OUTROS OLHARES

AINDA É CEDO DEMAIS

Brasil teve aumento de quase 50% de idosos em universidades

Elisabete Logatto finalmente pôde, aos 62 anos, concretizar o projeto de vida que traçou lá na juventude: fazer faculdade. A jovem senhora, divorciada e já com os três filhos criados, se dedica inteiramente às aulas de História. No 5º período da Universidade Estácio de Sá, em Madureira, na Zona Norte do Rio, ela divide com colegas mais jovens os desafios do ensino superior, mas com a experiencia e o tempo a seu favor:

“Meus colegas trabalham e eu tenho todo o tempo. Então faço os trabalhos de grupo e coloco o nome deles. O que me custa?”, diz Elisabete, com a tranquilidade de quem domina o campus e, ao mesmo tempo, realiza um sonho.

27 MIL NAS SALAS DE AULA

Um sonho já ao alcance de milhares. Hoje, 27 mil idosos fazem cursos universitários no Brasil, segundo dados do Censo de Educação Superior de 2019, o mais recente disponibilizado pelo Ministério da Educação. Mesmo sem estatísticas atuais, a expectativa é de que o fenômeno tenha nascido com a pandemia. De 2015 a 2019, o total de idosos em universidades cresceu 48%. No mesmo período, a alta de ingresso de alunos com menos de 59 anos foi de apenas 7%. No ensino à distância, também houve um salto.

O jornalista Boris Casoy é mais um que decidiu ocupar suas tardes com uma nova formação: medicina veterinária.

“O semestre começou há um mês e estou achando mais difícil do que imaginava, estou penando em alguma matérias! Já fiz o secundário (atual ensino médio) há muitos anos e estou tendo dificuldade em química, por exemplo, na parte celular”, conta Casoy, que concilia os estudos com um programa jornalístico diário em seu canal de YouTube.

Ao contrário de jovens, muitos adultos com mais de 60 anos não buscam sucesso profissional, porque alguns já se realizaram em outras carreiras. Consagrado como âncora na TV, Boris, por exemplo, não pensa em abrir uma clínica veterinária depois da formatura. Ele faz piada sobre o futuro.

“Mentalmente estou louco como sempre”, ri. “Fisicamente, hoje estou bem. Mas não sei como estarei daqui a cinco anos. Falo para o veterinário dos meus vira-latas que vou ser assistente dele. Não queria ser o idoso que bota o chinelo”.

Formados, esses estudantes mais velhos focam no que é prioritário, o que muitas vezes, não é ter dinheiro, de acordo com a antropóloga Mirian Goldenberg, que acompanha essa nova geração de idosos:

“Essas pessoas, quando envelhecem, começam a estudar pensando nesse propósito, nesse projeto. Algo que estava sublimado porque precisavam ganhar a vida e reaparece quando se aposentam”.

PAI E FILHA NA FACULDADE

Em Feira de Santana, na Bahia, Décio Almeida Silva, de 66 anos, brinca que começou a faculdade antes de a filha nascer e vai se formar depois dela. Não porque foi devagar. Mas porque foi fazer letras em 1996 e não conseguiu terminar diante de outras exigências da vida adulta. O estalo para voltar aos estudos aconteceu quando o oficial de Justiça errou a grafia de uma palavra simples. Perseverante, voltou à Universidade Estadual de Feira de Santana para conseguir o diploma em Português-Francês. Incentivado por uma amiga, que lhe sugeriu o curso e, apaixonado pela língua francesa, o que só cresceu após uma viagem a Paris, antes da pandemia, ele está reunindo as duas paixões com a escolha feita.

“Minha filha, que nasceu em 1999, está agora terminando Psicologia. Eu tenho algumas disciplinas para completar”, conta, orgulhoso de si.  – “errar a grafia de palavras simples nunca mais” – e da jovem.

Estudos apontam que a educação para idosos, propiciada pelas universidades e fora dela, contribui para a manutenção de altos índices de satisfação com a vida e de sentimentos positivos.

“Idosos que estudam relatam uma mudança na imagem social. Eles se valorizam mais”,  avalia Meire Cachioni, coordenadora do programa USP60+, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades.

De acordo com ela, além de ocuparem as vagas formais no ensino superior, os idosos também contam com cursos de extensão voltados para eles nas universidades. Segundo ela, existem mais de 200 programas desse tipo em todo o país.

