OUTROS OLHARES

BEM-VINDE A UM NOVO MUNDO

A linguagem neutra, aquela que deleta as diferenças de gênero, fura a bolha e já ingressa em dicionários, como aceno à tolerância que move uma acalorada polêmica que foi parar no STF

Imagine uma pessoa falar português com seu/sua amigue sem usar pronome que distinga homem (ele) de mulher (ela) e dando preferência ao indefinido ile. Na conversa diles também caem fora os adjetivos e flexões verbais que sejam indicativos de sexo. As frases que abrem este texto, assim como as conhecidas canções que ilustram este post, foram modificadas para traduzir uma nova forma de se comunicar, até pouco tempo atrás limitada a nichos e bolhas identitárias, mas que tem avançado por diálogos e textos nunca antes alcançados: a chamada linguagem neutra, que deleta diferenças de gênero, suprimindo os artigos A e O e pondo em seu lugar um X, uma arroba ou um E.

Esse jeito de falar, que tem origem nos não binários – pessoas que não se reconhecem nem como homem, nem como mulher, um grupo recém-saído das sombras – , é mais um produto da aceitação com que sobretudo os jovens de agora encaram a diversidade em seu sentido mais amplo. Sob o argumento da não discriminação e do respeito a quem não se reconhece nos tradicionais escaninhos de gênero, a linguagem não binária vem sendo aos poucos incorporada à vida em sociedade e já comparece em anúncios, ambientes acadêmicos, produções artísticas, discursos de políticos e no mundo corporativo – uma sacudida que, como não poderia ser diferente nestes dias, agita as labaredas de uma discussão de acentuado matiz ideológico. “Empelo menos um século, essa é a mais intensa mudança no campo da sintaxe já proposta à língua portuguesa e a de maior visibilidade”, afirma Raquel Freitag, vice-presidente da Associação Brasileira de Linguística.

O advento da linguagem neutra, um interessante debate que transcorre mundo afora, ganha especial efervescência em países polarizados, encaixando-se sob o guarda-chuva das divergências entre conservadores (que são contra) e progressistas (a favor) – ainda que haja gente considerada de mente aberta se opondo ao ilee companhia por enxergar aí um exagero no leque do politicamente correto. No Brasil, a contenda foi parar no Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Edson Fachin suspendeu por liminar uma lei aprovada em Rondônia que proíbe a linguagem sem gênero nas escolas e nos editais de concursos públicos. “A chamada linguagem neutra ou inclusiva visa a combater preconceitos linguísticos retirando vieses que usualmente subordinam um gênero ao outro”, sustentou Fachin. O ministro Nunes Marques, indicado pelo governo Bolsonaro, pediu que a ação fosse analisada pela Corte presencialmente e ela irá a plenário e à votação que poderá fincar um precedente para todo o país, onde o tema pega fogo.

Um decreto na mesma linha, este em vigor em Santa Catarina, também chegou ao STF. No apagar das luzes de 2021, foi a vez de o governo de Mato Grosso do Sul sancionar uma lei que bane os vocábulos não binários. Adicionando sua bolsonaríssima colher de pau ao tacho, o secretário da Cultura, Mario Frias, baixou portaria vetando a presença de termos neutros em projetos da Lei Rouanet. Bolsonaro, o próprio, já reclamou que “a linguagem neutra dos gays vai estragando a garotada”. Recentemente, o presidente disparou contra Fachin: “Que país é esse? Que ministro é esse? O que ele tem na cabeça?”.

