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AS SETE DOENÇAS MAIS BUSCADAS

De Covid-19 a influenza, burnout e Alzheimer: o impacto da pandemia nas pesquisas do brasileiro

Ao pesquisar o termo “dor de cabeça forte” na internet os resultados podem tanto tranquilizar (“nem sempre é sintoma de uma doença”) quanto aterrorizar (está listado entre os sinais de um derrame cerebral). Dificilmente o “Dr. Google”, como ficou conhecido esse tipo de procura nas variadas plataformas online, apresentará o diagnóstico exato e tampouco está qualificado para substituir o médico. Estudo da Universidade Edith Cowan, da Austrália, mostrou que as fontes online acertam o diagnóstico em um terço das vezes. Estar a par dos sintomas faz o paciente chegar ao consultório mais informado para debater com o profissional de saúde e seguir o tratamento prescrito pelo médico.

Entre as sete doenças mais procuradas nas redes sociais neste momento, está, naturalmente, a Covid-19. As consultas pela frase “é sintoma de Covid” vêm crescendo desde a primeira semana de dezembro de 2021 e estão em seu nível mais alto desde a semana de 27 de junho de 2021, quando a média diária de mortes girava em torno de estrondosos 1500 registros. A Influenza está no topo também, mas os clássicos, que nunca deixam de despertar muita atenção, corno infarto e Alzheimer, Burnout, distúrbio causado pela exaustão extrema relacionada ao trabalho, em outros tempos seria uma surpresa, mas o problema explodiu com a pandemia.

PRIMEIROS SINAIS

Trombose é outro exemplo. Até bem pouco tempo atrás, era mais associada a um problema de idosos ou a viagens aéreas com longo tempo de duração. Mas se tornou um efeito colateral comum entre os casos graves de coronavírus . A trombose é caracterizada pela formação de coágulos nas veias, muito comum nas pernas e ocasionalmente nos braços. O maior perigo associado é o descolamento do coágulo, que pode alcançar os vasos sanguíneos do pulmão e causar a embolia pulmonar ou até mesmo os vasos sanguíneos do cérebro, provocando uma embolia cerebral, um tipo de AVC isquêmico.

A detecção de sintomas como dor inchaço no local, vermelhidão e aumento de temperatura na região em que se formou o trombo é o primeiro passo para o tratamento. Ao apresentar estes sinais, o paciente deve procurar imediatamente um hospital. A trombose costuma aparecer em pessoas que passam muito tempo sem se mexer, que ficam por longos períodos sentadas, em pé ou deitadas.

“É importantíssimo o diagnóstico rápido, para a avaliação do tamanho do acometimento pelo trombo. Sabendo a dimensão do problema, pode-se introduzir a medicação para dissolver o coágulo e diminuir os riscos de embolias”, explica Paola Smanio, coordenadora de cardiologia do Grupo Fleury e especialista em Medicina Nuclear.

O infarto é uma das doenças mais importantes para ser detectada aos primeiros sinais. A ação rápida frente os sintomas iniciais salvam uma vida. A doença nunca perdeu o interesse nas redes sociais, mas, com a pandemia, ela aumentou ainda mais. O motivo foi que o crescimento da incidência de mortes por problemas cardiovasculares saltaram em até 132% nos últimos dois anos, para se ter uma ideia- o infarto está entre as mais frequentes.

Diz o cardiologista Daniel Setta, presidente do Departamento de Doença Coronária da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), que os protocolos médicos -para os casos de infarto evoluíram muito nos últimos anos, o que tem diminuído a letalidade do evento. No entanto, para que seja possível proporcionar os cuidados devidos ao paciente, é preciso que ele seja levado a uma emergência o quanto antes e, por isso, é preciso saber identificar os sintomas.

O infarto tem sintomas muito diversos –  nenhum deles menos importante. Dor no peito forte e prologada, sudorese, irradiação da dor para o braço ou queixo estão entre eles. Idosos e pacientes psiquiátricos podem ter sintomas atípicos do problema, sem reclamar de dor súbita no peito, podendo apresentar apenas quadros de enjoo ou desmaio.