“Sabemos que na velhice o investimento para o processo de aprendizagem precisa ser diário e intenso. Nessa idade, existe uma mudança cognitiva em relação ao processamento da informação, A pessoa precisa, de fato, ver e rever sempre os conteúdos e ler muito”, explica.

Na casa de Moacir Candido da Silva, de 61 anos, já se fala em festa no fim do ano. Pastor evangélico, ele está se formando em teologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, depois de quatro anos de muito esforço. Nos dois primeiros anos de curso, ele saía direto do trabalho para as aulas e só chegava em casa depois da meia-noite.

“No começo foi difícil, mas depois peguei o ritmo”, diz ele, já de olho num mestrado.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 15 DE NOVEMBRO

DEUS NÃO TOLERA DESONESTIDADE

Dois pesos são coisa abominável ao Senhor, e balança enganosa não é boa (Provérbios 20.23).

A desonestidade está presente em todos os setores da sociedade. Desde o palácio ao mais simples casebre e das altas cortes do governo até os templos religiosos, a desonestidade mostra a sua carranca. É o prato do dia no comércio. Dois símbolos do comércio revelam essa falta de honestidade: pesos e medidas. O Senhor detesta pesos adulterados e abomina balanças falsificadas. Não tolera a desonestidade nas transações comerciais. Mesmo que essas tramoias sejam feitas atrás das cortinas, que licitações sejam compradas com gordas propinas e jamais terminem denunciadas pela imprensa, que empresas inescrupulosas, por informações privilegiadas, se abasteçam de riquezas da nação e jamais sejam apanhadas pelo braço da lei, ainda assim Deus não deixará impunes aqueles que usam o expediente da desonestidade para auferir vantagens financeiras. O dinheiro conquistado com roubo é maldito. A riqueza adquirida de forma desonesta é combustível para a destruição daquele que a acumula. A falta de integridade nos negócios pode compensar por um tempo, mas ao fim será um pesadelo. Afligirá a alma, perturbará o coração e levará à morte. É melhor ser um pobre íntegro do que um rico desonesto!

GESTÃO E CARREIRA

POR DENTRO DAS PROFISSÕES – PILOTO DE AVIÃO

É a carreira dos sonhos para muita gente, mas chegar ao topo da profissão requer um bom investimento e disposição para mudar de ares.

Suiam Maritê nasceu em Nova Araçá, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul com menos de 5 mil habitantes. Seu primeiro contato com a aviação aconteceu ainda na infância, quando a passagem de uma aeronave no céu da cidade se tornava uma atração para a menina, que corria animada para a rua com seu irmão mais novo para observar o voo.

No ensino médio, ela descobriu a profissão ao ler um anúncio sobre as faculdades da região, que incluía o curso de Ciências Aeronáuticas. Suiam comentou com uma amiga, que disse que seu primo estava aprendendo a pilotar. “Eu pensei ‘alguém comum, de família simples do interior, vai ser piloto? Ué, por que eu não posso também?”‘, relembra. Foi quando decidiu seguir a carreira. No começo, enfrentou uma certa resistência – seu pai chegou a dizer que “nunca viu menina ser piloto”. “Tu nunca viu. Mas agora vai ver”, ela respondeu. E viu. Suiam procurou um aero­clube de uma cidade vizinha para aulas teóricas. “Só que eu olhei e pensei: ‘mas são esses aviõezi nhos?”‘, recorda, se referindo aos monomotores do local. “Eu falei: ‘Não, eu quero voar um jato com 150 passageiros.”‘ Mas, como tudo começa do começo, ela seguiu nas aulas – e, aos 18 anos, fez seu primeiro voo solo.

O início para quem quer virar piloto vem um pouco antes, na verdade.

O CAMINHO DAS PEDRAS

O primeiro passo é procurar um aeroclube ou uma escola de aviação reconhecida pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). É lá que você vai ter as aulas necessárias para passar em uma prova teórica da Anac para aspirantes a piloto. Só depois de aprovado nela, dá para sonhar em voar (também dá para estudar por conta própria, se você for o rei do autodidatismo).

Você ainda precisa tirar o CMA – Certificado Médico Aeronáutico. Caso você seja daltônico, tenha problemas cardíacos, pulmonares ou alguma deficiência auditiva, pode não ter o seu.

E agora vem a parte mais complexa: acumular no mínimo 35 horas de voo numa escola de aviação, como fez Suiam. A partir daí, você pode obter a licença de Piloto Privado (PP).

