OUTROS OLHARES

PASSADO NO PRESENTE

Tapa e trabalho ainda são aceitos como forma de educar, diz pesquisa

Uma pesquisa de opiniões e percepções dos brasileiros sobre a criação dos filhos revelou avanços na educação em relação à igualdade de gêneros e o repúdio aos maus-tratos, mas também mostrou que alguns valores não ficaram no passado. Apesar de a maioria dos entrevistados – 71,8% – acreditar que a educação infantil deva ser feita a partir do diálogo, eles também mostraram aceitação do uso da violência em algumas situações, como para o jovem “não virar bandido” (62%). Além disso, 46% concordaram com o trabalho infantil, principalmente como forma de ”ocupar o tempo ocioso”.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto lpsos em 134 municípios em novembro, por iniciativa da Fundação Jose Luiz Egydio Setúbal e do Instituto Galo da Manhã, que atuam em iniciativas sociais voltadas à infância e populações vulneráveis. O trabalho mostrou maior aceitação da igualdade de gênero na criação das crianças: 72,9 % responderam que meninos e meninas devem ser criados da mesma forma, porcentagem próxima dos que concordam a criação pelo diálogo (71.8%).

No entanto, 81,6% dos entrevistados afirmaram que a criança deve sempre obedecer aos mais velhos sem questionamentos e 62,5% concordaram com a frase “émelhor bater hoje do que o filho virar um bandido”.

“Há um sentimento dúbio: a população reconhece a importância do diálogo, mas também a violência”, afirma Marcos Paulo de Lucca-Silveira, professor de economia da FGV-SP e pesquisador da fundação.

EDUCAÇÃO REPRODUZIDA

Silveira afirma que os fatores socioeconômicos de maior influência foram o nível de educação e a reprodução da educação recebida na sua própria infância. Assim, pessoas com ensino superior e que responderam terem recebido educação baseada no diálogo foram as dos nichos que mais repudiaram o uso da violência.

“As pessoas reproduzem a educação que receberam. Pode ser que a longo prazo, tenhamos redução do reconhecimento de violência”, diz Silveira.

A cuidadora de idosos Renata Francisca Teles, de 37 anos, segue o exemplo que recebeu dos pais e está entre os que acreditam que a palmada surte efeito no processo de educação e serve como correção para que o filho não se desvirtue na idade adulta. A cuidadora diz que tem o diálogo como passo inicial para resolução de conflitos com os filhos de 15 e 3 anos, mas, caso não obedeçam, não vê problema em “dar um tapinha na bunda”.

“Se damos um tapinha hoje, somos reféns da Justiça, mas se nossos filhos crescem com má índole, somosculpados por não saber educar. Eu vim de uma família que o olhar bastava para que eu obedecesse e aqui em casa tento ser assim. Mas meu filho mais novo, por exemplo, só obedece se eu disser “para, senão vou te bater”, afirma Renata.

Assim como Renata, a confeiteira Elis Silva, de 43 anos e mãe de dois, diz ter tido uma infância rígida, em que apanhou algumas vezes. Mas ao contrário da cuidadora, não usou a forma como foi educada como exemplo. Elis é contra a violência física e diz prezar pela conversa, mesmo em momentos de muito estresse. A confeiteira acredita que o tapa pode estimular crianças a se revoltarem e terem medo dos próprios pais:

“Os meninos já falam “Já vem o sermão”, quando chamo para conversar. Se você bate, a criança não obedece, ela sente medo. Em alguns casos, ela já sabe que vai apanhar, mas continua bagunçando porque não tem mais respeito pelos pais. Mas é complicado julgar. Tem pessoas que dão muito amor e carinho aos filhos e eles viram bandidos. Tem pais desleixados que os filhos crescem corretos”.

