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ESTRUTURA PIONEIRA CHEGA À REGIÃO ONDE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MENINAS É EPIDÊMICA

Recém-inaugurado em Vitória da Conquista (BA), Complexo de Escuta Protegida atende vítimas de abuso e exploração com protocolos para evitar revitimização de testemunhas e de quem sofreu violência

“Você está confortável?” Pergunta a entrevistadora forense para a garota de cinco anos. Ela pede para tirar as sandálias. Acomoda-se em uma das poltronas da sala de depoimento especializado Complexo de Escuta Protegida, em Vitória da Conquista (BA). São 10h30 quando Carolina (nome fictício) está à postos para ser ouvida como vítima de estupro por parte do padrasto, na primeira oitiva especial realizada no complexo em 7 de outubro. A pintura em tons de rosa e os quadrinhos na parede remetem a uma sala de terapia e não à dureza de uma audiência judicial para colher provas de um crime sexual. O espaço é parte do Centro Integrado dos Direitos da Criança e do Adolescente do município pioneiro na implantação da Lei 13.431, de 2017, que estabelece protocolos para evitar a revitimização de testemunhas e vítimas de violência.

Enquanto na sala ao lado a juíza inicia a audiência acompanhada do advogado do réu e do representante do Ministério Público, a depoente é poupada da leitura de peças, questões processuais e perguntas delicadas feitas sem o devido cuidado, Carolina brinca com massa de modelar e cria vínculo com a psicóloga, destacada para colher o relato de como o ex-companheiro da mãe a teria molestado.

“Porque você veio aqui hoje? indaga a profissional, quando 40 minutos depois a imagem das duas, captada por uma câmera no teto, passa a ocupar a tela da sala de audiência. É iniciado o depoimento conforme a lei, gravado em áudio e vídeo, transmitido ao vivo para os operadores da Justiça presentes.

“Por que ele mexeu comigo”, responde a menina, em referência ao homem de 43 anos, preso desde maio, após denúncia por estupro de vulnerável e de violência doméstica. Ao presenciar uma agressão, a enteada teve coragem de verbalizar: “Se você não parar de bater na minha mãe, vou contar aquele negócio.”

No registro da ocorrência, a mãe e a avó declararam relatos da criança: o padrasto tocava suas partes intimas, passava leite condensado no pênis e pedia que ela fizesse sexo oral. “Ele passava a mão e pegava o negócio dele para eu chupar repete a menina em juízo. Cochicha detalhes, como o uso de uma marca de leite condensado. “É coisa de bolo”, explica. “Ele colocava na binga”, sussurra, usando nome popular para o órgão sexual masculino.

A garota responde ainda a perguntas da promotoria e da defesa repassadas pela juíza, por telefone, à entrevistadora forense. “Você lembra se essa situação com o leite condensado aconteceu mais de uma vez?” A resposta é categórica; “Mais de uma vez”.

Carolina conta que o agressor, com quem ficava quando a mãe trabalhava, tirava o short, a blusa e a cueca. “Ele abaixava minha roupa. Depois amanhecia. Aí acabou a história. A frase marca o fim do depoimento de 25 minutos. “Com a oitiva especial em vídeo anexada aos autos evita-se a repetição desse tipo de relato de quatro a cinco vezes, pelo menos, um fator revitimizante afirma a juíza Julianne Nogueira, da vara de Violência Doméstica e Familiar.

Os demais órgãos e serviços de assistência também acessam o depoimento gravado,  poupando a vítima de reviver a violência narrada. “Este fluxo único é uma mudança de paradigma a partir da integração da rede de proteção às vítimas com o sistema de Justiça”, avalia a juíza.

Aos16 anos, Janaína (nome fictício) se recorda do quão difícil foi repetir em diversas instâncias os detalhes dos abusos que sofrera por parte do avô paterno dos 6 aos 13. “Era sempre à noite. Acordava assustada com ele no meu quarto. Não sabia que aquilo era sexo. Nunca teve penetração, mas ele tocava minhas partes íntimas”. Há  dois anos, com o suporte da mãe, denunciou o fato ao Conselho Tutelar. “Meu avô foi a pessoa que mais cuidou de mim. É difícil denunciar quem você ama”.

Um dos momentos mais constrangedores para a garota virgem foi  o exame de corpo de delito. “Fiz no necrotério com um médico idoso como meu avô”, relata. “Fiquei assustada com as perguntas sobre sexo. “É uma violência passar por esse tipo de interrogatório”.

Ela teme que o caso seja arquivado por falta de provas, por ser a palavra da adolescente contra a do avô,  um aposentado de 62 anos. “Ele cometeu um crime e teria de pagar pelo mal que me fez”, diz ela. A juíza informa que o processo está em andamento. A conversa com a reportagem é em uma das salas do centro integrado inaugurado em 215 no município baiano, o primeiro do Brasil a reunir, num só lugar, toda a rede de proteção, como preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente.

As instalações de uma antiga escola abrigam hoje, 14 órgãos ligados a assistência social e aos sistemas de Justiça e Segurança Pública. A vítima e sua família vão encontrar ali o Conselho Tutelar, a  Vara da Infância, Promotoria e Defensoria Pública e Polícia Civil.

