OUTROS OLHARES

DORES SILENCIADAS

Mulheres vítimas de violência obstétrica na rede pública perdem bebês e ficam com lesões

Em agosto do último ano, a confeiteira Raquel Afonso, de 39 anos, chegou a uma maternidade pública de Florianópolis com 41 semanas de uma gravidez sem sobressaltos. Ela foi internada e levada para o ‘”sorinho” – na verdade, ocitocina sintética na veia para acelerar o parto, que pode causar complicações graves – e seu companheiro não pôde acompanhá-la, direito assegurado por lei. Pouco depois, a bolsa rompeu dando início a dores lancinantes que foram ignoradas e só terminariam, três horas depois, numa cesárea de emergência no centro cirúrgico. O sofrimento que a marcaria para toda a vida viria logo em seguida: Melissa, a bebê saudável de 3.660 Kg que carregava, nasceu morta. Raquel tem o nome da filha tatuado em um dos braços.

“Quando o útero rompe, precisa tirar o bebé muito rápido. Se eles tivessem me olhado, me dado atenção, minha filha poderia estar nos meus braços”, lamenta Raquel.  “Depois de tudo que passei, meu marido ouviu do médico que, como não era meu primeiro filho, eu não iria sofrer tanto.

O termo violência obstétrica ganhou notoriedade nas últimas semanas, depois que a influenciadora Shantal Verdelho acusou o ginecologista Renato Kalil de maus-tratos durante seu parto em uma maternidade particular na capital paulista. Na rede pública as gestantes estão ainda mais suscetíveis de acordo com a mais ampla pesquisa já feita sobre o tema. O levantamento Nascer no Brasil, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), de 2012, mostra que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados sofrem violência obstétrica, enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS) a taxa é de 45%. Em casos extremos, como o de Raquel, as violações podem resultar até em morte da mãe ou do bebê.

“Não se trata de disputar quem sofre mais, mas as mulheres mais vulneráveis à violência obstétrica são as pobres, pretas, pardas, periféricas, LGBTs. Nossa sociedade e os serviços públicos de saúde são elitistas, classistas e racistas”, afirmou a médica Melânia Amorim, professora de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Violência obstétrica é toda ação feita sem o consentimento da mulher, que desrespeite sua autonomia e cause sofrimento físico ou emocional. Pode ocorrer no pré-natal, parto, pós-parto e abortamento. Inclui a adoção de procedimentos sem evidências científicas de benefícios – como episiotomia de rotina, tricotomia e manobra de Kristeller -, além de práticas como obrigar o jejum durante o parto, proibir a paciente de se movimentar, e de estar acompanhada e até xingá-la. Abrange ainda a negligência no atendimento, a discriminação racial e o abuso sexual. Frases comuns ao repertório dos abusadores são: “na hora de fazer, você não gritou” ou “você vai acabar matando seu bebê”.

APÓS ABUSOS, DEPRESSÃO

Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a pesquisadora Tatiana Henriques investiga as consequências da violência obstétrica para as mulheres e seus bebês. Ela integra a equipe que vai coletar novos dados para a pesquisa Nascer no Brasil. Segundo Tatiana, as vítimas sofrem mais com depressão pós-parto, deixam de procurar o serviço de saúde depois que o filho nasce e têm mais dificuldade para amamentar.

“Ainda não há evidências científicas de que o bebê nasce com o Apgar (índice de vitalidade do recém-nascido) mais baixo, vai para UTI ou a óbito. Mas, quando pensamos que uma das dimensões da violência obstétrica é a negligência, então não é nenhum absurdo fazer essa associação”, observa Tatiana.

O parto é um ato fisiológico que requer intervenção médica somente em casos específicos. Mas a realidade é outra, sobretudo no Brasil, que é o segundo país do mundo em número de cesarianas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2018, 55,7% do total de nascimentos foram cirúrgicos, atrás apenas da República Dominicana, com 58,1%. Embora salvem vidas quando necessárias, as cesáreas também têm riscos. A recomendação do órgão é que não excedam 15% do total de partos, de modo a reduzir os índices de mortalidade da mãe e do bebê. No setor privado, a proporção de cesárias chega a 88% dos nascimentos; no público, a 46%.

