Cientistas alertam para potencial risco do uso de paracetamol por gestantes
Um grupo internacional de 91 cientistas publicou uma declaração de consenso pedindo a agências reguladoras que atualizem suas políticas de recomendação para o uso de paracetamol por gestantes. O medicamento, usado por metade das grávidas do planeta, traz indícios de risco para desenvolvimento do feto, segundo sugerem estudos observacionais e experimentos com cobaias.
O documento, publicado na revista médica Nature Reviews Endocrinology, é acompanhado de um trabalho de revisão da literatura científica dos últimos 25 anos, particularmente de estudos recentes. Os cientistas afirmam que muitos trabalhos apontando risco ainda não são conclusivos, mas inspiram cautela, porque apontam para danos ao desenvolvimento dos sistema nervoso e reprodutivo dos fetos.
“Nós recomendamos que mulheres grávidas devem ser alertadas no início da gestação para evitar o paracetamol a menos que seu uso seja indicado e a se consultarem com um médico”, afirmam os cientistas no artigo.
Enquanto estudos mais detalhados não resolvam as dúvidas científicas que restam na área, os cientistas pedem à FDA e à EMA (agências reguladoras de fármacos dos Estados Unidos e da União Europeia) que suas recomendações sejam “atualizadas com base na avaliação de toda evidência científica” e “revejam as pesquisas mais recentes”.
No Brasil, a bula do medicamento já afirma que o paracetamol “não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica”. Recentemente, a Avisa emitiu uma nota de cautela sobre danos que o medicamento pode causar ao fígado, mas não tratou especificamente o de problemas para gestantes.
A revisão que acompanha a declaração dos cientistas foi feita por pesquisadores de 14 instituições dos EUA e da Europa, liderados pela sanitarista Ann Bauer, da Universidade de Massachusetts. O farmacólogo brasileiro Anderson Andrade, professor da Universidade Federal do Paraná, é coautor do trabalho e afirma que a literatura médica recente inspirou a decisão.
“O cenário mudou de forma relativamente rápida, em razão do grande número recente de estudos experimentais com animais de laboratório e células, assim como de estudos observacionais em humanos”, diz o pesquisador.
Anderson reafirma a necessidade de cautela. “Estudos indicam que a exposição intrauterina ao paracetamol está possivelmente associada a um maior risco de alterações no neurodesenvolvimento, assim como de distúrbios reprodutivos e urogenitais. Ainda há incertezas em relação a esse risco, mas a crescente evidência é suficiente para que gestantes ou mesmo profissionais de saúde sejam alertados”, completa.
Apesar de apontarem os riscos do medicamento para gestantes, os cientistas reconhecem no estudo que o paracetamol é uma droga importante para tratamento de alguns problemas médicos em grávidas e defendem que deve permanecer como opção viável, desde que indicado diretamente por um médico. A preocupação do grupo é que por ser um medicamento isento de prescrição na maioria dos países, o risco de gestantes o usarem sem acompanhamento é alto. Segundo Bauer e seus coautores, um levantamento global mostra que o paracetamol é hoje o medicamento mais consumido por gestantes; cerca de metade delas faz uso do produto em algum momento da gravidez. No combate à febre, estudos sugerem que os benefícios superam os perigos, pois a temperatura corporal alta e persistente está associada a riscos maiores para o feto. O problema é que cerca de 70% das gestantes fazem uso do paracetamol para combater dor moderada, e nesse caso o medicamento se mostrou menos eficaz e seguro que outras alternativas.
VENDA LIMITADA
Os pesquisadores não entram num debate direto sobre se a classificação do paracetamol, um dos fármacos mais consumidos no mundo, deve ser alterado para exigir receita médica. Eles recomendam, ao menos, que ele seja vendido apenas em farmácias, como já acontece no Brasil. Em alguns países europeus, a quantidade de comprimidos disponível à venda por pessoa é limitada.
Olímpio Barbosa de Moraes Filho, um dos diretores da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), afirma que a entidade é contra a reclassificação da droga como tarja vermelha, ao menos por enquanto.
“Acho que o mais importante é intensificar o trabalho de conscientização”, diz. “Se a pessoa tem uma indicação à noite, duas horas da manhã, como vai ter acesso a um médico para liberar essa medicação? O importante é tanto o paciente quanto o médico entenderem que não se deve usar a medicação sem uma indicação clara de benefício.
Hoje, o paracetamol é vendido no Brasil como princípio ativo puro ou combinado, sob dezenas de marcas diferentes e também como remédio genérico. Para Andrade, da UFPR, a nota de cautela que existe na bula hoje é muito inespecífica, pois se aplica a virtualmente qualquer medicamento.
“Nossa recomendação é que haja uma comunicação de risco específica para o uso do paracetamol na gestação, incluindo alertas nas embalagens de medicamentos contendo essa droga”, afirma. “Uma das nossas preocupações é que o remédio é visto por muitas gestantes, e até mesmo por profissionais de saúde, como uma droga que não apresenta riscos para o desenvolvimento do bebê.”
