A BARBIE ESTÁ DIFERENTE
Aberta ao diálogo com a diversidade, a clássica boneca é tema de funk, ganha versões plurais e roupas de marca francesa

Logo nos primeiros segundos da música “Barbie”, um funk com letra de duplo sentido, Rebecca constata que a boneca está diferente. No vídeo, a cantora carioca e as “amiguinhas” com quem divide os vocais – Lexa, Pocah e Danny Bond – aparecem com vestidos rosas, perucas louras e trancadas em caixas.
“Sempre quis ser a Barbie, mas não existiam versões preta, crespa ou cacheada. Todas eram brancas, lisas e extremamente magras. No clipe, mostrei que a beleza não é uma via de mão única. É a desconstrução do nosso imaginário”, explica Rebecca, que acabou acionada pela Mattel por uso indevido de direitos. A marca, no entanto, não comenta o assunto. A Sony, gravadora da funkeira, afirma que “não há nada a declarar.”
O discurso de IZA segue a mesma linha. Carioca de Olaria, ela ganhou uma Barbie própria no ano passado. “Era um desejo antigo ter uma boneca parecida comigo. Não sei se era porque eu gostava do produto ou simplesmente porque queria me ver em um brinquedo. Fiquei feliz com esse presente, significa muito para mim”, observa a cantora.
Lançada em 1959, Barbara Millicent Roberts – o nome original do brinquedo de plástico – deixou para trás a imagem de que vivia num mundo perfeito ao lado do namorado com pinta de galã da velha Hollywood. Aos 62 anos, a boneca está realmente tendo uma conversa séria com a diversidade, incluindo no debate pessoas portadoras de vitiligo, cadeirantes e diferentes etnias.
“O mundo mágico foi vendido a gerações de meninas: o carro conversível, o closet, o animal de estimação, looks incríveis… Muitos desses produtos em tamanho humano para que a criança pudesse ter o consumo de experiência para além dele mesmo”, observa a antropóloga Hilaine Yaccoub. “Espero que essas mudanças não fiquem apena na cor da pele e na forma do cabelo, e que símbolos de outras culturas, inclusive a popular brasileira, possam fazer parte do novo universo da Barbie.”
O clássico brinquedo vive um momento interessante mundo afora. A estrela da Mattel surgiu em versão esportiva – a inspiração é a tenista japonesa Naomi Osaka – e é tema de uma coleção especial da Balmain. Em entrevista ao WWD, Olivier Rousteing, estilista da casa francesa, contou que realizou um sonho de infância com esse trabalho: “Muitos garotinhos querem brincar com uma Barbie e são proibidos. Às vezes, a sociedade quer colocar você numa caixa”. Cabe a cada um abrir a caixa.

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