OUTROS OLHARES

FOME E DESEMPREGO NO BRASIL TÊM COR, APONTAM PESQUISAS

Desocupação, vulnerabilidade no trabalho e insegurança alimentar afetam mais os negros, principalmente as mulheres

A fome e o desemprego, que tiram o sono de milhares de chefes de domicílios têm  colocado as famílias em situação vulnerável e ajudado a ressaltar uma ferida histórica da sociedade brasileira: a desigualdade racial.

Enquanto 59,2% dos negros apresentam algum grau de insegurança alimentar (de leve a grave), esse percentual é de 51% entre brancos.

Os números estão no relatório “Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil’, publicado no início de 2021 pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

A pesquisa também aponta que 43,4 milhões de pessoas não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros enfrentavam a fome. A maioria em insegurança alimentar também é mulher e não completou o ensino médio.

A insegurança alimentar se caracteriza pela falta de acesso e disponibilidade aos alimentos em quantidade suficiente para a sobrevivência.

Para além dos números, a fome ganhou rosto nos últimos meses, seja nas cenas protagonizadas por famílias em busca de alimentos próximos do descarte no centro de São Paulo, seja buscando comida no lixo de Fortaleza, seja acompanhando o trajeto do caminhão do osso no Rio.

Além de rosto, a fome tem cor; gênero e endereço, diz Maitê Gauto, gerente de Programas e Incidência da Oxfam no Brasil.

“As mulheres negras representam 27% da população e ocupam metade dos empregos informais, sobretudo no trabalho doméstico. Elas formam um grupo de alta vulnerabilidade, sem garantia trabalhista e de proteção social.”

Ela ressalta que a relação entre fome e desigualdade racial é direta. Em um cenário de crise, como a causada pela pandemia da Covid-19, a população negra é a primeira a sentir e a última a se recuperar.

“O impacto da crise é muito diferente entre brancos e negros, homens e mulheres, ricos e pobres. A desigualdade no Brasil é construída a partir de estruturas muito profundas da sociedade brasileira.” Moradora de Colombo (Grande Curitiba), Adriana Jesus, 48, é um dos retratos das dificuldades que as mulheres negras enfrentam no mercado de trabalho”.

Ela perdeu o emprego fixo como doméstica no início da pandemia. Agora, quando dá sorte, consegue trabalhar quatro vezes por semana como diarista e complementa a renda distribuindo panfletos.

“Trabalhei com um único patrão por mais de 15 anos, mas eles também ficaram com desempregados na família e tiveram de me demitir. Agora está mais difícil conseguir emprego, não vejo sinais de melhora”.

No segundo trimestre, o desemprego entre identificados como negros e pardos era de 16,2%, e o dos brancos estavam em 11,7 %, segundo dados do Pnad Contínua do IBGE, compilados pela consultoria IDados. Quando se olha para o desemprego que se arrasta por mais tempo, acima de dois anos negros também acabam figurando entre os maiores números. São 2,5 milhões ante 1,4 milhão de brancos.

“A trajetória até chegar ao mercado de trabalho costuma ser muito mais difícil e cheia de desafios para os negros. As crianças brancas são, proporcionalmente, maioria na pré-escola, e mães brancas têm mais oportunidade de continuar trabalhando, sem ter de enfrentar os mesmos riscos de insegurança alimentar”, diz o economista Bruno Ottoni, do IDados.

Ele ressalta que a posição no mercado de trabalho, muitas vezes, acaba funcionando como um resumo das barreiras e dificuldades que os trabalhadores enfrentaram ao longo da vida. O acesso a escolas de qualidade mais baixa e a uma alimentação inadequada acaba se perpetuando no histórico da família.

Francisco Menezes, analista de Políticas da Action Aid, lembra que é impossível separar o cenário atual de desigualdade no acesso dos negros a trabalhos de melhor qualidade da herança histórica escravista e colonial, que fez com que o processo de emancipação dessa parcela da população fosse mais formal do que efetivo.

“Ocorreu também uma destruição de políticas públicas dirigidas para a segurança alimentar, que eram as que amparavam a população mais vulnerável em sua maioria negra, como a política de construção de cisternas no semiárido”.

