É a qualidade das paixões de quem procura Ser maltratado maltratando a criatura Adormeceu em minha mão, como um menino Só, sem destino, um pequenino cão
Se a vida abraça a redenção das amarguras Você não faça a eternidade na tortura Entorpecendo o coração a gente espanta O passarinho por pavor ou medo
Eu sei que o certo, sem sabor, é a tua loucura Eu sei que a cor do teu amor é muito escura E sem poder te dar à luz, meu coração, eu durmo cedo E só te peço amor: Não me abandones mais
Quando desperto e vejo na porta da frente Uma saída, minha vida, noutra vida diferente E sem poder te dar à luz, meu coração, eu durmo cedo E só te peço amor: Não me abandones mais
Método de interpretar o agressor constrange mulheres na Justiça
Quando foi ao tribunal participar de uma sessão de constelação familiar, a universitária A., de 22 anos, reviveu a violência que buscava esquecer e punir ao buscar a justiça. Em uma sala, a jovem foi levada a relembrar as agressões sofridas no relacionamento com o ex-marido. Também foi coagida pelo mediador a pedir desculpas para o ex, que a agrediu ainda grávida, e depois, com o filho pequeno.
Relatos como o da jovem (o nome foi preservado para não comprometer o processo) têm se repetido no país nos últimos meses. Tribunais têm usado a técnica de constelação familiar, desenvolvida na Alemanha como um método terapêutico para solução de conflitos por meio de uma encenação, em processos da Vara da Família que envolvem denúncias de violência, o que constrange as vítimas.
A técnica passou a ser adotada em tribunais em 2012, com aval de resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que incentiva o uso de saídas extrajudiciais para desafogar o Judiciário. Apesar de a aplicação ocorrer majoritariamente em processos de guarda ou pensão alimentícia, os casos que têm gerado reclamações são de mulheres que também estão processando seus ex-maridos por agressão, e por isso a violência é abordada pelos mediadores.
Nos relatos feitos à reportagem, há desde convites para se colocar no lugar do agressor e refletir sobre o que causou a violência até uma dramatização do conflito em um auditório com mais de 50 pessoas. No último caso, desconhecidos são convidados a interpretar os envolvidos no processo.
“Os mediadores me colocaram para pedir perdão a ele (ex-marido) porque seria bom para mim. Me recusei, pois eu sou a vítima de violência, não ele. A partir daí fui colocada como louca. Me senti completamente sozinha, humilhada e desesperada”, disse A.
MARIDO NÃO FOI
Também estudante, C., de 36 anos, foi chamada para participar de três sessões de constelação. O ex-marido, acusado de agressão, nunca compareceu. A mediadora pediu para que ela perdoasse o homem, que, meses antes, a empurrou no hall do apartamento, o que lhe causou traumatismo craniano.
“Disseram que isso vem dos antepassados e que ele assimilou, mas não sabia o que estava fazendo”, disse ela. “É uma violência institucionalizada. É muito pesado, doloroso e injusto”.
A advogada Mariana Tripode, fundadora da Escola Brasileira de Direitos das Mulheres, atendeu diversas clientes submetidas à prática em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Brasília e São Paulo. Um desses casos envolveu uma menor de idade estuprada pelo próprio pai. A advogada conta que a mediadora pediu à mãe da vítima para acolher o ex-marido, e não excluí-lo da família e “desonrar” sua posição de pai. Caso contrário, estaria violando a “lei da hierarquia”.
“Noto um crescimento do uso da constelação familiar em todo o Brasil, principalmente em casos envolvendo violência contra a mulher. A prática pode até ser eficaz fora da Justiça, mas dentro coloca a mulher em uma situação de revitimização”, disse Mariana, acrescentando que tenta-se “empurrar” o perdão da mulher para encerrar o caso. Pesquisadora da Universidade de Tsukuba, no Japão, Gabriela Bailas afirma que não existe nenhum artigo científico que estude os reais efeitos da técnica.
“Essas constelações são aplicadas em casos da Vara de Família, em sua maioria com mulheres vulneráveis, de renda baixa e que vão apenas com o intuito de resolver o seu problema. Feridas são abertas e depois são deixadas lá sem nenhuma assistência”, disse ela.
