OUTROS OLHARES

DUPLAMENTE CRUEL

Um em cada cinco casos de feminicídio aconteceu diante de filhos das vítimas

Um dossiê divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revela a face ainda mais cruel de um crime bárbaro: quase 20% dos 78 casos de feminicídio registrados ano passado no Rio de Janeiro foram presenciados pelos filhos das vítimas. Apesar de a pandemia da Covid-19 e o isolamento social terem contribuído para a subnotificação, a violência contra mulher manteve níveis alarmantes em 2020, com uma média de 270 registros – que incluem agressões, constrangimentos, ameaças, homicídios, estupros, entre outros – por dia no estado.

A cada cinco dias, uma mulher foi morta no ano passado. Das vítimas, 52 eram mães, e 34 tinham filhos menores de idade. A estatística mostra ainda que o maior risco está dentro de casa, onde ocorreram 75% dos feminicídios. Além disso, companheiros ou ex-companheiros são a maioria dos autores: 78,2%. Para a presidente do ISP, a delegada Marcela Ortiz, essa violência tem base no machismo estrutural da sociedade:

“A mulher parece não ter o direito de se manifestar dentro de casa ou de terminar um relacionamento”, afirmou a delegada, que destacou a importância de se romper com essa estrutura.

“Digo que é como uma escada. A cada degrau que sobe, a violência vai aumentando. São dados sinais, e então é importante interromper o relacionamento abusivo antes de chegarmos ao último degrau”.

SUBNOTIFICAÇÃO

Em 2019, foram registrados 85 feminicídios no estado, ou seja, sete casos a mais que em 2020. Mas essa estatística precisa ser interpretada de acordo com o contexto, frisou Marcela Ortiz.

“O monitoramento mostra que, nos meses com menor circulação de pessoas nas ruas, os  registros de ocorrência nas delegacias diminuíram. Por outro lado, as chamadas para o Disque-Denúncia e o 190 (da Polícia Militar) com informes sobre violência contra mulheres continuaram em número estável. Então, isso sugere subnotificação, além do fato de esse tipo de crime já ser mais sujeito à subnotificação, por todas as dificuldades que a vítima enfrenta”, disse a presidente do ISP.

“Dados mostram que algumas mulheres puderam denunciar, mas que outras sofreram em silêncio”.

Um dos casos que ainda não aparece nessa estatística é o da manicure Joyce Barcellos, de 24 anos, que foi internada com queimaduras graves na véspera do último Natal. Ela morreu no dia 3 de janeiro. Segundo a mãe dela, Jocelma Barcellos, vizinhos testemunharam uma discussão dela com o então companheiro, também testemunhado pelo filho caçula dela, então com 3 anos.

Mas o caso continua sendo investigado pela polícia, e ainda não há a classificação de feminicídio.

“O ex-marido alega que minha filha queria jogar fogo nas coisas dele, e acabou pegando fogo na roupa dela. Mas uma vizinha me contou que ouviu minha filha gritando que ele fez aquilo. Os vizinhos sabiam que havia uma rotina de violência e, naquele dia, ela havia pedido para ele deixar a casa, que era dela”, contou a mãe.

Na delegacia, Jocelma, que agora vive com os dois filhos de Joyce, diz ter descoberto que o então companheiro da filha tinha passagens por agressão, enquadradas na Lei Maria da Penha. Marisa Chaves, fundadora e gestora da ONG Movimento de Mulheres em São Gonçalo, uma associação de defesa de crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência, disse que a polícia encaminhou o filho da vítima, hoje com 4 anos, para a entidade a fim de tentar obter o testemunho do menino.

“O menino precisa de suporte, sofreu muito. Concluímos que ele vivia sob violência psicológica”, afirmou Marisa, que aguarda um aditivo do contrato da ONG com o governo estadual, a fim de dar continuidade aos atendimentos gratuitos que são oferecidos a 54 famílias.

“Crianças são muito impactadas nesses casos. Ficam marcadas para sempre, seja no processo de aprendizagem, na socialização ou até na repetição de comportamento violento, como se fosse natural. As crianças que crescem em lares violentos possuem quatro vezes mais chances de reproduzir um comportamento violento.”

INVESTIMENTOS

No lançamento do Dossiê Mulher 2020, o governador Cláudio Castro anunciou novos investimentos para dar mais apoio às vítimas: RS 14 milhões na reforma das 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deams) e RS 5 milhões em obras de três das nove unidades do Centro Integrado de Atendimento à Mulher (Ciam), que sofrem com o abandono.