Para Gauto, embora o auxílio emergencial tenha ajudado muitas famílias, sobretudo ao longo de 2020, algumas ações do governo aumentaram a sensação de insegurança, como a retirada do benefício no fim do ano passado e a volta quatro meses depois, com um valor menor.

“Além disso, a inflação também tem cor, por pesar mais sobre os mais pobres. Do aluguel ao gás de cozinha, a disparada de preços ajuda a perpetuar desigualdades. Alguém tem dúvida de que o maior número de pessoas em situação de risco nas grandes cidades também é algo que poderia ser aliviado com políticas públicas bem formuladas?”

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 31 DE DEZEMBRO

A RECOMPENSA DA GENEROSIDADE

O generoso será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre (Provérbios 22.9).

A generosidade é o caminho da prosperidade. No reino de Deus, você tem o que dá e perde o que retém. Quem fecha as mãos com usura deixa vazar entre os dedos o que tenta segurar, mas quem abre as mãos para abençoar será cumulado de fartura. A alma generosa prospera, mas quem retém mais do que é justo sofre grandes perdas. Quem dá ao pobre empresta a Deus. Aquilo que fazemos ao próximo, fazemos a Jesus. Até um copo de água fria que damos a alguém em nome de Cristo não ficará sem recompensa. Moisés orientou, da parte de Deus, o povo de Israel nos seguintes termos: Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado. Livremente, lhe darás, pois, por isso, te abençoará o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes (Deuteronômio 15.7-10).

GESTÃO E CARREIRA

POR DENTRO DAS PROFISSÕES – ENFERMEIRO

Faltam enfermeiros em boa parte dos países desenvolvidos. E o Brasil é bem servido na área, tanto na quantidade como na qualidade dos profissionais. Resultado: uma porta aberta para quem deseja trabalhar no exterior.

Faltam enfermeiros no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem 27,9 milhões de profissionais de enfermagem atuando em todos os países. Destes, 19,3 milhões são, de fato, enfermeiros. Ou seja, fizeram um curso de graduação na área. Os demais são técnicos ou auxiliares. É pouco. A OMS estima um déficit de 5,9 milhões de profissionais.

O cálculo da OMS não diz respeito ao mercado de trabalho, mas à necessidade social. A maior parte desse déficit, então, se concentra nos países pobres. Mas o fato é que os países desenvolvidos também sofrem com a falta desses profissionais – por conta do envelhecimento populacional, que aumenta a demanda por cuidados hospitalares ano após ano.

Para driblar esse problema, vários governos pelo mundo estão se mobilizando para contratar mais gente. O Reino Unido, por exemplo, planeja recrutar 50 mil enfermeiros até 2024 para trabalhar no NHS, o SUS britânico. Eles calculam que 12 mil virão de outros países.

A Alemanha prevê mais ainda: 300 mil vagas de enfermagem a serem preenchidas até 2030. E sabe que vai precisar de profissionais de fora para preencher a demanda. Em 2019, o ministro da Saúde, Jens Spahn, criou uma agência para reduzir o processo de imigração desses profissionais de dois anos para seis meses.

O Canadá faz algo parecido. Entre maio e novembro deste ano, tocou um programa piloto de imigração para atrair 20 mil profissionais de saúde. A Austrália é outro país desenvolvido que facilita a entrada de enfermeiros interessados em trabalhar no país.

Nesse cenário, o Brasil entra como exportador de mão de obra. Estamos entre os países com maior densidade de enfermeiros. São mais de 100 profissionais para cada 10 mil habitantes, índice semelhante aos do Japão e da França. O Conselho Federal de Enfermagem estima haver 2,5 milhões de brasileiros no setor, sendo 439 mil auxiliares, 1,49 milhão de técnicos e 631 mil com curso superior.