TEORIA E PRÁTICA

Para os pesquisadores, a aceitação de maus-tratos em alguns contextos traz uma segunda contradição: quem aceita que o tapa seja dado não necessariamente reconhece que o usa. “As respostas sugerem que a população reconhece que práticas de maus-tratos e violências (psicológicas e físicas) estão presentes nas formas de educar da sociedade brasileira contemporânea. Mas quando as pessoas são interrogadas sobre a aceitação de tais práticas e, especialmente, se as realizam, os números caem significativamente”, diz a análise da pesquisa. Essas variações entre  percepção de ocorrência, concordância e prática têm semelhanças com as encontradas em pesquisas de opinião famosas sobre racismo no Brasil: a maior parte dos brasileiros reconhecia a existência de racismo no país, mas não se considerava racista”.

“As pessoas que dizem que apanharam e hoje são dobem talvez nem saibam, mas podem manifestar essa violência sofrida em outras áreas da vida dela”, avisa o professor André Grimião, que usa o mesmo diálogo com que foi educado com o filho Antônio, de 7 anos.

O estudo mostrou um grande apoio (46%) no trabalho infantil para impedir que a criança fique ociosa. A justificativa superou até mesmo o argumento do trabalho como ajuda financeira aos pais (26%).

“ A justificativa mais aceita não era óbvia. Basicamente, a ideia do ócio se associa a ficar na rua. Isso é muito próprio da realidade brasileira, um posicionamento muito claro antiócio, antirrua  porque vivemos numa sociedade que tem graus de violência e desigualdade. Isso se expressa no medo de virar bandido”, considera Silveira.

A pesquisa também mostrou que só 33% tomariam alguma ação se vissem crianças sofrendo maus-tratos na rua, chamando o conselho tutelar ou abordando os responsáveis. A maioria (45%) respondeu que não agiria por desconhecer a situação ou não sentir necessidade de intervenção, e 17% disseram que ficariam com medo de intervir.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE ALEGRIA PARA A ALMA

DIA 11 DE JANEIRO

PROSPERANDO NO DESERTO

Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o Senhor o abençoava (Genesis 26.12).

A crise é uma encruzilhada. Uns colocam os pés na estrada do fracasso; outros caminham seguros rumo à vitória. Era um tempo de fome na terra. Deus disse a Isaque: Não desça ao Egito. As aparentes vantagens do mundo podem ser laços mortais para os nossos pés. Isaque permaneceu onde Deus ordenou. Ali reabriu os poços antigos e cavou novos poços. Ali viu o deserto florescer. O melhor lugar para estarmos é no centro da vontade de Deus. Não somos governados pelas circunstâncias; andamos por fé. Somos filhos da obediência. Isaque se tornou riquíssimo num tempo de fome. Numa época em que todos fracassavam, ele prosperou. Chegou a colher cento por um em suas lavouras. Suas ovelhas e bois se multiplicaram. A mão de Deus era com ele. Os filisteus contenderam com ele; contudo, em vez de brigar, ele abriu mão de seus direitos. Sabia que a amargura de alma tinha um preço mais alto do que estava disposto a pagar. Avançou abrindo novos poços. Onde colocava a planta de seu pé, Deus abençoava. Mais tarde, seus adversários tiveram de reconhecer que Isaque era um abençoado de Deus e reconciliaram-se com ele. Porque Isaque confiou em Deus, ele prosperou no deserto. Porque obedeceu a Deus, horizontes largos se descortinaram diante dos seus olhos. Porque não azedou sua alma com contendas, ganhou o coração dos próprios desafetos.

GESTÃO E CARREIRA

JUSTIÇA REDUZ JORNADA DE MÃE DE CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

Em decisão provisória, juíza cita perspectiva de gênero e protocolo do CNJ para reduzir desigualdades no trabalho

Uma servidora da saúde pública de São José do Cerrito, no interior de Santa Catarina, conseguiu decisão provisória na Justiça do Trabalho para reduzir sua carga horária, de modo que ela possa acompanhar o tratamento médico do filho.

Na decisão, a juíza Andrea Cristina de Souza Haus Waldrigues, da 3ª Vara de Trabalho de Lajes (SC), usou um protocolo lançado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2021 que prevê uma série de parâmetros para que as decisões judiciais sejam também instrumentos de redução das desigualdades entre homens e mulheres.

A servidora pediu administrativamente para ter a jornada reduzida de 40 horas para 30 horas semanais, encerrando o dia de trabalho às 13 h. Segundo laudo apresentado no mandado de segurança, o filho dela tem um tipo de paralisia cerebral que o faz depender de auxílio para todas as atividades diárias.