CLAREZA SOBRE DINÂMICAS
Já a advogada e terapeuta sistêmica Bianca Pizzatto Carvalho afirma que a constelação visa a trazer clareza sobre as dinâmicas que estão envolvidas nos relacionamentos e conflitos.
“As mulheres não apanham pelo mesmo motivo e os homens não batem pelo mesmo motivo. Quando as partes entendem a dinâmica da violência, elas têm a possibilidade de mudar”, disse a advogada.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), estado onde um dos casos citados ocorreu, disse que processos de violência doméstica não são encaminhados para a constelação. Afirmou também que a técnica pode ajudar os envolvidos a compreender a origem do conflito e a construir a solução.
A explicação não é suficiente para algumas das litigantes. Uma mulher de 45 anos, mãe de três filhos que pediu para não ser identificada, entrou com uma ação em 2018 para solicitar ao ex marido o pagamento da pensão alimentícia. A juíza do caso promoveu quatro sessões de constelação em que ela mesma desempenhou o papel de mediadora. Uma delas foi acompanhada de dezenas de pessoas:
“Imagina ter o seu pior pesadelo exposto dessa forma. Foi um momento traumatizante e que deixou feridas abertas nos meus filhos.
PARA #METOOBRASIL, ESTADO É INEFICAZ COM VÍTIMAS
Fundadora da campanha diz que em um ano recebeu mais denúncias do que algumas delegacias especializadas de São Paulo
Lançado no país há um ano, o movimento #MeTooBrasil conseguiu atender 151 vítimas de violência sexual e mandar um total de 68 casos para instituições públicas de proteção. Segundo a organização, 50% das mulheres que relataram abusos nunca haviam pedido ajuda. Para a advogada e fundadora do movimento, Marina Ganzarolli, isso demonstra a ineficácia do Estado em responder a esse tipo de crime.
“Os relatos recebidos durante o primeiro ano mostram que o Estado é incapaz de uma intervenção no momento oportuno, quando o crime ocorre. Nas poucas vezes em que é notificado, se mostra ineficaz em dar uma resposta à vítima”, critica Marina, especialista em Compliance Cultural, Direito da Mulher e da Diversidade, que atua com mulheres e LGBTs vítimas de violência há 15 anos. A advogada conta que fica clara a falta de confiança das vítimas nas instituições. Muitas deixam de procurar delegacias especializadas e o Judiciário com medo de serem desacreditadas.
“ME SINTO UM LIXO”
“Por que você não gritou, tentou bater nele? ouviu uma das vítimas atendidas pelo #MeTooBrasil ao relatar a um delegado o abuso sofrido pelo padrasto, aos 14 anos. Ela respondeu que havia sido ameaçada de morte caso gritasse. Mas continuou questionada. “É a primeira vez que vejo uma pessoa ser violentada e não lutar para que não aconteça”, disse o policial. “A partir daí, minha vida não tem sentido nenhum, tomo remédios de depressão e ansiedade para dormir e me sinto um lixo de ser humano”, relatou.
Inspirado na campanha americana, o #MeTooBrasil quer deixar de ser uma campanha para se consolidar como a ONG voltada para o enfrentamento à violência sexual no ano que vem.
Segundo Marina Ganzarolli, há delegacias especializadas do estado de São Paulo que não chegam aos 151 atendimentos feitos pelo #MeToo Brasil em um ano inteiro.
“Pensando nos 15 anos da Lei Maria da Penha, avançamos muito no debate sobre a violência doméstica, a ponto de já existir uma conscientização geral da população brasileira de que em briga de marido e mulher se mete sim a colher. Mas ainda não alcançamos isso em relação à violência sexual. Apesar de repetir o mantra da “culpa não é da vítima”, seguimos buscando no comportamento dela algo que justifique a violência. Ainda nos perguntamos se ela estava bebendo, que roupa estava usando. Sempre naturalizando as situações de assédio”, alerta.
Uma análise de 77 relatos enviados anonimamente ao #MeTooBrasil mostra que 57% dos abusos contra menores de idade foram praticados por um homem da família. A maioria foi contra meninas (88%), mas há casos com meninos (12%). Em 20% dos relatos, a mãe foi acusada de alienação parental (influenciar psicologicamente a criança para afastá-la do pai) após denunciar o crime.
A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto (Provérbios 18.21).