Essa habilitação, porém, não permite o trabalho remunerado. Para isso, é preciso voltar à sala de aula por cerca de três meses e repetir o processo de aprendizado teórico, desta vez de forma mais profunda, e novamente passar pela prova da Anac. Após acumular 150 horas de voo, o piloto pode ser avaliado novamente pela agência para tirar finalmente a licença de Piloto Comercial (PC).

O processo custa caro, já que o preço da hora de voo (ainda que varie bastante regionalmente) sai por umas boas centenas de reais cada uma. Em média, para ter todas as horas necessárias e cobrir outros custos, você vai desembolsar entre RS 120 mil e RS 130 mil, segundo Josué de Andrade, diretor da EJ – Escola de Aeronáutica Civil.

A partir daí, você teoricamente já vai estar habilitado para trabalhar. Mas na prática a teoria é outra: as grandes companhias aéreas exigem mais requisitos para contratar profissionais do manche: inglês avançado, preferência por ensino superior em Ciências Aeronáuticas e uma quantidade maior de horas de voo. Ela varia de empresa para empresa – 200 na Azul, 250 na Gol e 500 na Latam, por exemplo. Para acumular essas horas todas, é comum iniciar a carreira na área de táxi aéreo ou se tornar instrutor – caminhos que geralmente não exigem horas de voo para além da licença de piloto comercial e permitem o acúmulo de experiência. Vale tudo, na verdade: pilotar avião que puxa faixa na praia, pulverizar plantação… O que interessa é juntar horas. Quanto mais você tiver, melhor para o currículo.

Para as grandes companhias aéreas, o conhecimento técnico na área é, obviamente, indispensável. Mas não é tudo. Essas empresas procuram profissionais com perfil organizado, centrado, e, principalmente, de boa liderança – afinal, o piloto é, por lei, a maior autoridade dentro da aeronave e responsável pela segurança e bem-estar de todos. “Um piloto precisa ter uma liderança para tomar a decisão junto com a equipe. Tem de entender o que se passa sem ser autoritário”, diz Josué.

A SAGA DE SUIAM

Depois de  tirar sua  licença de  piloto comercial, Suiam entrou no curso de Ciências Aeronáuticas pela PUC- RS, onde estudou por três anos até se formar em 2006. Nesse ano, a jovem se encontrou naquela situação comum a muitos pilotos: “Eu tinha tudo, menos {uma boa quantidade de) horas de voo”, relembra. Suiam decidiu procurar emprego em táxi aéreo, mas a busca não foi exatamente fácil. “Eu pensei: onde é que mais forma piloto? No Sul e no Sudeste. Então, vou ter que ir para os lugares onde mais tem avião e menos tem piloto. Eu vou para o Norte ou Nordeste.”

Foi enviando currículo para empresas aéreas regionais desses Estados que ela conseguiu uma oferta – em Marabá, um município no interior do Pará. “Quando eu olhei no mapa e percebi que estava indo para um lugar muito longe, caiu a ficha e começou a bater um desespero”, conta.

Mas ela topou o desafio: foram 24 horas só de transporte até chegar a Marabá, onde ficaria por dez meses adquirindo experiência e somando boas horas de voo. Depois, voltou para o Rio Grande do Sul e conseguiu mais um emprego em táxi aéreo. Ficou por seis meses. E voilà: conseguiu experiência suficiente para ser chamada pela Tam (atual Latam) em abril de 2008.

Suiam construiu sua carreira na empresa. E hoje, 13 anos e 8 mil horas de voo depois, pilota os Airbus A320 da companhia, em linhas nacionais e internacionais. Os A320 levam justamente 150 passageiros – como a jovem sonhava em sua primeira visita ao aeroclube).

Quando perguntada sobre sua rotina, ela ri, e brinca que “as únicas coisas certas são as folgas que estão na escala de voos do mês” – afinal, quando se é piloto, não faz sentido falar em rotina diária, e mesmo o planejamento mensal de voos pode variar dependendo do clima ou de outros contratempos.

Para quem sonha em voar, Suiam tem um conselho especialmente importante para a época em que vivemos: nada de desanimar por causa do esfriamento da área durante a pandemia. “Não é para esperar o ‘momento ideal’. Eu acho que essa é a hora de se preparar: quando está tudo parado e você está começando.”

E é melhor você correr, porque o setor já dá sinais de recuperação. Projeções recentes da Associação Internacional de Transportes Aéreos (lata) preveem que as companhias conseguirão zerar os prejuízos em 2022, com o avanço das vacinações.

