Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las em palavras. É neste sentido, pois, que escrever me é uma necessidade. De um lado, porque escrever é um modo de não mentir o sentimento (a transfiguração involuntária da imaginação é apenas um modo de chegar); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender, sem ser através do processo de escrever. Se tomo um ar hermético, é que não só o principal é não mentir o sentimento como porque tenho incapacidade de transpô-lo de um modo claro sem que o minta – mentir o pensamento seria tirar a única alegria de escrever. Assim, tantas vezes tomo um ar involuntariamente hermético, o que acho bem chato nos outros. Depois da coisa escrita, eu poderia friamente torná-la mais clara? Mas é que sou obstinada. E por outro lado, respeito uma certa clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra nenhuma. E também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo d’água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara. Se jamais a água ficar limpa, pior para mim. Aceito o risco. Aceitei risco bem maior, como todo o mundo que vive. E se aceito o risco não é por liberdade arbitrária ou inconsciência ou arrogância: a cada dia que acordo, por hábito até, aceito o risco. Sempre tive um profundo senso de aventura, e a palavra profundo está aí querendo dizer inerente. Este senso de aventura é o que me dá o que tenho de aproximação mais isenta e real em relação a viver e, de cambulhada, a escrever.
A TV transparente foi criada para decorar o lar, oferecer serviços em restaurantes e tornar a viagem de trem mais agradável – além, é claro, de exibir séries e filmes
Brasileiro adora televisão. Não importa se é para ver filmes e séries em plataformas de streaming, programas de auditório ou jogo de futebol: o aparelho inventado na Alemanha há mais de 85 anos ainda hoje é a estrela da sala. A despeito da classe social, brasileiro gosta também de tecnologia e tela grande: 60% dos televisores vendidos no país são de 50 polegadas. É de se esperar; portanto, que o mais novo produto apresentado em janeiro na feira de eletroeletrônicos voltada para o consumidor – a Consumer Electronic Show, em Las Vegas, Estados Unidos – vire objeto de desejo assim que for posto à venda. Trata-se da primeira televisão com tela inteiramente feita de vidro e grau de transparência de 40%. É como ter uma peça de decorativa em casa, além da utilidade óbvia à qual ela foi destinada, ou seja, exibir imagens.
A invenção da sul-coreana LG traz o que há de mais avançado em película Organic Light-Emitting Diode (Oled), tecnologia que oferece ainda mais qualidade do que as já bem conhecidas telas finas de LCD e LED, que revolucionaram o mercado, jogando no esquecimento os antigos, pesados e desengonçados aparelhos de tubo. A. tela Oled, que já é usada nos produtos top de linha da LG, Samsung e outras marcas (inclusive smartphones), tem de fato um componente orgânico em sua fabricação, como evidencia o nome em inglês. Prensada entre placas de vidro, como se fosse uma fatia de queijo em um sanduíche, a película luminescente de carbono confere muito mais nitidez e contraste. No formato de 55 polegadas, a TV parece mais um aquário no meio da sala de estar quando está no modo transparente. Se programada para exibir peixes, por exemplo, é essa a sensação que o usuário terá.
A tela fica escamoteada na base e sobe somente quando acionada, assim como o vidro elétrico em automóveis. Se colocada na frente da cama, serve como um refletor suave que ilumina o quarto. A base é leve e transportável, e o vidro pode ser acionado até a metade, a fim demostrar somente a hora, a agenda do dia e a temperatura – sempre deixando a sensação de espaço aberto tão requisitada aos arquitetos nas residências modernas. O que fazer com o dispositivo quando a pessoa quiser simplesmente assistir a um filme? Como quase tudo na vida, a resposta está no apertar de um botão: no modo sem transparência, um painel escurece a parte de trás da TV, permitindo o uso como qualquer outra Oled do mercado. Além disso, o fabricante promete som de cinema instalado na base, com televisão e home theater integrados.
As aplicações da TV transparente, no entanto, talvez sejam ainda mais promissoras fora de casa. Instalada em balcões de bares ou como divisórias de baias em restaurantes, ela ofereceria a profundidade e o conceito aberto dos quais ambientes assim não podem prescindir, ao mesmo tempo que proporcionaria aos clientes entretenimento e opções do menu. Substituindo janelas de trem e metrô, garantiria a transparência para contemplar a paisagem, além do acesso a informações sobre a rota, notícias e mapas ao alcance de um dedo.
Quanto custará a TV transparente se ela chegar ao mercado este ano ou em 2022? É impossível conseguir do fabricante uma projeção de preço na fase de conceito ou pré-lançamento, mas exemplos recentes dão algumas pistas. A primeira televisão de altíssima resolução da LG, de 84 polegadas, chegou ao Brasil em 2012 por 45.000 reais. Hoje em dia, um modelo mais avançado e de tamanho semelhante sairia por aproximadamente 12.000 reais. É razoável imaginar que um produto inovador ficaria nessa faixa de preço nos primeiros anos após o lançamento. Afinal, tecnologias apresentadas ao mercado costumam custar caro. Isso, porém, não deve tirar a magia da tela transparente.
