OUTROS OLHARES

PANDEMIA LEVA CANDOMBLÉ E UMBANDA A ENCRUZILHADA DIGITAL

Religiosos adotam videochamada enquanto debatem limites do axé nas rede

Umbandista desde 2018, o professor de ioga Wagner Lanzelotti Filho, 32, procurava um pai de santo do candomblé a fim de receber orientações pessoais e também uma experiência diferente do jogo de búzios. A busca se resolveu por videochamada, a uma distância de 25 km entre sua casa em Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e o bairro carioca da Tijuca, onde estava o sacerdote.

“Não achei tão estranha a ideia, muito embora ache que não teve exatamente toda a energia possível”, diz Lanzelotti. “Não teve a entrada no lugar, o olho no olho, mas para mim foi tranquilo. Virou uma forma de matar uma curiosidade que eu tinha”.

Bem menos visíveis nas mídias, as tradições de matriz africana – que abrangem cerca de 5 milhões de brasileiros, segundo o Datafolha – acabaram por abrir caminhos digitais na pandemia, mesmo que ainda timidamente e longe da unanimidade.

Lives de cerimônias de umbanda já eram cogitadas por pai Denisson d’Angiles, 45, antes mesmo da pandemia. Quando o governo Dória fechou os templos na quarentena, o sacerdote decidiu que era hora de ir à prática no CEU Estrela Guia, que recebia 300 a 400 pessoas na Saúde, zona sul de São Paulo. Hoje, suas giras ao vivo têm média de 15 mil visualizações por transmissão.

“Antes eu tinha certo medo porque, de alguma maneira ia estar expondo mina própria vida familiar”, afirma Denisson, que conduz o terreiro ao lado de sua mulher, Kelly. “Mas em março de 2020 a gente instalou câmeras, reforçamos a rede wi-fi e levamos a ideia à frente, via Facebook. Tudo isso para levar um axé às pessoas, e a repercussão foi ótima”.

Logo na primeira transmissão, porém, o religioso conheceu o lado virtual de um velho problema. Surgiram ofensas de pessoas que denunciavam algo “demoníaco”, enquanto invocavam Jesus eDeus. Ao mesmo tempo, a live caiu por três vezes. O pai de santo se queixou na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância) e no Facebook, sem sucesso. “Tudo isso que estamos fazendo é muito novo, e esse pioneirismo acaba pagando um alto preço. Hoje melhorou, mas ainda tem (intolerância)”.

De qualquer forma, Denisson criou uma defesa: durante as lives, seus filhos de santo “patrulham” a transmissão, respondendo quem chega causando distúrbio digital. Ainda assim, esse tipo de situação faz muitos terreiros hesitarem na vida digital, ou subirem apenas gravações em seus canais.

“Os cultos de matriz africana viveram duas pandemias nesses dois anos: a da Covid e a da perseguição religiosa”, afirma o babalaô e doutor em história comparada pela UFRJ, Ivanir dos Santos, 67, que afirma não crer que lives de rituais sejam possíveis: Trata-se de uma religião do segredo; não faz sentido expor rituais que têm um fundamento no mistério.”

Ivanir reconhece, porém, que muitos babalorixás e ialorixás passaram a oferecer a leitura de oráculos , como os búzios, de forma não presencial. Para ele, trata-se de rara atividade que o candomblé pôde adaptar. “Abrir o oráculo sem a pessoa presente é algo que pode ser feito tranquilamente com base na relação da pessoa com o orixá. Mas há pessoas mais tradicionais que não abriram essa exceção.”

Líder do terreiro Ilê Asé Oyábécy L’Arô, na zona oeste do Rio, mãe Ana Maria OmilL’Arô, 50, não se considera tradicionalista. “A realidade muda. Antigamente, os candomblés eram liderados por mulheres que não tinham outra ocupação a não ser trabalhar em casa. Hoje uma mulher lidera um culto e depois vai dar expediente no Fórum”, diz, com entusiasmo e sotaque carioca.