“O Brasil é considerado um grande formador de enfermeiros, tanto na quantidade de profissionais quanto na qualidade do ensino”, afirma Ana Carolina Bhering, coordenadora da área de enfermagem do Senac São Paulo. De fato, os brasileiros ganham pontos no mercado internacional. “A formação do enfermeiro aqui no Brasil é mais generalista. E é isso que os hospitais estão procurando. Lá fora, o curso não tem uma interação com todo o resto do hospital. Ele é bem mais setorizado. Quando chega um profissional brasileiro, percebem que ele tem mais conhecimento sobre as diferentes áreas hospitalares, sabe trabalhar com crianças, adultos e idosos, além de lidar bem com casos de alta complexidade”, diz Mirian Paixão, diretora da empresa de recrutamento Conector RH.

PROCESSO BUROCRÁTICO

A oferta de profissionais no Brasil aliada à demanda no exterior, de qualquer forma, não garante que o caminho para trabalhar como enfermeiro fora do país seja suave. A enfermagem é uma profissão regulamentada. Significa que a graduação é obrigatória – sim, os auxiliares e técnicos ficam de fora dessa história, então simplesmente não podem atuar no exterior. Para quem tem diploma, é preciso revalidar o certificado – e cada local tem suas regras.

Quem cuida disso são os conselhos de enfermagem de cada país. O dos. EUA, inclusive, mantém uma comissão só para avaliar o currículo de enfermeiros estrangeiros: é o Commission on Graduates of Foreign Nursing Schools*. Eles avaliam a grade para garantir que ela seja equivalente aos cursos americanos – e só a tarifa para essa vistoria já custa USS 365.

Se estiver tudo certo, você recebe uma autorização para realizar o exame NCLEX (NationalCouncil Licensing Examination).Trata-se de uma prova de conhecimentos em enfermagem que os profissionais americanos e estrangeiros precisam fazer para poder exercer a profissão. É o equivalente para os enfermeiros americanos ao que o exame da OAB representa para os que se formaram em Direito.

Se a prova for feita lá nos EUA, ela custa US$ 200; se for realizada aqui no Brasil, rola uma taxa extra de USS150. Os estrangeiros também precisam de, no mínimo, dois anos de experiência na área para tentar a sorte.

Quem ainda não conseguiu revalidar o diploma geralmente atua como cuidador. “A gente vê muitos enfermeiros vindo aqui para o Canadá e trabalhando como cuidador de idosos ou de pessoas com necessidades especiais, enquanto passam pelo processo de revalidação”, afirma Cetina Hui, diretora da consultoria de imigração Immi Canada.

Independentemente do conselho local aplicar ou não uma prova, os profissionais precisam estudar sobre a prática de enfermagem no país. Por mais que saúde e doença sejam conceitos universais, as regras e procedimentos clínicos variam de acordo com a legislação. A vacina BCG, por exemplo, não é obrigatória na Itália e nos EUA. No Brasil, os bebês recebem nas primeiras horas de vida.

Nesse processo de revalidação, é preciso reunir toda a sua documentação profissional: diploma, descritivo e carga horária das disciplinas mais os comprovantes de estágio e de experiências profissionais. Tudo isso precisa de uma tradução juramentada, que garante que as informações são verdadeiras. E aí vêm mais custos: o valor médio de uma tradução desse tipo é de RS100 por página. Além disso, todos os países exigem a comprovação de proficiência no idioma local. Lógico: os profissionais de saúde lidam diretamente com o público e precisam compreender perfeitamente as queixas dos pacientes, além de orientar sobre tratamentos. Não dá para trabalhar na base do enrolation.

Bom, todos os processos que vimos aqui costumam levar de 12 a 24 meses.

UM DIA NA VIDA

O QUE FAZER PARA ATUAR NA ÁREA

Curso superior em Enfermagem e experiência de, pelo menos, três anos na área. Especializações e cursos de pós-graduação são bem-vindos. Mas todos os diplomas precisam ser validados no novo país. E, claro, o domínio avançado do Idioma local é indispensável.

PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS

Para a profissão, empatia, escuta ativa e perfil de liderança. Para o processo de imigração, organização e inteligência emocional, para lidar com as diferenças culturais.