“Sou a favor da liberdade total da mulher, de ter opinião em casa e de poder terminar um relacionamento ou ter uma briga sem que sua vida seja ceifada. Os números impressionam, e talvez a sociedade ainda não esteja sabendo dessa gravidade”, afirmou o governador.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 22 DE NOVEMBRO

AS FERIDAS DOEM, MAS ENSINAM

Os vergões das feridas purificam do mal, e os açoites, o mais íntimo do corpo (Provérbios 20.30).

Quem não aprende com a dor não aprende de forma nenhuma. As feridas não apenas rasgam nossa carne, mas também abrem sulcos em nossa alma. As mesmas feridas que doem também curam. Ao mesmo tempo que sangram em nosso corpo, também fazem uma assepsia em nosso íntimo. Os castigos curam nossa maldade e melhoram nosso caráter. Os açoites limpam as profundezas do nosso ser. A disciplina, no momento em que é aplicada, não é motivo de alegria, mas de pesar; depois, entretanto, produz fruto pacífico e promove a justiça. Ao mesmo tempo que essas feridas arrancam lágrimas de nossos olhos, lavam o nosso interior. Os vergões das feridas purificam do mal, e os açoites purificam o mais íntimo do corpo. Aprendemos mais no sofrimento do que nos dias de festa. É no vale da dor que somos matriculados na escola do quebrantamento. É na bigorna do sofrimento que somos moldados à imagem de Cristo. É na prensa de azeite, no Getsêmani da vida, onde suamos sangue e choramos copiosamente, que experimentamos o consolo que excede todo entendimento e nos levantamos para triunfar nas maiores batalhas da vida. Deus não nos fere sem causa. Deus não desperdiça sofrimento na vida de seus filhos. Nossa leve e momentânea tribulação produzirá para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação!

GESTÃO E CARREIRA

POR DENTRO DAS PROFISSÕES – DESIGNER DE NARRATIVA DE GAMES

Conheça a trajetória de Mariana Brecht, que migrou dos roteiros de TV e cinema para especializar-se numa profissão do futuro – que cresce agora mesmo, no presente.

Há um estereótipo do profissional que atua na indústria de games, que em alguma medida perdura até hoje: jovens nerds mesmerizados por um pagamento no fim do mês pelo que fariam de graça – isso até que a vida adulta imponha um “emprego de verdade”.

Faz tempo que não é o caso. Games se tornaram produtos tão fundamentais para a economia quanto geladeiras ou sacas de cimento – ainda que mais interessantes. No Brasil especificamente, ainda houve outra transformação. O país passou de importador de games estrangeiros para produtor (e exportador) de jogos.

Contribuíram para essa revolução as chamadas engines (ou motores gráficos) – softwares com um pacote de funcionalidades para a criação de um jogo, acabando com a necessidade de programar tudo do zero. A universalização do smartphone também ajudou, colocando um console em cada bolso. Surgiram, então, produtoras de diversos portes, de estúdios gigantes à molecada que cria jogos no quarto de casa e os vende para players internacionais. “No Brasil, os grandes negócios incluem designers, programadores, roteiristas, artistas e até um pessoal que testa os jogos para conferir se tem algum bug”, explica Rodrigo Terra, presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames). “E cada vez mais temos empresas pensando só em B2B, produzindo games para educação corporativa e tendo os RHs das companhias como clientes.” Na América Latina, o Brasil lidera: a indústria de games teve um faturamento de USS 2,18 bilhões em 2020 (metade só com jogos feitos para celular), com um aumento de receita na casa dos 28%.

Tudo isso fez com que o mercado de trabalho se expandisse – e se especializasse também.

Atividades que antes eram centralizadas num mesmo faz-tudo – um programador que criava o jogo praticamente sozinho – foram repassadas a gente que entende de aspectos específicos do game, resultando num produto bem mais sofisticado.

Dessa busca por mão de obra expert, emergiu uma profissão que antes só se via no exterior: o designer de narrativa (fala-se também em inglês: narrative designer). É um tipo de roteirista, mas é bem mais que isso.

O designer de narrativa é multitarefas, tem diversas funções na criação do jogo. Primeiro quanto à história: ele cria o roteiro do game (às vezes em parceria com um roteirista raiz), desenvolve os personagens, os diálogos, os arcos narrativos, as curvas de emoção… Só que, no universo dos games, a narrativa vai muito além da história que o jogo contempla.