Outro clássico na procura é a diabetes. A doença, porém, muitas vezes não dá sinais precoces. Perceber em si mesmo ou em outra pessoa sintomas como aumento da fome, da frequência urinária e de sede, associado à perda de peso e a fraquezas frequente são alguns dos sintomas da condição, que não demanda ida à uma emergência, mas que não deve ser subestimada.

No entanto, é possível diagnosticar (de forma fácil) a doença antes mesmo que os primeiros sinais apareçam. Através de  exames simples, é possível identificar se a glicemia está acima do recomendado.

“Até que se alcance essa condição clínica que induzirá o surgimento de sintomas pode ter se passado muitos anos, onde os níveis elevados de glicemia provocaram danos, eventualmente graves”, aleta o endocrinologista Antônio Carlos do Nascimento, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

O estado de pré-diabetes não é uma sentença de desenvolver a doença, mas acende o alarme para a condição. Ele produz no corpo um estado metabólico que facilita a formação de placas arterioscleróticas (de gordura) nos vasos sanguíneos, aumentando as chances de evolução para infarto, AVC e para o comprometimento da árvore arterial de membros inferiores e em todo o universo vascular.

CRESCIMENTO DO ALZHEIMER

O interesse pelos sintomas do Alzheimer está associado não só a alta nos casos, mas estudos que mostram que os casos da doença irão crescer drasticamente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com o problema no mundo(1,2 milhão no Brasil) e os números deverão dobrar até 2030. Uma das principais explicação é o aumento do tempo de vida.

Partindo para o campo da psicologia, a pandemia de Covid-19 escancarou uma síndrome descrita desde a década de 1970, mas que só ganhou notoriedade nos dias atuais: o burnout. O problema é caracterizado pelo esgotamento físico e emocional, muitas vezes atrelado a excesso de trabalho. Dor de cabeça, dificuldade de concentração e a sensação constante de fracasso são alguns sintomas da síndrome.

Há síndromes, no entanto, que costuma surgir ainda na infância, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Pais de crianças agitadas ou que tenham dificuldade de aprendizado na escola costumam procurar saber os sintomas do transtorno para buscar o tratamento para os filhos.

“É uma síndrome mais comum em meninos e é considerado um distúrbio de neurodesenvolvimento, ou seja, condições neurológicas que aparecem na infância antes da idade escolar e prejudicam o desenvolvimento pessoal e acadêmico. Normalmente, as causas incluem fatores genéticos, bioquímicos e também comportamentais”, detalha Maria Rita Zoéga Soares, professora da Universidade Estadual de Londrina.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 31 DE JANEIRO

AMANHÃ O SENHOR FARÁ  MARAVILHAS

Disse Josué ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós (Josué 3.5).

Israel estava na fronteira do rio Jordão. O grande dia da entrada na terra da promessa havia chegado. O sonho estava prestes a ser realizado. Antes de cruzar o Jordão, porém, Josué desafia o povo a fazer um exame de sua vida. A santidade é o caminho que pavimenta as maravilhas divinas. Duas verdades são destacadas no versículo em epígrafe. A primeira é que a santificação precede a intervenção divina. Deus opera maravilhas no meio de seu povo, mas antes disso o povo precisa acertar sua vida. Os vales precisam ser aterrados, os montes precisam ser nivelados, os caminhos tortos precisam ser endireitados e os escabrosos precisam ser aplainados. Se o pecado faz separação entre nós e Deus, a santificação abre portas para os milagres de Deus. A segunda verdade é que somente Deus pode fazer o extraordinário. Deus fez, faz e fará maravilhas na vida de seu povo. Ele é o mesmo Deus ontem, hoje e para sempre. A condição para que isso aconteça é santificar a nossa vida. Tanto o êxodo, a libertação do cativeiro, como a entrada na terra prometida foram obras de Deus. Na verdade, tudo provém de Deus. A nossa salvação é obra exclusiva de Deus. Ele a planejou, a executou e a consumará!

GESTÃO E CARREIRA

SEM MEDO DE DAR LIBERDADE

Um dos maiores segredos dos grandes líderes é que eles não têm medo de dar liberdade a seus liderados. Eles permitem a seus liderados que escolham os melhores caminhos desde que, é claro, não fujam do foco e apresentem os resultados previstos.

