas, é desenvolver programas para ampliar a contratação de pessoas mais maduras também para cargos de liderança, já que há muitos profissionais disponíveis no mercado com bagagem, experiência, qualificação e disposição para assumir essas posições.
ECONOMIA PRATEADA
Outra vantagem estratégica em olhar para os 50+ é tornar-se mais atraente para um público consumidor poderoso. Segundo dados do Bank of America, o brasileiro maduro movimenta cerca de 1,6 trilhão de reais por ano. E essa importância vai crescer, pressionando o mercado a criar soluções mais alinhadas à faixa etária. É essa a premissa da chamada economia prateada, ou silver economy.
Para a farmacêutica Sanofi, ter profissionais 50+ é importante para o desenvolvimento de produtos e serviços para essa parcela da população. “Imagine uma bula que uma pessoa mais velha não consegue ler, por exemplo”, diz Pedro Pittella, diretor de RH da Sanofi. “Ou então uma embalagem que não é prática para ela.” Elementos como esses poderiam ser mais facilmente identificados por funcionários que têm a mesma experiência do consumidor. “Fora isso, a inclusão desse público é a coisa certa a fazer enquanto empresa”, afirma Pedro, que tem se envolvido com o tema desde 2020. Ele é o sponsor do Pilar 50+, criado em 2021 na Sanofi. Uma das coisas que ouviu ao conversar com profissionais 50+ enquanto levantava ideias para o projeto foi que, apesar de muitos terem interesse em voltar ao mercado de trabalho, boa parte não queria, necessariamente, se inserir no modelo tradicional de jornada de 8 horas por dia. “As pessoas têm outras responsabilidades e interesses; o trabalho não precisa ocupar o dia todo”, diz.
Por isso, a empresa criou modelos flexíveis de contratação para esse perfil. Por enquanto, são oito profissionais 50+ empregados em áreas como marketing e RH. Eles atuam por projeto e podem escolher quantas horas vão trabalhar em cada dia, desde que cumpram o previsto na semana. “Percebemos que esses profissionais trazem uma serenidade e um olhar mais sistêmico para a equipe”, afirma Pedro.
Outras iniciativas da Sanofi foram retirar a informação sobre a idade das primeiras etapas de todos os processos seletivos e criar um banco de talentos especifico para profissionais 50+ no site da empresa. Faz parte ainda do plano um programa de estágio exclusivo para seniores que buscam uma segunda carreira, com bolsa para financiar a formação desses profissionais. “Para nós, que buscamos talentos, o laguinho está secando, e ainda assim focam-se muito os programas de estágio e trainee, deixando de lado a população mais madura”, diz Pedro. “Adotar essas iniciativas é uma vantagem competitiva.” Desde que o tema começou a ser trabalhado no ambiente corporativo no início de 2021, o número de profissionais 50+ na empresa já aumentou em 5%, representando, atualmente, 28% do quadro de funcionários. Mas ainda há desafios, como incluir essas pessoas nos planos de carreira e desenvolvimento e garantir que não fiquem de fora do pipeline. Por isso, a Sanofi tem investido em fazer do tema a pauta de encontros e palestras para os funcionários. O mês de outubro foi dedicado a ações de conscientização sobre os benefícios da convivência entre gerações e as perdas associadas aos vieses inconscientes. “A receptividade é boa, mas ainda estamos só no começo”, diz Pedro.
MUDANÇA CULTURAL
Entre os especialistas, também é consenso que o terna ainda tem muito a progredir. Como em toda transformação cultural, o papel do RH e dos líderes é estratégico para que a pauta possa avançar rumo aos demais na empresa. “O maior desafio é convencer o público interno de que esses programas são necessários”, afirma Andrea, da Maturi .”E, depois que isso se torna uma pauta, é quebrar os vieses e estereótipos. Se os funcionários não estiverem preparados para isso, vão acabar reforçando preconceitos quando o profissional 50+ passar a integrar a equipe”, diz Andrea.
