EU ACHO …

EMPATIA

As pessoas se preocupam em ser simpáticas, mas pouco se esforçam para ser empáticas, e algumas talvez nem saibam direito o que o termo

significa. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreendê-lo emocionalmente. Vai muito além da identificação. Podemos até não sintonizar com alguém, mas nada impede que entendamos as razões pelas quais ele se comporta de determinado jeito, o que o faz sofrer, os direitos que ele tem.

Nada impede?

Foi força de expressão. O narcisismo, por exemplo, impede a empatia. A pessoa é tão autofocada que para ela só existem dois tipos de gente: os seus iguais e o resto, sendo que o resto não merece um segundo olhar. Narciso acha feio o que não é espelho. Ele se retroalimenta de aplausos, elogios e concordâncias, e assim vai erguendo uma parede que o blinda contra qualquer sentimento que não lhe diga respeito. Se pisam no seu pé, reclama e exige que os holofotes se voltem para essa agressão gravíssima. Se pisarem no pé do outro, é porque o outro fez por merecer.

Afora o narcisismo, existe outro impedimento para a empatia: a ignorância. Pessoas que não circulam, não possuem amigos, não se informam, não leem, enfim, pessoas que não abrem seus horizontes tornam-se preconceituosas e mantêm-se na estreiteza da sua existência. Qualquer estranho que possua hábitos diferentes será criticado em vez de respeitado. Os ignorantes têm medo do desconhecido.

E afora o narcisismo e a ignorância, há o mau-caratismo daqueles que, mesmo tendo o dever de pensar no bem público, colocam seus próprios interesses acima do de todos, e aí os exemplos se empilham: políticos corruptos, empresários que só visam o lucro sem respeitar a legislação, pessoas que “compram” vagas de emprego e de estudo que deveriam ser conquistadas através dos trâmites usuais, sem falar em atitudes prosaicas como furar fila, estacionar em vaga para deficientes, terminar namoros pelo Facebook, faltar compromissos sem avisar antes, enfim, aquelas “coisinhas” que se faz no automático sem pensar que há alguém do outro lado do balcão que irá se sentir prejudicado ou magoado.

É um assunto recorrente: precisamos de mais gentileza etc. e tal. Para muitos, puxar uma cadeira para a moça sentar ou juntar um pacote que alguém deixou cair, basta. Sim, somos todos gentis, mas colocar-se no lugar do outro vai muito além da polidez e é o que realmente pode melhorar o mundo em que vivemos. A cada pequeno gesto diário, a cada decisão que tomamos, estamos interferindo na vida alheia. Logo, sejamos mais empáticos do que simpáticos. Ninguém espera que você e eu passemos a agir como heróis ou santos, apenas que tenhamos consciência de que só desenvolvendo a empatia é que se cria uma corrente de acertos e de responsabilidade – colocar-se no lugar do outro não é uma simples gentileza que se faz, é a solução para sairmos dessa barbárie disfarçada e sermos uma sociedade civilizada de fato.

*** MARTHA MEDEIROS

OUTROS OLHARES

DIABETES TIPO 2 PODE SER UM SINAL DE CÂNCER NO PÂNCREAS

Pesquisas sugerem que desenvolvimento da doença estaria relacionada à existência do tumor

O câncer de pâncreas é um assassino vil e teimoso que até agora desafiou os

Melhores esforços da medicina no diagnóstico precoce e tratamento curativo. Em novembro, tirou a vida do meu amigo Peter Zímroth, um advogado de Nova York de 78 anos que se dedicava ao serviço público e era casado com a estimada atriz Estelle Parsons,  16 anos mais velha que ele.

Zimroth estava em forma, ativo e com boa saúde antes que os sintomas se desenvolvessem – no caso dele, dores de estômago e constipação. Naquela época, o câncer já havia se espalhado e era tarde demais para operar. Sua morte segue a de várias outras pessoas conhecidas que sucumbiram à mesma doença: a juíza da Suprema Corte dos EUA Ruth Bader Ginsburg, o deputado americano e líder dos direitos civis John Lewis e o cofundador da Apple, Steve Jobs.

Embora o câncer de pâncreas seja relativamente raro, é tão mortal que agora está a caminho de se tornar a segunda principal causa de mortes relacionadas ao câncer nos Estados Unidos até 2040. Atualmente, ele é responsável por cerca de 3% de todos os cânceres e 7% das mortes por câncer no país. No geral, apenas uma pessoa em cada 10 diagnosticadas com câncer de pâncreas sobrevive cinco anos. A cura é quase sempre por sorte, quando o câncer é detectado em um estágio inicial, livre de sintomas, durante uma tomografia ou cirurgia abdominal não relacionada, e o tumor pode ser removido cirurgicamente.