No estudo da Nature Reviews, os cientistas afirmam que uma medida importante seria que as agências de fomento à ciência estimulassem mais pesquisas sobre o tema para eliminar dúvidas sobre os riscos de uso da droga. É particularmente difícil, argumentam, aferir o grande risco de problemas psiquiátricos que se manifestam em crianças maiores ou em adolescentes, como depressão e problemas cognitivos, porque experimentos com animais não emulam bem o comportamento humano. No caso de problemas de desenvolvimento urogenital, os estudos com cobaias ilustram o risco de forma mais clara, mas em humanos é difícil estabelecer o que seria uma margem de segurança para dosagem do medicamento. Enquanto a ciência não traz respostas mais sólidas para essas preocupações, dizem os autores, o princípio da cautela deve valer.
“Gestantes devem se consultar com um médico ou farmacêutico se não estão certas sobre se o uso é indicado, e antes de usar o medicamento em longo prazo, além de minimizar a exposição à menor dose eficaz, pelo menor período de tempo passível”, escrevem os pesquisadores.
RESPOSTA DO FABRICANTE
Em um posicionamento por escrito, a Johnson & Johnson, detentora do Tylenol, a marca mais vendida de paracetamol no Brasil, afirma que a bula atual do medicamento contempla o alerta necessário às gestantes e médicos.
“A marca recomenda a leitura do rótulo e que sigam cuidadosamente a bula antes de usar qualquer medicamento isento de prescrição”, diz a empresa, que afirma não reconhecer ainda o corpo de evidência científica que põe em dúvida a segurança do paracetamol.
“A evidência atual não suporta a ligação causal entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o risco de desfechos adversos neurológicos, urogenitais ou reprodutivos. Em caso de dúvidas sobre o uso, os pacientes devem entrar em contato com o seu médico”, diz a nota.
Dois pesos e duas medidas, uns e outras são abomináveis ao Senhor (Provérbios 20.10).
Deus se importa com as transações comerciais. Está atento ao que acontece no comércio e na indústria. Seus olhos investigam a esperteza de comerciantes desonestos que tentam levar vantagem usando dois pesos e duas medidas. Na verdade, o Senhor detesta quem usa medidas e pesos desonestos. Pesos adulterados e medidas falsificadas são coisas que o Senhor abomina. Diminuir o peso e encurtar as medidas para enganar o consumidor são atitudes indignas e desonestas. Tanto a exploração no comércio quanto o lucro exagerado merecem nosso repúdio. Entrar por esse caminho do lucro fácil, do roubo disfarçado e do enriquecimento ilícito é colocar os pés numa rota de desastre. É bater de frente com a justiça divina. Deus abomina a desonestidade. Ele é Deus de justiça e de verdade. A mentira e a trapaça procedem do maligno. São abomináveis ao Senhor. Num país em que a exploração e a lei do levar vantagem fazem parte da cultura, precisamos insistir no princípio da integridade. Vender produtos falsificados como se fossem genuínos é fraude. Vender um produto com padrão de qualidade inferior é engano. Não entregar ao consumidor o que ele pagou é roubo. É uma quebra do oitavo mandamento: “Não furtarás”.
Pesquisa revela o perfil eos dramas de mulheres e negros na Liderança das diretorias financeiras em grandes companhias
A cadeira de CFO (sigla para chief financial officer, o diretor financeiro) de uma empresa não é fácil de se ocupar, principalmente se a pessoa for mulher ou negra. De acordo com a pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil 2021, realizada pelo Insper em parceria com a Assetz Expert Recruitment, apenas 10% destes executivos são do gênero feminino e 8% são pretos ou pardos. O estudo ouviu 128 pessoas, integrantes de companhias com pelo menos R$ 1 bilhão em faturamento.
É importante ressaltar que, entre os participantes, apenas um CFO se encaixou nos dois principais grupos minoritários – ou seja, mulher e negra. No geral, o lnsper apontou que os diretores financeiros das empresas brasileiras são majoritariamente brancos (85%), homens (90%) e com idade média de 47 anos. A maioria é formada em cursos de administração (46% ), ciências econômicas (21% ) ou engenharia (20%), sendo que 70% têm pós-graduação.
Em questão de diversidade, os números são piores do que os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnad Contínua). Em 2019, por exemplo, as mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais. Um ano antes, 30% dos profissionais negros trabalhavam em posições de liderança.
“É uma luta constante, um desafio do dia a dia de entrar, ter voz, ter vez e não passar despercebida em um processo. Fui CFO por mais de 14 anos, e não foi uma, nem duas vezes que sentei na mesa e era a única mulher”, afirma Rachel Maia, presidente da RMConsulting e conselheira administrativa, embaixadora da W-CFO Brazil, além de primeira mulher negra a assumir uma vaga em um conselho de empresa listada. “É fundamental a união desses 10% de mulheres.”