Um erro comum, por exemplo, seria imaginar que os 50+ são mais “custosos” em termos de saúde. “Essa é uma avaliação rasa”, afirma Andrea. “É preciso colocar na ponta do lápis todos os benefícios por trás da diversidade.” Na Mapfre, em que essa faixa etária já representa 10% do quadro, os índices de absenteísmo por atestado médico dos profissionais contratados no Senior + são menores do que os dos demais. Na PepsiCo, onde a pauta da diversidade geracional teve início relativamente cedo, desde 2014, essa mesma percepção vem se consolidando. Por lá, o engajamento dos profissionais 50 + é 3 pontos percentuais maior que o resultado geral da PepsiCo Brasil. Além disso, entre janeiro e novembro de 2021, essa faixa teve um turnover 38% menor que o quadro geral. Já em 2020, o absenteísmo dela foi 27% menor.
Desde a criação do programa Golden Years, voltado para a contratação de profissionais acima de 50, a PepsiCo já contratou mais de 400 profissionais nessa faixa etária para todas as áreas. Atualmente, são mais de 1.000 profissionais 50+ na empresa “Nossa principal motivação é querer ter o reflexo da sociedade no nosso quadro”, afirma Fabio Barbagli, vice-presidente de recursos humanos da PepsiCo Brasil. “Os profissionais acima de 50 anos são extremamente capacitados, engajados e entregam excelentes resultados.”
O programa se mantém ativo o ano todo, abrindo vagas conforme a demanda da empresa, em todos os níveis e áreas. E todas as vagas, mesmo fora do programa, são abertas para profissionais 50+. Internamente, o grupo de afinidade que discute ações voltadas para as gerações tem sido uma das principais ferramentas para garantir a inclusão dessas pessoas. “Essa equipe define ações que implementamos na organização”, diz Fabio. Uma das dificuldades ainda é a atração desse público, principalmente quando muitas das políticas de recrutamento focam ações nas universidades, onde a presença de 50+ é minoritária. “Estamos trabalhando em alternativas para fazer essa procura, utilizando mais de uma fonte e buscando proativamente o talento”, afirma Fabio. Por outro lado, a presença das pessoas com mais de 60 anos nas faculdades está crescendo. No total, são 27.000 idosos fazendo cursos universitários no Brasil, segundo o Censo de Educação Superior de 2019. Entre 2015 e 2019, o total de 60+ nas salas de aula subiu 48%, ante apenas 7% de crescimento entre os estudantes abaixo de 59 anos.
PROBLEMA DEMOCRÁTICO
Muitas empresas afirmam que não há, em sua cultura, preconceito etário. Mas os números discordam, mostrando uma quantidade baixa de 50+ contratados. Daí a importância de iniciativas afirmativas para a ampliação da presença desse público. O consultor Mauro Wainstock sugere programas de mentoria bilateral ou reversa, que coloquem pessoas de diferentes idades em contato para trocarem aprendizados. E indica a organização de grupos de diversidade, para movimentar essas questões internamente e gerar conversas entre os funcionários.
Essas iniciativas são necessárias também para identificar as reais necessidades das equipes. Pensar benefícios, políticas e práticas que façam sentido para cada uma das populações da empresa exige uma desconstrução de estereótipos.
Um ponto que diferencia a questão geracional das demais de diversidade é que ela atravessa todos os públicos. Não só qualquer idade pode ser vítima de preconceito como, no fim, todos estamos sujeitos a sofrer com a exclusão ao envelhecer. Essa é a chamada interseccionalidade da pauta geracional – o que é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade para unir os funcionários em torno da mesma causa: a de valorizar as pessoas pelo que elas são e podem vir a ser.
AS VANTAGENS DA MATURIDADE PARA AS EMPRESAS
O que as companhias ganham com os mais experientes
COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS
Ao longo da vida, profissionais mais experientes tendem a refinar habilidades como comunicação, tomada de decisão e tranquilidade para enfrentar momentos difíceis. Esse olhar mais seguro diante de adversidades pode ser um contra ponto à ansiedade dos mais jovens.
MENOR ROTATIVIDADE
Os 50+ costumam ser mais leais e estáveis nas empresas. Segundo dados do US Bureau of Labor Statistics, profissionais entre 55 e 64 anos tendiam a ficar, em 2014, 10,4 anos em média nas empresas – mais de três vezes o tempo dos profissionais entre 25 e 34.
REPERTÓRIO
As experiências profissionais e pessoais ao longo dos anos são benéficas para projetar inovações. O mundo está em constante mudança – e num ritmo cada vez mais veloz – , mas considerar erros e acertos do passado pede fazer a diferença no futuro dos negócios.