Essa liberdade demonstra a confiança do líder em seus liderados. E quando sentem confiança, seus colaboradores dão tudo o que sabem para fazer melhor aquilo que deles é esperado. Mas é preciso que sintam liberdade para fazer e segurança de que seu líder está acompanhando positivamente o trabalho dando espaço para a inovação e a criatividade.

Um trabalho não é uma prisão. Um emprego não é uma pena que deve ser cumprida. É possível trabalhar com alegria e satisfação. É possível ter um genuíno sentimento de missão e propósito no trabalho.

Para isso, é preciso que os líderes permitam que seus liderados experimentem, se desafiem, proponham, testem suas melhores ideias. Muitos chefes têm medo de dar liberdade e com isso deixam de utilizar todo o potencial que as pessoas com quem trabalham possuem. Quando as pessoas se sentem livres para criar, o trabalho acaba se tornando um verdadeiro prazer, e não um pesar.

Pesquisas mostram que a grande maioria dos empregados não se sente bem em seus empregos, não vê a hora de ir embora do local de trabalho. O interessante é que muitos se reúnem com seus próprios colegas de trabalho após deixarem a empresa. E aí conversam, brincam, dão ideias e, principalmente, falam mal da empresa e dos chefes.

Por que tem que ser assim? Por que o trabalho tem que ser tão chato? Por que não nos sentimos livres e responsáveis nas horas em que estamos trabalhando? Afinal, passamos as melhores horas do dia e os melhores anos da vida no trabalho. É preciso fazer do trabalho um motivo a mais para a nossa felicidade, realização e até alegria, e não um fardo e um peso a ser carregado.

Não tenha medo de dar liberdade. Pense nisso. Sucesso!

LUIZ MARINS  – é antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior. tem 13 livros e mais de 300 vídeos e livros publicados.

www.marins.com.br

EU ACHO …

AH, OS ATEUS…

Eu uso a palavra ateu com muita resistência. Por vezes, é por falta de termo melhor ou possível. Em outras, adoto por preguiça: complicado explicar muitas coisas.

É definitivo: não gosto do termo e ele nunca me descreveu. Como muitos sabem, a origem grega do termo indica uma ausência: “sem Deus”. Dizer que sou ateu (sem Deus) é tão esclarecedor quanto dizer que não sou chinês, não sou mulher, não sou cabeludo e não sou jovem. Existe um essencialismo que define a crença como a condição universal e absoluta e quem não a tem deve ser ateu. O problema é que a palavra ateu fala do crente, não seu oposto.

Séculos de teocracias estimulam o comportamento de buscar um vazio em quem não tem o preenchimento que desejamos ou escolhemos. Fui feliz e infeliz como católico devoto de terço diário e estudos bíblicos. Sou feliz e infeliz hoje, sem rosário (mas ainda estudando a Bíblia). Minhas angústias, compartilhadas com Deus ou com meu terapeuta e amigos, continuam quase sempre as mesmas. Melhorei em alguns aspectos, mas devo isso mais à idade do que à crença.

Conheci, pela vida, religiosos de vida exemplar e ateus sem caráter. Vivi com o inverso repetidas vezes. Não associo bom comportamento ao imaginário de cada um. Stalin era ateu. Franco e Salazar foram católicos. Pinochet adorava uma missa. Mao Tsé-tung abominava igrejas e templos. Todos eram ditadores e defenderam mortes e torturas. Pensar que a fé (ou a ausência dela) define caráter se choca com a experiência geral da história e o saber individual em cada biografia.

Reflita, se tiver apreço pela palavra de Jesus, na belíssima parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37). Não é a identidade religiosa que determina a caridade. Passaram pessoas de muita fé em Deus e ignoraram uma vítima de assalto. Passou um terceiro, alguém de que os judeus religiosos desconfiavam, um samaritano. Foi quem agiu. A caridade, condição para ser salvo no Juízo Final (Mateus 25), não pergunta sobre qual dízimo você pagou, ou qual tradução da Bíblia utilizou. A pergunta exclusiva do Mestre é sobre o que você fez para tornar o mundo melhor.

