Brasileiro bebeu mais, ganhou peso e fez menos exercício físico na pandemia
Os efeitos da pandemia na saúde dos brasileiros foi arrasador, mesmo entre aqueles que não contraíram a covid-19. Durante o ano de 2020, quando o Brasil passou mais tempo em isolamento social para frear o avanço do coronavírus, houve aumento no consumo abusivo de bebidas alcoólicas e no sedentarismo entre a população brasileira, o que desencadeou a elevação da taxa de pessoas com doenças crônicas, como a obesidade. Isso é o que mostra a pesquisa “Doenças Crônicas e seus Fatores de Risco e Proteção: Tendências Recentes no Vigitel”, realizada pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).
Em 2019, a obesidade atingia 20,3% dos adultos nas capitais do País, mas, em 2020, a doença passou a afetar 21,5% deste grupo, com maior prevalência nos Estados do Sul, Sudeste e Nordeste. Manaus (24,9%), Cuiabá (24,0%) e Rio (23,8%) lideram o ranking de maior incidência da obesidade. Até 2011, nenhuma capital havia ultrapassado 20%.
O índice nacional chega a quase o dobro do que foi registrado 14 anos antes, em 2006, quando só 11,8% da população era portadora desse tipo de comorbidade. O ano marca a primeira vez que foi feito o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) pelo Ministério da Saúde, de onde os dados do IEPS foram extraídos. Foram entrevistadas 27.077 pessoas nesta edição do estudo.
ALERTA.
Especialistas ouvidos afirmam que a alteração no estilo de vida dos brasileiros, provocada pela pandemia, foi determinante para o surgimento – e até agravamento – de hábitos prejudiciais à saúde, assim como transtornos psíquicos que desencadeiam outras doenças.
A vestibulanda de Artes Visuais Isabella Stael, de 19 anos, atribui o aumento do consumo de bebidas alcoólicas na pandemia ao que chama de “desgaste psicológico”. Ela afirma que o álcool é usado como refúgio para relaxar e se divertir em meio ao estresse causado pela covid e pelos estudos, sem que haja, necessariamente, uma ocasião especial. “Em grande parte, o consumo de álcool que faço está ligado a aliviar a pressão e não precisar pensar no futuro”, afirma ela. “Também está relacionado a dias em que estou muito cansada, ou em outros em que o esgotamento mental é tão grande que fico frustrada por não conseguir estudar direito e chego ao final do dia querendo beber”, acrescenta a jovem.
O psiquiatra Guido Palomba, da Associação Paulista de Medicina, vê relação direta entre a pandemia e a alta da taxa de doenças crônicas. Para ele, isso ocorre porque as pessoas precisam restringir a locomoção e lidar com a superexposição a notícias negativas, o que desencadeia transtornos psiquiátricos que colaboram para surgirem comorbidades.
A demanda excessiva de trabalho criada pelo home office também é apontada por Palomba como fator inerente ao ”novo normal”, que estimula hábitos pouco saudáveis. “Alimentação e álcool são formas de gratificação em momentos ruins. Consequentemente, há aumento de obesidade, diabete e problemas cardíacos”, afirma.
DIAGNÓSTICO.
Beatriz Rache, mestre em Economia pela Universidade Columbia (EUA) e autora da pesquisa do IEPS, destaca o aumento dos fatores de risco à saúde, como o consumo de ultraprocessados (biscoitos, chocolate, salsicha, margarina, entre outros), em praticamente todos os segmentos da pesquisa. Só o tabagismo se manteve estável em 2020 ante 2019. Em contrapartida, o consumo abusivo de álcool partiu de 18,8% para 20,4%, mesmo cenário observado em relação ao sedentarismo (de 13,9% para 14,9%).
“A gente vê, entre 2019 e 2020, piora de todos os indicadores de riscos comportamentais e, por isso, é possível associar ao aumento da obesidade. Apesar de a Vigitel não permitir fazer essa correlação, os dados mostram que a pandemia parece estar associada aos resultados de 2020, ano tanto de estresse econômico quanto sanitário”, afirma Beatriz.