A dona de casa Michele Fernandes, de 36 anos, sonhava com um parto mais natural possível, mas foi o extremo oposto. Durante as 16 horas de trabalho de parto da primeira filha, em 2007, em Belo Horizonte, sofreu o pacote completo da violência obstétrica. À sua revelia, administraram ocitocina, deram analgesia, fizeram uma manobra de Kristeller e episiotomia. Das enfermeiras e médicos, ela ouviu que “na hora de fazer, não pediu ajuda” e que “estava com frescura e fazendo corpo mole”. Proibida de comer e de andar, Michele teve depressão pós-parto e tomou remédio por três anos, até engravidar de novo. Só entendeu tudo que tinha acontecido com ela dez anos depois.

“O que mais me traumatizou foi a enfermeira subindo em mim. Doía demais. A sensação era de que ela estava com muito ódio e descontou na minha barriga”, conta Michele.

“Só recentemente percebi que não tive um parto. É como se tivessem roubado um momento único meu”.

HUMILHAÇÃO E ABANDONO

Uma face menos exposta da violência obstétrica, mas não menos grave, é a de mulheres que sofreram aborto. Grávida de 22 semanas e com a bolsa rompida, a vigilante Paula Vasconcelos, de 25 anos, deu entrada num hospital público de São Paulo em outubro passado. Na recepção, esperou 40 minutos para ser chamada enquanto ouvia conversa alta e risadas vindas da sala onde seria atendida. Quando chegou à sala de cirurgia, já não dava tempo para analgesia, e Matheus nasceu com 500 gramas. Paula permaneceu mais de três horas na mesma maca suja de sangue, onde se urinou duas vezes, sem assistência. Soube da morte do filho quando uma médica entrou e perguntou, com o verbo no passado, como ele  “iria” se chamar. “Não foram minimamente humanos”, lembra.

Faltam estatísticas no Brasil. A procuradora Bruna Menezes, do Ministério Público Federal, coordenou um comitê pioneiro de enfrentamento à violência obstétrica no Amazonas e afirma que quase a totalidade de cerca de 150 casos investigados em sete anos foi arquivada pelo Conselho Regional de Medicina, sem análises aprofundadas e com base na palavra do profissional de saúde. Na Justiça, houve algumas condenações que somaram mais de RS 1 milhão em indenizações contra o Estado.

Em nota, o CRM do Amazonas rechaçou as acusações e afirmou que todas as denúncias seguem o rito determinado pelo Código de Processo Ético-Profissional.

Depois de perder a filha, ter o útero retirado e quase morrer, Raquel só quer Justiça. O caso ainda é investigado pelo Ministério Público:

“Do mesmo jeito que vou carregar isso para o resto da vida, quero que eles saibam que foram os responsáveis pelo que aconteceu com a minha filha. Essa é a punição que desejo.

PRINCIPAIS PRÁTICAS CONDENADAS NA HORA DO PARTO

EPISIOTOMIA

Corte no períneo, grupo de músculos entre o ânus e a vagina que sustenta os órgãos pélvicos, feito sob o argumento de que facilita a saída do bebê. Pode levar a lacerações graves e à disfunção do assoalho pélvico.

OCITOCINA SINTÉTICA

Conhecida como “sorinho”, é administrada para acelerar o trabalho de parto, mas pode gerar complicações, como alterar batimentos cardíacos do bebê, hemorragia e ruptura do útero.

MANOBRA DE KRISTELLER

O profissional de saúde pressiona o útero da gestante com as mãos para forçar a saída do bebê. Pode levar à ruptura uterina, fratura de costelas, dano ao esfíncter anal e traumatismo craniano no feto.