Brian Wolpin, diretor do Centro de Câncer Gastrointestinal do Instituto do Câncer Dana Farber, em Boston, me disse que este é um câncer tão difícil de detectar precocemente porque “érelativamente incomum na população e os sintomas que causa, como perda de peso, fadiga e desconforto abdominal, são inespecíficos e mais prováveis devido a outras condições.” Como resultado, disse ele, “quando 80% dos pacientes chegam ao meu consultório pela primeira vez, sei que é altamente improvável que que curemos o câncer”.

FATORES DE RISCO

Ainda assim, existem vários fatores de risco importantes para o desenvolvimento de câncer de pâncreas. Fumar duplica o risco e representa cerca de um quarto de todos os casos. Ser obeso, ganhar excesso de peso quando adulto e acumular gordura extra na cintura, mesmo que não muita, também aumentam o risco, afirmam especialistas.

Pode ser por isso que o diabetes tipo 2, que é mais frequentemente relacionado ao excesso de peso, também seja um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pâncreas. Outros riscos incluem pancreatite crônica, uma inflamação persistente do pâncreas, muitas vezes ligada ao consumo excessivo de álcool e tabagismo, e exposição no local de trabalho a certos produtos químicos, como os usados em indústrias de lavagem a seco e metalurgia.

A idade avançada também é um fator de risco – cerca de dois terços dos casos ocorrem em pessoas com 65 anos ou mais. E o histórico familiar também pode contribuir, incluindo condições genéticas hereditárias, como mutações nos gene, BRCAI ou BRCA2, que são mais frequentemente associados a câncer de mama e ovário.

SINAL DE ALERTA

Há muito se sabe que a melhor chance de sobreviver à maioria dos cânceres resulta da detecção precoce, quando a malignidade está totalmente confinada ao órgão ou tecido em que se origina. (Oscânceres de sangue apresentam problemas diferentes.) O pâncreas é um órgão bastante pequeno, em forma de cenoura, com cerca de 15cm de comprimento e  menos de 5 cm de largura, que fica bem escondido entre as costelas e o estômago.

Um câncer precoce no pâncreas não produz uma lesão que pode ser sentida e raramente causa sintomas que possam levar a uma investigação médica definitiva até que tenha escapado dos limites do pâncreas e se espalhado para outros lugares.

Mas os cientistas estão estudando um possível sinal de alerta precoce: uma ligação entre o câncer de pâncreas e um recém desenvolvido diabetes tipo 2. O diabetes também surge no pâncreas, que contém células especializadas que produzem o hormônio insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue. E embora ainda não se saiba o que vem primeiro, diabetes ou câncer, algumas pesquisas sugerem que o súbito desenvolvimento do diabetes tipo 2 pode anunciar a existência de câncer escondido neste órgão.

Um estudo inicial de 2005 com 2.122 moradores de Rochester, conduzido por Suresh Chari, agora gastroenterologista do Centro do Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, descobriu que três anos após receberem um diagnóstico de diabetes, as pessoas tinham seis a oito vezes mais probabilidade do que a população geral de ter câncer de pâncreas. Juntamente com colegas da Clínica Mayo, ele também identificou um gene chama do UCP -que pode prever o desenvolvimento desse câncer em pessoas com diabetes.

Mais recentemente, Maxim Petrov, professor de pancreatologia da Escola de Medicina da Universidade de Auckland liderou um estudo na Nova Zelândia com quase 140 mil pessoas com diabetes tipo2 ou pancreatite, ou ambas, que foram acompanhadas por até 18 anos. Os resultados revelaram que aqueles que desenvolveram diabetes após um ataque de pancreatite eram sete vezes mais propensos a terem câncer de pâncreas do que outros com diabetes tipo 2.

Em 2018, o Instituto Nacional do Câncer lançou um estudo que está em processo de inscrição de 10 mil pessoas com idades entre 50 e 85 anos com diabetes recém­ diagnosticado ou níveis elevados de açúcar no sangue. Os participantes doarão amostras de sangue e tecidos, e os pesquisadores os seguirão na esperança de identificar pistas para a detecção precoce entre aqueles que desenvolverem câncer de pâncreas.

Outro esforço iniciado no verão passado pela Pancreatic Cancer Action Network, chamado Early Detection Initiative fot Pancreatic Cancer (lniciativa de Detecção Precoce para Câncer de Pâncreas), envolverá mais de 12 mil participantes com níveis elevados de açúcar no sangue e diabetes de início recente. Metade fará exames de sangue periódicos e passarão por imagens abdominais com base em sua idade, peso corporal e níveis de glicose no sangue para procurar evidências de câncer de pâncreas precoce, enquanto os outros servirão como controles.