ROBÓTICA EM TODO LUGAR
Novidades para os serviços domésticos: na feira de eletroeletrônicos de Las Vegas, os robôs são o destaque. Até o fim da década, é provável que você tenha mais de um em casa
PRONTO PARA SERVIR
Handy, o mordomo da Samsung, só precisa de um braço para recolher a roupa e a louça, pôr a mesa e servir o vinho
COMENDO POEIRA
Roborock S7, da Xiaomi: aspira sujeira e simula esfregão de limpeza pesada
CONTRA O INIMIGO INVISÍVEL
O CLO-UV-C, da LG, desinfeta ambientes com raios ultravioleta. Ideal para uso em empresas, aeroportos e banheiros
O justo tem o bastante para satisfazer o seu apetite, mas o estômago dos perversos passa fome (Provérbios 13.25).
A fome do corpo pode ser mitigada com um prato de comida, mas a fome da alma não se satisfaz com o pão da terra. Os prazeres desta vida e as riquezas deste mundo não satisfazem nossa alma. Temos um vazio no coração com o formato de Deus, e nada nem ninguém podem preenchê-lo senão Deus. Os dons de Deus não substituem Deus. As dádivas não substituem o doador. A bênção não é substituta do abençoador. Só Deus pode nos satisfazer. O justo não é desamparado, nem sua descendência mendiga o pão. O justo tem pão com fartura e desfruta de todas as iguarias da mesa do Pai. Ele tem o bastante para satisfazer o seu apetite, pois se alimenta do Pão vivo que desceu do céu. O estômago do perverso, porém, passa fome, e sua alma definha de inanição espiritual. O ímpio alimenta-se de pó. Mesmo que ele jogue para dentro da sua alma as mais diversas aventuras, não encontra nelas prazer algum. O ímpio constrói casas, mas não se sente seguro nem feliz. Planta vinhas, mas não se delicia com o vinho. Assenta-se ao redor de lautos banquetes, mas seu estômago não se sacia com nenhuma iguaria. Na verdade, a fome do perverso é insaciável, pois ele não conhece a Deus, o único que pode satisfazer sua alma.
Uma decisão importante no processo de governança familiar é a implementação do conselho familiar. Esse costuma ser, muitas vezes, o primeiro fórum no qual muitos dos membros da família, eleitos ou nomeados, vão se reunir para representar os interesses de todo, com a importante atribuição de definir os limites claros entre os interesses familiares e os empresariais.
As principais atribuições de um conselho familiar são amplas e fortemente direcionadas ao momento de cada família. Mas existem alguns pontos fundamentais. Primeiramente, ser um guardião dos valores desse grupo de pessoas, desenvolvendo ações que irão garantir que a união seja a base e o suporte da perpetuidade dos negócios.
Outro papel essencial é propiciar um ambiente em que todos os familiares tenham possibilidade de se manifestar e a abertura para que sejam ouvidos, em que encontrem espaços nos quais possam colaborar com seus talentos e, assim, sentir- se envolvidos e participantes, vivendo a satisfação e o orgulho em fazer parte daquele grupo.
Outra vantagem recorrente de um conselho familiar é oferecer apoio à formação e ao desenvolvimento dos envolvidos – aqui é importante mencionar que existem múltiplos papéis que um membro de uma família empresária pode ocupar na “family enterprise”. Os familiares podem ser preparados como acionistas responsáveis, conselheiros dos negócios, conselheiros na governança, conselheiros nas fundações e instituições sociais apoiadas ou ainda como sucessores, tendo no horizonte a perspectiva de ocuparem cargos executivos na operação.
Em alguns grupos existe também a oferta de apoio aos membros que não têm interesse em assumir papéis nos negócios, identificando seus talentos e traçando planos de desenvolvimento de carreira específicos em outros campos de atuação.
Por último, mas não menos importante, o conselho de família deve ser um órgão respeitado por garantir a aplicação de um protocolo no qual as regras de conduta, os alinhamentos e as melhores práticas serão sempre os norteadores das decisões. Sendo assim, é vital que ele tenha a melhor representatividade possível, sendo composto por membros seniores, membros da nova e da próxima geração, cônjuges e demais parentes que tenham interface significativa com os negócios. Além desse recorte, deve também ter representatividade por ramos. Muitas famílias crescem em número e escopo, ramificando interesses e responsabilidades.
AJUDA QUE VEM DE FORA
Devido a todas essas complexidades, muitos conselhos de família são criados e/ ou fortalecidos com contratação de um profissional externo. Esse profissional exerce o papel executivo de estruturação e coordenação das pautas, preparação de material para debate e mediação das discussões, garantindo o ritmo e os bons resultados desse fórum.
É importante ressaltar que esse órgão, desde o momento de sua criação, deve ser tratado como uma estrutura estratégica, indispensável na governança familiar. E que deve ter seus passos fundamentados na valorização da diversidade de talentos e na construção de laços de confiança, sendo, acima de tudo, o guardião do legado dessa família para o mundo.