5 FORMAS DE ATRAIR O PÚBLICO 50+
EXCLUIR O LIMITE DE IDADE
Mostre ao mercado que os mais maduros também são bem-vindos. Se um profissional tem as competências básicas necessárias à vaga, permita que ele integre os processos seletivos, independentemente de sua data de nascimento. E contrate mais pelo potencial do que pelo currículo.
OFERECER QUALIFICAÇÃO
Muito se fala em desenvolvimento de programas para suprir carências de ensino, geralmente voltados para os jovens. Está na hora de considerar projetos específicos de qualificação para quem tem bem mais experiência, mesmo que em outras áreas, e disposição para aprender (ou reaprender).
CRIAR MODELOS FLEXÍVEIS
“Muitas vezes, para alguém com mais de 60 anos, é contraproducente cumprir a jornada no padrão do mercado”, afirma Sergio Serapião, CEO e fundador da plataforma de empregos Labora. “É preciso fazer ajustes e oferecer opções que façam sentido para esse público.”
ADEQUAR A COMUNICAÇÃO
”É válido rever tanto a linguagem quanto as imagens utilizadas na divulgação das vagas disponíveis, para que incluam esse público”, afirma Andrea Tenuta, Líder comercial da plataforma-de empregos Maturi. Assim, o risco de atingir apenas os jovens é menor.
CRIAR UMA CULTURA
De nada adianta atrair profissionais 50+ se a empresa não está disposta e bem preparada para incluir e integrar essas pessoas. Tanto a liderança quanto os funcionários precisam abraçar essa causa – e tornar-se divulgadores dela.
O ciclo se repete há gerações e encarcera a mulher na pobreza e na evasão escolar
O Brasil é o quarto país do mundo em casamento de meninas com menos de 18 anos e a cada 21 minutos uma menina de 10 a 14 anos se torna mãe, segundo dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. Como apontam as pesquisadoras Vitória Brito Santos e Sarai Patrícia Schmidt no artigo “E Viveram Felizes para Sempre”: “No Brasil, o número de casamentos de crianças com menos de 18 anos é estimado em 1.3 milhão, segundo pesquisa da Universidade Federal do Pará, a UFP, realizada em 2013, em parceria com o Instituto Promundo e o Plan International. Desse total, 78 mil são casamentos de meninos e meninas entre 10 e 14 anos. A pesquisa realizada pelas instituições apontou que o país está em quarto lugar no ranking dos países com maior número absoluto de casamentos infantis, atrás apenas de Índia, Bangladesh e Nigéria.
Meninas com idades entre 11 e 16 anos estão se casando e, provavelmente, várias se casaram no dia de hoje e muitas outras se casarão amanhã. Apesar de, desde 2019 haver a lei 13.811, de autoria da ex-deputada Laura Carneiro (DEM RI), que proíbe o casamento infantil, isso não impede que a prática exista. Citado no artigo de Vitória e Sarai, a Plan International tem um documentário muito interessante chamado “Casamento Infantil”, disponível na internet.
Os assuntos estão interligados e se trata de um tema complexo e de suma importância, mas que, apesar de esforços de muitas mulheres em especial ,não recebe a atenção necessária. Vale lembrar que a gravidez e o casamento infantil não são um fim em si mesmo, mas sintomas de algo que já está presente na sociedade brasileira e gerador de inúmeras consequências.
O casamento de meninas, por exemplo, não decore apenas da gravidez. Esse é um dos motivos, certamente”. Mas, inseridas em comunidades de vulnerabilidade social, com ausência de Estado e políticas públicas, as meninas brasileiras são atingidas em seu futuro das mais diversas formas. Há meninas que se casam porque estão na mais absoluta miséria e o sistema patriarcal usa da vulnerabilidade econômica delas.
Mulheres têm se organizado em seus espaços ainda minoritários para denunciar esse tema, construindo ferramentas de conscientização. Recentemente, assisti a um documentário na HBO Brasil chamado “Apenas Meninas”, filme de estreia da cineasta Bianca Lenti. A obra traz depoimentos de psicólogas e conselheiras tutelares e conta histórias de diferentes meninas moradoras de periferias mapeando as diversas causas do casamento infantil, que afeta majoritariamente meninas negras.
Um excelente material para quem gostaria de entender mais afundo o complexo cenário do casamento infantil no país, assim como produções audiovisuais, livros e pesquisas que estejam tratando desse tema. No filme citado, há aquelas que se casam para fugir da violência física e abuso sexual no seio da própria família. Outras, porque acreditam que isso trará uma vida melhor.