Quando alguém me diz que segue o candomblé, ou que é ateu ou católico, isso revela pouco ou nada sobre a ética. A carteirinha de filiação de cada um é um documento burocrático. Todos são humanos. A cor da camiseta do time é irrelevante. Basta saber se, de fato, se sente humano e tem compaixão por outras pessoas. Só isso. Tenho esperança nas mentes que se escondem sob hábitos. Gosto do caráter muito mais do que uma foto no documento.

*** LEANDRO KARNAL

ESTAR BEM

A HORA CERTA DE DORMIR

Estudo realizado no Reino Unido mostra que os riscos de ocorrência de infarto e de acidente vascular cerebral variam também de acordo com o horário escolhido para adormecer

Adormecer quando ainda não é noite alta está longe de ser uma questão de preferência individual. É algo biologicamente mandatório. Ao longo de sua evolução, o ser humano foi sendo talhado para sincronizar suas atividades diurnas e noturnas de acordo com o nascer e o pôr do sol. A alternância entre luz e escuridão a que o homem foi submetido durante centenas de milhares de anos resultou em um preciso sistema por meio do qual o organismo produz as substâncias certas, nas horas certas. O banho da luz matutina estimula a fabricação de hormônios que nos preparam para o dia, como o cortisol. A lenta redução da luminosidade ao cair da tarde é o sinal de que o cérebro precisa para determinar a liberação da melatonina, o composto que induz ao sono, e a gradativa desaceleração do metabolismo até a manhã seguinte, quando começa tudo de novo. Nessa engrenagem, nada é aleatório. Daí a importância de entender mais os mecanismos e benefícios dessa fina sintonia entre o compasso da natureza e a cadência do corpo humano nas 24 horas em que sol e lua se alternam no céu. Tecnicamente, o período se chama ciclo circadiano.

Ele tem tanta importância que os pesquisadores Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young ganharam o prêmio Nobel de Medicina de 2017 por descobertas sobre o assunto. Agora, a demonstração mais recente de seu impacto sobre a saúde – e dos prejuízos que podem advir do desrespeito às suas regras – vem de um estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, com mais de 88.000 pacientes. Pela primeira vez, uma pesquisa dessa dimensão mostrou que o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares varia segundo a hora de dormir. De acordo com o trabalho, ir para a cama antes das 22 horas e depois da meia-noite aumenta em 24% e 25%, respectivamente, a probabilidade de episódios de acidente vascular cerebral e infarto. O período mais adequado é entre 22 e 23 horas, momento em que o risco de algum problema de coração chega a apenas 12%. Esses seriam os minutos noturnos nos quais funções do organismo voltadas ao bom funcionamento do sistema cardiovascular estariam sendo executadas em perfeita harmonia. O levantamento para chegar a essas marcas foi minucioso. O grupo inicial, que forneceu informações por meio de um questionário, era de 500.000 pessoas, das quais exatas 103.712 enviaram dados obtidos por um acelerômetro (aparelho que mede parâmetros manifestados durante o sono) usado durante sete noites. Com exclusões, algumas por informações incompletas ou de má qualidade e outras pela presença de doenças cardiovasculares ou insônia, chegou-se ao grupo de 88.000 pessoas avaliadas. Os dados foram coletados entre 2013 e 2015. Em seguida, deu-se o ajuste de fatores como idade, sexo, índice de massa corporal, duração do sono e condições que interferem na saúde, como diabetes, tabagismo, pressão arterial e níveis de colesterol.