Transformações no modo de se exprimir são comuns e espelham comportamentos e anseios da sociedade. No começo do século passado, quando o Brasil sonhava ser a França, palavras afrancesadas inundaram a linguagem brasileira, fenômeno que se repetiria com expressões em inglês décadas mais tarde. No embalo do politicamente correto, especialmente vigoroso nestes tempos, riscou-se do cotidiano verbos como o antissemita “judiar” e o racista “denegrir”, bem como expressões pejorativas como “mulata”, que tem a mula como origem, e “aleijado”, derivado de aleijão, deformidade. Agora, o bastão está nas mãos dos movimentos pró-diversidade, que historicamente se levantam antes dos outros pela mudança – como ocorreu quando grupos de libertação da mulher ocuparam as ruas nos anos 1960, ainda que sob uma nuvem de desconfiança e desdém, que foi se dissipando. Se a neutralidade na fala, mais um produto com a marca registrada da cartilha PC, conseguir de fato tornar mais inclusiva a língua portuguesa, estará prestando um serviço em matéria de tolerância – desde que, nessa empreitada, o pleito não ganhe contornos dogmáticos e passe a funcionar como uma indesejável ferramenta de exclusão. “A linguagem neutra deve incluir sem jamais segregar”, enfatiza a linguista Raquel Freitag, que arremata: “Como mulher, quero seguir sendo chamada no feminino”.

O canal mais formal de remodelamento de um idioma é o das reformas ortográficas –   no caso do português, houve duas no século passado e mais uma em 2016, implantadas na forma de leis, com o objetivo de adequar a grafia à pronúncia e padronizá-la nos países de língua portuguesa. Mas a maior parte das mudanças brota mesmo espontaneamente, de maneira coletiva, como o vossa mercê, que virou vosmicê, até se transformar em você, e a expressão “a gente” como sinônimo de “nós”. Transformações, digamos, ideológicas, como a linguagem neutra, são mais raras e abrem uma fresta para a polêmica . “Não acho que essa variação possa enriquecer o nosso idioma, a linguagem culta, mas, na medida em que um conjunto de palavras é exaustivamente repetido por um certo grupo, ele passa, sim, a fazer parte do seu vocabulário”, pontua Evanildo Bechara, imortal da Academia Brasileira de Letras e um dos maiores gramáticos do país. Da língua falada, o salto para a linguagem chamada oficial se concretiza quando um termo, enfim, ingressa no calhamaço do dicionário. “Uma vez convertido em verbete, ele ganha legitimidade e passa a ser usado em textos formais, mesmo que isso não garanta que haja consenso a seu respeito entre os estudiosos”, explica a linguista Vivian Cintra, da USP.

De fato, a linguagem neutra gradativamente começa a ser dicionarizada. O americaoo Merriam-Webster define they e there como opção de tratamento a he/him (masculino) e she/her (feminino). Na Suécia, foi formalizado o pronome hen, criado pela comunidade transgênero para designar pessoas não binárias. Já o francês Petit Robert foi mais longe na audácia: incluiu o neutro iel, sem tirar nem o il (ele), nem o elie (ela). Os aliados do presidente Emmnuel Macron, que empreende uma cruzada contra excessos de novidades vindas de fora que estariam minando a cultura francesa, chiaram, pondo mais lenha nessa ideológica fogueira que ferve em toda parte. ”Esse tipo de iniciativa prejudica a língua e desune os que a falam”, criticou o deputado François Jolivet, lançando à mesa um raciocínio comum aos que são contra. “Definir palavras que descrevem o mundo nos ajuda a compreendê-lo melhor”, defendeu o diretor do dicionário, Charles Bimbenet.

Nas redes sociais, que ajudam a medir o alcance das coisas, o assunto se encontra em ebulição: só no Twitter, foram contabilizados no ano passado, 21 milhões de postagens com termos modificados para abolir o gênero. Um levantamento inédito mostra que, em 2021, o interesse dos brasileiros pela expressão “linguagem neutra” no Google cresceu 3.230%, comparado com 2019. Celebridades, como sempre, têm sua parcela de responsabilidade na divulgação, ao informar em seus perfis nas redes a preferência para que se refiram a elas pelo pronome they (eles, em inglês), em vez de he (ele) ou she (ela) – uma opção que, por sinal, independe da sexualidade. Já manifestaram esse desejo, entre outros, as atrizes Emma Corrin, a jovem Diana de The Crown, Amandla Stenberg, de Jogos Vorazes, e o cantor Sam Smith. Elliott Page, ator transexual que se chamava Ellen e fez a transição para o sexo masculino, atende por he/they. Miley Cyrus, que se declara não binária, ainda faz suspense sobre seus pronomes.