PONTOS POSITIVOS

Além da experiência internacional, os profissionais que decidem sair do país têm contato com novas tecnologias e tratamentos de saúde. O salário, dependendo do país e da cotação da moeda, não se compara. Na Alemanha, por exemplo, são quase RS 20 mil, contra cerca de RS 6 mil no Brasil.

PONTOS NEGATIVOS

Prepare o bolso e a paciência. O processo de imigração e revalidação do diploma pode levar até dois anos e os custos são altos.

QUEM CONTRATA LÁ FORA

Hospitais, postos de saúde, clínicas e empresas, que oferecem serviços de cuidadores.

SALÁRIO MÉDIO**

Alemanha     – US$ 3.304

Austrália       – US$ 3.953

Canadá          – US$ 3.553

EUA                – US$ 4.410

Irlanda           – US$ 3.758

Reino Unido – US$ 3.389

Portugal        – US$ 1.422

** Fonte: Glassdoor 3.953

EU ACHO …

EMPATIA EM CONSTRUÇÃO

Quando você quer ou precisa perder ou ganhar peso por alguma razão, o que você faz? Não sou autoridade no assunto, mas na minha cabeça, o modo mais eficiente é ser intencional.

Procurar ajuda de especialistas é uma forma de começar, por exemplo. E eles vão apoiar em pontos fundamentais para o alcance do objetivo como na alimentação, exercícios físicos e conselhos sobre sono.

O que eu estou falando aqui não parece novidade, certo? Apenas reforço que enxergo que intencionalidade é chave em tudo o que quisermos tirar do papel. Por que na construção da empatia seria diferente? Há quem diga que sentimentos e afinidades devem nascer naturalmente. Acredito cada vez menos nisso como única alternativa.

Alguns afirmam que não lutam por uma determinada causa por não sentirem proximidade com a pauta no coração ou por não terem lugar de fala. Mas já sabemos que não é preciso ser homossexual para lutar pela inclusão LBGTQIA+, tampouco negro ou indígena para lutar pela luta antirracista ou pessoa com deficiência para lutar pela luta anticapacitista.

Ou seja, não é preciso viver exatamente o que outra pessoa vive para se projetar e entender suas perspectivas.

Repare, não estou falando em se identificar ou se conectar completamente. Estou falando em ouvir e não reduzir o que o outro sente e mudar hábitos, que precisamos desnaturalizar, que inferiorizam e hierarquizam pessoas e grupos.

Ao se disponibilizar intencionalmente para ouvir e se aprofundar em narrativas que não sejam semelhantes às suas, você se faz um favor e traz perspectivas que complementam visões de mundo.

Cabe também desmistificar que ser intencional sobre algo que não faz seu coração bater mais forte não faz desta uma relação meramente artificial. Muitas vezes nos deixamos levar pelo mito do “faça só o que você ama” e deixamos de entender o amor como uma construção. Como amar aquilo que você não conhece? Precisamos intencionalmente nos permitir conhecer diversas pautas, assuntos, pessoas para nos aproximarmos, pelo menos.

Pouco a pouco, entendi essa mesma lógica nas minhas relações. Você já reparou o perfil de pessoas com as quais se relaciona mais profundamente? Faça uma autocrítica sincera e observe suas cores e raças, orientações sexuais, origens. Eu percebi que me relacionava de maneira pouco profunda com algumas colegas, especialmente as brancas, em ambientes fora do trabalho. Convivemos mais com pessoas parecidas com a gente. Afirmamos ser amigos de alguém só por estarmos em mesmos grupos de WhatsApp, mas sabemos pouco sobre quem é diferente da gente. Vivemos em bolhas, mesmo sem admiti-las. Mas será que estamos dispostos a furá-las?

Liguei para algumas delas e perguntei porque nunca marcamos um momento para nossos filhos brincarem juntos, por exemplo. Algumas me olharam torto. Chamo isso de tentar furar a bolha. Medo do silêncio, da falta do assunto e do julgamento sempre vai existir, mas se não tentarmos, não saberemos.

Ainda não conseguimos marcar.

Liguei para algumas colegas negras e perguntei por que nossos cafés ou jantares são sempre adiados em função das agendas. Minha pauta é: “Bora nos priorizarmos?”