A delegada Rosilene Correia, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente, ocupa um ambiente cercado de brinquedos. “Adorei a ideia de atuar em um espaço que não  tem cara de delegacia: A delegada é entusiasta da mudança de protocolo na tomada de depoimento de crianças e adolescentes. “A escuta humanizada é uma forma de a vítima não precisar repetir ainda traumatizada a mesma história na delegacia, no IML, para o promotor e diante do juiz.”

Nos primeiros oito meses deste ano, a delegada acompanhou a via-crúcis de quatro meninas para a realização de aborto legal, todas grávidas após estupro intrafamiliar.

Uma quinta vítima, violentada pelo avô, só chegou à rede de proteção aos seis meses de gestação. Foi acolhida até o parto e o bebê encaminhado para adoção. “Na zona rural ainda existe uma cultura feudal, de dominação do homem que se sente o dono da mulher e das filhas e acha que pode fazer o que quiser com elas”, constata a conselheira tutelar Poliane Santana.

Tatiane dos Santos da Silva, 21, vendedora e jogadora de futebol do time local, bateu às portas do Conselho Tutelar Rural em maio de 2017, quando fugiu do jugo paterno no povoado de Inhobim.

“Ela chegou com várias lesões no corpo, uma cartela de anticoncepcional e provas de que vivia como mulher do pai desde os sete anos”, relata Joyce Fonseca, conselheira que acompanhou a adolescente nos serviços de acolhimento do município.

Após cinco anos, Tatiane começa a viver com as próprias pernas. A atacante do time de futebol local, o Vitória da Conquista, acaba de concluir o ensino médio e sonha em ganhar fama nos campos e ser advogada para ajudar outras vítimas de violência sexual. “Usei  o esporte a meu favor. Cada chute que eu dava na bola, menor era a dor que eu sentia”, diz ela, que  viu o pai ser condenado a 26 anos de prisão.

A pandemia fez aumentar os números de agressões e abusos na região. “O isolamento social resultou em mais casos de violência doméstica e sexual contra mulheres e crianças”, constata Poliane. Em setembro, foram registrados no município cinco casos de estupro de vulneráveis.

Vitória da Conquista também é cortada pela BR-116, rodovia que concentra o maior número de pontos críticos para exploração sexual de crianças e adolescentes no país.

“Dos 27 pontos críticos mapeados na BR-116 na Bahia, 9 deles ficam na região de Vitória da Conquista”, afirma Francisco Dadalt, coordenador do Mapear, levantamento realizado há 18 anos pela Polícia Rodoviária Federal e parceiros. No biênio 2019/2020, o estudo mapeou 170 pontos de maior atenção em todo o Brasil, 78 deles na Bahia. “O mapeamento jogou luz e mudou a dinâmica da exploração sexual, que já não é mais tão visível nas rodovias federais, levando o problema para rodovias estaduais e para dentro das cidades”, afirma Dadalt.

Entroncamento entre Minas e Bahia e comércio entre as regiões Nordeste e Sudeste, Vitória da Conquista recebe fluxo grande de caminhoneiros e turismo de negócio. “Hoje, o aliciamento de crianças e adolescentes são em casas, bares, em ambientes  fechados. Não tanto na pista ou em postos de gasolina como no passado”, diz o delegado, sobre os novos desafios do combate à exploração sexual na região.

Nesse cenário, um complexo integrado para garantia de direitos é aparato importante para estimular denúncias dos crimes e também contra a impunidade e para efetiva responsabilização dos agressores. “Implementar a lei da escuta protegida e ter um centro integrado de atendimento às vítimas de violência não é somente criar um espaço físico. É construir nova cultura”, afirma Michel Farias, secretário municipal de Desenvolvimento Social

“É um processo difícil de diálogo entre diversas instituições, o que pressupõe a ruptura de um modelo de atendimento. Para que seja de fato integrado, é preciso haver sinergia dos agentes das diversas políticas públicas envolvidas, de educação, saúde, assistência, segurança”.

Uma orquestração que fez o complexo de Vitória da Conquista virar referência nacional, com investimento de R$ 1 milhão em tecnologia e estrutura. Farias, um advogado de 31 anos e ativista na área de direitos da infância, passou a ciceronear comitivas de vários estados e autoridades federais que têm ido conhecer a experiência e pioneirismo no município baiano.

Um caminho desbravado a partir de tratativas do executivo local com o Tribunal de Justiça da Bahia e o Ministério Público Estadual. “Vitória da Conquista é a primeira cidade do país a realmente pactuar o atendimento integrado, que vai além da concentração física dos serviços”, afirma Itamar Gonçalves, gerente de Advocacia da Childhood Brasil.

A entidade firmou acordo de cooperação técnica com a prefeitura para capacitação de toda a rede municipal de proteção à crianças e adolescentes. Segundo o especialista, o município fez bem mais do que Instalar uma das mil salas de escuta protegida já em funcionamento em estruturas do judiciário em todo o país.

