BENEFÍCIOS DO VINHO VÃO MUITO ALÉM DO CORAÇÃO
Do combate ao Alzheimer a diabetes e acne, novos estudos mostram dez vantagens do consumo do vinho tinto; efeito positivo só é atingido com doses moderadas e pode ter consequências opostas em caso de abuso

Não é de hoje que o vinho tinto é apontado pela ciência como um protetor para a saúde cardíaca. A fonte maior dos benefícios vem dos polifenóis, composto que aparece em abundância na natureza. Nas plantas ele desempenha o papel de proteção contra o sol, insetos e microrganismos. No corpo humano, atua principalmente no combate aos radicais livres, as moléculas que causam o envelhecimento.
O principal polifenol do vinho é o resveratrol, mas há outras substâncias, como os taninos, os flavonoides, a quercetina, a antocianina e o ácido elágico, encontrados em menor quantidade.
De uns tempos para cá, no entanto, pesquisas passaram a identificar efeitos até pouco imagináveis, como a prevenção de espinhas e a redução do risco de doenças neurodegenerativas. Alguns desses mecanismos estão relacionados aos radicais livres, outros, não. Mas a maioria tem em comum os polifenóis.
Além disso, o álcool em si contribui para evitar a sobrecarga nas artérias. Segundo estudo de pesquisadores do Kingston General Hospital, da Queen’s University, no Canadá, publicado na revista científica da Associação Americana do Coração, os polifenóis do vinho relaxam a parede das artérias e evitam a agregação plaquetária, reduzindo assim o risco de aterosclerose, trombose e hipertensão.
DOSES MODERADAS
Os benefícios do vinho, no entanto, só são identificados com doses moderadas da bebida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), isso significa a ingestão diária de 90ml por mulheres e 180ml por homens – uma e duas taças, respectivamente. A diferença na quantidade se deve ao fato de que o organismo feminino absorve mais rapidamente a bebida. Isso ocorre porque elas produzem quantidades menores de uma enzima chamada álcool desidrogenase (ADH), que é liberada pelo fígado e usada para metabolizar o álcool.
“O vinho também tem vantagem sobre outras bebidas, já que geralmente é consumido junto com a comida, o que reduz o risco do uso excessivo”, destaca Antônio Carlos do Nascimento, médico endocrinologista e escritor do livro “Vinho: Saúde e Longevidade”.
Doses acima do volume recomendado pela OMS podem ter o efeito contrário no corpo. O consumo exagerado está ligado a vários problemas de saúde, como cirrose hepática, impotência sexual, hipertensão e câncer, além do risco de dependência química.
Os vinhos com maior quantidade de polifenóis são os tintos e não necessariamente eles devem ter preços elevados.
“Os mais densos, como os feitos da uva Tannat, são os melhores para a saúde. O vinho mais barato que não fica envelhecendo tem mais benefício para a saúde se comparado com vinhos caros que ficam reservados por anos e vão perdendo elementos neste tempo, embora melhorem no sabor”, destaca o endocrinologista.
O SUCO DE UVA
Os polifenóis são encontrados também no suco de uva integral, mas em menor quantidade do que no vinho tinto.
O motivo está na preparação da bebida: na fabricação do suco de uva, a fruta é aquecida e macerada para liberar o sumo, passando pouco tempo em contato com a casca, região que concentra a maior quantidade de polifenóis. Já na produção do vinho, o líquido que vai para a fermentação inclui as cascas da uva, aumentando o tempo de contato.
Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Alimentos da Fapesp desenvolveram uma técnica que aumenta os níveis e a concentração de resveratrol na uva, elevando em até 70% o teor da substância no suco da fruta, mas não são todos os produtos preparados com ela.
CRESCIMENTO
Segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o consumo de vinho no Brasil cresceu 18,4% em 2020. O país passou de 360 milhões de litros, em 2019, para 430 milhões no ano passado, o maior aumento entre os países associados à entidade, a maior do setor.
Em 2020, o brasileiro bebeu, em média, 2,6 litros de vinho no ano. Em 2019, esse número era de 2 litros ao ano por pessoa.
O crescimento no país está associado ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 -a facilidade de comprar vinhos online e o maior tempo em casa favoreceram.
No mundo, os Estados Unidos lideram o consumo em números absolutos, com 3,3 bilhões de litros por ano. Já os líderes no consumo per capita são os imbatíveis Portugal (51,9 litros per capita ao ano), Itália (46,6 litros) e França (46 litros).
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