Suiam ainda é uma exceção em sua área. As mulheres são apenas 3% dos pilotos comerciais, segundo dados de 2020 da Anac. Mas há uma boa notícia: a proporção está crescendo: o número aumentou 64% nos últimos três anos.

Mais: Suiam garante que a presença feminina é muito bem aceita pelos colegas de profissão, com pouco ou nenhum preconceito enfrentado em sua carreira. “Não fiquem presas às crenças que trazemos do passado. É preciso seguir o sonho.” Afinal, essa é uma das poucas profissões em que a expressão “sonhar alto” tem um sentido quase literal.

UM DIA  NA VIDA

PONTOS POSITIVOS

A carreira é prestigiada e remunera bem  os pilotos mais experientes. Além disso, faz parte do rol das profissões de sonho – pelo menos para quem não tem medo de altura.

PONTOS NEGATIVOS

É preciso estar disposto a investir tempo, dedicação e dinheiro na formação, além de pensar a longo prazo, já que, no início da carreira, os pilotos penam para conseguir as horas de voo necessárias para um bom currículo.

PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS

Competências técnicas são obviamente indispensáveis. Grandes companhias procuram profissionais com inglês fluente e habilidades comportamentais como foco, liderança e assertividade.

O QUE FAZER  PARA ATUAR  NA ÁREA

O processo de habilitação em Piloto Comercial da Anac é obrigatório para todos os profissionais. Ensino superior não é exigência para ser piloto, mas o bacharelado em Ciências Aeronáuticas é geralmente requisitado pelas companhias.

QUEM CONTRATA

Grandes companhias aéreas para pilotos experientes; empresas regionais ou de táxi aéreo para quem está no início de carreira.

SALÁRIO MÉDIO*

R$ 16.470

*Fonte: Anuário Brasileiro de Recursos Humanos para Aviação CML de 2018, do Instituto Brasileiro de Aviação.

Agradecimento: Ubiratan dos Santos Rocha, presidente da Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (Abrapae).

EU ACHO …

DEIXE-OS FALAR

Não dialoguemos com as vozes do passado

Em 2016, tive a oportunidade de dividir uma mesade debates com a intelectual feminista negra Patrícia Hill Collins em São Paulo. Foi um momento muito importante paramim, pois as obras dela foram e são fundamentais referências, e aprendi muito naquela ocasião.

Já nos encontramos, várias vezes desde então, porém um momento profundamente marcante foi logo após essa mesa de debates em 2016, quando ela me convidou para tomar um vinho. Fomos à Casa das Rosas e tive a oportunidade de ter uma conversa mais íntima. Contei sobre a minha vida, minhas aflições de um divórcio recente, as dificuldades enfrentadas no período da graduação e do mestrado.

Tudo fluía numa energia incrível, realmente estava comovida por ver que Collins se interessava pela minha vida para além da questão acadêmica; parecia um sonho desvelar meus sentimentos a uma mulher por quem nutria admiração e respeito.

Num dado momento, comentei sobre os ataques que sofria nas redes, do quanto a branquitude a crítica brasileira se ressentia após a implementação das políticas de cotas e a expansão das universidades públicas e rebaixava o debate racial por puro ressentimento. Naquele momento cresciam as discussões , e nós, pessoas negras conscientes , precisávamos lidar com um show de desonestidade intelectual e falácias de todo tipo.

Contei a ela o quanto a desonestidade me exasperava, que respondia a muitos desses ataques e perguntei como ela lidava com isso. Pacientemente ela me disse que nos Estados Unidos não era diferente, que precisou enfrentar muita hostilidade quando passou a teorizar sobre feminismo negro e o quanto foi duro em muitos momentos.

Porém, ela continuou, por ser uma mulher na faixa dos 70 anos havia aprendido a olhar para essas situações sem se abalar ao longo da vida. E que eu deveria fazer o mesmo. Collins contou que faz parte do patriarcado racista a manutenção dos privilégios e ataques a tudo o que minimamente desestabilizar esse sistema; que não havia alguma novidade nisso. E completou com uma frase que levo para a vida: “let them talk, Djamila: “deixe-os falar”.

“Tudo o que eles querem é tirar o nosso foco, imagina se eu ficasse perdendo tempo respondendo a desonestidades na minha vida? Não teria produzido, publicado tantos livros, pautado tantos debates. Quando a gente responde a falácias, eles seguem pautando o que a gente diz. Concentre-se nas suas reflexões críticas, no quanto você pode contribuir para o debate sério. Djamila, deixe-os falar.”