O acesso restrito aos cargos de CFO, e de liderança como um todo, contrasta com a composição da população brasileira, formada 54% por negros e 51,8% por mulheres.” Essa pesquisa só confirma o que outras investigações apontam, que há uma espécie de sub-representação desses grupos em cargos, que, dentro do universo corporativo, são chamados de C-Levels. Ou seja, CEOs, CFOs e por aí vai”, afirma Márcio Macedo, professor e coordenador de diversidade na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP).
A desigualdade entre mulheres e homens, negros e brancos pode ser observada no caminho percorrido por estes executivos até o cargo de chefia no mercado financeiro. Uma minoria dos profissionais mulheres, por exemplo, teve acesso à educação superior pública (31%), contra 40% dos negros e 42% dos demais grupos.
As diretoras também estão há menos tempo no cargo:em média, atuam como CFOs há cinco anos, enquanto os negros estão há sete anos e os demais grupos, há cerca de oito anos. Por outro lado, a maioria delas (85%) chegou à cadeira por meio de promoção interna da empresa, enquanto o mesmo ocorreu com apenas 30% dos executivos negros, e 47% dos demais grupos.
O estilo de liderança diferente das mulheres é destacado por Silvia Vilas Boas, CFO da Natura & CoAmérica Latina. Formada em engenharia mecânica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). “As mulheres escutam as pessoas e exercem empatia melhor do que os homens, o que é uma dádiva. Conseguimos entender e navegar melhor nos ambientes. Sempre usei muito essas qualidades”, afirma.
Quando questionadas sobre como se imaginam em cinco anos, 62% das mulheres responderam que não se vêm nem como CEOs, nem como CFOs, (cargo atual), mesmo que a idade média delas (47 anos) seja similar à dos homens – a resposta foi a mesma para 50% dos executivos negros. Considerando o panorama geral, 66% dos 128 respondentes se projetam como CEOs até 2025.
Para Maia, uma das explicações para esse panorama está ainda na nos desafios que mulheres líderes enfrentam na rotina profissional. “Todo dia é uma batalha para fazer valer a sua posição. Toda hora você é questionada. Então, muitas vezes é exaustivo”, explica.
OPORTUNIDADES DESIGUAIS
Olhando pelo prisma racial, 60%dos CFOs negros são formados em administração, uma das formações mais comuns no , e 50% deles realizaram um MBA (pós-graduação destinada à administradores e executivos. O mesmo grau acadêmico é apresentado por 62% do público feminino e 71%, dos demais participantes da pesquisa.
Quando o assunto é trabalho ou estudos no exterior, a diferença é ainda mais gritante. Nenhum dos entrevistados negros teve a oportunidade de cursar um MBA em um país estrangeiro, ante 8% das mulheres e 19% dos demais profissionais. Esse grupo racial também tem menos experiência profissional fora do Brasil (31%), em comparação com os diretores financeiros brancos e de outros grupos raciais (44%).
O CFO DO FUTURO?
A pesquisa também aponta as habilidades técnicas e comportamentais que os CFOs acreditam que serão determinantes para o cargo no futuro. Dentre as habilidades técnicas, planejamento estratégico (51%), gestão de riscos (45%) e tesouraria estratégica (36%), foram apontados como as principais competências. Entre as Skills comportamentais, adaptar-se as mudanças foi a característica preponderante para 67% dos entrevistados.
Vilas Boas afirma que a mais importante das habilidades para a contratação de um novo funcionário é a capacidade de aprender. “Tudo o que ele (o candidato) tem de conhecimento até hoje é importante, mas não será suficiente. Então busco pessoas que aprendam rápido, pois vivemos em um cenário de mudanças constantes.”
A Galeria Borghese, em Roma, é um lugar inesquecível. Fica em um palácio do século 17 construído para o cardeal Scipione Caffarelli-Borghese, sobrinho do papa Paulo V. Ao redor, um parque muito bonito. Ali perto, colina Pinciana é um lugar de belas vistas sobre a Cidade Eterna e um passeio muito bom nos dias de calor.
Os tesouros acumulados pelos príncipes da igreja podem ser contemplados no interior do palácio. O destaque é para as esculturas de Bernini (1598-1680), o genial napolitano que, junto a Michelangelo e Rodin, forma uma das trindades sagradas dessa arte. Em Roma, você pode ver criações fascinantes do barroco de Bernini: O Êxtase de Santa Teresa, O Êxtase da Beata Ludovica Albertoni e a Alma Domada. Porém, só a ida à Galeria Borghese vai revelar obras-primas em quantidade: O Rapto de Prosérpina, os bustos do cardeal Scipione e Apolo e Dafne.
Vou me fixar nas grandes duplas da galeria. O deus do mundo infernal raptou a bela Prosérpina (chamada de Perséfone pelos gregos). A estátua de Bernini no exato momento em que ele acabou de emergir das profundezas e pegou a divindade feminina à força. As mãos do deus estão enterradas na coxa da pobre abduzida e fazem tanta pressão que o escultor mostra os dedos afundados no mármore como se fossem carne macia. Maravilhada técnica!