O objetivo desses estudos é identificar marcadores biológicos, como certos genes ou proteínas excretados pelo tumor, que possam ser usados em testes de triagem para indicar a presença de câncer quando o paciente ainda poderia se beneficiar da cirurgia. Infelizmente, os resultados provavelmente não serão conhecidos antes de 2030, no mínimo.

‘CHECKLIST’

Enquanto isso, Wolpin disse que os médicos devem considerar “uma lista de checagem” de sinais de aviso que possam alertá-los para a presença de um câncer precoce e curável. Entre as coisas a considerar, disse ele, estão se o nível de glicose de um paciente está subindo rapidamente e é difícil de controlar com medicamentos para diabetes; se os pacientes com diabetes estão perdendo peso sem explicação como uma mudança na dieta ou exercício; ou se os pacientes estão bem há anos e, de repente, no início dos 70 anos, têm diabetes e não está claro o porquê.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 23 DE FEVEREIRO

CUIDADO COM A MÁGOA

Porém Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã (2Samuel 13.22).

A mágoa é um veneno mortal. Mata mais rápido seus remetentes do que seus destinatários. Guardar mágoa é como beber um copo de veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Guardar mágoa é autofagia. A Bíblia registra a mágoa que Absalão nutriu pelo irmão Amnom durante dois anos. O silêncio de Absalão tornou-se mais devastador do que as brigas mais ruidosas. Tivesse ele manifestado sua decepção com o irmão pela desonra de Tamar, e ambos continuariam vivos. Porém, a mágoa de Absalão matou a ambos. Quem nutre mágoa fere-se antes de ferir os outros. Destrói-se na mesma medida em que maquina o mal contra os outros. Absalão acabou com a própria vida antes de mandar matar seu irmão. Absalão roubou a paz de sua família depois que consumou sua loucura. A amargura produz perturbação para quem a nutre e contaminação para os que estão à volta. Um indivíduo amargurado está de mal com a vida. É capaz de transformar o paraíso num deserto; a antessala do céu no quintal do inferno. A mágoa é um sentimento que traz morte. Tem uma raiz que brota, cresce e gera inimizade entre as pessoas. Cuidado com a mágoa, pois ela pode destruir você! A solução é o perdão. O perdão cura a ferida que a mágoa abriu; o perdão restaura o relacionamento que a mágoa adoeceu; o perdão traz vida onde a mágoa produziu morte!

GESTÃO E CARREIRA

DIREITOS E DEVERES DE QUEM TRABALHA EM CASA CARECEM DE REGRAS CLARAS

Diretriz sobre teletrabalho é de antes da pandemia e não prevê novos modelos; ações na Justiça mais que triplicaram

Conta de luz mais cara, jornada de trabalho sem fim e dificuldades de promoção futuras para quem optar por não voltar ao escritório. Quase dois anos após o início das medidas de distanciamento e com a volta progressiva do modelo presencial, o home office ainda gera dúvidas entre os trabalhadores.

No início das medidas de distanciamento no Brasil, em março de 2020, o modelo mais próximo à nova realidade dos trabalhadores era o do teletrabalho, regulamentado pela reforma trabalhista de 2017.

Ao longo da crise sanitária, o governo publicou medidas provisórias e recomendações, como as MPs 927 e 936, que flexibilizaram parte das regras previstas na CLT.

As medidas estavam atreladas ao estado de calamidade por causa da pandemia e perderam a validade antes que a crise sanitária se encerrasse.

Na prática, as empresas têm se organizado para decidir sobre o fornecimento de equipamentos, o número de dias fora do escritório e a compensação por aumento de gastos ou mudanças nos contratos.

Na empresa da especialista em comércio exterior Cristiane Paulucci, 54, os empregados conseguiram aulas virtuais de ginástica laboral e meditação online e receberam em casa cadeiras de escritório e outros equipamentos.

Ela, que tinha um cômodo em seu apartamento para receber visitas, investiu cerca de R$13 mil para transformá-lo em escritório e sala de estudos. Quando a empresa voltar ao normal, ela pretende ir até lá três vezes por semana.

“Economizo cerca de 80 minutos no trânsito todos os dias, mas acho importante e saudável te o contato com as pessoas e sair de casa.”

Mas nem todos os conflitos que vieram com o home office foram resolvidos pacificamente. No ano passado, por exemplo, um juiz do Trabalho no Rio de Janeiro determinou que a Petrobras fosse responsável pelos custos mensais dos funcionários em casa.