À primeira vista, surpreende a constatação de que adormecer cedo, antes da 10 da noite, é praticamente tão ruim para o coração e o cérebro quanto iniciar o repouso depois da meia-noite. O senso comum é o de que dormir de madrugada não é lá muito natural e, por isso, pode ter efeito negativo sobre o organismo. Mas cerrar os olhos 8 e meia, 9 da noite é encarado como um hábito bacana, saudável. Por que, então, riscos semelhantes? A resposta está na falta de equilíbrio. Simples assim. O ritmo circadiano funciona como o maestro de uma orquestra. Da mesma forma que o regente é guiado pelo conjunto de sons vindos dos instrumentos ao seu redor e tem a sensibilidade de identificar qualquer nota fora do lugar, o relógio biológico é sensível às mudanças de luminosidade, por mais discretas que pareçam aos nossos olhos. Essa é a sua beleza e também sua fragilidade. Quando se dorme cedo demais, não se finalizam operações metabólicas que ainda deveriam estar em curso. No outro extremo, adormecer tarde impede que ciclos importantes ocorridos durante o sono se consolidem, como o processamento da memória, e impossibilita que aconteçam oscilações necessárias, entre elas a queda da pressão arterial e da liberação de insulina, hormônio que permite a entrada da glicose para dentro das células. Em conjunto, tanto as perturbações decorrentes do sono precoce quanto do tardio contribuem para o surgimento ou agravamento da chamada síndrome metabólica. Ela é caracterizada pela presença de cinco condições (obesidade visceral, hipertensão e glicemia, triglicerídeos e HDL colesterol acima dos limites) e está associada a um elevado risco para doenças cardiovasculares. “A confusão sobre o relógio biológico tem consequências adversas para essas enfermidades”, diz David Plans, coautor do estudo.

O alerta gerado pela pesquisa é oportuno. O excesso de exposição a estímulos luminosos, quase sempre a partir de aparelhos eletrônicos, tem hoje vulto assustador. “Tudo funciona 24 horas e ainda temos 20% da população trabalhando em turnos, quando a parte escura das 24 horas é o momento biológico de sono”, diz a neurologista Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono. É preciso pontuar que a pesquisa sugere apenas riscos maiores ou menores de acordo com o horário de dormir. Não se pode esquecer que a qualidade do repouso também conta. “Ela é fundamental”, afirma Celso Amodeo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O segredo, portanto, está na combinação do respeito à fisiologia com uma boa dose de paz. Assim é que se dorme com os anjos.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

DE MENTE ABERTA

Um dos grandes tabus do mundo moderno, as doenças mentais estão deixando as sombras e sendo expostas como nunca –  e isso é saudável

Quando se afundava nas profundezas de suas sucessivas crises, o pintor Vincent van Gogh (1853-1890), dono das primorosas pinceladas nervosas que o fariam único, era tachado de louco. Em um dos célebres episódios de sua trajetória atormentada, ele decepou a orelha esquerda, um prenúncio do que viria meses mais tarde: um tiro no próprio peito, do qual morreria aos 37 anos. À luz do conhecimento acumulado desde então, o gênio holandês sofria de bipolaridade, depressão e síndrome de borderline, série de distúrbios potencializados pelo alcoolismo que o levou ao manicômio. Do longínquo século XIX para cá, o que era visto como expressão de insanidade ganhou, sob o impulso da ciência, nome, classificação e tratamento nos manuais da psiquiatria moderna. Mesmo assim, o assunto ficava trancafiado nos consultórios, envolto em sombra, um daqueles tabus difíceis de remexer. Pois cada vez mais gente vem deixando a vergonha e o medo de falar de seus transtornos, desencadeando-se daí um ciclo virtuoso. “Quando alguém se expõe, ajuda os outros ao mostrar que as vulnerabilidades são inerentes ao ser humano”, explica o psicólogo e psicanalista Lucio Costa.

A saída do armário, por assim dizer, das doenças psiquiátricas se reflete em indicadores que ajudam a dar a temperatura do comportamento em sociedade. Segundo um recente levantamento do Twitter, percebeu-se entre os brasileiros um aumento de 39% no volume de conversas sobre saúde mental nos últimos dois anos, uma subida considerável. Nunca se caçou tanta informação acerca dos males da cabeça quanto neste frenético 2021, de acordo com o Google. A pandemia, que impactou a saúde mental de porções relevantes da população mundial, pôs fermento no debate. “O confinamento sacudiu os alicerces e reforçou como nunca a necessidade de falar e cuidar da mente”, avalia Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