Bem perto, encontramos outro casal em desespero. Apolo persegue uma ninfa, Dafne, já que foi atingido pela seta do amor de cupido. O filho de Zeus tenta agarrá-la à força. Ela roga ao pai, o deus-rio Peneu, que mude sua forma transformando-a em uma árvore, um loureiro. Ovídio descreve a cena e Bernini conheceu a obra poética do poeta romano. A frase de Apolo, ao ver sua amada transformada em árvore, é de um consolo duvidoso: “Já que não podes ser minha mulher, será, certamente, a minha árvore” (tradução de João Angelo Oliva Neto, Metamorfoses, livro I, verso 557 ess. Ed.34).
Veja, minha querida leitora e meu caro leitor: as duas esculturas maravilhosas são cenas de um assédio, de uma tentativa de sexo forçado e de rapto. Foram esculpidas por um homem e voltadas a um público dominantemente masculino. São obras impactantes em mármore que destacam um ato, aqui, petrificado: os homens, mais fortes e ágeis, pegam à força aquilo que as mulheres recusam. Os observadores daquela insigne galeria ficam admirados dos dedos de Dafne virando delicadas folhas de louro, obra de um colaborador do escultor famoso a quem ele dava pouco crédito. Giuliano Finelli, nascido na emblemática carrara, fonte de tantos mármores há séculos, estava ressentido com a falta de créditos do mestre. Podemos pensar que o olhar de posse sobre a mulher indefesa que o escultor imortalizou esteja na dominação de um aprendiz. Seria possível dizer que, para Bernini, era natural a submissão de quem fosse menor ou mais pobre ou mais jovem?
Vamos devagar com o andor que o santo é de mármore de Carrara! Cuidado com projeções anacrônicas. Bernini não leu Simone de Beauvoir por vários motivos. Conheceu Ovídio e outras fontes clássicas. Representou o imaginário de um homem culto do século 17. Seus objetos seriam reconhecidos pela família dos mecenas como os Borghese, bem como pelos outros cultos prelados que ali ceavam.
Os valores, felizmente, mudam. As estátuas, hoje, seriam consideradas apologia ao estupro. Esculpidas por alguém no século 21, seriam atacadas. Continuam sendo obras-primas de outra época. O mundo mudou. A memória contida nas obras de Bernini deveria ser eliminada? Os jovens que passeiam pelas galerias e contemplam as peças ficariam tomados de ideias perversas de violência contra mulheres? Deveríamos exibir avisos nos museus sobre como aquilo pertence a outra concepção do feminino? A pergunta que permanece em muitos lugares: deveríamos queimar ou quebrar imagens com valores que, hoje, chocam nossa sensibilidade? São questões importantes.
Toda obra de arte traz o espelho de uma sociedade. Ela é uma criação e, ao mesmo tempo, um documento. Gosto de perceber que uma obra ficou datada porque, por vezes, pode significar que melhoramos um pouco. Acho que deveríamos evitar lugares de honra para imagens que representam valores que tentamos superar. Destruir? O sentimento é sempre estranho para um historiador. Eliminar documentos é algo inquisitorial, um gesto de poder. Prefiro remover para espaços menos destacados, com explicações. Que o público conheça também os valores ultrapassados. A memória elabora muitos registros, inclusive de Borba Gato. Eles mostram concepções sendo transformadas. Por vezes, como a estátua de Pizarro que foi removida da praça de armas de Lima, não se deseja mais louvar o que aquela imagem representa. Removemos para outro espaço ou acrescentamos uma boa explicação. Considero necessário um debate sobre adaptar, manter ou eliminar memória para substituí-la por uma mais “correta”. As estátuas de Bernini são geniais e mostram mulheres sofrendo assédio violento de homens que não aceitavam recusas. Hoje, felizmente, alguns pensam diferente. Para mim, são duas coisas a admirar: o talento do escultor e o mundo diferente que desejamos instituir. Você pensa diferente? Por favor, não me queime.
Na pandemia, cada vez mais brasileiros compram frutas, hortaliças e itens artesanais de pequenos produtores. Aprenda a tirar o melhor proveito disso
O coronavírus está transformando hábitos de consumo em todos os sentidos. Aqui e lá fora, com as pessoas mais confinadas, mudou o jeito de comprar, cozinhar e comer. E é diante de uma necessidade ou de um novo olhar para o mundo, a saúde e o meio ambiente que muitos brasileiros passaram a adotar uma tendência global conhecida como farm-to-table, expressão em inglês que pode ser traduzida como “da fazenda à mesa”. Ela se refere à compra de alimentos direto com o produtor – às vezes mediada por serviços on-line que fazem a conexão entre as partes e a entrega. Seus adeptos acreditam que, desse modo, não só levam à mesa mais alimentos frescos e de qualidade como ainda contribuem com o orçamento de pequenos agricultores e com práticas mais sustentáveis neste momento tão desafiador.
