Aberta ao diálogo com a diversidade, a clássica boneca é tema de funk, ganha versões plurais e roupas de marca francesa
Logo nos primeiros segundos da música “Barbie”, um funk com letra de duplo sentido, Rebecca constata que a boneca está diferente. No vídeo, a cantora carioca e as “amiguinhas” com quem divide os vocais – Lexa, Pocah e Danny Bond – aparecem com vestidos rosas, perucas louras e trancadas em caixas.
“Sempre quis ser a Barbie, mas não existiam versões preta, crespa ou cacheada. Todas eram brancas, lisas e extremamente magras. No clipe, mostrei que a beleza não é uma via de mão única. É a desconstrução do nosso imaginário”, explica Rebecca, que acabou acionada pela Mattel por uso indevido de direitos. A marca, no entanto, não comenta o assunto. A Sony, gravadora da funkeira, afirma que “não há nada a declarar.”
O discurso de IZA segue a mesma linha. Carioca de Olaria, ela ganhou uma Barbie própria no ano passado. “Era um desejo antigo ter uma boneca parecida comigo. Não sei se era porque eu gostava do produto ou simplesmente porque queria me ver em um brinquedo. Fiquei feliz com esse presente, significa muito para mim”, observa a cantora.
Lançada em 1959, Barbara Millicent Roberts – o nome original do brinquedo de plástico – deixou para trás a imagem de que vivia num mundo perfeito ao lado do namorado com pinta de galã da velha Hollywood. Aos 62 anos, a boneca está realmente tendo uma conversa séria com a diversidade, incluindo no debate pessoas portadoras de vitiligo, cadeirantes e diferentes etnias.
“O mundo mágico foi vendido a gerações de meninas: o carro conversível, o closet, o animal de estimação, looks incríveis… Muitos desses produtos em tamanho humano para que a criança pudesse ter o consumo de experiência para além dele mesmo”, observa a antropóloga Hilaine Yaccoub. “Espero que essas mudanças não fiquem apena na cor da pele e na forma do cabelo, e que símbolos de outras culturas, inclusive a popular brasileira, possam fazer parte do novo universo da Barbie.”
O clássico brinquedo vive um momento interessante mundo afora. A estrela da Mattel surgiu em versão esportiva – a inspiração é a tenista japonesa Naomi Osaka – e é tema de uma coleção especial da Balmain. Em entrevista ao WWD, Olivier Rousteing, estilista da casa francesa, contou que realizou um sonho de infância com esse trabalho: “Muitos garotinhos querem brincar com uma Barbie e são proibidos. Às vezes, a sociedade quer colocar você numa caixa”. Cabe a cada um abrir a caixa.
Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso (Rute 1.20).
Não construa um monumento à sua dor. Seu vale escuro pode transformar-se num manancial. Suas lágrimas amargas podem converter-se numa fonte de consolo. Noemi, mulher de Elimeleque e mãe de Malom e Quiliom, enterrou toda a família em terra estrangeira. Ao voltar para Belém, estava com a alma amargurada diante daquela providência carrancuda. Resolveu mudar de nome e erguer um monumento à sua dor. Porque seu nome significa alegria, trocou-o por Mara, “amargura”. Atribuiu a Deus toda a desventura. Com a alma encharcada de dor, acusou o Altíssimo de ser o protagonista de todas as tragédias que desabaram sobre sua cabeça. Noemi estava decepcionada com Deus. Seu passado era de glória, seu presente era de dor, e seu futuro parecia ser uma tragédia. Noemi não sabia, porém, que no meio dessa providência carrancuda havia uma face sorridente. Deus estava repaginando sua história, escrevendo um dos capítulos mais emocionantes do mundo, pois essa viúva amargurada seria avó do grande rei Davi e ancestral do Messias. Longe de sua descendência ter sido apagada da história, foi perpetuada pelos séculos. Às vezes, também ficamos amargurados com as circunstâncias da vida. Sentimo-nos injustiçados. Perdemos o brilho da alegria. Cessamos de cantar e entregamo-nos à amargura. No entanto, mesmo que a providência nos pareça carrancuda, a face sorridente de Deus nos aponta um caminho cheio de vida e esperança.