São vários motivos que as levam a casar, a grande maioria deles trágicos, e o que segue depois costuma ser uma infeliz experiência comum. São casamentos com alta probabilidade de exposição dessas crianças a violências físicas, financeiras, sexuais.
Há infinitos relatos de confinamento e “obrigação de cuidar de crianças, muitas delas que mais tarde serão outras meninas confinadas na mesma posição. Nesse cenário, percebemos quão ridícula pode ser a afirmação de que essas meninas estão casadas porque querem. Para falarmos de autonomia, precisamos falar em sujeitos de direito, algo que não são, por se encontrarem em estado de abandono social.
O ciclo se repete há gerações no Brasil e encarcera a mulher na pobreza e na evasão escolar. Lembro que era professora de filosofia na rede estadual em Guarulhos, na periferia da Grande São Paulo, e dava aula para uma sala de 50 alunos. O cenário era lamentável, a escola era precária, e acompanhei situações muito problemáticas, desde professores que se relacionavam com alunas adolescentes, a meninas que se viam enclausuradas nesse ciclo. Mas, naquele espaço, um dos dias mais tristes foi ver a melhor aluna da sala, de 15 anos, que havia engravidado de um homem bem mais velho, com quem ia se casar.
“Professora, o que posso fazer? Minha mãe está comemorando que é uma boca a mens para alimentar”. Só pude lamentar e oferecer meu apoio para ajudá-la a continuar os estudos.
Pensar projetos para o Brasil passa necessariamente por pensar saídas emancipatórias para meninas e mulheres.
Chamado de lota, pequeno bule com solução salina é usado há milhares de anos como descongestionante natural e para aliviar inflamação, congestão e sintomas de alergia. Segundo especialistas, ele é comprovadamente eficaz
Para os não iniciados, o lota (ou “neti pot”) pode parecer mais uma tendência da indústria do bem-estar. Afinal, o vaso do tipo bule foi popularizado nos Estados Unidos pelo famoso cirurgião Mehmet Oz, que o chamou de “bidê de nariz” no programa da Oprah Winfrey e foi criticado por promover suplementos e produtos de saúde não comprovados.
Enxaguar o nariz com água salgada morna – entrando por uma narina e saindo pela outra – como antídoto para uma variedade de problemas, como inflamação dos seios nasais, congestão e alergias, pode parecer estranho e possivelmente assustador, especialmente se você já ouviu falar sobre sua relação com infecções raras, mas mortais, de ameba que comem o cérebro.
Mas, segundo médicos de ouvido, nariz e garganta, a lavagem nasal, que remonta a milhares de anos às tradições médicas ayurvédicas da Índia, é um exemplo incomum de uma prática que é ao mesmo tempo antiga, mas moderna e baseada em evidências. E é seguro e barato de fazer.
Tem um ”nível muito. muito alto de evidência de estudo controlado randomizado, que mostra que funciona e ajuda”, disse Zara Patel, professora associada de otorrinolaringologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS?
Quando você inspira, o muco em seu nariz retém todos os tipos de partículas indesejáveis do ar, como vírus, bactérias, alérgenos e poluentes, explica Rakesh Chandra, professor de otorrinolaringologia da Universidade Vanderbilt. Pelos microscópicos no nariz, varrem essas partículas presas, como muco, para a garganta, para serem engolidas e neutralizadas pelo intestino.
Esse sistema de filtragem geralmente funciona bem, mas às vezes as pessoas reagem a essas coisas que ficam presas no muco levando à inflamação que pode causar sintomas, como congestão, pressão e dor, disse Chandra.
É aqui que os enxagues nasais podem ser úteis.
“Uma de suas maiores funções é lavar todas essas coisas para que não se acumulem nas cavidades nasais e provoquem essas reações, acrescentou. A lavagem nasal também é pensada para diluir o muco e reduzir o inchaço que pode causar congestão”, disse Patel.
“É tipo um descongestionante natural”.
AJUDA EM QUAIS DOENÇAS?
Em 2021, uma equipe internacional de especialistas publicou um estudo sobre a melhor forma de li dar com problemas comuns de sinusite, como inflamação crônica das passagens nasais e sinusais que podem causar corrimento, congestão, olfato prejudicado e pressão ou dor facial. Eles concluíram, com base nas melhores, ainda que limitadas, evidências, que a lavagem regular com água salgada era um dos tratamentos mais eficazes.