“Com as pessoas em casa, há mais disponibilidade de tempo e a possibilidade de se alimentar mais junto à família. É diferente desse ritmo frenético da vida moderna, em que aparece tanto fast-food e junk food, observa o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) citando o alto consumo de produtos industrializados e comida pronta no país. Embora nem todos os lares tenham conseguido abraçar um cardápio mais saudável durante a pandemia, o hábito de preparar as próprias refeições estimula um número crescente de pessoas a pensar no que estão comendo e nas origens do que vai à panela e, logo em seguida, ao prato.
“Os dados ainda são preliminares, mas o que se vê são alguns aumentos no percentual de brasileiros consumindo alimentos frescos e minimamente processados”, afirma a epidemiologista nutricional Renata Levy, da Universidade de São Paulo (USP). Ela é uma das pesquisadoras responsáveis pelo projeto NutriNet Brasil, que busca mapear os hábitos alimentares da nossa população e como eles estão associados ao aumento ou à redução de diversas doenças. Iniciado em janeiro, o estudo já conta com mais de 74 mil participantes voluntários, que responderam a questionários no início do ano e em abril, já com a pandemia em curso.
Ainda que a ingestão de alimentos ultraprocessados (salgadinho, bolacha recheada, macarrão instantâneo etc.) tenha se mantido estável nesse intervalo de três meses, os cientistas do NutriNet Brasil notaram maior frequência nas referências ao consumo de frutas, verduras, legumes e feijão. “O aumento nesses itens perecíveis pode indicar que as pessoas realmente começaram a cozinhar mais em casa”, avalia Renata. A maior procura por soluções “caseiras” ou “saudáveis” em meio à crise é sentida até mesmo por lojas e restaurante que oferecem opções orgânicas (outro segmento em ascensão). “Nossos principais clientes eram as pessoas que trabalhavam por perto, estavam fora de casa e não podiam preparar sua comida. Agora elas compram os próprios produtos e têm mais tempo para se dedicar à cozinha”, relata Thiago Flores, proprietário do Restaurante Prato Verde, em Porto Alegre, especializado em pratos vegetarianos e orgânicos. Mesmo com a possibilidade do delivery, o faturamento do estabelecimento caiu 80%.
A pandemia também reinventou as formas de adquirir os ingredientes, abrindo oportunidades para os pequenos produtores. Com as restrições de circulação e a redução nas idas a feiras e mercados a fim de evitar aglomerações, despontaram e cresceram serviços que fazem a ponte entre quem cultiva e quem consome. E tem muita tecnologia envolvida e startups dedicadas a facilitar essa conexão. Criada há seis anos, a Raizs teve um aumento de 250% nos usuários desde que a Covid-19 se instalou no país. “O que fazemos é um processo de cortar intermediários da cadeia. Em vez de passar por diferentes distribuidores e supermercado, o alimento sai da fazenda e vai para a casa do consumidor”, explica Tomás Abrahão, fundador da empresa, especializada na venda avulsa e na assinatura de cestas de orgânicos certificados.
Iniciativas desenvolvidas por ONGs se juntam a esse movimento usando o ambiente on-line para aproximar produtor e consumidor final. Uma delas é a Comida de Verdade, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). Montada em 2015 originalmente como um mapeamento de feiras orgânicas, ela foi ampliada com a pandemia e hoje permite, através do seu site, que a gente localize e faça negócio com os produtores mais próximos. Do lado de quem cultiva ajuda a identificar potenciais clientes e combinar as entregas. É o conceito farm-to-table na prática.
“A ferramenta tem sido colocada como um espaço fundamental para que os agricultores familiares possam escoar a produção” -, conta o nutricionista Rafael Arantes, do Idec. Em quase três meses de funcionamento já são mais de 50 mil usuários consultando a plataforma todo dia. “Isso é uma continuação de algo que já vinha de antes da pandemia, um aumento no interesse e na procura por tipo de alimento”, explica.
Seum número maior de brasileiros já vinha procurando alternativas mais naturais e caseiras na alimentação, é porque elas também costumam ser vistas como mais saudáveis em comparação aos produtos prontos, congelados e industrializados. A conexão com a agricultura local pressupõe menos processamento industrial e, no caso das fazendas orgânicas, menos agrotóxicos à mesa – ponto que desperta conscientização e receio entre os consumidores, uma vez que nosso país é o maior usuário de defensivos agrícolas no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Privilegiar comida fresca e feita em casa com esses ingredientes é uma recomendação inclusive do Guia Alimentar para a População Brasileira, cartilha do Ministério da Saúde que reúne orientações para uma dieta equilibrada e saudável. Ainda que o documento seja alvo de ponderações, poucos especialistas discordam da ideia de comer mais frutas e verduras e reduzir a cota de industrializados. O guia é crítico sobretudo ao que chama de ultraprocessados (classificação da qual alguns profissionais discordam). A distinção a que ele faz referência tem a seguinte linha de raciocínio: boa parte do que ingerimos passa por algum tipo de processamento. O feijão, por exemplo, precisa ser lavado, selecionado e ensacado. Como suas características não são substancialmente alteradas e nenhum elemento é adicionado, ele integra o time dos “minimamente processados”.