Síndrome de burnout passa a ser considerada doença ocupacional por conta de nova classificação da OMS, enquanto casos explodem na pandemia, afetando ainda mais as mulheres
Uma palavra de três sílabas vem ocupando cada vez mais espaço no vocabulário: exaustão. E não é para menos. Em quase dois anos de pandemia, o home office cruzou os limites entre casa e trabalho, fazendo com que a vida pessoal e a profissional se misturassem nem sempre de maneira salutar. Para piorar, a crise sanitária parece estar ainda longe do fim com a variante Ômicron se espalhando assustadoramente. Acrescente ainda o desemprego nas alturas e um cenário político desanimador. O resultado é uma explosão de casos de burnout.
Em pesquisa encomendada pela Microsoft e realizada em oito países pela empresa de análises Harris, no fim de 2020, foram os brasileiros que relataram ter maior impressão de estarem sendo afetados pela síndrome: 44% dos participantes disseram que a pandemia aumentou a sensação de exaustão no trabalho. Mas não estamos sozinhos: relatório da American Psychological Association (APA) de 2021 aponta que o burnout está em alta em todas as profissões: 79% dos norte-americanos entrevistados descrevem estresse decorrente da atividade laboral.
A partir do primeiro dia de 2022, o burnout ganhou ainda mais holofotes com a resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nessa data; passou a vigorar a 11ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), no qual a condição é descrita como “processo de adoecimento decorrente da exposição ao estresse crônico no ambiente de trabalho”, não a associando mais ao trabalhador e sim, à atividade profissional e à empresa. “Até então, estava relacionada ao modo de vida do indivíduo. Agora, passa a ter implicação direta e indireta com o empregador”, explica o psiquiatra, PhD e professor da Fundação Dom Cabral Roberto Aylmer: A nova classificação, diz Aylmer, fará muita diferença; “Ao mudar a percepção da legislação, há uma virada no jogo. Cria-se responsabilidade legal do ‘tiranossauros rex’ da gestão”.
O esgotamento provocado pelo burnout não é um simples cansaço que pode ser resolvido em 30 dias de férias. A síndrome tem sintomas próprios, como sentimentos de esgotamento de energia, aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, negativismo e cinismo relacionados à atividade laboral e redução da eficácia profissional. “Também é comum a pessoa desenvolver irritabilidade, ter alterações no sono, e acordar no meio da noite para checar e-mails e WhatsApp e passar mal antes de ir trabalhar”, complementa a psiquiatra da Unifesp Daniele H. Admoni.
Um ambiente hostil costuma ser gatilho. “Muitas, vezes, está relacionado ao assédio moral, aponta Aylmer. Ele também ressalta o contexto agravado pela crise sanitária: “As pessoas passaram a trabalhar um número maior de horas”. Para a terapeuta integrativa Roberta Carusi, à frente do canal No Limite do stress, no YouTube – ela chegou a trabalhar 20 horas por dia como publicitária, teve burnout em 2014 e hoje se dedica a recuperar quem recebe o diagnóstico – , o julgamento alheio pesa, e muito. “Quem chega ao burnout quer sempre corresponder às expectativas.”
A administradora Helloá Castro, de 28 anos, sentiu no corpo alguns desses sinais. Em 2015, trabalhava como servidora pública. “Comecei aos 19 anos, sempre fui muito precoce”, lembra. Ao passar em um segundo concurso, assumiu um novo cargo. Nele, precisava lidar com metas rígidas, prazos apertados, além de acumular funções. “Mexia com pagamento de contas e dinheiro público, não podia errar, tinha que fazer com perfeição”, relata. A cobrança externa e interna começou a se manifestar por meio de enxaquecas, azia, insônia e bruxismo. “Cinco meses depois, colapsei.