FLÁVIA CAMANHO CAMPARINI – é consultora em governança familiar e estratégia de desenvolvimento humano, fundadora do Flux lnstitute e partner facilitator dos programas do Cambridge Family Enterprise Group e do IBGC
A conquista feminina de postos de liderança é uma realidade. Mas como se comportam aquelas que chegam ao topo? Há indícios de que tendem a privilegiar a colaboração, enquanto os homens costumam favorecer a hierarquia. Será mesmo? Cientistas constatam que a competência feminina costuma ameaçar mais que a masculina
A presença feminina em postos-chave tem se tornado cada vez mais comum – uma realidade impensável há pouco mais de duas décadas – e parece irreversível. Nunca tantas mulheres ocuparam cargos de chefia – tanto no setor público quanto no privado. Na população em geral, essa situação aparece nos resultados das pesquisas: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de famílias chefiadas por mulheres dobrou em termos absolutos (105%), aumentando de 14.1 milhões em 2001 para 28.9 milhões em 2015. Em termos percentuais, o total de famílias chefiadas por homens diminuiu de 72.6% para 59.5% no mesmo período, enquanto o de famílias lideradas por mulheres subiu de 27.4% para 40.5%.
A conquista de visibilidade e espaço e o aumento de responsabilidades fora de casa ainda são relativamente recentes – e as injustiças, frequentes. Não raro, independentemente do próprio gênero, as pessoas ainda associam o poder a um rosto masculino. Até há poucos anos era difícil encontrar uma mulher que pudesse representar um modelo de liderança. Porém, agora que a situação está começando a mudar, pesquisadores buscam compreender como as mulheres se comportam quando chegam ao poder.
Não raro, mulheres em posição de liderança encontram dificuldade de serem consideradas competentes e ao mesmo tempo admiradas. É o que revelam pesquisas – reunidas sob o título Double-bind – realizadas pela empresa americana Catalyst, com a contribuição da IBM. Foram entrevistadas mais de 1.200 executivas na Europa e nos Estados Unidos. Os dados indicam um dilema estressante para elas: se assumem comportamentos considerados femininos (mostrando-se sensíveis e empáticas. por exemplo), são consideradas “fracas” e menos competentes: se adotam um estilo de liderança masculina (com atitude fria e impositiva), são criticadas por sua dureza, de forma muito mais incisiva do que um homem seria se tivesse o mesmo comportamento. Historicamente, as primeiras executivas costumavam apoiar-se na cultura masculina dominante, eliminando a própria identidade. Essa situação tem mudado, mas parece que ainda é preciso aprender a não dar importância aos julgamentos, aos comentários sobre a aparência e à falta de popularidade.
UMA BOA MISTURA
Muitos estudos analisam a diferença entre valores de homens e mulheres, buscando identificar se, de fato, as mulheres dedicam mais atenção a temas como paz, meio ambiente e educação. A psicóloga italiana Donata Francescato desenvolveu um estudo sobre o assunto, publicado no periódico Psicologia di Comunità. Fez entrevistas com 109 dos 154 parlamentares de seu país e aplicou questionários para identificar características de personalidade e valores. “Queríamos verificar se as mulheres bem-sucedidas na política têm traços predominantemente masculinos, como energia, assertividade, iniciativa, dinamismo e estabilidade emocional”, diz a pesquisadora. Segundo um estudo sobre a Bolsa de Valores francesa publicado no jornal Financial Times, a manutenção dos preços das ações está ligada à presença feminina na direção das empresas. “Uma pesquisa americana também indica que a percepção e a sensibilidade femininas possivelmente reduziriam o risco de desastres em Wall Street. Outras análises mostram ainda que as empresas administradas por mulheres foram menos prejudicadas pela crise mundial”, afirma Francescato. As executivas, no entanto, tendem a ser extremamente exigentes e até cruéis consigo mesmas – e, muitas vezes, têm atitude similar com seus subordinados. E, não raro, encontram em outra mulher aspectos que tanto as incomodam.
UM FARDO, UM PRAZER
Afinal de contas, o que se entende por “poder”? Vale lembrar que o termo tem também dimensões positivas, não voltadas para a opressão e o domínio. Um aspecto importante é o poder sobre si, a capacidade de controle das próprias atitudes, necessidades e desejos, em contraste com regras que a civilização e as relações impõem. Outro aspecto está ligado à capacidade, ao poder fazer, à possibilidade e à autorização (principalmente interna) para escolher e agir. No âmbito social, no entanto, alguma coisa começa a surgir: em geral as mulheres vivem o poder principalmente como um dever e se interessam menos pela própria carreira. Ocupar determinados postos é uma dádiva – e também um fardo. Algo importante a ser considerado é que quem realmente tem poder pode tomar decisões sem prestar contas aos outros, assumindo a responsabilidade pelas próprias ações.
"Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertam-se! Convertam-se dos seus maus caminhos!" Ezequiel 33:11b
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