Grandes mudanças nascem de interações diárias e constantes, sejam com pessoas com as quais tenhamos mais ou menos proximidade. E, em ambos casos, tenho estado nessa jornada de ser mais intencional e priorizar momentos para nutrir a minha bolha, bem como para furá-la.

Permita-se fazer isso de vez em sempre. Que tal tentar?

*** LUANA GÉNOT

lgenot@simaiguadaderacial.com.br

ESTAR BEM

CAUTELA NO USO DA ASPIRINA

Uso diário da droga pode agravar risco de insuficiência cardíaca

O maior estudo já realizado sobre o uso da aspirina para evitar complicações entre pacientes que já possuem risco para insuficiência cardíaca terminou com resultados preocupantes. O trabalho indicou que o medicamento não apenas é ineficaz para a prevenção, mas também torna esses pacientes 26% mais propensos a desenvolver o problema.

O trabalho, publicado numa revista da Sociedade Europeia de Cardiologia, é uma análise do projeto Homage de acompanhamento clínico, que reuniu dados cardíacos de 46 mil pessoas nos EUA e na Europa. O estudo atual usou um subgrupo de 30 mil pessoas, o maior até agora para investigar o efeito da aspirina na prevenção de insuficiência cardíaca.

Foram reunidos 5 anos de dados entre pessoas com média de idade de 67 anos, um quarto deles relatando consumir aspirina diariamente como forma de prevenção. Liderado por médicos da Universidade de Leuven (Bélgica), o estudo foi o capítulo mais novo num cenário de pesquisa com histórico de resultados contraditórios.

“O uso de aspirina foi associado com um risco aumentado de insuficiência cardíaca em pacientes recebendo aspirina com ou sem histórico prévio de doença cardiovascular. Na ausência de evidências conclusivas em ensaios clínicos, nossas observações sugerem que a aspirina deva ser prescrita com cautela a pacientes sob risco de insuficiência cardíaca ou que já apresentem esse quadro”, escreveram os cientistas em artigo no periódico ESC Heart Failure.

Os pesquisadores reconhecem que o estudo tem algumas limitações, como a de que o uso da aspirina foi autodeclaratório, ou seja, sem acompanhamento frequente. Este não foi o primeiro trabalho a jogar dúvida sobre o uso preventivo do remédio pata cardíacos, mas talvez tenha sido o mais preocupante até agora.

SURPRESA NO RESULTADO

Por ampliar o risco de hemorragias intestinais e cerebrais em algumas pessoas, a prescrição de aspirina diária preventiva já vinha sendo objeto de cautela por parte dos médicos. Mas o fato de ela elevar o risco do próprio problema cardíaco que ela buscava prevenir surpreendeu os médicos.

“O estudo ter investigado mais um ponto potencial em que a aspirina pode ser deletéria foi importante”, afirma Evandro Tinoco Mesquita, presidente do departamento de insuficiência cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia – O aumento de risco em 26% foi uma surpresa. Embora não se trate de um ensaio clínico randomizado, como se desejaria, o achado foi bem consistente.

Para Mesquita, um aspecto importante do estudo é ele ter acompanhado voluntários sem histórico de doença cardíaca, mas com fatores de risco com tabagismo, obesidade, hipertensão e diabetes. No Brasil existe uma cultora popular grande de automedicação nessa população, e foi justamente para eles que a aspirina se mostrou mais nociva que benéfica.

A percepção de que a aspirina é uma droga segura para uso diário começou a mudar na última década. Alguns estudos mostraram tênue efeito positivo do medicamento em prevenção primária (nas pessoas que nunca manifestaram sintomas ou sinais clínicos cardíacos preocupantes) ou secundária (pessoas sem sintomas, mas com algum sinal clínico). Dois estudos recentes feitos em pacientes com risco para insuficiência cardíaca, porém, apontam para o oposto.

“Ensaios clínicos grandes multinacionais em adultos sob risco de insuficiência cardíaca são necessários para verificar esses resultados. Até lá, nossas observações sugerem que a aspirina deva ser prescrita com cautela”, diz o autor do estudo Blerim Mujaj, sobre esses pacientes.