Açoitada por conservadores e puristas, a fala neutra tem como pontoa favor o reconhecido “machismo” da língua portuguesa, onde o genérico masculino é obrigatório, mesmo que a palavra terminada em “o” seja uma única entre várias – distorção presente, por exemplo, em ”a mesa, a cadeira, a poltrona, as gravuras e o sofá foram recolhidos e vendidos”. “Mesmo que a intenção não seja a de privilegiar um determinado gênero, estudos comprovam que, cognitivamente, quando falamos dessa forma, a imagem que sobressai é a masculina”, observa Vivian Cintra. Esse fator foi determinante para a carioca Liz Andrade, 19 anos, estudante de letras da UFRJ e em paz com seu gênero feminino, decidir abraçar os novos pronomes e a não binariedade do idioma – não sem dificuldades, iliás. “Antes de começar uma conversa, vejo como a pessoa se refere a si mesma ou pergunto como quer ser chamada”, diz ela. “O maior desafio não é pôr em prática a linguagem neutra, mas me aceitarem por usá-la”, reclama, mesmo circulando em um ambiente onde a neutralidade ganha espaço na sala de aula e em trabalhos acadêmicos.

Enquanto a bandeira da mudança linguística é empunhada por uns e depreciada por outros, seu uso, ainda que não amplamente disseminado, vai conquistando terreno. No Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a gerente de ações educativas, Renata Sampaio, 33 anos, e sua equipe recebem grupos de visitantes com um sonoro “Boa tarde a todas, todos e todes”. Muitos se espantam, o que Renata acha bom. “Quando acontece, aproveitamos a brecha para falar sobre diversidade e salientar a importância de sermos inclusivos”, conta. A fala neutra também está adentrando o universo da literatura, sobretudo a voltada à comunidade LGBTQIA+ e, como não poderia deixar de ser, o das séries, que ocuparam o lugar das novelas como espelhos da sociedade. Terms de linguagem neutra ou debates sobre a questão aparecem, entre outras, em Todxs Nós e And Just Like That (sequência de Sex and the City), da HBO, e Ridley Jones, da Netflix.

Mostrando fluência no vocabulário inclusivo e atento a um discurso que soa bem a cada vez mais nichos, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, já se dirigiu a seus conterrâneos como “argentines”. O britânico Boris Johnson, em plena reunião do G7, declarou que o mundo precisa ser reconstruído a partir do princípio da neutralidade de gênero. No mundo corporativo, a Japan Airlines agora dispensa o ”Ladies and gentlemen” e cumprimenta os passageiros com o inclusivo “Welcome, everyone”. O gigante de seguros Lloyds e o fundo de investimento Virgin Management adotam os pronomes de preferência de seus funcionários, assim como o banco Goldman Sachs, que foi além e montou um manual de orientação para o uso de termos não binários. “Trata-se de uma questão de respeito. Em cinco anos, a estimativa é que 65% da força de trabalho seja formada por profissionais LGBTQIA+”, ressalta Pri Bertucci, CEO da Diversity BBox, que presta consultoria nessa área a empresas como Uber e Facebook.

Reformar um idioma de fora para dentro, remexendo hábitos, depende acima de tudo de os termos caírem no gosto popular. “É ingenuidade achar que os gramáticos e os dicionaristas dão a palavra final”, afirma o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues, autor de Viva a Língua Brasileira! “O idioma sempre foi um campo de batalha, no qual quem define vencedores é o povo”. Se todes vão falar a linguagem neutra, só o tempo dirá, mas as labaredas do debate já põem a humanidade a refletir sobre um mundo mais diverso, e essa postura é civilizatória, excelente e justa.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 09 DE FEVEREIRO

NÃO DESISTA DE SEUS SONHOS

… Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva […] e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida… (1Samuel 1.11).