Os trabalhadores exigiam internet, energia elétrica e estrutura física para o trabalho em casa. Após recursos, a empresa teve de manter apenas uma verba de apoio.

Para o especialista em direito do trabalho Roberto Calcini, “a relação entre empregados e empresas sofreu um processo de acomodação em razão dos dois anos de pandemia, mas sem que tenhamos, até agora, uma efetiva segurança jurídica.”

Em sua avaliação, é urgente a criação de uma nova legislação , já que a diretriz de 2017 não dispõe sobre o home office nem contempla demandas criadas com a pandemia.

No primeiro ano da crise sanitária, entre março e agosto de 2020, as ações na Justiça do Trabalho envolvendo trabalho em casa chegaram a aumentar 270%, até pela novidade dessa modalidade.

O TST (Tribunal Superior do Trabalho) registrou 258 processos desse tipo em 2021, alta de 263 % ante 2019, no pré-pandemia. No Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, foram 155 no ano passado – em 2019, eram 5.

Segundo advogados, ainda há lacunas na legislação em relação ao controle de jornada, às horas extras e à privacidade no uso do computador, por exemplo.

No caso da ajuda de custos, Calcini entende que a empresa é obrigada a dar, já que a casa do funcionário se tornou uma extensão do escritório. “A jornada de trabalho também deve ser a mesma.”

Os especialistas em legislação trabalhista dizem que poderia haver mais ações, se os funcionários não temessem ter que arcar com o pagamento de honorários advocatícios, caso perdessem as causas.

Em outubro de 2021, o STF (Superior Tribunal Federal) entendeu que essa cobrança imposta pela reforma trabalhista é inconstitucional, e a tendência é de aumento no número de processos relacionados ao home office.

Segundo o também especialista em direito do trabalho Denis Sarak, onde há insegurança jurídica, há conflito. “A lacuna da nossa legislação favorece a desinformação e consequentemente os conflitos.”

Funcionária de uma empresa no Rio Grande do Sul, Paloma Seixas, 28, nunca havia se imaginado trabalhando de casa. Com a pandemia, ela se mudou de Viamão, na Grande Porto Alegre para Garopaba, no litoral de Santa Catarina, e não pensa em voltar.

“A rotina aqui é muito mais tranquila. Mas temo que não consiga crescer na empresa se continuar morando longe.”

Para o professor Peter Cappelli, que dirige o Centro de Recursos Humanos da Wharton School of Business, nos Estados Unidos, a preocupação de Seixas não é exagero, e é quase certo que os trabalhadores que não quiserem voltar ao escritório terão dificuldades na carreira.

“As pessoas que ficarem no escritório em tempo integral, trabalhando ao lado dos chefes e de outros colegas, vão progredir mais rápido. Todas as pesquisas anteriores sobre trabalho remoto mostraram isso.”

Cappelli, que também é autor do livro “The Future of the Office” (O Futuro do Escritório), lembra que o trabalho híbrido era realidade para cerca de 10% dos norte-americanos antes da pandemia e provavelmente mais empresas devem adotar o modelo agora.

“Seja qual for o modelo, a grande lição da pandemia é que as pessoas realmente gostam de ter controle sobre seu tempo. Portanto, mesmo que elas voltem ao escritório, não vão querer que a empresa controle todos os seus passos.”

DIREITOS NO HOME OFFICE E O QUE FALTA REGULAMENTAR

AJUDA COM GASTOS DE LUZ E INTERNET

A empresa deve fornecer uma ajuda de custos, já que a casa do funcionário se tornou uma extensão do escritório durante a pandemia, avalia o especialista em direito trabalhista Ricardo Calcini.

FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTOS DE TRABALHO

O MPT (Ministério Público do Trabalho) recomenda que empresas e empregados observem itens de ergonomia (como mobiliário postura física) e conexão, para que a empresa forneça as condições adequadas.

JORNADA DE TRABALHO

A jornada de trabalho em casa também deve ser a mesma do escritório, com controle de jornada feito de forma eletrônica.

TEMPO DE DESCONEXÃO

O direito do trabalhador a períodos em que consiga ficar desconectado e barrar troca de mensagens fora do expediente, para garantir a saúde mental do funcionário é uma das lacunas atuais.

PRIVACIDADE EM CASA

O direito de imagem e à privacidade dos trabalhadores e seus familiares, sobretudo com o aumento do número de reuniões via transmissão de vídeo, precisa ser redefinido.