Esse profissional deve garantir que todos os elementos estejam contando a mesma história: cenário, interações, interfaces, efeitos sonoros, músicas e personagens. Ele precisa, então, estar no centro de um diálogo transversal com outras áreas do estúdio: dos artistas gráficos aos programadores mais hardcore. Ainda deve assegurar que tudo isso dê liga com a mecânica do produto. Se a direção encomendou um game em forma de quebra-cabeça, a narrativa deve combinar com a parte técnica criada para um puzzle. E aí saber pôr as mãos na tecnologia adianta o processo. Embora a experiência com roteiro baste para conseguir um emprego, será necessário mexer com os softwares de construção de jogo para sair de uma posição mais júnior.

TESTANDO… TESTANDO…

O designer de narrativa ainda tem de se preocupar com custos. Fazer jogo é caro. E é um investimento cercado de riscos. Um diretor de cinema como David Lynch pode fazer um longa-metragem em que ninguém compreende bulhufas – mas ainda assim o espectador vê o filme até o fim, e pode até gostar. Nos games não é assim. Se o jogador não entender o enredo, o que deve fazer, ele não consegue avançar. Desiste do jogo. Para que isso não aconteça, o designer de narrativa faz todo um trabalho de pré e pós-produção.

Por exemplo: antes de ter o game rodando de fato, ele pode construir protótipos de personagens e cenários em papelão ou massinha. Tudo para contar à equipe envolvida qual deve ser a experiência do jogador.

Aliás, como também precisa definir o ritmo do jogo, o designer de narrativa pode produzir live actions: filmagens com bonequinhos (ou com ele próprio) realizando as ações do game, de modo que o programador entenda que o andamento deve ser mais ágil ou mais lento.

Quando o jogo entra em versões preliminares, o designer de narrativa ainda tem o trabalho de acompanhar usuários externos testando o produto, para conferir se houve algo que eles não entenderam, se travaram em alguma fase… E propor mudanças antes que muito dinheiro seja investido na versão final. Nessa fase de testes, o próprio designer de narrativa pode fazer as vozes dos personagens – melhor que gastar os tubos com dubladores e só depois descobrir um problema.

Tantas funções exigem competências diversas – que muitas vezes só são desenvolvidas com a mão na massa mesmo. O que mais acontece é o profissional chegar com experiência de roteiro para TV e cinema. Embora existam faculdades de games, não há curso específico para designer de narrativa, profissão ainda restrita a estúdios maiores, que identificaram a necessidade de um especialista em conjugar roteiro com toda a dinâmica do jogo. Até porque os games não costumam seguir um caminho linear de história. São jornadas ramificadas, labirínticas. Parecidas com a carreira de Mariana Brecht, designer de narrativa do estúdio Arvore, de São Paulo.

DA DIPLOMACIA À REALIDADE VIRTUAL

Mariana passou de fase algumas vezes antes de se firmar na profissão, há cerca de dois anos. Formada em Audiovisual pela USP, com especialização em roteiro e produção, ela fez, em seu TCC, um roteiro de longa-metragem com narrativa ramificada. Tudo dava a entender que seu destino era mesmo o roteiro não convencional. Mas aí veio o plot twist: após trabalhar em algumas produtoras, Brecht foi fazer mestrado em Estratégias Culturais Internacionais na França, com foco em diplomacia cultural.

Assim, viajou o mundo representando o Institut Français (órgão de governo que promove a cultura francesa no exterior). Isso até voltar ao Brasil e se deparar com um anúncio de emprego num grupo de mulheres roteiristas. Era justamente para fazer roteiro não linear – na Arvore, a maior produtora de games do país no campo da realidade virtual.

Era o início de uma jornada heroica de aprendizado. Mariana chegou com sua experiência de roteirista, mas logo se interessou pelos outros conhecimentos para atuar de forma plena na área. “Rapidamente você percebe que precisa entender um pouco de desenvolvimento de jogos, um pouco de programação, para saber se suas decisões na construção da narrativa encaixam com a mecânica.”

Ela aprendeu rápido e ajudou o estúdio a se destacar internacionalmente. Respondeu pela narrativa interativa do game A Linha, que ganhou o Primetime Emmy por “Outstanding Inovation”, no ano passado, assim como a premiação de “Melhor Experiência em Realidade Virtual” no Festival de Veneza.

Com apenas 30 anos, Mariana Brecht já separa um pouco do seu tempo para fazer mentoria com colegas juniores. “Acho importante criar uma cultura de narrativa dos jogos. Pelo fato de a profissão ser quase uma novidade, muitas empresas não têm um designer de narrativa, e a gente precisa toda hora estar se provando. Lembrando executivos e produtoras que narrativa não é só texto. Ela tem de estar em todas as decisões e fases do jogo”, ela explica. “Por isso, em cada projeto novo, tenho a sensação de que estou contribuindo para o desenho do que será essa profissão no futuro.”