“Ali, todo o fluxo de atendimento foi integrado, o que impacta na qualidade da oferta dos serviços e na responsabilização de agressores, além de promover a dignidade da criança e de adolescentes que tiveram seus direitos violados

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 18 DE JANEIRO

DESTRONANDO OS DEUSES

… executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor (Êxodo 12.12).

O êxodo foi uma intervenção sobrenatural de Deus para tirar seu povo com mão forte e poderosa do grande Império Egípcio. Deus enviou dez pragas sobre a terra das pirâmides milenares. Cada praga tinha o propósito de destronar uma divindade do panteão egípcio. O êxodo significa a partida do povo da terra da escravidão para a terra que mana leite e mel. O êxodo fala da libertação da escravidão e aponta para a redenção. Contudo, antes de as portas da escravidão serem abertas e de o jugo ser despedaçado, Deus triunfou sobre os deuses do Egito, executando sobre todos eles o seu juízo. Os deuses dos povos são fabricados pela arte e imaginação humana. São deuses criados pelo homem para escravizar os homens. Só existe um Deus vivo e verdadeiro. É o Deus criador e redentor, o Deus da nossa salvação. Aqueles que se curvam diante de outros deuses provocam a ira do Senhor, pois ele não divide sua glória com ninguém. Deus poderia ter tirado o seu povo da escravidão desde o primeiro dia em que Moisés retornou ao Egito, mas o endurecimento do coração do Faraó proporcionou ao Todo-Poderoso manifestar, na terra dos deuses, que só o Senhor é Deus. Os deuses do Egito foram destronados, um a um. Todos tiveram de se curvar e reconhecer que o único Deus que livra e salva é o nosso Deus. Assim como Deus libertou o seu povo da escravidão do Egito no passado, ele também pode libertar você hoje das algemas do pecado. Por meio do sangue de Cristo, ele pode livrar você da morte eterna e dar-lhe segurança, vida e paz!

GESTÃO E CARREIRA

CUIDADO PRIMÁRIO

A saúde mental deixa de ser tabu na sociedade e começa a obrigar as empresas a tratar o tema já no processo seletivo. Como fazer isso com empatia e  sem estigmas?

Em meio à pandemia e à crise econômica e política, o cenário não anda fácil para a saúde mental dos brasileiros. Um levantamento da Fiocruz feito com 45.161 pessoas em 2020 mostrou os efeitos da pandemia: 53% dos participantes estavam ansiosos e nervosos, 40% se sentiam tristes ou deprimidos com frequência e 43% começaram a ter problemas para dormir.

Os números repercutem nas redes sociais. No Instagram, a hashtag ”saúde mental” soma 6,9 milhões de posts, enquanto no TikTok, os posts sobre o tema já contam com mais de 430 milhões de visualizações. Tornou-se comum ver vídeos de jovens discutindo os remédios psiquiátricos que usam, listando os sintomas que apresentam ou mesmo dando dicas que aprenderam na terapia. E, ao contrário das gerações anteriores, os mais jovens esperam que as empresas estejam prontas para acolher essas questões. “Aqueles entre 18 e 25 anos estão mais vulneráveis às doenças mentais, mas também mais dispostos a falar e a procurar ajuda profissional para resolver o seu problema”, diz Sâmia Simurro, vice-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). “A postura de não falar sobre isso e colocar para debaixo do tapete por medo ou por não saber como enfrentar mudou para uma postura de ‘vamos falar sobre saúde mental’.”

DEBATER E FAZER

Mas ainda há preconceitos. Em uma análise de dados de 2020, a consultoria McKinsey revelou que 75% das empresas reconheceram existir um estigma em relação à saúde mental em seu ambiente de trabalho. Não à toa, 37% dos funcionários afirmaram que evitavam procurar tratamento porque não queriam que as pessoas soubessem que tinham um transtorno mental. Ao mesmo tempo, na busca por uma cultura menos hierárquica e mais acolhedora, as próprias empresas estão dando abertura para o tema surgir com mais facilidade, inclusive no processo seletivo.

“Antes, se buscava o candidato perfeito para a vaga”, diz Fatima Macedo, psicóloga e sócia-diretora da Mental Clean, especializada em promoção e gestão de saúde mental no trabalho. Segundo ela, os profissionais se sentiam obrigados a esconder como estavam, tentando apresentar uma versão perfeita de si mesmos na entrevista. Agora a situação começa a mudar. “As pessoas estão sendo convidadas a ser transparentes, a falar quem são e como estão”, diz. “Mas quem está do outro lado está preparado para receber essa fala sem preconceito?”

É uma pergunta importante. Afinal, dar a abertura sem ter a contra partida de estar preparado para lidar com a questão pode gerar frustrações e perda de candidatos, além de manchar a marca empregadora no processo seletivo. “Se eu tenho uma experiência positiva, com empatia, vou continuar querendo trabalhar naquela empresa, mesmo se não tiver passado na entrevista”, diz Nathália Paes, responsável por desenvolvimento de negócios no Info Jobs, plataforma de recrutamento. “Mas, se minha experiência é negativa, isso prejudica a imagem da companhia.”