Hoje, mesmo a Associação Americana de Cardiologia, responsável por popularizar o uso da aspirina como prevenção, pede cautela no emprego frequente. A entidade condena automedicação e libera os médicos para prescrever o uso diário a pacientes que já tiveram infarto ou AVC.

Mesquita diz que seria desejável ver estudos maiores.

“As agendas de governo veem cada vez menos a aspirina nesse conceito de droga milagrosa”, diz. O uso ocasional, porém, para febre ou dor de cabeça, ainda é visto como seguro.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

RELIGIÃO E COVID AFETAM CRENÇA NO PARANORMAL

Acreditar em fenômenos sobrenaturais parece oferecer conforto e esperança de conexão em tempos de sofrimento

Existem diversas maneiras de quantificar a crença dos americanos nos chamados fenômenos paranormais. Uma delas é perguntar a um grupo de pessoas representativa da população se elas acreditam em fantasmas. Uma pesquisa de opinião pública conduzida pelo Ipsos em 2019 constatou que 46% acreditam.

Outra maneira de obter um resultado é perguntar se as pessoas têm medo de fantasmas. Este ano, segundo o levantamento Estatístico de Medos Americanos conduzido pela Universidade Chapman, cerca de 9% dos 1.035 adultos entrevistados disseram ter medo de fantasmas, e proporção semelhante de respondentes disse ter medo de zumbis; o número dos que disseram ter medo da corrupção governamental, do coronavírus, ou de distúrbios civis generalizados era muito mais alto.

A última pesquisa do Instituto Gallup sobre fantasmas, em 2005, apontou que 32% dos respondentes disseram acreditar em “fantasmas ou que os espíritos dos mortos possam retornar a certos lugares e em certas situações”.  Quando a mesma pergunta foi feita em 1995, 25% afirmaram acreditar em fantasmas.

Essas crenças estão presentes na mídia e na cultura dos EUA há  séculos. Mas pesquisadores agora estão estudando se sua ascensão pode ser vinculada ao crescimento do número de americanos que declararam não ter afiliação religiosa nas últimas décadas.

“As pessoas estão em busca de outras, coisas, não tradicionais, a fim de responder às grandes perguntas da vida de uma forma que não necessariamente envolva religião”, disse Thomas Mowen, sociólogo da Universidade de Bowling Green.

Como parte de um estudo de longo prazo sobre religião e crenças paranormais, por exemplo, Mowen disse que sua constatação mais recente era de que “os ateus tendem a apresentar crença mais forte em fenômenos paranormais do que as pessoas religiosas”.

No ano passado. a proporção de americanos que faziam parte de congregações religiosas caiu abaixo dos 50% pela primeira vez em mais de 80 anos, de acordo com pesquisa do Gallup. E a porcentagem de pessoas que afirmam não ter religião quase triplicou entre 1978 e 2018, de acordo com o Levantamento Social Geral, uma pesquisa anual conduzida desde 1972 pelo Centro Nacional de Pesquisa de Opinião da Universidade de Chicago. Ainda assim, apesar de os enquadramentos religiosos para refletir sobre o significado da vida e da morte terem perdido popularidade nos EUA, as grandes questões existenciais permanecem.

O Levantamento Social Geral constatou que, apesar da queda das afiliações religiosas ao longo das quatro últimas décadas, a crença em um além da vida se manteve mais ou menos firme: em 1978, cerca de 70% dos entrevistados acreditavam em vida após a morte; em 2018, a proporção registrada foi de 74%.

Como aponta Joseph Baker, um dos autores do American Secularism: Cultural Contours of Nonreligious Belief Systems que descreve a cultura laica americana, “as pessoas agora não são mais parte das religiões organizadas, mas ainda assim têm interesse pelo sobrenatural”.