Sobre a eficácia da videochamada, Ana usa uma lógica irresistível. “Se uma pessoa não precisa estar presente para que lhe façam um feitiço, para o mal, tampouco precisa estar presente para que Ihe façam o bem e lhe abram caminhos, você concorda?”

No entanto, ela afirma não se sentir “nesse patamar” digital. Diz que oraria por pessoas que já frequentassem sua casa e que estivessem sem condições de ir até o terreiro, por exemplo. “Só não me sinto preparada para jogar os búzios, fazer uma oração e entrar numa egrégora(campo energético) com uma pessoa que não conheço, ao mesmo tempo em que ligo o celular.”

Bem mais à vontade está o pai Rodney William, 47, do terreiro Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, em Mairiporã, na Grande São Paulo. Para ele, muitas coisas na pandemia vieram para ficar e será normal se os paulistanos que lidam com distâncias, riscos e o preço da gasolina preferirem continuar na videochamada. “Eu vou confessar a você: eu também prefiro”, conta o babalorixá, que é doutor em antropologia pela PUC-SP e diz ter cinco redes wi-fi em seu terreiro. Para Rodney, a pandemia apenas massificou práticas que já tinham algum histórico. Recorda que Pérsio de Xangô – influente líder do candomblé paulista, que morreu em 2010 – se consultava nos búzios com a célebre mãe Menininha do Gantois (1894-1986), que morava em Salvador. Tudo se dava por meio de ligação interurbana: a pessoa levava suas questões, desligava e recebia a resposta depois.

“Era assim porque era caro. Mas hoje a tecnologia superou esses limites”, diz Rodney.  “Eu que tenho filhos em outros países e continentes, já utilizava a videochamada para o oráculo. O que acontece é que isso agora explodiu, porque as pessoas tiveram mais preocupações e incertezas. Costumo dizer que ninguém trabalhou mais nesse período que os psicanalistas e os pais e mães de santo.”

Pai Rodney afirma que sofreu críticas de seus pares por começar a jogar búzios e fazer ebós (trabalhos) à distância – recebendo pagamentos e doações por Pix. Dessa forma, Rodney diz ter gerado o sustento para os trabalhadores do terreiro, mas também muito debate com líderes de cultos nos grupos de WhatsApp.

Para preservar o mistério ritual, Rodney opta por mostrar fotos nas transmissões, que explicam o que vai acontecer – faz isso para não dar instrumentos aos inimigos virtuais , que podem, por exemplo, descontextualizar uma cena de sacrifício animal para demonizar a fé. E segue acreditando no trabalho digital, citando a mesma lógica de mãe Ana sobre asa bençãos à distância, enquanto ecoa o sociólogo Reginaldo Prandi sobre a tendência paulistana de trazer vanguarda para a crença.

“Se Ogum é o orixá da tecnologia e Exu, o da comunicação, não vejo limites para esse alcance. A tradição que não se adapta, morre na sua pretensão de que as coisas hoje são exatamente como eram há cem, 200 anos. O candomblé muda porque as circunstâncias mudam.”

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 01 DE DEZEMBRO

CUIDADO COM A MULHER RIXOSA

Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa (Provérbios 21.9).

A mulher rixosa é aquela que fala sem parar e briga por qualquer motivo. Trata-se daquela mulher que está de mal com a vida e deixa constrangidos todos à sua volta. Essa mulher é para o marido um tormento, em vez de ser uma aliviadora de tensões. Ela lhe faz mal, e não bem, todos os dias da sua vida. Por ser insensata, destrói sua própria casa, em vez de edificá-la. Longe de ser auxiliadora idônea, é uma rival que compete com o marido. É um peso na vida dele, em vez de um auxílio. Longe de ser uma confidente confiável, tem a língua solta e gosta de espalhar contendas. Longe de ser uma amiga compreensiva, é como vinagre na ferida, que gera mais sofrimento do que alívio. A solidão é melhor do que a companhia da mulher rixosa. É melhor morar no fundo do quintal do que dentro de casa com uma mulher briguenta. É melhor viver sozinho, num canto, no sótão da casa, do que dormindo na mesma cama com uma mulher amarga com a vida, cuja língua só profere palavras de animosidade. O casamento, que foi criado por Deus para ser uma fonte de prazer, torna-se um tormento. O casamento, que foi planejado para ser um jardim engrinaldado de flores, converte-se num deserto árido e inóspito.