Presidente da Associação Médica Brasileira, César Fernandes destaca a importância de grandes campanhas de conscientização sobre riscos da alimentação inadequada e da falta de atividade física. “Muitas famílias mudaram hábitos alimentares para pior, como teor de gordura e caloria aumentado. As pessoas começaram a se servir por meio de delivery. Não bastasse isso, se privaram de atividades físicas habituais, como pequenas caminhadas no cotidiano”, acrescenta.
… Eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Josué 24.15).
A família é nosso maior tesouro, nosso mais precioso patrimônio. Todas as glórias do mundo perderiam seu brilho se, para recebê-las, tivéssemos de perder nossa família. Nenhuma glória humana compensa o fracasso da família. Nenhuma riqueza tem valor sem a felicidade da família. Como, porém, edificar uma família bem-aventurada? Qual é o segredo para edificar uma casa na rocha? Josué, o grande líder que introduziu o povo de Israel na terra prometida, dá-nos a receita: Eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Josué nos ensina aqui algumas coisas. Primeiro, a família precisa de liderança espiritual. Josué não deixou cada membro de sua família fazer sua própria escolha. Como timoneiro do lar, como cabeça da família, escolheu o melhor e decidiu conduzir sua casa por esse caminho. Segundo, a família precisa de unidade. Josué não se contentou em servir a Deus sozinho. Ele não abriu mão de ver sua família nas mesmas pegadas. Não podia avançar e deixar para trás sua casa. O mundo ao redor era de um politeísmo pagão. A idolatria e a imoralidade eram práticas comuns daqueles dias. Josué fez a escolha certa e convocou sua família para abraçá-la. Terceiro, a família precisa definir suas prioridades. Josué sabia que a coisa mais importante para sua família era servir ao Senhor. Seu maior projeto de vida não era ser rico ou fazer de seus filhos pessoas famosas em Israel. Sua maior glória não era usufruir as benesses da liderança, mas motivar e inspirar sua família a servir a Deus.
Trabalhar por hora ou por demanda, qual formato de trabalho que traz mais propósito, eficiência e autonomia para colaboradores?
Há tempos que a produtividade deixou de estar relacionada às horas trabalhadas. A pandemia acelerou um novo formato de trabalho que já vinha em uma crescente no mundo. A prática de medir performance por resultado obtido versus horas trabalhadas faz muito mais sentido no mundo atual, que precisa de velocidade e abertura para riscos e inovação, e não mais de comando e controle. E o que se conclui é que trabalhar por demanda traz mais propósito, eficiência e autonomia para os colaboradores, e muitos gestores têm observado isso no dia a dia.
Segundo a headhunter e CEO da The Soul Factor, empresa de Executive Search especializada em encontrar talentos para organizações multinacionais, Erica Castelo, a era digital, acelerada pela pandemia, trouxe para as empresas o desafio do trabalho remoto, que veio para ficar, agora em um modelo possivelmente mais híbrido. “Esse ambiente em definitivo não favorece a micro gestão. Ao contrário, para manter a alta performance, os líderes precisam medir o desempenho de seus funcionários pelos resultados, não pelo velho conceito ‘9h às 18h’ de horas trabalhadas, porque o espaço físico não é mais o centro da gestão”, avalia.
O conceito norte-americano de “work smarte, not harder” (trabalhe de maneira mais inteligente, não mais dura, em tradução livre) nunca fez tanto sentido, uma vez que o foco traz muito mais resultados que o tradicional cartão de ponto. “Um bom exemplo disso é aquele colaborador que trabalhou 12 horas no dia, mas foi para a cozinha do escritório tomar uns 15 cafezinhos e papeou sobre o final de semana com mais da metade da empresa, mas cumpriu e até excedeu o horário de trabalho, porém com uma entrega de resultados concretos baixa Versus aquele outro que tomou apenas um cafezinho, colocou assuntos pertinentes em dia, concentrou-se nos objetivos do negócio e entregou resultados palpáveis em seis horas ou até menos. Quem trouxe mais contribuição para a empresa? Acho que fica claro que horas trabalhadas não têm, necessariamente, a ver com performance”, diz.