O fato de celebridades procurarem a cada dia mais os holofotes para tratar de depressão, ansiedade e outros males contribui para que gente comum traga à luz suas dores e angústias nesse terreno árido. A cantora Adele rompeu o silêncio quando revelou ter enfrentado depressão pós-parto e a favoritíssima ginasta americana Simone Biles parou a Olimpíada de Tóquio ao anunciar que jogaria a toalha – acabou participando de apenas uma competição nos Jogos. “Temos de proteger nossa mente e nosso corpo, e não sair só fazendo o que o mundo quer que façamos”, declarou Biles, resoluta. Antes dela, o gigante das piscinas Michael Phelps já havia contado ao mundo que duela com uma depressão. Alista nacional abrange a atriz Bruna Marquezine, a cantora Luisa Sonza, a ex-estrela da novela Verdades Secretas Camila Queiroz e o sambista Zeca Pagodinho, que, agora com a depressão sob controle, chegou a revelar: “A pior parte era levantar da cama”.

Especialistas enxergam nas sociedades de hoje, mais refratárias ao preconceito, um ambiente favorável à exposição das diferenças. Nesse caldo, os sofredores dos males da cabeça se sentem menos tolhidos ao sair de seus esconderijos, ainda que esbarrem com alguma intolerância. Ela tem até nome: psicofobia. O chef paulista Jefferson Rueda, dono do restaurante Casa do Porco, eleito o 17º melhor do planeta no ranking World’s 50 Best, venceu a barreira do medo e decidiu contar que teve depressão e sintomas de burnout na pandemia, quando só conseguia pescar. A letargia o sugou e ele quis se manifestar: “Além da ajuda de um profissional, acho importante falar da doença”, diz Rueda. O apresentador Pedro Bial, que sucumbiu a uma depressão muito antes e já mergulhou em crises de ansiedade, relata: “No início, não saí alardeando aos quatro ventos, mas hoje defendo a importância de tratar abertamente o problema para naturalizá-lo”.

É verdade que muita gente dá de cara com a muralha do preconceito ao enveredar pela transparência, mas mesmo o mercado de trabalho, antes pouco atento à questão, começa a adotar práticas que miram o bem-estar físico e psicológico – especialmente agora, com os sacolejos pandêmicos. Em 2020, a Ambev criou uma diretoria de saúde mental, que inclui uma equipe de psiquiatria disponível 24 horas por dia. A empresa é uma das signatárias de um movimento encabeçado pela ONU no Brasil que justamente estimula a adoção de políticas em benefício da mente.” Pouco tempo atrás, o funcionário tinha pavor de ser demitido ao assumir seus problemas e ser visto como frágil, uma cultura que está mudando”, observa a consultora de recursos humanos Sofia Esteves. Um estudo global da consultoria Happiness Business School com a startup Reconnect revela que quatro em cada dez pessoas se sentem à vontade para abrir a caixa-preta das doenças mentais para seus chefes. “Nunca precisei esconder em meus trabalhos as questões mentais que enfrento desde a adolescência”, afirma a diretora de arte Luiza Oliveira, 23 anos, que discorre sem freios sobre suas crises de depressão e ansiedade. “Isso é muito mais natural na minha geração”, ressalta.

Abordados por grandes pensadores no curso da história, de Platão (428 a.C.-347 a.C.) a Freud (1856-1939), os transtornos da mente são tão antigos quanto a própria humanidade. Durante séculos, porém, os “esquisitos” eram alijados do convívio social. A identificação da doença e seu tratamento, à base de terapia e remédios, são fatores que estão ajudando a desmistificar as patologias psiquiátricas – um campo em franco avanço. Há cinquenta anos, havia trinta doenças catalogadas; agora são 99. A cultura manicomial, que perdurou no Brasil até o fim dos anos 1990, quando 80% dos recursos do governo direcionados para o escaninho da saúde mental iam para hospitais psiquiátricos, cede espaço a tratamentos bem mais humanizados. “A ciência aliada à evolução da sociedade está afastando a vergonha e aliviando as dores”, arremata a psicóloga Lídia Aratangy, da Universidade de São Paulo. De degrau em degrau, a lucidez impera.

GÊNIOS INCOMPREENDIDOS

À luz da ciência moderna, sabe-se hoje os males que os atormentavam

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