“Já os ultraprocessados, em geral, não têm quase nada de alimento e envolvem o uso de compostos químicos que você não tem na cozinha, diferencia Renata. Salgadinhos, biscoitos, sorvetes e refrigerantes fazem parte da categoria, da qual nutricionistas mandam passar longe. É tanta gordura, açúcar, sódio ou componentes que mexem em textura, aroma e sabor que, embora o paladar se deleite, há risco de cometer exageros potencialmente nocivos e associados à obesidade, diabetes e doenças do coração.
Mas só a busca pelo natural não justifica o apelo do farm-to-table. Afinal, já dava para comprar alimentos frescos no mercado antes. A diferença dessa tendência é priorizar o que vem de famílias e trabalhadores locais em detrimento dos grandes produtores que abastecem as redes de supermercados. Só que até algumas dessas redes estão revendo o fluxo e se unindo aos pequenos. O Carrefour, por exemplo, mantém parcerias com agricultores familiares para que seu setor de hortifrúti receba diariamente o que é cultivado por quem vive próximo às lojas.
Outra mudança observada nos últimos anos nesses estabelecimentos é o crescimento do espaço destinado aos orgânicos. E aí uma pulga fica atrás da orelha de algumas pessoas: eles são mesmo mais saudáveis que os produzidos do jeito convencional? “Muitos estudos mostram que não há diferença no valor nutritivo, mas, quando se fala em qualidade do alimento, o olhar precisa ser muito mais abrangente”, argumenta a nutricionista Leila Ghizzoni, da Emater/RS-Ascar, órgão que lida com extensão rural e agricultura familiar no Rio Grande do Sul.
Além de não terem pesticidas, os orgânicos certificados podem oferecer textura e sabor mais apreciados. Outra vantagem é o que se conhece como rastreabilidade, a possibilidade de conhecer onde e como o produto foi cultivado, feito ou estocado. Celíacos que temem a contaminação cruzada com glúten durante o processamento dos alimentos, por exemplo, podem ficar mais tranquilos ao visualizar como determinado item é embalado em um ambiente artesanal. E o consumidor em geral pode se beneficiar ao saber se aquilo que ele vai comer veio de um lugar que respeita os padrões de higiene.
Mas dá pra garantir que o farm-to-table siga as regras da segurança alimentar, algo contemplado nos protocolos das grandes empresas desde a lavoura ou a fábrica até o manuseio? Um alimento não coloca a população em risco maior por ser artesanal. Problemas assim também podem acontecer com a indústria”, analisa Arantes. Para o profissional do ldec, independentemente da origem da comida, devemos nos tornar parte ativa na busca de informações a respeito. “É importante que o consumidor veja como o alimento está acondicionado e saiba como ele foi fabricado”, exemplifica. Além dos aspectos sanitário e nutricional, outros critérios podem ser levados em consideração nas escolhas, como o respeito do produtor pelo meio ambiente e o resgate de tradições culinárias.
Quando se opta por comprar de pequenos agricultores da região onde você mora, fora assegurar itens frescos e conhecer o caminho deles até o prato, a atitude ajuda a estimular a economia local e a gerar ou manter empregos. Embora existam iniciativas para capacitar mais comunidades a aderir ao cultivo orgânico, vegetais produzidos por famílias no modo tradicional não deixam de oferecer vantagens. Uma delas é o respeito ao tempo de plantar e colher cada espécie, a sazonalidade. ‘Ela é muito importante para ter uma boa alimentação”, afirma Ribas Filho. Frutas ehortaliças características de certas épocas do ano tendem a proporcionar um cardápio mais variado e nutritivo ao longo dos meses.
Para tirar o máximo proveito dessa tendência e evitar qualquer risco, algumas recomendações seguem de pé: checar o estado do produto adquirido e as condições da embalagem, lavar bem antes de usar e, no caso dos orgânicos, verificar certificações como o selo Produto Orgânico Brasil, atribuído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pelo lnmetro. A defesa da agricultura orgânica, aliás, não se resume ao nosso lado do balcão. Os trabalhadores do campo e das lavouras também são protegidos como cultivo isento de agrotóxicos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a exposição dos produtores a pesticidas está relacionada ao desenvolvimento de irritações na pele, no nariz e na boca e ao maior risco de mal formação fetal e diferentes tipos de tumor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em pelo menos 200 mil mortes por ano devido ao contato direto com agrotóxicos pelo planeta – nove em cada dez ocorrem em países em desenvolvimento como o nosso.