GESTÃO E CARREIRA

CARREIRAS QUENTES – II

VENDAS E MARKETING – NA COLA DA TECNOLOGIA

A alta no número de lojas online aumentou também a concorrência dentro do e-commerce e a necessidade de investir pesado nas equipes de marketing. Afinal, as empresas não concorrem mais com a loja do outro lado da rua, ou do outro andar do shopping, mas no terreno digital. “Quem estava olhando para essa área um ano atrás, vê outro setor hoje. A demanda por esses profissionais cresceu em empresas de todos os segmentos e já estamos lidando com funções novas, como analista de marketplace”, diz Carolina Cabral, gerente de recrutamento da Robert Half.

O setor não só se espelha na expansão do TI. Ele também está mais próximo da tecnologia. Alexandre Marquesi, professor da pós-graduação da ESPM, lembra que a principal habilidade exigida hoje dos profissionais de marketing é trabalhar bem com dados. “O mercado quer um profissional que saiba olhar para os dados e encontrar oportunidades ali, que saiba montar uma estratégia a partir disso.” É o famoso business intelligence (BI). Você se baseia nos dados para saber quais produtos podem ser retirados do portfólio ou quais canais de venda precisam de mais investimento para alcançar seu potencial verdadeiro.

Também é fundamental que o novo profissional desse setor entenda de marketing digital – as atividades online, para conquistar mais consumidores, melhorar o relacionamento com os clientes recorrentes e tornar a marca da empresa mais sólida.

“ME COLOCO NO LUGAR DO CLIENTE”

Entender o cliente é tarefa de Uribe Teófilo, 38 anos. Hoje, o paulistano é gerente de produtos da seguradora Youse lnsurance. Mas sua carreira começou em 2007, quando foi trabalhar no Buscapé. Foi lá que ele passou a atuar com comportamento dos consumidores na internet. De seus 14 anos de experiência, ele tira uma lição: é preciso empatia para se dar bem no setor. “Quando estou oferecendo um produto, estou resolvendo um problema do cliente. Mas só consigo fazer isso quando me coloco no lugar da pessoa e escuto o que ela quer.” Nem tudo é na base da habilidade comportamental. De novo: você precisa tratar com carinho as análises de dados – como criar bons testes A/B (metodologia que compara diferentes abordagens de marketing com diferentes consumidores) e saber atuar com a chamada metodologia ágil, ou seja, fracionar as entregas de um projeto, para permitir correções mais precisas ao longo do caminho – uma filosofia que contrapõe o método tradicional, de entregar o pacote completo e só depois ver se funciona.

EU ACHO …

DECLÍNIO E QUEDA DO BANHEIRO MASCULINO

A diversidade sexual e o simples bom gosto impõem o fim do urinol

Apesar dos exageros, o “politicamente correto” melhora muitas coisas na vida cotidiana. Tenho total simpatia pelas inovações no campo dos banheiros públicos, por exemplo.

Coisa mais chata essa divisão entre banheiro masculino e feminino. Minha implicância é profunda e vem de  longe.

Não sei se isso acontece com as crianças de hoje em dia, mas no meu tempo eram comuns os sangramentos de nariz. Interrompe-se a aula: o menino é conduzido à enfermaria.  Não. Nem sempre o caso inspira tais alarmes.

Uma vez, a ajudante da professora achou que o banheiro feminino estava mais perto. Afinal eu precisava só de um algodãozinho. Entramos. Talvez fosse um lugar reservado apenas às mestras e funcionárias: que surpresa!

Sobre uma mesinha, via-se um vaso de flores. Tudo limpo, discreto, organizado, cheiroso.