Tramita, inclusive, na Câmara um projeto de lei que prevê direitos e garantias a pessoas com transtornos mentais. De autoria de Benedita da Silva (PT-RJ), o PL 4918/2019 dispõe, entre outros assuntos, que as pessoas com transtornos mentais devem “ter direito a igualdade de oportunidades de emprego, assegurada proteção contra a exploração e a demissão do trabalho exclusivamente por motivo de transtorno mental”. Além disso, elas devem ser protegidas de discriminação em razão de transtorno mental. “Se for aprovado, será um grande marco”, diz Fatima, da Mental Clean. Ela explica que o texto altera a lei da Reforma Psiquiátrica, de 2001, defasada no contexto atual. “As empresas já pensam na diversidade para vários públicos e terão que começar a pensar nas pessoas com distúrbios mentais – e muitas delas já estão nas organizações” , afirma.

MAIS ACOLHIMENTO

“A pandemia reforçou o papel da humanização em todas as relações das empresas com os profissionais”, diz Cassia Messias, diretora de operações do Zenklub, plataforma de terapia online que, só entre o primeiro semestre de 2020 e o primeiro de 2021, aumentou em 272% o número de companhias atendidas. “Os recrutadores devem ter consciência de que não vão encontrar todo mundo bem.” Na Flora, empresa de produtos de higiene e limpeza dona de marcas como Assim e Minuano, essa percepção levou a mudanças no processo seletivo. Pouco antes da pandemia, a companhia havia migrado o sistema de seleção para uma plataforma online, que oferecia a possibilidade de diversas etapas e testes. “Mas percebemos logo que não deveríamos usar todas as ferramentas disponíveis”, diz Lenita Freitas, líder de RH na Flora. “Ficou claro que processos extensos e com muitas demandas eram bem desgastantes para o candidato.” Por isso, a empresa decidiu manter apenas um teste, de alinhamento cultural, e duas etapas de entrevista.

Uma das fases eliminadas foram os vídeos de apresentação dos candidatos. “Muita gente com currículo bom desistia da vaga nessa hora”, explica Lenita. “Os profissionais deixavam para depois ou porque eram tímidos, estavam ansiosos, ou então porque já tinham feito muitos vídeos anteriormente.” Para ela, a mudança trouxe mais qualidade aos recrutamentos da empresa, que passaram a ser menos estressantes para os candidatos.

Uma das consequências de um processo mais humanizado é que certos assuntos aparecem mais. “A empatia e a presença deixam o candidato confortável em trazer questões de saúde mental”, diz Lenita. Segundo ela, quando isso acontece, os recrutadores tentam ajudar a pensar como a pessoa está lidando com isso, como superar. “Em vez de tentar ver como o candidato reage sob pressão, entendemos que com o acolhimento o profissional vai mostrar o melhor dele.”

Embora pareça uma atitude simples, ela representa uma mudança importante. Para Ronaldo Abe, diretor médico e de saúde corporativa na consultoria EY, um dos preconceitos mais comuns nas empresas é ver pessoas com transtornos mentais como menos capazes. “É comum que, em organizações que ainda não têm amadurecimento nem estrutura de suporte, o candidato com problemas de saúde mental seja barrado”, diz. “Elas têm medo de que vá sair caro, de que o risco de afastamento seja alto.”

Mas essa não é uma situação da qual dê para escapar. “Ninguém está livre de enfrentar uma depressão; ela é multifatorial, está presente na sociedade e ponto”, diz Cassia, do Zenklub. Para ela, as empresas devem focar o que podem controlar, criando ambientes seguros de escuta, conscientizando a liderança e trabalhando com elementos preventivos. O tema pode e deve aparecer nas entrevistas por iniciativa dos candidatos – resta às companhias aprenderem a lidar com o assunto sem preconceito. Fingir que está sempre tudo bem com os candidatos seria uma atitude pouco transparente.

No contexto atual, isso é ainda mais delicado. “O profissional que está entrevistando precisa entender o momento daquela pessoa, se faz tempo que está desempregada, se teve uma perda na família no último ano”, afirma Nathália, do Info Jobs. Apesar disso, ela lembra, questões invasivas não devem ser feitas. Perguntar se a pessoa está em tratamento ou se está tomando algum medicamento psiquiátrico, por exemplo, não pega bem. No lugar, devem ser feitas questões mais abertas, que deixem o candidato à vontade para falar se quiser, como questionar como está o momento pessoal e pedir para que ele descreva seu dia a dia.

Indagações como essas podem ajudar, inclusive, em um direcionamento mais acertado do processo. Se um recrutador percebe que uma pessoa está em um momento muito vulnerável, colocá-la em uma posição ou área em que o ritmo é intenso e as demandas são aceleradas pode gerar uma situação ruim para todos os envolvidos. No entanto, isso seria mais uma questão de alinhamento do que de competência. “O adoecimento mental não define o profissional. É só um estado: a pessoa está adoecida”, diz Fatima Macedo. “É claro que o sintoma impacta o profissional, mas isso não traduz quem ele é – você pode deixar de contratar alguém brilhante que naquele momento não estava bem.”

