OUTROS OLHARES

ATO DE COMER VIRA RISCO DE VIDA PARA EXCLUÍDOS

População pobre convive com o perigo de fogões a lenha improvisados, que já predominam no país com alta de 30% no preço do gás. Mortes atribuídas à queima de carvão em residências já custariam R$ 3 bilhões por ano para o Brasil

A vida para a catadora de lixo Jane Cristina dos Santos, de 50 anos nunca foi fácil. Mas desde o início da pandemia, as coisas pioraram. O marido, Alex Sandro Rocha, de 45 anos, teve problemas no coração e no pulmão e parou de trabalhar. Além disso, com maisgente sobrevivendo dos recicláveis, a renda minguou. Sua casa, na comunidade Para-Pedro, em Colégio, Zona Norte do Rio, foi mobiliada com móveis doados, das camas ao fogão a gás, que fica do lado do vaso sanitário. A arrumação da casa humilde, que tem paredes de madeira e teto com telhas quebradas, deixa claro que o fogão perdeu a função.

Não é ali que Jane faz a comida do dia a dia: ela utiliza um fogão a lenha improvisado na área externa, que divide com vizinhos que, assim como ela, não têm dinheiro para o botijão. Vendido a R$ 105 no bairro, o gás virou artigo de luxo. Nas casas, só é usado em dias de chuva ou em preparos rápidos, como um café.

Pelos cálculos da Jane, para comprar um botijão, ela precisa vender 50 quilos de garrafas PET, o que leva pelo menos 10 dias para juntar. Antes, como item mais barato, gastava a metade do tempo para reunir o material reciclável que lhe garantiria a compra do item. Já a lenha é de graça. São madeiras de caixotes de feira, abandonados na rua.

“Quando tem dinheiro, compramos pão, manteiga. O óleo pegamos usado, e as frutas e legumes catamos do chão do Ceasa, que fica próximo daqui”, conta Jane.

Mãe de seis filhos, Graziele Oliveira Porto, de 34 anos, tem uma situação um pouco melhor, mas também já usa lenha para cozinhar. O marido, que perdeu o emprego de entregador em abril do ano passado, hoje trabalha arrastando caixotes vazios no Ceasa, por uma diária média de R$ 60. O filho mais velho, de 15 anos, faz o mesmo e reforça a renda da família. Mesmo assim, o gás só dura 22 dias. Na casa, onde também mora a avó de Graziele, são nove bocas para alimentar. Todo fim de mês, a solução é empilhar dois tijolos que ganham uma grelha por cima para virar um fogão.

Rayane Oliveira, de 24 anos, também cozinha com gás de forma intermitente. Com quatro filhos, reclama que, sem a merenda escolar, as contas apertaram:

“Meu marido trabalha de bico, e eu faço unha na comunidade. Aí ganho R$ 10 aqui, R$20 ali. A gente junta, paga o aluguel, compra comida e, às vezes, gás. Quando não sobra dinheiro, cozinho com lenha

No Brasil, o percentual de residências usando lenha para cozinhar já supera o das que usam gás. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que o uso dessa matriz de energia começou a aumentar em 2014, mas só ultrapassou o GLP em 2018. Em 2020, 26,1% dos brasileiros usavam lenha contra 24,4% que ainda tinham acesso ao botijão. E a diferença pode aumentar. Desde o início do ano, o preço médio para os consumidores do botijão de gás subiu quase 30%, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o equivalente a cinco vezes a inflação do período.

MAIS DESIGUALDADES

O fim do auxílio emergencial pode contribuir para um cenário de mais desolação. De acordo com a pesquisa Desigualdade de impactos Trabalhistas na Pandemia, do FGV Social, o número de pobres – que vivem com até R$ 261 por mês – pode saltar de 27,7 milhões para 34,3 milhões, aproximadamente 16,1% da população brasileira. O coordenador do estudo, Marcelo Neri, acrescenta que a inflação dos pobres, nos 12 meses terminados em julho de 2021, foi de 10,05%, três pontos percentuais acima da inflação da alta renda.

“Aumentam as desigualdades. A insegurança alimentar, que era 17% em 2013, subiu para 28% em 2020. O uso da lenha é uma situação extrema, com sequelas a longo prazo”, diz.