Programas de TV, filmes e mídia sobre assuntos paranormais continuam a desempenhar papel significativo na perpetuação da crença no sobrenatural. Sharon Hill, autora de “Scientific Americans: The Culture of Amateur Paranormal Researches, um livro de 2017 sobre amadores que pesquisam questões paranormais, vê a ascensão de programas de TV de não-ficção sobre assuntos paranormais, corno ‘Ghost Hunters’, do canal SyFy – cujo pico de audiência foi de três milhões de telespectadores por episódio – como especialmente influente na cultura americana.

Ghost Hunters, que estreou em 2004 e ficou no ar por 11 temporadas em sua versão inicial, retratava a busca de atividades paranormais como uma atividade técnica. “Eles tinham engenhocas, usavam jargão, tudo parecia profissional’, disse Hill. “Era convincente para as pessoas em casa, e a impressão era de que coisas como aquelas aconteciam no mundo”.

E então, “por conta do crescente interesse pelo paranormal, ficou realmente fácil para os jornais sensacionalistas encontrar histórias sobre pessoas que diziam que suas casas estavam infestadas por demônios, ou que tinham visto um fantasma, ou que uma imagem sinistra tinha surgido em sua câmera de vídeo.

A internet permitiu que pessoas de todo o planeta se conhecessem umas às outras com relação aos interesses paranormais, acrescentou Hill. O Reddit se tornou um fórum popular para discutir mistérios. O site acrescentou um novo elemento a essas histórias ao torná-las interativas, com leitores trocando comentários, expandindo a narrativa e participando dela.

Organizações de investigação paranormal nos EUA declararam ter recebido mais solicitações do que costumavam, durante a pandemia.

Don Collins, diretor do Fringe Paranormal, de Toledo, Ohio, que investiga informações sobre aparições não explicadas, disse que foram procurados para investigações residenciais ou em busca de informações pelo menos uma vez por semana este ano, ante a média de um ou dois pedidos mensais antes da pandemia.

“Acho que parte da questão é que porque muita gente precisou ficar em casa por conta da Covid, se existe alguma coisa paranormal de fato acontecendo, agora as pessoas estão em casa para perceber”, disse Collins.

“As pessoas tentam explicar como paranormais coisas que acontecem e para as quais elas não conseguem encontra outras explicações, ele prosseguiu.  “Coisas negativas acontecem ao redor delas, e elas podem atribuí-las a atividades paranormais”.

Baker expressa a questão de outra maneira. “A religião e a crença sobrenatural tendem a avançar em momentos que podemos definir como de crise existencial, ou de um perigo existencial maior”, afirmou.

“O sofrimento e o número de mortes cada vez maiores “ que a pandemia causou significa que as pessoas “apresentam uma probabilidade maior de ter mantido contato com a morte recentemente”, ele disse. “Isso pode despertar questões assim, sobre a  possível presença de espíritos de entes queridos”.

Acreditar no sobrenatural pode até ser fonte de consolo. Emily Midorikawa, que escreveu biografias de mulheres da era vitoriana, oferece um paralelo histórico. “Com certeza houve uma alta real no número de pessoas que passaram a recorrer a médiuns ou buscaram conforto no espiritismo, na época da guerra civil americana “, ela disse.

Então, como hoje, o paranormal era um canal de conexão. Na era vitoriana, sessões espíritas eram ocasiões de convívio em que as estruturas sociais eram menos rígidas, disse Midorikawa.

“Não era incomum, por exemplo, ter uma médium mulher comandando uma sessão e falando a grupos de homens e mulheres”, disse. “Havia um atrativo para as mulheres que iam às sessões apenas como participantes, talvez aquela fosse uma oportunidade de sair de casa e se misturar a outras pessoas em um ambiente um tanto mais incomum – e no qual talvez, existisse um pouco mais de liberdade”.

Hoje, acreditar em alguma forma de paranormal pode representar liberdade de outra espécie, talvez como avenida para conceituar outras possibilidades. Afinal, existem diversos mistérios que simplesmente aceitamos, como parte da vida moderna.

“Uma crença no paranormal talvez não seja vista como um grande salto”, disse Midorikawa, “se pensarmos em todas as coisas com as quais estamos interagindo o tempo todo que bem poderiam ser uma forma de mágica, se considerarmos nossa falta de entendimento sobre elas”.

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