Eu sei que você tem sonhos. Todos nós temos. Quem não sonha não vive; quem desistiu de sonhar desistiu de viver. É provável, porém, que você tenha perdido seus sonhos mais belos pelas estradas da vida. Talvez seus sonhos se tenham transformado em pesadelos. É até possível que você já tenha enterrado seus sonhos e desistido deles. Quero encorajá-lo, entrementes, a levar de volta esses sonhos à presença de Deus. Para o Senhor, não há impossíveis. Ana tinha um sonho, o sonho de ser mãe. Porém, Ana era estéril. Seu ventre era um deserto. Apesar das circunstâncias irremediáveis, Ana creu que Deus poderia fazer um milagre em sua vida. Ela não desistiu de esperar, ainda que contra a esperança. Não desistiu de orar, apesar do tempo que se adiava. Não desistiu de chorar diante de Deus, ainda que todos à sua volta tentassem fazê-la desistir. Ana tomou posse da promessa de Deus, em vez de nutrir na alma o absinto da revolta. Ana saiu da Casa de Deus com o rosto resplandecendo de alegria e a promessa da vitória em suas mãos. Ela voltou para casa e coabitou com o marido, Deus se lembrou dela, e Ana concebeu, dando à luz seu filho Samuel.

GESTÃO E CARREIRA

NÃO ERA MI-MI-MI

A OMS classifica a síndrome de burnout como doença ocupacional, o que finalmente dá à exaustão física e mental causada pelo trabalho a atenção que ela merece

No início dos anos 1970, o psicanalista americano Herbert J. Freudenberger abriu uma clínica gratuita em Nova York para tratar pacientes pobres. Ele trabalhava de dez a doze horas por dia em seu consultório particular e depois ia para a segunda jornada. Raramente encerrava as atividades antes da meia-noite. Não demorou para perceber que o bonito projeto altruísta virara um estorvo. Os colegas que participavam da empreitada e seguiam a mesma toada urgentíssima estavam ficando cansados, rabugentos e sem perspectiva. O cinismo era a nova régua.

E, então, Freudenberger diagnosticou a si mesmo e aos companheiros com o que chamou de “síndrome de burnout”, um estado de exaustão permanente provocado pelo trabalho. “Os esgotados têm dores de cabeça, problemas de estômago, dificuldade para dormir e falta de ar”, anotou. Era a primeira vez, na história da medicina, que as condições da rotina profissional associadas ao estresse indicavam um problema real de saúde. Cinco décadas depois da intuição de Freudenberger, o burnout – que há muito tempo ocupa corações e mentes – virou um problema oficialmente diagnosticável.

Desde 1º de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o burnout como uma doença ocupacional, um “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Aparece, na Classificação Internacional de Doenças, o CID, ao lado de males agora também mensuráveis como o gaming disorder, distúrbio provocado por excesso de tempo debruçado em jogos eletrônicos, e a resistência anti­microbiana, relacionada ao uso descontrolado de antibióticos. Do ponto de vista prático, as empresas agora precisam estar atentas ao mal e podem ser responsabilizadas caso não tenham programas que ajudem a frear a fadiga atrelada a exigências do cotidiano profissional. A grande novidade, reafirme-se, é o incômodo ter se transformado em ponto de atenção no batente, com implicações legais e trabalhistas.

É mudança fundamental. O burnout sempre foi uma metáfora disfarçada de diagnóstico – to burn, em inglês, significa “queimar”. Se o esgotamento é universal e vem desde os primórdios, como condição humana, se sempre explodimos como seres humanos, talvez não fizesse sentido classificá-lo. Mas se é um problema recente, se começou quando foi batizado por Freudenberger, uma questão se impõe: qual é o rastilho de pólvora que atualmente existe e antes não havia? Um passeio estatístico ajuda na resposta. Antes de a Covid-19 se tornar a principal preocupação sanitária do planeta, o tema já exigia atenção especial. Dados de 2019 divulgados pela OMS mostravam que 300 milhões de pessoas sofriam de depressão e 260 milhões, de ansiedade. Juntos, os dois distúrbios custavam 1 trilhão de dólares por ano em perda de produtividade. “Há muita confusão entre o diagnóstico de burnout e o de depressão em decorrência da sobreposição de sintomas, mas o burnout está sempre relacionado ao trabalho”, diz Ana Maria Rossi, presidente do braço brasileiro da International Stress Management Association, que se dedica à pesquisa e ao tratamento do estresse.