O problema, ainda segundo a especialista, é que, por tradição, muitas empresas brasileiras continuam com a mentalidade antiga de que, no fim do mês, o que vale são as horas trabalhadas, e não o resultado do trabalho. Mas é bom gestores e diretores ficarem de olhos abertos, pois este novo modelo vai deixar de comportar profissionais tão quadrados, como avalia o treinador comportamental e CEO do Grupo Scalco, empresa de consultoria em gestão para alta performance, Marcel Scalcko. “A parcela mais significativa dos empresários ou gestores que adotam essa nova postura não faz por convicção, mas sim por circunstâncias. Inicialmente, pela falta de bons profissionais (maduros e responsáveis) que ainda aceitem trabalhar sob o jugo do controle e supervisão extremados. Pessoas mais centradas, equilibradas e comprometidas não suportam que não confiem nelas e ainda ter de prestar contas de tudo, principalmente de minutos de trabalho. Elas estão muito mais interessadas em entregar e se realizar”.
Para o cofundador da abler, plataforma para Recrutamento e Seleção (SaaS -ATS) focada no aumento de produtividade, Alisson Souza, o caminho até a virada de chave é longo, mas vai acontecer, sobretudo quando gestores entenderem que o fato de o colaborador simplesmente estar presente em um determinado horário não resolve o problema. “As entregas são mais relevantes que o horário em si “, aponta.
Na abler, a produtividade tem peso muito maior do que as horas trabalhadas. “Trabalhamos assim desde o início da nossa jornada e percebemos que os funcionários são mais engajados com os resultados do negócio, além de ficarem mais felizes por ter essa abertura para trabalhar em horários alternativos”.
Na Deel, startup que gerencia pagamentos e contratos internacionais, o modelo de gestão que prioriza entregas sempre foi o foco. Para o country manager Cristiano Soares, essa liberdade resulta em mais inovação, criatividade e sensação de pertencimento, que, consequentemente, traz crescimento para a companhia. “Em pouco tempo de existência, crescemos mais de 20 vezes, levantamos mais de US$ 200 milhões em investimentos, nos expandimos por mais de 150 países e seguimos nos desenvolvendo. Contamos com um time multicultural de mais de 300 pessoas, em mais de 26 fusos horários diferentes, que segue alinhado e abraçando novos desafios em sincronia. A micro gestão está cada vez mais em desuso, e o modelo de gestão mais flexível entra como protagonista.
Atual1nente, não importa onde o colaborador trabalha e quanto tempo fica na frente do computador, pois as entregas e os resultados são infinitamente mais relevantes para o crescimento da companhia e o desenvolvimento do profissional”.
GANHA-GANHA
Manter uma gestão focada em resultados parece realmente ser o futuro das organizações. Aqui, ganha o colaborador e ganha o gestor, e isso tem de ser evidenciado sempre. “O colaborador pode colocar toda sua atenção e dedicação no resultado e ver, dessa forma, seu potencial expandido e seu desempenho superado por si mesmo de tempos em tempos. O gestor vai atrair e reter muito mais um tipo de colaborador precioso, o autodeterminado. Mas o mais importante é que o gestor vai ter muito mais tempo para pensar e criar a empresa próspera e saudável que lhe cabe, ao invés de gastar tempo e dinheiro controlando, monitorando, supervisionando demais”, afirma Scalcko.
Para Raphael Tavares, diretor de Marketing, Vendas e Sucesso do Cliente da startup Escala, HR Tech que oferece uma solução para aumentar a transparência da gestão e agilizar a elaboração de escalas de trabalho, plantões e turnos, reter talentos é uma das principais conquistas dessa prática. Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é outra. “Entre os benefícios mais procurados pelos profissionais está o horário flexível. Porém, acredito que a maior vantagem dessa prática seja o maior equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional, algo muito buscado, especialmente após a pandemia. Sem dúvida, é uma tendência das empresas, a princípio em setores menos tradicionais e com uma abertura maior para inovação dos processos de gestão de pessoas, como empresas de tecnologia, startups, multinacionais de bens de consumo. Mas, assim como toda tendência, é possível que chegue também a setores mais tradicionais da economia”, avalia.