DIÁLOGO ABERTO

Justamente para garantir uma experiência mais acolhedora no processo seletivo, no Elo7, plataforma de vendas online, toda a equipe de recrutadores é formada por psicólogos. “São pessoas preparadas para lidar com esse tipo de situação, principalmente com a ansiedade e o nervosismo nos processos”, diz Aline Garcia, gerente de RH no Elo7. Segundo ela, tem sido mais comum ouvir os candidatos trazer questões de saúde mental à tona.

”As pessoas chegam com uma demanda maior, falam sobre essa necessidade de ser acolhidas”, diz. “Elas têm mais discernimento sobre patologias e entendem que não é culpa delas se tiverem depressão ou ansiedade.” Para a gerente, manter esse diálogo aberto ajuda a garantir tratamento antes que os casos piorem. Aline relata o exemplo de uma funcionária que, ainda no período de experiência, contou ter tido um ataque de pânico. “Conversamos com ela, a encaminhamos para atendimento, falamos com o líder”, diz. O resultado tem sido positivo: a profissional relatou nunca ter imaginado que trabalharia num lugar que a acolhesse dessa forma, e está engajada no próprio tratamento.

Apesar de notar o estado emocional dos candidatos, isso não deve ser usado para taxar alguém. “Jamais vou apresentá-lo à equipe falando que ele sofre de ansiedade”, diz Aline. ”Quando o candidato traz isso, acolhemos porque temos preparo para lidar com a questão internamente, então sabemos que podemos contratá-lo.” Ela lembra de uma ocasião em que uma mulher grávida, com sinais de ansiedade e depressão, era a melhor postulante. Mas a vaga talvez não fosse a ideal para o momento. Aline abriu o jogo: disse que ela era a preferida, mas que a posição tinha características que poderiam não ser as ideais para seu momento. “Falei que ela poderia tirar uns dias para pensar, e ela acabou optando por não continuar, mas elogiou nossa postura e saiu feliz do processo.”

NADA DE RÓTULOS

Não tomar esse cuidado na comunicação pode gerar a sensação nos candidatos de que foram prejudicados por terem trazido alguma questão de saúde mental ou, então, que sofreram discriminação. “Uma forma de evitar isso é mostrar ao longo do processo como essas questões são tratadas dentro da empresa”, diz Bruno Lucarelli, líder de recrutamento e seleção na EY Brasil.

Treinar e desenvolver a chefia, desde a diretoria até a gerência, também é uma forma de garantir que esse tema seja disseminado pela companhia. “Para avançar nas iniciativas, a participação da liderança nesse movimento é fundamental”, diz Sãmia, da ABQV. “É responsabilidade dela ser modelo, colocando na agenda a pauta do bem-estar. Os líderes devem ajudar a conscientizar e quebrar barreiras.”

Além disso, o próprio programa de integração já mostra que há apoio emocional para quem precisa. “O RH pode ser sutil nesse processo, dando acolhimento desde o primeiro dia, mesmo para quem não sinalizou problema algum”, diz Nathália, do Info Jobs. Deve haver, também, um acompanhamento periódico para ver como a pessoa está se adaptando ao trabalho. “Mesmo para os candidatos que não são contratados, você pode ter a política de indicar onde podem buscar apoio. É um aspecto mais humano”, diz Nathália.

Por outro lado, se a empresa não tiver nenhum programa de bem-estar emocional, de  nada adiantará ter todos os cuidados no processo seletivo. Fatima, da Mental Clean, explica que há três níveis de intervenção para a saúde mental nas empresas: primário, secundário e terciário. A maioria das ações, como fornecer terapia, encaminhar para médicos ou dar treinamentos, se encaixa nos níveis secundário e terciário. Ou seja, trata o problema existente, mas não previne. Por isso é importante se dedicar ao nível primário, olhando para cultura, carga de trabalho, equipes e horários. “É preciso se perguntar quais estressores contribuem para o adoecimento na minha organização”, diz Fátima. “Parece que dá trabalho, mas já há uma série de questões com as quais os líderes precisam lidar que podem ter raiz emocional e ser evitados.”

EU ACHO …

A FOME DA CAVERNA

Há duas ocasiões ricas para observar nossa espécie: quando estamos completamente sozinhos e quando estamos em situações de alimentação em grupo.

Vou me deter no segundo momento. Tudo muda quando fazemos parte de uma tribo em busca de comida. Ali falam nossos instintos mais antigos, nosso cérebro reptiliano. Milhões de anos lutando contra o mundo hostil em busca de algo para saciar o vazio do estômago, enfrentando animais maiores, perdendo para quase todos: nossa tradição mais arraigada é o medo da fome.

Você já presenciou a cena: casamento é elegante, os convidados estão bem-vestidos e parecem bem alimentados. É dada a largada da festa: começa busca de lugares à mesa. Os olhos de todos acompanham a  logística. “Por que começaram a servir do outro  lado?” ou  “aqueles já não estão respeitando a fila” e ainda “será que teremos camarões, quando chegar a minha vez?”. Muita angústia em rostos que parecem nunca ter passado pela terrível experiência da fome.

Quem já pegou um cruzeiro grande sabe que o ataque a bufê é quase selvagem. A civilização se encerra ali diante da comida exposta. Surgem passageiros felizes com pratos colossais, equilíbrios inverossímeis e desafios à lógica das leis de Newton.