A professora do departamento de Química da PUC Rio, Adriana Gioda, que se dedica ao tema desde 2016, explica que o uso do insumo pode provocar diversas doenças, como câncer, problemas cardíacos, asma e bronquite. A estimativa é de que as mortes atribuídas à queima de lenha ou de carvão em ambiente domiciliar representem para o país um custo anual superior a RS 3 bilhões.

“Quem é pobre não tem fogão a lenha adequado. Coloca duas ou três pedras, uma grade em cima, ficando muito exposto à fumaça, ou até se queimando e morrendo”, explica. No início do mês, o entregador Israel Rosa, 46 anos, de Anápolis, Goiás, sofreu queimadura de terceiro grau ao cozinhar com álcool. Ficou 15 dias internado na UTI.

“Ele não pode trabalhar e, como era autônomo, não recebe nada. Precisamos de ajuda para o tratamento”, conta a irmã  Loidionice Rosa Correa, de 54 anos e desempregada. Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), defende que é urgente olhar para o problema de renda no país:

“A gente sugere uma política de maior potência, como um vale- gás, assim como existe a tarifa social de energia. No DF, há um cartão magnético para compra do botijão. Em SP, eles oferecem R$100 a cada bimestre para que as pessoas comprem GLP. No Ceará e no Maranhão, o estado adquire a carga de gás e dá um vale para os assistidos, que pode ser trocado pelo produto. Mas não temos ainda nada nacionalmente.

No Rio, o programa Supera RJ, criado pelo Estado durante a pandemia, terá uma cota extra destinada exclusivamente à compra de botijão de gás (GLP), conforme a Lei 9.383/21, aprovada e sancionada recentemente. Enquanto essa ajuda não vem, Débora Cristina de Jesus, de 23 anos, que tem quatro filhos, sendo uma recém-nascida, recorre à irmã para cozinhar seu feijão ou utiliza lenha. Sem Bolsa Família, a renda da casa é a do marido, que vem da reciclagem.

“Antes da pandemia, a gente comia legumes, agora só arroz, feijão e ovo”, lamenta.

Para a professora de Ciência Política da USP, Marta Arretche, os programas sociais no Brasil para compensar a desigualdade de renda são insuficientes. Além dos valores baixos, as regras do seguro desemprego deixam desamparados centenas de profissionais que não conseguem ficar ao menos 12 meses trabalhando – exigência para ter acesso ao crédito.

O Benefício de Prestação Continuada ( BPC/Loas), que o marido recebe por ser deficiente, é a única renda na casa de Valessa Alencar, de 42 anos, em Manaus. O salário mínimo é insuficiente para sustentar as sete pessoas que vivem lá. Com ensino superior, mas desempregada, Valessa vendeu lanches por um período. Mas, com o lockdown, precisou se desfazer da chapa e da estufa para comprar comida. Agora, vive de doações de alimentos e de gás.

O diretor executivo do Instituto Perene, Guilherme Valladares, observa que a lenha é um indicador de renda porque entra no lugar do gás quando falta dinheiro para remédio ou comida. A instituição desenvolveu um modelo de fogão a lenha que reduz até 60% o uso dessa matriz energética por refeição. Desde 2009, ele já atendeu mais de 13 mil domicílios.

“A solução não é o objetivo final, mas uma tecnologia de transição. O ideal é ter o gás o mês inteiro”, diz.

ALIMENTO DIÁRIO

GOTAS DE SABEDORIA PARA A ALMA

DIA 29 DE OUTUBRO

NÃO EXALTE A SI MESMO

Muitos proclamam a sua própria benignidade; mas o homem fidedigno, quem o achará? (Provérbios 20.6).