Era outra situação do banheiro dos meninos — antiquíssimas baias, como banheiros verticais, perfilavam-se com cavidades mortíferas. A memória de muita urina antiga desenhava um mapa amarelo e preto, como uma América do Sul de cabeça para baixo, esvaindo-se num ralo férvido de fungos e miasmas.

Mais tarde, conheci os urinóis brancos, do ripo Marcel Duchamp, lembrando cuecões sem nada dentro.

Nada? Já vi naftalinas, bitucas de cigarro, chicletes, cubos de gelo, piscinas de xixi diluídas pelo entupimento …

Invenção lamentável e bizarra, pornográfica. Ninguém que eu saiba, instala um mictório desses na própria casa. Toda família civilizada  recorre à mesma privada, tranca-se a porta do lado de dentro, e nada mais há a ser dito.

Qual a razão do urinol? Passei boa parte da juventude evitando me aproximar desse receptáculo troglodita. Tinha vergonha. Pior: a vergonha era tanta que o xixi não saía.

Um amigo, tendente à observação intensa e silenciosa da nossa humildade foi certa vez repreendido num banheiro. Esperava a sua vez, atrás de um cidadão que já havia se postado, pernas em 45 graus, diante da louça indiferente. Talvez esse meu amigo tenha se aproximado demais da nuca do urinador desconhecido. Ficou olhando.

Ele se voltou, com cara de poucos amigos. “Se você ficar por perto, meu xixi não sai”. O que responder diante de confissão tão íntima? “Ah: disse apenas o meu amigo.

Meu caso era parecido. Mesmos sem nenhum curioso por perto , meu inconsciente (ou talvez meu superego) recusava-se à atividade tão pura, de micção.

Eu preferia entrar no cubículo da privada. Não é o mais certo? Não é o que fazemos em casa?

Verdade que, muito mais tarde, aprendi um segredinho que, como serviço ao leitor,  compartilho aqui. Para que o xixi saísse nessa situação envergonhante, bastava imaginar que tu eu estava urinando através do dedão do pé. Qualquer um dos dois, não importa.

Mas deixo de lado essa inconfidência para insistir na ideia inversa, a da reserva, da decência. Coisa mais feia, com efeito, essa parede de homens de pé, em colóquio solitário num mictório duro, bruto, fabril!

Claro que é a festa do machão. Ele chacoalha o chocalho como a menina de Angola do Chico. Findo o exercício, celebra o único momento em que lhe é permitido dar uma rebolada.

Nunca foi tão homem: reproduz, com seus iguais, o privilégio ancestral do pipi do papai bípede.

Para ele, o pudor já é sinal de feminilidade. Vestiários, chuveiros, espalhamento de toalhas, encravamento de unha, assoadas de nariz; esta a sua ecologia.

O Brasil é até melhor que outros países. A França é famosa pelos cercadinhos que, com objetividade naturalista, escode só a parte central do corpo urinador. Às vezes, uma portinhola dupla, como nos saloons do faroeste , é a única barreira de privacidade estabelecida pelo poder republicano.

Não; chega desses balangandódromos diluvianos. O banheiro unissex, ou neutro, é o mais racional e correto.

Problemas: alguns homens, com relação à privada, comportam-se como se estivessem no urinol. Há quem, falando ao mesmo tempo no celular, descuide da mira. Justifica-sae a recusa de uma mulher a entrar nesse “sanctum sanitarium” do estabanamento peniano.

E muitas mulheres, depois de tolerar maridos e namorados numa mesa de restaurante, podem desejar um espaço próprio para a conversa e a confidência.

Soluções arquitetônicas e sanitárias já vão surgindo, tenho certeza. Insisto apenas no essencial: o fim do banheiro machão, passo importante, a meu ver, para extinguir o próprio.