Medir o impacto da síndrome, no entanto, é uma tarefa complicada principalmente porque seus estudos ainda são recentes. Uma pesquisa feita pelo site americano de empregos FlexJobs ajuda a dar uma ideia do tamanho do dilema: 75% dos entrevistados passaram por experiências recentes de exaustão profissional em 2020.

A pandemia, a onipresente pandemia, acrescentou uma camada de complexidade. E, nesse contexto, a parcela feminina da força de trabalho está sendo muito mais afetada. A pesquisa Women in the Workplace 2021, feita pela consultoria McKinsey e pela organização Learnin, revela que 42% das mulheres sofrem com sintomas da síndrome de burnout – entre os homens, a taxa é de 35%. No Brasil, levantamento do Instituto FSB, feito a pedido da seguradora Sul América, mostra que a situação é semelhante: 62% das brasileiras disseram que a saúde mental piorou durante o isolamento social, ante 43% dos homens.

O caso de Lia Ludwig, gerente na área de comunicação da MSD, multinacional do setor farmacêutico, ilustra um pouco da situação e mostra a relevância da atuação das empresas. No fim de 2020, Lia perdeu a sogra para a Covid-19. Em seguida, seu marido, também diagnosticado com a doença, foi internado. Para complicar ainda mais, o pai descobriu um câncer. Tudo isso enquanto ela cuidava dos filhos, que estavam estudando em casa, e das atividades profissionais. “Em uma reunião, comecei a choramingar. Enxuguei as lágrimas e disse a todos ali que estava tudo bem”, conta ela. Mas os colegas viram que não estava tudo bem, e agiram rápido. Ela foi colocada em licença médica, mesmo querendo continuar trabalhando, e depois saiu de férias. Nesse período, passou por consultas com especialistas em saúde mental e recebeu a orientação necessária. Foi salva pelo gongo do diagnóstico de burnout. “A experiência quebrou meu preconceito e me fez ver que existem momentos em que é preciso cuidar, e outros em que é preciso ser cuidado”, conta Lia.

Essa compreensão não vem com naturalidade. Ainda há muito preconceito em falar de saúde mental sem cair na armadilha de achar que esconder os sintomas e se manter resiliente é demonstração de força e comprometimento com a companhia. A cultura organizacional das empresas também reforça essa postura. É comum ver funcionários, de todos os níveis hierárquicos suportando cargas horárias extremas e acúmulo de funções para causar boa impressão – eis uma das características dos tempos atuais, tão premidos, tão exigentes.

Como mudar esse cenário? A solução começa pela capacitação das lideranças para entender o problema, identificar quando o colaborador precisa de ajuda e apontar o caminho correto. “As empresas fogem com medo de trazer o tema à tona”, diz Raquel Dilguerian Conceição, lead de Saúde Populacional e Corporativa do Hospital Israelita Albert Einstein. “O assunto precisa ser trazido à tona baseado em evidências, e assim deixa de ser uma fofoca de corredor”. A partir da experiência do programa de saúde mental implantado na instituição antes ainda de a pandemia começar, Raquel e seu grupo de trabalho criaram um programa aplicável em empresas. O modelo contempla o diagnóstico dessas companhias, cursos de formação, desenvolvimento de indicadores para entender o nível de maturidade da discussão sobre o tema no ambiente corporativo e a capacitação de profissionais de saúde. Em menos de quatro meses desde o lançamento do programa, Conceição já estava trabalhando com doze clientes.