UM DIA NA VIDA

ATIVIDADE-CHAVE

Criar o roteiro do game. Fazer alinhamentos com outras áreas da produtora para combinar cenário, interações, efeitos sonoros, música… Fazer protótipos. Acompanhar testes com usuários.

PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS

Ser bom de roteiro, ter criatividade, facilidade de comunicação e trabalho em equipe. E vale muito aprender a usar software de construção de jogos. Entender de programação é desejável.

PONTOS POSITIVOS

É uma profissão nova, que vem ganhando cada vez mais destaque nas produtoras. E o mercado de games está crescendo. Como há necessidade de contato intenso com outras áreas, há aprendizado sobre diversas funções da produção de jogos.

PONTOS NEGATIVOS

É uma profissão nova. Isso faz com que as chances de trabalhar em produtoras pequenas sejam menores, limitando seu mercado de trabalho.

O QUE FAZER PARA ATUAR NA ÁREA

Não existe graduação específica; então a maioria dos designers de narrativa vem de faculdades de audiovisual. Mas ser roteirista é o básico. Há cursos livres de construção de jogos, programação e prototipagem, que ajudam a formar um profissional mais atraente.

QUEM CONTRATA

Produtoras de games, especialmente as maiores (nas pequenas, um game designer pode acumular essa função.) Mas é um profissional que também pode trabalha para TV e cinema.

SALÁRIO MÉDIO

JUNIOR –  R$ 3.000

SÊNIOR – R$12.000

Fonte: Abragames

EU ACHO …

EM QUE MUNDO TÚ VIVE?

Conheci José Falero através de seu livro “Os supridores”. Até então, nada sabia dele. Devorei o romance. Não era a primeira vez que lia uma história passada na periferia, mas dessa vez me senti levada pela mão até o miolo da vila, o epicentro da pobreza, o cenário real onde uma população de homens e mulheres trabalha em troca de uma miséria, sem perspectiva de futuro. Criminalidade? Temos, mas não apresentada como defeito de caráter, e sim como consequência de um estado de coisas, que ele descreve com originalidade, humor e algumas vísceras.

Logo no início, ali pela página 50, uma conversa entre os personagens Pedro e Marques funciona como uma aula sobre os diferentes sistemas socioeconômicos, narrada de um jeito que uma criança de sete anos consegue entender. Humm, Livro chato, então. Poderia ser, não fosse diabolicamente empolgante, inteligente e bem escrito, levando-se em conta que não existe apenas um modo de escrever e de falar.

Isso foi em março de 2021. De lá pra cá, li outros tantos livros e dei trato à vida. Pois Falero reaparece agora com uma coletânea de crônicas publicadas na revista digital Parêntese. Título: “Mas em que mundo tu vive? Abri com o mesmo ânimo com que fechei “Os supridores”.

E veio a bofetada.

Logo percebi que não seria tão palatável.

Se antes eu havia sido gentilmente conduzida pela mão até as entranhas do inferno, agora eu estava sendo empurrada pelas costas, sem ver direito para onde ia, quase um sequestro. Mas os livros deixam sempre a porta destrancada; se eu quisesse sair, saía. Não saí. Passei dois dias inteiros com Falero, sua família e seus amigos na Lomba do Pinheiro, apanhando sem tentar fugir. Agora não era mais a ficção de Pedro e Marques, e sim a voz do próprio autor, sua história, suas broncas, sua angústia. Revolta que só mesmo a literatura reverbera – e também a música, o cinema, a arte. Não é no Instagram que a vida real ganha forma e cor.

Condescendência – taí uma palavra que não faz parte do vocabulário de Falero. Ele coloca o dedo em todas as feridas e remexe até sangrar, ele expõe sem rodeios a dor de ser pobre e preto numa sociedade indiferente, descreve o que é se sentir um rato e o tamanho da desesperança.

Se Falero pudesse dizer alguma coisa pra mim, agora, seria “valeu, Martha, mas o que você está escrevendo aí não vai servir pra nada”. Eu sei.

Você não quer confete, Falero, e sim quebrar o ciclo das injustiças sociais, que é o que todos deveriam querer também. Mas permita que eu use a minha página, hoje, para atrair os que têm coragem de levar uma bofetada, duas, três, até acordarem do transe da conformidade. E avisá-los que você bate, sim, mas também consegue ser lírico e muito emocionante. Sei lá, vá que sirva para alguma coisa.