Para garantir, testemunhei com frequência, depois de construir um pequeno Everest de alimentos sobre a circunferência do prato sempre insuficiente, o indivíduo já traz junto um sortimento de doces para garantir que os possa comer em paz. E, ainda assim, atulhado de tudo que serviria para alimentar uma pequena tropa, ainda repara que seu vizinho de mesa pegou muito filé e pouco purê, uma violação das regras implícitas do bufê.

Quando o resort à beira-mar usa o sistema all inclusive, ou seja, comida “a rodo”, deveria reinar uma paz profunda na inquietude tribal da disputa alimentar.

Mesmo ali, ou talvez principalmente naquele lugar, a orgia das refeições desce ao nível paleolítico. Grita a fome, morre a polidez.

Expulsem a natureza pela porta, ela voltará fortalecida pela janela. É a nossa fome ancestral desde as cavernas.

E, para quem acha que sou um crítico do festim alheio, quero informar que minha primeira pergunta no lobby do hotel ao me registrar é: “A que horas começa o café da manhã?”. Temos esperança de, um dia, civilizar o apetite infinito e vedar o buraco que a caverna abriu em nós?

*** LEANDRO KARNAL

ESTAR BEM

MÉDICO CONTA COMO A VACINA PFIZER VAI AGIR NO CORPO DAS CRIANÇAS DE 5 A 11 ANOS

Renato Kfouri sabe tudo do assunto e explica por que demorou para chegar a vez dos pequenos

Viva,chegou a vacina! Finalmente crianças de cinco a 11 anos serão imunizadas! Mas você sabe o que isso quer dizer? Será que a vacina vai destruir o vírus?

A essa altura você, provavelmente está cansado de ouvir falar sobre o  novo coronavírus, o causador da doença que ficou conhecida como Covid-19. É bem possível também que você conheça pessoas que tiveram a doença e que ficaram longe da família ou foram parar no hospital.

A primeira coisa que temos que aprender é que a vacina é o melhor jeito de prevenir uma doença.

Mas aí você pode perguntar: “Mas meu tio/ avô/ primo se vacinou e ainda assim ficou com Covid-19”. E esta é outra lição importante: vacinas não protegem sempre – pode ser que o vírus consiga infectar a pessoa. Mesmo nesse caso, a doença vai ser bem menos grave do que poderia ser, e o risco de ir para o hospital diminui bastante.

Para nos ajudar a entender como a vacina contra a Covid- 19 funciona, conversamos com o Renato Kfouri, um dos médicos que mais têm estudado esse assunto. Ele é presidente do departamento de imunização (que cuida de vacina) da Sociedade Brasileira de Pediatria. E pediatria é a área da medicina que cuida da saúde das crianças.

“A vacina é algo que se parece com o que causa a doença, com a diferença de que não faz mal”. A vacina engana nosso corpo para achar que ele está sendo atacado, e ele produz defesas, como se fosse numa guerra”, conta Renato.

Com as defesas montadas, quando bactérias ou vírus invadem o organismo, eles não conseguem fazer o estrago que normalmente fariam.

Existem várias maneiras de se construir uma vacina, explica o médico. Uma delas é “amassar, triturar e lavar um vírus até que ele esteja morto”. São as vacinas de vírus inativado, incapazes de fazer mal, e que conseguem ensinar ao sistema de defesa quem é o inimigo e qual é a cara dele.

Muitas vezes só com um pedaço do vírus é o suficiente para construir esse “retrato falado” do bandido, e é esse o caso de duas outras possibilidades: uma é quando um vírus inofensivo carrega um pedacinho do malvadão e a outra é justamente a tecnologia da vacina que acabou de chegar para brasileiros de cinco a 11 anos. Nesta vacina é como se nosso corpo recebesse uma carta contendo uma fórmula secreta da proteína S (spike), uma das principais armas do coronavírus, usada na hora de invadira s nossas células.

Ao produzir e aprender como é a proteína S, treinamos nossas células de defesa e fazemos nossas próprias armas, os anticorpos, que são capazes de impedir que a S funcione.

O sistema de defesa fica bem treinado mesmo depois da segunda dose. Então não se esqueça de voltar ao posto depois de oito semanas.

Falando em esperar, você acha que demorou para a vacina chegar para as crianças?

“Não demorou tanto, era importante ter certeza que ela não iria fazer nenhum mal”, explica Renato Kfouri. “Os mais velhos, seus avós. por exemplo, eram os principais atingidos – por isso chegou para eles primeiro.”

Outra dúvida comum é se a vacina dói ou pode fazer mal. “A picada dói um pouquinho e na hora e é chato, mas a doença é muito pior, bem mais chata. Imagine só você, por não estar vacinado, transmitir o vírus para alguém da sua família e essa pessoa parar no hospital? É muito triste”.

“Todas as crianças têm que saber que já tomaram um montão de vacinas e estão saudáveis. Muitas doenças foram evitadas, e é por isso que estamos aqui”, diz Renato.