O fundamental, no avesso do esgotamento, é criar uma estratégia de longo prazo que instale a saúde mental como pilar. Não se trata de montar salas de descompressão com pufes coloridos, de oferecer consoles de videogame e mesas de pingue-pongue ou de instalar máquinas automáticas de comida. Esse tipo de benefício ficou popular entre as empresas de tecnologia do Vale do Silício e chegou ao Brasil com tudo. Mal não faz, evidentemente, e é louvável que executivos pensem no conforto de suas equipes, mas está longe de ser a solução. “Sabemos que é difícil mudar velhos hábitos, mas vemos o futuro com otimismo”, diz Rui Brandão, fundador e CEO da Zenklub. A empresa nasceu em 2016 como uma plataforma digital para conectar pessoas e psicólogos, e hoje oferece pacotes para o mundo corporativo. Segundo a startup, as consultas on-line cresceram 151% no lº semestre de 2021 ante o mesmo período de 2020, saltando para 50.000 sessões por mês. As consultas citando a expressão burnout tiveram um aumento de 397%. “Alguns de nossos clientes já têm maturidade com o problema, outros ainda dão os primeiros passos”, diz Brandão.

É ciclo de aprendizado natural. Desde a Revolução Industrial do século XVIII, em que se passou a viver mais em fábricas do que em casa, as empresas desenvolveram mecanismos para atender às necessidades dos trabalhadores, de horários de descanso e alimentação a sessões de ginástica laboral, que no início eram uma liberalidade e com o tempo viraram lei em boa parte dos países. Nem sempre, contudo, as adaptações acontecem na velocidade necessária, é verdade. Invariavelmente, precisam de um empurrão – e a novidade apresentada pela OMS na virada do ano, ao classificar a síndrome de burnout, tem imensa força. Convém, no entanto, não transferir toda a culpa ao ambiente corporativo. Reconhecer os próprios limites e saber quando parar (às vezes, é preciso) é decisivo.

EU ACHO …

LIÇÕES TARDIAS

A vida nunca deixa de nos abençoar com novos ensinamentos

Outro dia acordei com um pouco de tosse. Fossem outros os tempos, tomaria um xarope e tocaria o dia. Mas, como os tempos atuais não permitem tal displicência, fiz o teste, e não deu outra: estava com Covid. São tantos os casos que o meu nem valeria registro, até porque, devidamente vacinada, não apresentei outros sintomas. Se resolvi contar o episódio, foi pela lição que dele tirei: quando você acha que determinada situação está sob controle, aí é que é a hora de manter a guarda alta. Devemos sempre estar atentos ao menor sinal de perigo, sobretudo quando ele não é aparente. A desatenção sempre será nossa inimiga. É justamente quando relaxamos que as coisas acontecem.

Pois foi o que me aconteceu. Com baixa exposição a situações de risco em potencial, e tendo tomado todos os cuidados básicos, achei que o vírus não cruzaria o meu caminho. Mas essa variante ômicron, como não se cansam de dizer os médicos, é mesmo perigosamente esperta, ela acha caminhos insuspeitos para se esgueirar para dentro do nosso corpo. Resultado: durante o período de incubação do vírus em alguém, achando que eu estaria a uma distância segura das pessoas mantendo o uso da máscara o tempo todo, acabei me expondo ao coronavírus de um modo que nem eu consigo entender.

Não baixar aguarda é uma daquelas lições tardias que a vida nos ensina. Aproveitei o período da quarentena de praxe para revisitar outras lições que têm me norteado ao longo dos anos. Acredito, por exemplo, que nosso maior inimigo somos nós mesmos, que com frequência nos boicotamos sem nos darmos conta. O outro pode até atrapalhar – se lhe conferirmos esse poder – , mas não estará ao nosso lado em tempo integral. Quando olhamos no espelho, não é ele que nos encara. É preciso prestar atenção, e pôr esse adversário sorrateiro em seu devido lugar – eis a lição.