Estava com 21 anos. Numa manhã, o despertador tocou e não consegui estender o braço para desligá-lo. Não me mexia, parecia ter tido um AVC, achei que fosse morrer”, recorda-se
Com o apoio da família, a administradora procurou tratamento médico, iniciou a psicoterapia e tomou antidepressivo e ansiolítico por um período. Os 30 dias de afastamento do trabalho viraram um ano e quatro meses.
“Precisei ressignificar tudo”, conta Helloá, que segue trabalhando como administradora, mas abandonou o setor público. Para compartilhar a sua experiência, ela criou um perfil no Instagram (@vencendoburnout). “A página nasceu em 2016, no Facebook, e o retorno foi imediato. Veio a pandemia e aí explodiu. No Instagram, 85% dos meus seguidores são mulheres.”
O número é um retrato da realidade: a tripla jornada feminina ficou ainda mais puxada nos dois últimos anos. “As mulheres acabaram tendo um sofrimento psíquico maior, atesta Danielle. “Devido ao machismo estrutural, passaram a ser as mais afetadas. Ainda acham que têm que dar conta da casa, dos filhos e do trabalho.
Os homens, em sua maioria, só do trabalho”, compara a psicóloga Mônica Machado. Haylmer destaca que mulheres em cargo de liderança têm caminho mais longo, o custo da escalada é maior, estamos longe de uma paridade.”
Para todos, a resolução da OMS sinaliza mudança nas relações e nos espaços de trabalho. “Precisamos ter um olhar para a saúde mental dentro do ambiente corporativo”, pondera Daniele. Aylmer está otimista: A classificação (da OMS)é um marco, entramos num novo tempo”.
Você já ouviu aquela história do camponês que achava sua casa apertada? Consultado sobre a queixa do maroto, o padre da aldeia orientou-o a colocar uma vaca na sala e outros animais. Ele estranhou, e, como devoto simples, obedeceu. Depois, a autoridade religiosa mandou retirá-los, e o bom homem, vendo o ambiente livre dos seres, passou a achar sua casa ampla. A lição edificante é sobre relatividade da percepção do espaço, conformismo e, claro, estratégias de felicidade.
Vou além da vaca doméstica. Na juventude, eu voava com a Varig. Experimentei comida de verdade, talheres de metal, guardanapo de pano. Havia toalhas quentes e úmidas para as mãos. Fui ao México (classe econômica) e um cardápio com uma linda arara ilustrava o que degustaríamos nas alturas. Imaginava as raridades que o povo da executiva e da primeira tinha para si.
Depois, acompanhei o fim das refeições quentes. Despontou um sanduíche gelado com refrigerante na ponte aérea. Estava ruim? Surgiram as barrinhas de cereais. Os atentados do 11 de setembro trouxeram talheres de plástico que quebravam com o simples olhar. Depois, até o minguado lanchinho desapareceu. Com a pandemia, evaporou tudo. Parece que trouxeram o bode e o porco para fazerem companhia para a vaca nos aviões.
Passamos a viajar de máscara. Li, um dia, que estudaram colocar os viajantes de pé nos trechos curtos, atados a cintos nas paredes. Parece uma estratégia para ameaçar: comportem-se e sejam felizes ou… mais animais serão colocados na sala. Aliás, a vaca somos nós.