LITOTOMIA

Conhecida como posição ginecológica, a mulher fica deitada e com as pernas flexionadas ­ forma como a maioria das mulheres têm parto vaginal no Brasil, embora contraindicada. Posições mais verticais, com a mãe ajoelhada, sentada ou de cócoras, são mais eficazes.

TRICOTOMIA

Depilação da vulva e do períneo, com o objetivo de higienizar a região e facilitar a sutura. Não é recomendada pela OMS e pode aumentar risco de infecções.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 20 DE JANEIRO

UM BECO SEM SAÍDA

… Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do Senhor que, hoje, vos fará… (Êxodo 14.13).

O povo de Israel viu as portas da prisão serem abertas, o jugo ser despedaçado e o cativeiro opressor chegar ao fim. Enfim, o sonho da liberdade se cumpria. As orações eram respondidas. O povo marchava resoluto rumo à terra prometida. Não tardou, porém, para que surgisse o primeiro desafio. O povo já estava acampado junto ao mar Vermelho, perto de Pi-Hairote, defronte de Baal- Zefom. De repente, os egípcios surgiram furiosamente com todos os cavalos e carros do Faraó, e os seus cavalarianos e todo o exército os alcançaram. Quando os israelitas levantaram os olhos, eis que os egípcios  vinham  atrás  deles.  Estavam encurralados:  pela  frente,  o  mar;  pelas laterais,  as montanhas; e, por trás, os egípcios. Era um beco sem saída. Ao mesmo tempo que clamavam a Deus, também murmuravam contra Moisés. Era um problema insolúvel, uma causa perdida, uma situação irremediável. Moisés disse ao povo para não temer, mas ver o livramento de Deus, e Deus disse a Moisés que o povo deveria marchar. Uma coluna de fogo se interpôs entre o exército do Faraó e o povo de Israel naquela dramática noite, de tal forma que o inimigo não pôde aproximar-se do povo de Deus. Em seguida, o mar se abriu e o povo de Israel passou a pé enxuto, enquanto os egípcios pereceram afogados. O mesmo mar que foi estrada segura para os israelitas revelou-se a sepultura de seus inimigos. Ainda hoje, Deus nos dá livramentos extraordinários. Ele é o mesmo Deus cheio de graça e Todo-Poderoso. Não precisamos temer; podemos confiar. Mesmo quando somos encurralados por problemas insolúveis e ficamos presos num beco sem saída, do alto vem o nosso socorro!

GESTÃO E CARREIRA

HABILIDADES MULTIPLAS

Nem Softnem Hard. Entenda o que são e como desenvolver as habilidades reais, competências que vão fazer a diferença para o sucesso dos negócios no presente e no futuro

Com a pandemia e os muitos desafios que ela impôs aos negócios, ficou claro que os que se saíram melhor, conseguindo sobreviver e prosperar, foram aqueles que souberam de alguma maneira se reinventar. Ter agilidade para se adaptar a mudanças e entusiasmo e criatividade para solucionar problemas são características que passaram de desejáveis a essenciais em profissionais de todos os segmentos. Poderiam ser classificadas como soft skills, como se diz das competências comportamentais ou interpessoais.

Mas o autor de livros de negócios considerado guru do marketing, o norte-americano Seth Godin, propõe incluí-las em outra categoria, a das real skills. “Habilidades reais porque são exatamente aquelas de que o mundo precisa hoje. E porque, ainda que um profissional tenha muitas aptidões técnicas, elas têm pouca utilidade sem as competências que nos tornam humanos, ou seja, aquelas que não se pode programar o computador para fazer”, define Godin.

Outros exemplos dessas qualidades: facilidade para falar em público, proatividade, diplomacia, firmeza para tomar decisões, e poder de persuasão. Não há uma lista estanque ou uma definição simples, mas as habilidades reais podem ser entendidas como o tipo de qualidade que seria bem-vindo em qualquer profissional. Ok, não deixam de ser comportamentais, mas são mais do que isso: combinam atitudes, conhecimentos e percepções de mundo do indivíduo. “Tem a ver com integrar competências comportamentais e técnicas para se tornar um profissional inteiro e, sobretudo, um indivíduo mais completo e sensível ao seu entorno, seja no trabalho, em família, seja na rua”, explica Maurício Pedro, gerente de atendimento corporativo do Senac São Paulo.