O município negou o pedido por entender que a legislação trabalhista não prevê esse tipo de direito, tampouco a lei que protege pessoas com deficiência. Além disso, a prefeitura afirmou que não poderia assumir nova despesa, uma vez que a redução do horário da servidora deixaria um espaço na escala – ela trabalha em um posto de saúde.

O impedimento, disse a gestão municipal, vem da lei complementar 173, do pacto federativo, por meio do qual o governo federal enviou recursos aos governos mediante compromisso de não aumentarem as despesas com pessoal.

Para a  juíza, os vetos previstos no pacto federativo não dispensam o município do cumprimento da determinação, que poderá substituir a servidora com remanejamento de pessoal ou readequação do horário de atendimento.

“Trabalhadoras gestantes e lactantes (…) por estarem inseridas num modelo de regras e rotinas de trabalho estabelecidos a partir do paradigma masculino, pensado para os padrões do “homem médio” acabam vítimas de discriminações decorrentes deste modelo que não as acolhe”, diz trecho do documento, destacado pela juíza na decisão.

 Haus Waldrigues afirma que a análise do caso sob a perspectiva de gênero, eis que se trata de mulher, empregada, mãe, e cujo filho demanda cuidados constantes devido a sério problema de saúde” é mais do que atual. Em outro excerto incluído pela juíza, o arranjo das relações do trabalho é considerado sexista e projetado a partir de necessidades masculinas.

“A busca das mulheres e de outras minorias, consideradas as diversas interseccionalidades, para se manter num mercado de trabalho que não os acolhe, propicia práticas discriminatórias não menos perversas e excludentes. Reproduz-se na  execução da relação empregatícia os mesmos preconceitos, os mesmos mitos e as mesmas crenças arraigadas no imaginário social, intensificando as desigualdades que, de tão repetidas, tornam-se invisíveis e imperceptíveis, reforçando o lugar de inferioridade destes grupos na pirâmide”, escreveu a magistrada, reproduzindo trecho do protocolo do CNJ.

O documento citado por ela para conceder a redução da jornada é um extenso protocolo – tem 132 páginas ­ produzido em um grupo de trabalho criado para colaborar com políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres e também de incentivo à participação feminina no Judiciário.

Na liminar a magistrada também considerou o direito à melhoria contínua nas condições de vida das pessoas com deficiência – a garantia é prevista na convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência.

A Prefeitura de São José do Cerrito e o advogado que a representou no processo foram procurados, mas não responderam até a conclusão desta edição. O município pode recorrer da liminar.

EU ACHO …

LIBERDADE E AMOR

Começou a estudar psicanálise e parou. Foi então para a Suécia. Trabalhou em Uppsala, depois em Varsóvia e por fim em Hamburgo, como diretor do Instituto Francês. Após um tempo como professor de psicologia e filosofia na França, passou três anos lecionando na Tunísia. Em 1968, participou de uma universidade experimental em Vincennes e se engajou em muitas ações políticas. De 1970 até sua morte, em 1984, foi professor de História dos Sistemas de Pensamento em Paris, passou um pequeno período em Berkley e também no Japão, onde se dedicou ao zen-budismo.

Esse é um pedacinho do currículo do filósofo Michel Foucault. A exemplo dele, eu adoraria trabalhar numa faculdade de um país, depois no jornal de outro país, ser professora numa universidade europeia, engajar-me em movimentos na América, fazer um doutorado nos Estados Unidos e um retiro espiritual num ashram. Mas teria que carregar a família junto.

Cada vez que leio sobre pessoas que viveram inúmeras experiências mundo afora, fico imaginando quantas outras não gostariam de fazer o mesmo. Mas quem vai levar o filho no colégio, quem vai dar atenção à mãe doente? Não dá para simplesmente chutar o balde e virar as costas.

Por isso é tão importante agente se perguntar, ainda no início da vida adulta, o quanto estamos dispostos a negociar nossa liberdade.