Outro ponto importante aqui, ainda segundo Scalcko, é que a flexibilidade nos horários pode trazer benefícios à saúde, afinal, todos temos hábitos, costumes e personalidades diferentes. Poder alinhar tudo isso com seus horários de trabalho, com suas rotinas, certamente vai demandar da pessoa menos esforço, menos energia e resultará em um trabalho mais fluido e leve, com maravilhosas consequências para a saúde e a qualidade de vida e, portanto, melhor desempenho também. “É mais simples e mais fácil tratar todos como iguais e padronizar os horários. Porém, não é o mais inteligente e produtivo”.
METAS TANGÍVEIS
Foi durante a pandemia que a maioria das empresas passou a priorizar os resultados ao invés de cobrar as horas trabalhadas. “Quando grande parte das empresas se viu trabalhando remotamente e percebeu que o trabalho fluiu da mesma forma ou até melhor, não sobrou espaço para questionamentos. Essa prática traz mais flexibilidade ao time e, consequentemente, gera mais bem-estar na empresa em questão. Com certeza, esse modelo de gestão se tornou um mecanismo de retenção de talentos, principalmente em áreas disputadas, como tecnologia. A prática traz mais tranquilidade para focar o que realmente importa, pois, dessa forma, é possível criar um elo de confiança com a equipe e, de fato, delegar mais funções”, aponta Cristiano Soares, country manager da Deel.
Ainda de acordo com Soares, muitas vezes, o que falta ao gestor é dar autonomia aos colaboradores, deixando-os livres para tomadas de decisão e, assim, serem mais criativos. É mais fácil para o time começar a gerenciar suas demandas e prioridades. Por isso, é fundamental contar com uma equipe que entenda quais tarefas são mais importantes, que consiga resolver problemas e ter resiliência para aprender novas atividades. Habilidades comportamentais fazem toda a diferença neste momento que vivemos.
Uma sugestão de Alisson Souza para checar se gestores e colaboradores estão preparados para lidar com priorização de resultados em vez de horas trabalhadas são as metas tangíveis. “Alinhando as expectativas com os colaboradores de que os horários são mera burocracia e de que se o colaborador entregar as demandas dentro do prazo acordado, a chance de ele crescer dentro do negócio aumenta. Faça um teste: experimente entregar alguns desafios e metas que sejam alcançáveis para algumas pessoas que você considera ter um perfil focado em resultados e analise quanto tempo essas pessoas levam para entregar o que foi pedido. Você vai se surpreender com o resultado”.
VIRANDO A CHAVE
Definir metas e ter clareza do que se espera do colaborador é o primeiro passo para gestores começarem a aceitar a mudança, como analisa Raphael Tavares. Comunicação objetiva, clareza das expectativas e metas definidas (de preferência que sejam temporais e mensuráveis) são essenciais. Para que as coisas saiam bem, é fundamental alinhar as regras do jogo. Se você é um vendedor no mercado B2B, é interessante que trabalhe em horário comercial, pois é quando seus potenciais clientes estarão disponíveis. Se estiver em outro país, é importante ver se o fuso horário afeta a produtividade neste sentido. Se seu trabalho é mais assíncrono, vale conversar com o gestor para entender até onde vai a flexibilidade. Tudo é conversável”.
Para Erica, comunicação também é a chave. Se a empresa realmente aplica a escuta ativa, essa prática precisa começar na liderança e a sintonia será muito maior. Assim, liderança e liderados estarão sempre alinhados e corrigirão a rota com frequência, quase em tempo real, não apenas no momento da avaliação de desempenho, outro dos padrões de gestão mais antigos e que gera muita frustração e perda de talentos.
Ainda segundo a headhunter, empatia, espírito colaborativo e flexibilidade para se adaptar a novos erros, acertos e ajustes também são essenciais até que se encontre o formato ideal. “A comunicação aberta e frequente (por parte da empresa e entre os colaboradores) também é muito importante para que os processos sejam ajustados e os times permaneçam engajados, coesos, em busca dos objetivos corporativos”.