O autoelogio não soa bem. A Bíblia ensina a não fazermos propaganda das nossas próprias obras. Jesus exortou: Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. […] ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará (Mateus 6.2-4). O fariseu que entrou no templo para orar e fez da sua oração um discurso de autoexaltação, julgando-se superior ao publicano, foi rejeitado por Deus. Não é aprovado aquele que a si mesmo se louva. Não sejam os nossos lábios que nos promovam. Muitos proclamam a própria benignidade, mas é raro encontrar uma pessoa realmente fiel. Todos dizem que são bons e comprometidos, mas tente achar alguém que realmente o seja! As pessoas verdadeiramente fiéis reconhecem seus pecados e choram por eles. As pessoas dignas têm consciência de sua indignidade. Quanto mais perto da luz estamos, mais vemos as manchas do nosso caráter. Quanto mais perto de Deus, mais reconhecemos que somos pecadores. Quanto mais obras praticamos, mais sabemos que somos servos inúteis.

GESTÃO E CARREIRA

MAIORIA APROVA O HOME OFFICE, MAS HÁ PREOCUPAÇÃO COM EXCESSO DE TRABALHO

Pesquisada FEA/USP e da FIA mostra que cresceu entre os brasileiros o desejo de manter o trabalho remoto, mesmo depois da pandemia – passou de 70%,no ano passado, para 78%; mas 23% relatam jornadas de até 70 horas semanais

Antes da pandemia, o home office era uma realidade de poucas empresas, mas um pedido frequente de diversos trabalhadores. Com a covid-19, o modelo se tornou uma necessidade para os negócios continuarem operando. Um ano e meio depois dos primeiros tockdowns em todo o Brasil, o trabalho remoto se mostra muito bem avaliado pelos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pela Fundação Instituto de Administração (FIA) mostra que a intenção dos brasileiros de permanecerem trabalhando em casa só cresce – ao mesmo tempo em que relatam ter uma jornada de trabalho muito maior do que a estipulada em contrato. De acordo com o levantamento, 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho de casa. Mas esse número cresce para 78% quando se considera a intenção de se manter a mesma rotina após a pandemia, ante 70% no ano passado. Já o número de trabalhadores que querem voltar aos escritórios diariamente caiu de 19% para 14%. O porcentual dos indiferentes também recuou, de 11% para 8%.

“As pessoas estão muito satisfeitas. Esperávamos até um indicador um pouco abaixo, mas elas estão valorizando muito ficar em casa”, afirma André Fischer, professor da FIA e coordenador da pesquisa. Para completar, 81% dos entrevistados afirmaram que a produtividade, trabalhando de casa, é maior ou igual à da atividade presencial.

Apesar das avaliações positivas, muitos funcionários dizem estar trabalhando mais horas de casa do que se estivessem no escritório. Com a economia de tempo do deslocamento, muitos acabam começando a trabalhar mais cedo – e se desligando mais tarde. Dos entrevistados pelas instituições de ensino, 45% estão trabalhando acima de 45 horas. Desse número, 23% afirmaram que trabalham entre 49 e 70 horas por semana, enquanto 6% falaram em volume acima de 70 horas semanais. A legislação trabalhista estabelece, salvo casos especiais, que a jornada convencional de trabalho seja de 44 horas semanais.

“É um dado impressionante e que pode interferir bastante na questão da saúde mental das pessoas. Eu mesmo estou trabalhando mais horas do que antes”, diz Fischer. “Por estarem conectados o tempo inteiro, muitos acabam trabalhando também o dia inteiro.”

BURNOUT

Dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que o número de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais cresceu durante a pandemia. A concessão de benefícios para problemas psicológicos chegou a 291 mil em 2020, um número maior do que o registrado no ano anterior. E o excesso de trabalho, segundo especialistas, colaborou para a piora.

Gabrielle Cristófaro, gerente de experiência do consumidor da startup de saúde mental Zenklub, afirma que se adaptou muito bem ao home office por ser disciplinada em seus horários, tanto de trabalho quanto de descanso. Ela tem horário de início e de término, e faz uma hora de almoço todos os dias – as vezes, sai até para andar de bicicleta nesse horário. Deu o horário do fim do expediente, ela desliga o computador.

“Temos de ter o autoconhecimento dos nossos limites. É tentador acordar e começar a trabalhar ou almoçar em frente ao computador para adiantar as coisas, ainda mais com a glamourização do workaholic, mas não quero passar por problemas de novo”, diz Gabrielle, que teve uma crise de burnout há dez anos.