*** MARCELO COELHO – é mestre em sociologia pela USP.

ESTAR BEM

TUBERCULOSE PODE SER TRANSMITIDA PELA RESPIRAÇÃO

Nova descoberta muda uma percepção antiga na medicina de que a tosse, seu sintoma mais característico seria a principal forma de contágio da doença, relatam cientistas sul-africanos

Depois de séculos de preceitos médicos estabelecidos sobre a tuberculose, uma equipe de pesquisadores da África do Sul descobriu que a respiração pode contribuir mais para a disseminação da doença do que a tosse, seu sintoma mais característico.

Até 90% das bactérias responsáveis pela tuberculose liberadas por uma pessoa infectada podem ser transportadas em pequenas gotículas chamadas aerossóis, que são expelidas quando a pessoa expira profundamente, estimam os pesquisadores. As descobertas foram apresentadas nesta semana na Conferência Mundial da União sobre Saúde Pulmonar.

O relatório ecoa uma importante descoberta durante a pandemia de Covid-19: o Sars-CoV-2 (novo coronavírus) também se espalha em aerossóis carregados pelo ar, especialmente em lugares fechados – um modo de transmissão que foi amplamente subestimado no início da pandemia.

A tuberculose é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis, que normalmente ataca o pulmão. É a doença infecciosa mais letal do mundo depois da Covid-19, provocando mais de 1,5 milhão de óbitos no último ano – o primeiro aumento  em uma década, de acordo com relatório publicado na última semana pela Organização Mundial  de Saúde (OMS).

Enquanto a pandemia de Covid interrompia o acesso aos serviços de saúde e cadeias de abastecimento ao redor do mundo, 5,8 milhões de pessoas foram diagnosticadas com tuberculose em 2020. Mas a OMS estima que, na verdade, cerca de 10 milhões de pessoas tenham sido infectadas. Muitos podem inconscientemente estar transmitindo a doença para outras.

“Nosso modelo sugere que, na verdade, a geração de aerossol e a geração de tuberculose podem acontecer independentemente dos sintomas”, explica Ryan Dinkele, o estudante de pós graduação da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, que apresentou os resultados.

O ESTUDO

A descoberta ajuda a explicar por que lugares fechados e apertados, como presídios, frequentemente funcionam como criadores de tuberculose, assim como de Covid-19. E a pesquisa sugere que alguns métodos usados para restringir a transmissão do coronavírus – como máscaras, janelas e portas abertas, além de permanecer o máximo possível ao ar livre  – também são importantes para reduzir a tuberculose.

“Aqueles de nós que têm tuberculose olhamos para a Covid e dizemos: “Nossa, é apenas como uma versão acelerada da tuberculose”, disse o epidemiologista da Universidade de Boston, que não estava envolvido na pesquisa, Robert Horsburgh.

Os pesquisadores anteriormente acreditavam que a maior parte da transmissão da tuberculose acontecia quando uma pessoa infectada tossia, espalhando gotículas carregando a bactéria pelo ar.  Até acreditava-se que algumas bactérias eram liberadas quando uma pessoa respirava, mas muito menos do que pela tosse.

COMO É A TRANSMISSÃO

A nova descoberta não muda esse entendimento. Uma única tosse pode expelir mais bactérias que uma única respiração. Mas, se uma pessoa infectada respira 22 mil vezes por dia e tosse cerca de 500 vezes, então a tosse significa apenas 7% do total de bactérias emitidas pelo paciente infectado, explica Dinkele.

Em um ônibus lotado, na escola ou no trabalho, onde pessoas ficam sentadas em espaços confinados por horas, “simplesmente respirar contribuirá com mais aerossóis infeciosos do que a tosse”, diz Dinkele.

Na respiração , a inalação abre pequenos sacos de ar nos pulmões e, em seguida, a exalação carrega as bactérias dos pulmões por meio de aerossóis. Devido ao seu tamanho menor, os aerossóis liberados pela respiração podem permanecer flutuando no ar por mais tempo e viajar mais longe do que aas gotículas emitidas pela tosse. Assim como com a Covid-19, alguns pacientes com tuberculose espalham a doença para muitas pessoas – e podem liberar muitas bactérias – enquanto outros infectam poucas pessoas ao seu redor.