Podemos apenas estar diante de mais um termo novo criado pelo marketing. Ainda assim, os especialistas concordam que as tais competências reais, ou verdadeiras, elencadas por Godin são uma demanda que sempre existiu. Só que, por serem subjetivas demais, empresas e recrutadores não sabiam — e estão apenas começando a entender, aliás — como defini-las, avaliá-las e desenvolvê-las. Mas não é porque não podem ser ensinadas que não devem ser incentivadas dentro e fora do ambiente de trabalho. “O desenvolvimento das chamadas competências reais está diretamente ligado à capacidade de aprendizado contínuo e ativo tanto via treinamentos e cursos quanto por meio das experiências cotidianas e da interação com as pessoas em diferentes ambientes”, afirma Maurício.

CATALISADORAS DA TRANSFORMAÇÃO

A edição de 2020 do relatório produzido anualmente pelo Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho destaca a urgência de as empresas assumirem o papel de catalisadoras da aprendizagem e da requalificação para os profissionais se manterem capacitados diante dos novos desafios globais. Dentre as aptidões mais valorizadas, segundo levantamento entre mais de 290 companhias pelo mundo, além daquelas ligadas a habilidades digitais, em que ainda há um vácuo de talentos, estão as focadas em autoconhecimento e inteligência emocional, autogestão, tolerância ao estresse, empatia e capacidade de trabalhar em equipe.

Novos modelos de trabalho pedem profissionais capazes de gerenciar a si mesmos — seu tempo, tarefas, aprendizagem, hábitos e emoções — e com isso entregar produtividade sem acabar com a saúde, uma das principais preocupações das organizações hoje. “No expediente remoto, por exemplo, ficou claro que não dá para separar completamente vida pessoal e trabalho. Funcionários autoconscientes, que têm suas estratégias de bem-estar e autocuidado, são mais valorizados, enquanto aqueles que apresentam dificuldade para conciliar as diferentes áreas da vida podem acabar se tornando um problema para a empresa”, diz João Furlan, CEO da Rocket Mentoring School, instituição de ensino que forma e certifica mentores. Não à toa que nos últimos anos as companhias passaram a investir fortemente em programas de atenção à saúde.

Com a adoção das metodologias ágeis em muitas empresas, a capacidade de trabalhar em equipe, a tomada de decisões, o gerenciamento de conflitos e a comunicação clara e assertiva à distância passaram a ser qualidades mais requisitadas. É por isso que a Visa do Brasil aposta na implantação de projetos multidisciplinares como estratégia para impulsionar a colaboração entre áreas e níveis hierárquicos distintos, a inovação e a prática de feedbacks informais e, com isso, a autoconfiança e o autodesenvolvimento. Também conta com a Visa University, plataforma de estudos com conteúdos de capacitação comportamental e técnica, para apoiar o aprendizado contínuo dos empregados. “Hoje é fácil o profissional se tornar obsoleto em suas capacidades se não buscar aprimoramento constante, por isso incentivamos que a busca por conhecimento parta de cada um”, diz Priscila Monaco, diretora executiva de RH da Visa do Brasil. “Se o próprio funcionário não tiver a mentalidade voltada para crescer, sabendo ouvir, questionar e se preparar, não haverá ferramenta ou organização que possa fazê-lo se desenvolver “.

Na área de tecnologia, em que criatividade e pensamento estratégico são pontos fortes para muitos, aprender autoconhecimento, equilíbrio emocional e habilidades de liderança, por exemplo, pode ajudar a formar profissionais completos. “Quanto mais híbrido o conjunto de capacidades do empregado, mais preparado ele vai estar para descobrir seu propósito, trabalhar por ele e assumir o protagonismo da própria carreira”, explica Cyntia Tanaka, profissional com mais de 15 anos de experiência na área de recursos humanos no segmento de tecnologia e atualmente líder de gente & gestão da Cadmus Soluções em TI.