“Ainda assim, nenhuma das vacinas garante 100% de proteção. Então, enquanto houver pandemia, temos que fazer tudo que estiver ao nosso alcance para combater a Covid-19: usar máscaras, evitar aglomerações, e sempre lavar as mãos com água e sabão.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

TUDO É RELATIVO

Ansiedade, relógio biológico, luto, pandemia: em cada situação, o tempo parece correr mais rapidamente ou devagar. Ele pode ser aliado ou vilão, mas é possível ao menos (tentar) controlá-lo

Segundo o antropólogo Laércio Fidelis Dias, o tempo pode ser definido como “uma percepção de um movimento contínuo, do qual não temos controle, mas que podemos significar essa experiência e encontrar sentidos que “confiram valor para as nossas vidas”.  Momentos que passam rápido demais, dias que parecem não passar, encontros que lembram os distantes, mas que, na verdade, ocorreram ontem, e conversas recentes, porém realizadas anos atrás.

É normal ficar ”perdido no tempo”- especialmente na pandemia. Afinal, nossa percepção muda conforme o humor, momentos da vida ou com certas situações marcantes.” A relação com o tempo é muito tocada pela qualidade emocional do que você está vivendo. Eu sou da área da psicologia analítica e aqui nós falamos que existem duas vivências do tempo: o Chronos e o  Kairós. O primeiro é o cronológico, da data para entregar um trabalho, por exemplo. Já o Kairós, não é o tempo racional, mas sim do significado, da oportunidade”, explica a psicóloga Ana Lucia Pandini.

Uma das formas mais clássicas de domesticar o tempo, para proporcionar certa ordem para a sociedade, são os calendários. Ou seja, vivemos o tempo Chronos muito mais do que o Kairós,porém, durante a pandemia, ambos foram prejudicados justamente pela falta de experiências marcantes.

”O Kairós faz a gente entrar em contato com a plenitude da vida, com a criatividade interior, com a nossa originalidade mais profunda. É aquele tempo que é gostoso de ser vivido. Mas o estresse, o medo e a angústia provoca desgastes físicos e mentais o que fazem a gente ter a percepção de que o tempo Chronos está se ajustando”, diz Ana. A rotina de ficar em casa durante o isolamento fez parecer que os dias eram todos iguais, o que gerou a estranha sensação de que estamos ainda em 2020, como se a pandemia fosse um grande ano em vez de dois. “Isso é uma vivência muito difícil e ansiógena para todo mundo. As marcas do tempo, como festas de fim de ano, encontros, vão se dissolvendo, e as pessoas têm essa sensação de que é o ano que não acaba”, completa ela.

ANSIEDADE

A abrupta mudança do dia a dia veio junto com sofrimentos psíquicos e muita ansiedade, algo que a publicitária Luiza Carvalho, de 35 anos, conhece bem. Desde 2009, diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada, ela se trata, mas a pressão de produtividade do trabalho e a similaridade entre os dias fizeram com que o burnout também viesse à tona. “Um dia, em outubro do ano passado, eu apaguei, não conseguia fazer mais nada e estava em casa”, lembra. “Essa coisa de ter uma reunião atrás da outra, de não ter respiro, eu estava sem fazer esporte (muito importante para minha saúde mental). Tudo isso fez com que eu entrasse em desespero.”

Para aqueles que sofrem com ansiedade, o tempo dura muito – afinal, o futuro se faz presente o tempo todo. “A pandemia fez com que todo mundo passasse por um período de muita ansiedade, só que nós, que já éramos ansiosos, já sabíamos viver com esse sentimento de não saber o que vai acontecer, então eu me senti mais parecida com as outras pessoas, pela primeira vez na vida”, declara.

MEDIDOR

Uma das formas tradicionais de “domesticar” o tempo são os calendários. A partir deles, conseguimos uma experiência cultural de ordenação. “Um relógio ou um  calendário informa quanto tempo se passou desde um certo ‘agora’ –  e quanto tempo restantes de algum  ‘agora’  futuro”,  pontua Alan Burdick, escritor e autor do livro Por Que o Tempo Voa? ( Editora Todavia). “A questão é: quão grande ou pequeno esse ‘agora’ precisa ser? Quanto tempo você quer que dure o agora?”, reflete.

Horas, semanas e anos são importantes na organização do dia a dia, mas é como você preenche esse período que o faz valer a pena”. Em Oração no Tempo, por exemplo, Caetano Veloso o descreve como “compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”. A canção, aliás, resume bem a vida da empresária Viviane Vieira, de 49 anos. Depois de três inseminações artificiais, ela ficou grávida aos 43 anos das gêmeas Ana Luísa e Sofia, hoje com 5 anos, de forma natural. “O processo foi muito desgastante, no sentido psicológico e teve também a questão financeira”, conta. Para dar um tempo e refletir sobre o processo, ela decidiu parar o tratamento por oito meses. Nesse período, ela e o marido fizeram uma viagem para espairecer.

“Lá, eu senti uma tontura muito grande, mas não me ocorreu fazer um exame de farmácia, talvez porque de forma inconsciente eu não queria passar por um erro de novo”, diz. O exame de sangue confirmou: Viviane estava grávida. “Eu não tive essa pressão do relógio biológico, até porque eu não tinha consciência de que após os 35 anos existe uma baixa de óvulos muito grande na mulher”, conta. “Por um lado foi positivo, porque a gente aproveitou muito o nosso casamento. Mas hoje a questão do tempo me preocupa. Ou seja, quero estar com saúde para viver muitos anos e curtir muito as minhas filhas. Quando elas tiverem 20; eu vou ter 64. então a gente tem essa preocupação de deixar elas encaminhadas e serem independentes.”