Ela seguiu explicando que algumas vezes devemos, sim, responder, sobretudo quando há honestidade no debate e não tentativa de rebaixamento do pensamento crítico como forma de distração. Essa conversa nunca mais saiu da minha cabeça.

No ano seguinte, eu lancei meu primeiro livro e passei a publicar uma série de autoras negras e autores negros pela coleção Feminismos Plurais e pelo selo Sueli Carneiro – atualmente já temos 14 livros contando com nossa primeira tradução, o imprescindível “Black Power – A Política de Libertação nos EUA, de Kuame Ture e Charles Hamilton.

Todos os meus livros foram traduzidos para o francês, há edições de “Lugar de Fala” em espanhol e italiano e trabalhamos pela internacionalização da Feminismos Plurais com vários títulos traduzidos.

Collins tinha razão, e tive a oportunidade de dizer isso a ela quando novamente dividimos uma mesa, em 2018, num evento literário em Cachoeiro, na Bahia – evento esse que reuniu milhares de pessoas.

Por que conto tudo isso? Porque não é novidade alguma o ressentimento da branquitude acrítica, algo que faz com que verdadeiros absurdos sejam escritos sob o manto da “discordância de ideias”, mas que são tão somente falácias, ou seja. querem impor aquilo que se quer provar. Pessoas que não leram sobre um tema se julgando no direito de teorizar sobre, quem sempre pôde falar batendo o pé como criança birrenta e tentando chamar a atenção.

Se fosse um debate honesto, com discordâncias legítimas, valeria a pena o empenho em estabelecer um diálogo. Porém, como se trata de birra, grosseria, desonestidade, para que perder tempo e energia? Para que dar palco para quem dorme nos braços do ostracismo? Mais uma vez, não tem nada de novo nessas estratégias, é o mau e velho patriarcado racista rugindo ou como me disse Grada Kilomba, também num encontro marcante em 2016, são as vozes do passado falando – “não perca tempo dialogando com as vozes do passado”. Tem tanta gente boa sobre quem se falar, tantos livros incríveis esperando para ser lidos ou publicados. “Let them talk”.  A gente tem muito mais o que fazer.

*** DJAMILA RIBEIRO – Mestre em filosofia política pela Unifesp e coordenadora da coleção de livros “Feminismos Plurais”.

ESTAR BEM

COMO COMPENSAR OS EFEITOS DE UMA DIETA DESASTROSA MANTIDA POR ANOS

Nunca é tarde para começar ase alimentar corretamente. O organismo sempre reage às mudanças

Comer batatas ao meio-dia e uma barra de chocolate de lanche não é necessariamente um hábito aos 15 anos de idade. Depois dos 30, as coisas começam a mudar. E muito. Quanto é a conta de manter uma dieta desastrosa durante anos? Depende, claro, dos maus hábitos e da genética. Mas há uma boa notícia. Paloma Gil del Àlamo, especialista em endocrinologia e nutrição, diz: “O corpo é muito grato e, mesmo que seja maltratado, sempre dá a chance de recuperá-lo.

Não se trata aqui da questão de perder peso, mas de cuidar da saúde metabólica. O normal quando você quer se cuidar depois de anos é pensar em emagrecer. O importante, no entanto, é focar em parâmetros como gordura abdominal, níveis de colesterol e triglicerídeos, pressão arterial e resistência à insulina, que leva ao diabetes.

A marca mais óbvia deixada pelos anos de uma dieta desastrosa está escondida sob a pele, mas claramente visível. É o acúmulo de gordura no abdômen, que modela o corpo no formato “tipo maçã”, projetando uma imagem mais arredondada. Você deve ter lido que a gordura é boa porque armazena vitaminas e sintetiza hormônios; que é elemento­ chave na formação das células: que existem alimentos que são bons para comer mesmo que sejam muito gordurosos. Tudo isso é verdade, mas quando o estoque é armazenado na barriga, há apenas más notícias.

Nesse caso, o tecido se infiltra entre órgãos internos como o fígado e nos músculos e, ao contrário de quando é armazenado sob a pele das coxas e quadris (o tal “corpo de pera”), tem sido relacionado a um risco aumentado de muitas doenças, incluindo problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, além de alguns tipos de câncer. Esse acúmulo pode aumentar independentemente do peso, circunstância bem conhecida por algumas mulheres na pós-menopausa.