Mas, mesmo que 90% das bactérias expelidas por uma  pessoa infectada fossem transportadas em aerossóis, essa via de transmissão não seria necessariamente responsável por 90% dos novos casos, advertiu a médica, que estuda a doença na Universidade Brown, Silvia S. Chiang.

Ainda assim, dizem especialistas, as descobertas de fato sugerem que os médicos não devem esperar que pacientes com tuberculose cheguem às clínicas com tosse forte e perda de peso, os sintomas considerados reveladores.

“Nós precisamos apenas rastrear toda a população, assim como você faria se estivesse procurando por muita Covid-19”, disse Horsburgh.

TECNOLOGIA NOVA

A descoberta aconteceu em grande parte por causa da tecnologia desenvolvida pelo professor emérito de medicina da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, Robin Wood.

O aparelho pode coletar aerossóis de pessoas infectadas e identificar bactérias dentro deles. O diagnóstico e o tratamento da tuberculose mudaram muito pouco nas últimas décadas:

“Era hora de começar a usar tecnologia moderna e de ponta para abordar uma doença antiga”, disse Wood. Com alguns ajustes, o sistema também pode ser usado para estudar outras doenças, incluindo a Covid, acrescentou.

A tuberculose existe há milênios e sua causa é conhecida há quase 150 anos:

“E, ainda assim estamos descobrindo coisas novas sobre uma parte tão fundamental de sua biologia. Nos torna mais humildes perceber que precisamos  ser tão cuidadosos quando se trata de uma abordagem dogmática  em um campo”, disse Dinkele.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

ANTES SÓ QUE MAL ACOMPANHADA

Uso de acessórios eróticos deixa de ser tabu entre as mulheres – e a saúde agradece

O corpo todo se contrai e o fluxo de sangue no cérebro aumenta velozmente. Uma enxurrada de hormônios de prazer, afeto e bem­ estar entram em ação em cadeia. Vem a dopamina, depois a ocitocina, a prolactina. O mecanismo todo, com duração de cerca de 15 segundos, se configura como o orgasmo, uma  das sensações mais fortes e prazerosas do ser humano – e que faz bem à saúde.

Na busca por esses sentimentos, a pandemia evidenciou uma corrida maior das mulheres por acessórios eróticos: levantamento do portal Mercado Erótico mostra aumento de 50% na venda de vibradores no período de isolamento social. Mais de um milhão destes apetrechos foram comercializados durante essa fase no Brasil,  para se ter uma ideia.

MASTURBAÇÃO ERA DOENÇA

Não se trata apenas de um fenômeno de vendas provocado pelo distanciamento social. Há uma questão de aceitação maior da sexualidade feminina, da masturbação e do direito da mulher sobre seu corpo. Assim, famosas como a apresentadora Angélica, asatrizes Ana Paula Tabalipa, Bruna Marquezine e Fernanda Paes Leme, a influencer Gabriela Pugliesi ou a Cantora Anitta falaram em público sobre seus vibradores.

Para a antropóloga e professora da UFRJ Mirian Goldenberg, o que ocorre hoje é uma libertação feminina que foi plantada lá na década de 1970, por Leila Diniz.

“Não é um modismo passageiro. É o espírito do nosso tempo. Que bom que essas personalidades podem falar sem vergonha, culpa e constrangimento. Estamos vivendo um momento que a pandemia acelerou, em que as mulheres podem ser elas mesmas, do jeito que querem ser. Quem quer fazer sexo faz, quem quer ter pelo na axila tem, quem quer cabelo branco usa. O maior desejo feminino hoje é a liberdade de ser eu mesma”, afirma.

Não que os brinquedos sexuais sejam uma novidade. Mas as mulheres tinham vergonha de entrar numa loja e comprar. Vieram filmes e séries, como “Sex and the city” e a trilogia “De pernas pro ar”, para tornar o prazer, sozinha em um tabu menor e, por fim, o impulso do comércio online, que traz mais discrição à compra.