A NATUREZA AGRADECE
O meio ambiente também tem a ganhar quando se equilibram os modelos de produção e se abre mais espaço à agricultura familiar e orgânica. Defensivos agrícolas utilizados em grandes plantações podem contaminar o lençol freático e o fornecimento de água de cidades inteiras. Mais de 1.300 municípios brasileiros detectaram em sua rede de abastecimento todos os 27 agrotóxicos que precisam ser testados e liberados por aqui, de acordo com o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua). Na lista, aparecem capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.
“O sistema alimentar é complexo e precisamos olhar sempre para três questões quando falamos sobre o assunto: a saúde, a sustentabilidade e as relações socioeconômicas”, resume Arantes. Na próxima vez que você for comprar algo para usar na cozinha – seja via delivery, seja nas feiras e mercados quando sua cidade reabrir após o controle da pandemia -, fica o convite para pensar muito além da tabela nutricional. Pense no bem que aquele alimento faz a você e às pessoas ao seu redor.
ALIMENTOS QUE FAZEM SUCESSO NA VERSÃO ARTESANAL
VEGETAIS
Pequenos produtores tendem a respeitar a sazonalidade das espécies e cada vez mais adotam o cultivo orgânico. Isso permite que as frutas e hortaliças levem menos agrotóxicos e sejam colhidas na época certa e mais próximas do consumidor. O fato de ser orgânico não elimina a necessidade de uma boa higiene após a compra e antes do consumo.
PÃES E MASSAS
Padeiros artesanais também devem seguir o registro sanitário e especificações de segurança e ingredientes caso comercializem suas receitas. Pães e massas produzidos assim não usam conservantes ou aromatizantes, ao contrário dos industrializados. Os pães costumam ter fermentação longa e natural, o que os deixa mais saborosos, mas menos duráveis.
LATICÍNIOS
Há um número crescente de laticínios orgânicos fabricados por pequenos produtores e existem indícios de que esses alimentos trazem mais gorduras boas para a saúde. A mudança tem a ver com a alimentação oferecida aos animais, que vem de produtos sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos, e com a utilização de antibióticos apenas se os bichos estiverem doentes.
MEL
A principal vantagem alegada no cultivo e no preparo mais artesanal é a pureza do alimento. Para que ele seja orgânico, o apiário deve estar a uma distância de pelo menos 3 quilômetros de áreas de agricultura convencional — isso evita que as abelhas busquem seu alimento em plantas com agrotóxicos. Já o mel industrializado possui ingredientes que garantem a validade prolongada, porém alteram características sensoriais.
GELEIAS E CONSERVAS
Pequenos produtores não utilizam conservantes ou os empregam em quantidade bem menor em relação às receitas industrializadas. Mas é preciso ficar atento aos sinais na embalagem: tampa estufada, coloração atípica ou, após abrir, cheiro desagradável são sinais de que a comida não está adequada para consumo. O ideal é dar preferência às embalagens de vidro, que estendem o tempo de prateleira e são melhores do ponto de vista ambiental.
ERVAS E CHÁS
Os temperos e os preparos para infusão também são mais frescos quando a colheita e a manipulação ocorrem próximos de casa e respeitam as condições da safra. As propriedades das ervas nãomudam tanto, mas as diferenças em sabor e aroma podem ser marcantes. O cultivo menos extensivo também tende a evitar defensivos agrícolas e a erosão do solo. Só fique de olho nas condições em que o produto é embalado e vendido.
Pênis duros ou moles têm aparecido cada vez mais na TV e no streaming, que perderam o medo do nu frontal, mas próteses enormes parecem reforçar que tamanho é documento
Pênis. Ereto ou flácido, ele tem aparecido bastante nas séries. Neste ano, “Sex/Life, da Netflix, causou frisson ao pôr o ator Adam Demos em cena com um membro enorme à mostra enquanto toma banho. A comédia “The White Lotus”, da HBO, também deixou espectadores eriçados com Steve Zahn de pernas abertas, perguntando à mulher se os testículos dele estavam estranhamente grandes. Nos últimos anos, a HBO tem exibido vários. “Big Little Lies”, “Game of Trones”, We Are Who We Are”, “Perry Mason”, Watchmen”, “Euphoria”, “The Deuce” e ”Westworld” são alguns exemplos. O canal a cabo não está sozinho nisso. “Normal People”, do Starzplay, “SexEducation”, da Netflix, e “American Gods”, do Prime Vídeo, também desnudam totalmente alguns homens. No Brasil, “Feras”, da MTV, colaborou com a onda.
Embora menos frequente que o feminino, o nu frontal masculino não é novidade tão grande. No fim dos anos 1990, o drama “OZ”, da HBO, já punha atores peladões diante das câmeras. “Spartacus”; do Starz, que estreou em 2010, despejou gladiadores nus sobre os espectadores. Mas o que há de novo nas produções atuais da TV paga e do streaming é também o que vem marcando as aparições do pênis – a manipulação da imagem do corpo, que tende a ser prótese ou digital.