Sentado de máscara e embaçando os óculos, aciono a chamada de comissários para ter o privilégio enorme de receber um copo de plástico com água… Penso no dia que eu contar para netinhos incrédulos que a gente já foi feliz voando. Assim, vamos levando nossa vidinha decadente. A cada ano, parece que algo é retirado e um novo mal introduzido. Em um dia não muito distante, teremos, nas poucas poltronas de primeira classe ainda existentes, o serviço que, há 30 anos era da econômica. As pessoas serão seduzidas pela tarifa máxima porque poderão ir sentadas, recebendo água e ainda podendo levar a bordo uma nécessaire, talvez…
É sinal de idade dizer que as coisas estão em declínio. Porém, podem fazer a análise que desejarem, eu direi a todos que, um dia, eu comi observando uma arara bonita em um cardápio elegante na classe econômica. Meninos, eu vi (e vivi) e ainda tenho esperança…
ENVELHECER COM SAÚDE – DESENHANDO O NOVO MAPA DA VIDA
Como criar as condições para que pessoas maduras sigam ativas e felizes por mais tempo
Aos 94 anos, o engenheiro aposentado Luiz Carlos França Domingues demonstra aquilo que os franceses chamam de “joie de vivre”, a alegria de viver que muitos pesquisadores do envelhecimento saudável apontam como um dos segredos para uma vida longa, produtiva e feliz.
Todas as manhãs, ele salta cedo da cama, faz uma refeição leve e, apesar da preocupação dos filhos, dirige o próprio carro até o Esporte Clube Pinheiros, no Jardim Europa, zona oeste de São Paulo. Não perde as aulas de pilates. “Tenho vontade de viver por causa da serotonina que me traz bem-estar”, diz ele. “Para mim, os exercícios são uma necessidade diária e envolvem um sentimento estético. Gosto da elegância, da postura, da coordenação dos movimentos. Acho tudo isso muito bonito.”
Em poucos anos, encontrar quase centenários ativos e independentes como Domingues deixará de ser surpresa. Metade das crianças que hoje têm 5 anos poderá chegar aos 100 anos nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos. E essa tem chance de se tornar a norma para recém-nascidos em 2050, segundo um relatório lançado recentemente pelo Centro de Longevidade da Universidade Stanford.
Em três décadas, quase 30% da população brasileira será idosa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um índice três vezes superior ao verificado em 2010. Para que a experiência do envelhecimento seja satisfatória, há muito o que aprender com exemplos como o de Domingues. Com 1,65 metro e 64 quilos, ele mantém o peso há 68 anos. Viúvo há nove anos, mora sozinho e tem boa condição geral de saúde.
A genética contribui para a longevidade – os avós paternos passaram dos 90 anos e o irmão morreu pouco antes de completar um século -, mas o aposentado também colhe os frutos de décadas de alimentação saudável. E de passar longe do cigarro, das bebidas alcoólicas e do sedentarismo. “Para envelhecer bem, é só fazer o básico e ter um casamento feliz como eu tive.”
Domingues não sente dores nem sofre de osteoporose. “Nunca tive problema de coluna. Isso é falta de exercício e de ter uma musculatura abdominal forte”, afirma. “Tomo sol enquanto leio na beira da piscina. Quer receita melhor para os ossos?”
Frequentador de vários grupos de terceira idade, ele acha que é importante manter um convívio social ativo. Lamenta quando vê idosos que não saem de casa. “Ficam ranzinzas, emburrecendo com o controle remoto da TV na mão e dizendo que no tempo deles as coisas eram diferentes”, afirma. “O nosso tempo é agora.”
UMA NOVA VIDA
Graças aos avanços da ciência e aos recursos da Medicina, viver décadas a mais com qualidade será possível, mas o mundo está preparado para os centenários? Não exatamente, segundo a professora Laura Carstensen, diretora do Centro de Longevidade da Universidade Stanford.
“A nossa cultura evoluiu em torno de vidas com a metade desse tempo”, diz ela. ”Isso não funciona mais. Precisamos criar normas sociais que acomodem trajetórias muito mais longas.”
Nos últimos três anos, a equipe liderada por Laura criou recomendações reunidas no relatório ”O Novo Mapa da Vida”. O texto sugere mudanças na educação, nas carreiras e nas transições de vida para que elas sejam compatíveis com existências de um século ou mais.
A vida moderna tem um problema de ritmo, aponta o estudo. A faixa dos 40 anos é um período abarrotado de demandas profissionais e de cuidado dos familiares. Uma fase estressante, principalmente para as mulheres, que suportam uma carga desproporcional de tarefas domésticas e atenção aos dependentes.