Mas não faz tanto tempo assim que as coisas são tratadas com naturalidade. De acordo com a professora da faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, Carmita Abdo, até a década de 1970 a masturbação era uma atividade considerada patológica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), listada na classificação das doenças na área da sexualidade.

“Quem se masturbasse tinha um transtorno sexual. A partir da décima edição, em 1975, a OMS retirou como atividade doentia, sendo considerada, portanto, um comportamento que fazia parte do desenvolvimento. De lá para cá as coisas mudaram tanto que, com a pandemia, a organização chegou a recomendar que a masturbação fosse uma atividade sexual que pudesse substituir outras prejudicadas pela pandemia, além do sexo virtual. Em 50 anos, ela deixou de ser patologia para ser uma atividade recomendada”, conta Abdo.

CASADAS E CASAIS

Mas a verdade é que nem a masturbação nem o uso de brinquedos eróticos foram adotados, necessariamente, só por pessoas solteiras. Mulheres casadas e casais também têm usufruído muito dessas práticas.

A ginecologista Carolina Ambrogini, uma das fundadoras do Projeto Afrodite, centro de sexualidade feminina da Unifesp, afirma que a masturbação traz benefícios que, muitas vezes, se assemelham a uma boa prática de atividade física, com liberação de endorfina e substâncias relaxantes.

“A masturbação faz bem para o corpo e traz ainda um benefício importante para a sexualidade que é o autoconhecimento. Mais do que conhecer a genitália, possibilita entender o que move seu desejo, o que te atrai. Esse conhecimento, especialmente para a mulher, que não foi educada para consumir o mundo erótico, é muito importante”, explica.

Os vibradores, segundo Ambrogini, podem ser facilitadores porque produzem sensações mais potentes, ajudam aquelas que não sabem friccionar no ritmo certo e, para as que não se sentem confortáveis em se tocar, faz a ponte do contato, servindo como porta de entrada.

Pode parecer surpreendente para algumas pessoas, mas a pesquisa Mosaico 2.0 do Programa de Estudos em Sexualidade, de 2016; mostra que 40% das mulheres não se masturbavam com frequência e, dessas, 19,5% nunca experimentaram a prática.

Para Ambrogini, os acessórios sexuais podem, ainda, ser instrumento de erotização para o casal:

“Tem casais que começam com um lubrificante diferente, com gosto, um anel peniano que vibra e aos poucos vai introduzindo o vibrador, mas hoje já estão mais abertos para isso. Quando a mulher tem parceiro, ela acha que não precisa sozinha. E não tem nada a ver porque você pode ter um desejo só seu, de intimidade só com o seu corpo”.

DESAFIOS

Se, por um lado, a mulher ganhou mais liberdade para se masturbar ou usar um vibrador, por outro, isso não pode ser uma imposição. Em suas pesquisas, Mirian Goldenberg ouviu muitos relatos de mulheres que não têm tido desejo sexual e, ou não estão praticando, ou ainda se sentem impelidas a ter relações sem vontade e fingindo orgasmo.

“Na pandemia, outras coisas passaram a ser mais fundamentais para o bem-estar e a vida entre os casais do que o sexo. Muita gente não está fazendo sexo porque está preocupada, ocupada, doente. Estava sem tesão nesse momento particular, nessa circunstância. Cadê o tesão para transar com alguém ou sozinha, no meio de um drama. Para algumas foi complicado.”

A pandemia ainda trouxe outros desafios relacionados à sexualidade. Homens e mulheres que aderiram muito ao sexo virtual e à masturbação começam a relatar dificuldades de interagir presencialmente outra vez, obtendo a mesma satisfação ou tendo o mesmo desempenho.

“Ao se masturbar, a relação da mão com o cérebro é tão precisa, numa sintonia muito maior do que conseguiria com alguém, especialmente no primeiro encontro. Não precisa se produzir, ir para a balada, tentar alguém, se arriscar a não dar em nada. Você tem certeza que de uma forma econômica, prática e privativa, faz o que quer e ninguém fica sabendo”, diz Carmita Abdo.

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