*** MARTHA MEDEIROS

marthamedeiros@terra.com.br

ESTAR BEM

CORRER: COMPETIR OU SE EXERCITAR?

Participar de provas e maratonas auxilia corredores amadores a manter a motivação e a rotina de treinos

Os corredores já estavam ansiosos. Para eles também se aplica, devidamente adaptada, uma velha máxima bem conhecida no meio do futebol: treino é treino, corrida é corrida. Ou seja, para quem curte correr, é muito bom treinar. Porém, participar de uma prova ou de uma maratona é melhor ainda

E, aos poucos, essas corridas ou provas voltam a entrar no calendário aqui no País e em diferentes partes do mundo. A Maratona do Rio de Janeiro, que tem provas de 5, 10, 21 e 42 quilômetros, está confirmada de 12 a 15 de novembro. A 21ª Meia Maratona de São Paulo, marcada para 5 de dezembro de 2021, está com as inscrições abertas. E até a São Silvestre, prova tradicional da capital paulista, também abriu as inscrições.

No exterior, uma das mais procuradas pelos brasileiros é a Maratona de Barcelona, em 7 de novembro. Para participar, é preciso estar vacinado – Coronavac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen são aceitas para entrar no país. A Disney também voltou com suas corridas, dirigidas a diversos públicos (incluindo crianças). A Disney Run ocorre em 12 de janeiro de 2022 – a partir de 8 de novembro, brasileiros vacinados podem entrar nos Estados Unidos.

Provas são um estímulo para quem gosta de praticar corrida – é menos pela competição e mais pela meta. Evoluir nos treinos é quase sempre o objetivo dos atletas amadores. E, claro, muitos corredores não almejam participar de uma prova ou evoluir a ponto de participar de uma maratona. Mesmo assim, a rotina de preparação de quem aceita um desafio – que não inclui apenas treinos, mas ainda uma adaptação da dieta e o controle emocional – é um exemplo para quem quer continuar a dar suas passadas sem se preocupar com índices.

Para o treinador Roy Siqueira, a corrida é um excelente exercício para o controle do peso, em função do gasto calórico, além da sensação de bem-estar trazida pela endorfina. Entretanto, segundo ele, apenas correr, sem uma meta, pode, com o tempo, desestimular o corredor e comprometer o resultado. “Quem treina só por treinar ou gosta da atividade, em algum momento, vai se sentir desmotivado. Por que acordar cedo para correr? Um objetivo ajuda a entender o porquê daquela atividade”, explica. Uma prova, dentro da realidade de cada pessoa – de 5 km até uma maratona -, é um bom caminho para isso. ”A corrida é uma ferramenta de autoconhecimento. A cada ciclo que o corredor entra, ele aprende mais sobre seu corpo e sua mente. E a preparação para uma prova pode proporcionar isso”, conta Roy.

O treinador olímpico Claudio Castilho, que chefiou a equipe brasileira de atletismo na Olimpíada de Tóquio, diz que, tanto para atletas amadores quanto profissionais, o treino precisa ser constante e sistemático. O planejamento é um aliado para quem quer ter bons resultados.” Para um atleta amador o prazer na atividade tem um peso grande. Ele faz com que o indivíduo fique motivado a superar barreiras. Ele quer melhorar o tempo, bater uma marca pessoal. Há uma flexibilidade maior. A comparação é com ele mesmo ou com alguém do mesmo gênero ou idade. Já os profissionais estão sempre atrás de um índice ou recorde.”

Segundo Castilho, quem decide começar a correr precisa passar por unia avaliação para saber o ponto de partida. A pessoa pode estar acima do peso, a forma física pode não estar adequada para começar a corrida de imediato e, nesse caso, a caminhada pode ser uma primeira opção, ter alguma dor preexistente que precisa ser tratada ou passar por um processo de fortalecimento muscular.

Castilho cita o exemplo da prova de São Silvestre, daqui a quase 3 meses. Esse prazo seria suficiente para uma preparação? “Depende. Para alguns, sim. Para outros, seria melhor esperar a corrida de 2022. Minha dica é buscar um profissional que ajude nessa avaliação. Obviamente, a decisão é sempre da pessoa”, afirma. Outro fator a ser considerado é o hiato de provas de corrente da pandemia e a indefinição sobre a volta delas, que se arrastou por todo esse período. Segundo Castilho, isso fez com que os corredores ficassem numa espécie de “stand-by”. Em alguns casos, até positivo, como para quem precisava se tratar de alguma dor ou incômodo recorrentes.