Desde cedo, percebi minha inclinação para viver solta, mas não quis abrir mão de ser mãe. Acreditava que a intensidade deste envolvimento amoroso seria a maior das aventuras, meu profundo mergulho emocional. Então respirei fundo e embarquei na maternidade,

acreditando que mais adiante, com filhos adultos, voltaria à liberdade possível, sem me dar conta de que esse momento coincidiria com o envelhecimento dos meus pais. E agora?

Agora, gracias a la vida. Familiares e amigos íntimos são espelhos que reforçam nossa identidade. Raízes prendem, mas também fortalecem. Posso viajar, trabalhar, amar, posso o que eu quiser, ainda que não usufrua 100% do meu livre arbítrio. Para mim, que nasci com longas asas, não é muito fácil, mas foram escolhas bem pensadas. Como dizia Foucault, precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta, e o desejo de ser livre faz parte disso, mas liberdade não é apenas ir e vir. Optei pelos vínculos afetivos como conforto contra a passagem do tempo e para povoar minha existência de sentimentos mais generosos do que apenas o egoico amor por si mesmo. Já que não dá para ser uma globe-trotter o tempo todo, viajo através da minha força criativa e do meu pensamento, que foi desobstruído pela leitura e atravessa qualquer fronteira. Temos um ano inteirinho pela frente. Não importa em que condições, que sejamos todos livres, cada um traçando seu próprio plano de voo.

*** MARTHA MEDEIROS

ESTAR BEM

VEJA 10 DICAS PARA MANTER A SAÚDE MENTAL EM 2022

Dar nomes aos sentimentos e às doenças mentais que enfrentamos, encontrar propósito em ações cotidianas e melhorar a qualidade do sono são algumas estratégias apontadas por especialistas para alcançar o equilíbrio

O ano de 2021 foi cheio de traumas emocionais. Houve uma grande expectativa por vacinas, seguida de acontecimentos confusos. Sentimos uma ponta de esperança, pois muitas pessoas foram vacinadas, mas logo depois vieram as novas variantes descobertas, um ciclo tumultuado de notícias e confusão generalizada em torno da pandemia.

A boa notícia é que pessoas em todo o mundo – incluindo especialistas, figuras públicas e crianças – começaram a falar de forma mais aberta e útil sobre a importância da saúde mental.

Com a chegada de um novo ano, reunimos os principais conselhos dos especialistas publicados nas reportagens mais populares do Jornal New York Times para ajudar a manter a calma em 2022.

DÊ NOME AO SENTIMENTO

Em abril, Adam Grant já havia anunciado: “O definhamento pode ser a emoção dominante de 2021”. As pessoas certamente sabiam que estavam sentindo alguma coisa, mas não era exatamente esgotamento, depressão nem mesmo tédio.

“Definhamento é o filho do meio negligenciado da saúde mental”, descreveu Grant. “É o vazio entre a depressão e o florescimento – a ausência de bem-estar.”

Ele listou algumas dicas para curar o definhamento, mas o primeiro passo proposto por Grant foi simplesmente dar nome ao sentimento. Isso nos fornece “um panorama mais claro para o que tinha sido uma experiência embaçada”,  escreveu ele, além de uma resposta socialmente aceitável à perguntas “Como vai você?”

DÊ TAMBÉM UM NOME À SUA DOENÇA MENTAL

Embora Lily Burana sempre tenha sido franca sobre sua depressão e ansiedade, obter um terceiro diagnóstico – para TDAH – tornou mais difícil discutir sua saúde mental com clareza, ela escreveu. Então Burana deu a “todo o pacote” um apelido: Bruce. Assim como o cantor (Bruce Springsteen), uma figura pública que tem sido bem transparente sobre suas próprias lutas com a saúde mental.

“O apelido me permite manter as pessoas informadas de maneira eficiente sobre meu status, como em: “Bruce teria realmente me deixado para baixo esta semana”, escreveu ela. “O apelido me ajuda a iluminar minha própria escuridão.”

ENCONTRE PROPÓSITO NAS ATIVIDADES COTIDIANAS

Um crescente corpo de pesquisas mostra que existem passos simples que você pode seguir para recarregar suas baterias emocionais e despertar uma sensação de realização, propósito e felicidade. A comunidade da psicologia chama essa combinação elevada de aptidão física, mental e emocional de “florescente.”