“Spartacus” é um divisor de águas, já que todos os membros eram sintéticos e foi a partir da série que o uso deles se popularizou. Quando “Oz” foi feita, o uso da prótese e do digital não era a norma. E o cinema de alguns anos para cá tem recorrido ao artifício.
Peter Lehman, um pesquisador e professor de cinema e mídia da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, afirma que é necessário entender o fenômeno a partir de dois contextos da indústria do entretenimento. “Sempre houve tensão entre o cinema e a TV em relação ao que um poderia fazer e o outro não”, afirma o autor do livro “Running Scared: Masculinity and The Representation of The Male Body”, algo como correndo de medo, masculinidade e a representação do corpo masculino. “Com a chegada dos novos formatos digitais e dos canais a cabo no fim dos anos 1990, a TV desafiou o cinema com base nas diferentes tradições de censura dos meios”.
As regulações da Motion Picture Association of América, associação que hoje representa os cinco maiores estúdios de Hollywood mais a Netflix ditavam como o nu frontal masculino deveria ser exibido no cinema. Numa cena de sexo, por exemplo, o pênis não poderia aparecer próximo ao corpo da mulher. A TV, por outro lado, não tinha que seguir a cartilha da associação, então se viu livre para mostrar o que e como quisesse.
O uso de pênis falsos em cenas coincide com a consolidação do streaming, que também faz o que o cinema não pode, e dos coordenadores de intimidade, que garantem aos atores, nos sets de filmagem, a devida segurança para rodarem cenas de sexo e nudez.
Antes de virar mainstream, a representação do pênis estava reservada principalmente às artes clássicas e underground, conta Abel Oliveira, pesquisador e comunicador social. O choque que a imagem do órgão causa sempre teve questões culturais e econômicas por trás. “A religião exigia que os corpos cobrissem , mas com o Renascimento, o corpo feminino foi enormemente explorado pelas artes. Entretanto, essas produções eram majoritariamente feitas por homens e para homens”, diz o pesquisador.
“Não havia espaço para a representação do corpo masculino , que passou a ser encarado como nu artístico, não belo, não sensual nem delicado o suficiente para suprir as exigências das escolas artísticas. O machismo, obviamente, estava presente neste julgamento”, complementa.
Na Grécia Antiga, havia ambiguidade. Por um lado, o nu masculino não era tão atrelado a moralismos. Vários escultures desse período que se tornaram importantes para a história da arte retratam os membros como pequenos e flácidos, sem intenção erótica e simbolizando o intelecto. Por outro lado, o órgão grande e ereto era recurso em casos de sátira, associado ao animalesco, ao feio e à burrice.
É algo mal resolvido que a arte experimenta desde os primórdios. O fotógrafo americano Robert Mapplethorpe foi um dos poucos casos de artistas que conseguiram fazer carreira mostrando pênis – eretos, flácidos e grandes, mas não sem causar revolta.
O estigma que a representação do órgão carrega e sua associação à pornografia – esta também historicamente estigmatizada como uma linguagem desprovida de ambição artística mostra que o preconceito é contemporâneo. Bem Sinclair, um dos criadores de “High Maintenance”, já afirmou ter escolhido deliberadamente mostrar um para confrontar o tabu.
Oliveira, o pesquisador, argumenta ainda que, no caso das séries, a plataforma digitais capitalizam com a receptividade dos LGBTQIA+. “Muito do que é tabu em uma sociedade, supostamente heterossexual não é para eles”.
Há outro elemento importante para entender o fenômeno – os pintos tendem a ser grandes , seja no contexto erótico, da humilhação cômica ou qualquer outro. Aqui está outro legado de “Spartacus”. Segundo Lehmam, a obsessão com comprimento frequentemente reforça lugares-comuns, como “tamanho é documento”, e estereótipos raciais, como asiáticos tem os membros pequenos e negros, grandes. Essas representações reforçam o entendimento errôneo de que o pênis nos diz algo importante a respeito da sexualidade ou do poder de um homem.
O que realmente deveria estar no centro do debate, defende o professor, é a necessidade de representar o órgão como grande. Num momento como o atual, em que o conceito de masculinidade é contestado e os direitos das mulheres, dos LGBTQIA+ e de minorias raciais são discutidos, os seriados têm uma postura reacionária.
“O termo ‘nu frontal, masculino’, em certo sentido, impróprio, já que a prótese cobre o órgão genital em vez de mostrar. Não há nada de progressista nisso , uma vez que os pênis falsos têm reforçado clichês e estereótipos. Na série “Spartacus”, quase todos os gladiadores são bem dotados, mas não há conexão entre ambas as coisas”, afirma.
A resposta, diz o acadêmico está em entender como o pênis é ligado, no contexto do patriarcado, a um símbolo de poder. Ele tem de ser escondido para reter seu poder mítico ou ter a imagem manipulada para reforçar a interpretação. “Eles são raramente mostrados em sua verdadeira pluralidade de tamanhos e formas, em que são apenas um órgão que não significa nada em especial. Isso, sim, seria libertador de verdade.
Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
Você precisa fazer login para comentar.