Podemos avivar ou matar um relacionamento dependendo da maneira como nos comunicamos. A vida do relacionamento conjugal, bem como de todos os outros relacionamentos interpessoais, depende da maneira como lidamos com a comunicação. A comunicação é o oxigênio dos relacionamentos. Certa feita, um jovem espertalhão quis colocar numa enrascada um sábio ancião que vivia em sua vila. O velho sempre tinha respostas sábias para todos os dilemas que lhe eram apresentados. O jovem, então, disse para si mesmo: “Vou levar um pássaro bem pequeno nas minhas mãos e perguntar ao velho se o pássaro está vivo ou morto. Se ele disser que o pássaro está morto, eu abro a mão e deixo o pássaro voar. Se falar que está vivo, eu aperto as mãos, esmago o pássaro e o apresento morto. De qualquer forma, esse velho estará encrencado comigo”, pensou o jovem. Ao se aproximar do ancião, o jovem o desafiou nestes termos: “O senhor é muito sábio e sempre tem respostas certas para todos os dilemas, então me responda: o pássaro dentro das minhas mãos está vivo ou está morto?” O velho olhou para ele e disse: “Jovem, o pássaro está vivo ou está morto, só depende de você”. A comunicação dentro da sua casa, no seu casamento, no seu trabalho, na sua escola, na sua igreja está viva ou morta; só depende de você, pois a morte e a vida estão no poder da língua (Provérbios 18.21).
Em set ores onde há escassez de mão de obra, falta de qualificação não é obstáculo
Mesmo sem qualificação adequada, trabalhadores são forçados a mudar de ramo em busca de ocupação. Setores que perderam o brilho por causa da pandemia, como comércio e serviços, são trocados pelo construção, comércio online e o agronegócio.
A troca foi detectada por empregadores na hora em que recebem os currículos dos candidatos. Diante da escassez de mão de obra qualificada, investir na formação tem sido uma das saídas para preencher as vagas.
“Aumentou a migração de trabalhadores de outras áreas para construção”, afirma Gilvan Delgado, dono da empreiteira Atacama. Com déficit de mão de obra, ele contratou Marcos Paulo Viana, de 33 anos, que desde os 16 trabalhava na microempresa de panificação do pai. Inclusive, carregava no currículo só cursos desse setor”.
O negócio de pão de forma integral, vendido a pequenos comércios e diretamente a consumidores, não foi para a frente quando veio a pandemia. A microempresa fechou e Viana encontrou na construção civil uma nova oportunidade. Um ano atrás, quando começou na empreiteira, não tinha conhecimento da área. No início, trabalhava como ajudante em diversas funções para aprender. Hoje, coordena os serviços operacionais, como encarregado do controle de qualidade.
“Entrei na empreiteira achando que iria sair rápido, que seria algo transitório, mas fui aprendendo, evoluindo e crescendo”, diz. Na construção, Viana ganha quase o dobro do que tirava na panificação e planeja fazer um curso técnico na área ou até uma faculdade de Engenharia.
Esse também é o plano de Jacqueline Torres, de 27anos. Formada em Administração, desde maio ela trabalha na área de saída de mercadorias no centro de distribuição do Mercado Livre, em Cajamar (SP). Pretende cursar uma pós graduação em logística, tema que entrou para o seu radar faz três meses.
Durante oito anos, Jacqueline foi funcionária de uma loja de calçados da rua 25 de Março, tradicional polo do comércio atacadista. “Cuidava da parte administrativa e vendia”.
Apesar do bom salário, Jacqueline decidiu procurar outro emprego, porque se via estagnada. Em 2019, conseguiu uma vaga na área de tecnologia de outra companhia, mas com a pandemia foi demitida. Depois de quase um ano procurando uma ocupação, foi admitida em março de 2021 na área de marketing de uma empresa de alimentos. Mas logo apareceu a chance de trabalhar no Mercado Livre.
Hoje, ela coordena uma equipe de 75 pessoas, gerenciando desde a separação do pedido até a saída da mercadoria. Ganha o dobro do que recebia no último emprego e 2% a mais em relação ao salário do comércio tradicional. “Tive de aprender tudo desde o começo, foi muito rápido”, afirma. Há três meses na empresa, ela diz que parece que está há um ano, diante da carga de novos conhecimentos.