Uma maneira fácil de chegar lá é fazer suas atividades cotidianas com mais propósito. Algo tão simples como limpar a cozinha ou cuidar do quintal, ou mesmo lavar as fronhas, pode levar a uma sensação de realização. Defina um cronômetro de 10 minutos e faça uma corrida curta ou tente uma meditação de um minuto.

TENTE MEDITAR EM QUALQUER LUGAR

Seu cérebro é como um computador, com uma quantidade limitada de memória e processamento, disse Judson Brewer, diretor de pesquisa e inovação do Mindfulness Center da Universidade Brown. É por isso que emoções negativas como ansiedade e estresse podem tornar mais difícil pensar ou resolver problemas. “A primeira coisa que temos que fazer é focar no memento presente para que possamos nos acalmar”, disse Brewer, que sugeriu manter esta técnica de meditação na bolsa:

Segure uma mão à sua frente, os dedos abertos. Agora, lentamente, trace a parte externa de sua mão com o dedo indicador da outra mão, inspirando quando você sobe um dedo, e expirando quando você traça para baixo. Mova para cima e para baixo todos os cinco dedos. Depois de traçar toda a sua mão, inverta a direção e faça novamente.

PERMITA-SE SOFRER ‘PEQUENAS’ PERDAS

Na hierarquia do sofrimento humano durante a pandemia, um baile de formatura ou férias cancelados ou a perda de tempo com os netos podem não parecer muito, mas os especialistas em saúde mental dizem que todas as perdas precisam ser reconhecidas e lamentadas. Precisamos nos dar permissão para lamentar, escreveu Tara Parker-Pope em um artigo a respeito do luto privado de direitos.

“Depois de aceitar que seu luto é real, existem etapas que você pode seguir para ajudá-lo a lidar com a situação”, disse ela. “Considere plantar uma árvore, por exemplo, ou  encontrar um item que represente sua perda, como passagens aéreas canceladas ou um convite de casamento, e enterrá-lo.”

SE PRECISAR, TIRE UMA FOLGA EM DIAS TRISTES

Quando o cérebro e o corpo precisam de uma pausa, tirar um dia de folga do trabalho ou da escola para cuidar da saúde mental pode ajudá-lo a descansar e recarregar as energias. Como disse Christina Caron, psicóloga clínica: “Você não se sentiria mal por tirar uma folga quando estivesse doente. Você não deve se sentir mal por tirar uma folga quando está triste”.

Você não precisa contar a ninguém porque está tirando uma folga. Na maioria das situações, basta dizer que você precisa tirar um dia de folga e deixar por isso mesmo, disseram os especialistas a Caron. Mas tente não passar o dia checando suas mensagens ou se sentindo culpado. Faça um plano para fazer algo que o ajudará a descansar.

ANTES DE DORMIR, ANOTE O QUE ESTÁ INCOMODANDO VOCÊ

O sono cronicamente ruim é mais do que apenas um incômodo. Ele enfraquece o sistema imunológico, reduz a capacidade de memória e atenção e aumenta a probabilidade de depressão. Anahad O’Connor que relatou o aumento dos distúrbios do sono durante a pandemia, disse que um dos tratamentos mais eficazes para “coronasônia” era a terapia cognitivo-comportamental, ou TCC, porque essa abordagem ajuda a lidar com os pensamentos, sentimentos e comportamentos subjacentes que estão arruinando seu sono.

Uma estratégia inspirada na TCC é anotar todos os pensamentos, sobretudo algo que esteja incomodando, duas horas antes de dormir, e depois a massar o papel e jogá-lo fora. O gesto traz força e acalma a mente, disse um médico do sono em entrevista à O’Connor.

CONTE OVELHAS…OU O QUE FOR

Anda acordando às 3 da manhã? Anahad O’Connor também deu conselhos para essa situação, como limitar a ingestão de álcool e reduzir a cafeína. Nossos leitores deram outras dicas: Maria De Ângelo, uma professora de Los Angeles que também reforma casas, disse que fecha os olhos e pensa em um complicado esquema de fiação elétrica em uma cozinha que ela restaurou. O exercício mental induz ao tédio, assim como contar ovelhas, o que a ajuda a voltar a dormir.