Outros pequenos estudos sugeriram que as lavagens com água salgada podem ajudar com sintomas de alergia sazonal ou ambiental, como congestão, coriza, coceira e espirros. E há alguma evidência de que a lavagem pode ajudar a aliviar os sintomas de infecções respiratórias agudas, como as causadas por vírus comuns de resfriado ou gripe, embora haja menos pesquisas sobre esse uso. Para pessoas com inflamação crônica dos seios nasais, Patel recomenda duas vezes por dia – de manhã e à noite. Para aqueles com sintomas mais leves, uma lavagem diária pode ser suficiente.
“Fazer isso de forma regular e preventiva é muito melhor para manter a inflamação sob controle do que tentar recuperar o atraso quando a inflamação já estiver instaurada.
COMO ENXAGUAR CORRETAMENTE?
Primeiro, escolha seu aparelho de enxague. A lota é apenas um dos vários dispositivos projetados para enxaguar o nariz.
Patel prefere uma garrafa plástica mais simples porque é difícil de usar e oferece um pouco mais de pressão do que a lota.
Dispositivos motorizados não são necessariamente mais eficazes, além de serem mais caros e mais difíceis de limpar, disse Patel.
Em seguida, prepare sua solução de água salgada. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam a compra de água estéril ou o uso de água da torneira que foi fervida por pelo menos um minuto e depois resfriada.
Em seguida, adicione o sal. É mais fácil usar pacotes desses vendidos na farmácia na forma de uma mistura de pó seco, mas você pode facilmente fazer sua própria solução de sal usando sal em conserva (não use sal de cozinha, pois ele tem muitos aditivos).
Para enxaguar o nariz, fique de pé sobre a pia ou no chuveiro, incline-se para a frente e jogue a cabeça para um lado. Enquanto respira pela boca, esguiche suavemente ou despeje a solução na narina superior, deixando-a escorrer pela narina inferior. Uma parte pode correr em sua boca. Repita do outro lado.
Você pode levar um tempo para se acostumar com a técnica, e pode até parecer desconfortável ou queimar no início. Mas qualquer desconforto deve diminuir com o tempo.
Depois de enxaguar, limpe o acessório com água e sabão.
É SEGURO?
Se você ouviu relatos de lavagem nasal causando infecções fatais de ameba no cérebro, pode ser difícil tirar esse medo de sua mente.
“Esse risco é real, mas é extremamente baixo”, explica Patel. Até onde se sabe, apenas três casos foram relatados na literatura médica nos Estados Unidos na última década. Todos foram associados ao enxágue com água não tratada ou tratada inadequadamente.
PODE AJUDAR NA COVID-19?
Em um estudo de pacientes com Covid.49 recentemente diagnosticados, publicado este mês, os pesquisadores descobriram que, quando comparados à participantes que não fizeram nenhuma lavagem nasal, aqueles que enxaguaram com solução salina duas vezes ao dia, por 21 dias, não tiveram melhora em seus sintomas e tinham a mesma quantidade de coronavírus no nariz. Um dos autores do estudo, professor associado de otorrinolaringologia da Universidade Vandebilt, Justin Turner, disse que ficou surpreso com esses resultados, mas outro experimento no estudo ofereceu uma explicação.
“O vírus se reproduz tão rapidamente que, não importa o quanto você lave, o vírus continua seu ciclo”, disse ele.
Se for lavar o nariz, fique com o soro fisiológico.
Não é novidade que a angústia trazida pela pandemia contribuiu para o aumento de doenças mentais como depressão e ansiedade. Mas um número crescente de estudos mostra que a Covid-19 em si é um fator que amplia o risco de aparecimento dessas doenças.
A mais recente evidência sobre o assunto é um trabalho feito nos EUA com base em registros de saúde de cerca de 154 mil pacientes com Covid-19. Os resultados, publicado na revista BMJ, na última quinzena de fevereiro, mostraram que até um ano após a infecção, essas pessoas correm um risco aumentado de serem diagnosticadas com transtornos psiquiátricos. Estudo anterior realizado pela USP já havia apresentado conclusões semelhantes em pacientes recuperados de quadros moderado o e graves
Com essas análises, começam a surgir evidências de que o risco aumentado para a saúde mental em pacientes recuperados da doença está associado a ação do vírus em si, e não apenas a fatores psicológicos e ambientais como estresse, desemprego, problemas financeiros, isolamento social, trauma, luto, mudanças na dieta e nos exercícios.