ALÉM DO BÁSICO

Para Anamaíra Spaggiari, diretora executiva da Fundação Estudar, um dos aspectos mais valorizados pelos jovens ao escolherem uma empresa para trabalhar é a oportunidade de continuar aprendendo depois de sair da faculdade. “Mas é importante ir além dos cursos e treinamentos estruturados e garantir que essa mentalidade de aprendizado constante esteja refletida na cultura da organização, na atitude da liderança, no escopo das atribuições e na oferta de programas de mentoria, por exemplo”, diz.

A farmacêutica Bristol-Myers Squibb (BMS) aposta em experiência e neurociência para incentivar as pessoas a aprender e modificar comportamentos na direção da missão da empresa, que tem forte cultura de inclusão e diversidade. A companhia incentiva, por exemplo, a troca constante entre os funcionários por meio da prática de mentoria e feedback informais, além de estimular o job rotation para existir o contato com diferentes habilidades e realidades. Também disponibiliza palestras, workshops, leituras e cursos que utilizam neurociência para explicar mecanismos que levam a pensar e agir de forma preconceituosa e para conscientizar quanto ao impacto disso no outro. O objetivo é aprimorar a cultura praticando a inclusão para não correr o risco de inadvertidamente excluir ninguém. “No fim, queremos que as pessoas se sintam seguras para se expressar sem precisar desperdiçar energia e tempo para se encaixar em padrões. Com isso, elas conseguem empregar seu talento no que sabem fazer, são mais felizes, produtivas e entregam melhores resultados”, afirma Jennifer Wendling, diretora de recursos humanos da BMS.

EU ACHO …

A MENINA E A MONTANHA

Ela tinha 7 anos quando chegou da escola correndo pela casa, ofegante, procurando alguém para saber se a nova irmã já estava lá. Em poucas horas, estavam frente a frente, conhecendo-se. A mãe maravilhada com a nova bebê na casa onde já moravam duas meninas e dois meninos. A irmã mais nova cresceu mostrando personalidade, liderança, inteligência, além de uma memória prodigiosa. Aos 5 anos, cantava as trovas acadêmicas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde o irmão estudava e exibia o talento da pequena para amigos que frequentavam a casa.

Cresceu com uma certa angústia interna nitidamente maior que a da maioria. Foi uma adolescente cheia de questões e uma certa indiferença pelo que já existia no mundo, querendo sempre modificá-lo de alguma forma. Enquanto a irmã mais velha se maravilhava com qualquer pequena novidade do dia a dia, a mais nova tinha pretensões elevadas sobre como viver, por onde passear e gastar seu tempo. Um despretensioso cineminha no domingo era quase uma ofensa para aquela mente cheia de novos desejos e a convivência entre as irmãs era desafiadora.

A irmã mais nova cresceu e se transformou em uma bela e pulsante mulher. E foi ao lado do par ideal que sua alma encontrou um propósito maior. Uniram-se, ele com uma ideia e ela com sua inquietude, força e energia de construção. Em meio a uma montanha arborizada, enxergavam uma nova experiência na hotelaria. Não queriam agradar e nem desagradar ninguém, não se importavam. A irmã mais nova queria produzir algo genuíno e brasileiro em cada detalhe e contratou só mão de obra local, da montanha. Do barista ao pianista, todos foram formados ali. Vidas ao seu redor ganharam nova dimensão impulsionadas por sua vontade de criar.

