EU ACHO …

A FOME DA CAVERNA

Há duas ocasiões ricas para observar nossa espécie: quando estamos completamente sozinhos e quando estamos em situações de alimentação em grupo.

Vou me deter no segundo momento. Tudo muda quando fazemos parte de uma tribo em busca de comida. Ali falam nossos instintos mais antigos, nosso cérebro reptiliano. Milhões de anos lutando contra o mundo hostil em busca de algo para saciar o vazio do estômago, enfrentando animais maiores, perdendo para quase todos: nossa tradição mais arraigada é o medo da fome.

Você já presenciou a cena: casamento é elegante, os convidados estão bem-vestidos e parecem bem alimentados. É dada a largada da festa: começa busca de lugares à mesa. Os olhos de todos acompanham a  logística. “Por que começaram a servir do outro  lado?” ou  “aqueles já não estão respeitando a fila” e ainda “será que teremos camarões, quando chegar a minha vez?”. Muita angústia em rostos que parecem nunca ter passado pela terrível experiência da fome.

Quem já pegou um cruzeiro grande sabe que o ataque a bufê é quase selvagem. A civilização se encerra ali diante da comida exposta. Surgem passageiros felizes com pratos colossais, equilíbrios inverossímeis e desafios à lógica das leis de Newton.

Para garantir, testemunhei com frequência, depois de construir um pequeno Everest de alimentos sobre a circunferência do prato sempre insuficiente, o indivíduo já traz junto um sortimento de doces para garantir que os possa comer em paz. E, ainda assim, atulhado de tudo que serviria para alimentar uma pequena tropa, ainda repara que seu vizinho de mesa pegou muito filé e pouco purê, uma violação das regras implícitas do bufê.

Quando o resort à beira-mar usa o sistema all inclusive, ou seja, comida “a rodo”, deveria reinar uma paz profunda na inquietude tribal da disputa alimentar.

Mesmo ali, ou talvez principalmente naquele lugar, a orgia das refeições desce ao nível paleolítico. Grita a fome, morre a polidez.

Expulsem a natureza pela porta, ela voltará fortalecida pela janela. É a nossa fome ancestral desde as cavernas.

E, para quem acha que sou um crítico do festim alheio, quero informar que minha primeira pergunta no lobby do hotel ao me registrar é: “A que horas começa o café da manhã?”. Temos esperança de, um dia, civilizar o apetite infinito e vedar o buraco que a caverna abriu em nós?

*** LEANDRO KARNAL

Autor: Vocacionados

Sou evangélico, casado, presbítero, professor, palestrante, tenho 4 filhos sendo 02 homens (Rafael e Rodrigo) e 2 mulheres (Jéssica e Emanuelle), sou um profundo estudioso das escrituras e de tudo o que se relacione ao Criador.

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