Mudar, para alguns perfis de gestores, podeexigir muito mais do que mentes mais abertas. É preciso abrir o coração. “Eu investiria pesado nisso. Não falta informação, falta confiança. Confiança em si mesmo para liderar, para desenvolver seus colaboradores, para cuidar do que realmente importa e fazer a diferença. Desenvolvimento humano, e não o desenvolvimento técnico, é o caminho”, diz Marcel Scalcko.
MAIS MATURIDADE= MAIS LIBERDADE
Ao receber mais liberdade, é preciso que o colaborador retribua com mais maturidade. No entanto, especialistas afirmam que não existe o formato de trabalho ideal. Isso vai depender dos valores da empresa, sua cultura, a natureza e as peculiaridades de cada função. Confira algumas dicas importantes para que o trabalho sob demanda valha a pena em sua empresa:
PARA OS GESTORES:
• Contar com colaboradores autodeterminados.
• Atrair e reter mais talentos.
• Mais foco para pensar e criar ambientes mais prósperos e saudáveis em vez de gastar tempo controlando, monitorando e supervisionando.
• Mais autonomia gera mais engajamento.
PARA OS COLABORADORES:
• Voltar sua atenção e dedicação para resultados.
• Ver seu potencial expandido e desempenho superado de tempos em tempos.
• Liberdade adquirida no home office e preservada no escritório. • Desenvolvimento profissional acelerado.
Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero, eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma floresta, e na floresta vejo a clareira verde, meio escura, rodeada das alturas das árvores, e no meio desse bom escuro estão muitas borboletas, um leão amarelo sentado, e eu sentada no chão bordando. As horas passam como muitos anos, e os anos se passam realmente, as borboletas cheias de grandes asas enfeitadas e o leão amarelo com manchas – mas essas manchas são apenas para que se veja que ele é amarelo, pelas manchas se vê como ele seria se não fosse amarelo. Por aí se vê quanto é precisa a minha visão. O bom dessa imagem é a penumbra, que não exige mais do que a capacidade de meus olhos e não ultrapassa minha visão. E ali estou eu, com borboleta, com leão. Minha clareira tem uns minérios, que são as cores. Só existe uma ameaça: é saber com apreensão que fora dali estou perdida, porque nem sequer será a floresta (esta eu conheço de antemão, por amor), será um campo vazio (e este eu conheço de antemão através do medo) – tão vazio que tanto me fará ir para um lado como para outro, um descampado tão sem tampa e sem cor de chão que nele eu nem sequer encontraria um bicho para mim. Ponho a apreensão de lado, suspiro para me refazer, e fico toda gostando de minha intimidade com o leão e as borboletas: nenhum de nós pensa, a gente só gosta. Também eu, nessa visão-refúgio, não sou em preto e branco: sem que eu me veja, sei que para eles eu sou colorida, embora sem ultrapassar a capacidade de visão deles, o que os inquietaria, e nós não somos inquietantes. Sou com manchas azuis e verdes só para estas mostrarem que não sou azul nem verde – olha só o que não sou! A penumbra é de um verde-escuro e úmido, eu sei que já disse isso mas repito por gosto de felicidade: quero a mesma coisa de novo e de novo. De modo que, como eu ia sentindo e dizendo, lá estamos. E estamos muito bem. Para falar a verdade, nunca estive tão bem. Por quê? Não quero saber por quê. Cada um de nós está no seu lugar, eu me submeto com prazer ao meu lugar de paz. Vou até repetir um pouco mais minha visão porque está ficando cada vez melhor: o leão amarelo pacífico e as borboletas voando caladas, eu sentada no chão bordando e nós assim cheios de gosto pela clareira verde. Nós somos contentes.
ARMA CONTRA DIABETE GANHA ESPAÇO COMO ESTRATÉGIA DE PERDA DE PESO
Caneta aprovada no Brasil para diabete tipo 2 pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano
Um método desenvolvido para tratamento do diabete tem se revelado um importante aliado no combate à obesidade. A caneta de semaglutida, aprovada no Brasil para tratar o diabete tipo 2, pode fazer com que pacientes percam, em média, 15% do peso corporal em pouco mais de um ano. A substância consiste em um hormônio que sinaliza ao cérebro a sensação de saciedade. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana, com supervisão profissional, e já é testada por pesquisas científicas.