Enquanto isso, grande parte dos idosos se vê sem atividade, propósito, conexão ou renda suficiente para viver bem os muitos anos que tem pela frente. Se não fossem precocemente expulsos do mercado de trabalho, esses profissionais maduros poderiam seguir contribuindo para a geração de riqueza.
“A diversidade etária é uma rede positiva. A velocidade, a força e o entusiasmo dos jovens, combinados com a inteligência emocional e a sabedoria prevalente entre as pessoas mais velhas, criam possibilidades para famílias, comunidades e locais de trabalho que não existiam antes”, salienta o relatório.
COM SAÚDE
A grande virada no perfil da população brasileira deve acontecer em 2030, quando o País terá mais pessoas a partir de 60 anos do que crianças e adolescentes de 14 anos. O Brasil precisa criar condições para que essa população seja respeitada e participe ativamente da sociedade.
Um passo importante é combater os mitos que cercam o processo de envelhecimento. “Os idosos não vivem mal. É preciso desmistificar isso”, garante a professora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
“Não é verdade que quem envelhece fica doente”, complementa. “O idoso pode ter doenças, mas, se elas forem controladas, ele tem uma vida absolutamente normal.” Como coordenadora do estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (Sabe), uma pesquisa que acompanha mais de mil idosos na capital paulista desde 2000, Yeda conhece bem os desafios dessa faixa etária. A amostra foi ajustada de forma a representar a realidade dos mais de 1,8 milhão de idosos que vivem em São Paulo.
“Pouco menos de 25% da população idosa de São Paulo e do Brasil tem algum limitação funcional”, afirma Yeda. De acordo com ela, a grande maioria é autônoma, independente e contribui para muita coisa em casa, em vez de ser dependente de cuidados. “Na pandemia, muitas famílias puderam sobreviver graças aos idosos”, explica. “Os filhos perderam o emprego e foram mantidos pelas aposentadorias e pensões deles.”
Embora a maioria dos idosos seja saudável, é preciso garantir atenção adequada ao quarto da população que não é. Essas pessoas precisam de cuidadores e de outros recursos de longa duração, mas há poucas políticas públicas e programas municipais para isso.
São Paulo e Belo Horizonte oferecem cuidadores no sistema público, mas esses programas são exceção no País.
“Não adianta as pessoas viverem mais de 100 anos, se não criarmos condições para que elas vivam com qualidade”, afirma Yeda. Nesse aspecto, o Brasil precisa evoluir muito, mas na esfera individual há um conjunto de atitudes e escolhas que favorecem o envelhecimento saudável.
MOTIVAÇÃO
A partir da meia-idade, muitas pessoas passam por uma reavaliação geral de seus objetivos por novas circunstâncias. Surgem outras metas e funções em relação à família (divórcio ou novo casamento), ao trabalho (mudança de empresa, desemprego ou aposentadoria), à comunidade (mudança de endereço, trabalho voluntário, novos círculos sociais) e à saúde.
“Ao longo do envelhecimento, a motivação é um fator fundamental para o sucesso na mudança de comportamento”, salientam a psicóloga Jutta Heckhausen, professora da Universidade da Califórnia, e colegas em um artigo publicado recentemente no Journals of Gerontology, da Sociedade Americana de Gerontologia.
Segundo o trabalho, as razões para a mudança e a forma como as pessoas desejam realizá-la é altamente variável. Por isso, é preciso focar na identificação individual de objetivos de curto e de longo prazo para facilitar a adoção de novos comportamentos e alcançar os resultados esperados.
“É preciso reavaliar o que é realmente importante na vida, o senso de propósito ou as prioridades”, destacam os autores. “Se houver um declínio geral de energia e vitalidade, por exemplo, talvez seja possível encontrar satisfação em uma ocupação relacionada às habilidades, mas não tão exigente ou que consuma menos horas de trabalho.”