FONTES: advogados trabalhistas e MPT

ESTAR BEM

CADA CABEÇA UMA BELEZA

 Se antes da pandemia valia tudo para ter fios esteticamente  perfeitos, a prioridade agora é ter um  couro cabeludo saudável

Estresse, ansiedade, incertezas. Os sentimentos confusos foram vários ao longo dos meses dentro de casa – e tudo isso, claro, afetou a saúde. O relato de quedas de cabelo, por exemplo, aumentaram consideravelmente durante o período. De acordo com o estudo feito pela Academia Brasileira de Tricologia (ABT), o impacto da covid-19 na saúde dos cabelos pode ser dividido entre fisiológico e mental.

“A questão de saúde mental veio inclusive de depressão, da falta de contato das pessoas, e isso desencadeou o gatilho de patologias como psoríase, dermatites e principalmente aquilo que a gente chama de queda capilar específica, que são as não cicatriciais, derivadas de questões psicossomáticas, como, por exemplo, a alopecia androgenética (ouseja, determinada geneticamente para os homens)”, explica o CEO da ABT, Celso Martins Junior. “Existe uma relação importante da elevação do estresse, da cascata bioquímica do estresse, da elevação de cortisol no sangue com as questões psicossomáticas e o encurtamento da fase de crescimento do fio capilar .”

João, que prefere não ser identificado, sabe bem sobre essa questão. Com 22 anos, ele passou a perceber queda acentuada de cabelo e decidiu procurar uma médica dermatologista especializada no assunto. “Meu avô por parte de mãe não tinha quase nada de cabelo, então eu tenho histórico na família de calvície. Mas com vinte e poucos anos achei que fosse muito novo para isso, por isso comecei o tratamento”, conta ele, que via tufos de cabelo espalhados pelos lugares em que passava tempo.

O tratamento ia bem até que ele pegou coronavírus, no final de 2021. “Voltei ao consultório e ela me explicou que normalmente, pelo histórico dos pacientes e os estudos que ela havia acompanhado, o cabelo pode cair com a doença. Assim, aumentamos a dose dos remédios”, diz.

Muito mais do que o lado emocional trazido à tona pelo coronavírus, as medicações usadas no tratamento, como corticoides e anticoagulantes, também geram o enfraquecimento do cabelo. “Hoje a gente sabe que a covid é uma tempestade inflamatória, com liberação de mediadores inflamatórios que são as interleucinas e elas vão circular no seu corpo como um todo, inclusive no couro cabeludo. Além disso, várias doenças febris, virais podem levar à vasculite dos vasos do couro cabeludo que pode levar à queda”, esclarece a dermatologista Marcela Mattos.

Ela explica que, por outro lado, os pacientes também acabaram olhando mais para si mesmos e passaram a investir no autocuidado. “Depois que o paciente passa por uma situação traumática, tanto física quanto emocional, ele quer se cuidar mais. Então veio uma pegada do cuidado do skincare, a oportunidade do home office das pessoas ficarem se olhando mais pelo vídeo, por exemplo, de quererem se cuidar mais.”

ACEITAÇÃO

A onda do autocuidado esbarrou também no fechamento dos salões de beleza durante a quarentena. O que levou diversas mulheres e homens a assumirem os cabelos brancos, largarem as químicas ou iniciarem o processo de transição capilar. “Depois da pandemia, começamos a ver uma consciência muito maior.

As pessoas estão passando por um processo de entender que a saúde é muito mais interessante do que um padrão de beleza estático e a qualquer preço”, diz Marcela.

A fisioterapeuta Keisa Negrão, de 48 anos, morria do vergonha dos cabelos brancos, mas decidiu assumi-los e se libertar. “Eu retocava a minha raiz a cada 15 dias. Comecei a mexer com química no cabelo muito cedo e desenvolvi alergias que provocavam coceira e feridas por todo o couro cabeludo”, conta. ”Agora eu vejo o quanto sofri em busca de um padrão. Me libertei, estou muito feliz. Me sinto até mais bonita”.

Ao reabrirem, os salões entenderam esse movimento e passaram a se preocupar também em orientar o cliente. O espaço comandado pelo cabeleireiro Celso Kamura, por exemplo, investiu em um Hair Spa, para o cuidado dos fios com aromaterapia, cromoterapia e musicoterapia. “A gente inaugurou no final de 2018 e ainda estava em processo de maturação quando aconteceu a pandemia. Mas hoje em dia eu percebo uma procura maior, justamente pelas pessoas estarem pensando mais em saúde”, diz Rodrigo Tanamati, terapeuta capilar do salão.