Outro ensinamento que penso ser útil compartilhar é não nos compararmos aos outros. Cada um tem suas qualidades e aptidões. O desafio é descobrir as nossas – e explorá-las ao máximo. Não procure ser melhor que o seu vizinho, evite a tentação de se medir com a régua alheia. Tente apenas ser melhor do que você foi ontem, procure aprimorar a sua própria versão. Olhar para dentro, e não para o lado, já é um bom começo. Nesse sentido, talvez o melhor de todos os investimentos seja em você mesmo. O dinheiro gasto em educação, saúde, bem-estar nunca gera descontentamento.

Por fim, em vez de focar aquilo que lhe falta, valorize o que já tem. Há desejos que são genuínos e outros que resultam de uma necessidade inventada. Conhecer um destino longínquo e exótico, por exemplo, é realmente algo que fará grande diferença em sua vida? Se sim, reserve a passagem assim que possível. Mas pode ser que uns minutos de reflexão lhe digam que as conhecidas praias e montanhas aqui perto o fariam igualmente feliz. Como anotou meu irmão Abílio, “as pessoas podem copiar tudo o que a gente faz, mas não o que a gente é”.

Uma das belezas da experiência humana é que, independentemente da nossa idade, a vida sempre nos abençoa com novas lições – uma regra que até a Covid pode confirmar.

*** LUCÍLIA DINIZ

ESTAR BEM

A FALTA QUE ELE PODE FAZER

Começo de ano e todo mundo decide emagrecer cortando o açúcar. Não é a melhor estratégia. Além de ineficaz, a medida causa sérios prejuízos à saúde

Depois dos clássicos exageros à mesa no fim de ano, o corte brusco de algum elemento da dieta pode parecer um caminho fácil para cumprir a igualmente tradicional promessa de perder peso em seguida. Eliminar o açúcar que vem em guloseimas, refrigerantes, biscoitos e sorvetes e importante para a saúde – o brasileiro consome mais do que deve – e pode ajudar nesse processo. O problema é fazer a remoção de forma radical. Fonte de energia para o organismo, o corte abrupto de açúcares e carboidratos está associado a alteração no humor, fadiga, dor de cabeça e outros sintomas que podem evoluir para quadros mais graves.

Há alguns anos a ciência investiga as relações do açúcar com a liberação de dopamina, uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios. O neurotransmissor participa dos processos executados no sistema cerebral de recompensa, engrenagem que funciona como uma máquina de bem-estar alimentada por algo que dá prazer ao indivíduo. Pode ser fazer compras ou consumir drogas. O estímulo chega, a dopamina age e o corpo produz hormônios que dão a sensação de alegria. E assim constrói-se um ciclo que pode levar à dependência, a vontade difícil de ser controlada de desfrutar das mesmas sensações novamente. Cortar os estímulos de uma vez, portanto, resultaria em sintomas de abstinência, incluindo tontura, enjoo, ansiedade e quadros depressivos.

Não se sabe, ainda, se a interrupção radical produziria resultados como os das pessoas forçadas a parar abruptamente de consumir drogas. Mas há um consenso: alimentos atraentes ao paladar ativam o sistema de recompensas. Uma comparação conhecida dos especialistas vem de um estudo com cobaias apontando que, entre água adoçada e cocaína, 94% dos camundongos ficaram com a primeira opção. Mas não há evidências científicas sólidas o bastante para afirmar que o açúcar provoque dependência e síndrome de abstinência, apesar de os sintomas manifestados pela restrição serem parecidos.

O que pode se afirmar com certeza é que a retirada só do açúcar de adição, como o das colheradas no cafezinho, não causa mudanças significativas. O problema está na suspensão de tudo o que contém açúcar, como as frutas. “O corte reduz a disponibilidade de uma fonte de energia com a qual o cérebro está acostumado”, diz a médica Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Além disso, a restrição até pode levar à perda de peso, mas dificilmente será mantida por muito tempo. A orientação é reduzir a ingestão dos açúcares que não trazem benefícios, como os doces, passando longe das tentações. Pode ser amargo, mas é bom conselho.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

VÍRUS COMUM PODE ESTAR ASSOCIADO À ESCLEROSE MÚLTIPLA

Estudo conduzido por Harvard mostra que apenas um dos 801 diagnosticados não tinha vestígios do herpesvírus humano 4

A esclerose múltipla – uma doença autoimune que afeta o cérebro e a medula espinhal – pode surgir após a infecção pelo vírus Epstein-Barr(VEB). É o que indica um estudo feito por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard e publicado na revista cientifica Science.