Abrindo caminhos, suas ideias que pareciam sonhos se materializam. Suas aflições internas transformaram a montanha mágica em um lugar melhor quando ela colocou sua alma reformadora nas coisas que amava. Seu hotel-sonho ser transformou em realidade, ganhou prêmios e admiradores.  Mas, em alguns anos, o dia a dia, puro e simples, a monotonia do cotidiano voltou a impregnar tudo como “conhecido” que para ela significava falta de emoção. A irmã mais nova, bela mulher e agora cheia de experiência, viu que era hora então de partir. ”Empacotou” a vida, marido, quatro filhos, vendeu a montanha mágica e foi para o outro lado do mundo. Talvez esteja em busca de outra montanha para transformar e histórias para criar, como sempre fez.

***ALICE FERRAZ

ESTAR BEM

BELEZA SEM FILTRO

 Ao normalizar a própria pele com acne, ela descobriu que ajudava na autoestima de outras pessoas com questões semelhantes

Nome: Kerén Paiva

Idade: 25anos

História: Uma das precursoras no debate sobre o movimento da pele livre nas redes sociais, ela defende que é preciso se amar na própria pele.

É quase um rito de passagem se incomodar com a pele durante a adolescência. As mudanças do corpo, os hormônios, as comparações, tudo nos faz questionar: somos bonitas o suficiente, somos aceitas o suficiente? Kerén era mais uma menina incomodada com a aparência, até que ela decidiu se perguntar porquê.

“A gente começa a entender que existe uma sociedade que lucra em cima da nossa insegurança, e isso foi esse essencial para eu tirar a culpa de ter uma pele acneica”, diz. A partir daí, a menina de então 17 anos virou uma das vozes mais importantes do movimento #pelelivre nas redes sociais e passou a ajudar outros que, assim como ela, sofriam com a pressão para ter uma pele perfeita.” Pele boa é a que você tem”, afirma ela.

Acordar, passar bases e corretivos, ir para escola e voltar com algum tipo de fórmula mágica para a pele. Esse era um dia comum na vida de Kéren. Ela, que começou a ter acne aos 11 anos, teve de lidar com bullying, opiniões não requisitadas e muita insegurança por boa parte da sua vida até se reerguer e assumir a acne com orgulho.

“A adolescência foi uma época difícil pra mim porque a acne sempre foi vista de um jeito muito errado. As  pessoas acham que é sujeira, descuido e, como eu acreditava que era culpa minha, tentei várias coisas malucas para me livrar da acne”, lembra ela, tirando pomadas e tratamentos. “Até tentei aquele famoso com isotretinoína, que é, sim, muito forte e traz diversos efeitos colaterais. Fiz 9 meses desse tratamento e tive uma recidiva. Foi quando entendi que minha acne é resistente”.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a acne atinge 56% da população adulta, sendo uma das doenças mais comuns do mundo. Em alguns casos. como o de Kéren, são pessoas que tratam da pele a vida toda, justamente por ter algum tipo mais resistente. “Muito mais do que a estética, a acne causa dores no corpo e consequências emocionais e psicológicas. Impacta na qualidade de vida da pessoa, pode levar a transtornos alimentares e psíquicos e isso é muito sério. Cada tentativa que não dava certo me gerava mais frustração.”

Até que em 2017 ela conheceu à influenciadora Layla Brígido. “Quando a vi falando sobre autoestima, apesar de não ser diretamente sobre a pele, virou uma chave na minha cabeça para eu começar a pensar de uma forma diferente de como me via antes e a ver que era possível eu me sentir bonita. Foi aí que fui atrás de informação para entender de onde vinha a minha acne de verdade. Desde então, comecei a questionar o que me foi imposto. Como eu era descuidada se me cuido, me limpo?”, reflete.

Quando começou a falar sobre essas questões online, ela percebeu que não era a única a se sentir mal por causa da acne.  “Eu vi ali na internet na criação de conteúdo, uma forma de colocar minha voz para fora. Para tentar comunicar coisas que eu sentia, via, vivia, e acabei atingindo pessoas que também passavam por tudo isso. Eu sabia que existia, mas não imaginava nunca a proporção que tomou”, diz a respeito dos seus mais de 50 mil seguidores.