Em outras noites, para misturar as coisas, De Ângelo fecha os olhos e recita os nomes de todos os estados da América em ordem alfabética. “Eu ainda não consegui passar de N”, disse ela. “Qualquer um dos métodos (ou ambos) funcionará 95% do tempo”.

SE PUDER, RETRIBUA

Muito antes de uma pandemia separar as pessoas de seus entes queridos, os especialistas alertavam sobre “uma epidemia de solidão” nos Estados Unidos. Uma cura potencial? Bondade para com os outros. Christina Caron escreveu um artigo sobre os benefícios do voluntariado. Pesquisas mostram que retribuir pode melhorar nossa saúde, aliviar sentimentos de solidão e ampliar nossas redes sociais. Comece estabelecendo uma pequena meta, como ser voluntário uma vez por semana, ou mesmo uma vez por mês, e siga a partir daí.

PEGUE LEVE COM VOCÊ MESMO

Durante nosso Fresh Start Challenge de duas semanas, Tara Parker-Pope ouviu muitos leitores que estavam se repreendendo por ganhar peso em excesso ou se exercitar menos do que o desejável durante seus bloqueios pandêmicos. Sua resposta? “Envergonhar-se é contraproducente”. Em vez disso, pratique a autocompaixão. Uma das maneiras mais acessíveis de experimentar isso é fazer a si mesmo a seguinte pergunta simples: “Do que eu preciso agora?”

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

O SEGREDO DOS SUPERDOTADOS

Como funciona a mente de crianças e adolescentes com alto Q.I. e o que os pais devem fazer para que os jovens sejam felizes e saudáveis

Gênios mirins sempre fascinaram a humanidade. O austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) começou a construir a sua reputação ao compor sofisticados minuetos aos 5 anos. No xadrez, o americano Bobby Fischer (1943-2008) ganhou seu primeiro campeonato mundial – e foi alçado à fama – ainda adolescente, aos 15. Crianças com altas habilidades mentais, os chamados superdotados, apresentam características como raciocínio rápido, criatividade, foco, prazer em ler e estudar e, claro, notas excepcionais na escola. Enfim, elas são diferentes –  e extraordinárias. Por isso mesmo, encantam por onde passam.

No Brasil, um caso recente chamou atenção. O paulistano Gustavo Saldanha, de 8 anos, tomou-se o mais novo membro da Mensa internacional, associação fundada em 1946 na Inglaterra, presente em mais de 100 países e que reúne cerca de 150.000 superdotados. A inclusão é feita após a realização de testes de quociente intelectual (Q.I.), que usam escalas para mapear o funcionamento cognitivo, funcional e adaptativo, de bebês a idosos. O jovem prodígio brasileiro obteve 140 pontos, bem acima da média mundial, que ronda os 90. Os primeiros testes do tipo foram realizados há cerca de um século e até hoje têm critérios controversos e diferentes em cada país, motivo pelo qual especialistas sugerem que o número não seja supervalorizado. Estima-se que o cientista alemão Albert Einstein, que nunca fez o teste, tivesse 160 de Q.I.

Gustavo não está só. De acordo com o Censo Escolar de 2020 , há exatos 24.424 estudantes brasileiros com perfil de altas habilidades matriculados na educação especial. O número total é bem maior. A Organização Mundial da Saúde estima que até 5% da população mundial apresente esse dom. Levando em conta os 47 milhões de alunos da educação básica, conforme dados oficiais do Ministério da Educação, o contingente de brasileiros geniais passaria de 2 milhões.