Porém, quem se manteve ativo, agora, com o retorno das provas, larga na frente. “Estará  mais apto. Terá um tempo menor de preparação. Será preciso apenas dar uma virada de chave no tremo. Outro aspecto importante: você só desenvolve a sensibilidade competitiva competindo. O treino é indicador, mas o que determina a performance é a prova”, explica Castilho.

O arquiteto e urbanista Fernando Gomes, de 44 anos, treina desde 2008, sempre com a ajuda de uma consultoria. Para ele, acordar e ir correr sem uma planilha de treino é algo que, mesmo para uma pessoa disciplinada, pode ser difícil – além disso, estar dentro de um grupo ajuda na motivação.

Gomes correu sua última prova em 2019. Durante a pandemia, manteve a rotina de treinos em três dias da semana e, nos fins de semana, costuma fazer exercícios de forma mais livre. Agora, ele se prepara para a Meia Maratona de São Paulo.

Para ele, o principal ajuste na rotina. quando há um objetivo a ser alcançado, como o que ele traçou, é prestar atenção no ciclo do sono. “Preciso dormir 1 hora ou 1h30 a mais por dia para aguentar o aumento do volume de treino. Passo de 6 horas a 7 horas, 7h30   de sono. O cansaço aparece ao longo do dia e, sobretudo, à noite”, diz. Vegano há dois anos, Gomes, assim que tomou a decisão de não comer mais proteína animal, procurou o acompanhamento de uma nutricionista. “Me tornei vegano em meio à pandemia para ter uma performance melhor na corrida. Consegui me adaptar.”

NUTRIÇÃO É IMPORTANTE

A nutricionista Luiza Di Bonifácio, autora do livro Direcionamento Nutricional para o Triathlon: Da Ciência à Prática, explica que a alimentação, para a prática de qualquer atividade esportiva, precisa ser adaptada. Para a corrida, dependendo do tempo da prática, é preciso haver a reposição de nutrientes para que a performance seja mantida.

O principal deles é o carboidrato, que é armazenado no corpo na forma de glicogênio muscular. Ele é a fonte energética para o exercício. O corpo oxida 1 grama de carboidrato por minuto de treino. Para quem corre maratonas, a reposição da substância pode chegar até 120 gramas por hora – o que é feito no formato de gel.

Para os amadores, essa proporção, claro, não é recomendada – muita gente não consegue consumir essa quantidade ao longo do dia. Treinos ou provas de 5 km ou 10 km, que não deixam de ser uma atividade intensa, em geral, não precisam desse suporte durante a prática. Entretanto, uma nutrição adequada tem uma função específica – e muito importante. ”O papel da nutrição não é melhorar a performance. Para isso, você precisa treinar certo. A função dela é recuperar o corpo do corredor. Bem recuperado, ele treina melhor”, explica Luiza.

A má alimentação também pode facilitar o aparecimento de lesões. “A deficiência nutricional prejudica as funções vitais, como digestão e respiração, além do treino. Imagina o corpo precisar dar conta de uma carga alta de treinamento e não ter de onde tirar esse combustível. Além das lesões, isso pode ocasionar alterações de sono, queda de cabelo e unhas.”

Na outra ponta, a boa alimentação deve ser constante. Não adianta seguir uma dieta balanceada apenas um dia antes ou depois do treino. “Seu corpo pode demorar dois dias para se recuperar. Tem gente que me pergunta: ‘O que eu tomo no pós­treino?’. Eu respondo: ‘Vai tomar um banho’. Você precisa se preocupar o dia todo. Não adianta sair do treino e comer um monte de açúcar ou tomar álcool”, diz Luiza.

A reposição de carboidrato citada por Luiza pode ser feita com tubérculos, como batata ou mandioca, macarrão, com frutas, como a banana, com mel e açaí. Outra dica é investir nos flavonoides, como suco de uva, frutas vermelhas e cacau.

EMOCIONAL

A advogada Luciana Zanchetra Oliver, de 37 anos, sempre foi praticante de triatlo. Três meses antes do início da pandemia, ela se mudou para o Canadá e pretendia, por lá, iniciar o treinamento para seu primeiro meio Ironman 70.3. Entretanto, com os centros de treinamentos fechados e as provas canceladas, ela mudou de ideia.