NOVA MISSÃO
Quando chegou à maturidade, a relações-públicas Adriana Vilhena Townson, de 58 anos, que trabalhava dez horas por dia, fez uma pausa estratégica. “Mergulhei em um autoconhecimento geral. Analisei minhas raízes, fiz terapia, cuidei da alma. Estava em busca de uma missão”, diz.
Ao fazer um trabalho para uma paciente de 95 anos que falava quatro línguas, tinha doutorado na Alemanha e sofria de Alzheimer, Adriana recebeu uma grande lição para as décadas seguintes. “Com ela aprendi a contemplar e a viver o momento presente”, diz ela. Novas necessidades e objetivos vieram à tona. “Hoje, minha meta é seguir a minha missão”, afirma. “Sempre fui muito empática, mas entendi o valor de perceber o próximo.”
Adriana pretende voltar ao mundo corporativo, desde que consiga enxergar sentido no novo trabalho. Paralelamente, está inscrita em uma agencia de modelos maduros. “Fiz fotos para demarcar esse meu momento de plenitude. Hoje, me sinto muito bem comigo mesma, visto o que quero”, afirma Adriana.
Como modelo 50 +, ela sonha fazer uma campanha com mulheres maduras. “É preciso disparar o movimento de plenitude dessas mulheres. Precisa ser um movimento de massa para que, nessa faixa etária, elas percebam que podem ser plenas e realizadas”, acredita. Para os novos maduros como Adriana, o importante é o que vivemos no presente e o que projetamos de positivo para o futuro. Uma boa forma de chegar bem aos 100 ou até onde a natureza permitir.
COMO VIVER MELHOR
MEXA O CORPO
Exercícios ajudam a manter corpo e mente funcionais.
BISCOITO? PIZZA? DOCE? É POSSÍVEL CONTROLAR O DESEJO POR GULOSEIMAS
Estudos avaliam como lidar com a vontade de comer e constatam que tentar evitar ou fugir não são as melhores opções
Os desejos por comida são uma parte normal da experiência humana: estudos mostram que mais de 90% das pessoas os têm. (Na verdade, quem são esses unicórnios que nunca tiveram?)
Mas a maneira como lidamos com os desejos pode variar muito. Algumas pessoas comem o que querem e não se preocupam, enquanto outras se sentem controladas pelos desejos e acabam se empanturrando.
Os desejos são causado por uma interação complexa de neurônios no centro de recompensa do cérebro, hormônios do apetite, condicionamento comportamental e fácil acesso a alimentos prazerosos que reforçam o ciclo do desejo.
Acontece que muitas pessoas estão lidando com os desejos da maneira errada, tentando restringir, evitar e se distrair. Porém, cada vez mais, os estudos mostram que a restrição constante e as tentativas de distração podem, na verdade, sair pela culatra.
Agora os dentistas estão estudando novas estratégias para lidar com os desejos com base na ciência do cérebro. Isso inclui aceitar que os desejos por comida são normais e inevitáveis e usar técnicas de atenção plena para reconhecer, se tornar mais consciente e esperar passar, em vez de tentar ignorar.
DIETA PIORA
Um dos primeiros estudos a mostrar uma ligação entre restrição alimentar e desejos foi realizado na década de 1940. O pesquisador Ancel Keys pediu a 36 homens que comiam cerca de 3.500 calorias diárias que reduzissem a ingestão para cerca de 1.600 calorias por dia. A restrição desencadeou uma notável mudança psicológica nos homens, que ficaram preocupados com a comida.
“Eles pararam de fazer qualquer coisa, exceto dormir, falar e pensar em comida”, disse Traci Mann, que dirige o laboratório de saúde e alimentação da Universidade de Minnesota.
Mais recentemente, Mann e seus colegas usaram uma caixa tentadora de chocolates para estudar o efeito da restrição alimentar. A pesquisa incluiu 142 amantes do chocolate, metade dos quais foi orientada a seguirem a dieta regular, enquanto a outra metade fez uma dieta restritiva. Todos receberam uma caixa de chocolates e foram instruídos a não comer os doces até o fim do estudo. Mas para ter certeza de que cada participante foi tentado o suficiente, os participantes tiveram que abrir a caixa diariamente para encontrar mais instruções específicas.