O médico Rodolfo Damiano, residente do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (IPq) e primeiro autor do artigo brasileiro, explica que todas as infecções agudas têm impacto na cognição e na mente.
“Mas não essa magnitude observada no Sars-CoV-2”, afirma Damiano.
NOVO ESTUDO
No estudo americano, os pesquisadores analisaram bancos de dados nacionais de saúde do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, com informações de mais de 153 mil indivíduos que foram contaminados. Eles foram comparados a um grupo similar de pessoas que não contraiu a doença. Os participantes tinham, em média, 63 anos de idade e não estavam em tratamento e nem haviam sido diagnosticados com problemas de saúde mental nos dois anos anteriores.
Os resultados mostraram que as pessoas que tiveram Covid eram 39% mais propensas a serem diagnosticadas com dependência e tinham uma probabilidade 35% maior de ansiedade nos meses seguintes à infecção, em comparação com pessoas que não foram infectadas. Aqueles recuperados da doença também eram 38% mais propensos a receberem diagnóstico de transtorno de adaptação e corriam um risco 41% maior de apresentarem distúrbios do sono.
Os pesquisadores também descobriram que os pacientes com Covid eram 80% mais propensos a desenvolver problemas cognitivos como “névoa cerebral”, confusão mental e lapsos de memória. Eles ainda tinham uma tendência 34% maior de desenvolver distúrbios por uso de opioides e chances 20% mais elevadas de abuso de outras substâncias , incluindo o álcool.
Depois da Covid-19, as pessoas também tinham uma probabilidade 55% maior de
tomar antidepressivos e chances 65% superiores de utilizar ansiolíticos. O estudo revelou que a tendência de desenvolver esses problemas foi maior para pacientes que foram hospitalizados, mas os pesquisadores alertam que infectados com quadros leves também correm um risco aumentado.
Os dados não indicam que a maioria dos pacientes recuperados da Covid-19 irá desenvolver transtornos de saúde mental ,portanto, não há motivo para pânico. No estudo americano, apenas 4,4% e 5,6% dos participantes foram diagnosticados com depressão, ansiedade ou estresse e transtornos de adaptação. No da USP, 8,14% dos pacientes tiveram transtorno de ansiedade após a doença e 2,5%, depressão.
Entretanto, Damiano ressalta que, em termos de saúde pública e números absolutos, uma pequena porção de pacientes já representa um grande fardo.
INFLAMAÇÃO
Agora, a ciência busca entender por que o Sars-CoV-2 causa mais sequelas neuropsiquiátricas do que outras infecções, como a influenza. Um deles é a neuroinflamação, que também é causada por outras infecções virais e leva a um distúrbio químico cerebral
Essa inflamação do sistema nervoso central pode atrapalhar a funcionalidade do cérebro, incluindo sua capacidade de produzir neurotransmissores como a serotonina. Níveis baixos da substância são associados à depressão, por exemplo.
Autópsias de pacientes que morreram de Covid-19 também revelaram inflamação e pequenos coágulos sanguíneos no cérebro.
“Assim como a Covid aumenta o risco de trombose e tromboembolismo pulmonar, por aumento de coagulação, ela também pode causar microcoagulações cerebrais e isso pode ter um impacto na cognição”, explica o pesquisador do IPq.
Outra hipótese, descoberta recentemente, é um efeito do próprio vírus.
“O vírus invade o sistema nervoso central e ataca algumas células. Ele pode afetar os neurônios, mas as evidências apontam para a invasão de outras células de nutrição do sistema neuronal, como os astrócitos, que são células de sustentação”, explica Damiano.
Há ainda o efeito do próprio sistema imunológico, que ao ser ativado para combater o coronavírus também passa a atacar o próprio organismo, incluindo o cérebro.
O tratamento para doenças mentais associadas à Covid-19 é o mesmo indicado habitualmente. Em leves, a recomendação é promover alterações no estilo de vida, sobretudo na dieta e na prática de atividade física. Para quadros moderados e graves, é necessário procurar um especialista, que poderá prescrever medicamentos.
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