Estima-se que 90% a 95% dos adultos já tenham sido infectados pelo chamado herpesvírus humano 4, responsável por provocar a “doença do beijo”, a mononucleose. Em crianças, o vírus costuma mostrar sintomas graves ou, muitas vezes, é assintomático.

Ao vasculhar dados de cerca de 10 milhões de militares dos EUA, ao longo de duas décadas, cientistas descobriram que o risco de desenvolver esclerose múltipla aumenta 32 vezes após uma infecção por VEB. Eles não encontraram tal ligação entre a doença e outras infecções virais, e nenhum outro fator de risco mostra um aumento tão alto no risco.

O grupo que fez a descoberta trabalha há 20 anos com a hipótese de que o VEB pode ser um fator de risco causal para a esclerose múltipla. Para testar essa hipótese, a equipe se propôs a identificar indivíduos que nunca foram expostos ao vírus, rastrear seu status de VEB ao longo do tempo e ver se a chance de desenvolver esclerose múltipla aumentou após a exposição.

No entanto, testar esta hipótese era um grande desafio, já que a maior parte da população já se infectou com VEB na idade adulta.

Para identificar pessoas sem exposição prévia ao vírus, a equipe vasculhou um conjunto de dados exclusivo com curadoria do Departamento de Defesa dos EUA, que mantém um repositório de amostras de soro coletadas de militares. No início de seu serviço, e aproximadamente a cada dois anos depois, militares fornecem soro para triagem de HIV, e a que sobra das amostras é armazenada.

O soro tem anticorpos e, portanto, as amostras forneceram aos pesquisadores uma maneira de verificar o status de VEB (se a pessoa se infectou ou não) ao longo do tempo.

Usando registros médicos, eles identificaram 801 indivíduos que desenvolveram esclerose múltipla durante o período do estudo e que forneceram pelo menos três amostras de soro antes do diagnóstico.

RESULTADOS

Os pesquisadores descobriram que 35 desses 801 indivíduos haviam testado negativo para anticorpos específicos do VEB em sua amostragem inicial de soro, mas, com o tempo, todos, exceto uma pessoa, foram expostos ao vírus. Assim, 800 dos 801 pegaram VEB antes de desenvolver esclerose múltipla.

A equipe realizou vários testes para ver se algum outro vírus compartilhava uma correlação tão forte com a doença, mas descobriu que o VEB era o único a se destacar dessa maneira. E detectaram ainda sinais de danos nos nervos que apareceram após a exposição ao vírus, mas antes do diagnóstico de esclerose múltipla.

Literary Revelations

Independent Publisher of Poetry and Prose

Postcardsfromhobbsend

Film reviews as you know them only much....much worse

Mon site officiel / My official website

Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!

Yours Satirically

with no commitments and all excuses

Lire dit-elle

Vous devriez savoir que je laisse toujours mes yeux dans les arbres...Jusqu'à ce que mes seins s'ennuient...

Baydreamer ~ Lauren Scott

~ a thread of words from every stitch of life ~

FELICISSES

UM POUCO SOBRE LIVROS, FILMES, SÉRIES E ASSUNTOS ALEATÓRIOS

kampungmanisku

menjelajah dunia seni tanpa meninggalkan sains

Blog O Cristão Pentecostal

"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b

Agayana

Tek ve Yek

Envision Eden

All Things Are Possible Within The Light Of Love

4000 Wu Otto

Drink the fuel!

Ms. C. Loves

If music be the food of love, play on✨

troca de óleo automotivo do mané

Venda e prestação de serviço automotivo

darkblack78

Siyah neden gökkuşağında olmak istesin ki gece tamamıyla ona aittken 💫