A PELE

Hoje, a mineira de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, segue em tratamento, mas com outras propostas. “Não tenho expectativa de nunca mais ter acne. Antes, quando usava a pomada, era na base do ódio, não como um momento de cuidar de mim. A gente perde o significado do que é cuidado com a pele, a gente está ali numa vontade desesperada de ter pele perfeita e vira um processo mais nocivo do que era para ser.”

Assim como o skincare, a maquiagem também era um fardo. Kéren lembra que um frasco de base durava, no máximo um mês, na tentativa de esconder detalhes de sua pele. “Queria tudo apagado, queria tirar o foco do meu rosto e hoje vejo que uso sombras coloridas, pedrarias e uns 10 quilos de iluminador”, brinca.

Segundo ela, o mais difícil é parar de buscar a pele perfeita e normalizar as texturas do rosto. “Foi um processo que começou por dentro, quando passei a me entender e me ver diferente, para depois conseguir externar isso”, explica. “Ao falar sobre isso, eu evolui e comecei a amadurecer o processo. Não podemos esperar que as pessoas nos vejam de maneira diferente, a gente tem de se ver primeiro. Quando nos enxergamos dessa forma, isso muda o olhar deles sobre nós.”

Em suas redes, Kéren sempre repete: pele boa é a que você tem. “E sobre a liberdade de viver na pele que eu vivo. Não tem como eu arrancar e colocar outra, então preciso viver em paz comigo, em paz com ela. E minha pele tem uma função para muito além da aparência. Seria injusto eu viver com essa culpa.”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

FRAGRÂNCIAS QUE PODEM PROVOCAR BOAS SENSAÇÕES

Como o olfato mexe com as emoções, aromas usados no ambiente têm poder de combater a tensão, a ansiedade e o desânimo

O olfato é tão poderoso que somos capazes de reter até 10 mil odores, enquanto a visão pode perceber no máximo 200 cores, já apontaram pesquisas no campo dos sentidos. Como os aromas mexem com as emoções, as fragrâncias têm poder de mudar o clima do ambiente e provocar sensações em quem nele se encontra. Espalhadas no ar, por palitinhos dentro de frascos ou em difusores, elas não apenas deixam um cheiro agradável, como também proporcionam bem-estar.

Um perfume pode evocar memórias e sentimentos e, assim, ajudar a combater a tensão, a ansiedade ou o desânimo. Para agir contra o estresse, um dos aromas possíveis de se usar é verbena. Canela traz alegria e carrega a conotação de prosperidade. Aromas cítricos acalmam e relaxam, mas cada um atua de um modo adicional. O limão, por exemplo, trabalha o foco e a concentração.

“Uma fragrância passa uma mensagem e pode trazer sensações boas”, diz Alessandra Tucci, fundadora da Paralela Escola Olfativa. “É importante pontuar, porém, que existe aromaterapia e perfumaria. A primeira é uma ciência, cuida dos males da sociedade com óleos essenciais. Já a fragrância é uma fórmula complexa, com ingredientes naturais e sintéticos” diz a expert em perfumes, com 20 anos de experiência.

ATMOSFERA ALEGRE

A aromaterapia trata problemas de saúde. “Agora, se você quer promover o bem-estar com algo sensorial, é o que a gente chama de aromaterapia vibracional ou holística”, explica Maria Aparecida das Neves, criadora do Grupo Essence, com cursos na área. Psicóloga, ela é professora da pós-graduação de Naturopatia da Universidade Paulista (Unip) e da especialização em fitoterapia e Plantas Medicinais da Escola de Educação Permanente do curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Com o avanço da vacinação e a proximidade do fim do ano, reuniões em família ou entre amigos vêm sendo planejadas. Alessandra dá dicas de aromas para criar uma atmosfera alegre. “De dia, podem ser cítricos, florais, madeiras leves. De noite, algo mais defumado, por exemplo, wood. Para olfatos sensíveis, uma lavanda.”