“Treinamos e formamos pessoas”, diz Patrícia Monteiro, diretora de People do Mercado Livre. Para serviços de logística, a diretora conta que tem admitido trabalhadores vindos de outros setores que não vão bem.
MUDANÇA
Após quatro anos como motorista de ônibus em Piraju, interior de São Paulo, Antônio Márcio Sanches, de 41 anos, fez uma manobra radical: trocou o transporte coletivo pelo trator. Com a pandemia, as viagens de ônibus diminuíram, e ele teve o contrato suspenso. Passou a receber o auxílio do governo, e a renda caiu. “Com a pandemia, ficou enrolado e sai por conta.”
Sanches conhecia o produtor rural e zootecnista Miguel Abdalla e aceitou o desafio de mudar de ramo. Pouco mais de um mês, começou a pilotar trator e colheitadeira. Decidiu ir para o agronegócio em busca de um ganho maior e conseguiu. “Tiro cerca de 50% a mais do que ganhava como motorista.”
Além da receita maior como autônomo, ele diz que o ambiente de trabalho no campo é mais sossegado. Cursando o ensino fundamental, Sanches quer fazer um curso técnico para pilotar máquina agrícola, assim como fez para dirigir ônibus.
Um jovem casal passava horas lendo em conjunto. Encontravam grande prazer na tarefa. No meio de um dia frio de quase primavera, ele diz a ela:
– Amor, você já leu Georges Bemanos?
– O católico monarquista francês?
– Sim. Acabei de ler esta frase:
“A única diferença entre um otimista e um pessimista é que o primeiro é um imbecil feliz e o segundo é um imbecil triste”.
– Que forte ideia!
– Forte mesmo. Mas eu me lembro de outra frase de um homem oposto, Bernard Shaw: O pessimista? O homem que se ressente de todos os outros porque os acha tão desagradáveis como ele”.
– Bemanos é um tipo de moralista e Shaw traz um pouco de psicanálise.
– Uma ideia interessante, amor. Eu anotei aqui uma outra ideia, de Lewis Mumford: “Os conservadores são pessimistas em relação ao futuro e os otimistas, ao passado”. Assim, ele volta a Bemanos, pois imagina que todos temos um ponto negativo. Se sou um conservador, o futuro e até o presente podem ser tenebrosos. Se sou um otimista, o que já ocorreu é inferior ao que pode ocorrer, logo, sou um pouco negativo com o vivido e ansioso pelo que virá.
– Na semana passada, você deu uma palestra para professores de uma escola pública. Recordo-me do seu roteiro que lembrava a importância da educação e como cada professor poderia construir um futuro melhor para si, para os alunos e para o Brasil. Pense bem: você acha mesmo que o entusiasmo que você despertou vai durar? Que o sistema permitirá que saia algum empreendedor vitorioso dali?
– Claro que acho! Não creio que ser empreendedor seja o caminho exclusivo da felicidade e único indicativo de mérito. Porém, o melhor caminho para que surjam boas lideranças comunitárias, empreendedores de todo tipo, pessoas realizadas e felizes é lembrar a todos que somos senhores do nosso destino.
– Sim, amor, é a sua cara falar isso. Eu poderia dizer que você azeitou uma máquina de exclusão. Os professores ganham muito mal e os alunos naquela região sempre tiveram um ensino complicado que foi piorado pelo pandemia. Que um ou outro possa fazer algo diferente faz parte do desvio-padrão de todo experimento. Todavia, veja: ao dizer que os professores são maravilhosos e agentes do futuro, você substitui a dignidade material que eles não têm, o apoio que não chega e a realidade dura por uma espécie de ópio entusiasmado. Seu otimismo pode estar ajudando o mundo a permanecer como sempre esteve! Você virou um analgésico social.
– Ah, querida, sempre trazendo uma nota de enxofre para meu paraíso… Retirar a capacidade de sonhar ou o horizonte de esperança de alguém é matar a alma. Seria como desistir de uma luta antes de ela começar por ser complicada. Pessimismo é covardia e quase uma preguiça mental.