O processo começa com uma anamnese (entrevista com o cliente) realizada para entender o estilo de vida da pessoa. Logo é feita a análise do couro cabeludo com uma câmera chamada dermatoscópio, permitindo achar descamações, ver a densidade do fio e reconhecer o cabelo, desde o couro até a ponta dos fios. “Em vez de embelezar, a gente está cuidando”, diz Rodrigo.

Uma das clientes fiéis do salão é a modelo trans Marcela Thomé. Em suas redes sociais, ela já deixou claro a importância do seu cabelo. “Meu cabelo me deu força para eu ser quem eu sou hoje”, afirma. Assim, sempre frequentou o salão preocupada com hidratações e cortes, mas desde que o hair spa surgiu, o cuidado com os fios se tornou ainda maior.

“Quando ela veio passar comigo, senti que o couro dela estava inflamado e aí para cuidar, para dar uma acalmada, eu fiz a oleoterapia, que são os óleos essenciais junto com o óleo vegetal. Usei lavanda que é calmante, melaleuca que é bactericida e fungicida, aí fui nessa parte que é mais natural e menos invasiva”, conta Rodrigo.

SUSTENTÁVEIS

Já tem um tempo que surgem cabeleireiros com a expertise em cuidar da saúde dos fios e do couro cabeludo, priorizando o bem-estar sobre a estética. No mesmo ano da Hair Spa, surgiu a Ricu, do Studio W. Um ano mais tarde, o Studio Tez abriu as portas, assim como o Mariá Spa do Cabelo. E finalmente em 2021, o Br Concept Hair Spa

Muito mais do que deixar a cliente com um cabelo bonito, os salões propõem tratamentos para oleosidade, ressecamento e fortalecimento dos fios, priorizando o bem-estar e a saúde dos visitantes. ”A gente tem construído uma dinâmica técnica dentro dos salões que tem se transformado em algo muito maior que só beleza. Os profissionais têm aprendido a enxergar e compreender o cabelo como um marcador de saúde que é o que de fato ele é”, pontua Celso Martins Junior.

A busca pelo cuidado intenso do fio, assumindo sua própria beleza, envolve também o aumento do uso de produtos naturais nos salões. No Satch, por exemplo, criado pelo cabeleireiro turco Ertan Karadeniz, as especiarias são colhidas no próprio local. Para o tratamento de queda e fortalecimento, uma mistura com a babosa plantada e colhida ali mesmo promove a selagem natural do cabelo.

“Eu sou do ramo há 20 anos, mas no momento que decidi criar o salão, queria algo que tivesse coerência do que faz e com o que faz. Aqui não usamos nada que tenha contaminação de metal. Nos últimos anos, diminuímos muito a aplicação de luzes e de progressivas – apesar de já não usarmos a progressiva convencional”, explica ele. “Temos que pensar que o mercado convencional se coloca como indústria. Você não consegue identificar a qualidade de matéria-prima e é um produto só para todos. Aqui gostamos de avaliar cabelo a cabelo e ver o que necessita. Nossa progressiva, que deve não ter mais no salão em breve, é vegetal e não afeta muito o Ph do fio.”

Para Karadeniz, a sustentabilidade vai além de escolher um produto. “No Satch, a gente rega as plantas com o próprio adubo que eu faço. A sustentabilidade começa do momento em que você acorda, até dormir.”

A junção da tecnologia da indústria com os benefícios dos produtos naturais, segundo os profissionais, é ideal. Um ritual com óleo de coco, por exemplo, pode tornar difícil a remoção do produto e machucar o cabelo em vez de hidratar, como talvez uma máscara pronta faria. Por isso, opções veganas e da chamada química verde vêm sendo muito valorizada pelo mercado.

A marca Keune, por exemplo, além da sua linha normal, passou a ter a “So Pure”, que é vegana, não tem sulfato e com aromas naturais de óleos essenciais. Já a italiana Davines ganha cada vez mais espaço nos grandes salões por combinar sustentabilidade e eficiência dermatológicas. Recentemente ela lançou a linha Elevating, voltada para o equilíbrio e a proteção do couro cabeludo, feito com argila brasileira.

“O Brasil é um dos maiores lugares de referência de matérias-primas naturais do mundo por conta da nossa biodiversidade. Às vezes, a nossa falta de investimento em pesquisas faz com que a gente tenha preciosidades na nossa mão, sem o uso adequado”, opina o cabeleireiro Sérgio G, da Hair Glass Brasil. Para ele, ainda estamos no começo da transição dos naturais. “Nosso câmbio dificulta o consumo de muitos produtos importados, então abriu-se essa necessidade do desenvolvimentos dos produtos naturais – que está dando oportunidades para novos negócios e um resultado esplendoroso.”