O principal estudo que indica como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade, segundo especialistas, foi publicado em março deste ano na revista científica The New England Journal of Medicine. Os pesquisadores demonstraram que, quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento de atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou perda média de peso de 15,2% em 104 semanas, ante 2,6% no grupo placebo. Participaram dos testes 1.961 adultos com alto índice de massa corpórea. Não houve ocorrência de efeitos colaterais graves.
Com os resultados, a caneta, cujo nome comercial no exterior é Wegovy, foi aprovada no meio deste ano pela agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para tratar o sobrepeso e a obesidade, um dos principais problemas enfrentados pelos americanos. Também recebeu aval da Europa e do Canadá.
No Brasil, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que comercializa o produto, solicitou há alguns meses o uso da caneta à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a obesidade. O pedido está em análise.
A caneta é liberada por aqui apenas para tratar o diabete, mas em dosagem diferente: 1,3 mg por semana. O produto, cujo nome comercial no País é Ozempic, custa por volta de RS1 mil por mês e não está incorporado no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como a liraglutida, que também é classificada como uma agonista do receptor GLP-1, o peptídeo que causa saciedade. O medicamento está aprovado no País para tratar não só o diabete, como a obesidade.
OUTRA OPÇÃO
Sob o nome comercial de Saxenda, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, é comercializada no País a RS 600 por mês. Diferentemente da semaglutida, porém, ela é de aplicação diária. Não há estudo comparativo entre a efetividade das duas substâncias para tratar a obesidade, mas uma pesquisa conduzida pela farmacêutica dinamarquesa apontou que a Saxenda pode diminuir a massa corporal em até 8% após administração por um ano – índice menor que o apresentado pela semaglutida.
Moradora de Sinop, no Mato Grosso, a estudante de medicina veterinária Laura Foss, de 22 anos, conta ter perdido cerca de 12 kg desde que começou a usar a liraglutida há cinco meses. “Tem dado muito certo, do jeito que nenhum tratamento deu até hoje”, conta a estudante. “Mas o medicamento por si só não foz milagre. Eu também fiz atividade física, regulei a minha alimentação e estou tentando fazer isso virar um hábito de vida”, pondera.
Quando começou, por indicação médica, a fazer o tratamento com Saxenda, Laura conta que estava pesando mais de 90kg e tinha índice de massa corpórea (IMC) de quase 34. Acima de 30, o indicador aponta que há obesidade. Ela relata que o quadro se agravou durante o primeiro ano de pandemia e que, entre outras complicações, estava apresentando resistência insulínica, o que a fez procurar a nova solução.
CUIDADOS IMPORTANTES
Endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a médica Cíntia Cercato explica que o recomendado é começar a usar os chamados agonistas da GLP-1 com doses menores e, aos poucos, aumentar a aplicação.
A aplicação cheia, complementa, costuma ocorrer após alguns meses, quando o médico avalia que o corpo do paciente já está acostumado com a substância. Especialistas em saúde ouvidos apontam que o acompanhamento profissional é imprescindível. Segundo Cercato, uma das principais dúvidas de pacientes interessados pela caneta é o fato de as substâncias injetadas por elas terem sido estudadas, em um primeiro momento, para tratar o diabete. Porém, a endocrinologista aponta que isso não é um problema. ”Este tipo de medicação (agonista da GLP-1) sensibiliza o pâncreas a produzir de forma mais eficiente a insulina para controlar a glicemia”, explica a médica.
“Então, no caso de pessoas que são diabéticas, melhora a produção da insulina, mas em uma pessoa que não é diabética a glicemia vai continuar normal. Não é um remédio que vai causar a hipoglicemia”, acrescenta Cercato. A aprovação da caneta de semaglutida pela agência reguladora americana, acredita a especialista, é importante para abrir caminho para o tratamento contra a obesidade no Brasil.