– Meu querido Cândido, disse ela sorrindo ao citar a personagem quase ingênua de Voltaire, “nunca sei se eu te beijo ou te esbofeteio quando você diz essas coisas…”, comentou a companheira com um olhar ambíguo. – Sei que você tem a melhor Intenção. Imagine que você dissesse algo oposto: “Meus queridos colegas professores: o sistema de ensino público foi montado para não funcionar. O salário é ruim, a estrutura física da escola é péssima, faltam coisas básicas e os alunos não têm condições de apoio em casa para transformar o conhecimento em alavanca de mudança. O maior objetivo aqui nesta escola é oferecer um treinamento mínimo de leitura e hábito para que cada aluno vire um bom empacotador de super ou vendedor treinado de fast-food. Caso vocês discordem dessa máquina de perpetuação de desigualdades, não melhorem o cárcere: derrubem-no! Para construir uma nova escola, eu tenho de rejeitar a antiga. Não sejam melhores carcereiros, sejam libertadores e se libertem!” Isso seria algo útil a dizer.
– Nossa, Cláudia, quanta amargura. Pedro estava assustado. Amava sua noiva, porém ficava espantado com o que considerava uma incapacidade de pensar com leveza o mundo. Pedro acreditava, genuinamente, naquilo que dizia nas palestras. A mulher desenvolvia um argumento que o tornava um ser perverso, alguém que animava presídios ou tocava como a banda do Titanic a afundar.
O casal já tinha conversado multas vezes sobre o tema. Cláudia tinha postura radical: os alunos não deveriam ser enganados com promessas falsas. Eles estavam ali para garantir certa aparência de igualdade do Brasil com suas escolas públicas para ”todos”. Porém, era um jogo viciado, com dados que nunca dariam o número vencedor a eles. A crise da educação não era um acidente, era um projeto, como tinha destacado Darcy Ribeiro há muitos anos. Tudo era montado para que a política e o capital continuassem com seu trajeto sem atritos. Claro, pensava ela, nosso Capitalismo não podia, hoje, contar com pessoas escravizadas analfabetas. Os funcionários tinham de saber enviar um e-mail, receber um vídeo ou até acessar o treinamento da lanchonete em um aplicativo. Os antigos escravizados tinham de ser minimamente alfabetizados. Aqui entrava a escola pública. Pedro, pensativo, não se cansava de incentivar alunos e professores. Seria um imbecil alegre e sua noiva uma imbecil triste? Sua amada queria libertar todos de uma falsa promessa de melhoria e ele seria um dourador de venenos? Eis uma dúvida legítima para você, querida leitora e estimado leitor. Qual o seu imbecil preferido? Com ou sem esperança?
A fobia age no inconsciente e pode ser um obstáculo em diversas áreas da vida – algumas que você nem imagina!
Entre o grande público, a definição de fobia pode ser confundida com a de medo. Apesar de haver certa semelhança, o medo está relacionado com o instinto de sobrevivência. “Já a fobia é uma aversão excessiva, exagerada, irracional e persistente em relação a um objeto, animal ou alguma situação que represente pouco ou nenhum perigo real, mas que é sentida como se fosse”, explica o médico Gilberto, Katayama. Isso ocorre em uma ocasião específica, que é entendida pela pessoa com o transtorno como uma ameaça terrível.
É possível identificar esse tipo de quadro por meio dos comportamentos e recursos apresentados na tentativa de afastar o que causa incômodo. “Para muitas pessoas, torna-se relativamente simples perceber um indivíduo fóbico, porque as suas atitudes se tornam socialmente inadequadas no contexto social no momento em que esse medo extremo se manifestar”, frisa Katayama.
Saiba mais sobre o medo como um transtorno mental a seguir.
A AÇÃO NA MENTE
Assim como a maioria dos casos, a fobia tem início por meio dos estímulos captados pelos sentidos. Após isso, as informações são levadas ao cérebro para serem analisadas em áreas específicas e especializadas. “O sentimento de medo, por exemplo, é processado inicialmente pelo sistema límbico, mais especificamente pela amígdala. Este sentimento, associado às sensações físicas, será processado pela mente, que buscará atribuir um significado lógico ao que estamos experimentando. Quando o objeto fóbico se faz presente, surgem nossos comportamentos reativos e reações de fuga ou desistência”, esclarece Gilberto.