Estimulada por seu treinador, Luciana decidiu encarar a primeira maratona. Vai correr os 42 km em Barcelona. De volta ao Brasil desde novembro, ela está na reta final de um ciclo de preparação de um ano. Se no triatlo ela precisava equalizar os treinos e ainda contava com a natação para um descanso ativo (ou soltura dos músculos), para a maratona ela treina de 4 a 5 vezes por semana, com distâncias que podem chegar a 60 km por semana.

Toda essa mudança – além de problemas pessoais enfrentados por Luciana, como a depressão e o divórcio em plena pandemia – fez com que ela visse a corrida de uma outra forma.

“Meu foco mesmo é mais o meu emocional do que trabalhar minha mente para a maratona. Além do esporte me trazer a sensação de bem-estar, ele tem “ao menos para mim” um mecanismo de meditação ativo. É um refúgio. Cada quilômetro que corro eu reflito sobre a minha vida”, observa. Para Roy Siqueira, que treina Luciana, o processo todo é “muito gostoso” e o dia de uma prova é de comemoração.” É para você correr feliz. Se você atingir sua meta, maravilha. Mesmo saindo dela, termine a prova, vá até o fim. Vá andando e correndo, mas vá. Você vai aprender algo.”

O arquiteto Fernando Gomes conta que treinar no dia a dia ou correr uma prova é muito diferente. “Uma semana antes você já está com a cabeça na prova. No dia, você pensa no que vai fazer. Depois, você vê que é uma bobagem. Quando termina, é um dia de cansaço físico, mas de uma euforia mental grande. Uma sensação de trabalho realizado.”

QUER AVANÇAR NA CORRIDA?

Os treinadores Claudio Castilho e Roy Siqueira dão conselhos para amadores e profissionais evoluírem nos treinos:

*** Correr todo dia é para quem tem um histórico esportivo muito bom. Uma boa opção é correr um dia e descansar outro. Ou, então, intercalar com outra atividade, como natação ou musculação.

*** Não coloque expectativa demais em uma prova ou treino. Pode não ser o momento de bater aquele recorde pessoal. Metas e objetivos devem ser acrescentados aos poucos.

*** Não aumente sua rotina de treino de forma repentina. Aumento de volume maior que 10% a 15% por semana é arriscado. É preciso conter a ansiedade antes de uma prova ou desafio. Ela pode ocasionar um gasto energético desnecessário e prejudicar o desempenho.

*** Desenhe a estratégia do seu treino ou prova. Entenda como é o percurso, se ele tem muitas curvas, subidas ou descidas.

*** O treinamento mental é tão importante quanto o físico. Lembre-se: será preciso conviver com a zona de desconforto o tempo todo.

*** Há fatores externos que podem prejudicar seu desempenho, como o vento ou um dia muito quente.

*** Procure um treinador ou uma consultoria para ajudar você a conquistar seus objetivos sem forçar demais o corpo. Respeite seus limites. Por outro lado, treinar com um grupo pode ser fundamental para você ter o estímulo necessário para ir além.

COMER BEM

Dicas da nutricionista Luiza di Bonifácio para os corredores:

*** A boa alimentação inclui alimentos “de verdade”, vindos da natureza, com variedade de frutas, verduras e legumes. Evite industrializados.

*** A hidratação é muito importante, sobretudo em cidades com o clima seco. O cálculo – em média – é de 150 a 200 ml a cada 15 ou 20 minutos.

*** Para provas longas ou treinos, é preciso realizar a reposição de carboidratos – existem opções em gel no mercado.

*** Evite ingerir bebidas alcoólicas próximo a treinos-chave ou no dia da corrida. As bebidas estão associadas ao aparecimento de lesões, além de prejudicar a recuperação do corpo após o exercício físico.

*** Se possível, em casos mais específicos, procure a ajuda de um nutricionista esportivo.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

POSITIVIDADE TÓXICA

Vida digital cria otimismo obrigatório que pode fazer mal, dizem especialistas

Pensar que o dia de amanhã será melhor que o de hoje é uma estratégia acertada para enfrentar os momentos mais difíceis. Mas ser positivo e otimista ao extremo – ou seja, quando não se dá espaço para perceber e sentir a tristeza após alguma situação ruim – pode ser (muito) prejudicial para a saúde mental. É o que os especialistas chamam de “positividade tóxica”.

O boom das redes sociais veio para reforçar esse cenário. Influencers expõem suas silhuetas e vidas “perfeitas” e atrelam a conquista ao pensamento positivo diário. A “fórmula mágica”, afirmam, é pensar em felicidade para atrair a felicidade, esquecer os sentimentos negativos para nada de ruim acontecer.