POBREZA NA INFÂNCIA TEM LIGAÇÃO COM TRANSTORNOS MENTAIS NA FASE ADULTA
Trabalho acompanhou, por sete anos, 1.590 alunos de escolas públicas de Porto Alegre e de São Paulo
Pesquisa publicada em dezembro na revista científica European Child & Adolescent Psychiatry mostra uma associação entre pobreza infantil e maior propensão para desenvolver transtornos externalizantes, como déficit de atenção e hiperatividade na juventude, especialmente entre mulheres.
Os pesquisadores concluíram que a pobreza multidimensional e a exposição a situações estressantes, entre elas mortes e conflitos familiares, são fatores de risco evitáveis que precisam ser enfrentados na infância para reduzir o impacto de transtornos mentais na fase adulta. Foram levados em consideração o nível educacional dos pais, as condições de moradia e infraestrutura das famílias, acessos a serviços básicos, entre outros.
O trabalho acompanhou, durante cerca de sete anos, 1.590 alunos de escolas públicas de Porto Alegre (RS) e de São Paulo, que participaram de três etapas de avaliação sendo a última delas entre 2018 e 2019. Esses estudantes fazem parte de uma grande pesquisa de base comunitária, que, desde 2010, segue 2.511 famílias com crianças e jovens, à época com idades entre 6 e 10 anos, dentro do Estudo Brasileiro de Coorte de Alto Risco para Transtornos Psiquiátricos na Infância (BHRC).
Também conhecido como Projeto Conexão “Mentes do Futuro”, o BHRC é considerado um dos principais acompanhamentos sobre riscos de transtornos mentais em crianças e adolescentes já desenvolvidos na psiquiatria brasileira. É realizado pelo Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD), apoiado pela Fapesp e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Instituto tem como coordenador-geral o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Eurípedes Constantino Miguel Filho. Conta com mais de 80 professores e cientistas de 22 universidades brasileiras e internacionais.
“Parece senso comum dizer que a pobreza pode ter impacto futuro no desenvolvimento de problemas de saúde mental. Porém ainda não havia no Brasil uma pesquisa que permitisse analisar o desenvolvimento da criança até o começo da vida adulta baseado em avaliações psiquiátricas feitas em mais de um momento. Da forma como realizamos o trabalho, foi possível observar a tendência tanto na adolescência como no início da idade adulta”, explica a pesquisadora Carolina Ziebold, do Departamento de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e primeira autora do artigo.
Os diagnósticos psiquiátricos foram obtidos por meio da Avaliação de Desenvolvimento e Bem-estar (DAWBA, na sigla em inglês), aplicada na infância, depois na adolescência (quando os alunos tinham idade média de 13 anos e 5 meses) em faixa etária dos 18 anos. O estudo levou em consideração distúrbios externalizantes e também os internalizantes, como depressão e ansiedade. No entanto, no caso desses últimos não houve registro significativo no resultado geral.
Para analisar as carências das famílias, os cientistas aplicaram questionários socioeconômicos. No total, 11,4% da amostra estava enquadrada em níveis de pobreza
“Essa avaliação psiquiátrica em três momentos permitiu obter um resultado consistente. Isso porque houve variação ao longo do tempo. Crianças de famílias pobres chegaram a ter níveis de transtornos externalizantes menores do que as de não pobres no início do acompanhamento. Mas, depois de alguns anos, a curva se inverteu com um crescimento constante do distúrbio entre crianças de famílias pobres. A probabilidade de apresentar problemas entre elas foi de 63%, enquanto entre as de não pobres, diminuiu no período”, afirmou a pesquisadora Ziebold.
Os autores do artigo destacaram que, nas análises estratificadas por gênero, a pobreza infantil teve consequências prejudiciais especialmente para as mulheres.
“Esse resultado chamou muito a atenção e deve ser um dos mais relevantes. Geralmente os transtornos externalizantes são mais comuns em homens. Nossa hipótese é que meninos pobres têm menos chance de diagnóstico precoce de problemas, sejam familiares ou na escola. Além disso, elas assumem mais tarefas desde cedo em casa, como cuidar de irmãos mais novos e de pessoas doentes. Essa sobrecarga expõe a mais eventos estressantes, que aumentam as chances de apresentar problemas mentais quando adultas”, diz a pesquisadora.