TENDÊNCIA

A necessidade de olhar para dentro e valorizar a beleza natural também é tendência fora do Brasil. Um dos espaços que se destacam nesse campo é a JVN Hair, criada por Jonathan Van Ness, estrela da série da Netflix Queer Eye. “Muitas vezes pensamos nessa ideia de beleza como algo para nos sentirmos mal com a gente mesmo, mas nos termos e nos padrões de quem? Quando você entender que o relacionamento mais íntimo e bonito que você tem em sua vida é consigo mesmo, isso lhe dará imensa liberdade para se tornar quem você deveria ser”, coloca ele.

Seu slogan, “come as you are”(venha como você é) traz a ideia de melhorar o cabelo, e não necessariamente fazer uma grande transformação. “A linha NN vê toda beleza, atende toda beleza e homenageia a singularidade de cada pessoa.” Além disso, o produto é sustentável, vegano e feito com materiais recicláveis.

Muito mais do que aceitar os fios brancos, os cachos e a falta de química, o tempo dentro de casa mudou nosso olhar sobre o que é beleza. “As pessoas estão conseguindo entender que a boca da Angelina Jolie fica linda na boca dela. Mas numa paciente que tem traços delicados aquilo vai ficar mais agressivo”, explica a dermatologista Marcela. “A gente não tem de ser bonito igualo fulano, a gente tem de ser bonito na nossa própria essência.”

DICAS  

 Como manter a saúde e a beleza capilar

OBSERVAÇÃO

Analise o seu cabelo e faça isso com calma, por meio de toque e da ajuda de um espelho. “Se perceber que o cabelo está seco, busque informações para hidratar. Se tem frizz, veja indicações de gorduras vegetais que podem sustentar a degeneração da queratina do cabelo. Lembre-se: cada cabelo é um”, indica o cabeleireiro Ertan Karadeniz.

LAVAGEM

Apesar do calor, lave o cabelo somente quando a oleosidade da raiz for visível. Caso contrário, a lavagem diária não é necessária. Aproveite que é verão e utilize água fria, ou no máximo morna. A água quente deixa o cabelo mais  oleoso. Também é recomendado deixar o cabelo secar naturalmente, evitando o uso de secador e chapinha.

PASSO A PASSO

Antes de mais nada, escolha o produto especifico para o seu tipo de cabelo. A higienização com o xampu deve ser feita apenas no couro cabeludo, com movimentos circulares com os dedos. Já o condicionador deve ser aplicado no comprimento e pontas, para evitar fios quebradiços.

ALIMENTAÇÃO

O que você come pode ter interferência direta na saúde dos fios. Atente-se para a ingestão de vitaminas C e D, além de alimentos ricos em ferro e proteína. A ingestão de água regularmente também é importante.

CRONOGRAMA CAPILAR

Como cada tipo de cabelo tem uma necessidade, o cronograma varia de pessoa a pessoa, mas basicamente se constitui de hidratação, nutrição e reconstrução. Crie uma tabela semanal e vá alternando os cuidados, sempre pulando, pelo menos, um dia.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

PANDEMIA NOS ENSINOU O QUE É A RESILIÊNCIA, DIZ TERAPEUTA

Pauline Boss dá diretrizes para superar adversidades e até perdas dolorosas

Estamos ansiosos pelo dia em que poderemos viver sem medo de um vírus mortal que espreita como um caçador, impedindo eventos sociais, viagens, estudos e momentos marcantes da vida que, uma vez perdidos, não poderão ser recuperados.

No entanto, muitas pessoas continuam paralisadas pelo desespero com a morte de entes queridos, bem como pela perda de empregos, negócios, casa, renda e até mesmo sono. Muitos se perguntam como devemos lidar com muitos obstáculos que bloqueiam nosso caminho?

Uma maneira é recorrer a uma característica milenar que nos permite enfrentar a adversidade: a resiliência.

Resiliência é a capacidade de suportar os golpes, “por que se você for frágil você quebrará”,  diz Pauline Boss, professora emérita da Universidade de Minnesota e autora do livro “The Myth of Closure”(O mito da conclusão).

A doutora Boss, uma terapeuta familiar, educadora e pesquisadora, é mais conhecida  por seu trabalho pioneiro sobre perda ambígua, que também é o título de seu livro de 1999 que descreve perdas físicas ou emocionais não resolvidas e muitas vezes impossíveis de resolver.