Um estudo publicado nos Annals of lnternal Medicine concluiu que a gordura abdominal é um fator de risco maior para mortalidade do que a obesidade. A barriga de cerveja não deve ser brincadeira, mas há uma boa notícia: a maçã pode ser jogada da árvore, pode-se aspirar a uma circunferência abdominal saudável de 88 centímetros nas mulheres, e 102 nos homens.

Para isso, é fundamental levar em conta que a origem da barriga está no excesso de calorias, o que é mais importante ainda na maturidade. O corpo usa cerca de 5% menos energia em repouso a cada década de vida. Então, se você ultrapassou a barreira dos 40, queima de 15% a 20% menos calorias do que quando tinha 16 anos enquanto dorme. Se você não reduzir a ingestão de energia, o fenômeno maçã é inevitável.

OUTROS INDICADORES

Barriga proeminente é um sinal que não falha, mas existem outros parâmetros que indicam riscos para doenças como as cardiovasculares e a diabetes que vêm à tona com exames de sangue. Por exemplo, o colesterol alto. Segundo dados da Sociedade Espanhola de Cardiologia, 20% dos espanhóis maiores de idade têm um valor de colesterol acima de 250mg/dl. Porém, estima-se que o corpo sintetize entre 80% e 85% do colesterol do sangue, e que apenas entre 15% e 20% esteja relacionado à dieta alimentar.

Em geral, é desejável que o colesterol total esteja abaixo de 200 miligramas por decilitro de sangue em adultos. A partir de 240mg, é necessária uma consulta médica. Em relação ao LDL, conhecido como colesterol ruim, entre 160 e 189 mg o valor é considerado alto, a partir de 190 mg, muito alto. Mas até que ponto o dano causado pode ser revertido? A verdade é que os fatores interpessoais são tantos e variados que fazer esse cálculo para  hipercolesterolemia, hipertensão e diabetes não é fácil. No primeiro caso, pode ser conseguido com mudanças na medicação e no estilo de vida. Neste último, o risco pode ser completamente eliminado com dieta e exercícios em um estado anterior à doença conhecida como pré-diabetes, e não tanto depois.

Apesar disso, estudos detectaram uma pequena taxa de pacientes que conseguiram reverter o pré-diabetes com dieta e exercícios. Uma análise de 257 pessoas observou que mudanças no estilo de vida, levando a uma perda de peso em torno de 10%, foram capazes de reverter a doença nos primeiros 5 anos após o diagnóstico.

A hipertensão não tem cura, mas pode ser controlada. Não é apenas necessário diminuir a ingestão de sal, aumentar o potássio também funciona. Outra providência importante é abandonar os alimentos ultraprocessados, cujo teor de sódio é muito alto, e aumentar o consumo de vegetais, por exemplo.

O grande risco é o de desenvolver a síndrome metabólica, que é diagnosticada quando uma pessoa atende a três desses cinco fatores de risco: hipertensão, hipercolesterolemia, açúcar elevado no sangue, triglicerídeos elevados e excesso de gordura abdominal. De acordo com o estudo Predimed, o maior ensaio nutricional já feito no mundo, a dieta mediterrânea, que inclui o consumo do azeite de oliva ou de nozes, reverte a incidência desta síndrome em 28%. Segundo Miguel Ángel Martinez-Goozález, professor de medicina preventiva da Universidade de Navarra e um dos responsáveis pelo estudo, esses dados são eloquentes: ”Nunca é tarde para se cuidar”. Adotar a dieta mediterrânea por três anos reduz em 30% o risco de infarto, o acidente vascular cerebral, morte cardiovascular.

TELÔMEROS DE DISTÃNCIA

Em uma manhã gelada de São Francisco, as amigas Kara e Lisa tomam café e falam sobre a vida. Kara está cansada, não consegue se livrar de um resfriado e sente o coração disparar loucamente na hora de dormir. Lisa parece radiante, seus olhos e pele brilham, ela tem  muito tempo para fazer o dever de casa. Está cheia de energia. As diferenças entre elas são perceptíveis: as duas têm a mesma idade cronológica, mas a biológica é bem diferente. Parte da culpa é da dieta.

Com a história de Kara e Lisa começa ”The telomere soluction”, de Elissa Epel, professora de psiquiatria da Universidade da Califórnia em São Francisco e prêmio Nobel de fisiologia e medicina por seu trabalho sobre telômeros, regiões que fecham os cromossomos. Os pesquisadores observaram que eles ficam menores com o tempo até ficarem muito curtos para evitar a degradação do DNA. “O comprimento do telômero foi proposto como um biomarcador de idade. Quanto mais curtos, mais o envelhecimento acelera”, explica Gil del Álamo.