Durante a pandemia, para otimizar o tempo, as três passaram a cozinhar juntas. Assim, nasceu o estabelecimento da mãe, a casa de pães artesanais Sabor do Minho.

LUTO

O tempo é limitado. Essa é uma verdade para todas as criaturas vivas, mas nós, humanos, somos a única espécie que vive com isso em mente. Com a pandemia, o  lembrete ficou ainda mais forte.  “O luto me ensinou a viver o presente. Eu não sei se vou estar aqui daqui a dez anos, então eu penso em como posso ser feliz hoje, como eu posso aproveitar”, afirma a estudante Vitória Sterzza, de 22 anos. Em março de 2020 ela perdeu sua mãe, sua avó e seu tio para a covid-19.

“Do dia para a noite você perde aquilo que era constante, que estava com você o tempo todo. Isso me fez parar no tempo. Tinha a sensação de que estava num filme de terror, que tinham me jogado ali e que o tempo não corria. Era como se todos os dias fossem o dia seguinte da morte da minha mãe”, diz. “Então o mesmo tempo  que na época foi meu pior inimigo, porque ele não passava, hoje eu olho para trás e vejo o tanto que eu cresci. Ele me fez entender e aceitar”, conta.

Em uma cultura de ansiosos, queremos tudo para ontem. Não é permitido dar “tempo ao tempo”, algo fundamental durante o processo de luto. “Só se cura com o tempo. Claro que uma ajuda psicoterapêutica, o apoio das pessoas, é fundamental. Porém, todo ser humano precisa de um ano, dois anos, quanto for, para que sua alma e psique elabore esse processo de partida, de despedida, de separação, de perda”, explica ainda a psicóloga.

O tempo é subjetivo, assim como o processo de desenvolvimento da psique humana. Em vez da tradicional linha do tempo, vivemos numa espiral na qual podemos passar pelas mesmas situações diversas vezes – às vezes de maneira mais intensa do que em outras, mas sempre em movimento. Por isso, uma mesma situação pode passar rapidamente ou mais devagar, a depender do nosso humor e companhia.

“Um estudo conduzido em lares geriátricos descobriu que as pessoas que dizem que ‘o tempo está passando rapidamente’ tendem a ser mais felizes e ativas, enquanto aquelas que afirmam que o tempo passa lentamente tendem a ser inativas e deprimidas. Ser mais feliz fazia o tempo passar rapidamente? Ou o tempo passou rapidamente porque elas eram mais ativas? Elas estavam felizes porque eram ativas,   ou eram mais ativas por serem mais felizes?”, indaga Alan.

“Passei a pensar no tempo quase como uma linguagem – uma linguagem universal, a língua comum da vida. Somente por meio dele podemos nos conectar; nossa capacidade de compartilhá-lo é o que nos define como espécie social, na verdade, como criaturas vivas…”

O TEMPO SOB CONTROLE

PARA FAZER O TEMPO PARAR

Meditar, meditar e meditar. Para ficar no aqui e agora, o mindfulness ou medicação ativa é a melhor opção. Para isso, faça somente uma coisa, não duas ou mais de cada vez e fique 100% atento ao que está fazendo. Para ter um pouco mais de controle do tempo, estabeleça meras diárias e mensais.

PARA FAZER O TEMPO VOAR

Faça uma chamada de vídeo com seus melhores amigos, prepare sua comida favorita ou dance pela sala sozinho. Normalmente, quando dizemos “Uau, o tempo realmente passou voando”, o que queremos dizer é “perdi a noção do tempo”, o que acontece quando estamos muito felizes ou mais ocupados, como se não houvesse tempo suficiente para fazer todas as coisas que precisamos fazer. Sensação, aliás, bem comum no fim de ano.

PARA REFLETIR

É comum procrastinarmos tarefas – seja no trabalho, estudos ou na vida pessoal. Acontece que isso só contribui para a ansiedade, uma vez que vemos a lista de atividades só aumentar. Para ajudar, se pergunte quanto afetará seu futuro terminar ou não aquela tarefa, adiar aquele encontro ou desmarcar um compromisso. “A pandemia é um lembrete bastante enfático de que a vida é finita e pode ser efêmera. Ao mesmo tempo, nos convida a selecionar todas as experiências que podemos ter na vida, aquilo que seja mais significativo”, afirma Laércio.

PARA ASSISTIR E DISCUTIR SOBRE O TEMPO

Beleza Oculta. (GloboPlay), de David Frankel, e Questão de Tempo(Star+), de Richard Curtis. Em clássicos como De Volta Para o Futuro, Click, Matrix ou Feitiço do Tempo dá para perceber a adoração humana por falar sobre a passagem dos dias. Para quem é de documentário, vale a pena conferir Quanto Tempo o Tempo Tem (Netflix), de Adriana Dutra e Walter Carvalho.

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