“Quando a pandemia diminuir, as coisas não voltarão ao normal”, diz Boss, que, aos 87 anos, já passou por várias comoções, começando pela Segunda Guerra Mundial. Com tudo o que aconteceu durante a pandemia, ela escreveu, “não podemos esperar voltar  ao “normal” que tínhamos”.

Em entrevista, ela afirma: ” Normal implica status quo, mas as coisas estão sempre mudando, e se você não mudar você mão cresce. A pandemia é épica, um poder maior que nós, e temos que ser flexíveis, resilientes o bastante para nos dobrarmos para sobreviver.  E vamos sobreviver, mas nossas vidas serão modificadas para sempre”.

A resiliência nos permite adaptar nos ao estresse e manter o equilíbrio diante da adversidade. “Quando pessoas resilientes são confrontadas com uma crise que tira sua capacidade de controlar suas vidas, elas encontram algo que podem controlar”.

No entanto, acrescentou, se as pessoas não conseguem se adaptar diante de um problema que não podem resolver, “muitas vezes recorrem a soluções absolutas que são disfuncionais e fazem declarações como “A pandemia é uma farsa” e esse vírus não existe”.

Embora resiliência seja frequentemente vista como um traço de personalidade inerente  que as pessoas têm ou não, estudos mostraram que é uma característica que pode ser adquirida. As pessoas podem adotar comportamentos, pensamentos e ações que ajudam a criar resiliência em qualquer idade.

A doutora Boss assegura aos pais que seus filhos ficarão bem, apesar da interrupções escolares e sociais relacionadas à pandemia. “As crianças são naturalmente resilientes e serão mais fortes por terem sobrevivido a essa coisa ruim que aconteceu com elas”.

Mais do que as crianças, “precisamos nos concentrar nos adultos”, afirma ela. Muitos  pais estão lutando, embora ela se preocupe que alguns possam estar protegendo demais seus filhos, o que pode corroer sua capacidade natural de resolver problemas e lidar com a adversidade.

Em seu novo livro, Boss oferece diretrizes para aumentar a resiliência de uma pessoa para que ela supere as adversidades e viva bem, apesar das perdas dolorosas.

Ela recomenda que as pessoas usem cada diretriz conforme necessário, em nenhuma ordem específica, dependendo das circunstâncias.

A diretriz mais desafiadora para muitas pessoas é encontrar significado, dar sentido a  uma perda e, quando isso não for possível, tomar algum tipo de atitude. Talvez buscar justiça, trabalhar por uma causa ou se manifestar para tentar corrigir um erro. Quando o irmão mais novo da doutora Boss morreu de poliomielite, sua família desolada foi de porta em porta na Marcha dos Centavos, arrecadando dinheiro para financiar a pesquisa de uma vacina.

Outra diretriz é ajustar seu senso de domínio. Em vez de tentar controlar a dor da perda, deixe a tristeza fluir, continue o melhor que puder e, eventualmente, os altos e baixos virão cada vez menos. “Não temos poder para destruir o vírus, mas temos o poder de diminuir seu impacto sobre nós”, escreveu ela.

Também é útil adotar uma nova identidade em sincronia com suas circunstâncias atuais. Quando o marido da doutora Boss ficou doente, em estado terminal, por exemplo, sua identidade mudou de esposa para cuidadora e, após a morte dele, em 2020, vem  gradualmente tentando pensar em si mesma, como viúva.

Outra recomendação da terapeuta é normalizar a ambivalência. Boss diz que é melhor não esperar por clareza: a hesitação pode levar à inação e coloca a vida em espera. É melhor tomar decisões menos que perfeitas do que não fazer nada.

Boss enfatiza que, em vez de tentar romper seu apego a um ente querido perdido, o objetivo deve ser mantê­lo  presente em seu coração e mente e reconstruir gradualmente sua vida de uma nova maneira, com um novo senso de propósito, novos amigos ou um novo projeto.

Aceite a realidade da perda e revise sua ligação com a pessoa que morreu. Mas “não há necessidade de buscar a conclusão , mesmo que surjam outros relacionamentos”, diz ela.

Comece a esperar por algo novo que lhe permita seguir em frente com sua vida de uma nova maneira. Pare de esperar, tome medidas; e busque novas conexões que possam minimizar o isolamento e promover o apoio que, por sua vez, nutre sua resiliência.

Talvez o conselho mais valioso da doutora Boss quando alguém enfrenta perdas pandêmicas: “O que precisamos esperar não é voltar ao que tínhamos, mas ver o que podemos criar agora e no futuro”.

Ela sugere brainstorming com os outros e estar disposto a tentar coisas novas. “Espere por algo novo e com propósito que o sustente e lhe dê alegria pelo resto da vida”.

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