No caso de Kara e lisa, ambas tinham 50 anos, mas a primeira entrou em uma área da vida marcada pela doença, enquanto Lisa, no ritmo que está caminhando, não chegará lá até os 75.

A boa notícia é que, assim como são cortados, os telômero  têm a capacidade de crescer quando certos hábitos de vida são modificados. Mas há muitos fatores a serem considerados. Por exemplo, existe o estresse oxidativo, por meio do qual as células passam a produzir radicais livres que acabam danificando o DNA. Isso aumenta o risco de doenças como alguns tipos de câncer, diabetes, além de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos como Parkinson e Alzheimer. Existem muitos fatores que contribuem para o estresse oxidativo, como poluição, tabagismo e exposição excessiva à luz solar, mas uma boa dieta contribui para cancelá-lo por meio dos famosos antioxidantes. Depois, há a inflamação.

Por um lado, o aumento da glicose no sangue causa um aumento na produção de citocinas, que são um tipo de mensageiro que percorre o corpo causando inflamação leve, mas contínua. No longo prazo, é fatal. Este estado inflamatório crônico pode contribuir para o desenvolvimento de diabetes e tem sido associada à insuficiência cardíaca e doença renal crônica. O excesso de glicose, batata frita, carboidratos refinados (pão branco e  arroz), doces, refrigerantes e bolos na dieta têm consequências importantes para a saúde.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

PERDA DE FOME PÓS-AVC REVELA MISTÉRIOS DO CÉREBRO

Região cerebral pouco conhecida se liga a sistema de comando do apetite, o que leva os pesquisadores a acreditarem não haver um único ‘gatilho’ para o controle da anorexia ou da compulsão alimentar

Uma mulher canadense de 28 anos sofre de um acidente vascular cerebral isquêmico        que afetou a ínsula posterior esquerda de seu cérebro. A paciente parece se recuperar do derrame em 11 dias. Porém, sete meses após a alta hospitalar e sem nenhum tratamento farmacológico, ela relata que não sente sinais de fome, apesar de manter intactas as percepções associadas ao paladar e ao olfato. Ela perdeu o apetite, e suas comidas favoritas não lhe davam mais prazer 15 meses após o AVC.

Uma pesquisa da Universidade de Montreal, no Canadá, liderada pelo neurocientista Dang Khoa Nguyen e publicada na revista Neurocase, acredita que, com este caso, uma nova região do cérebro envolvida com a sensação de apetite tenha sido descoberta.

No entanto, outro neurocientista, José Maria Delgado, da Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, na Espanha, alerta que existem mais regiões cerebrais relacionadas à fome e que aquela afetada pelo episódio tem ligações com as já conhecidas e que, além do regulamento meramente metabólico da dieta, exercido pelo cérebro, há outra estrutura muito relevante do ponto de vista cognitivo”. Dessa forma, o controle da fome não depende de uma única “alavanca”, segundo o pesquisador espanhol. O apetite é complexo e não possui um único gatilho.

Após o AVC isquêmico, a paciente apresentou as limitações de mobilidade esperadas no corpo e dificuldades para falar. Tinha sofrido danos numa sub-região remota do cérebro, de difícil acesso e pouco estudada, que está associada a atividades ligadas à tomada de decisão, ao processamento emocional e à atenção. No entanto, não estava diretamente relacionado com o apetite, embora, segundo José Maria Delgado, que remete a uma publicação na Neuroimagem, “estava, sim, relacionada a conexões com o hipotálamo lateral, onde está o centro da fome”.

PERDA DE PESO

A sensação de fome e o prazer de comer voltaram 16 meses após o derrame. Mas durante quase um ano e meio, a paciente perdeu 13 kg (passou de 73 para 60) sem que, segundo Dang Khoa Nguyen, “a falta de apetite fosse atribuída a medicamentos, uso de substâncias  ou distúrbios clínicos”.

Segundo o pesquisador, “evidências crescentes sugerem que a ínsula desempenha um papel importante no sabor, na capacidade de perceber estímulos internos e no processamento emocional”. E acrescenta: “Provavelmente integra essas diferentes funções para contribuir para o controle homeostático (autorregulação da constância das propriedades de um sistema influenciado por agentes externos) da ingestão de alimentos”.