Até para evitar que esse tipo de problema aconteça entre os seus funcionários, a Zenklub, que oferece pacotes de psicoterapia para o mercado corporativo, também dá o benefício para os empregados. Eles têm direito a quatro sessões por mês com psicólogos, e também há desconto para os familiares aderirem ao serviço.

Outras empresas também estão no mesmo caminho. Desde 2018, o Nubank conta com o serviço NuGare, que oferece benefícios de ajuda psicológica, planejamento financeiro e assistência jurídica por telefone aos seus funcionários. Como condição extra, o benefício foi estendido para pais e mães de funcionários. “Percebemos que as pessoas precisavam desse tipo de suporte adicional , especialmente por causa da pandemia. Também começamos a oferecer aulas de ioga e mindfulness”, diz Deborah Abisaber, diretora de diversidade e de suporte a pessoas do Nubank.

EU ACHO …

BARBEIRAGENS EMOCIONAIS

Antes mesmo de o sol raiar, as ruas começam a ser preenchidas por milhares de carros, motos, bicicletas e pedestres, em um balé de deslocamentos nem sempre organizado. Nossos corpos são conduzidos dentro de caixas metálicas sobre quatro rodas e por veículos com apenas duas, e quem vê de fora acredita que estamos todos concentrados, cientes das responsabilidades que o trânsito exige e nem por um segundo com a cabeça na lua.

Tem, claro, quem beba uma garrafa de vinho e saia de carro depois. Quem fume um baseado e dirija logo em seguida. Quem se entupa de medicamentos e pegue o volante. Vou chamar de exceções. Condescendência minha, mas prefiro acreditar que a absoluta maioria de nós jamais seria reprovada no exame psicotécnico.

O mundo ideal, um delírio.

Esquecemos que essa absoluta maioria é regida por sangue, bile, humor, espírito, tormentas. Você descobre que seu namorado tem ficado com outra, vai até a casa dele, grita, explode em soluços, borra a maquiagem, termina o namoro de três anos, sai batendo a porta e entra no carro.

Arranca cantando pneu, sem uso de bebida, maconha ou medicamento: dirige sob efeito de uma aguda dor no coração, droga que altera muito mais.

Ou você ficou acordado quase 24 horas durante um plantão. Ou está lidando com uma desesperante notificação de despejo. Ou acaba de ser demitido, e faltava tão pouco para se aposentar. Ou ligaram da escola dizendo que seu caçula está passando mal. Ou sua vizinha mandou um WhatsApp dizendo que viu água escorrendo por baixo da porta do seu apartamento. Você dá a partida no carro, totalmente atordoada, sem lembrar para que serve o sinal vermelho ou a placa de PARE.

Foram poucas as vezes em que me envolvi em um incidente de trânsito e lembro que nunca sofri um arranhão, mas a alma já estava machucada. Na primeira vez, minhas lágrimas escorriam, a visão ficou turva, demorei a frear.

Em outra, alguém fragilizado não via a hora de eu chegar e acelerei demais. Teve a vez em que, indo para o aeroporto, me distraí e colidi numa rua calma, em baixa velocidade, mas, ainda assim, o air bag estourou . Saí ilesa, apenas perdi o voo, o terceiro daquele mês: foi o aviso deque precisava diminuir o ritmo. E, semana passada, meu nível de estresse estava alto e bati com o carro no portão da garagem do meu edifício, barbeiragem aparentemente inexplicável. Foram apenas quatro vezes em 42 anos de habilitação, sem nunca ter sido preciso acionar polícia ou ambulância, mas acho que a reflexão é bastante oportuna: abalos emocionais sempre foram gatilhos para acidentes, e mais do que nunca andamos frágeis, tensos, preocupados. Sinal vermelho: pare. Menos empáfia, mais cautela.

*** MARTHA MEDEIROS

marthamedeiros@terra.com.br

ESTAR BEM

A CURA PELA VOZ

Muitas doenças já começam a ser detectadas a partir da fala dos pacientes, com recursos de inteligência artificial – entre eles, estudos até para o diagnóstico da Covid-19

Um paciente tem de ser ouvido por seu médico. A máxima do grego Hipócrates, o pai da medicina, proferida lá atrás, no século V a.C., ganhou uma dimensão extraordinária no atual universo científico. Para muito além de relatos de queixas e angústias no silêncio do consultório, a voz, com suas inúmeras nuances de tons, timbres e potências, vem sendo usada como valiosa ferramenta para rastrear uma série de problemas de saúde, inclusive os de alta complexidade.