Os transtornos externalizantes também foram particularmente prejudiciais para as mulheres nos resultados educacionais, principalmente em relação ao atraso escolar, como mostrou um outro trabalho do grupo, recém-publicado na revista Epidemiology and Psychiatry Sciences.
Essa pesquisa, realizada com a mesma base do BHRC, concluiu que pelo menos dez a cada cem meninas que estavam fora da série escolar adequada para sua idade poderiam ter acompanhado a turma se transtornos mentais, principalmente os externalizantes, fossem prevenidos ou tratados. No caso da repetência cinco em cada cem alunas não teriam reprovado.
“Crianças e jovens com problemas externalizantes podem ter mais chance de impacto negativo no aprendizado, no desenvolvimento social, no mercado de trabalho aumentando assim a possibilidade de se manterem na pobreza quando adultos”, completa Ziebold.
No Brasil a chance de um filho repetir a baixa escolaridade dos pais é o dobro da probabilidade de que isso ocorra nos Estados Unidos, por exemplo, e bem acima da média da Organização para à Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 3 países ricos e emergentes.
Quase seis a cada dez brasileiros (58,3%) cujos pais não tinham o ensino médio completo também pararam de estudar antes de concluir essa etapa. Entre os americanos, o percentual cal para 29,2%, e na OCDE fica em 33,4%, de acordo com estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), que analisou as transformações educacionais entre gerações.
Por outro lado, no mercado de trabalho, as chances de os filhos alcançarem o estrato de ocupações mais sofisticadas e com melhores rendimentos aumentam à medida que os pais das crianças são mais escolarizados.
Filhos cujos pais têm nível superior apresentam 3,3 vezes mais possibilidade de estar no estrato mais sofisticado do mercado se comparados à média da população e quase nove vezes mais chances do que os filhos de pais sem instrução.
Ziebold destaca que, como os transtornos externalizantes podem ter impactos de longo prazo na saúde e nos resultados sociais durante a vida adulta, as descobertas do estudo reforçam a importância das intervenções anti pobreza logo no início da vida.
“Quando falamos que é preciso reduzir a pobreza para diminuir as chances de transtorno mental, estamos pensando na questão de uma família multidimensional. Não é uma solução rápida. Ações imediatas, como conceder bolsa e auxilio para que as famílias tenham renda, são importantes, mas também é necessário pensar em medidas mais amplas, que envolvam a promoção de habilidades socioemocionais, a redução do estresse, o acesso a serviços de educação e saúde, incluindo a mental.
A pesquisadora lembra que a pandemia de Covid-19 acabou aumentando o percentual de pessoas vivendo na pobreza a níveis alarmantes. Relatório divulgado pelo Unicef, órgão das Organizações Unidas (ONU) para questões da infância, estimou que 100 milhões de crianças a mais estejam vivendo em pobreza multidimensional no mundo, um aumento de 10% desde 2019.
Segundo o documento, em outubro de 2020, 93% dos países chegaram a interromper ou suspender serviços essenciais de atendimento a transtornos mentais, problemas que afetam mais de 13% das meninas e meninos de 10 a 19 anos em todo o mundo. O relatório projetou que, mesmo com os melhores cenários, serão necessários de sete a oito anos para recuperar e retornar aos níveis da pobreza infantil de antes da pandemia.
O artigo Childhood poverty and mental health disorders in early adulthood: evidence from a Brazilian cohort study, dos pesquisadores Carolina Ziebold, Sara Evans-Lacko, Mário César Rezende Andrade, Maurício Hoffman, Lais Fonseca, Matheus Barbosa, Pedro Mario Pan, Eurípedes Constantino Miguel Filho, Rodrigo Bressan, Luíz Augusto Rohde, Giovanni Salum, Julia Schafe, Jair de Jesus Mari e Ary Gadelha, pode ser lido em https://link. Springer.com/article/10.1007%2F500187-021-01923-2.
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