NOMES E CORES

A expert recomenda atenção aos nomes e às cores dos produtos quando for comprar uma fragrância. “Pelo nome ela já diz a que veio. Uma linha botânica tende a ser mais fresca do que uma do Oriente”, diz Alessandra. “A cor, no geral, tem uma coerência com o olfativo. Algo mais para vermelho ou um tom fechado traz um ambiente sensual ou uma atmosfera noturna sofisticada.”

Com uma equipe majoritariamente de mulheres, a Paralela tem a sensibilidade feminina para realizar cursos e experiências. A primeira escola de perfumaria do Brasil, fundada em 2012 por Alessandra, mantém parceria exclusiva com a Cinquième Sens, de Paris, escola francesa com 45 anos.

Já os blend de óleos essenciais em geral levam de 8 a 10 gotinhas, priorizando um aroma para sobressair na mistura. No calor, puxe mais para herbáceos, caso do cipreste ou gerânio, indica Maria Aparecida. A especialista trouxe também em 2012 a Tisserand, renomada marca inglesa de aromaterapia. Importante: é preciso gostar do cheiro escolhido, porque ele não pode fazer bem se atacar a rinite ou causar algum desconforto. “Quando estamos procurando trazer uma sensação, precisamos levar em consideração  a pessoa e o que ela está buscando. Mas temos uma gama grande de óleos essenciais, dá para trocar por aquele que é agradável”, ensina Maria Aparecida.

Há um aroma para cada momento da vida? “Não existe uma única fragrância, existem estilos, assim como na moda”, diz Alessandra. De forma semelhante ao universo dos vinhos, explica a expert, “tem de criar um repertório mínimo para se desenvolver no assunto”.

Para quem deseja percorrer esse caminho, a Paralela oferece cursos desde o nível iniciante. Empresas podem contratar treinamentos e experiências, como a que a escola preparou para a Booking, plataforma de reserva de hospedagem.

CHEIRO DE VIAGEM

Lugares também estão associados a aromas. Praia, por exemplo, está ligada a sol, água e até cremosidade do protetor solar. Esse conjunto traz uma sensação olfativa com ele. Foi esse desafio que a Paralela aceitou da Booking: encontrar um aroma para cada estilo de viagem.

“A praia tem cheiro de brisa, mais aquoso e algo fresco. A fragrância  pode conter algo de melão ou melancia. Tem também o calor e o lado solar. Aí a gente pode usar flores para lembrar isso e um pouco só de coco, para não pesar”, explica Alessandra. “Na viagem de negócios, a gente  foi mais para um tostado do café por causa dos eventos e coffee breaks.” Segundo a pesquisa da Booking, os cheiros que os brasileiros  mais escolheriam para relaxar em uma massagem ou um hotel são: lavanda (48%), flores (44%) e hortelã (23%).

EXPERIMENTE

Confira que aroma usar para cada finalidade

Na hora de decidir que fragrâncias usar, preste atenção nos ingredientes predominantes nas fórmulas (de perfumes) ou nos blends (no caso de óleos essenciais).

CALMA

Limão e laranja são alguns dos cítricos que suscitam calmaria quando usados em fragrâncias naturais ou sintéticas. De acordo com Maria Aparecida, entre os óleos essenciais, a bergamota é um estabilizador de humor e agente contra a melancolia.

VIGOR

Menta, além de refrescante, age contra a fadiga mental. Gengibre e cardamomo dão uma sensação de energia, diz a expert Alessandra.

LEVEZA

Em geral, devido ao frescor, os aromas florais podem ser usados para promover ambientes mais leves. Uma das flores mais usadas em essências é a lavanda, pura ou misturada. Por causa de sua suavidade, costuma ser bem-aceita por olfatos diversos. Relaxante, a lavanda é uma boa escolha contra a ansiedade.

ACONCHEGO

Aromas como musk, sândalo e wood são opções para quem busca acolhimento. Especiarias mais quentes, como cravo e canela, podem ser usadas com esse mesmo fim, mas a pessoa precisa gostar de cheiros mais marcantes.

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