Investiga-se a existência ou não de transtornos, como depressão, Alzheimer e autismo, por meio de diagnóstico vocal – é uma das áreas de estudo mais interessantes hoje. Os pesquisadores pedem tanto a pessoas saudáveis quanto a infectadas para soltarem a voz (muitas vezes gravando-a), de modo a ser analisada. Os voluntários dizem palavras inteiras, em sílabas ou tossindo. Em seguida, os sons são armazenados e processados por um sistema de inteligência artificial que busca identificar uma espécie de “impressão digital” de voz para determinada doença. Já há até uma frente de acompanhamento da Covid-19. Diz o engenheiro da computação André Barretto, fundador e CEO da Unike Technologies, uma das empresas brasileiras que estudam o monitoramento da pandemia do novo coronavírus pela voz: “A tecnologia hoje disponível permite otimismo no uso da identificação de voz na saúde em breve”.

Os trabalhos têm como objetivo tornar possível, em um futuro próximo, que as pessoas infectadas pelo vírus possam receber um diagnóstico preliminar por meio dos alto-falantes inteligentes embutidos em produtos como smartphones e aparelhos de uso pessoal – Amazon Alexa, Google Neste a Siri, da Apple, por exemplo. O sistema funciona detectando diferenças sutis na maneira como as pessoas com certas condições de saúde se expressam vocalmente. Falar requer a coordenação de uma grande quantidade de estruturas e mecanismos anatômicos. Os pulmões enviam ar pelas cordas vocais, que produzem sons formados pela língua, pelos lábios e pelas cavidades nasais. O cérebro, junto com outras partes do sistema nervoso, ajuda a regular essa sinfonia e a determinar as palavras pronunciadas. Por isso, qualquer moléstia que afete uma das engrenagens complexas deixa nítidas pistas diagnósticas.

No caso do autismo, um algoritmo conseguiu identificar com 80% de precisão as crianças afetadas a partir da análise do balbucio de bebês com apenas 10 meses. Os primeiros trabalhos na área foram deflagrados com o Parkinson, enfermidade já associada a mudanças naturais com a fala. Em 2012, pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, desenvolveram um método de identificação da doença usando algoritmos de processamento da voz para analisar 132 gravações de 43 adultos dizendo apenas a sílaba “ahhh”. Destes, 33 tinham Parkinson. O sistema registrou algumas características, como as oscilações trêmulas, preditivas da doença. Utilizando apenas esses mecanismos, foi possível identificar o Parkinson com quase 99% de certeza.

Embora a ciência já conhecesse a teoria desses princípios pelo menos uma década atrás, havia grande dificuldade de identificar os padrões. O divisor de águas foi a evolução da capacidade dos computadores de “aprender ( o machine learning, em inglês) – ramo da inteligência artificial baseado na ideia de que os softwares podem evoluir com dados e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana. Há, contudo, barreiras a ser vencidas até que realmente se possa usar o recurso domesticamente, assim como se põe um termômetro, porque muitos registros feitos em aparelhos domésticos tendem a ser frágeis e imprecisos. Mas não resta mais dúvida: o que Hipócrates intuiu é cada vez mais decisivo – que os pacientes sejam realmente ouvidos, com zelo e atenção.

A PSIQUE E AS PSICOLOGIAS

VEGETAIS COM CORES VIVAS MANTÊM CÉREBRO SADIO

Pesquisa associa os flavonoides, pigmentos naturais dos alimentos, com maior vigor mental na velhice

Comer frutas e vegetais coloridos pode ser bom para o cérebro. Um dos maiores estudos sobre o tema até hoje descobriu que os flavonoides, substâncias que dão cores vibrantes aos alimentos vegetais, podem ajudar a reduzir sintomas como o esquecimento e a confusão mental moderada que costuma estar entre as queixas comuns das pessoas mais velhas com o avançar da idade. Esse sinal pode às vezes preceder um diagnóstico de demência.