No entanto, o neurocientista espanhol destaca que, ”embora os autores do artigo não o mencionem”, sabe-se que “a ínsula tem ligações com o hipotálamo lateral, onde se  localiza o suposto centro da fome e, também, com a nucleus accumbens, cuja ativação produz a sensação de recompensa ou satisfação após a realização do que se buscava: comida, água etc.”

Delgado, autor da pesquisa sobre regulação cerebral da fome, especifica que “é o hipotálamo, um pequeno centro nervoso que não representa mais de 1% do peso total do cérebro, que regula todas as funções metabólicas endócrinas”. E explica, segundo experiências com animais: “Sabe-se que existe um centro da fome no hipotálamo lateral e que, se estimulado eletricamente, aumenta o apetite. Da mesma forma, o córtex pré­ frontal medial e o nucleus accumbens (relacionado à sensação subjetiva consciente de prazer , bem-estar ou satisfação) também desempenham um papel importante na modulação consciente dos sinais de apetite e saciedade. Se forem estimulados, diminuem o apetite. A longo prazo pode causar anorexia”.

O neurocientista considera consistente que, se um AVC afetar o centro da fome ou alguma das estruturas que o ativam, a vontade de comer é perdida. No entanto, ele esclarece que esses sistemas apenas explicam o apetite do ponto de vista da regulação meramente metabólica. Nesse sentido, acrescenta: “Existe uma outra estrutura que regula a alimentação do ponto de vista cognitivo, ou seja, uma coisa é não comer por muito tempo, baixando a glicemia e acionando o centro da fome ,que é um mecanismo fisiológico, e outra são os mecanismos do tipo cognitivo., que o levam a comer uma comida apetitosa, mesmo que não tenha fome”.

Esta complexidade dos elementos que desencadeiam ou reduzem o apetite é justamente a maior dificuldade em encontrar um medicamento que regule a fome e assim seja possível combater a obesidade ou a anorexia. Delgado esclarece: “É necessária uma inibição sustentada ou ativação ao longo do tempo dos centros de fome ou saciedade. Ao contrário, em uma refeição, o apetite é satisfeito antes que os sinais hormonais e nervosos que regulam a digestão sejam ativados”.

A busca por esse gatilho ou  inibidor da fome levou a pensar na estimulação física ou química do cérebro, por meio da dopamina, um neurotransmissor. Uma droga que modulasse a presença dessa substância, considerada causadora de sensações agradáveis e de relaxamento, impediria uma pessoa de ingerir muita comida porque teria a sensação de que já se alimentou o suficiente.

EFEITOS COLATERAIS

Delgado alerta para o perigo de lesionar uma parte do cérebro ou de tomar remédios para obter um resultado que tem causa psicológica e efeitos colaterais. O próprio estudo canadense sobre os efeitos da lesão cerebral indica que a paciente não só perdeu o apetite, mas também o prazer de comer.

“Não é fácil encontrar uma droga que elimine a fome, porque também pode eliminar todo o restante associado à satisfação”, explica o pesquisador.

Somados aos efeitos colaterais adversos, os mecanismos naturais envolvem muitas regiões do cérebro e outras partes do corpo, dificultando a articulação de uma única terapia. O neurocientista explica: o mecanismo subjetivo de regulação da fome é ainda mais rápido que o fisiológico. Quando você começa a comer , o estômago está distendido

E a sensação de fome é removida. Isso já é um freio. Então com a digestão, são liberados substâncias e hormônios [leptinas, insulina, colecistocinina] que atuam no centro de saciedade. Todo esse mecanismo é inconsciente. E depois há o componente consciente: se você vê um alimento de aparência muito ruim, perde a vontade de comer e não há metabolismo envolvido”.

Yong Xu, professor de nutriçãoe biologia molecular e celular da Baylor School of Medicine, concorda com a complexidade de regular até mesmo comportamentos alimentares por necessidade ou prazer. Em uma pesquisa publicada na Molecular Psychiatry, sua equipe descobriu que cada tipo de alimento tem seu próprio circuito independente.

“O circuito que se projeta para o hipotálamo regula principalmente a alimentação motivada pela fome, mas não influencia o comportamento motivado pelo prazer”, explica Yong Xu.

Outra estrutura envolvida são os neurônios AgRP, encontrados no hipotálamo e ativados no jejum. Um experimento com camundongos geneticamente modificados, publicado na Nature, mostrou que quando são estimulados o animal ingere grandes quantidades de comida.

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