Impor, a nós e aos outros, uma felicidade plena todos os dias, uma atitude mais positiva diante das dificuldades é um otimismo irreal – como se tudo fosse ficar bem só porque você quer que fique bem, sem fazer mais nada – não ajuda em nada. Na verdade, só atrapalha, afirmam os especialistas. Mais ainda: faz mal para a saúde.

“Crescemos ouvindo que não podemos ficar com raiva ou nos sentir tristes. Quando a pessoa tenta ser positiva o tempo todo e se depara com a tristeza, ela acaba se culpando por achar que atraiu aquele sentimento”, afirma Thiago Guimarães, psicoterapeuta analítico e especialista em neurociência e comportamento, acrescentando que essa conduta estimula a ansiedade.

Foi o que aconteceu com o professor universitário Maurício Bonatto, de 38 anos. Ele afirma que se sentia culpado por experimentar sentimentos que ele achava que “não deveria sentir”.

“Nós nos programamos para acreditar que atraímos tudo o que pensamos, então nos esforçamos para pensar coisas boas. Só que isso em um determinado momento passou a causar uma tremenda frustração, porque o que eu esperava que acontecesse não acontecia e eu me culpava por me sentir frustrado e triste “, conta.

O psicanalista Murillo Campos, de 31 anos, conta que cresceu com a ideia de que era o otimismo que fazia as pessoas serem sempre melhores naquilo que elas gostariam de ser.

“É muito complicado você transmitir crenças que foram implantadas pela sua família e a sociedade de que o natural é estar bem o tempo todo e que normalizar uma situação   negativa é algo ruim, que não te trará nada de bom. Hoje consigo entender as minhas dores e como eu vou lidar com elas, sem negação e privação, apenas aceitando o que eu precisar sentir naturalmente”, diz.

Em suma, o excesso de positividade e otimismo pode fazer com que a pessoa desenvolva quadros de ansiedade e depressão, já que há uma negação da importância dos sentimentos ruins.

De acordo com Guimarães, a saída para a positividade tóxica é entender que é impossível ser feliz o tempo todo, que haverá dias felizes e outros tristes, e que isso faz parte da vida. A saída é acolher tanto a alegria quanto a tristeza, sabendo sentir cada emoção em seu momento oportuno. Para isto acontecer, é preciso investir em autoconhecimento, perceber como você reage diante de situações ruins e aceitar estes sentimentos, afirmam os especialistas.

Um estudo feito por pesquisadores da University College London e da Berlin of Mind and Brain sugere que o otimismo irreal pode ser resultado da falha da atividade dos lobos frontais, uma das áreas do cérebro responsável por processar informações.

Os pesquisadores pediram que os voluntários estimassem a probabilidade de alguns eventos negativos acontecerem em suas vidas no futuro, como doenças e roubo de seu carro. Enquanto isso, eles tinham sua atividade cerebral monitorada par um scanner de ressonância magnética funcional. Depois de um tempo, eles foram informados da probabilidade média daquelas situações ruins acontecerem em suas vidas e foram convidados a refazer suas estimativas e também preencher uma pesquisa sobre seu nível de otimismo.

Os participantes mudaram suas estimativas apenas quando os dados revelados no segundo momento era mais positivo do que eles imaginavam. E o exame de imagem mostrou que essas pessoas ativaram os lobos frontais cerebrais para reprocessar  a informação recebida e dar uma nova probabilidade de algo ruim no futuro.

Já os mais otimistas – aqueles que mantiveram suas previsões abaixo do que a estimativa mostrava como chance de algo ruim acontecer – tiveram menos atividade cerebral nesta região.

Na avaliação dos autores, os resultados sugerem que escolhemos as informações que queremos ouvir e alertam que uso pode ser perigoso, já que a crença de que tudo vai dar certo faz com que muitas pessoas não tomem medidas de segurança, como cuidar da saúde ou poupar dinheiro.

Desejar que coisas boas aconteçam não é necessariamente algo ruim, no entanto. Na verdade, é preciso que haja um equilíbrio. Por isso, o indicado é ter esperança em vez de otimismo. Mas, qual seria a diferença entre esses dois?

O otimismo é que tudo vai funcionar bem, sem chance de algo der errado. Já a esperança é a expectativa de que a coisa vá dar certo, sabendo que pode não dar.

Pessoas esperançosas desejam algo bom, mas se preparam para o caso de aquilo não sair como o planejado. Já os otimistas pensam que não há chance de erro – o que gera uma grande frustração quando algo de ruim acontece, já que não era esperado.

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