SEGUE O BAILE
Como manter a libido em alta durante a menopausa sem recorrer à reposição hormonal

Ondas de calor, insônia, oscilação de humor, ressecamento vaginal, taquicardia e falta de libido: os sintoma costumam chegar sem avisar. A menstruação começa a falhar e o climatério indica o que está por vir. A menopausa, quando a mulher fica 12 meses seguidos sem menstruar; não tem idade marcada – há quem ingresse nessa fase precocemente, antes dos 40; e quem adentre aos 50 e poucos anos. Independentemente disso, a falta de libido é uma das queixas mais frequentes, principalmente entre mulheres que não podem ou não querem fazer reposição hormonal.
“A libido feminina tem vários aspectos envolvidos e o hormonal é um deles”, frisa a endocrinologista Lorena Lima Amato.
Influencer da maturidade, Kika Gama Lobo, de 57 anos, sentiu isso na pele. Aos 47, teve câncer no endométrio e precisou tirar todos os órgãos femininos, o que provocou uma menopausa severa. “Não passei por aclimatação alguma”, lembra Kika, impossibilitada de fazer reposição por causa da doença. Nessa mesma época, ela desfez um casamento de mais de duas décadas. Permaneceu quatro anos sem beijar na boca até reencontrar um antigo namorado, com quem se casou em 2016. “Quando a gente teve a primeira transa, depois de tudo que me aconteceu, me senti viva de novo”, conta. Para manter a chama acesa, ela inclui brinquedinhos eróticos, um bom gel e faz questão de abrir o verbo: “‘Falo tudo para ele, temos muita intimidade. Sem humor essa cama madura “não rola”.
Foi na busca por autoconhecimento que Kika chegou à terapeuta integrativa Maira Swami (@sammasati.rj). “Como também entrei na menopausa, meu foco são mulheres que estão no climatério”, diz Maira, que aplica massagem tântrica e ensina pompoarismo. A terapeuta destaca os benefícios da técnica milenar. “Traz percepção corporal e exercita o assoalho pélvico”, afirma. Já a massagem “estimula a bioeletricidade no corpo”. “Uma parte é feita nos genitais, mas respeito o limite de cada paciente.”
A endocrinologista Isabela Bussade, diretora da Ali Clinik, diz que o baixo apetite sexual pode ser tratado com e sem estrogênio. “A bupropiona é um remédio indicado para o transtorno do desejo sexual hipoativo. Não tem hormônio. É um antidepressivo que age na libido por outras vias.”
Fisioterapeuta e terapeuta holística, Claudia Braune, de 55 anos, parou de menstruar por volta dos 52. “Depois de um ano e meio, passei a sentir muito cansaço”, recorda-se. Oscalores, combateu com cápsula de linhaça e, no lugar de reposição hormonal, fez, no ano passado, por três meses, tratamento de nutrição celular com o bioquímico Alexandre Cosendey. “Todo organismo voltou a funcionar melhor”, explica. Para a falta de lubrificação, ela indica às pacientes como terapia, o uso do vibrador. “Ajuda a dessensibilizar a região .” A masturbação também é recomendada. “Fundamental para destravar o campo energético.” Segundo Claudia, que tem um canal no YouTube chamado Teracorpo Spa Holístico, a conexão com a natureza recarrega as baterias: “Andar descalça na terra ou na areia e o contato com o fogo do sol melhoram todos os sistemas”.
Ginecologista com ênfase no climatério, Camila Ramos endossa a importância de hábitos saudáveis e alternativas naturais. “Fazer atividade física regular, diminuir o consumo de álcool, manter a lubrificação vaginal com hidratantes ou até com óleo de coco ajudam a restabelecer a libido”, pondera. A advogada e funcionária do SUS Ruth Pinho, 54, segue essa cartilha: pratica exercícios físicos todos os dias. “São os meus remédios”, define a advogada, que criou um perfil no Instagram (@ruth_sigaquemagrega) para compartilhar informações sobre a menopausa na qual ingressou depois de realizar uma histerectomia aos 48 anos. “Engordei oito quilos, sentia uma fome indescritível além dos calores”, lembra. Iniciou a reposição hormonal e passou a se achar uma “Claudia Raia”. “Porém, por causa de uma suspeita de câncer de mama, tive de parar com tudo. “Além da ioga, da ginástica postural e da academia, é adepta de óleos essenciais e do óleo de coco na hora H. “E muito papo com o marido, com quem estou há 28 anos.” Outra alternativa é o laser vaginal . “A aplicação do Fotona (laser) ajuda no trofismo (boa qualidade do aparelho geniturinário)”,diz a endocrinologista Isabela Bussade, que também recomenda o ácido hialurônico.
A endocrinologista Lorena Amato Lima salienta que a baixa libido tem diversas causas. “A menopausa pode coincidir, por exemplo, com um casamento desgastado e com a saída dos filhos de casa”, observa. “A libido é multifatorial. O comportamento psicossocial impacta em mais da metade do desejo”, finaliza Isabela.
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