A pesquisa foi observacional, portanto, não pode provar causa e efeito, embora seu grande escopo e a longa duração aumentem as evidências de que o que comemos possa afetar a saúde do cérebro.

Os cientistas usaram dados de dois grandes estudos contínuos de saúde que começaram no fim dos anos 1970, início dos anos 1980, nos quais os participantes preenchiam questionários de dieta e saúde periodicamente ao longo de mais de 20 anos. A análise acompanhou 49.693 mulheres com idade média de 76 anos e 51.529 homens com idade média de 73 anos.

Os cientistas estimaram a ingestão de cerca de duas dúzias de tipos de flavonoides comumente consumidos, que incluem o betacaroteno das cenouras, a flavona dos morangos, a antocianina das maçãs e outros tipos presentes em frutas e vegetais. O estudo foi publicado na revista Neurology.

O grande declínio cognitivo subjetivo foi avaliado a partir de respostas “sim” ou “não” a sete perguntas sobre as dificuldades para: lembrar-se de eventos recentes? Lembrar-se de coisas de um segundo para o outro? Memorizar uma pequena lista de itens? Seguir instruções faladas? Acompanhar uma conversa em grupo? Orientar-se em ruas conhecidas? Ou se notou uma mudança recente em sua capacidade de lembrar de coisas?

ESQUECIMENTO

Quanto maior tinha sido a ingestão de flavonoides, descobriram os pesquisadores, menos respostas “sim” às perguntas. Comparado com a parcela de pessoas que relatavam uma menor ingestão de flavonoides, o grupo com o maior consumo tinha 19% menos probabilidade de relatar esquecimento ou confusão.

De acordo com a principal autora do estudo, Deborah Blacker, professora de epidemiologia de Harvard, essas descobertas de longo prazo sugerem que começar cedo na vida com uma dieta rica em flavonoides pode ser importante para a saúde do cérebro.

Para os jovens e os que estão na meia-idade, ela disse, “a mensagem é que essas substâncias são boas para você em geral, e não apenas para a cognição. É importante descobrir maneiras de incorporar esses alimentos à sua vida. Pense sobre: como faço para encontrar produtos frescos e cozinhá-los de uma forma que seja apetitosa? É essa parte da mensagem aqui”.

O estudo levou em conta, para além da ingestão de flavonoides na dieta e a atividade física, o consumo de álcool, a idade e o índice de massa corporal, entre outros fatores que podem afetar o risco de demência. É importante ressaltar que também considerou a depressão, cujos sintomas em pessoas mais velhas podem ser facilmente confundidos com demência.

Os pesquisadores analisaram não apenas o consumo total de flavonoides, mas também cerca de três dúzias de alimentos contendo essas substâncias específicas. Quantidades maiores de couve-de-bruxelas, morango, abóbora e espinafre cru foram mais associadas a melhores pontuações no teste. As associações à ingestão de cebola, suco de maçã e uva também foram significativas, porém mais fracas.

“Esses são os alimentos que você deve comer para a saúde do cérebro”, disse Thomas M. Holland, pesquisador do Rush Institute for Healthy Aging, que não participou do estudo – Há alguns dados   realmente bons aqui, com 20 anos de acompanhamento.

Ainda assim, o pesquisador acrescentou que um acompanhamento adicional é necessário para determinar se os alimentos podem afetar o risco de desenvolver demência.

Paul F. Jacques, cientista sênior do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da Tufts University, que não participou da pesquisa, concorda que ainda falta um passo para que o resultado possa auxiliar na redução de riscos para o Alzheimer.

“Em termos de avanço científico, isso adiciona à literatura, e é um estudo muito bem feito. É um passo médio, não um grande passo, no sentido de nos ajudar a identificar o período inicial em que podemos intervir com sucesso”, afirmou.

Slacker ressaltou questões políticas mais amplas que influem na manutenção de hábitos saudáveis.

“Se pudermos criar um mundo em que todos tenham acesso a frutas e vegetais frescos, isso deve ajudar a melhorar muitos problemas de saúde e prolongar a expectativa de vida”, disse.

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