Vale ressaltar que há tempos ruiu o mito de que a inteligência seja um bloco único. A ciência hoje trabalha com diversos tipos de inteligência, como linguística, corporal, espacial, lógico- matemática, musical e intrapessoal (autoconhecimento), para citar apenas alguns exemplos. Por meio de técnicas de contraste e ressonâncias eletromagnéticas, os neurocientistas já conseguiram confirmar que o cérebro de um superdotado funciona de forma distinta. Sabe-se que o córtex cerebral desses prodígios é menor que a média na infância, mas aumenta e se sofistica ao se aproximar da adolescência. Eles também apresentam maior volume de matéria cinzenta, o que lhes confere habilidade para lidar com dados e extrair conclusões, e as suas conexões neurais são mais velozes. Há casos de mentes autodidatas. A neuropsicopedagoga Priscilla Melim notou algo especial no filho Pedro quando ele tinha apenas 1 ano. “Ele nem falava, mas já sabia identificar todas as letras e números sem nunca ter sido estimulado”, conta. Aos 13, Pedro realiza uma série de atividades extracurriculares e, segundo a mãe, mergulha em um determinado assunto de interesse e depois já parte para outro.

O fenômeno levanta um questionamento: as altas habilidades são hereditárias? “A influência genética é importante para tudo e responde por 40% a 50% da inteligência, mas o ambiente pode tanto estimular quanto inibir habilidades inatas”, explica o neuropediatra Mauro Muszkat, coordenador da Unifesp. “É o que chamamos de epigenética.” Por essa razão, a sociedade deve oferecer oportunidades enriquecedoras para que os dons se manifestem, não o caminho inverso. “No Brasil, a desigualdade social achata a curva do desenvolvimento cognitivo e impede a manifestação de talentos invisíveis”, aponta Muszkat.

Um bom exemplo vem do Japão, onde Shinichi Suzuki (1898-1998), filho de um fabricante de violinos, revolucionou o ensino musical. Com a experiência de ter sido aluno do mestre alemão Karl Klinger, em Berlim, nos anos 1920, ele deu início a seu projeto batizado de Educação de Talento, na cidade de Matsumoto, em 1945, quando o país se recuperava da II Guerra Mundial. Sua metodologia era baseada no preceito de que toda criança nasce com um potencial a ser desenvolvido, em seu devido ritmo de aprendizagem e grau de mestria, quando exposta ao ambiente adequado. O Método Suzuki é hoje celebrado e adotado em diversos países, inclusive no Brasil.

A música, aliás, costuma forjar – e revelar – mentes brilhantes. Gustavo Saldanha se descobriu superdotado ao entrar em contato com a obra dos Beatles. “Ele é destro, mas toca como canhoto só para imitar o seu grande ídolo, Paul McCartney”, conta a mãe, Luciene Saldanha. Embora importantes, testes de Q.I. não são recomendáveis a todas as crianças, pois podem estimular um espírito de competição precoce e nocivo. A psicometria, no entanto, é bem-vinda quando se notaum desempenho fora do padrão, para cima ou para baixo. Além de definir quais rumos pais e professores devem seguir, os testes abrem portas fundamentais, já que as melhores instituições costumam oferecer bolsas e outros benefícios. É o que ocorreu com Laura Büchelle, brasileira de 9 anos, que vive em Orlando, nos Estados Unidos. “Ter o diagnóstico foi um divisor de águas”, diz a mãe, Bruna Buchelle. “A Laura recebe todo o auxílio necessário, até uma carteirinha que dá descontos em  museus.”

Nem tudo são flores, nem mesmo para aqueles que gabaritam os exames. É comum que crianças com alto  Q.I. tenham também problemas de interação social e fiquem entediadas em sala de aula, pois consideram o conteúdo muito simples. O processo de pular de ano na escola ou antecipara entrada na faculdade é comum e legalizado, mas deve ser feito com o devido auxílio profissional. “Nem sempre a maturidade emocional acompanha a cognitiva”, ressalta Joana Portolese, neuropsicóloga da Faculdade de Medicina da USP. “É preciso ter cautela com esses jovens.” Há casos de superdotados com quadros mais leves de transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e ansiedade. São indivíduos hiperfocados em determinado tema, mas sem todas as capacidades de realização à altura. Trata-se do que os especialistas chamam de dupla excepcionalidade, quando há genialidade em determinadas áreas e limitação em outras. Esses casos exigem maior atenção, mas não impedem que a criança seja feliz e bem-sucedida. A língua inglesa chama os superdotados de gifted (presenteados,

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