No fim, todos foram convidados a enviar uma foto de sua caixa de chocolate. Os que faziam dieta restritiva furtaram significativamente mais chocolates do que aqueles que não estavam contando as calorias.
“O controle deles sobre a alimentação falhou”, disse Mann. “Existem muitos estudos que analisam a forma de pensar de quem está fazendo dieta e você vê a mesma coisa: essas pessoas são mais propensas a notar a comida, têm mais dificuldade em tirar sua atenção do alimento e desejam mais comida”.
ACEITAÇÃO E DISTRAÇÃO
Na Universidade Drexel, o professor de psicologia Evan Forman conduziu um estudo semelhante, mas desta vez com caixas de chocolatinhos que os participantes eram obrigados a carregar o tempo iodo por dois dias. Os pesquisadores aconselharam alguns participantes a ignorar seus desejos enquanto instruíam outro grupo a perceber e aceitar seus desejos como algo normal. Um grupo de controle não recebeu aconselhamento. No final do estudo, cerca de 30% dos participantes do grupo de controle haviam comido o doce em comparação com 9% das pessoas do grupo instruídas a ignorar os desejos. Mas entre os participantes ensinados a reconhecer e aceitar desejos, ninguém comeu.
Em 2019, Forman publicou estudo no qual descobriu que pessoas que praticavam atenção plena tinham duas vezes mais chance de manter uma perda de peso de 10% após três anos em comparação com aqueles que se concentraram principalmente em resistir às tentações e suprimir pensamentos de comida.
Os desejos são efêmeros e algumas pesquisas sugerem que eles atingem o pico por volta de 5 minutos. “Surfar na onda” de seus pensamentos, sentimentos e desejos, em vez de agir de acordo com eles,” é uma estratégia bem-sucedida frequentemente usada para tratar o uso de substâncias.
Siga estas etapas: identifique seu desejo. Use a frase “Estou com vontade de comer…” e preencha o espaço em branco. Depois observe, como se sente. E no estômago? Está distraído? Ansioso? Sente necessidade de se deslocar? Preste atenção ao que acontece a seguir. Observe o impulso à medida que ele sobe, aumenta, diminui.
“Nossos desejos inevitavelmente aumentam e diminuem, assim como as ondas em um oceano”, disse Forman. “Tentar lutar contra nunca vai funcionar.
QUANTO É SUFICIENTE?
Não há nada de errado em comer um alimento que deseja, a menos que se torne um problema para você. Judson Brewer, professor associado da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown, contou a história de uma paciente que comia rotineiramente um pacote cheio de batatas fritas enquanto assistia a um programa de TV com a filha.
Brewer a aconselhou a prestar atenção a cada batata que comia e notar quantas eram necessárias para se sentir satisfeita. Apenas algumas semanas depois, a mulher relatou que havia reduzido lentamente seu hábito e agora seu desejo era satisfeito após a segunda batata frita.
Brewer disse que a atenção plena pode ajudar as pessoas a lidar com os desejos por comida sem ter que abrir mão de uma comida favorita.
“Não é que nunca possamos comer um biscoito, mas quando eu como um, realmente presto atenção, aproveito e me pergunto: ”Preciso de mais?”
TROQUE A OFERTA
Outra estratégia para lidar com o desejo é focar no gosto e no sentimento do alimento e, em seguida, substituir uma comida problemática por outra de qualidade superior que satisfaça os mesmos desejos.
Brewer conta que costumava ser “viciado” em balas de goma. Para quebrar o desejo, c:omeçou a se concentrar no seu gosto real e percebeu que era doce demais. Procurou por algo melhor para saciar seu desejo e escolheu mirtilos, que ele descobriu que lhe davam ainda mais prazer.
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
Você precisa fazer login para comentar.