Além disso, a memória é outro fator importante nas respostas dos indivíduos. Isto é, ao vivenciar uma situação, o cérebro busca experiências semelhantes como forma de comparação. “A cada estímulo, buscamos na memória, de forma inconsciente, as experiências passadas similares. E estas bagagens se apresentam como memórias vivas, ou seja, vêm acompanhadas das sensações, sentimentos e pensamentos”, complementa o médico. Com isso, de maneira inconsciente, a mente soma as lembranças antigas com as novas a cada situação vivida, as deixando disponíveis para experiências futuras.
OBSTÁCULO SOCIAL
As fobias interferem em diversos aspectos do dia a dia e, entre as principais, está a questão da convivência com o mundo ao redor. “Fobia social é um transtorno de ansiedade que se caracteriza pelo desconforto e pela esquiva de situações sociais e de desempenho”, descreve o psiquiatra Tito Paes. Dessa forma, a relação interpessoal do indivíduo sofre como um tipo de bloqueio, interferindo no seu dia a dia.
Ir a festas, construir um relacionamento, participar de reuniões, falar em público… Tudo isso parece muito distante das pessoas que sofrem com esse teor. Segundo Tito, isso ocorre porque há “um receio de ser avaliado negativamente pelas pessoas nas situações sociais e de desempenho”.
A ORIGEM
Mas de onde vem essa preocupação que impede o indivíduo de viver e conviver em sociedade? Apesar de não existir nenhuma comprovação científica, alguns estudos apresentaram hipóteses para a origem desse quadro. “As causas da fobia social ainda não estão bem elucidadas. Admite-se que um componente genético tenha um papel na eclosão desta fobia. Uma vulnerabilidade biológica maior para manifestação de sintomas de ansiedade na infância pode contribuir para o surgimento dos sintomas”, atesta Tito.
Contudo, o psiquiatra ressalta que o fator familiar é outro possível desencadeamento e merece um cuidado a mais – principalmente a relação entre pais e filhos e o incentivo ao contato com outras pessoas. “O ambiente em que a criança foi criada também pode exercer uma influência importante. Assim, é possível que ela adquira a falta de interesse dos pais pela vida social. Em alguns casos, os responsáveis podem desencorajar seus filhos de terem vida social”, explica Tito.
Além disso, alguns pais dão muita ênfase a opiniões alheias e isso afeta na maneira de agir dos filhos, que podem se preocupar demais com o que os outros pensam. Há também os indivíduos que enfrentam longos períodos de isolamento, como em caso de doenças, dificultando o desenvolvimento de suas habilidades sociais.
O CORPO FALA
Esse medo em demasia gera diversos sintomas por todo o corpo. Isso ocorre porque o cérebro prepara o físico para encarar uma situação de perigo. “É provocada uma liberação de hormônios que informam à pessoa que ela irá enfrentar uma luta ou uma possível fuga”, cita a psicanalista Cristiane Vilaça.
Dentre os principais sinais, estão taquicardia, sudorese e falta de a r, mas eles não são os únicos.” Diante das situações sociais ou de desempenho, o fóbico social manifesta sintomas físicos como tremor, tensão, abalos musculares e ruborização, bem características nesses casos”, descreve Tito.
E não para por aí. A psicóloga clínica Cristiane Maluhy Gebara afirma que o fóbico ainda pode sofrer com sintomas psíquicos, abrangendo “os sentimentos de vergonha e humilhação, a autodepreciação, a antecipação negativa, o medo da avaliação negativa e a timidez excessiva”. Com isso, há uma degradação psicológica da pessoa e ela busca o isolamento, alterando sua rotina e suas atividades diárias. “Os sintomas da fobia são muito desagradáveis e provocam sofrimento e ansiedade a ponto de interferirem na qualidade de vida”, ressalta Gilberto.
TIMIDEZ X FOBIA SOCIAL
Apesar de causarem sintomas e sinais relativamente semelhantes, há uma grande diferença entre os dois conceitos. Ambos afetam a parte social do indivíduo, porém, a fobia impede a convivência e o torna solitário. Enquanto isso, uma pessoa tímida continua realizando suas atividades diárias, caracterizando-se apenas como um traço de personalidade.
Venez parler de tout ce dont vous avez envie avec moi. Donnez vos opinions en toute liberté. Laissez vos commentaires. Je vous attends nombreuses et nombreux !!! / Translation in English for people who don't speak French : come to speak about all you want with me. Give your opinions with complete freedom. Leave your comments. I await you many and many !!!
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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